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Digitada por Karen Salles Princípios gerais das funções do trato gastrointestinal MOTILIDADE, CONTROLE NERVOSO E CIRCULAÇÃO O trato alimentar abastece o corpo, e isso requer movimentação do alimento pelo trato alimentar; secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos; absorção de água, eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão; circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas; e controle de todas essas funções pelos sistemas nervoso e hormonal locais. TGI → do esôfago até o reto (estômago, duodeno, jejuno, íleo, ceco, colo, reto) A parede do TGI possui 5 camadas, de fora para dentro: serosa, muscular longitudinal, m. circular, submucosa e mucosa. A contração dessas 2 camadas musculares em conjunto vai permitir que o alimento seja propulsionado pelo TGI. O estômago tem uma camada a mais que o resto O músculo liso gastrointestinal funciona como um sincício. A presença do alimento vai desencadear um potencial de ação, esse potencial vai despolarizar a célula e vai fazer a despolarização de toda a musculatura, que vai contrair ao mesmo tempo para empurrar o alimento para frente. Despolarização: É como se o Na e o K ficassem entrando e saindo dessas células, sem nenhuma contração, mantendo um potencial de ação que fica oscilando, não estável. Na hora que precisa de uma contração, abre-se o canal de Na e Ca, eles entram na célula, eu tenho um pico, a célula despolariza e faz a contração. É mais ou menos igual ao coração. FUNCIONAMENTO DO TRATO GASTROINTESTINAL Ele possui uma inervação: há duas cadeias lineares de neurônios localizadas em todo o redor do TGI, como se fosse uma rede em volta desse tubo. A cadeia de neurônios em azul está localizada entre as duas camadas musculares do TGI – sua função é regular a motricidade/contração do trato. A cadeia em vermelho está localizada, principalmente, abaixo da submucosa – controla a produção de secreção e a absorção. Sistema Nervoso Entérico = em azul, o plexo mioentérico ou de Auerbach, e em vermelho, o plexo submucoso ou de Meissner. São cadeias lineares e paralelas que se comunicam entre si → o plexo mioentérico está localizado entre duas camadas musculares e tem a função de contração, logo, ele é quem vai regular os movimentos gastrointestinais, o tônus da parede gastrointestinal, a frequência e a velocidade que vai despolarizar as células. Ou seja, ele é responsável pelo controle excitatório do TGI e alguns de seus neurônios são inibitórios. Ex: quando o alimento cai no estômago e começa a ser empurrado para o piloro, é necessário que o piloro relaxe para que esse alimento passe. Isso mostra que o plexo mioentérico também tem efeito inibitório dos músculos de alguns dos esfíncteres intestinais, nesse caso, o esfíncter pilórico. Ex2: é quando o alimento cai no duodeno, a vesícula vai contrair mas para o líquido que está nela cair no TGI o esfíncter de oddi (situado na papila maior duodenal [ampola de Vater] que impede a bile e o suco pancreático de entrar no duodeno quando não são necessárias) tem que relaxar. Ex3: o alimento que está passando do intestino delgado para o intestino grosso pela válvula cecal, a válvula tem que relaxar. Ou seja, tem todo um controle de motricidade mas com alguns sinais inibitórios. RELEMBRANDO... O fluxo sanguíneo em um determinado tecido é controlado pelas necessidades do próprio tecido. Quando cai um alimento no TGI, aquela porção terá que aumentar a secreção (se for no estômago – de ácido clorídrico, de muco), então os vasos da mucosa e submucosa Disciplina: Fisiologia II Professor: Rodrigo Moreira Data: 25/03/2019 vão precisar fazer vasodilatação para melhorar o fluxo dessa região e assim obter secreção e absorção. Conceito básico: Sistema Nervoso Simpático tem como principal neurotransmissor: noradrenalina Sistema Parassimpático: acetilcolina No TGI, como no corpo inteiro, o SNS faz vasoconstrição. E se eu fizer isso nos vasos que estão irrigando tanto a parte muscular quanto a mucosa, vai diminuir o fluxo sanguíneo, levando a inibição do funcionamento do TGI. Já o parassimpático faz vasodilatação. Permite que mais sangue chegue no TGI, com isso o Sistema Parassimpático faz excitação do TGI. Uma droga que tem função de excitar o SNS, inibe o funcionamento do TGI: a boca fica seca, pois não tem produção de saliva, o ritmo intestinal fica constipado tanto pela motilidade que está alterada quanto pela secreção. E a droga que excita o SNParassimpático estimula. Neurônio pré-ganglionar localizado na medula → vai até o neurônio pós-ganglionar localizado no gânglio simpático → manda sinal até o órgão efetor. No caso do TGI nós temos vários desses neurônios localizados em gânglios dentro do abdome, que são os chamados gânglios: celíaco e mesentérico. O mais importante do TGI é o parassimpático. Lembrando que 75% das fibras desses neurônios descem pelo nervo vago. N. vago → neurônio pré-ganglionar → pós-ganglionar → Sistema Nervoso Entérico → plexo mioentérico e submucoso Esses neurônios do plexo entérico são os pós-ganglionares do SNParassimpático. Então, é o n. vago mandando sinal até aqueles neurônios para que eles possam fazer a excitação do funcionamento do TGI. No caso do simpático eu tenho a medula, que tem os gânglios celíaco e mesentérico e eles também vão mandar informação mas para um efeito inibitório do TGI, tanto de motilidade quanto de secreção. O nervo vago inerva a vesícula, o pâncreas e intestino e estômago. Modulados e excitados pelo sistema nervoso parassimpático A inervação parassimpática desce pelo n. vago, exceto lá no finalzinho que eu tenho os n. sacrais que fazem a inervação do reto, bexiga e pênis – mas não é importante! Os neurônios pós-ganglionares são exatamente os que estão localizados no plexo mioentérico e submucoso. Sinais são enviados tanto pelo SNS quanto pelo nervo vago, mas o sinal mais importante para a ativação desses neurônios é a presença do alimento dentro do TGI. Existem receptores na parede do trato gastrointestinal que vão ser ativados pela presença do alimento, esses receptores podem ser ativados por 2 coisas: 1. Presença física do alimento. O alimento está caindo dentro do tubo e ele vai distender esse tubo. Então, a presença do alimento ativa um receptor mecânico que está ali dentro, e esse vai estimular o TGI. 2. Estímulo químico. Como o pH ou a presença de substâncias que possam irritar a mucosa intestinal. Ex: o estômago é ácido, se cair uma substância básica ali dentro, o estômago vai produzir mais ácido clorídrico para deixar o meio ácido. Na hora que esse HCl cai no duodeno e ele sente que tem ácido ali dentro, o duodeno estimula a produção de substâncias básicas para tentar neutralizar esse pH. Esses dois fatores (físico e químico) vão estimular os neurônios do plexo mioentérico e submucoso. SINAIS DIRETOS Na hora que eu como, o alimento cai dentro do meu estômago que sente, através de receptores, que o alimento está ali dentro. Ao sentir, ele manda um sinal para o neurônio e esse manda a informação para o plexo submucoso ativar e começar a produzir ácido clorídrico e para o plexo mioentérico que ativa e começa a empurrar o alimento para frente. SINAL INDIRETO Sobe pelo nervo vago, vai para o cérebro e esse manda o sinal para baixo, onde o próprio vago vai estimular esses dois neurônios. Quando o alimento cai no estômago ele ativa os receptores sensitivos na mucosa. Ele manda um sinal, que vai até o plexo submucoso e vai estimular a produção de muco e ácido clorídrico. Sinal para o plexo mioentérico: começa a contrair paraempurrar o alimento para frente. O sinal que vai subir pelo vago, e voltar pelo próprio vago, e esse vai dar um sinal complementar que vai ativar o plexo mioentérico e o submucoso. O mais importante é o chamado reflexo mioentérico. Se eu cortar o vago eu continuo fazendo digestão e absorção? Sim. Por que? O estômago e o duodeno continuam funcionando, porque a própria presença do alimento, através de estímulos químicos e físicos, vai promover a ativação desses dois plexos que vão enviar o alimento para frente e regular a produção de secreção do TGI. Ao acabar de almoçar, como o cérebro sabe que o estômago está cheio? Porque a presença do alimento está distendendo a parede e o próprio vago está enviando um sinal lá para cima. Os neurônios do controle de fome e saciedade recebem vias que chegam lá no nervo vago. Então, o próprio estímulo mecânico do alimento está mandando um sinal para o cérebro “avisando” que o estômago está cheio. Se o estômago estiver vazio, não terá nenhum sinal para esse neurônio, o TGI não faz nada. Isso desencadeia o que chamamos de: REFLEXOS GASTROINTESTINAIS Nós temos vários desses reflexos. O 1º deles, ocorre dentro do sistema entérico. Ex: o alimento foi propulsionado para frente e caiu dentro do duodeno. Sempre que o alimento está chegando num pedaço do TGI, ele manda sinal para frente e para trás. se cada vez que o alimento caísse no duodeno e o estômago esvaziasse mais rápido, quanto mais a gente comesse mais fome teria. E quanto mais comêssemos, mais sinais para ser mais rápido o estômago receberia. Então, o correto é → mandar um sinal para trás dizendo para ir mais devagar, e para frente é excitatório, “empurra mais rápido que tem mais alimento chegando”. INIBE EXCITA Como ele faz isso? O alimento caiu no TGI, ocorre a ativação dos neurônios, e estes vão passar o sinal para frente de excitação e para trás de inibição. Ou seja, os próprios neurônios fazem isso. Alguns reflexos vão do intestino para os gânglios simpáticos e retornam para o TGI. O reflexo clássico é o chamado: Reflexo gastrocólico: O alimento caiu no estômago, e o intestino grosso recebe o estímulo “esvazia que está chegando mais” e a pessoa tem vontade de defecar. Ou seja, a pessoa acaba de comer e tem vontade de ir ao banheiro. Reflexo enterogástrico: o alimento cai no intestino, e manda o sinal inibitório para o estômago. Reflexo colonileal: o alimento está passando pelo colo, e manda sinal inibitório para o intestino. E existem alguns reflexos que o alimento presente no intestino inibe até a medula ou tronco cerebral, que são os reflexos de dor, ou os que já foram falados anteriormente, que vão pelo vago (Ex: quando vemos uma comida que a gente gosta, isso por si só já ativa o estômago a funcionar, gera um estímulo lá embaixo). Além da parte do Sistema Nervoso Entérico, existe a parte hormonal. Hoje, sabemos que existem inúmeros hormônios que controlam a secreção e a motilidade. No duodeno existe um grupo de células chamado células S que produzem um hormônio chamado secretina, tem um outro grupo chamado células I que produzem o hormônio CCK (colecistoquinina) e as células L que produzem GLP-1 (incretina que tem efeito, principalmente, no pâncreas promovendo a secreção de insulina e inibindo a de glucagon; no estômago o GLP-1 inibe o esvaziamento gástrico; no cérebro dá estímulo para ativar a saciedade, diminuindo a fome) Na hora em que o alimento cai no duodeno, ele manda um sinal direto pelo plexo mioentérico para o estômago retardar o esvaziamento, manda um sinal para o nervo vago avisando que está tudo cheio e para que ele retarde o esvaziamento, manda sinal pelo vago para o pâncreas produzir secreção, e ao mesmo tempo, está produzindo hormônios como o GLP- 1, CCK e secretina e todos eles agem no estômago inibindo a motilidade e secreção, e para frente eles estimulariam a motilidade e secreção. RELAXAMENTO RECEPTIVO: O alimento caiu num ponto, e irá distender a parede desse ponto, na hora que essa distensão acontece a musculatura irá contrair para empurrar esse alimento para frente. E a parte da frente vai relaxar para receber o bolo alimentar. *A parte da frente relaxa e a de trás contrai. Quem determina o fluxo sanguíneo destinado para o local é o próprio local, fazendo dilatação. Então, sabe-se que dentro do TGI na hora que o alimento cai em determinado ponto, ele induz vasodilatação naquela região através da produção de substâncias vasodilatadoras para a mucosa e plexo mioentérico para um melhor funcionamento do TGI.
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