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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMEPRESAS 
Prof(a) Juliana Braga
TEORIA GERAL DO DIREITO FALIMENTAR:
Conceito
O direito falimentar é o sub-ramo do direito empresarial que trata das falências dos empresários e das sociedades empresárias que não revelaram aptidão ou idoneidade para o exercício da atividade empresarial, e também versa sobre as recuperações empresariais que são cabíveis diante de crise econômico financeira daqueles (empresários e sociedades empresárias). Enquanto as recuperações são processos destinados à subsistência do empresário ou da sociedade empresária, a partir do restabelecimento da normalidade da atividade empresarial, as falências são processos de execução coletiva para o pagamento dos credores em concurso, com a alienação dos bens do empresário ou da sociedade empresária insolvável.
Falência versus execução civil
A execução coletiva em face do devedor civil insolvente, há a falência propriamente dita, a qual tem em mira o empresário individual, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade empresária insolvente. Sem dúvida, a execução concursal de empresário ou sociedade empresária é denominada falência.
 A Lei nº 11.101/2005 revela uma nova opção do legislador brasileiro: a falência só deve ser decretada quando não há chance de recuperação do empresário individual, da empresa individual de responsabilidade limitada ou da sociedade empresária escopo principal a recuperação do empresário individual, da empresa individual de responsabilidade limitada e da sociedade empresária cujas dívidas contraídas prejudicam ou até impossibilitam o regular exercício da respectiva atividade econômica, na busca, se possível for, do restabelecimento da normalidade empresarial e da solvabilidade. Diante do escopo consubstanciado na preservação da empresa, a Lei nº 11.101/2005 apresenta três formas para evitar a decretação da falência: recuperação judicial (arts. 47 a 69), recuperação especial (arts. 70 a 72) e recuperação extrajudicial (arts. 161 a 167). São modernos institutos jurídicos que consagram o princípio da preservação da empresa, em razão da importância da respectiva subsistência para os empregados, os consumidores, para o mercado financeiro e até mesmo para o fisco.
Execução da obrigação pode ser individual ou coletiva. Quando devedor tem vários credores e não pode adimplir todos, dá-se a execução coletiva. Todos os credores executam junto as respectivas obrigações.
Execução
Subjetiva - Na medida em que todos os credores do devedor comum devem vir coletivamente executar o devedor comum nos mesmos autos de um processo: o processo de falência.
Objetiva – Reúne todo o patrimônio do devedor comum para ser vendido.
Resta saber qual é a execução concursal mais favorável ao devedor: a civil ou a falimentar?
Não há dúvida de que há importantes vantagens na Lei nº11.101/2005, em relação à legislação civil. Primeiramente, o empresário e a sociedade empresária são beneficiados pela recuperação, instituto por meio do qual é possível ampliar o prazo para o pagamento de dívidas e até mesmo reduzir o valor a ser pago. Sob outro prisma, o empresário individual, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade empresária são favorecidos pela extinção das obrigações em virtude do pagamento de mais de cinquenta por cento dos créditos quirografários, com o ativo disponível do devedor.
Sujeitos da falência e recuperação:
O empresário individual (incluído o respectivo espólio), a sociedade empresária (com os respectivos sócios de responsabilidade ilimitada e a “empresa individual de responsabilidade limitada” são sujeitos da recuperação empresarial e da falência, em razão da incidência da Lei nº 11.101/2005.
OBS: CONCEITO DE EMPRESÁRIO (ART.966 CC/02) O empresário pode ser pessoa física ou pessoa jurídica; ambas são consideradas empresárias para os fins da Lei nº 11.101/2005. A pessoa física ou natural é o empresário individual, o empresário unipessoal, o empresário Singular Já a pessoa jurídica por excelência é a sociedade empresária, constituída por duas ou mais pessoas naturais unidas na busca do lucro comum, denominadas sócios. Por fim, há uma pessoa jurídica especial, qual seja, a“empresa individual de responsabilidade limitada”, novo ente jurídico instituído por força da Lei nº 12.441/2011 distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária” (enunciado nº 3 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal). 
Todavia, algumas atividades econômicas também são consideradas civis por forçade lei. Não são empresários, por exemplo, os profissionais intelectuais que exercem atividades de natureza científica, literária ou artística, ainda que com aparticipação e com o auxílio de empregados.
Assim, estão excluídas as sociedades simples, das sociedades cooperativas edos profissionais civis arrolados nos arts. 966, parágrafo único, primeira parte, 971e 982 do Código Civil, o art. 2º da Lei nº 11.101/2005 também afasta outras sociedades do regime especial da recuperação e da falência, a despeito da natureza empresarial. Resta saber quais são as sociedades empresárias excluídas da incidência da Lei nº 11.101/2005?
Referência Legal 
Lei n˚ 11.101 de 09/02/2005
Lei Complementar 105 de 09/02/2005: CTN
Direito Intertemporal – A falência compreende regras de direito processual e direito material, desta forma o Brasil optou por uma lei específica para tratar a falência diante destes dois direitos. Logo, “Tempus regis actum” não pode ser aplicado, ou seja, a norma aplicada quando da prática do ato, pois aqui não versa apenas direito processual, mas o direito material também. 
“Art. 192. Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizados anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945.”
A lei 11.101/05 entrou em vigor no dia 09/06/2005. Tal lei definiu que toda falência decretada diante da antiga lei de falências antiga, que é o decreto lei 7.661/45, aplica-se a lei antiga até o encerramento do processo. Toda falência requerida (não é sentença decretada, é requerimento) na vigência da antiga lei de falências, será ela a ser aplicada até a sentença que decrete a falência exclusive. A sentença de falências, além dos requisitos comuns deve conter os requisitos do art. 99 da lei 11.101, inclusive aquelas sentenças que foram proferidas de falências onde o decreto lei 7.661/45 vigorou, porque a sentença vai abrir a fase de execução, uma vez que o processo de conhecimento se inicia e termina com a lei nova, mas a fase de execução já inicia com a lei antiga. 
“Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
 I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessáriaspara salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea ado inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.”
Na lei de falências antiga havia a concordata que não existe mais, hoje o pedido de concordata é juridicamente impossível, porque vedado pelo art. 192 da lei nova. Hoje há o instituto da recuperação de empresas, que veio substituir a concordata, porém não se confunde com ela e visa a preservação da empresa. Todo devedor em concordata na data da entrada em vigor da Lei 11.101/05 tem um direito potestativo, de escolha: escolhe manter-se na concordata conforme originalmente lhe havia sido deferido ou convolar (termo técnico que significa transformar nos próprios autos, fungibilidade processual) a concordata em recuperação de empresas. A concordata era um processo promovido pelo empresário a fim de obter um parcelamento, desconto ou conjugação dos dois em seu passivo quirografário. A lei não marca prazo para tal escolha do empresário. O decreto lei 7.661/45 prevê dois tipos de concordata: a preventiva, que era um processo judicial para evitar a decretação da falência, ela prevenia a falência, ou seja, o empresário que constatasse que passava por uma dificuldade financeira pedia ao Estado um suporte por estar prestes a falir, seja parcelar a dívida, dar um desconto; e a suspensiva, que era um incidente processual nos autos de uma falência decretada visando a suspender a eficácia da sentença falimentar e via de consequência recuperar o devedor, essa era oportunidade para aquele que faliu, com sentença transitada em julgado, pois não era interessante ao Estado empresas falidas, pois empresa gera empregos, diminui a criminalidade, faz economia avançar. Ninguém tem direito adquirido a processo, então se a empresa se enquadra no caso de solicitar concordata e não a solicitou, após 09/06/2005 não é possível solicitar também. A concordata visava recuperar o empresário e a recuperação visa recuperar a empresa, o foco é outro. Na concordata suspensiva a eficácia de uma sentença transitada em julgado é suspensa, então se for convolada este tipo de concordata a lei aplicada é o decreto lei. Se for a preventiva, a lei aplicada é a 11.101.
Administração da recuperação judicial e da falência
Conceito: O administrador judicial é o auxiliar do juízo nomeado pelo juiz da
recuperação ou da falência, para zelar pelo regular seguimento do processo e pela conservação dos bens sujeitos à sua guarda, sob a fiscalização do próprio juiz e do Comitê de Credores (se e quando constituído o órgão). Na verdade, o atual administrador judicial da Lei nº 11.101/2005 ocupa o lugar dos anteriores
comissário e síndico do antigo Decreto-lei nº 7.661/1945, na concordata e na
falência, respectivamente.
Nomeação:Compete ao juiz nomear o administrador judicial, com a observância do disposto no art. 21 da Lei nº 11.101/2005. O administrador judicial deve ser profissional idôneo, da confiança do juiz. Sempre que possível, o administrador judicial deve ser nomeado entre algum dos seguintes profissionais, observada a ordem de preferência do art. 21: advogado, economista, administrador de empresas ou contador. O juiz pode, entretanto, optar pela nomeação de pessoa jurídica especializada (em prestação de serviços de consultoria empresarial). Em suma, tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica podem ser nomeadas pelo juiz.
A nomeação pelo juiz, todavia, não obriga o profissional designado, o qual
pode recusar a respectiva nomeação.
Responsabilidade do administrador: Ao assinar o termo de compromisso, o administrador judicial assume todas as responsabilidades pelo bom e fiel desempenho do múnus Daí a responsabilidade do administrador pelos prejuízos que causar ao empresário ou aos respectivos credores, em razão de dolo ou de culpa. Por força do art. 22 da Lei nº 11.101/2005, tanto o juiz quanto o eventual Comitê de Credores exercem a fiscalização do administrador judicial.
Remuneração do administrador judicial: Em compensação às responsabilidades e às atribuições assumidas, o administrador judicial tem direito à remuneração fixada pelo juiz.
Após sopesar o grau de complexidade do trabalho, os valores praticados no
mercado de trabalho para o desempenho de atividades similares e a capacidade de pagamento da empresa, cabe ao juiz indicar tanto o valor quanto a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial. Trata-se de decisão interlocutória passível de impugnação mediante agravo de instrumento, recurso que pode ser interposto pelo empresário individual, pela sociedade empresária, bem assim pelos demais legitimados previstos no art. 499 do Código de Processo Civil (por exemplo, algum credor, o Ministério Público).
Quanto ao valor, a remuneração jamais pode ser superior a cinco por cento
dos créditos pendentes.
No que tange à forma, não é admissível o imediato pagamento integral da remuneração ao administrador judicial. Quarenta por cento ficam reservados para pagamento somente depois da apresentação do relatório final do administrador judicial, da aprovação do relatório final pelo juiz, da prestação de contas pelo administrador e do julgamento das contas pelo juiz.
A propósito, o administrador judicial que tiver suas contas desaprovadas
pelo juiz perde o direito de remuneração. Ainda em relação à sentença de rejeição das contas, o juiz também deve fixar a responsabilidade civil do administrador judicial, pode determinar a indisponibilidade e até o seqüestro de
bens do administrador, bem assim determinar a remessa de fotocópias dos autos ao Ministério Público, para a apuração de eventual responsabilidade penal do administrador690. A sentença de rejeição das contas serve como título executivo para a execução da indenização devida pelo administrador judicial (art. 154, § 5º).
Tal como o administrador com contas rejeitadas, também perde o direito à remuneração o administrador substituído por renúncia sem razão relevante ou
destituído pelo juiz por dolo, culpa, desídia ou descumprimento de qualquer obrigação legal. Em contraposição, se a renúncia ao munus for considerada justificada pelo juiz, subsiste o direito à remuneração em prol do administrador
judicial, mas apenas proporcional ao trabalho realizado.
Quanto à natureza do crédito relativo à remuneração do administrador
judicial, trata-se de crédito extraconcursal, conforme revela o art. 84, inciso I, da Lei nº 11.101/2005.
Por fim, a responsabilidade pelo pagamento da remuneração do administrador judicial é do empresário individual ou da sociedade empresária.Prestação de contas pelo administrador judicial:Com efeito, cabe ao próprio administrador efetuar a prestação mediante petição instruída com os documentos comprobatórios das contas, no prazo de trinta dias da sentença de encerramento do processo (arts. 63, caput e inciso I, 154, caput e § 1º).
Na eventualidade da rejeição das contas, o juiz deve fixar a responsabilidade civil do administrador judicial, quando também pode determinar a indisponibilidade e até o seqüestro de bens na própria sentença de rejeição, a qual serve como título executivo contra o administrador judicial responsável pela indenização.
Ainda em relação à sentença de rejeição das contas, se constatar algum
delito cometido pelo administrador judicial, cabe ao juiz determinar a remessa de fotocópias dos autos ao Ministério Público, para a apuração de eventual
responsabilidade penal do administrador judicial.
Exoneração do administrador judicial : Proferida a sentença de encerramento da recuperação judicial, aprovado o relatório final da recuperação, prestadas as contas pelo administrador e paga a parcela remanescente da respectiva remuneração, há a exoneração do administrador judicial pelo juiz, ato derradeiro que marca o término da atuação do administrador no processo de recuperação (art. 63, inciso IV). Mutatis mutandis, o mesmo ocorre no processo de falência, com a prolação da sentença de encerramento da falência (art. 156), com a consequente exoneração do administrador judicial.
Classificação, verificação e habilitação dos créditos
Conceito: A classificação dos créditos consiste na elaboração do rol de preferência de recebimento dos credores consoante a espécie da obrigação e a capacidade de pagamento do empresário individual ou da sociedade empresária em recuperação judicial ou com a falência decretada, conforme o caso. A ordem de prioridade é extraída dos arts. 83 e 84 da Lei nº 11.101/2005. No que tange ao processo de recuperação judicial, há lugar para alteração do rol legal; já no processo de falência, a ordem legal de preferência é taxativa, de observância obrigatória.
Existência da classificação dos créditos na recuperação judicial:
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, a classificação dos créditos não diz respeito apenas ao processo de falência, mas também ao processo de recuperação judicial, no qual há a igual necessidade da classificação para pagamento dos credores, como bem revelam os arts. 22, inciso I, alínea “a”, 51, inciso III, e 52, § 1º, inciso II, todos da Lei nº 11.101/2005, in verbis“classificação de cada crédito”. A ordem de pagamento, todavia, pode ser modificada no plano de recuperação a ser submetido à deliberação dos credores.
Ordem legal de classificação dos créditos:
Os arts. 83 e 84 trazem a ordem de classificação dos créditos, a qual, entretanto, enseja modificação no processo de recuperação judicial, consoante o disposto no plano de recuperação a ser aprovado em assembleia. De qualquer forma, as classificações dos créditos realizadas antes da aprovação do plano devem seguir o disposto nos arts. 83 e 84 da Lei nº 11.101/2005.
Antes de qualquer outro pagamento, devem ser pagos, em prazo não superior a trinta dias, os créditos trabalhistas dos últimos três meses anteriores ao ajuizamento da recuperação judicial, até o limite de cinco salários mínimos por trabalhador (arts. 54, parágrafo único, e 151).
Em seguida, devem ser pagas as restituições em dinheiro determinadas mediante sentenças proferidas em eventuais processos de restituição.
Após, devem ser pagos os créditos extraconcursais, consoante a ordem estabelecida no art. 84: a remuneração do administrador judicial e dosrespectivos auxiliares contratados mediante autorização judicial (art. 84, inciso I); as quantias fornecidas pelos credores ao empresário individual ou à sociedade empresária durante o processo (art. 84, inciso II); as despesas com a arrecadação, a administração, a realização do ativo e a distribuição do passivo entre os credores (art. 84, inciso III); as custas judiciais em geral (art. 84, incisos III e IV); e as obrigações resultantes de atos jurídicos praticados durante a recuperação judicial (arts. 67 e 84, inciso V).
Após o pagamento dos créditos extraconcursais, há a incidência do art. 83, com a observância da ordem de preferência dos créditos concursais. Em primeiro lugar, são pagos os créditos trabalhistas e os acidentários.
Embora com a limitação do pagamento preferencial daqueles (créditos trabalhistas) até o valor de cento e cinquenta salários mínimos (art. 83, inciso I), porquanto o crédito trabalhista superior remanescente passa a integrar a classe destinada aos créditos quirografários (art. 83, inciso VI, alínea “c”).
Em segundo lugar, são pagos os créditos com garantia real703, mas apenas
até o limite do bem gravado (art. 83, inciso II e § 1º), porquanto o crédito superior remanescente passa a integrar a classe destinada aos créditos quirografários.
Em terceiro lugar, são pagos os créditos tributários (art. 83, inciso III), mas não as multas tributárias, as quais integram a classe destinada às multas e são pagas depois dos créditos quirografários (art. 83, inciso VII). Sem dúvida, as
multas tributárias não são nem se confundem com os tributos.
Em quarto lugar, são pagos os créditos com privilégio especial (art. 83, inciso IV), assim considerados os arrolados no art. 964 do Código Civil. Sem prejuízo de outros créditos com privilégio especial ex vi legis, como o Decreto-lei nº 167, de 1967, em prol dos credores de nota promissória ruraL e de duplicata rural.
Em quinto lugar, são pagos os créditos com privilégio geral (art. 83, inciso V), assim considerados os previstos no art. 965 do Código Civil, além de outros créditos com privilégio geral previstos em lei, como os honorários advocatícios arbitrados em decisão judicial (art. 24, caput, da Lei nº 8.906, de 1994.
Em sexto lugar, são pagos os créditos quirografários, como os títulos de crédito em geral709, os contratos comerciais, os créditos não satisfeitos pela alienação de bem gravado com garantia real, os créditos trabalhistas superiores a cento e cinquenta salários mínimos e os créditos trabalhistas cedidos a terceiros (art. 83, inciso VI e § 4º).
Em sétimo lugar, são pagas as multas em geral, até mesmo as
tributárias710. Com efeito, as multas em geral só são pagas depois dos créditos
quirografários. O raciocínio é aplicável até mesmo em relação às multas tributárias, as quais não são nem se confundem com os tributos711. Daí a
justificativa para a inclusão das multas tributárias no bojo do inciso VII do art. 83, e não no inciso III, referente aos créditos de natureza tributária.
Por fim, são pagos os créditos subordinados, assim considerados os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício, além de outros previstos em lei (art. 83, inciso VIII).
É certo, entretanto, que a classificação dos créditos provenientes dos arts.
83 e 84 tem maior importância no processo de falência, no qual é de observância obrigatória. Não obstante, também tem utilidade no processo de recuperação judicial, ainda que para a elaboração da petição inicial, da posterior Relação de Credores pelo administrador judicial, com repercussão na elaboração do Quadro- Geral de Credores. A ordem de pagamento, todavia, segue o disposto no plano de recuperação judicial, no qual é possível modificar não só a ordem, mas também a forma e até o valor dos créditos, sempre sob a condição da aprovação pelos credores em assembleia.
Forma da habilitação e da divergência:
As habilitações de crédito devem ser veiculadas na quinzena legal mediante
requerimento endereçado ao administrador judicial, com a indicação do nome e do endereço do credor, bem assim do endereço em que o credor deseja ser intimado dos atos do processo (arts. 7º, § 1º, e 9º, caput e inciso I, todos da Lei nº11.101/2005).
O requerimento de habilitação também deve conter o valor, a origem do
crédito e a respectiva classificação. O requerimento também deve ser instruídocom os documentos comprobatórios do crédito, sem prejuízo da produção de
outras provas para a demonstração do crédito (art. 9º, incisos II e III, da Lei nº
11.101/2005).
Em regra, a habilitação deve ser instruída com os documentos e títulos
originais, salvo se estiverem em autos de outro processo, hipótese na qual é
permitida a apresentação de fotocópia autenticada (art. 9º, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005). Na eventualidade da existência de crédito com garantia, o credor também deve apresentar o instrumento da garantia, com a petição de habilitação (art. 9º,incisos IV e V, da Lei nº 11.101/2005).
Vale ressaltar , que a petição de habilitação não precisa ser subscrita por advogado; o próprio credor pode subscrever o requerimento de habilitação, em
virtude da interpretação extraída do art. 9º da Lei nº 11.101/2005. 
Só haverá necessidade de contratação de advogado se o pedido de habilitação for indeferido pelo administrador judicial e o credor desejar impugnar a relação de credores. É que a impugnação tem natureza jurídica de incidente processual da competência do juiz do processo de recuperação ou de falência, o que explica a necessidade de representação do credor mediante advogado716. Com maior razão, também é imprescindível a representação por advogado na eventualidade de interposição de recurso de agravo de instrumento contra a decisão judicial denegatória impugnação.
Mutatis mutandis, o art. 9º também é aplicável por analogia às eventuais divergências dos credores já relacionados, salvo em relação às informações já
existentes nos autos do processo de recuperação judicial ou de falência, as quais não precisam ser reiteradas no requerimento de divergência.
Por fim, tanto as habilitações quanto as divergências devem ser juntadas aos próprios autos principais do processo de recuperação judicial ou de falência, conforme o caso.
Elaboração da relação de credores pelo administrador judicial: 
Decorrido o prazo de quinze dias para as divergências e as habilitações, o administrador judicial realiza a verificação dos créditos718, com a consideração da classificação inicial e dos respectivos documentos que acompanharam a petição inicial, bem assim das divergências e das habilitações apresentadas pelos credores e interessados. À vista das informações e documentos já existentes nos autos e das supervenientes divergências e habilitações dos credores e interessados, portanto, o administrador judicial elabora a relação de credores, com a respectiva classificação dos créditos, dentro de quarenta e cinco dias do término da quinzena destinada às habilitações e divergências.
Dentro dos mesmos quarenta e cinco dias do término da quinzena destinada às habilitações e divergências, o administrador judicial também deve providenciar a publicação do segundo edital no Diário da Justiça, com a relação de credores e a respectiva classificação. O edital deve conter o local, o horário e o prazo comum para que o Ministério Público, o Comitê, os credores, o empresário individual ou os sócios da sociedade empresária tenham acesso e conhecimento dos documentos à vista dos quais o administrador judicial realizou a verificação dos créditos e elaborou a relação de credores, com a respectiva classificação dos créditos (art. 7º, § 2º).
Prazo de dez dias para impugnações contra a relação de credores Publicado o edital com a relação de credores, o Ministério Público, o Comitê, os credores e o empresário individual ou os sócios da sociedade empresária têm dez dias para a apresentarem as respectivas impugnações contra a relação elaborada pelo administrador judicial (art. 8º, caput).
Ausência de impugnação e homologação da relação de credores pelo juiz:
Decorrido in albis o decêndio legal para impugnação da relação de credores, o juiz profere decisão homologatória, quando aquela relação é homologada já na qualidade de Quadro-Geral de Credores (art. 14).
Apresentação de impugnação Apresentada alguma impugnação no decêndio legal, deve ser autuada em separado (art. 8º, parágrafo único). 
Na eventualidade da veiculação de mais de uma impugnação sobre o mesmo crédito, as impugnações devem ser autuadas em conjunto, mas também em apenso (art. 13, parágrafo único).
As impugnações devem ser oferecidas mediante petição endereçada ao mesmo juízo do processo, com fundamentação na ausência de algum crédito, na ilegitimidade, no excesso, na insuficiência ou na irregularidade da ordem de
classificação de crédito relacionado (art. 8º).
Habilitação retardatária convertida em impugnação:
A habilitação de crédito retardatária, isto é, apresentada depois do prazo de quinze dias da publicação do primeiro edital (art. 7º, § 1º), é recebida e processada como se impugnação fosse, desde que tenha sido veiculada antes da homologação do Quadro-Geral de Credores (art. 10, § 5º).
Intimação dos credores para contestação das impugnações:
Os credores com créditos impugnados são intimados e têm cinco dias para contestarem as impugnações (art. 11). As contestações podem ser instruídas com os documentos que os credores considerarem relevantes para a comprovação dos respectivos créditos, sem prejuízo do requerimento de produção de outras provas.
As contestações devem ser juntadas aos autos separados das respectivas
impugnações.
Intimação do empresário, da sociedade empresária e do Comitê de credores :
Em seguida, são intimados o empresário individual ou a sociedade empresária, conforme o caso, bem assim o Comitê, se constituído, para manifestação no prazo comum de 5 dias.
No que tange à natureza do pronunciamento por meio do qual o juiz resolve
as impugnações contra a relação dos credores elaborada pelo administrador
judicial, o parágrafo único do art. 18 da Lei nº 11.101/2005 conduz o intérprete em falsa pista em razão do termo “sentença”, in verbis: “sentença que houver julgado as impugnações . À vista do preceito legal, poder-se-ia imaginar que o
pronunciamento tem natureza sentencial. Não obstante, trata-se de verdadeira
decisão interlocutória, porquanto há a resolução de mero incidente processual.
Por conseguinte, a decisão interlocutória é impugnável mediante agravo de instrumento, como bem revela o art. 17 da Lei nº 11.101/2005. É o recurso cabívelna hipótese sub examine. O agravo de instrumento deve ser interposto no prazo de dez dias, por meio de petição endereçada ao tribunal de justiça competente.
Proferidas todas as decisões acerca das impugnações aviadas contra a Relação dos Credores elaborada pelo administrador judicial, cabe ao mesmo consolidar o quadro-geral de credores, com a consideração daquela relação e das decisões prolatadas pelo juiz ao julgar as impugnações (art. 18, caput).
Obs: Por oportuno, vale ressaltar que o quadro-geral de credores deve conter o
montante e a classificação de cada crédito.
Em seguida, o juiz homologa o quadro-geral de credores consolidado pelo administrador judicial e juntado aos autos do processo, bem assim determina a
imediata publicação do inteiro teor do quadro-geral no Diário da Justiça eletrônico.
O pronunciamento homologatório do quadro-geral de credores também tem
natureza de decisão interlocutória. A propósito, enquanto a decisão sobre o
incidente de impugnação é proferida nos respectivos autos separados, a decisão homologatória do quadro-geral de credores é prolatada nos próprios autos do processo de recuperação judicial ou de falência, conforme o caso, com a posterior publicação (art. 18, parágrafo único).
Ação anulatória
O pronunciamento homologatório do quadro-geral de credores também tem
natureza de decisão interlocutória. A propósito, enquanto a decisão sobre o
incidente de impugnação é proferida nos respectivos autos separados, a decisão homologatória do quadro-geral de credores é prolatada nos próprios autos do processo de recuperação judicial ou de falência, conforme o caso, com a posterior publicação (art. 18, parágrafo único).
Ação de retificação do quadro-geral de credores: 
O crédito não habilitado até a homologaçãojudicial do Quadro-Geral de credores só pode ser pleiteado mediante ação própria, intitulada ação de retificação, também sob o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, a ser proposta perante o mesmo juízo da recuperação judicial ou da falência, conforme o caso, a fim de que seja retificado o quadro-geral de credores, com a inclusão do crédito não habilitado, tudo consoante o disposto no art. 10, § 6º, da Lei nº 11.101/2005.
Assembleia-Geral de Credores:
Conceito
A Assembleia-Geral é o órgão coletivo de constituição obrigatória726 que
congrega todos os credores classificados nos processos de recuperação judicial e de falência.
A Assembleia-Geral de Credores tem várias atribuições tanto no processo de recuperação judicial quanto no processo falimentar.
No que tange ao processo de recuperação judicial, compete à Assembleia-
Geral (art. 35, inciso I).
A Assembleia-Geral de Credores não tem competência para deliberar sobre a substituição do administrador judicial nomeado pelo juiz. Tanto a nomeação quanto a substituição do administrador judicial são da competência exclusiva do juiz.
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, só o juiz do processo tem competência para convocar a Assembleia-Geral de Credores (art. 36, caput). O
juiz pode efetuar a convocação de ofício (por exemplo, nas hipóteses dos arts. 56 e 65) ou em virtude de requerimento dos legitimados (por exemplo, nas hipóteses dos arts. 22, inciso I, alínea “g”, 27, inciso I, letra “e”, e 36, § 2º).
Com efeito, o administrador judicial, o eventual Comitê e os credores com pelo menos vinte e cinco por cento dos créditos de alguma classe têm legitimidade
para requerer a convocação da Assembleia-Geral ao juiz, mas não para convocar desde logo a Assembleia-Geral, porquanto a convocação é atribuição exclusiva do juiz do processo (art. 36, caput).
Em regra, as deliberações assembleares são feitas em plenário, sem a separação dos votos em classes, com a consideração apenas da proporção do
valor do crédito de cada credor presente (arts. 38, caput, primeira parte, e 42, primeira parte).
Se o juiz do processo constatar a necessidade da oitiva da Assembleia- Geral ou for apresentado requerimento de convocação pelo administrador judicial, pelo Comitê ou pelos credores que representam ao menos vinte e cinco por cento dos créditos de alguma das classes do art. 41, há a convocação da Assembleia-Geral pelo juiz.
Com efeito, a convocação é sempre feita pelo juiz, mediante a publicação de edital no órgão oficial de imprensa e em jornais de grande circulação nas localidades do estabelecimento empresarial principal e das eventuais filiais (art.
36). Além da publicação do edital, fotocópias do aviso de convocação também
devem ser afixadas de forma ostensiva tanto no estabelecimento empresarial
principal quanto nas eventuais filiais (art. 36, § 1º).
Em regra, as despesas com as convocações e com a realização das assembleias correm por conta do empresário individual ou da sociedade empresária em recuperação judicial ou já em falência, conforme o caso. Em duas hipóteses, entretanto, as despesas são pagas pelos credores. Com efeito, quando o requerimento de convocação parte do Comitê (arts. 27, inciso I, alínea “e”, e 36, § 3º) ou de credores que representam pelo menos vinte e cinco por cento dos créditos de alguma classe (arts. 36, §§ 2º e 3º, e 41), as despesas com a convocação são pagas pelos próprios credores.
Admissibilidade da representação de credor por procurador: 
O credor pode ser representado por procurador constituído para atuar em seu nome durante a assembleia. A representação do credor mediante procurador, entretanto, depende da apresentação do respectivo instrumento de mandato ou da indicação das folhas dos autos do respectivo processo, até vinte e quatro horas antes da data designada no edital de convocação da Assembleia-Geral (art. 37, §4º).
 Deliberações da Assembleia-Geral:
Em regra, são aprovadas as propostas que alcançam mais da metade do valor total dos créditos cujos titulares participam da assembleia, sem a consideração das respectivas classes. Com efeito, à vista dos arts. 38, caput, início, e 42, primeira parte, ambos da Lei nº 11.101/2005, todos os credores presentes participam com votos proporcionais ao valor dos respectivos créditos, sem a consideração das classes. A regra, todavia, não é absoluta. Há três hipóteses — previstas nos arts. 44, 45 e 46 — nas quais o critério de votação é de tal forma diferenciado que pode ser denominado qualificado. 
Enquanto a primeira (art. 44) tem lugar nos processos de recuperação judicial e de falência, a segunda (art. 45) é própria da recuperação judicial, e a última (art. 46) é exclusiva do processo falimentar.
A propósito da primeira exceção, a votação sobre a constituição e a composição do Comitê de Credores não segue o padrão previsto no proêmio do art. 42. Ao invés da deliberação plenária padrão, a votação é feita em separado, em cada classe (arts. 26 e 44); e basta a aprovação da constituição em uma classe para a formação do Comitê de Credores (art. 26).
A segunda exceção diz respeito ao Plano de Recuperação Judicial. As deliberações sobre o Plano de Recuperação devem ocorrer em cada uma das três classes previstas no art. 41, ou seja, em separado. Na classe relativa aos créditos trabalhistas (inciso I), basta a aprovação por maioria simples dos credores presentes à assembleia, sem a consideração do valor dos respectivos créditos (art. 45, § 2º). Já nas outras duas classes (incisos II e III), há a necessidade da aprovação pela maioria simples dos credores presentes à assembleia e que também representem mais da metade do valor total dos créditos de titulares presentes (art. 45, § 1º).
Por fim, a terceira exceção reside no processo falimentar. Com efeito, a
adoção de forma alternativa de alienação do ativo da massa falida depende do
voto favorável de dois terços dos créditos presentes à assembleia (arts. 46 e 145).
Credores impedidos de votar nas deliberações da Assembleia-Geral: 
Os titulares de créditos excetuados não são considerados para a verificação do quorum de instalação nem podem participar de deliberação alguma (art. 39, §1º, combinado com os arts. 49, §§ 3º e 4º, e 86, inciso II).
Possibilidade de participação do empresário individual e de sócios da
sociedade empresária na Assembleia-Geral:
O empresário individual, os sócios da sociedade empresária, as sociedades coligadas, controladoras, controladas e as que tenham sócio ou acionista com
participação superior a dez por cento do capital social da sociedade empresária
podem participar da assembleia, mas sem direito de voto e sem a consideração
para a apuração do quorum de instalação e de deliberação (art. 43).
O art. 43 da Lei nº 11.101/2005 está em perfeita harmonia com o art. 5º,
inciso LV, da Constituição Federal, porquanto assegura o empresário individual e aos sócios da sociedade empresária o contraditório no processo de recuperação judicial e a ampla defesa no processo falimentar. A ausência do direito de voto é lógica e jurídica, porquanto a assembleia deve refletir a vontade dos credores, e não do devedor.
 Credor impedido de votar na deliberação sobre o Plano de Recuperação:
O credor cujo crédito não sofrer alteração alguma no que tange ao valor e às condições originais de pagamento não participa da votação acerca da aprovação do Plano de Recuperação. Aliás, nem há a consideração do respectivo credor para a apuração de quorum (art. 45, § 3º).
Ata da Assembleia-Geral:
Finda a assembleia, é lavrada a respectiva ata, com o relato do ocorrido e das deliberações. A ata é assinada pelo presidente (em regra, o administrador judicial), pelo empresário individual ou pelo representante da sociedade empresária, bem assim por dois representantes de cada uma das classes votantes. Lançadas as assinaturas, a respectiva ata e a lista de presença devem ser entregues ao juiz dentro das quarenta e oito horas do término da assembleia,mediante petição de juntada da ata da assembleia aos autos do processo (art. 37,§ 7º).
Rejeição do Plano de Recuperação:
Na eventualidade de o Plano de Recuperação Judicial ter sido rejeitado na assembleia (art. 56, § 4º), há lugar para a decretação da falência do empresário individual ou da sociedade empresária mediante decisão judicial de convolação da recuperação em falência (art. 73, inciso III, combinado com o art. 56, § 4º). Trata-se de decisão interlocutória, razão pela qual é impugnável por meio de agravo de instrumento (art. 100, primeira parte), em dez dias (art. 189 da Lei nº 11.101/2005, combinado com o art. 522 do Código de Processo Civil), endereçado ao tribunal de segundo grau competente (art. 524 do Código de Processo Civil).
Com efeito, rejeitado o plano, a regra é a convolação da recuperação judicial em falência, mas há a excepcional possibilidade de divergência qualificada, quando o juiz pode conceder a recuperação judicial, a despeito da rejeição do plano pela Assembleia-Geral (art. 58, § 1º).
Comitê de Credores
Conceito: O Comitê é o órgão de constituição facultativa para a fiscalização e defesa dos interesses dos credores no processo de recuperação judicial e também de falência.
O Comitê é formado em razão da aprovação de qualquer uma das classes
de credores do art. 26 da Lei nº 11.101/2005. A constituição do Comitê, todavia, é facultativa; mas basta a votação majoritária favorável em alguma classe de credores para a instalação do órgão.
Composição do Comitê:
Em regra, o Comitê tem três membros titulares. Cada titular é escolhido em conjunto com dois suplentes, para a eventualidade do não-comparecimento ou até da destituição daquele (art. 31, § 1º). Os representantes titulares e suplentes são escolhidos pelas respectivas classes de credores, assim divididas para a indicação dos componentes do Comitê: classe de credores trabalhistas; classe de credores com direitos reais de garantia e com privilégios especiais; e classe de credores quirografários e com privilégios gerais.
Por força do art. 44, apenas os respectivos credores podem votar na escolha dos representantes de cada classe no Comitê. Assim, os credores trabalhistas têm um representante titular e dois suplentes. Da mesma forma, os credores com direitos reais de garantia e privilégios especiais escolhem um titular e dois suplentes. Por fim, os credores quirografários e com privilégios gerais escolhem um titular e dois suplentes.
Os próprios membros do Comitê de Credores escolhem o respectivo
presidente entre si (art. 26, § 3º).
Responsabilidade dos membros do Comitê:
Assinado o termo do compromisso, os membros do Comitê passam a ser responsáveis pelos eventuais prejuízos causados ao empresário individual, à sociedade empresária ou aos credores, em decorrência de atos dolosos e culposos. A responsabilidade se dá tanto no campo penal quanto no plano cível.Por conseguinte, na eventualidade de um membro do Comitê não concordar com alguma deliberação dos demais, deve consignar a divergência em ata, a fim de afastar as possíveis responsabilidades pelo ato danoso doloso ou culposo praticado pelo Comitê (art. 32 da Lei nº 11.101/2005).
Atribuições do Comitê:
O Comitê de Credores tem várias atribuições de fiscalização. Com efeito, cabe ao Comitê fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial (arts. 27, inciso I, alínea “a”, e 63, inciso I). Ao Comitê também compete fiscalizar e elaborar relatórios mensais acerca das atividades administrativas e mercantis do empresário individual ou da sociedade empresária (arts. 27, inciso II, letra “a”, e 64). Ainda no tocante à fiscalização, cabe ao Comitê acompanhar a execução do Plano de Recuperação Judicial (arts. 27, inciso II, alínea “b”, 53, caput).
O Comitê também deve zelar pela regularidade do processo, a fim de que as determinações legais sejam observadas (art. 27, inciso I, letra “b”). Tanto que cabe ao Comitê comunicar ao juiz eventual prejuízo aos interesses dos credores ou algum desrespeito aos respectivos direitos (art. 27, inciso I, alínea “c”). Aliás, diante de alguma reclamação dirigida ao Comitê, compete ao órgão apurar e elaborar o respectivo parecer (art. 27, inciso I, letra “d”).
Também cabe ao Comitê requerer ao juiz a convocação da Assembleia,
quando for necessária ou conveniente a manifestação dos credores em geral (art. 27, inciso I, alínea “e”).
Por fim, na eventualidade do afastamento do empresário individual ou dos administradores da sociedade empresária da direção das respectivas atividades (arts. 64 e 65), cabe ao Comitê submeter à autorização do juiz a alienação de bens do ativo, a constituição de ônus reais ou outras garantias, e o endividamento indispensáveis à continuação da atividade empresarial no período anterior à aprovação do Plano de Recuperação (art. 27, inciso II, alínea “c”).
Deliberações do Comitê: 
Em regra, as deliberações do Comitê são tomadas em votação majoritária dos três membros titulares – ou unânime, quando convergentes todos os votos.
Na eventualidade de empate na votação, porquanto o Comitê pode funcionar com menos de três membros (art. 26, § 1º), cabe ao administrador judicial resolver o impasse. Diante de eventual incompatibilidade do administrador judicial, cabe ao juiz solucionar a divergência.
Remuneração dos membros do Comitê: 
A remuneração dos membros do Comitê deve ser objeto de deliberação na Assembleia-Geral, porquanto são os próprios credores os responsáveis pelo eventual pagamento, por ser o órgão constituído para representar os interesses
dos credores.
Diante de eventual dificuldade para a composição do Comitê em razão da aprovação de ingresso voluntário (ou seja, sem remuneração alguma), o órgão
pode não ser constituído, por falta de credor interessado em assumir o munus. Já a constituição mediante remuneração só encontra justificativa em processos de grandes sociedades empresárias (especialmente as sociedades anônimas), com credores com capacidade econômico-financeira para arcar com a remuneração dos membros do Comitê. Fora daí, não há explicação para a existência do Comitê, até mesmo por ser o órgão de constituição facultativa.
Ausência de Comitê: 
Na eventualidade de ausência de Comitê, consoante deliberações negativas de todas as classes de credores, as atribuições do órgão são desde logo exercidas pelo administrador judicial. Diante de incompatibilidade do administrador, cabe ao juiz exercer as atribuições destinadas ao Comitê de Credores (art. 28).
ÀS RECUPERAÇÕES JUDICIAIS E ÀS FALÊNCIAS
FALÊNCIA
Conceito – “É o processo promovido contra o devedor empresário em estado econômico especial: insolvente.” – Trajano de Miranda. O sistema brasileiro não é purista como o francês em que apenas o empresário pode falir, nem generalista como o sistema alemão ou norte americano em que qualquer um pode falir. No Brasil empresário é pessoa natural ou jurídica, mas há casos de pessoas que mesmo não sendo empresárias podem falir e casos de empresários que não podem falir. É um sistema peculiar por existir exceções de ambos os lados. O art. 2˚ define quais empresários não podem falir.
Artigo 2º da lei 11.101/2005 - As sociedades empresárias excluídas da incidência da Lei nº 11.101/2005
Afasta a incidência do regime recuperativo-falimentar em relação às empresas públicas e às sociedades de economia mista, porquanto são entidades da administração pública indireta, razão pela qual ficam totalmente excluídas daquele regime jurídico (recuperativofalimentar). Com efeito, embora sejam pessoas jurídicas submetidas “ao regime jurídico próprios das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
As pessoas jurídicas de direito público interno arroladas no artigo 41 do Código Civil também não estão sujeitas ao regime recuperativo-falimentar.
As instituições financeiras privadas, cooperativas de crédito, consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades operadoras deplano de assistência à saúde, sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas, todas submetidas ao regime especial de liquidação extrajudicial previsto em leis específicas.
A exclusão do regime consagrado na Lei nº 11.101/2005, todavia, não é absoluta, porquanto aquelas sociedades podem ser atingidas pela falência, em razão do disposto no art. 197 da Lei nº 11.101/2005: “esta Lei aplica-se subsidiariamente”. Tanto que os arts. 1º, 12 e 21 da Lei nº 6.024/1974 dispõem sobre a “falência” de “instituições financeiras privadas e “cooperativas de crédito”.
 Os empresários e das sociedades empresárias irregulares: Os empresários e as sociedades irregulares não são beneficiados pela recuperação empresarial, mas podem ser alcançados pela falência, até mesmo em razão da possibilidade do requerimento da autofalência
“Art. 2o Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.”
Finalidade da falência – Art. 75 da lei 11.101/45. A finalidade se vincula aos operadores do direito, pois eles devem implementar a falência conforme seu fim. Lembrar-se que o empresário exerce a empresa no estabelecimento. Tal artigo refere-se a Teoria da Preservação da Empresa, e a empresa é a atividade do empresário, ou seja, o Estado afasta o empresário para preservar a atividade. A preservação da empresa se dá por uma nova sistemática processual.
“Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual.”
	DECRETO LEI 7.661/45
	LEI 11.101/05
	Pedido
	Pedido
	Fase postulatória
	Fase Postulatória
	Sentença Falimentar
	Sentença de Falência
	Sindicância – Investiga a vida do devedor, fase altamente complexa que terminava com um edital do art. 144 deste decreto.
	Como não existe recuperação após a sentença, passam a tramitar concomitantemente a fase de administração que é a fase de sindicância rebatizada, e a fase de liquidação. Passa-se imediatamente para liquidação e vendem-se os bens, antes que eles se “sucateiem”. 
	Edital do Art. 114
	Não existe
	Fase de liquidação – Venda dos bens e direitos. Não sobra nada, pois a fase de sindicância demorava muito, 30 anos aproximadamente, sobrava coisas velhas e sucatas. Não podia vender os bens porque havia o instituto da concordata suspensiva que era requerida num prazo de 05 dias a contar da publicação do edital do art. 144. Se o devedor obtivesse a concordata, reaveria seus bens e reabriria seu negócio. A concordata não vinha após a sentença pois deveria ter a sindicância.
	Não existe concordata suspensiva. A recuperação se torna preventiva, pois a concordata recuperava o empresário. Isto é bom para o devedor que não fica assistindo de camarote seus bens se “sucatearem”, ao invés de vender os bens, pagar os credores e se livrar do processo de falência.
Se implementa pela realização do ativo, pela venda dos bens e direitos. A teoria da preservação da empresa se dá pela realização do ativo.
Realização do ativo:
Ordem de venda dos bens
“Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: 
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; (Primeiro vende-se a empresa inteira, a atividade inteira com todos seus estabelecimentos com porteira fechada, ou seja, com todos elementos corpóreos e incorpóreos que lá tiver. A lógica disto é a transferência do aviamento, da perspectiva de rentabilidade do negócio. A pessoa então comprará para retomar a atividade.)
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; (Na impossibilidade da primeira hipótese por ninguém querer o estabelecimento todo, serão vendidos os estabelecimentos individualmente considerados com porteira fechada.)
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; (Na impossibilidade da venda de algum estabelecimento far-se-á a venda dos bens em bloco, pois o legislador pensou que vendendo os bens em bloco se potencializa a possibilidade de outra pessoa constituir a mesma atividade. Estes três incisos revelam a vontade de preservar a empresa.).
IV – alienação dos bens individualmente considerados. (Aqui ocorre a falência liquidatória (nos outros há a sentença preservatória) onde se consideram os bens isoladamente, dilacerando o estabelecimento do falido.)
(...)”
“Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:
 II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. (Decretada a falência do devedor, o direito de credor não é o direito de sequela. O direito do credor com garantia real em caso de falência do devedor é o direito de habilitar seu crédito na massa falida. O ônus real é desconstituído sobre o objeto. O “inclusive” é exemplificativo. Se assemelha muito a uma aquisição originária. Logo, o preço a ser pago será o mais elevado, porque se sabe que não herda nada, otimizando o preço da venda.)
(...)”
“Art. 60. Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. (O paragrafo único do art. 60 dispõe da venda no caso de recuperação judicial. O texto da lei aprovado na Câmara era o mesmo para falência e recuperação de empresas, porém no Senado, Mercadante apresentou uma emenda supressiva retirando a natureza trabalhista e de acidente de trabalho visando haver sucessão no caso do direito do trabalho. Porém, o STF ao julgar a ADI-3934 e o REXT 583.955 resolveu a questão proposta por Mercadante, que estava causando divergências. O Supremo chega a conclusão que ninguém compraria a empresa, devido aos créditos trabalhistas, provavelmente oculto, o que levaria as pessoas procurarem a falência, ao invés da recuperação de empresas. Sendo assim, na recuperação não haverá sucessão, bem como na falência, o status de aquisição na recuperação foi equiparado ao da falência. O STJ passou a ter o mesmo posicionamento do STF, através dos CC 61.272, 99.632, 92.169 e 94.460. O legislador escolheu um fiscal para que a venda na falência e na recuperação não fosse apenas um teatro, seja ele o MP, definido no art. 142, §7˚.)”
“Art. 142 § 7o Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade.”
Modalidades 
Ordinárias: O juiz, na falência, pode escolher livremente uma das três modalidades de venda prescritas no art. 142.
“Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:
I – leilão, por lances orais; (Oferecimento de lances)
II – propostas fechadas; (O juiz marca uma data para que interessados em comprar o ativo façam protocolizar nos autos do processo, em envelopes lacrados, a oferta. O juiz designa uma audiência para abertura dos envelopes, aquele que apresentar a maior proposta ganha.)
III – pregão.( Se desenvolve em duas fases, sendo que da segunda fase só poderão participar aqueles que se habilitaram na primeira fase. A primeira fase é a de propostas marcadas, a segundafase de leilão. Sendo assim, o pregão conjuga as duas modalidades anteriores. Só participa da segunda fase aqueles que apresentarem no mínimo 90% da maior proposta lacrada. Não há preço vil.)”
Extraordinária: Art. 35,II,”c” – Os credores podem deliberar qualquer modalidade lícita de realização de ativos. A deliberação da assembléia se sobrepõe a do ativo. A deliberação sobre modalidades alternativas de realização de ativos é um quórum qualificado, de 2/3 financeiramente considerados. Um quórum de instalação tem primeira e segunda convocação, na primeira é necessário estar um mínimo de pessoas, mas na segunda vota-se com qualquer número de pessoas.
“Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:
 II – na falência:
c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei;”
Natureza da sentença falimentar – A sentença falimentar tem a natureza jurídica questionada. Há autores que entendem que a falência tem natureza declaratória e outros entendem que tem natureza constitutiva. Não há como pacificar, pois a argumentação é muito boa. A Lei 11.101/45 fez uma mera opção dogmática pela constitutiva, porque de fato a falência só se caracteriza com a sentença. Abandonar o estabelecimento não significa falir. Por isso o legislador utiliza “decretar falência”. Ainda há na sentença o “termo legal” do art. 99. 
Recuperação de empresas
Conceito – É o processo de jurisdição voluntária promovido pelo devedor legitimado a fim de obter a repactuação do seu passivo e a superação do seu estado de crise econômico financeira. Desta forma, não há lide, não há pretensão resistida, não havendo sentença em sentido material, apenas em sentido formal. Não há partes interessadas, é o devedor quem executa colegiadamente os credores obrigando-os a repactuar o passivo, a dar uma oportunidade ao devedor de restabelecer seu financeiro. O próprio STJ já afirmou que não cabe ao juiz interferir no programa de recuperação, no RESP 1.314.209/SP.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Para Bernardo Pimentel professor da UFV, conceitua a recuperação judicial :
A recuperação judicial é o processo instaurado perante o Poder Judiciário, por meio de ação proposta por empresário individual, empresa individual de responsabilidade limitada, sociedade empresária, cônjuge sobrevivente, herdeiros, inventariante ou sócio remanescente, diante de crise econômico-financeira, na busca do restabelecimento da normalidade da atividade empresarial, em prol não só do empresário e dos sócios, mas também dos empregados, dos credores, dos consumidores e até mesmo do Estado, tanto em razão da arrecadação fiscal quanto em virtude do fortalecimento da economia nacional.
Finalidade: A recuperação não afasta, a priori, o devedor de suas atividades, e por isto visa a preservação da empresa, mas também do empresário.
“Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”
Natureza – A natureza é contratual, o devedor apresenta ao Estado um contrato para ser entabulado com seus credores. Alguns autores acreditam que é um ato complexo, sem ter natureza contratual, mas a maioria da doutrina discorda porque o fato de depender um processo de jurisdição voluntária torna esta natureza um contrato. Então é uma oferta de contrato a natureza da recuperação.
Legitimidade ativa da recuperação judicial: ação de recuperação judicial pode ser proposta por empresário individual, por empresa individual de responsabilidade limitada e por sociedade empresária regulares, no exercício da atividade econômica organizada há mais de dois anos, bem assim pelo cônjuge sobrevivente, pelos herdeiros do empresário falecido, pelo inventariante e pelo sócio remanescente, conforme autoriza o parágrafo único do art. 48 daquele diploma.
Requisitos para a propositura da recuperação judicial
Além da legitimidade ativa e do exercício da atividade econômica há mais de dois anos, o art. 48 da Lei nº 11.101 arrola outros requisitos para a propositura da recuperação judicial, os quais devem ser preenchidos cumulativamente:
Não ser falido ou, se o foi, ter a declaração da extinção das responsabilidades mediante sentença transitada em julgado (art. 48, inciso I, combinado com os arts. 158 e 159). Quanto ao falido, é imprescindível que não tenha cometido crime falimentar.
Não ter sido já beneficiado pela concessão da recuperação judicial há menos de cinco anos
Não ter sido já beneficiado pela concessão da recuperação judicial especial para microempresas e empresas de pequeno porte há menos de oito anos
Não ter sido condenado por crime concursal empresarial, empresário individual, algum administrador ou sócio controlador da sociedade empresarial
OBS: A ausência de algum dos requisitos ocasiona o indeferimento liminar da
petição inicial, com a prolação de sentença terminativa, fundada nos arts. 267,
inciso VI, e 295, ambos do Código de Processo Civil, combinados com o art. 189 da Lei nº 11.101/2005.
Da sentença cabe apelação, em quinze dias. Diante da natureza terminativa da sentença, nada impede a propositura de nova ação de recuperação judicial, tão logo esteja satisfeito o requisito formal antes ausente.
Créditos alcançados pela recuperação judicial
Por força do art. 49 da Lei nº 11.101/2005, “todos” os créditos existentes na data da propositura são alcançados pela recuperação judicial, até mesmo os ainda não vencidos. Com efeito, a recuperação judicial não alcança apenas os créditos vencidos, mas também os vincendos.
Como regra, as obrigações anteriores à recuperação judicial preservam as
condições originais contratadas ou estabelecidas em lei, mas há a possibilidade de modificação no plano de recuperação.
Ainda em relação aos créditos alcançados pela recuperação judicial, os credores preservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, como os
fiadores e os avalistas739. Daí a possibilidade do acionamento dos coobrigados
mediante ação e execução individuais, cujos processos não são alcançados pela regra estampada no caput do art. 6º da Lei nº 11.101/2005, como bem revela o enunciado nº 43 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “43. A suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor”.
 
Créditos excetuados da recuperação judicial: créditos protegidos
A importância entregue ao empresário individual ou à sociedade empresária decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação não é alcançada pela recuperação judicial740. Por conseguinte, o credor poderá pedir a imediata restituição em dinheiro da importância adiantada em razão de contrato de câmbio para exportação, mediante ação de restituição. Quanto ao credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, até mesmo em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, os créditos não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, porquanto prevalecem os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais originais, tendo em vista a legislação respectiva. Não se permite, contudo, durante o prazo de suspensão de cento e oitenta dias, a venda ou a retirada dos bens de capital essenciais à atividade empresarial do estabelecimento do empresário individual ou da sociedade empresária (§ 3º do art. 49).
Como são créditos excetuados da recuperação judicial, os processos singulares – como as ações de restituição ou de embargos de terceiro – não são suspensos em razão do deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 52, incisoIII, in fine). Daí a conclusão: os créditos excetuados são créditos protegidos da recuperação judicial – e também da falência.
Créditos inexigíveis na recuperação judicial: créditos desprotegidos
O art. 5º da Lei nº 11.101/2005 arrola créditos que também não são incluídos no processo recuperativo, nem podem ser cobrados no curso daquele processo – e também do processo falimentar. São os créditos inexigíveis por força de lei, como os provenientes de obrigações a título gratuito, cujo melhor exemplo é a doação, e as despesas que os credores tiveram para tomar parte na recuperação judicial, como os honorários do advogado contratado.
Meios de recuperação judicial
Os meios de recuperação são as soluções empresariais propostas pelo empresário individual ou pela sociedade empresária em crise econômicofinanceira, na tentativa de restabelecer a lucratividade da atividade empresarial.
O art. 50 da Lei 11.101 arrola os meios disponíveis para a obtenção da recuperação do empresário individual e da sociedade empresária. O rol, todavia, não é exaustivo, porquanto o preceito de regência não afasta a utilização de outros meios (“dentre outros”).
OBS: LER O ART. 50 DA LEI 11.101/2005
Petição inicial
A inicial deve ser instruída com as demonstrações contábeis dos três últimos exercícios, incluídos o balanço patrimonial, a demonstração de resultados acumulados, a demonstração do resultado desde o último exercício social, o
relatório gerencial do fluxo de caixa e de sua projeção para o futuro.
A exordial também deve ser instruída com a relação nominal e a qualificação completa dos credores e dos empregados.
A petição inicial precisa ser acompanhada da certidão comprobatória da regularidade da inscrição no Registro Público de Empresas, ou seja, na Junta
Comercial, consoante a combinação do art. 51, inciso V, da Lei nº 11.101/2005,
com os arts. 967 e 1.150 do Código Civil.
Além da certidão obtida na Junta Comercial, a inicial também deve ser instruída com os atos constitutivos (por exemplo, contrato de firma individual do empresário individual, contrato social da sociedade limitada, estatuto da sociedade por ações), bem assim com as atas de nomeação dos atuais administradores. Não é só. A exordial ainda deve ser instruída com a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores, com os extratos atualizados das contas bancárias do empresário individual ou da sociedade empresária, com as eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, até mesmo em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras.
A petição inicial também deve ser acompanhada das certidões dos cartórios
de protesto da comarca do domicílio do empresário individual ou da sede da
sociedade empresária, bem assim das certidões dos cartórios de protesto das
comarcas das respectivas filiais.
A inicial ainda deve ser instruída com a relação dos processos nos quais o
empresário individual ou a sociedade empresária é parte, até mesmo os
processos trabalhistas.
No que tange aos livros comerciais, embora seja dispensável a instrução imediata da petição inicial, ficam à disposição do juiz que preside o processo e
também do administrador judicial, bem como podem ser consultados por qualquer interessado, após autorização judicial. Aliás, o juiz pode determinar o depósito em cartório dos livros comerciais ou de fotocópias.
Por fim, vale ressaltar que a petição inicial não precisa ser instruída com o plano de recuperação empresarial; o plano poderá ser apresentado pelo empresário ou pela sociedade empresária no prazo de sessenta dias da publicação da decisão de deferimento do processamento da recuperação
judicial.
Juízo competente
É competente para deferir a recuperação judicial o juízo cível ou empresarial existente na comarca do local do “principal estabelecimento” do empresário individual ou sociedade empresária nacional, ou da filial de empresa que tenha sede fora do país.
Pronunciamento acerca do processamento da recuperação judicial
Se a petição inicial estiver completa, o juiz defere o processamento da recuperação judicial, oportunidade na qual também nomeia o administrador judicial. Com efeito, há a nomeação do administrador judicial no mesmo pronunciamento de admissão da petição inicial e do processamento da recuperação judicial.
O juiz deve determinar a imediata anotação do deferimento da recuperação judicial, no registro do empresário individual ou da sociedade empresária perante a Junta Comercial.
Em contraposição, o deferimento do processamento da recuperação judicial não tem o condão de cancelar protestos tirados em face do empresário individual ou da sociedade empresária, nem de sobrestar anotações existentes nos órgãos de proteção do crédito, como bem revela o enunciado nº 54 da Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “54. O deferimento do processamento da recuperação judicial não enseja o cancelamento da negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de protesto”.
No que tange às ações movidas em face do empresário individual, a sociedade empresária e o sócio solidário, são suspensas pelo juiz na própria decisão de deferimento do processamento da recuperação judicial, com a permanência dos processos nos respectivos juízos de origem.
Por conseguinte, os processos cognitivos e executivos singulares movidos em face do empresário, da sociedade empresária ou de sócio solidário devem ser suspensos e não extintos.
A propósito do período de suspensão dos processos singulares, a despeito de o legislador ter estabelecido o prazo máximo de cento e oitenta dias, prevalece o entendimento segundo o qual há lugar para excepcional prorrogação, conforme revela o enunciado nº 42 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “42. O prazo de suspensão previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005 pode excepcionalmente ser prorrogado, se o retardamento do feito não puder ser imputado ao devedor”.
De volta ao pronunciamento de deferimento da recuperação judicial, o juiz também determina, ao empresário individual ou à sociedade empresária, a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar o processo
(art. 52, inciso IV).
Ainda em virtude do deferimento do processamento da recuperação judicial, o juiz ordena a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios nos quais o empresário individual ou a sociedade empresarial tiver estabelecimento
empresarial principal ou filial (art. 52, inciso V).
Por fim, o juiz ordena a expedição do edital767 previsto no § 1º do art. 7º da
Lei nº 11.101/2005, para publicação no Diário da Justiça eletrônico, com a
observância das exigências arroladas nos incisos do § 1º do art. 52.
Impossibilidade da desistência da ação: regra e exceção
Proposta a ação de recuperação judicial e deferido o respectivo processamento pelo juiz, não é admissível a desistência pelo empresário individual ou sociedade empresária, conforme o caso, ressalvada a hipótese excepcional de a Assembleia-Geral de Credores aprovar a desistência (art. 52, §4º, da Lei nº 11.101/2005).
Natureza jurídica do pronunciamento do art. 52 da Lei nº 11.101/2005
Cabe recurso de agravo de instrumento, com fundamento no art. 522 do Código de Processo Civil769, como bem revela o enunciado nº 52 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “52. A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento”.
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A apresentação da proposta inicial do plano de recuperação judicial cabe ao empresário individual ou à sociedade empresária, conforme o caso (art. 53 da Leinº 11.101/2005).
A proposta referente ao plano de recuperação judicial deve ser apresentada dentro do prazo de sessenta dias, da intimação da decisão de deferimento do
processamento da recuperação judicial (arts.50 e 53 da Lei nº 11.101/2005).
O decurso in albis do prazo destinado à apresentação do plano de recuperação ocasiona a convolação em falência (arts. 53, caput, e 73, inciso II).
Vale ressaltar que não há intimação específica do empresário individual ou da sociedade empresária, para a apresentação do plano de recuperação, sob pena de falência.
Não obstante, a decisão de convolação da recuperação em falência é impugnável mediante recurso de agravo de instrumento (art. 100, proêmio), porquanto a falibilidade humana pode ocasionar erro na contagem do prazo legal pelo juiz e até mesmo erro de percepção do juiz acerca da apresentação do plano.
Elementos do plano de recuperação
A proposta apresentada pelo empresário individual ou pela sociedade empresária deve conter a discriminação pormenorizada dos meios de recuperação escolhidos para tentar restabelecer a normalidade das atividades empresárias e vencer a atual crise econômico-financeira. Além dos meios de recuperação arrolados no art. 50, há possibilidade de indicação de outras soluções imaginadas pelo empresário individual ou pelos administradores da sociedade empresária.
Após a exposição analítica dos meios de recuperação escolhidos, a proposta também deve conter o respectivo resumo, em cumprimento ao disposto no art. 53, inciso I, da Lei nº 11.101/2005.
Além da exposição analítica e do resumo dos meios de recuperação, a proposta ainda deve conter a demonstração da viabilidade econômica, nos termos do art. 53, inciso II, da Lei nº 11.101/2005.
Por fim, o projeto de plano de recuperação deve ser instruído com laudo econômico-financeiro subscrito por profissional legalmente habilitado, com a avaliação dos bens e ativos do empresário individual e da sociedade empresária em recuperação judicial.
Apresentada a proposta com o plano de recuperação judicial, o juiz deve ordenar a publicação de edital no Diário da Justiça eletrônico, com a notícia do recebimento do plano na secretaria do juízo, a fim de que os credores possam suscitar as respectivas objeções, no prazo de trinta dias.
Em suma, o prazo de trinta dias para objeções só começa a correr depois da publicação do último edital, seja o referente ao aviso de recebimento do plano, seja o edital com a relação de credores.
A proposta do empresário individual ou da sociedade empresária não pode estabelecer prazo superior a um ano para o pagamento de todos os créditos trabalhistas e provenientes de acidentes do trabalho já vencidos no momento da propositura da recuperação judicial.
A proposta do plano também não pode prever prazo superior a trinta dias para o pagamento dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos últimos três meses antes do ajuizamento da recuperação, mas somente até o limite de cinco salários mínimos por trabalhador. 
Os créditos salariais excedentes ficam sujeitos à regra do caput do art. 54 da Lei nº 11.101/2005: previsão de pagamento no prazo máximo de um ano.
Apresentada alguma objeção por qualquer credor, o juiz deve convocar a
assembleia-geral, a fim de que as três classes de credores deliberem sobre a
aprovação, a modificação ou a rejeição do plano de recuperação judicial.
 A assembleia deve ser realizada dentro dos cento e cinquenta dias do deferimento do processamento da recuperação judicial.
Aprovado o plano de recuperação, os credores também podem decidir pela constituição do Comitê, bem assim escolher os respectivos membros, tudo na mesma oportunidade. A escolha dos membros do Comitê, entretanto, deve observar o disposto nos arts. 26 e 44, com votações separadas em cada uma das classes de credores.
A proposta apresentada pelo empresário individual ou sociedade empresária é passível de alteração durante as deliberações na assembleia.
Não obstante, o plano alternativo dos credores depende da anuência expressa do empresário individual ou do representante legal da sociedade empresária.
Também não é possível a modificação da proposta original em prejuízo somente dos credores ausentes à assembleia; é admissível o plano alternativo
que implique diminuição e restrição aos credores em geral, mas não apenas em prejuízo dos credores ausentes.
Se a proposta de plano apresentada pelo empresário individual ou pela sociedade empresária em recuperação for rejeitada por alguma das classes de
credores, há a convolação da recuperação em falência, ressalvada a hipótese excepcional de divergência qualificada, quando o juiz pode conceder a recuperação judicial. 
Em regra, portanto, rejeitado o plano de recuperação judicial, compete ao juiz decretar a falência do empresário individual ou da sociedade empresária, por meio de decisão interlocutória, a qual, todavia, é impugnável mediante agravo de instrumento.
Decorrido o prazo de trinta dias sem objeção alguma ou aprovado o plano de recuperação em assembleia, em razão da improcedência da objeção veiculada por algum credor, o juiz concede a recuperação judicial mediante decisão interlocutória passível de agravo de instrumento.
Na verdade, a concessão da recuperação judicial não é automática; cabe ao juiz do processo verificar a legalidade do plano de recuperação, à vista das exigências e restrições legais, como, por exemplo, as previstas no caput e no parágrafo único do art. 54 da Lei nº 11.101/2005. Daí o acerto do enunciado nº 44 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: 44. A homologação de plano de recuperação judicial aprovado pelos credores está sujeita ao controle judicial de legalidade”.
Por fim, questiona-se se a concessão da recuperação judicial depende da apresentação de certidões negativas de débitos tributários. A despeito do teor do art. 57 da Lei nº 11.101/2005, a resposta é negativa, ex vi do enunciado nº 55 aprovado na Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “55. O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um direito do
contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei específica, não é cabível a aplicação do disposto no art. 57 da Lei n.
11.101/2005 e no art. 191-A do CTN”.
A decisão concessiva também pode ser proferida até mesmo quando plano não obtém aprovação integral, ou seja, não alcança o quorum qualificado do art. 45 da Lei nº 11.101/2005.
Com efeito, mesmo que o plano não tenha alcançado aprovação em todas as classes, há lugar para a concessão da recuperação pelo juiz. A prolação da decisão concessiva, entretanto, depende da ocorrência de divergência qualificada, em virtude da existência de uma corrente significativa de credores em prol da aprovação do plano.
Por fim, vale ressaltar que o juiz do processo também pode desconsiderar os votos de credores provenientes de abuso de direito, para conceder a recuperação judicial, com fundamento no enunciado nº 45 da Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: “45. O magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou a manifestação de vontade do devedor, em razão de abuso de direito”.
Homologado o plano e concedida a recuperação judicial, há a novação dos créditos anteriores, com a obrigação do empresário individual ou da sociedade empresária em recuperação, bem assim de todos os credores submetidos ao processo. A decisão concessiva da recuperação é título executivo judicial, razão pela qual poderá fundamentar futura execução civil ou falencial.
Cabe agravo de instrumento contra a decisão concessiva da recuperação judicial, recurso que deve ser interposto no prazo de dez dias e endereçado ao tribunal de segundo grau competente.
O processo de recuperação judicial pode durar até dois anos, prazo que somente é computado depois da decisão concessiva da recuperação. Com efeito, ainda que o plano contenha parcelamento por prazo superior, o processo de recuperação deve ser encerrado no prazo máximo de dois anos, em cumprimento ao disposto no art. 61 da Lei nº 11.101/2005.
O descumprimento ao disposto no plano de recuperação durante o prazo de dois anos ocasiona a imediata falência, decretada em razão da

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