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UNIVERSIDADE ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CURSO DE ENGENHARIA DISCIPLINA: GEOMETRIA ANALÍTICA Prof.:Fernando Tosini Chapecó - SC SUMÁRIO 1 Vetores no Plano e no Espaço 1 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Definição de vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2.1 Conceitos importantes de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.3 Operações com Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.4 Vetores no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.4.1 Operações com Vetores Usando Componentes . . . . . . . . . 9 1.4.2 Ponto Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4.3 Paralelismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4.4 Norma de um Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.5 Vetores no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.6 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.6.1 Propriedades do Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.6.2 Ângulo entre dois Vetores e Ortogonalidade . . . . . . . . . . 14 1.6.3 Ângulos Diretores e Cossenos Diretores de um Vetor . . . . . 16 1.6.4 Projeção Ortogonal de um Vetor sobre Outro . . . . . . . . . 17 1.6.5 Desigualdades de Schwarz e Triangular . . . . . . . . . . . . . 17 1.7 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.7.1 Propriedades do Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.7.2 Área de um Paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.8 Produto Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 i 1.8.1 Propriedades do Produto Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.8.2 Volume de um Paralelepípedo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2 Retas e Planos 23 2.1 Equações de uma Reta no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.1.1 Posições Relativas, Ângulos e Intersecção de retas no R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.1.2 Distância entre Ponto e Reta no Plano . . . . . . . . . . . . . 27 2.1.3 Área de um Triângulo Determinado por Três Pontos . . . . . . 27 2.2 Equações de uma Reta no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.1 Retas Paralelas aos Planos Coordenados . . . . . . . . . . . . 30 2.2.2 Retas Paralelas aos Eixos Coordenados . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.3 Ângulo entre Duas Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2.2.4 Condição de Paralelismo e Ortogonalidade de Duas Retas . . . 33 2.2.5 Condição de Coplanaridade de Duas Retas . . . . . . . . . . . 33 2.2.6 Posições Relativas de Duas Retas . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.2.7 Reta Ortogonal a Duas Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3 Plano no Espaço 36 3.1 Equação Geral do Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.2 Determinação de um plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.2.1 Alguns Casos Particulares de Planos . . . . . . . . . . . . . . 38 3.3 Ângulo entre Dois Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.3.1 Ângulo entre uma Reta e um Plano . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.3.2 Reta Contida em um Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.4 Intersecção: De Dois Planos e De Reta com Plano . . . . . . . . . . . 41 4 Distâncias 43 4.1 Distância entre dois Pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 4.1.1 Distância de um Ponto a uma Reta . . . . . . . . . . . . . . . 43 ii 4.1.2 Distância Entre Duas Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.1.3 Distância de um Ponto a um Plano . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.1.4 Distância entre Dois Planos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.1.5 Distância de uma reta a um Plano . . . . . . . . . . . . . . . 46 5 Circunferência e Cônicas 47 5.1 Circunferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5.2 Elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 5.3 Hipérbole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 5.4 Parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 6 Superfícies Quádricas 57 6.1 Superfícies Quádricas Centradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 6.1.1 Elipsóide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6.1.2 Hiperbolóide de Uma Folha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6.1.3 Hiperbolóide de Duas Folhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 6.2 Superfícies Quádricas Não Centradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 6.2.1 Parabolóide Elíptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 6.2.2 Parabolóide Hiperbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 6.3 Superfícies Cônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 6.4 Superfícies Cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Referências Bibliográficas 63 iii Capítulo 1 Vetores no Plano e no Espaço 1.1 Introdução Existem grandezas físicas que são chamadas de grandezas escalares que são bem definidas apenas por uma representação numérica (e a unidade de medida corres- pondente). Por exemplo, a altura de determinado prédio é de 23 m. Para outras grandezas é necessário dar mais informações para que elas sejam bem definidas. Por exemplo, se falarmos da aplicação de uma força sobre um corpo, além de sabermos da intensidade da força aplicada, é indispensável conhecermos a direção e o sentido nos quais essa força foi aplicada para podermos ter uma idéia do que acontecerá com o corpo em questão. Tais grandezas são chamadas de grandezas vetoriais e são representadas por vetores. 1.2 Definição de vetor Vetor é um objeto matemático (ou ente geométrico) que possui como carac- terísticas: direção, sentido e módulo (ou intensidade ou norma ou com- primento). Geometricamente um vetor é representado por um segmento de reta orientado de uma origem A, a uma extremidade B, onde o comprimento do segmento representa o módulo do vetor, a reta suporte do segmento representa a direção 1 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry e a flexa de orientação representa o sentido positivo do vetor. Figura 1.1: Vetor Assim, se um vetor ~v tem origem num ponto A e extremidade num ponto B, podemos escrever ~v = −→ AB. Figura 1.2: Translação Observe na figura (1.2) que o segmento ori- entado −→ AB no plano tem as mesmas característi- cas que o segmento orientado −→ OP , onde A(x1, y1), B(x2, y2) e P (x, y). Isso nos permite dizer que se um vetor ~v é dado por ~v = −→ AB, então temos um vetor equivalente a este dado por ~v = −→ OP . Note que no segundo caso, a origem do vetor corresponde à origem do plano cartesiano e dessa forma, podemos representar o vetor apenas pela sua extremidade no ponto P , o que facilita bastante a notação. Por esse raciocínio, temos: ~v = −→ AB = B − A = P −O = P (1.1) o que para o caso do plano fica, ~v = (x, y) isto é, o vetor pode ser representado pelas coordenadas do ponto extremo após a translação do mesmo para a origem. 1.2.1 Conceitos importantes de vetores i) Dois vetores ~u e ~v são paralelos se, e somente se, possuem a mesma direção. Indicamos por ~u ‖ ~v. Quando isso acontece, existe uma constante real α tal que: ~u = α · ~v 2 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Figura 1.3: Vetores paralelos ii) Dois vetores ~u e ~v são iguais se, e somente se, possuem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo módulo. Indicamos por ~u = ~v Figura 1.4: Vetores iguais iii) Dois vetores ~u e ~v são ortogonais (ou perpendiculares)se eles tiverem direções perpendiculares entre si, isto é, se as retas suportes dos dois vetores formarem um ângulo reto entre si. Indicamos por ~u⊥~v. Figura 1.5: Vetores ortogonais iv) Se os vetores não nulos ~u, ~v e ~w são coplanares é sinal que pertencem ao mesmo plano. Dois vetores ~u e ~v quaisquer são sempre coplanares. 3 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Figura 1.6: Vetores coplanares v) Dois vetores ~u e ~v são colineares ou paralelos se tiverem a mesma direção ou seja, pertencem a uma mesma reta ou a retas paralelas; Figura 1.7: Vetores colineares vi) Um vetor é dito oposto quando possui a mesma direção com sentido contrário, ou seja, sendo ~v = −→ AB, o vetor −→ BA é oposto de −→ AB e se indica por (−−→BA) ou por (−~v); Figura 1.8: Vetor oposto vii) Um vetor é dito vetor nulo, quando não possui direção e sentido definidos, sua representação é apenas um ponto. Indicamos por ~0 = (0, 0, ..., 0). 4 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry viii) Um vetor ~u é unitário, quando seu módulo (ou norma ou comprimento) é igual à unidade, isto é, se ‖~u‖ = 1; ix) Versor de um vetor não nulo ~v é o vetor unitário de mesma direção e mesmo sentido de ~v, determinado por ~v ||~v|| . Figura 1.9: Versor Exemplo 1.1 A figura abaixo representa um paralelepípedo retângulo. Verifique se cada uma das afirmações é verdadira ou falsa. a) −−→ DH = −−→ BF b) −→ AB⊥−→CG c) |−→AC| = |−−→HF | d) −−→ BG ‖ −−→ED e) −→ AB, −−→ BC e −→ CG são coplanares f) −→ AB, −→ FG e −−→ EG são coplanares g) −→ AE é ortogonal ao plano ABC g) −−→ DC é paralelo ao plano HEF 5 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.3 Operações com Vetores Nesta seção faremos uma rápida interpretação geométrica adição, subtração de vetores e da multiplicação de um vetor por um escalar. Adição de vetores Figura 1.10: Adição Sejam ~u e ~v dois vetores. A soma desses vetores é um terceiro vetor ~u + ~v, sendo que o módulo, a direção e o sentido desse vetor re- sultante, pode ser obtido utilizamos a regra do paralelogramo: primeiramente, desenhamos o paralelogramo definido a partir dos vetores ~u e ~v e o vetor resultante é dado pela diagonal do paralelogramo, como indicado na figura (1.10). Assim, segue da Lei dos Cossenos que: ‖~u+ ~v‖2 = ‖~u‖2 + ‖~v‖2 + 2‖~u‖‖~v‖ cosα (1.2) Diferença (subtração) de vetores Figura 1.11: Subtração Sejam ~u e ~v dois vetores. A subtração des- ses vetores resulta em um terceiro vetor ~u − ~v (chamado diferença), cujas propriedades são in- feridas a partir da soma dos vetores ~u e (−~v). A direção e o sentido desse vetor são iguais ao do segmento orientado da extremidade de ~v até a extremidade de ~u, conforme mostra a figura (1.11). Assim, segue da Lei dos Cossenos que: ‖~u− ~v‖2 = ‖~u‖2 + ‖~v‖2 − 2‖~u‖‖~v‖ cosα (1.3) 6 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Multiplicação por escalar Podemos multiplicar um vetor ~u por um número escalar a. Dessa operação resulta um novo vetor a~u(vetor resultante) com as seguintes características: se ~v = a~u, então: a) O módulo de ~v é o que resulta da multiplicação do módulo de a pelo módulo de ~u, ou seja, ‖~v‖ = ‖a‖‖~u‖ b) A direção de ~v é a mesma do vetor ~u. c) O sentido de ~v é o mesmo de ~u se a > 0 e sentido oposto de ~u se a < 0. Exemplo 1.2 Representados os vetores ~u, ~v e ~w, conforme a figura abaixo, obter graficamente o vetor ~x de cada item tal que: a) ~x− ~w − ~v − ~u = ~0 b) ~x = 2~u− 3~v + 1 2 ~w Exemplo 1.3 Sabendo que o ângulo entre os vetores ~u e ~v é de 120◦ e que ||~u|| = 4 e ||~v|| = 7. Calcule: a) ||~u+ ~v|| b) ||~u− ~v||2 Exemplo 1.4 Considere uma força −→ F1 de intensidade 64N aplicada horizontal- mente (da esquerda para a direita) sobre um corpo. Uma segunda força −→ F2 de intensidade 80N é aplicada no mesmo ponto segundo um ângulo e 30o no sentido anti-horário com a primeira. Calcule a intensidade da força resultante ||−→F1 + −→F2||, bem como a diferença ||−→F1−−→F2||. Represente geometricamente os vetores resultantes. Exemplo 1.5 Seja o vetor ~w 6= ~0. Determinar o vetor paralelo a ~w tal que: a) Tenha o mesmo sentido de ~w e módulo 5; b) Tenha o sentido contrário ao de ~w e módulo 10; 7 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.4 Vetores no Plano Quando representamos dois vetores −→u1 e −→u2 não paralelos num mesmo plano, então qualquer vetor ~v desse mesmo plano pode ser decomposto segundo as direções de −→u1 e −→u2, isto é, existem números reais a1 e a2 tais que ~v = a1 −→u1 + a2−→u2 Diz-se então que ~v foi escrito como uma combinação linear dos vetores −→u1 e −→u2. Figura 1.12: Base canônica no R2 Assim, podemos dizer que os vetores −→u1 e −→u2 geram esse plano. Qualquer conjunto de dois vetores que geram um plano são cha- mados de base desse plano. Geralmente fica mais fácil trabalharmos com bases ortogo- nais, isto é, com bases compostas por veto- res ortogonais entre si. Quando uma base é formada por vetores unitários orto- gonais então essa base é chamada de base ortonor- mal. Dentre as infinitas bases ortonormais no plano, a mais conhecida é a base que determina o sistema cartesiano ortogonal xOy. Essa base é conhecida como base canônica do R2 e é formada pelos vetores unitários ortogonais~i = (1, 0) e ~j = (0, 1). Assim, se considerarmos um vetor do plano já transladado para a origem do plano, digamos ~u = (x, y), então podemos escrever: ~u = x~i+ y~j (1.4) Os números x e y também são ditos componentes do vetor ~u na base canônica. Exemplo 1.6 Represente o vetor na base canônica: ~u = (3, 4) 8 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.4.1 Operações com Vetores Usando Componentes Figura 1.13: Geometricamente Sejam ~u = (x1, y1) e ~v = (x2, y2) dois vetores do plano e α um número real. então temos: i) ~u = ~v ⇐⇒ x1 = x2 e y1 = y2; ii) ~u+ ~v = (x1 + x2, y1 + y2); iii) ~u− ~v = (x1 − x2, y1 − y2); iv) α~u = (αx1, αy1); Propriedades Sejam ~u, ~v e ~w vetores e α, β ∈ R. En- tão temos as seguintes propriedades: i) ~u+ ~v = ~v + ~u; ii) (~u+ ~v) + ~w = ~u+ (~v + ~w); iii) ~u−~0 = ~u; iv) ~u+ (−~u) = ~0; v) α(β~u) = (αβ)~u; vi) (α + β)~u = α~u+ β~u; vii) α(~u+ ~v) = α~u+ α~v; viii) 1~u = ~u. Exemplo 1.7 Determinar o vetor ~w na igualdade 3~w+ 2~u = 1 2 ~v + ~w, sendo dados ~u = (3,−1) e ~v = (−2, 4). Exemplo 1.8 Encontrar os números a1 e a2 tais que ~w = a1~u + a2~v, Sabendo que ~u = (1, 2), ~v = (4,−2) e ~w = (−1, 8). Exemplo 1.9 Sejam os pontos A(0, 1), B(−1,−2) e C(2, 2). Determine os vetores ~u = −→ AB + −→ AC e ~v = 1 2 −→ AB − 1 3 −−→ BC. 9 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.4.2 Ponto Médio Figura 1.14: Ponto médio Seja A(x1, y1) e B(x2, y2) dois pontos do plano que definem um segmento. Então po- demos definir o ponto médio M(x, y) do seg- mento A e B fazendo: −−→ AM = −−→ MB o que resulta em: M(x, y) = ( x1 + x2 2 , y1 + y2 2 ) (1.5) De forma análoga, podemos definir também pontos que dividem um segmento em outras razões de proporção. Exemplo 1.10 Sejam os pontos A(−5,−3) e B(3, 2). Determine o ponto C sobre o segmento AB tal que a distância de A até C seja o triplo da distância de C até B. 1.4.3 Paralelismo Sejam ~u = (x1, y1) e ~v = (x2, y2) dois vetores no plano. Se ~u e ~v são paralelos, então existe α ∈ R tal que ~u = α~v, ou seja: (x1, y1) = α(x2, y2)⇒ (x1, y1) = (αx2, αy2) Isso resulta em: x1 x2= y1 y2 = α (1.6) isto é, dois vetores são paralelos, se suas coordenadas forem proporcionais. Observações: i) Quando dois vetores são paralelos são ditos vetores linearmente dependentes (LD), caso contrário são linearmente independentes (LI); 10 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry ii) Três pontos são colineares quandos os vetores formados por esses pontos são paralelos; Exemplo 1.11 Verifique se os vetores ~u = (−2, 3) e ~v = (−4, 6) são paralelos. Exemplo 1.12 Deteminar o valor de x se modo que: a) ~u = (2, 3) e ~v = (x,−4) sejam LI. b) ~u = (1, 4) e ~v = (4, y) sejam LD. 1.4.4 Norma de um Vetor Lembremos inicialmente que a norma ou o módulo de um vetor, representa o seu comprimento. Figura 1.15: Norma de um vetor Assim, considere o vetor ~u = (x, y), apre- sentado na figura (1.15). Aplicando o Teorema de Pitágoras, segue que: ‖~u‖ =√x2 + y2 (1.7) Em muitas situações necessitamos saber apenas a direção e o sentido de um vetor. Nes- tes casos, muitas vezes convém trabalharmos com um vetor unitário que tenha mesma direção e sentido. Dado um vetor ~u = (x, y), então um vetor unitário que tenha a mesma direção e o mesmo sentido de ~u é dado por ~u ‖~u‖ . Demonstração: Seja o vetor ~u = (x, y). Aplicando a norma em ~u ‖~u‖ , temos: ~u ‖~u‖ = ∣∣∣∣∣∣∣∣ ~u‖~u‖ ∣∣∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣∣∣(x, y)‖~u‖ ∣∣∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣∣∣( x‖~u‖ , y‖~u‖ )∣∣∣∣∣∣∣∣ = √ x2 ‖~u‖2 + y2 ‖~u‖2 = √ x2 + y2 ‖~u‖ = 1 Exemplo 1.13 Encontre um vetor unitário que tenha a mesma direção e sentido do segmento orientado −→ AB, onde A(−2,−1) e B(1, 3). 11 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.5 Vetores no Espaço A exemplo do caso de vetores no plano, quando trabalhamos com vetores no espaço em três dimensões, também podemos fazer a translação para a origem. Seja P (x, y, z) um ponto no espaço e ~u o vetor com origem em O(0, 0, 0) e extremidade em P , isto é: ~u = −→ OP . Então podemos representar esse vetor apenas pela sua extremidade, ou seja: ~u = (x, y, z). Figura 1.16: Base canônica do R3 Quando representamos três vetores −→u1, −→u2 e −→u3 não coplanares num mesmo sitema de coordenadas tridimensional, então qual- quer vetor ~v desse mesmo espaço pode ser escrito como combinação linear de −→u1, −→u2 e −→u3 isto é, existem números reais a1, a2 e a3 tais que ~v = a1 −→u1 + a2−→u2 + a3−→u3. Podemos dizer então que esses três ve- tores geram o espaço, isto é, formam uma base desse espaço. A base canônica do R3 é formada pelos vetores unitários orto- gonais ~i = (1, 0, 0), ~j = (0, 1, 0) e ~k = (0, 0, 1). Assim, se considerarmos um vetor do espaço ~u = (x, y, z) podemos escrever: ~u = x~i+ y~j + z~k (1.8) onde números x, y e z são ditos as componentes do vetor ~u na base canônica. As definições e conclusões relativas igualdade, operações, ponto médio, para- lelismo e norma de um vetor do R3 são análogas ao caso de vetores no plano, necessitando-se apenas a inclusão da terceira coordenada. Exemplo 1.14 Represente graficamente os vetores ~u = 2~i+3~j+3~k, ~v =~i+4~j+~k e ~u+ ~v. 12 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 1.15 Dados os pontos A(0, 1,−1) e B(1, 2,−1) e os vetores ~u = (−2,−1, 1), ~v = (3, 0,−1) e ~w = (−2, 2, 2), verificar se existe os números a1, a2 e a3 tais que ~w = a1 −→ AB + a2~u+ a3~v. Exemplo 1.16 Seja o triângulo ABC cuja os vértices A(4,−1,−2), B(2, 5,−6) e C(1,−1,−2).(a)Determine o comprimento da mediana do triângulo relativa ao lado AB. (b) Determine a área desse triângulo. Exemplo 1.17 Determinar os valores de m e n para que sejam paralelos os vetores ~u = (m+ 1, 3, 1) e ~v = (4, 2, 2n− 1) 1.6 Produto Escalar Considere os vetores ~u = x1~i+y1~j+z1~k e ~v = x2~i+y2~j+z2~k. Define-se o produto escalar (ou produto interno usual) ~u · ~v (ou < ~u,~v >) como sendo o número real dado por: ~u · ~v = x1x2 + y1y2 + z1z2 (1.9) Exemplo 1.18 Sendo ~u = 3~i− 5~j + 8~k e ~v = 4~i− 2~j − ~k. Determine (< ~u,~v >) e (< ~v, ~u >). Exemplo 1.19 Dados os vetores ~u = (4, α,−1) e ~v = (α, 2, 3) e os pontos A(4,−1, 2), B(3, 2,−1), determinar a valor de α tal que ~u · (~v +−→BA) = 5. 1.6.1 Propriedades do Produto Escalar Sejam ~u, ~v e ~w vetores e α ∈ R. Então são válidas as seguintes propriedades: i) ~u · ~v = ~v · ~u; ii) (~u+ ~v) · ~w = ~u · ~w + ~v · ~w; iii) α(~u · ~v) = (α~u) · ~v = ~u · (α~v); 13 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry iv) ~u · ~u > 0 se ~u 6= ~0 e ~u · ~u = 0 se ~u = ~0 ; v) ~u · ~u = ‖~u‖2 Exemplo 1.20 Sendo ‖~u‖ = 4, ‖~v‖ = 2 e ~u · ~v = 3, calcule (3~u− 2~v) · (−~u+ 4~v). Como consequência dessas propriedades temos alguns resultados importantes, conforme segue: Provar as três identidades. ‖~u+ ~v‖2 = ‖~u‖2 + 2~u · ~v + ‖~v‖2 (1.10) ‖~u− ~v‖2 = ‖~u‖2 − 2~u · ~v + ‖~v‖2 (1.11) (~u+ ~v) · (~u− ~v) = ‖~u‖2 − ‖~v‖2 (1.12) 1.6.2 Ângulo entre dois Vetores e Ortogonalidade Figura 1.17: Ângulo Comparando as equações: ‖~u− ~v‖2 = ‖~u‖2 + ‖~v‖2 − 2‖~u‖‖~v‖ cos θ e ‖~u− ~v‖2 = ‖~u‖2 − 2~u · ~v + ‖~v‖2 podemos escrever o produto escalar de dois ve- tores não nulos em função de suas normas e do ângulo θ formado entre esses vetores. Assim sur- gue: ~u · ~v = ‖~u‖‖~v‖ cos θ (1.13) onde 0 ≤ θ ≤ pi. Note que a equação (1.13) nos permite calcular o ângulo entre dois vetores a partir de suas coordenadas. Assim temos: cos θ = ~u · ~v ‖~u‖‖~v‖ (1.14) Note que: 14 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry a) Se ~u · ~v > 0, o cosseno de θ é um número positivo, isso implica que θ é um ângulo agudo ou nulo. (00 ≤ θ < 900); b) Se ~u · ~v < 0, o cosseno de θ é um número negativo, isso implica que θ é um ângulo obtuso ou raso. (900 < θ ≤ 1800); Exemplo 1.21 Sendo ‖~u‖ = 2, ‖~v‖ = 3 e 1200 o ângulo entre ~u e ~v. Determine ~u · ~v, ‖~u+ ~v‖ e ‖~u− ~v‖. Exemplo 1.22 Calcular o ângulo entre os vetores ~u = (1, 1, 4) e ~v = (−1, 2, 2). Exemplo 1.23 Sabendo que o vetor ~v = (2, 1,−1) forma um ângulo de 600 com o vetor −→ AB determinado pelos pontos A(3, 1,−2), B(4, 0,m), calcule m. Exemplo 1.24 Determinar a medida dos ângulos internos do triângulo ABC, cujos vértices são A(3,−3, 3), B(2,−1, 2) e C(1, 0, 2). Ortogonalidade de dois vetores Figura 1.18: Ortogonalidade Como conseqüência da equação (1.14) pode- mos afirmar que dois vetores são ortogonais, se e somente se seu produto escalar for nulo, isto é, se: ~u · ~v = 0 (1.15) Exemplo 1.25 Seja ~u = (4,−5,−1) e ~v = (a, 10, 2). (a) Determine o valor de a para que esses vetores sejam paralelos. (b) Determine o valor de a para que esses vetores sejam ortogonais. Exemplo 1.26 Determinar um vetor ortogonal aos vetores ~u1 = (1,−1, 0) e ~u2 = (1, 0, 1). Exemplo 1.27 Demonstrar que as diagonais de um losango são perpendiculares entre si. 15 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.6.3 Ângulos Diretores e Cossenos Diretores de um Vetor Figura 1.19: Ângulos diretores Dado um vetor ~v = x~i+y~j+z~k = (x, y, z) não-nulo. Os ângulos α, β e γ que o vetor ~v forma com os vetores~i, ~j e ~k, respectivamente, são chamados de ângulos diretores do vetor ~v. Aplicando o cosseno em cada um dos ângulos diretores α, β e γ, encon- tramos respectivamente os cossenos diretores do vetor ~v, isto é: cos(α) = ~v ·~i ‖~v‖‖~i‖ = x ‖~v‖ cos(β) = ~v ·~j ‖~v‖‖~j‖ = y ‖~v‖ cos(γ) = ~v · ~k ‖~v‖‖~k‖ = z ‖~v‖ Note que as coordenadas de um vetor unitário ~u com a mesma direção e sentido do vetor ~v podem ser calculadas pelos cossenos dos ângulos diretores de ~v, isto é: ~u = ~v ‖~v‖ = ( x ‖~v‖ ,y ‖~v‖ , z ‖~v‖ ) = (cos(α), cos(β), cos(γ)) (1.16) Como o vetor ~v é unitário, segue que: cos2(α) + cos2(β) + cos2(γ) = 1 (1.17) Exemplo 1.28 Dados os pontos A(2, 2,−3), B(3, 1,−3), calcular os ângulos dire- tores de −→ AB. Exemplo 1.29 Sabendo que os ângulos diretores de um vetor são α, 450 e 600.Deter- minar a medida do ângulo α. 16 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.6.4 Projeção Ortogonal de um Vetor sobre Outro Figura 1.20: Projeção Ortogonal Considere dois vetores ~u e ~v, conforme figura. A projeção ortogonal ("sombra") do vetor ~u so- bre o vetor ~v é o vetor ~w (w é um vetor paralelo ao vetor v). Seja l o comprimento desse vetor. Como ~w tem a mesma direção de ~v, temos que ~w = l ~v ‖~v‖ . Mas cos θ = l ||~u|| então, l = ‖~u‖ cos θ substituindo cos θ por cos θ = ~u · ~v ‖~u‖‖~v‖ temos l = ~u · ~v ‖~v‖ , substitindo em ~w implica em: ~w = proj~v~u = ~u · ~v ‖~v‖2~v (1.18) Exemplo 1.30 Determinar o vetor projeção de ~u = (2, 3, 4) sobre ~v = (1,−1, 0). 1.6.5 Desigualdades de Schwarz e Triangular A partir da equação (1.13) e das propriedades acima podemos mostrar duas de- sigualdades bastante úteis no estudo de vetores: Desigualdade de Schwarz | ~u · ~v | ≤ ‖~u‖‖~v‖ (1.19) Desigualdade Triangular ‖~u+ ~v‖ ≤ ‖~u‖+ ‖~v‖ (1.20) 1.7 Produto Vetorial Sejam dois vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k e ~v = x2~i + y2~j + z2~k. Define-se por produto vetorial desse dois vetores nesta ordem ao vetor ~u× ~v ou ~u ∧ ~v dado por: 17 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣ y1 z1y2 z2 ∣∣∣∣∣∣~i− ∣∣∣∣∣∣ x1 z1x2 z2 ∣∣∣∣∣∣~j + ∣∣∣∣∣∣ x1 y1x2 y2 ∣∣∣∣∣∣~k (1.21) Usando o Teorema de Laplace para determinantes, essa equação é equivalente à: ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (1.22) 1.7.1 Propriedades do Produto Vetorial Algumas propriedades do produto vetorial seguem diretamete das propriedades dos determinantes. Sejam ~u, ~v e ~w vetores e α ∈ R. Então são válidas as seguintes propriedades: i) ~u× ~v = −~v × ~u; ii) ~u× ~v = ~0, se e somente se ~u ‖ ~v iii) ~u× (~v + ~w) = ~u× ~v + ~u× ~w; iv) (α~u)× (~v) = α(~u× ~v); v) ~u× ~v é simultaneamente ortogonal aos vetores ~u e ~v. Figura 1.21: "Regra da mão direita" Para verificar o sentido do vetor ~u × ~v pode-se usar a "regra da mão direita" que funciona da seguinte forma: se os quatro dedos da mão direita indicarem na direção do vetor ~u para o vetor ~v, então o polegar dessa mão indica o sentido do vetor ~u× ~v. 18 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 1.31 Sendo ~u = ~i + 2~j − ~k e ~v = 3~i + ~j + 2~k. Determine ~u × ~v, ~v × ~u, ~2u× ~3v e ~u× ~2u . Uma identidade importante no estudo do produto vetorial é a identidade de Lagrange: ‖~u× ~v‖2 = ‖~u‖2‖~v‖2 − (~u · ~v)2 (1.23) Para demonstrar essa identidade, basta desenvolver os termos: ‖~u× ~v‖2 = (y1z2 − z1y2)2 + (−x1z2 + z1x2)2 + (x1y2 − y1x2)2 que é obtida aplicando a norma na equação (1.21), ‖~u‖2‖~v‖2 = (x21 + y21 + z21)(x22 + y22 + z22) e (~u · ~v)2 = (x1x1 + y1y2 + z1z2)2 As equações (1.23) e (1.13) nos permitem encontrar o comprimento do vetor ~u× ~v, conforme segue: ‖~u× ~v‖ = ‖~u‖‖~v‖ sin θ (1.24) 1.7.2 Área de um Paralelogramo Figura 1.22: Paralelogramo Observe o paralelogramo ABCD da figura ao lado, onde ~u = −→ AB, ~v = −−→ AD e θ é o ângulo for- mado entre esses dois vetores. Sendo h = ‖~v‖ sin θ, segue que a área do paralelogramo é dada por: A = ‖~u‖‖~v‖ sin θ. Comparando essa expressão com a equação (1.24) segue que: A = ‖~u× ~v‖ (1.25) 19 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Se quisermos a área do triângulo ABD, temos: A = 1 2 ‖~u× ~v‖ (1.26) Exemplo 1.32 Sejam os pontos A(2, 1, 1), B(3,−1, 0) e C(4, 2,−2). Determine: a) O ponto D de forma a obter um paralelogramo ABCD (com D sendo vértice oposto ao vértice A). b) A área do paralelogramo ABCD c) A área do triângulo ABC d) A altura do triângulo ABC relativa ao vértice C. 1.8 Produto Misto Sejam os vetores ~u = x1~i+ y1~j + z1~k, ~v = x2~i+ y2~j + z2~k e ~w = x3~i+ y3~j + z3~k. Define-se por produto misto de ~u, ~v e ~w, nesta ordem, ao número real obtido por: ~u · (~v × ~w), que pode ser denotado também por (~u,~v, ~w). Da equação (1.21) temos que: ~v × ~w = ∣∣∣∣∣∣ y2 z2y3 z3 ∣∣∣∣∣∣~i− ∣∣∣∣∣∣ x2 z2x3 z3 ∣∣∣∣∣∣~j + ∣∣∣∣∣∣ x2 y2x3 y3 ∣∣∣∣∣∣~k Assim, ~u · (~v × ~w) = x1 ∣∣∣∣∣∣ y2 z2y3 z3 ∣∣∣∣∣∣− y1 ∣∣∣∣∣∣ x2 z2x3 z3 ∣∣∣∣∣∣+ z1 ∣∣∣∣∣∣ x2 y2x3 y3 ∣∣∣∣∣∣ e aplicando a regra de Laplace para determinantes, segue que: ~u · (~v × ~w) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x1 y1 z1 x2 y2 z2 x3 y3 z3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (1.27) 20 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 1.8.1 Propriedades do Produto Misto As propriedade do produto misto apresentadas na seqüência seguem diretamete das propriedades dos determinantes. Sejam ~u, ~v, ~w e ~t vetores e α ∈ R. Então são válidas as seguintes propriedades: i) O produto misto (~u,~v, ~w) muda de sinal se trocarmos a posição de dois vetores (uma permuta). Se fizermos duas permutas, ele volta ao sinal original. ii) (~u+ ~t, ~v, ~w) = (~u,~v, ~w) + (~t, ~v, ~w) (~u,~v + ~t, ~w) = (~u,~v, ~w) + (~u,~t, ~w) (~u,~v, ~w + ~t) = (~u,~v, ~w) + (~u,~v,~t) iii) (α~u,~v, ~w) = (~u, α~v, ~w) = (~u,~v, α~w) = α(~u,~v, ~w) iv) (~u,~v,~t) = 0 se e somente se os três vetores forem coplanares. Exemplo 1.33 Qual deve ser o valor de m para que os vetores ~a = (m, 2,−1), ~b = (1,−1, 3) e ~c = (0,−2, 4) são coplanares. Exemplo 1.34 Verifique se os pontos A(1, 2, 4), B(−1, 0,−2), C(0, 2, 2) e D(−2, 1,−3) estão no mesmo plano. 1.8.2 Volume de um Paralelepípedo Figura 1.23: Paralelepipedo Uma das aplicações do produto misto de vetores ocorre no cálculo do volume de um paralelepípedo, quando são conhecidas as co- ordenadas de seus vértices, conforme mostra a figura ao lado. Note que a área da base é dada pela norma do produto vetorial ~u × ~v, enquanto que h = ‖~w‖ cos θ. Aplicando a equação (1.13) e a fórmula do volume de um paralelepípedo, segue que seu volume é: 21 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry V = |(~u,~v, ~w)| (1.28) Figura 1.24: Tetraedro Como todo paralelepípedo pode ser repartido em dois prismas triangulares iguais, portanto o volume do prisma é a metade do volume do paralelepípedo, ou seja: Vp = 1 2 |(~u,~v, ~w)| Por outro lado sabemos que todo prisma de base triangular pode ser repar- tido em três pirâmides de mesmo volume, sendo cada uma delas chamadas de tetraedros. Assim, o volume de um tetraedro equivale a um terço do volume do prisma, isto é: V = 1 3 Vp, o que resulta em: V = 1 6 |(~u,~v, ~w)| (1.29) Exemplo 1.35 Seja A(1, 2,−1) um dos vértices de um paralelepípedo. Se os vérti- ces adjacentes a este são B(5, 1, 0), C(2,−1, 1) e D(6, 1,−3), determine: a) O volume do paralelepípedo. b) A distância do ponto C até o plano traçado pelos outros três pontos. c) O volume do tetraedro ABCD. 22 Capítulo 2 Retas e Planos 2.1 Equações de uma Reta no Plano Figura 2.1: Reta no plano R2 Considere uma reta r no plano que passa pelos pontos A(x1, y1) e B(x2, y2), conforme mostra a figura. Seja P (x, y) um ponto qualquer dessa reta. Assim os tri- ângulos ABB1 e APP1 são semelhantes. Pelas razões de semelhança podemos então escrever: PP1 BB1 = AP1 AB1 de onde segue que: y − y1 y2 − y1 = x− x1 x2 − x1 y − y1 = y2 − y1 x2 − x1 (x− x1) (2.1) Observe na figura que o triângulo ABB1 é retângulo em B1 e que o ângulode inclinação α da reta r com o eixo x corresponde ao ângulo Aˆ desse triângulo. Temos dessa forma que 23 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry tanα = y2 − y1 x2 − x1 = m (2.2) Substituindo m na equação (2.1), teremos a equação fundamental da reta: y − y1 = m(x− x1) (2.3) Fazendo y1 −mx1 = n temos: y = mx+ n (2.4) que é a equação reduzida da reta. Por este motivo, m recebe o nome de coeficiente angular ou declividade da reta. Já o valor de b é conhecido por coeficiente linear, representa o valor de y no qual a reta corta o eixo y, uma vez que fazendo x = 0, temos y = n. Observe que se uma reta é paralela ao eixo y, não podemos obter sua forma reduzida, uma vez que seu coeficiente angular não está definido (tan 90◦ não existe). Se na equação (2.1) passarmos todos os termos para o primeiro membro, temos a equação geral da reta na forma: ax+ by + c = 0 (2.5) Figura 2.2: Reta que corta os eixos Considere agora uma reta que corta os eixos coordenados nos pontos A(a, 0) e B(0, b), conforme figura. Assim o coefici- ente angular é m = b− 0 0− a = − b a e o co- eficiente linear é n = b. Substituindo isso na equação reduzida da reta podemos es- crever: x a + y b = 1 (2.6) Essa forma de representação de uma reta é conhecida como equação segmen- tária. 24 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 2.1 Obtenha as equções geral, reduzida e segmentária da reta que passa pelos pontos A(−3, 5) e B(1, 0). Represente-a no plano. Exemplo 2.2 Sejam os pontos A(2, 0), B(0, 4) e C(4, 2) os vértices de um tri- ângulo. Determine as equações das retas suportes dos lados desse triângulo e da mediana relativa ao lado BC. 2.1.1 Posições Relativas, Ângulos e Intersecção de retas no R2 Figura 2.3: Retas paralelas Observe na figura ao lado que quando duas retas r1 e r2 são paralelas, elas pos- suem a mesma inclinação em relação ao eixo x. Seja m1 e m2 seus respectivos co- eficientes angulares. Então temos que se duas retas são paralelas, elas satisfazem a condição: m1 = m2 (2.7) Note que duas retas paralelas nunca se cruzam, isto é, não possuem ponto de intersecção, ou todos seus pontos são comuns (no caso de retas coincidentes). Figura 2.4: Retas perpendiculares Quando duas retas se cruzam num único ponto (possuem um único ponto de intersecção) elas são ditas retas concorren- tes. Um caso particular de retas concor- rentes são as retas que se cruzam formando um ângulo de 90◦, conforme mostrado na figura. essa retas são chamadas de retas perpendiculares. Observe na figura que 25 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry α2 = α1+90 ◦, o que implica em tan(α2) = tan(α1+90◦). Fazendo algumas transfor- mações trigonométricas, temos que duas retas r1 e r2 são perpendiculares entre si, se e somente se seus respectivos coeficientes angulares m1 e m2 satisfazem a condição: m2 = − 1 m1 (2.8) Figura 2.5: Ângulos entre duas retas Para obter o menor ângulo formado en- tre duas retas, considere duas retas não paralelas ao eido y, conforme mostra a fi- guara. Note que θ = α2 − α1. Fazendo al- gumas transformações trigonométricas, te- mos que o menor ângulo θ entre duas retas r1 e r2 com respectivos coeficientes angula- res m1 e m2 é dado por: tan θ = ∣∣∣∣ m2 −m11 +m1m2 ∣∣∣∣ (2.9) Quando uma das retas r2 é paralela ao eixo y e a reta r1 tem coeficiente angular m1 podemos mostrar que θ = 90◦ − α1 o que implica em: tan θ = ∣∣∣∣ 1m1 ∣∣∣∣ (2.10) Para calcular o ponto de intersecção entre duas retas concorrentes, basta resolver um sistema linear com as respectivas equações dessas duas retas. Exemplo 2.3 Obtenha a equação da reta que passa pelos pontos A(−3, 5) e que é paralela à reta de equação 3x− 2y + 4 = 0. Exemplo 2.4 Obtenha a equação da reta que corta o eixo y no ponto A(0, 2) e que é perpendicular à reta de equação 3x+ 5y + 4 = 0. Exemplo 2.5 Considere o triângulo ABC, com A(2, 0), B(0, 4) e C(4, 2). Deter- mine a medida dos ângulos internos desse triângulo. 26 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 2.6 Obtenha os vértices do triângulo determinado pelas retas 3x−2y−6 = 0, y = −2x+ 5 e o eixo x. Exemplo 2.7 Determine o valor de m de modo que o ponto P (m − 2, 5) pertence a reta −3x+ 6y − 2 = 0. 2.1.2 Distância entre Ponto e Reta no Plano Figura 2.6: Ponto e reta no plano Considere um ponto no plano P (x1, y1) e uma reta r de equação geral ax+by+c = 0, conforme mostra a figura ao lado. Então a distância do ponto P até a reta r é dada por: d = |ax1 + by1 + c|√ a2 + b2 (2.11) cuja demosntração deixamos como exercício. Exemplo 2.8 Calcular a distância do ponto P (2, 1) a reta 3x− 4y + 8 = 0. Exemplo 2.9 Obtenha a altura relativa ao vértice A do triângulo ABC, com A(2, 0), B(0, 4) e C(4, 2). 2.1.3 Área de um Triângulo Determinado por Três Pontos A área de um triângulo cujos os vértices são os pontos A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3) é dada por: A = 1 2 |D| (2.12) onde D = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x1 y1 1 x2 y2 1 x3 y3 1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ 27 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 2.10 Determinar a área do triângulo cujos vértices são A(2, 5), B(0, 1) e C(3, 6). Exemplo 2.11 Determinar a área do triângulo limitado pelas retas: r : y = 2x, s : y = 4x− 8 e t : y = −2x+ 4. 2.2 Equações de uma Reta no Espaço Figura 2.7: Reta no espaço R3 Seja r uma reta que passa por um ponto A(x1, y1, z1) paralela a um vetor não nulo ~u = (a, b, c), conforme mostra a figura. Se P (x, y, z) é um ponto qualquer da reta, te- mos que −→ AP ‖ ~u, o que implica que existe um t real tal que: −→ AP = t~u ou consequentemente: P − A = t~u Substituindo as coordenadas, temos: (x, y, z) = (x1, y1, z1) + t(a, b, c) (2.13) A equação (2.13) é chamada de equação vetorial da reta r, sendo ~u chamado de vetor diretor e t de parâmetro. Note que para cada valor distinto de t, teremos um ponto distinto P sobre a reta. Pela igualdade de vetores, podemos obter as equações paramétricas da reta r conforme segue: x = x1 + at y = y1 + bt z = z1 + ct (2.14) 28 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Isolando o parâmetro t na equação (2.14) podemos escrever as equações simé- tricas da reta conforme segue: x− x1 a = y − y1 b = z − z1 c (2.15) desde que a, b e c 6= 0. A partir da equação (2.15) podemos escrever y e z em função de x, obtendo as equações reduzidas : y = mx+ nz = px+ q (2.16) onde m = b a , n = − b a x1 + y1, p = c a , q = − c a x1 + z1. Exemplo 2.12 Determine a equação da reta que passa pelo ponto A(3,−4, 2) e é paralela ao vetor ~v = (2, 1,−3). Coloque na forma paramétrica, simétrica e reduzida e represente graficamente. Exemplo 2.13 Obtenha a equação da reta que passa pelos pontos A(1,−2,−3) e B(3, 1,−4) e represente-a graficamente. Exemplo 2.14 Obtenha a equação paramétrica e semétrica da equação reduzida, e determine o vetor e um ponto: y = −3x+ 2z = 2x− 5 Exemplo 2.15 Dado o pontos A(2, 3,−4) e B(1, 5,−7), pergunta-se: a) As equações paramétricas da reta determinada por esses pontos; b) Encontrar dois pontos da reta, quando os parâmetros t = 1 e t = 4; c) Determinar o ponto da reta cuja abscissa é igual a 4; d) Verificar se os pontos D(4,−1, 2) e E(5,−4, 3) pertencem a reta; e) Determinar m e n para que o ponto F (m, 5, n) pertencem a reta. 29 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 2.2.1 Retas Paralelas aos Planos Coordenados Quando uma dascoordenadas do vetor diretor for nula, este vetor pertence a um dos planos coordenados, de forma que a reta em questão é paralela a este plano. Por exemplo: Figura 2.8: Reta // plano yz a) Se a = 0, então temos ~v = (0, b, c)⊥Ox. Assim, ~v pertence ao plano yz. Se a reta r passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v, conforme a figura (2.8) temos: r : x = x1y − y1 b = z − z1 c Figura 2.9: Reta // plano xz b) Se b = 0, então temos ~v = (a, 0, c)⊥Oy. Assim, ~v pertence ao plano xz. Se a reta r passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v, conforme a figura (2.9) temos: r : y = y1x− x1 a = z − z1 c Figura 2.10: Reta // plano xy c) Se c = 0, então temos ~v = (a, b, 0)⊥Oz. Assim, ~v pertence ao plano xy. Se a reta r passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v, conforme a figura (2.10) temos: r : z = z1x− x1 a = y − y1 b 30 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 2.2.2 Retas Paralelas aos Eixos Coordenados Quando duas coordenadas do vetor são nulas, temos que a reta é paralela a um dos eixos coordenados, no caso do eixo cuja coordenada não é nula. Por exemplo: Figura 2.11: Reta // ao eixo x a) A reta r que passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v = (a, 0, 0) é paralela ao eixo x. Conforme a fi- gura (2.11) tem-se equações paramétricas: r : x = x1 + at y = y1 z = z1 Figura 2.12: Reta // ao eixo y b) A reta r que passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v = (0, b, 0) é paralela ao eixo y. Conforme a figura (2.12) tem-se equações paramétricas: r : x = x1 y = y1 + bt z = z1 Figura 2.13: Reta // ao eixo z c) A reta r que passa pelo ponto A(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v = (0, 0, c) é paralela ao eixo z. Conforme a figura (2.13) tem-se equações paramétricas: r : x = x1 y = y1 z = z1 + ct 31 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 2.16 Determinar as equações da reta que passa pelo ponto A(−2, 3,−2) e tem a direção do vetor ~v = 3~i+ 2~k. Represente graficamente. Exemplo 2.17 Estabelecer as equações da reta que passa pelos pontos A(1, 0, 9) e B(4, 8, 9). Represente graficamente. Exemplo 2.18 Determinar as equações da reta que passa pelo ponto A(0, 3,−2) e tem a direção do vetor ~v = 2~i. Represente graficamente. 2.2.3 Ângulo entre Duas Retas Figura 2.14: Ângulo entre duas retas no R3 Sejam as retas r1 que passa pelo ponto A1(x1, y1, z1) e tem a direção de um vetor ~v1 = (a1, b1, c1), e r2, que passa pelo ponto A2(x2, y2, z2) e tem a direção de um vetor ~v2 = (a2, b2, c2). Conforme a figura, chama-se ângulo de duas retas r1 r2 o menor ângulo de um vetor diretor de r1 e de um vetor diretor de r2. Logo, sendo θ este ângulo, tem-se: cos θ = |~v1 · ~v2| ‖~v1‖‖~v2‖ com 0 ≤ θ ≤ pi 2 (2.17) Na figura, o ângulo α é o complementar de θ, Portanto α é formado por −~v1 e ~v2 ou v~1 e −~v2. Exemplo 2.19 Calcular o ângulo entre as retas: r1 : x = 3 + t y = t z = −1− 2t e r2 : x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 32 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 2.2.4 Condição de Paralelismo e Ortogonalidade de Duas Re- tas Lembre que a direção de uma reta é dada pelo seu vetor diretor. Assim, as condições de paralelismo e ortogonalidade entre duas retas está diretamente ligada às condições de paralelismo e ortogonalidade entre os vetores diretores. Assim, duas retas r1 e r2 com seus repectivos vetores diretores ~v1 = (a1, b1, c1) e ~v2 = (a2, b2, c2) definem as seguintes posições: i) Retas paralelas, se somente se: ~v1 = α~v2 ou a1 a2 = b1 b2 = c1 c2 = α. ii) Retas ortogonais, se somente se: ~v1 · ~v2 = 0 ou a1a2 + b1b2 + c1c2 = 0 Exemplo 2.20 Verifique se as retas são paralelas ou ortogonais. r : y = −2x+ 1z = 4x e s : x = 3− 2t y = 4 + t z = t Exemplo 2.21 Calcular o valor de m para que as retas: r : y = mx− 3z = −2x e s : x = −1 + 2t y = 3− t z = 5t sejam ortogonais. 2.2.5 Condição de Coplanaridade de Duas Retas Sejam duas retas, r1 e r2 tais que r1 passa pelo ponto A1(x1, y1, z1) e tem vetor diretor ~v1 = (a1, b1, c1) e r2 passa pelo ponto A2(x2, y2, z2) e tem vetor diretor ~v2 = (a2, b2, c2). Então r1 e r2 estão sobre um mesmo plano se os vetores ~v1, ~v2 e −−−→ A1A2 estiverem num mesmo plano, isto é, se seu produto misto for nulo. Isso implica na seguinte condição: 33 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry (~v1, ~v2, −−−→ A1A2) = 0 ou ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ a1 b1 c1 a2 b2 c2 x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 0 Exemplo 2.22 Calcular o valor de m para que as retas: r1 : y = mx+ 2z = 3x− 1 e r2 : x = t y = 1 + 2t z = −2t sejam coplanares. 2.2.6 Posições Relativas de Duas Retas Duas retas coplanares podem ser concorrentes se elas se cruzam num único ponto (chamado de ponto de intersecção) ou paralelas. No caso de retas paralelas, temos que não existe ponto de intersecção ou todos os pontos são comuns às duas retas. Neste último caso podemos dizer que as retas são coincidentes. Quando duas retas não são coplanares, dizemos que são retas reversas. Neste caso também não existe ponto de intersecção entre elas. A partir da igualdade (~v1, ~v2, −−−→ A1A2) = 0, podemos concluir: a) Se r1 e r2 forem paralelas, então serão coplanares, isto é: (~v1, ~v2, −−−→ A1A2) = 0. b) Se r1 e r2 não forem paralelas, então a igualdade (~v1, ~v2, −−−→ A1A2) = 0 exprime a condição de concorrência entre as retas. Logo, o ponto de encontro é encontrado resolvendo o sistema montado pelas equações das retas. c) Se o produto misto for diferente de zero, ou seja (~v1, ~v2, −−−→ A1A2) 6= 0, então r1 e r2 são reversas. Exemplo 2.23 Estudar a posição relativa das retas, em caso de concorrentes ache o ponto de intersecção. 34 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry a) r1 : y = 2x− 3z = −x e r2 : x = 1− 3t y = 4− 6t z = 3t b) s1 : x = 5 + t y = 2− t z = 7− 2t e s2 : x− 2 2 = y 3 = z − 5 4 c) t1 : y = 3z = 2x e t2 : x = y = z Exemplo 2.24 Obtenha as equações da reta que corta o eixo z na altura z = 3 e que seja paralela à reta de equações: x− 2 3 = y + 3 2 = −3z 2 . 2.2.7 Reta Ortogonal a Duas Retas Figura 2.15: Reta ortogonal a duas retas Sejam duas retas, r1 e r2, não pa- ra- lelas, com as direções dos vetores ~v1 = (a1, b1, c1) e ~v2 = (a2, b2, c2), respecti- vamente. Qualquer reta r, simultanea- mente ortogonal as retas r1 e r2, terá um vetor diretor paralelo ou igual ao vetor ~v1 × ~v2. Exemplo 2.25 Determinar a equação da reta s que passa pelo ponto A(−2, 1, 3) e é ortogonal as retas: r1 : (x, y, z) = (0, 0, 1) + t(2, 3, 4) e r2 : x = 5 y = t z = 1− t 35 Capítulo 3 Plano no Espaço 3.1 Equação Geral do Plano Figura 3.1: Plano no espaço Considere um plano pi no espaço, conforme a figura, passando pelo ponto A(x1, y1, z1) e que seja ortogonal ao vetor ~n = (a, b, c) 6= ~0, conhecido por vetor nor- mal. Seja P (x, y, z) um ponto qualquer do plano pi. Como ~n ⊥ pi e o vetor −→AP per- tence ao plano pi, segue que ~n ⊥ −→AP . Isso implica em: ~n · −→AP = 0 ou (a, b, c) · (x− x1, y − y1, z − z1) = 0 de onde segue que: ax+ by + cz − ax1 − by1 − cz1 = 0 e denotando d = −ax1 − by1 − cz1, chegamos à equação geral do plano que tem a forma: ax+ by + cz + d = 0 (3.1) 36 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 3.1 Obtenhaa equação do plano pi que passa pelo ponto A(2,−1, 3), e tem ~n = (3, 2,−4). Faça sua representação gráfica. Exemplo 3.2 Escrever a equação do plano pi que passa pelo ponto A(3, 1,−4) e é paralelo ao plano: pi1 : 2x− 3y + z − 6 = 0 Exemplo 3.3 Determinar a equação geral do plano que passa pelo ponto A(2, 1,−2) e é perpendicular a reta r : x = −4 + 3t y = 1 + 2t z = t 3.2 Determinação de um plano Vimos que um plano é determinado por um de seus pontos e por um vetor normal a ele. Existem outras formas de determinar um plano, nas quais são apresentadas. Assim, existe apenas um plano que: I) Passa por um ponto A e é paralelo a dois vetores ~v1 e ~v2 não colineares. Neste caso: ~n = ~v1 × ~v2. II) Passa por dois pontos A e B e é paralelo ao vetor ~v não colinear ao vetor −→ AB. Neste caso: ~n = ~v ×−→AB. III) Passa por três pontos A,B e C não colineares. Neste caso: ~n = −→ AB ×−→AC. IV) Com duas retas r1 e r2 concorrentes. Neste caso: ~n = ~v1 × ~v2, sendo ~v1 e ~v2 os vetores diretores das retas. V) Com duas retas r1 e r2 paralelas. Neste caso: ~n = ~v1 × −−−→A1A2, sendo ~v1 o vetor diretor de r1 ou r2. VI) Contém uma reta r e um ponto B não pertence a r. Neste caso: ~n = ~v×−→AB. sendo ~v o vetor diretor de r e A ∈ r. Exemplo 3.4 Obtenha a equação do plano que passa pelos pontos A(−1, 2, 3), B(0, 2, 4) e C(3, 1, 0). Faça sua representação gráfica. 37 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 3.5 Estabelecer a equação cartesiana do plano que contém a reta r : x = 4y = 3 e o ponto B(−3, 2, 1). Observação 3.1 Existe outra maneira de se obter a equação geral de um plano. Considerando que P (x, y, z) representa um ponto genérico de qualquer plano, os vetores −→ AP , ~u e ~v são coplanares, se somente se,o produto misto deles for nulo, ou seja: ( −→ AP, ~u,~v) = 0 3.2.1 Alguns Casos Particulares de Planos Figura 3.2: Plano // ao eixo z Quando uma das coordenadas do ve- tor normal é nula, teremos um plano pa- ralelo ao eixo representante dessa coorde- nado. Por exemplo, se ~n = (a, b, 0), esse vetor pertence ao plano coordenado xy. Conseqüentemente ele é normal ao eixo z. Isto implica que qualquer plano que tiver ~n como vetor normal é paralelo ao eixo z. Essa situação está ilustrada na figura ao lado. A equação geral desse plano é dada por: ax+ by + d = 0 Quando duas das coordenadas do vetor normal são nulas, teremos um plano paralelo a um dos planos coordenados, pois o vetor normal estará sobre um dos eixos. Neste caso este vetor será normal ao plano gerado pelos outros dois eixos, sendo o plano correspondente paralelo a esse plano coordenado. 38 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Figura 3.3: Plano // ao plano yz Por exemplo, se ~n = (a, 0, 0), temos que ~n está sobre o eixo x de forma que n é orto- gonal ao plano yz. Assim, qualquer plano que tem n como vetor normal será paralelo ao plano coordenado yz e sua equação fica: x = k, onde k é o valor de x onde o plano corta esse eixo. Exemplo 3.6 Determinar a equação car- tesiana do plano que contém o ponto A(2, 2,−1) e a reta r : x = 4y = 3 . Re- presentar gráficamente. Exemplo 3.7 Determinar a equação geral do plano que passa por A(2, 3, 4) e é paralelo aos vetores ~v1 = ~j + ~k e ~v2 = ~j − ~k. Representar graficamente. 3.3 Ângulo entre Dois Planos Figura 3.4: Âng. entre 2 planos sejam dois planos pi1 : a1x+ b1y+ c1z+d = 0 e pi2 : a2x+ b2y+ c2z+d = 0 com respectivos ve- tores normais ~n1 = (a1, b1, c1) e ~n2 = (a2, b2, c2). O menor ângulo formado por esses planos é en- tão o menor ângulo entre seus vetores normais, isto é: cos(θ) = |−→n1 · −→n2| ‖−→n1‖‖−→n2‖ com 0 ≤ θ ≤ pi 2 (3.2) Dessa forma temos que: I) Dois planos são paralelos, se e somente se seus vetores normais são para- lelos, isto é: ~n1 = α ~n2 ou a1 a2 = b1 b2 = c1 c2 = α. 39 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry II) Dois planos são perpendiculares, se e somente se seus vetores normais são ortogonais, isto é: ~n1 · ~n2 = 0 ou a1a2 + b1b2 + c1c2 = 0. Exemplo 3.8 Determinar o ângulo entre os planos pi1 : 2x + y − z + 3 = 0 e pi2 : x+ y − 4 = 0. Exemplo 3.9 Calcular os valores de m e n para que o plano pi1 : (2m− 1)x− 2y+ nz − 3 = 0 seja paralelo ao plano pi2 : 4x+ 4y − z = 0. Exemplo 3.10 Verificar a posição relativa entre os planos: pi1 : 3x+y−4z+2 = 0 e pi2 : 2x+ 6y + 3z = 0. 3.3.1 Ângulo entre uma Reta e um Plano Figura 3.5: Ângulo entre Reta e Plano Seja uma reta r com direção do vetor ~v e um plano pi, sendo ~n um vetor normal ao plano pi. Conforme a figura, o ângulo φ da reta com o plano pi é o complemento do ângulo θ que a reta r forma com um reta normal ao plano. Tendo em vista que θ + φ = pi 2 , assim, cos θ = senφ, Substituindo na fórmula (3.2) temos: sin(φ) = |−→v · −→n | ‖−→v ‖‖−→n ‖ com 0 ≤ φ ≤ pi 2 (3.3) Dessa forma temos que: I) Uma reta r é paralela a um plano pi, se e somente se, o vetor diretor da reta r for perpendicular ao vetor normal do plano pi, isto é: ~v · ~n = 0. II) Uma reta r é perpendicular a um plano pi,se e somente se, o vetor diretor da reta r for paralelo ao vetor normal do plano pi, isto é: ~v = α~n. 40 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 3.11 Determinar o ângulo que a reta r : x = 1− 2t y = −t z = 3 + t forma com o plano pi : x+ y − 5 = 0. Exemplo 3.12 Verifique a posição relativa da reta r : x+ 2 3 = y + 1 −2 = z −1 com o plano pi : 9x− 6y − 3z + 5 = 0. 3.3.2 Reta Contida em um Plano Uma reta r está contida em um plano pi se: i) Dois pontos A e B da reta r pertencem a esse plano. ou ii) O vetor diretor ~v da reta r for ortogonal ao vetor normal ~n do plano pi, isto é: ~v · ~n = 0 Exemplo 3.13 Determinar os valores de m e n para que a reta r : x = 3 + t y = −1− t z = −2− t esteja contida no plano pi : 2x+my + nz − 5 = 0. 3.4 Intersecção: De Dois Planos e De Reta com Plano Para obter a intersecção entre dois planos não paralelos ou entre uma reta e um plano, basta resolver um sistema linear com as suas respectivas equações. Note que intersécção entre dois planos não paralelos dá uma reta, enquanto que a intersecção entre uma reta e um plano que não sejam paralelos dá um ponto. Exemplo 3.14 Encontre a reta de intersecção entre os planos de equações pi1 : 5x− y + z − 5 = 0 e pi2 : x+ y + 2z − 7 = 0 41 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 3.15 Encontre o ponto de intersecção entre o plano e a reta dados pelas equações r : x = −1 + 2t y = 5 + 3t z = 3− t e pi : 2x− y + 3z − 4 = 0 42 Capítulo 4 Distâncias 4.1 Distância entre dois Pontos A distância d entre os pontos P1(x1, y1, z1) e P2(x2, y2, z2) é o módulo do vetor −−→ P1P2, isto é: d(P1, P2) = ‖−−→P1P2‖, assim resulta em: d(P1, P2) = √ (x2 − x1)2 + (y2 − y1)2 + (z2 − z1)2 (4.1) Exemplo 4.1 Calcule a distância entre os pontos A( √ 2,−2, 4) e B(−1,−2,√3). 4.1.1 Distância de um Ponto a uma Reta Figura 4.1: Seja r uma reta que passa por um ponto P1(x1, y1, z1) e pelo vetor diretor ~v = (a, b, c) e seja P0(x0, y0, z0) é um ponto qualquer do espaço. Conforme a figura, podemos formar um paralelogramo, cuja a área é dada pelo produto da base pela al- tura, ou seja: A = ‖~v‖d (I) 43 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Também sabemos que área de um paralelogramo pode ser dada pelo módulo do produto vetorial, ou seja: A = ‖~v ×−−→P1P0‖ (II) Assim, comparando (I) e (II), vem: d(P0,r) = ‖~v ×−−→P1P0‖ ‖~v‖ (4.2) Exemplo 4.2 Calcular a distância do ponto P (2, 0, 7) a reta r : x 2 = y − 2 2 = z + 3 1 4.1.2 Distância Entre Duas Retas Para calcular a distância entre duas retas devemos analisar as seguintes situações: a) As retas r1 e r2 são concorrentes. Neste caso: d(r1, r2) = 0 (4.3) b) As retas r1 e r2 são paralelas. Neste caso: d(r1, r2) = d(P1, r2), P1 ∈ r1 (4.4) ou d(r1, r2) = d(P2, r1), P2 ∈ r2 (4.5) c) As retas r e s são reversas. Conforme a figura temos: Figura 4.2: Neste caso: d(r, s) = | (~u,~v,−−→P1P2) | ‖~u× ~v‖ (4.6) 44 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 4.3 Calcular a distância entre as retas: a) r : y = −2x+ 3z = 2x e s : x = −1− 2t y = 1 + 4t z = −3− 4t b) r1 : y = x− 3z = −x+ 1 e r2 : x = −1 + t y = 3− 2t z = −1− t 4.1.3 Distância de um Ponto a um Plano Dado um ponto P0(x0, y0, z0) e um plano pi : ax + by + cz + d = 0. Seja P (x, y, z) um ponto qualquer do plano e A o pé da perpendicular conduzida por P0 sobre o plano pi. Conforme a figura, podemos estabelecer que a distância do ponto ao plano é dado pelo módulo da projeção de vetor −−→ PP0 na direção de ~n, ou seja: d(P0, pi) = |proj~n−−→PP0| = ∣∣∣∣−−→PP0 · ~n‖~n‖ ∣∣∣∣, substituindo os vetores resulta em: d(P0, pi) = |ax0 + by0 + cz0 + d|√ a2 + b2 + c2 (4.7) Exemplo 4.4 Calcular a distância do ponto P (4, 2,−3) ao plano pi : 2x+ 3y − 6z + 3 = 0. 4.1.4 Distância entre Dois Planos A distância entre dois planos só é definida se os planos forem paralelos. Assim, temos: d(pi1, pi2) = d(P0, pi2), P0 ∈ pi1 (4.8) ou d(pi1, pi2) = d(P0, pi1), P0 ∈ pi2 (4.9) Exemplo 4.5 Calcular a distância entre os planos: pi1 : 2x − 2y + z − 5 = 0 e pi2 : 4x− 4y + 2z + 14 = 0. 45 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 4.1.5 Distância de uma reta a um Plano A distância de uma reta a um plano só é definida se a reta é paralela ao plano. Assim, temos: d(r, pi) = d(P0, pi), P0 ∈ r (4.10) Exemplo 4.6 Calcular a distância da reta r : y = 2x+ 3z = 2x+ 1 ao plano pi : 4x− 4y + 2z − 7 = 0. 46 Capítulo 5 Circunferência e Cônicas 5.1 Circunferência Figura 5.1: Circunferência Define-se uma circunferência como sendo o conjunto de todos os pontos do plano eqüidistantes de um ponto fixo cha- mado de centro da circunferência. A dis- tância entre o centro e um ponto qualquer da circunferência é chamada de raio. A fi- gura mostra uma circunferência de centro C(a, b) e raio R. Seja P (x, y) um ponto qualquer dessa circumferência. Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo CPQ, chegamos à equação da circunferência na forma reduzida: (x− a)2 + (y − b)2 = R2 (5.1) Para o caso particular em que o centro da circunferência é a origem do plano, temos C(0, 0) e a equação (5.1) se reduz a: x2 + y2 = R2 (5.2) 47 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Se desenvolvermos a expressão (5.1) podemos encontrar a equação geral de uma circunferência que tem a forma: Ax2 +By2 + Cx+Dy + F = 0 (5.3) com A = B. Exemplo 5.1 Obtenha o centro, o raio e represente graficamente a circunferência de equação x2 + y2 − 6x− 2y + 8 = 0. Exemplo 5.2 Obtenha a equação geral da circunferência de raio 5 unidades e cujo centro é o ponto C(−1, 2). Represente graficamente essa circunferência. Para determinar a posição relativa entre um ponto A e uma circunferência γ, basta encontrar o centro C da circunferência e em seguida calcular a distância d entre A e C. Se d > R, então A é um ponto externo à circunferência. Se d < R, então A é um ponto interno à circunferência e se d = R, então A é um ponto sobre a circunferência. De forma análoga podemos determinar as posições relativas entre uma reta r e uma circunferência γ, calculando a distância d entre o centro da circunferência C e a reta r. Se d > R, então r é uma reta exterior à circunferência. Se d < R, então a reta r intercepta a circunferência em dois pontos distintos e dizemos que r é uma reta secante à circunferência γ e se d = R, então a reta r toca a circunferência γ em apenas um ponto e dizemos que r é uma reta tangente à circunferência γ. Podemos ainda verificar as posições relativas entre duas circunferências γ1 e γ2. Essa análise é feita a partir da comparação da distância de seus centros e a soma ou diferença dos seus raios. Duas circunferências podem ter dois, um ou nenhum pontos de interseção. Quando têm dois pontos de intersecção são chamadas de circunferências secantes. Quando existe apenas um ponto de intersecção, temos circunferências tangentes (tangentes inferiormente se uma estiver no interior da outra e tangentes exteriormente, caso contrário). Quando não existe ponto de intersecção, podemos ter uma circunferência interna a outra ou então circunferências externas. 48 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 5.3 Verifique a posição relativa entre o ponto P (5,−1) e a circunferência de equação x2 + y2 − 6x− 2y + 8 = 0. Exemplo 5.4 Encontre os pontos de intersecção (caso existam) entre as circunfe- rências de equações x2 + y2 = 30 e (x − 3)2 + y2 = 9. Discuta também a posição relativa entre essas circunferências. 5.2 Elipse Figura 5.2: Considere dois pon- tos fixos F1 e F2 de um mesmo plano. Define-se como elipse ao conjunto de todos os pontos P do mesmo plano tal a que soma das distâncias de P em ralação a esses dois pontos F1 e F2 seja sem- pre constante. Esses dois pontos F1 e F2 são cha- mados de focos da elipse. Para simplificar a obten- ção das equações, consideremos inicialmente os focos sobre o eixo x, simétricos em relação à origem. Assim, podemos definir F1(−c, 0) e F2(c, 0), conforme a figura ao lado. Note que a distância entre F1 e F2, chamada de distância focal é igual a 2c. Denotamos de A1(−a, 0) e A2(a, 0) os pontos em que a elipse corta o eixo x e B1(−b, 0) e B2(b, 0) os pontos em que a elipse corta o eixo y. O segmento A1A2 é chamado de eixo maior e o segmento B1B2 de eixo menor. Assim, sendo P (x, y) um 49 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry ponto qualquer da elipse, temos que ‖−−→PF1‖+ ‖−−−→P, F2| = 2a (5.4) Observe ainda na figura que pelo teorema de pitágoras temos que a2 = b2 + c2. Da equação (5.4) temos que √ (x+ c)2 + y2 + √ (x− c)2 + y2 = 2a Desenvolvendo esta expressão e fazendo as devidas simplificações, chegamos a equação reduzida da elipse que tem a forma: x2 a2 + y2 b2 = 1 (5.5) Figura 5.3: Para a situação em que os focos estão localizados sobre o eixo y, simétricos à ori- gem, temos que o eixo maior estará tam- bém sobre esse mesmo eixo, isto é, os vér- tices A1(0,−a) e A2(0, a) estarão sobre o eixo y, enquanto que eixo menor cujos ex- tremos são os vértices B1(−b, 0) e B2(b, 0) estará sobre o eixo x, conforme mostra a figura. Um raciocínio análogo ao anterior nos leva a equação reduzida da elipse na forma: x2 b2 + y2 a2 = 1 (5.6) Observe que em toda elipse temos que a > b. Assim, para saber em que eixo a 50 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry elipse tem seus focos, basta olhar para os denominadores dos termos x2 e y2 quando a equação está na sua forma reduzida. A razão entre c e a, e = c a é chamada de excentricidade da elipse. Exemplo 5.5 Dada a equação da elipse, determine os focos, os vértices e esboce gráfico: a) 9x2 + 25y2 = 225 b) 4x2 + y2 − 16 = 0 A exemplo do que ocorreu no estudo da circunferência, podemos ter o centro da elipse deslocado da origem. Esse processo é chamadode translação de eixos. Dessa forma, (x− α)2 a2 + (y − β)2 b2 = 1 (5.7) Figura 5.4: é a equação reduzida de uma elipse centrada no ponto C(α, β) com eixo maior paralelo ao eixo x. Note que para fazer a representação gráfica dessa elipse, basta traçar um novo sis- tema ortogonal de eixos x′Cy′ pas- sando pelo ponto C(α, β) ao invés da origem do plano cartesiano con- vencional e então proceder da mesma forma como anteriormente. Note que as novas cordenada obedecem a rela- ções: x′ = x− α y′ = y − β. 51 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry De forma análoga e a equação (x− α)2 b2 + (y − β)2 a2 = 1 (5.8) é a equação reduzida de uma elipse centrada no ponto C(α, β) com eixo maior paralelo ao eixo y Desenvolvendo as expressões (5.7) ou (5.8) obtemos a a equação da elipse na forma geral: Ax2 +By2 + Cx+Dy + F = 0 (5.9) onde A e B tem o mesmo sinal porem valores distintos. Para o caso em que A = B temos uma circunferência ao invés da elipse. Exemplo 5.6 Dada a equação da elipse, determine o centro, os focos, os vértices e esboce gráfico: a) 4x2 + 9y2 − 8x− 36y + 4 = 0 b) 4x2 + 3y2 − 32x+ 12y + 40 = 0 5.3 Hipérbole Figura 5.5: Consideremos inicialmente os focos sobre o eixo x, simétricos em relação à origem, F1(−c, 0) e F2(c, 0), conforme a figura. No- vamente a distância entre F1 e F2 é chamada de distância fo- cal é igual a 2c. Denotamos por A1(−a, 0) e A2(a, 0) os pon- tos em que a hipérbole corta o eixo x definimos os pontos 52 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry B1(−b, 0) e B2(b, 0) sobre o eixo y de forma a obter o triângulo retângulo indicado na figura. O segmento A1A2 é chamado de eixo real ou tranverso e o segmento B1B2 de eixo imaginário ou não- transverso. Note que para o ponto A1 temos que ‖−−−→A1F1‖ = c− a ‖−−−→A1F2‖ = a+ c Assim, sendo P (x, y) um ponto qualquer da hipérbole, e sendo a diferença entre essas distâncias sempre constante, temos que |‖−−→PF1‖ − ‖−−−→P, F2‖| = 2a (5.10) Figura 5.6: Desenvolvendo a expressão (5.10) e considerando que c2 = a2 + b2 (aplicação do Teorema de Pitágoras no triângulo re- tângulo da figura), temos que a equação reduzida da hipérbole centrada na origem e com focos sobre o eixo x é dada por: x2 a2 − y 2 b2 = 1 (5.11) Uma forma prática para desenhar uma hipérbole é represntar um retângulo que passe pelos pontos A1, A2, B1 e B2. Traçando duas retas sobre suas diagonais, teremos as assíntotas da hipérbole, conforme mostra a figura. Quando os focos estão sobre o eixo y, os vértices A1(0,−a) e A2(0, a) também estarão sobre este eixo. 53 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Figura 5.7: Neste caso, a hipérbole será como mostrado na figura. Procedendo de forma análoga ao caso anterior, teremos neste caso a equação da hipér- bole na forma: −x 2 b2 + y2 a2 = 1 (5.12) A razão entre c e a, e = c a é chamada de excentricidade da hipérbole. Exemplo 5.7 Dada a equação da hipérbole, de- termine os focos, os vértices e esboce gráfico: a) 9x2 − 25y2 = 225 b) 4x2 − y2 + 16 = 0 Figura 5.8: Quando uma hipérbole está cen- trada em um ponto C(α, β) também podemos fazer a translação de eixos, como no caso da elipse. Dessa forma, a equação reduzida de uma hipérbole centrada no ponto C(α, β) com eixo real paralelo ao eixo x (conforme fi- gura) tem a equação reduzida con- forme segue: (x− α)2 a2 − (y − β) 2 b2 = 1 (5.13) enquanto que a equação reduzida de uma hipérbole centrada no ponto C(α, β) com eixo real paralelo ao eixo y tem a forma −(x− α) 2 b2 + (y − β)2 a2 = 1 (5.14) 54 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Desenvolvendo as expressões (5.13) e (5.13)chegamos à equação geral da hipér- bole na forma: Ax2 +By2 + Cx+Dy + F = 0 (5.15) onde A e B tem sinais opostos. Note que a equação geral é a mesma para circunfe- rência, elipse e hipérbole. O que diferencia um das outras são os coeficientes A e B. Resumindo, temos: • Se A = B, temos uma circunferência • Se A 6= B, com A e B de mesmo sinal, temos uma elipse • Se A 6= B, com A e B de sinal oposto, temos uma hipérbole Exemplo 5.8 Dada a equação da hipérbole, determine o centro, os focos, os vértices e esboce gráfico: a) 4x2 − 9y2 − 8x− 36y + 4 = 0 b) −4x2 + 3y2 − 32x+ 12y + 40 = 0 Exemplo 5.9 Encontre a equação geral da hipérbole centrada no ponto C(1, 2), cuja distância focal mede 6 unidades e cuja excentrecidade é 2. Represente-a grafi- camente. 5.4 Parábola Figura 5.9: Considere uma reta r fixa e um ponto fixo F sobre um plano tal que F não pertença à reta r. Define-se por parábola ao conjunto de todos os pontos desse plano que estejam eqüi- distantes da reta r e do ponto F . O ponto F recebe o nome de foco, en- quanto que r é a reta diretriz da pa- rábola. Note pela figura que a parábola é uma curva simétrica em relação a uma reta 55 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry perpendicular à r traçada pelo ponto F Essa reta é chamada de eixo de simetria. Denomina-se de vértice V ao ponto em que a parábola passa pelo eixo de simetria. Note que sendo V ponto da parábola, este será o ponto médio entre o foco e o ponto em que o eixo de simetria cruza a reta diretriz. Inicialmente, consideremos r paralela ao eixo x, com o vértice da parábola sobre a origem do plano e o foco sobre o semi-eixo positivo de y, em F (0, p 2 ). Se P (x, y) é um ponto qualquer da parábola então P ′(x−, p 2 ), é a projeção ortogonal de P sobre a reta diretriz r, Assim temos: ‖−→FP‖ = ‖−−→PP ′‖ de onde segue que a equação da parábola é dada por: x2 = 2py (5.16) Note que consideramos o valor de p positivo e obtivemos uma parábola com concavidade para cima. No caso de p < 0, teremos o foco sobre o semi-eixo negativo de y e então a concavidade da parábola será para baixo. Figura 5.10: Se o foco estiver sobre o eixo x e a reta di- retriz paralela ao eixo y, a equação da parábola com vértice na origem terá equação na forma: y2 = 2px (5.17) de modo análogo aos casos da circunferên- cia, elipse e hipérbole, também podemos fazer a translação de eixos para a parábola, quando o vértice estiver fora da origem. Exemplo 5.10 Dada a parábola x2 = 8y, cons- trua o gráfico e obtenha as coordenadas do foco e a equação da reta diretriz. Exemplo 5.11 Determine a equação geral da parábola de vértice V (4, 2) e foco em F (1, 2). Faça o gráfico. 56 Capítulo 6 Superfícies Quádricas A equação geral de segundo grau nas três variáveis x, y e z: ax2 + by2 + cz2 + 2dxy + 2exz + 2fyz +mx+ ny + pz + q = 0 (6.1) com pelo menos um dos coeficientes a, b, c, d, e e f não nulo, representa uma superfície denominada de quádrica. Inicialmente trabalharemos com as quádricas que tem centro na origem. As demais formas poderão ser trabalhadas a partir da translação e/ou rotação de eixos. 6.1 Superfícies Quádricas Centradas São superfícies que têm a forma (quando transladadas para a origem): Ax2 +By2 + Cz2 +D = 0 (6.2) Note que fazendo a forma reduzida dessa equação temos: ±x 2 a2 ± y 2 b2 ± z 2 c2 = 1 (6.3) Diferentes combinações dos sinais na equação acima permitem concluir a existência de trê tipos de superfícies. 57 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 6.1.1 Elipsóide Figura 6.1: Se todos os sinais na equação (6.3) são positivos, isto é: x2 a2 + y2 b2 + z2 c2 = 1 temos um elipsóide. Note que no plano xy (z = 0) temos a elipse x2a2 + y2 b2 = 1 Nos demais planos coordenados, também temos elipses. Daí o nome de elpsóide. Exemplo 6.1 Construa o gráfico do elipsóide x2 4 + y2 16 + z2 4 = 1 6.1.2 Hiperbolóide de Uma Folha Figura 6.2: Se um dos sinais na equação (6.3) é negativo e os outros dois são positivos, temos uma superfí- cie chamada de hiperbolóide de duas folhas. Por exemplo, considere o coeficiente do termo em z negativo. Assim temos a equação de um hiper- bolóide de uma folha ao longo do eixo z: x2 a2 + y2 b2 − z 2 c2 = 1 Note que no plano xy (z = 0) temos a elipse x2 a2 + y2 b2 = 1 Nos demais planos coordenados, temos res- pectivamente as hipérboles x2 a2 − z 2 c2 = 1 e y2 b2 − z 2 c2 = 1 58 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry De forma análoga podemos representar os hiperbolóides ao longo dos eixos x e y. Exemplo 6.2 Construa o gráfico do hiperbolóide x2 − 4y2 + 2z2 = 8 6.1.3 Hiperbolóide de Duas Folhas Figura 6.3: Se dois dos sinais na equação (6.3) forem negativos e um é positivo, te- mos uma superfície chamada de hi- perbolóide de duas folhas. Por exem- plo, considere o coeficiente do termo em y positivo eos outros dois negati- vos. Assim temos a equação de um hiperbolóide de duas folha ao longo do eixo y: −x 2 a2 + y2 b2 − z 2 c2 = 1 Nos planos xy (z = 0) e yz (x = 0) temos respectivamente as hipérboles −x 2 a2 + y2 b2 = 1 e y2 b2 − z 2 c2 = 1 Note que a superfície em questão não intercepta o plano y = 0, porém em qualquer plano y = k com |k| > b teremos uma elipse. Observação 6.1 Quando todos os sinais da equação (6.3) são negativos, não temos a representação de lugar geométrico. Exemplo 6.3 Construa o gráfico do hiperbolóide −4x2 − 4y2 + z2 = 4 59 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry 6.2 Superfícies Quádricas Não Centradas São superfícies que têm a forma de uma das equações abaixo (quando transla- dadas para a origem): Ax2 +By2 +Rz = 0 Ax2 +Ry + Cz2 = 0 Rx+By2 + Cz2 = 0 (6.4) As equações acima podem ser escritas na forma: ±x 2 a2 ± y 2 b2 = cz ±x 2 a2 ± z 2 c2 = by ±y 2 b2 ± z 2 c2 = ax (6.5) Fazendo todas as combinações possíveis dos sinais nas equações (6.5) podemos encontrar dois tipos de superfícies, conforme segue: 6.2.1 Parabolóide Elíptico Figura 6.4: Quando os coeficientes dos termos quadráti- cos das equações (6.5) possuem o mesmo sinal temos um parabolóide elíptico. Por exemplo, a equação x2 a2 + y2 b2 = cz representa um parabolóide elíptico em torno do eixo z. Se c > 0 esse parabolóide tem concavi- dade para cima e se c < 0 sua concavidade é para baixo. Note que nos planos xz (y=0) e yz (x=0) temos parábolas. Já no plano z = 0 a superfície passa apenas pela origem, mas para um plano z = k com k de mesmo sinal do c temos uma elipse. Daí o nome de parabolóide eliptico. 60 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Uma interpretação análoga pode ser feita para parabolóides elípticos em torno dos outros eixos coordenados. Exemplo 6.4 Construa o gráfico do parabolóide z = x2 + y2 6.2.2 Parabolóide Hiperbólico Figura 6.5: Quando os coeficientes dos termos quadrá- ticos das equações (6.5) possuem sinais opos- tos temos um parabolóide hiperbólico. Por exemplo, a equação −x 2 a2 + y2 b2 = cz representa um parabolóide hiperbólico ao longo do eixo z. Exemplo 6.5 Construa o gráfico do parabo- lóide z = x2 − y2 6.3 Superfícies Cônicas Figura 6.6: Superfície cônica é uma superfície gerada por uma reta que se move apoiada numa curva plana qualquer e passando sempre por um ponto fixo chamado de vértice e não situado no plano da curva. A reta é chamada de geratriz e a curva de diretriz. Para o caso onde a diretriz é uma elipse (ou circunferência) e o vértice é a origem a superfície cônica em torno do eixo z tem a forma x2 a2 + y2 b2 − z 2 c2 = 0. 61 Geometria Analítica Vetorial Prof. Fernando Tosini e Prof. Vitor J. Petry Exemplo 6.6 Desenhe a superfície cônica dada pela equação z2 = x2 4 + y2 4 . 6.4 Superfícies Cilíndricas Figura 6.7: Superfície cilíndrica é uma superfície ge- rada por uma reta que se move por uma curva, mantendo-se sempre paralela à uma reta fixa. A reta que se move é chamada de reta geratriz e a curva traçada é chamada de curva diretriz da superfície cilíndrica. Se a curva diretriz da superfície for uma curva conhecida, a superfície cilíndrica recebe o nome apropriado. Por exemplo, temos uma superfície cilíndrica circular, elíptica, hiperbólica ou parabólica se as respectivas curvas dire- trizes forem circunferência, elipse, hipérbole ou parábola. Exemplo 6.7 Desenhe a superfície cilíndrica, cuja curva diretriz é a parábola x2 = y e a reta a reta geratriz é paralela ao eixo z. 62 Referências Bibliográficas [1] BOULOS, Paulo, CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica: Um tratamento vetorial. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1987. [2] RIGHETTO, Armando. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo, Ivan Rossi Editora, 1976. [3] STEINBRUCH, Alfredo, WINTERLE, Paulo. Geometria Analítica. 2. ed. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1987. [4] WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo, Makron Books, 2000. 63
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