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Semana 02 - Reclamação Trabalhista

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO – RJ
TÍCIO, estado civil..., auxiliar administrativo, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas com o nº..., residente e domiciliado em São Gonçalo – Rio de Janeiro, por meio de seu advogado devidamente habilitado, com procuração em anexo, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor com fulcro no artigo 840, CLT, pelo rito sumaríssimo, RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face da empresa ALFA LTDA, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o nº..., endereço eletrônico..., com sede nesta capital, situada no Município do Rio de Janeiro – RJ, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
DAS PRELIMINARES
1.1 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Pelo fato de o reclamante atualmente estar desempregado, bem como sem condições de arcar com as custas do presente procedimento, conforme documentos anexos, requer que Vossa Excelência digne-se a conceder o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 790, §3º, da Legislação Consolidada, combinado com o artigo 98 do Código de Processo Civil.
1.2. DA NÃO OBRIGATORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO DO RECLAMANTE À COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – CCP
Quanto à necessidade de participação do reclamante à Comissão de Conciliação Prévia – CCP há manifestação do STF, através das ADIN 2139-7 e 2160-5, declarando a inconstitucionalidade da obrigação de passagem pela Comissão de Conciliação Prévia, bem como, declara a parte autora que há motivos relevantes para que não se exija a tentativa em questão da realização de conciliação, na forma do artigo 625-D, §3º da Legislação Consolidada – ‘’in verbis’’: 
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)
[...]
§ 3º Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição da ação intentada perante a Justiça do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000) (Vide ADIN 2139) (Vide ADIN 2160) (Vide ADIN 2237)
Portanto, via decisão da Suprema Corte do ordenamento jurídico brasileiro, não há obrigatoriedade legal para a parte requerente à participação da Comissão de Conciliação Prévia, preservando, assim, o direito universal dos cidadãos ao acesso à justiça.
1.3. DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO
O artigo 651, §3º da Consolidação das Leis do Trabalho, ordena:
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. (Vide Constituição Federal de 1988)
[...]
§ 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
Sendo este foto competente para a propositura do presente procedimento, tendo em vista que, embora o requerendo tenha sido contratado na cidade de Niterói – RJ, ele exerceu a prestação de serviços na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
2. DOS FATOS 
Explicita o reclamante, Tício, que fora contratado pela empresa ALFTA LTDA, para desempenhar o papel de auxiliar administrativo em uma filial da empresa localizada no Município do Rio de Janeiro – RJ, sendo a contratação, ocorrendo no Município de Niterói, local matriz da empresa, na data de 04 de janeiro de 2016, onde fora acordado que o autor teria que cumprir a jornada de trabalho de 8h às 17h, com 1 (uma) hora de intervalo para repouso e alimentação, recebendo o salário de R$ 2000,00 (dois mil reais), conforme cópia do contrato de trabalho, bem como da CTPS em anexo.
No dia 26 de janeiro de 2017, foi imotivadamente dispensado da supramencionada empresa, sem o prévio aviso, contrariando o artigo 487, da Legislação Consolidada, oportunidade em que nada lhe fora pago a títulos de verbas rescisórias, e que também não usufruiu de suas férias, já no período concessivo, descumprindo com o artigo 130, da CLT.
Diante dos fatos expostos, vem à parte autora propor o presente procedimento, requerendo que Vossa Excelência digne-se a receber e analisar todos os pleitos aqui formulados.
3. DO MÉRITO
3.1. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
Como se pode inicialmente observar, os contratos regidos por tempo indeterminado, antes de sua ruptura sem a justa causa, necessitam de comunicação ao empregado para que não seja uma demissão inesperada, como dispõe o artigo 7º, XXI, da Constituição Federal – ‘’ipssis litteris’’:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
 XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Ressalta-se, que o aviso prévio deve integrar o tempo de serviço pelo reclamante, incidindo as férias proporcionais, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS) e o salário proporcional, como consta no artigo 487, §1º da Legislação Consolidada:
Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de:
[...]
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
Neste sentido, faz jus a parte reclamante ao aviso prévio equivalente a 33 dias, pois como institui a supracitada Lei Federal nº 12.506/11, a qual reza que após o curso de um ano de trabalho aos trinta dias de aviso prévio, serão acrescidos 3 (três) dias por ano, para os serviços realizados na mesma empresa.
3.2. DO SALDO DE SALÁRIO
Tem direito o autor, receber as verbas salariais referentes aos 26 dias trabalhados, do mês de janeiro de 2017, data em que fora dispensado imotivadamente. Neste sentido, passa a dispor o artigo 467 da Consolidação das Leis Trabalhistas o seguinte:
Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento". (Redação dada pela Lei nº 10.272, de 5.9.2001)
Assim, devendo a parte reclamada suceder o pagamento para a parte requerente à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, na audiência inaugural, sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento) de multa.
3.3. DAS FÉRIAS
Já a Constituição da República Federal Brasileira, em seu artigo 7º, XVII e a Consolidação das Leis do Trabalho, no artigo 129, dispõem:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
Neste sentido, observa-se visível violação por parte da empresa reclamada do disposto em nossa Constituição Federal, NÃO gozando de férias o reclamante, que já estava em seu período concessivo. Assim, fazendo jus ao pagamento das férias proporcionais referentes ao ano de 2016 e 2017, bem como considerando o período de 02/12 avos, acrescido do terço constitucional.
3.4. DO 13º SALÁRIO
Faz jus ao reclamante à gratificação referente ao 13º salário proporcional, correspondente a 1/12 avo da remuneração devida em dezembro por mês de serviço ou fração de 15 dias trabalhados a ser paga até o dia 20 de dezembro, de acordo com o artigo 7º,VIII da Constituição da República Federal Brasileira:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
Neste sentido, faz-se necessário o pagamento ao reclamante à referida gratificação proporcional equivalente ao ano de 2017.
3.5. DO FGTS E MULTA COMPENSATÓRIA
Tendo em vista que o reclamado deixou de receber, por todo o tempo de labor na empresa reclamada, os depósitos do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), a qual também deixou de pagar a multa compensatória de 40% (quarenta por cento), estabelecida no artigo 18, §1º da Lei que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço de nº 8.036/90, a qual reza:
Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
[...]
§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
Desse modo, o reclamante pede a condenação da empresa reclamada a pagar diretamente àquele as quantias devidas pelo período que deixou de depositar o fundo de garantia do tempo de serviço, bem como com os acréscimos legais.
3.6. DA APLICAÇÃO DA MULTA DO ARTIGO 477, §8º DA LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Excelência, mostra-se claramente necessário no caso em tela a aplicação da multa estabelecida no artigo 477, §8º da Consolidação das Leis Trabalhistas, a qual reza o seguinte:
Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
[...]
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Logo, faz jus ao pagamento da referida multa contida no supramencionado artigo, percebendo ao reclamante um mês de salário, conforme o parágrafo 8º.
4. DO VALOR DA CAUSA
Para o valor desta reclamação ser estipulado, é necessário a demonstração, de maneira específica, o montante que deveria ter sido pago ao reclamante á época de sua dispensa imotivada, assim, acrescido com os valores dos depósitos das contas do FGTS e a multa compensatória de 40% (quarenta por cento), da multa disposta no artigo 477, da Legislação Consolidada, do aviso prévio e das férias vencidas.
5. DAS PROVAS 
 Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos, notadamente pela produção de prova oral em audiência, além de perícia e juntada posterior de documentos.
Outrossim, declara o advogado da reclamante, sob o artigo 830 da Consolidação das Leis do Trabalho combinado com o artigo 425, IV, do Código de Processo Civil, autênticos os documentos anexados a este procedimento.
6. DOS PLEITOS 
Ante a todo o exposto, requesta a Vossa Excelência que se digne a:
Que Vossa Excelência digne-se a receber o presente procedimento, bem como NOTIFIQUE a empresa reclamada, para querendo, ofertarem a defesa, sob pena de revelia e confissão quanto á matéria fática desta inaugural;
Que seja deferido o pedido de Gratuidade da Justiça, por ser o reclamante ser pessoa pobre, sem condições de arcar com eventuais despesas processuais, sem prejuízo de sua subsistência;
Pagamento do saldo de salário, pagamento do aviso prévio indenizado, pagamento das férias em atraso e das férias proporcionais, pagamento do décimo terceiro salário, pagamento de multa rescisória, bem como o pagamento de multa pelo atraso de pagamento das verbas rescisórias, todos devidamente corrigidos até a data atual;
Sendo o procedimento julgado procedente, a condenação da empresa reclamada no pagamento do principal, atualizado por correção monetária e juros de mora, pagamento das custas e despesas processuais ou extraprocessuais.
7. VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa, portanto, o valor de R$ (valor da causa).
Termos em que pede e espera o justo e providencial deferimento.
Cidade, Estado, (dia) de (mês) de (ano).
 
_______________________________
Advogado – OAB/UF

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