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DIREITO PENAL III - CADERNO PROVA 2 - SEBÁSTIAN MELLO

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Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Direito Penal III – SEGUNDA UNIDADE 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
A suspensão condicional da pena, também conhecida por SURSIS, tem por 
finalidade evitar o aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta 
duração, evitando-se, com isso, o convício promíscuo e estigmatizante do cárcere. Nesse 
contexto, condenados a estas penas de menor potencial ofensivo, quando encarcerados, 
ao invés de uma medida ressocializadora, eles vivem uma verdadeira “pós-graduação no 
crime”, tendo casos em que saem de lá, inclusive, filiados a grupos criminosos. Portanto, 
a suspensão condicional da pena surge a fim de preservar a dignidade da pessoa humana 
que, embora tenha cometido um delito, não merece se ver privada de sua liberdade, sendo 
jogada em um ambiente que certamente perverterá a sua personalidade. 
Direito subjetivo do condenado ou faculdade do juiz? 
Muito se tem discutido sobre esse aspecto. Contudo, o sursis se trata de um direito 
subjetivo do condenado e não simples faculdade do julgador, como é entendido pelo STF 
no julgamento do HC 63.038-3-SP “o réu tem direito à suspensão condicional da pena, 
se preenchidos os requisitos legais. Habeas Corpus concedido para garantir o benefício”. 
O que causa a dúvida entre o direito e a faculdade é a redação proferida pelo 
Código Penal em seu artigo 77, que diz que: 
“a execução da pena privativa de liberdade, não superior 
a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa [...]”. 
Ou seja, a expressão “poderá” traz a sensação de faculdade. Contudo, a Lei de 
Execução Penal, em seu artigo 157, diz que: 
“o Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena 
privativa de liberdade, na situação determinada no artigo 
anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a 
suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue”. 
Nesse sentido, como a decisão deverá ser minuciosamente fundamentada, há de 
convir que, presentes os requisitos para a concessão do sursis, o juiz não poderá negar-
lhe. 
Aplicação do sursis 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
O art. 77 do Código Penal fala que: 
“A execução da pena privativa de liberdade, não superior 
a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos, desde que: I – o condenado não seja reincidente em crime 
doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III – não seja 
indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste 
Código”. 
Nesse sentido, se o total da pena aplicada se encontrar nos limites previstos pelo 
art. 77, deverá o juiz analisar os requisitos necessários à concessão do sursis. Uma vez 
presentes, concederá a suspensão condicional da pena e, na própria sentença 
condenatória, especificará as condições a que se terá de sujeitar o condenado, em 
substituição à privação de liberdade, pois, segundo o art. 78 do Código Penal, 
“durante o prazo da suspensão, o condenado ficará 
sujeito à observação e ao cumprimento das condições 
estabelecidas pelo juiz”. 
Essas condições podem ser LEGAIS ou JUDICIAIS. Aquelas são as já 
determinadas previamente pela lei penal, constadas no § 2º do art. 78, a saber: 
a) proibição de frequentar determinados lugares; 
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem 
autorização do juiz; 
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
As judiciais são aquelas determinadas pelo juiz, devendo ser adequadas ao fato, 
bem como à situação pessoal do condenado, vide art. 79 do Código Penal: 
“A sentença poderá especificar outras condições a que 
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à 
situação pessoal do condenado”. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Transitada em julgado a sentença penal condenatória, o juiz da execução designará 
data para a realização da AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA, na qual serão lidas ao 
condenado todas as condições que lhe foram impostas ao cumprimento do sursis, 
advertindo-o das consequências de nova infração penal e do descumprimento das 
condições impostas. Caberá ao condenado aceitar as condições ou rejeitá-las, preferindo 
a pena privativa de liberdade. 
OBS: O juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do Ministério 
Público ou mediante proposta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras 
estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. 
Requisitos para a suspensão condicional da pena 
Os requisitos são listados pelo art. 77 do Código Penal, quais sejam: 
REQUISITOS OBJETIVOS: 
➢ Condenação à pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos; 
OBS: Ao sursis etário ou humanitário o limite são quatro anos. 
REQUISITOS SUBJETIVOS: 
➢ O condenado não ser reincidente em crime doloso; 
OBS: Se o crime não for doloso, tal fato não impedirá a concessão do benefício. 
OBS: Mesmo que o agente tenha sido condenado anteriormente pela prática de 
crime doloso, se a ele tiver sido aplicada pena de multa, isolada ou mesmo em substituição 
à pena privativa de liberdade, tal condenação não impedirá a concessão do benefício, uma 
vez que o art. 77, § 1º, do Código Penal não levou a efeito qualquer distinção. Este 
parágrafo diz que “a condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do 
benefício”. 
➢ A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do 
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão 
do benefício; 
➢ Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código 
Penal. 
Espécies de sursis 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
São quatro espécies previstas pelo Código Penal: 
➢ Sursis simples: uma vez determinado o período de prova (de 2 a 4 anos), 
no qual deverá cumprir todas as condições que lhe foram determinadas na 
sentença penal condenatória, o condenado, no primeiro ano do prazo, 
deverá prestar serviços à comunidade (vide art. 46 do CP) ou submeter-se 
à limitação de fim de semana (vide art. 48 do CP); 
➢ Sursis especial: Se o condenado tiver reparado o dano, salvo a 
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias judiciais forem 
inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do sursis 
simples, ou seja, a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de 
fim de semana, pelas seguintes condições: I – proibição de frequentar 
determinados lugares; II – proibição de ausentar-se da comarca onde 
reside, sem autorização do juiz; III – comparecimento pessoal e 
obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas 
atividades; 
OBS: Além dessas condições, o juiz poderá impor outras, desde que adequadas ao 
fato e à situação pessoal do condenado. 
➢ Sursis etário: É aquele concedido ao maior de 70 anos que tenha sido 
condenado a uma pena privativa de liberdade não superior a quatro anos. 
Nesta hipótese, apena poderá ser suspensa por 4 a 6 anos; 
➢ Sursis humanitário: Permite ao condenado a uma pena não superior a 4 
anos, a concessão do sursis pelo período de 4 a 6 anos (período de prova), 
desde que razões de saúde a justifiquem. Assim, condenados portadores 
de HIV, tuberculosos, paraplégicos, etc., poderão ser beneficiados com o 
sursis. 
Revogação obrigatória 
As hipóteses são elencadas pelo art. 81 do Código Penal, quais sejam: 
➢ Condenação, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
➢ Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem 
motivo justificado,a reparação do dano; 
➢ Descumpre a condição do § 1º do art. 78 do Código Penal. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Desse modo, se o condenado já estava sendo processado por outro crime ou se 
cometeu outro delito após ter iniciado o período de prova da suspensão condicional da 
pena, tal fato fará com que o período de prova seja prorrogado até o julgamento definitivo, 
independentemente do tempo que falte para acabar. Exemplo: falta 2 meses para terminar 
o período de prova para que a pena seja extinta definitivamente, mas o sujeito comete um 
crime doloso. Neste caso, o período de prova será prorrogado até o trânsito em julgado 
desta nova ação. Assim, sobrevindo nova condenação por crime doloso, o sursis será 
revogado, devendo o condenado dar início ao cumprimento de ambas as penas privativas 
de liberdade. Isto é, somam-se as penas do crime em que estava em período de prova e o 
novo crime. 
OBS: Se for condenado a uma pena de multa ou a uma pena privativa de liberdade 
que foi substituída pela pena de multa, tal fato não terá o condão de obrigar a revogação. 
Revogação facultativa 
O § 1º do art. 81 versa sobre a revogação facultativa, dizendo que: 
“A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra 
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por 
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos”. 
No primeiro caso, antes de proceder a revogação do sursis, deverá o juiz designar 
audiência de justificação, a fim de que o condenado tenha oportunidade para justificar o 
descumprimento das condições. Assim, o juiz, sopesando os argumentos, decidirá 
fundamentadamente sobre a revogação ou não do benefício. 
OBS: O § 3º do art. 81 fala que “quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao 
invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado”. 
Ou seja, se o período de prova não foi fixado no máximo permitido para cada sursis, se o 
condenado preencher algum requisito que caiba a revogação facultativa do benefício, ao 
invés da revogação, o juiz poderá prolongar o período de prova até o seu tempo máximo 
permitido. 
Cumprimento das condições 
Conforme determina o art. 82 do Código Penal, se cumpridas as condições, no 
período de prova fixado, sem que tenha havido revogação do benefício, será considerada 
extinta a pena privativa de liberdade. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
Toda condenação penal produz efeitos, seja penais ou extrapenais. O principal 
efeito penal é a imposição da pena, embora haja efeitos penais secundários, como, por 
exemplo, a reincidência, a revogação do sursis, o livramento condicional, etc. 
Efeitos genéricos (art. 91) 
Incidem para todo e qualquer crime, independentemente de declaração expressa 
na sentença. São efeitos automáticos: 
I – Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado 
pelo crime; 
Ou seja, embora sejam independentes as esferas cível e penal, a sentença penal 
condenatória com trânsito em julgado evidencia, quando possível, o dano causado pelo 
agente mediante a prática de sua conduta típica, ilícita e culpável, gerando, pois, para a 
vítima, um título executivo de natureza judicial, fazendo coisa julgada na esfera cível; 
II – Perda, em favor da União, ressalvado o interesse do 
lesado ou de terceiro de boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em 
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua 
fato ilícito; 
OBS: Como a lei penal fala expressamente em instrumentos do crime, não há 
que se falar em perda dos instrumentos destinados à prática de contravenção penal. Além 
disso, somente poderão ser perdidos os instrumentos do crime que se constituam em 
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, portanto, se 
alguém, por exemplo, dolosamente, vier a utilizar o seu automóvel a fim de causar lesão 
na vítima, o fato de ter se valido do seu veículo como instrumento do crime não fará com 
que ele seja perdido em favor da União, pois o seu uso não constitui fato ilícito, o que não 
impedirá, contudo, a aplicação do efeito específico da condenação previsto no inciso III 
do art. 92, do Código Penal. 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que 
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
criminoso (DIFERE DA PERDA DE BENS E VALORES, POIS 
NESTE SE PERDE PATRIMÔNIO LÍCITO). 
OBS: Art. 243 da Constituição diz que: 
“As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do 
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da 
lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a 
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao 
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, 
observado, no que couber, o disposto no art. 5º. 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor 
econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo 
será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação 
específica, na forma da lei.” 
Efeitos específicos 
Os efeitos específicos são aqueles que devem ser declarados expressamente no 
decisum condenatório, sob pena de não serem aplicados, haja vista que não são 
considerados como efeitos automáticos da sentença penal condenatória transitada em 
julgado. 
O art. 92 diz que são também efeitos da condenação: 
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo 
(função pública é aquele exercida por servidor público ou não, 
mas desde que realizada no interesse da Administração; mandato 
eletivo é aquele conquistado por voto popular e que pela sua 
própria natureza possui um tempo certo de duração, podendo ou 
não ser renovado): 
a) quando aplicada a pena privativa de liberdade por 
tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com 
abuso de poder ou violação de dever para com a Administração 
Pública; 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
A lei penal fala em pena privativa de liberdade, razão pela qual quando o agente 
for condenado à pena de multa, ou mesmo tiver a sua pena privativa de liberdade 
substituída pela pena restritiva de direitos, já não será possível a imposição do 
mencionado efeito da condenação. 
Se, mesmo praticando crime com abuso de poder ou violação de dever para com 
a Administração Pública, o agente vier a ser condenado a uma pena privativa de liberdade 
inferior a um ano, também não será possível a decretação da perda do cargo, função 
pública ou mandato eletivo. 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos; 
II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, 
tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de 
reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; 
Aquele que no exercício do pátrio poder, tutela ou curatela praticar um crime 
doloso, punido com pena de reclusão, independentemente da quantidade de pena aplicada, 
contra filho, tutelado ou curatelado, poderá ser declarado incapacitado, pela sentença 
penal condenatória, para continuar no exercício de suas funções. 
III – inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado 
como meio para a prática de crime doloso. 
Reabilitação (arts. 93 a 95) 
Segundo o artigo 93: 
“a reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em 
sentença definitiva, assegurando ao condenado osigilo dos 
registros sobre o seu processo e condenação. 
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir 
os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, 
vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos 
I e II do mesmo artigo”. 
Ou seja, a reabilitação é uma declaração judicial de que o sujeito está reabilitado 
para viver em sociedade. Essa reabilitação poderá ser obtida dois anos após cumprida ou 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
extinta a pena, caso o sujeito não venha a cometer novo crime. No que diz respeito aos 
efeitos específicos, o sujeito recupera seus direitos, menos dos incisos I e II, conforme 
parágrafo único do art. 93. 
O art. 94 diz que: 
“A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) 
anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou 
terminar sua execução, computando-se o período de prova da 
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier 
revogação, desde que o condenado: 
I – tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; 
II – tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva 
e constante de bom comportamento público e privado; 
III – tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou 
demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do 
pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima 
ou novação da dívida. 
Parágrafo único. Negada a reabilitação, poderá ser 
requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído 
com novos elementos comprobatórios dos requisitos 
necessários”. 
 AÇÃO PENAL 
A ação, seja civil ou penal, é um direito subjetivo público de se invocar do Estado-
Administração a sua tutela jurisdicional, a fim de que decida sobre determinado fato 
trazido ao seu crivo, trazendo de volta a paz social, concedendo ou não o pedido aduzido 
em juízo. Assim, são condições necessárias ao regular exercício do direito de ação de 
natureza penal: 
➢ Legitimidade das partes; 
➢ Interesse de agir; 
➢ Possibilidade jurídica do pedido; 
➢ Justa causa. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Legitimidade das partes 
A legitimidade ativa no processo penal é expressamente determinada pela lei, que 
aponta o titular da ação, podendo tanto ser o Ministério Público, órgão acusador oficial, 
ou o particular. Pode-se subdividir essa legitimidade ativa em primária e secundária, 
pois, em determinadas ocasiões, a lei pode transferir essa legitimidade a outra pessoa que 
não o titular original. Por exemplo: quando o MP, por inércia, deixa de oferecer a 
denúncia no prazo legal, transfere-se o direito de propor a ação penal ao particular, por 
meio de uma ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública. Poderá ocorrer a 
mudança de legitimação ativa também na hipótese de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, uma vez que o seu direito de oferecer queixa ou 
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Interesse de agir 
Decorre da necessidade de ter o titular da ação penal que se valer do Estado para 
que este conheça e, se for convencido da infração penal, condene o réu ao cumprimento 
de uma pena justa. Ou seja, há a necessidade do exercício da jurisdição penal para que se 
possa aplicar qualquer sanção de natureza penal. Com ou sem ação, será sempre preciso 
a intervenção do Estado-Juiz na aplicação de uma pena, seja ela qual for (privativa de 
liberdade, restritiva de direitos ou multa). 
Possibilidade jurídica do pedido 
Consiste na formulação de pretensão que, em tese, exista na ordem jurídica como 
possível, ou seja, que a ordem jurídica brasileira preveja a providência pretendida pelo 
interessado. 
Justa causa 
É um lastro probatório mínimo que dê suporte aos fatos narrados na peça inicial 
de acusação. Esse suporte probatório mínimo se relaciona com os indícios da autoria, 
existência material de uma conduta típica e alguma prova de antijuridicidade e 
culpabilidade. 
Espécies de ação penal 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
O Código Penal e a legislação processual penal preveem duas espécies de ação 
penal, a saber: a ação penal pública e ação penal privada. Nesse sentido, toda a ação penal 
é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
Ação penal de iniciativa pública 
As ações penais de iniciativa pública são promovidas pelo órgão oficial, ou seja, 
pelo Ministério Público. Ela pode ser incondicionada ou condicionada à representação 
do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça. 
Ação penal de iniciativa pública incondicionada 
Ocorre quando, para que o Ministério Público possa iniciá-la ou mesmo requisitar 
a instauração de inquérito policial, não se exige qualquer condição. É a regra geral das 
infrações penais. 
Pelo fato de não existir qualquer condição que impossibilite o início das 
investigações pela polícia ou que impeça o MP de dar início à ação penal pelo 
oferecimento da denúncia, é que o art. 27 do CCP diz que: 
“Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa 
do MP, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, 
por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o 
tempo, o lugar e os elementos de convicção, apresentando-lhe, 
pois, sua notitia criminis”. 
Ação penal de iniciativa pública condicionada à representação do ofendido 
ou à requisição do Ministro da Justiça 
Pode acontecer que a legislação penal exija, em determinadas infrações penais, a 
conjugação da vontade da vítima ou de seu representante legal, a fim de que o MP possa 
aduzir em juízo a sua pretensão penal, condicionando o início das investigações policiais 
e o oferecimento de denúncia à apresentação de sua representação. Exemplo: nos crimes 
de ameaça, violação de dispositivo informático, perigo de contágio venéreo, etc. 
OBS: Não precisa ser manifestação formal, basta comparecer e fazer o Boletim 
de Ocorrência. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
OBS: O prazo para oferecer a representação é de 6 meses, contados a partir da 
data da ciência do fato. Após esse prazo, ocorre a decadência do direito, extinguindo a 
punibilidade do crime. 
OBS: Há a possibilidade da retratação da representação, contudo apenas até o 
oferecimento da denúncia. 
OBS: Não há a possibilidade da retratação da retratação, ou seja, se o ofendido 
desistir da ação penal, ele não poderá voltar atrás. 
Da mesma forma que a representação do ofendido, a requisição do Ministro da 
Justiça tem a natureza jurídica de condição de procedibilidade, permitindo ao MP iniciar 
a ação penal, uma vez preenchida essa condição. Ocorre em duas hipóteses: 
➢ Crime contra a honra de presidente da república ou chefe de governo 
estrangeiro; 
➢ Crime contra brasileiro no exterior. 
Em ambas as hipóteses – condicionado à representação do ofendido ou requisição 
do Ministro da Justiça – o MP não está obrigado a dar início à ação penal, pois tem total 
liberdade para pugnar pelo arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação 
após emitir, fundamentadamente, a sua opinio delicti. 
Princípios informadores da ação penal de iniciativa pública 
Os princípios que envolvem a ação penal de iniciativa pública são a 
obrigatoriedade, oficialidade, indisponibilidade, indivisibilidade e intranscedência. 
O princípio da obrigatoriedade diz que o MP não pode submeter o oferecimento 
da denúncia à discricionariedade, ou seja, se estiverem presentes os requisitos mínimos 
de autoria e materialidade, o MP é obrigado a oferecer denúncia. 
OBS: Háexceções, como o acordo de não persecução penal e a transação penal. 
O princípio da oficialidade significa que a persecutio criminis in judicio será 
procedida por órgão oficial, qual seja, o MP, pois, segundo o inciso I do art. 129 da CF/88, 
compete-lhe, no rol de suas funções institucionais, promover, privativamente, a ação 
penal pública, na forma da lei. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
O princípio da indisponibilidade diz que, uma vez oferecida a ação penal, o MP 
não poderá desistir. Contudo, isso não significa que o MP não possa pugnar pela 
improcedência do pedido levado a efeito na denúncia, isto é, pode ele pedir a absolvição. 
O princípio da indivisibilidade diz que, se a infração penal for praticada em 
concurso de pessoas, se processar um, terá que processar todos que praticaram o crime. 
Por fim, segundo o princípio da intranscedência, a ação penal somente deve ser 
proposta em face daqueles que praticaram a infração penal, não podendo atingir pessoas 
estranhas ao fato criminoso. 
Ação penal de iniciativa privada 
A iniciativa para sua propositura é da vítima. Às vezes o barulho do processo é 
pior para a vítima. As ações penais de iniciativa privada classificam-se em (a) privada 
propriamente dita; (b) privada subsidiária da pública; (c) privada personalíssima. 
Privada propriamente dita 
São aquelas promovidas mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade 
para representá-lo. No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por 
decisão judicial, sendo a ação penal de iniciativa privada propriamente dita, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir na ação penal passa ao cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão. 
OBS: Se não houver nenhum desses, extingue-se a ação penal. 
Privada subsidiária da pública 
Ocorre quando o Ministério Público, por inércia, deixa de oferecer denúncia no 
prazo legal (5 dias se réu preso, 15 dias se réu solto), abrindo ao particular a possibilidade 
de, substituindo-o, oferecer sua queixa-crime, dando-se, assim, início à ação penal. 
Somente caberá ao particular intentar a ação penal de iniciativa privada subsidiária 
da pública quando o MP, deixando decorrer in albis o prazo legal para o oferecimento da 
denúncia, não der início á ação penal. 
OBS: Mesmo que tal inércia seja justificada, o particular pode oferecer sua 
queixa-crime. Contudo, se em vez de oferecer denúncia o MP solicitar o arquivamento 
do inquérito policial ou requerer a devolução dos autos à delegacia de polícia para que 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
sejam levadas a efeito algumas diligências consideradas indispensáveis ao oferecimento 
da denúncia, não poderá o particular intentar a sua ação de natureza subsidiária. 
Enquanto o particular estiver à frente dessa ação penal, o MP funcionará, 
obrigatoriamente, como fiscal da lei, assumindo a posição original de parte nos casos de 
negligência do querelante. 
Privada personalíssima 
São aquelas em que somente o ofendido, e mais ninguém, pode propô-las. Isso 
porque, entende a lei penal que tal infração atinge a vítima de forma tão pessoal e tão 
íntima, que somente a ela caberá emitir o seu juízo de pertinência a respeito da propositura 
ou não dessa ação penal. Exemplo: art. 236 do Código Penal – induzimento ao erro 
essencial e ocultação de impedimento. 
Princípios informadores da ação penal de iniciativa privada 
São regidas por três princípios, a saber: oportunidade, disponibilidade e 
indivisibilidade. 
O princípio da oportunidade confere ao titular da ação penal o direito de julgar 
da conveniência ou inconveniência quanto à propositura da ação penal. É o contrário do 
princípio da obrigatoriedade. 
O princípio da disponibilidade diz que, mesmo depois da propositura da ação 
penal, o particular pode, valendo-se de determinados institutos jurídicos, dispor da ação 
penal por ele proposta inicialmente, a exemplo do que ocorre com a perempção, na qual 
o querelante poderá deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias 
seguidos, fazendo com que a ação penal seja considerada perempta, extinguindo-se, 
assim, a punibilidade. É o contrário do princípio da indisponibilidade. 
Por fim, o princípio da indivisibilidade é comum àquele da ação penal de 
iniciativa pública. Isto é, a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao 
processo de todos. 
Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privada 
Renúncia ao direito de queixa 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
A renúncia ao direito de queixa é um direito potestativo, por meio do qual a vítima 
abre mão do direito de processar criminalmente o agressor, ou seja, é um direito pré-
processual, pois ocorre antes da ação penal. Pode ser expressa ou tácita. É expressa 
quando formalizada por meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais. Renúncia tácita é aquela na qual o ofendido 
pratica atos incompatíveis com a vontade de exercê-lo, como nas hipóteses daquele que 
convida o autor do crime para ser seu padrinho de casamento ou para com ele constituir 
uma sociedade. 
OBS: A renúncia do direito de queixa, em relação a um dos autores, a todos se 
estenderá, seguindo o princípio da indivisibilidade. 
OBS: Só cabe na ação de iniciativa privada. 
OBS: Não há renúncia tácita na indenização do dano causado pelo crime, salvo se 
se tratar de crime de menor potencial ofensivo, pois, conforme o art. 74, §único, da Lei 
9.099, o acordo para reparação do dano extingue a punibilidade. 
Perdão do ofendido 
O perdão do ofendido pode ser processual, extraprocessual, expresso e tácito. 
É processual quando levado a efeito intra-autos, após ter sido iniciada a ação penal 
de iniciativa privada; é extraprocessual quando procedido fora dos autos da ação penal de 
iniciativa privada; é expresso, quando constar de declaração assinada pelo ofendido, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais; por fim, é tácito, quando o 
fendido pratica ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação penal por ele 
iniciada. 
O artigo 106 do Código Penal diz que: 
“O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: 
I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos 
aproveita; 
II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o 
direito dos outros; 
III – se o querelado o recusa, não produz efeitos”. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Assim, o perdão do ofendido deverá ser dirigido a todos aqueles que, em tese, 
praticaram a infração penal, não podendo o querelante, portanto, escolher contra quem 
deverá prosseguir a ação penal por ele intentada. 
Se o perdão for concedido por um dos ofendidos, isso não prejudica o direito dos 
outros. Ou seja, sendo a ação penal proposta por vários querelantes, pode cada um deles, 
individualmente, se for da sua vontade, conceder o perdão sem que, com isso, os demais 
se vejam também obrigados a perdoar. 
Por fim, o querelado tem o direito de recusar o perdão, caso ele seja oferecido pelo 
ofendido. O querelado, entendendo que não praticou qualquer infração penal, pode não 
aceitar o perdão, pugnando pelo regular andamento do processo, a fim de alcançar um 
provimento jurisdicional absolutório. 
OBS: Se o querelante já houver completado 18 anos de idade, somente ele poderá 
conceder o perdão, estando revogada pelo Código Civil a primeira parte do art. 52 do 
CPP. 
 PUNIBILIDADE 
É a possibilidade jurídica de aplicação da pena. E quando se fala em possibilidade 
jurídicade aplicação da pena, está se falando de situações em que o crime pode até existir, 
mas não vai haver possibilidade jurídica de que o Estado exerça o seu jus puniendi, pois 
existem situações em que a infração penal está plena e realizada, só que não vai haver 
utilidade ou necessidade de aplicação da pena. 
Por isso que alguns autores dizem, de maneira simplória, que quando se fala em 
culpabilidade, está se falando em “merecimento” de pena. E quando se fala em 
punibilidade, se fala em necessidade ou utilidade da pena. 
Exemplo: Uma pessoa comete um crime, mas ele morre em seguida. Se nenhuma 
pena passará da pessoa do condenado, qual a necessidade de prosseguir com a ação penal? 
E quando se fala disso, faz-se necessária uma segunda ponderação: 
Pretensão punitiva x Pretensão executória 
Quando se fala em punibilidade, está se falando em pretensão punitiva e pretensão 
executória. A pretensão punitiva é aquele poder/dever do Estado de investigar, processar 
e julgar alguém. Ou seja, é o poder que o Estado tem, diante de uma infração penal, de 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
investigar aquele fato, de, eventualmente, oferecer, por intermédio do MP ou particular, 
uma ação penal contra o réu, e do Estado-juiz proferir uma sentença condenatória contra 
aquele réu. 
Por outro lado, uma vez julgado e condenado o réu, vai se exercer a pretensão 
executória. Esta, por sua vez, é o direito do Estado de fazer cumprir o título condenatório 
contido na sentença. 
Portanto, quando se fala em punibilidade, tem que se falar que ela é tanto 
pretensão punitiva, quanto pretensão executória. Existe circunstâncias que alcançam a 
pretensão punitiva e outras a pretensão executória do Estado. 
Causas impeditivas de punibilidade 
Uma causa impeditiva de punibilidade, por exemplo, são as chamadas escusas 
absolutórias. É algo que impede o nascimento da própria pretensão punitiva estatal. Ou 
seja, faz com que o poder punitivo do Estado sequer surja. A hipótese mais conhecida 
está no artigo 181 do Código Penal, que diz: 
“É isento de pena quem comete qualquer dos crimes 
previstos neste título, em prejuízo: 
I – do conjunge, na constância da sociedade conjugal; 
II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco 
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”. 
Causas extintivas de punibilidade 
As causas extintivas de punibilidade são aquelas em que a punibilidade surge e 
algo superveniente extingue esta pretensão punitiva ou até mesmo executória. Ou seja, 
alguém pratica uma infração penal, surge a pretensão punitiva estatal e, depois do 
surgimento dessa pretensão punitiva estatal, algo impede que o Estado prossiga com o 
seu poder punitivo. 
As causas extintivas de punibilidade estão espalhadas pelo Código Penal. Por 
exemplo: o cumprimento do período de prova do livramento condicional ou o 
cumprimento do período de prova do sursis; o pagamento do tributo de crimes de 
sonegação fiscal, etc. 
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O art. 107 engloba nove causas de extinção de punibilidade. 
“Art. 107. Extingue-se a punibilidade: 
I – pela morte do agente; 
II – pela anistia, graça ou indulto; 
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o 
fato como criminoso; 
IV – pela prescrição, decadência ou perempção; 
V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão 
aceito, nos crimes de ação privada; 
VI – pela retratação do agente, nos casos em que a lei 
admite; 
VII – (revogado) 
VIII – (revogado) 
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.” 
Pela morte do agente 
Extingue-se a pretensão punitiva e, eventualmente, a executória do Estado. Se ele 
foi condenado, ela não poderá ser executada e se ela estiver sendo executada, será 
declarada extinta. 
Ela é uma causa de extinção personalíssima, ou seja, só extingue para aquele que 
morreu e não para todos os coautores do crime. 
Situação: Foi apresentada certidão de óbito falsa, pelo advogado do infrator, ao 
juiz, e o juiz pede vistas ao MP, e o MP diz para extinguir a punibilidade. Assim, o juiz 
declara, por sentença, extinta a punibilidade e a decisão transita em julgado. Contudo, 
depois se descobre que a certidão é falsa. Pode ser desconstituída a coisa julgada? Na 
esfera penal existe a “Revisão Criminal”. Esta está prevista no art. 621 do Código de 
Processo Penal, que diz que: 
“Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto 
expresso da lei penal ou à evidência dos autos; 
II – quando a sentença condenatória se fundar em 
depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; 
III – quando, após a sentença, se descobrirem novas 
provas de inocência do condenado ou de circunstâncias que 
determine ou autorize diminuição especial da pena”. 
 “Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer 
tempo, antes da extinção da pena ou após”. 
Ou seja, só cabe Revisão Criminal quando se tratar de sentença penal 
condenatória. Em outras palavras, a sentença que absolve o réu ou a sentença que declara 
extinta a punibilidade, uma vez transitada em julgado, ela não poderia ser objeto de 
revisão criminal e, por isso, ainda que a certidão de óbito fosse falsa, não se poderia fazer 
mais nada e o sujeito responderia por falsidade documental. 
Anistia, graça e indulto 
Quando alguém fala de anistia, de graça ou de indulto, está se falando em causas 
de extinção de punibilidade. 
ANISTIA: Está no art. 48, VIII, da CF/88. A anistia é uma lei que proclama o 
esquecimento jurídico do crime. Isto é, uma vez anistiado o réu, é como se no âmbito 
penal o crime nunca tivesse existido. Assim, pela anistia, o Estado renuncia ao seu ius 
puniendi, perdoando a prática de infrações penais que, normalmente, têm cunho político. 
O crime continua previsto no ordenamento jurídico, mas as pessoas anistiadas, é como se 
elas nunca tivessem praticados, no âmbito penal, aquele crime. Logo, a anistia apaga a 
prática, no âmbito penal, dos crimes por aquelas pessoas. 
Nesse sentido, quando é concedida a anistia, apaga-se a pretensão seja punitiva ou 
executória do Estado. Portanto, aquele fato não poderá ser usado contra o réu de nenhuma 
forma, ou seja, a pessoa volta a ser primária e de bons antecedentes. 
A anistia ainda pode ser reconhecida como a) própria, quando concedida 
anteriormente à sentença penal condenatória; b) imprópria, quando concedida após a 
sentença penal condenatória transitada em julgado. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
OBS: A anistia não alcança os efeitos civis da condenação. Ou seja, a anistia não 
apaga a obrigação de reparar o dano. 
INDULTO e GRAÇA: São atribuições do Presidente da República, regidos pelo 
art. 84, XII, da CF/88, embora este artigo somente faça menção ao indulto, subtendendo-
se ser a graça o indulto individual. Quem tem poderes para oferecer indulto e a graça é o 
Presidente da República que pode, na forma do parágrafo único, delegar tais 
competências ao Advogado Geral da União, ao Procurador Geral da República ou aos 
Ministros de Estado. Tradicionalmente quem assina os decretos de indulto e graça é o 
Ministro da Justiça. Diferentemente da anistia, só pode ser indultado e beneficiado pela 
graça quem está cumprindo pena. Ou seja, o indulto e a graça alcançam a pretensão 
executória do Estado. Isso significa que enquanto estiver correndo o processo, não poderá 
haver indulto ou graça. 
OBS: Tem-se admitido o indulto e a graça quando se fala em execução provisóriada pena e para medida de segurança, porque a rigor, a sentença que concede medida de 
segurança não é uma sentença condenatória, é uma sentença absolutória imprópria. 
O indulto e a graça alcançam apenas e exclusivamente a pena. Todos os efeitos 
penais permanecerão intactos. Portanto, a pessoa que se beneficiou pelo indulto ou pela 
graça continuará sendo reincidente. 
Súmula 631 do STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação 
(pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. 
GRAÇA X INDULTO: O indulto é coletivo, ou seja, é dado pelo Presidente da 
República, ou por quem ele delegar, na forma da Constituição, através de um decreto, que 
não individualiza as condenações. Isto é, todos aqueles que preencherem aqueles 
requisitos, poderão ser indultados. Por outro lado, a graça é individual. No artigo 188 da 
LEP, a graça é chamada de “indulto individual”. A graça não é dada de ofício, ou seja, 
ela é pedida pelo condenado, pelo seu defensor, pelo conselho penitenciário, pelo 
Ministério Público, ou pelo diretor do presídio. 
OBS: Não confundir com o indulto de natal. Existe o indulto de natal propriamente 
dito, em que as pessoas têm a punibilidade extinta. Contudo, o que as pessoas chamam 
comumente de indulto de natal, onde as pessoas saem e voltam para o presídio, é, em 
verdade, saída temporária. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
OBS: Não cabe anistia, graça ou indulto de crimes hediondos ou a eles 
equiparados. 
Pela retroatividade de lei que não considera o fato como criminoso 
Abolitio criminis, ou seja, o Estado, por razões de política criminal, entende por 
bem em não mais considerar determinado fato como criminoso. Extingue-se, portanto, a 
punibilidade e os efeitos penais da condenação. 
Pela prescrição, decadência ou perempção 
PEREMPÇÃO: É uma causa de extinção da punibilidade que alcança, 
exclusivamente, a ação penal de iniciativa privada propriamente ditas ou personalíssimas, 
não se destinando, contudo, àquela considerada como privada subsidiária da pública. Ela 
se verifica pela inércia do querelante no curso da ação penal privada. São quatro hipóteses 
(art. 60, CPP): 
“Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
I – quando iniciada esta, o querelante deixar de promover 
o andamento do processo durante 30 dias seguidos; 
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua 
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no 
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
 III – quando o querelante deixar de comparecer, sem 
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar 
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas 
alegações finais; 
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se 
extinguir sem deixar sucessor”. 
Faz-se necessário dizer que, já que a perempção ocorre pela inércia do querelante 
no curso da ação penal privada, ela não poderá ocorrer antes de proposta a queixa. Ou 
seja, para que seja decretada a perempção com base na inércia do querelante é preciso 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
que este tenha sido intimado para o ato, deixando, contudo, de promover o regular 
andamento do processo pelo período de trinta dias. 
OBS: Nos casos de morte ou sobrevindo incapacidade do querelante, os prazos 
das pessoas habilitadas para continuar o processo estende-se para sessenta dias. 
PRESCRIÇÃO 
É uma causa de extinção da punibilidade pelo decurso do tempo. Isto é, é uma das 
situações em que o Estado, em virtude do decurso de certo espaço de tempo, perde seu 
ius puniendi. 
Prescrição x Decadência 
Ambas são causa de extinção da punibilidade pelo decurso do tempo. Contudo, há 
cinco diferenças fundamentais que as distingue: 
➢ Momento em que elas ocorrem: Decadência é sempre pré-processual, 
pois é a decadência do direito de queixa ou representação. A prescrição, 
por sua vez, pode ocorrer antes e durante da ação penal, ou depois do 
trânsito em julgado. 
➢ Tipos de ação penal: A decadência extingue punibilidade da ação penal 
privada e pública condicionada à representação, pois é a decadência do 
direito de queixa ou representação. Na prescrição, praticamente todos os 
crimes prescrevem, seja ação pública ou privada, exceto o crime de 
racismo e a ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático, que são crimes imprescritíveis. 
➢ Decadência é inércia do ofendido. A prescrição é a inércia do Estado, que 
não exerce sua pretensão executória ou punitiva tempestivamente. 
➢ Suspensão ou interrupção: O prazo decadencial não está sujeito a prazos 
suspensivos ou interruptivos, ela é peremptória. A prescrição está sujeita 
às causas de suspensão do prazo e de interrupção do prazo. 
➢ Duração: A decadência se verifica em 6 meses, salvo se legislação disser 
o contrário (não há mais legislação nesse sentido). A prescrição dura anos. 
O crime pode levar até 20 anos para prescrever. 
Prescrição da pretensão punitiva x pretensão executória 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
A legislação penal prevê duas espécies de prescrição, a saber: prescrição da 
pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória. 
Pretensão punitiva é a pretensão do Estado de processar e julgar alguém. Isto é, 
quando não há sentença transitada em julgado, o que está em jogo é a pretensão punitiva. 
Pretensão executória, por sua vez, é a pretensão do Estado de executar a pena, após o a 
sentença penal condenatória transitada em julgado. 
A prescrição da pretensão punitiva terá repercussões importantes tanto na esfera 
penal como na civil. O réu do processo no qual foi reconhecida a prescrição da pretensão 
punitiva ainda continuará a gozar do status de primário e não poderá ver maculado seus 
antecedentes penais, ou seja, será como se não tivesse praticado a infração penal. Na 
esfera cível, a vítima não terá como executar o decreto condenatório, quando houver, 
visto que a prescrição da pretensão punitiva impede a formação do título executivo 
judicial. 
Contudo, se a prescrição disser respeito à pretensão executória, o Estado, em razão 
do decurso do tempo, somente terá perdido o direito de executar sua decisão. Isto é, o 
título executório foi formado com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, 
mas não poderá ser executado. Assim, se o condenado vier a praticar outro crime, poderá 
ser considerado reincidente. 
Prescrição da pretensão punitiva (antes da sentença penal condenatória 
transitada em julgado) 
Conforme art. 109 do Código Penal, a prescrição da pretensão punitiva é 
regulada pela maior pena possível. Nesse sentido, se o cálculo deve ser realizado antes 
mesmo de qualquer sentença condenatória, na qual é concretizada a pena aplicada ao 
agente, há de convir que a prescrição que leva em consideração a pena máxima cominada 
a cada infração penal diz respeito à pretensão punitiva do Estado. 
OBS: Esses prazos servirão não somente para o cálculo da prescrição 
considerando-se a pena máxima em abstrato, como também para aqueles relativos à pena 
já concretizada na sentença condenatória. 
Prazos prescricionais: 
Pena Prazo 
Maior que 12 anos 20 anos 
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Maior que 8 até 12 anos 16 anos 
Maior que 4 até 8 anos 12 anos 
Maior que 2 até 4 anos 8 anos 
Igual a 1 ou até 2 anos 4 anos 
Menor que 1 ano 3 anos 
 
Algumas observações: 
➢ O cálculosempre será feito de acordo com a pena máxima, considerando 
a causa de aumento ou diminuição, ou seja, o cálculo será de acordo 
com a maior pena em abstrato somadas/diminuídas com as causas de 
aumento ou diminuição; 
➢ Se houver causa de aumento, ela valerá; 
➢ Se houver causa de diminuição, ela também valerá; 
➢ O concurso de crimes para efeitos de prescrição é regulado pelo art. 119 
do Código Penal, que diz que “No caso de concurso de crimes, a extinção 
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”. Ou seja, 
o prazo prescricional de um não interfere no outro. Nada relativo ao 
concurso de crimes interfere no prazo prescricional. 
➢ Se o crime for cometido por sujeito menor de 21 anos ou maior que 70 
anos, o prazo prescricional é reduzido à metade, conforme art. 115, do 
Código Penal: “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando 
o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na 
data da sentença, maior de 70 (setenta) anos”. 
➢ A prescrição e decadência podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz, não 
necessitando as partes alegar. 
Os prazos prescricionais começam a correr, de acordo com o art. 111 do Código 
Penal: 
I – do dia em que o crime se consumou; 
II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade 
criminosa; (QUANDO PRATICADO O ÚLTIMO ATO DE 
EXECUÇÃO) 
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a 
permanência; (VALE TAMBÉM PARA CRIME HABITUAL) 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de 
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou 
conhecido; 
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e 
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, 
da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a 
esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
Interrupção do prazo prescricional 
As vezes entre a consumação e o trânsito em julgado, ocorre muito tempo. Por 
conta disso, há algumas causas que interrompem a prescrição, fazendo ela voltar a correr 
tudo de novo. Dessa forma, as causas interruptivas têm o condão de fazer com que o 
prazo, a partir delas, seja novamente iniciado, ou seja, deve ser procedida nova contagem 
de prazo, desprezando-se, para esse fim, o tempo anterior ao marco interruptivo. Está 
prevista no art. 117 do Código Penal, que diz: (INCISOS V e VI SERÃO TRATADOS 
POSTERIORMENTE, POIS DIZEM RESPEITO À INTERRUPÇÃO DA 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA) 
“O curso da prescrição interrompe-se: 
I – pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (VALE 
PARA TODOS OS CRIMES) 
II – pela pronúncia; (APLICADO 
EXCLUSIVAMENTE AOS CRIMES QUE VÃO A JÚRI 
POPULAR) 
III – pela decisão confirmatória da pronúncia; 
(APLICADO EXCLUSIVAMENTE AOS CRIMES QUE 
VÃO A JÚRI POPULAR) 
IV – pela publicação da sentença ou acórdão 
condenatórios recorríveis; (VALE PARA TODOS OS 
CRIMES) 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
V – pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
(CAUSA DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA 
PRETENSÃO EXECUTÓRIA) 
VI – pela reincidência. (CAUSA DE ITNERRUPÇÃO 
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA) 
§ 1º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, 
a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos 
os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do 
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a 
qualquer deles.” 
§ 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso 
V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia 
da interrupção. 
Recebimento da denúncia ou da queixa 
Antes de mais, é importante dizer que essa causa interruptiva diz respeito somente 
ao recebimento da denúncia ou da queixa, e não ao oferecimento. Portanto, para efeitos 
de interrupção da prescrição, valerá a data do despacho de recebimento da peça inicial de 
acusação, não importando sua distância com a data do seu oferecimento. 
OBS: O aditamento feito à denúncia não interrompe a prescrição, a não ser que 
contenha novos fatos que se traduzam em nova infração penal, ou que importe em 
inclusão de novo acusado. 
Assim, em suma, a prescrição começa a contar do dia da consumação, mas no dia 
do recebimento da denúncia ou queixa, a contagem prescricional volta ao zero. 
OBS: Se o juiz rejeitar a denúncia, a prescrição não será interrompida. Assim 
como se o recebimento da denúncia for feito por juiz absolutamente incompetente. 
Pronúncia 
É uma decisão, por intermédio da qual, o magistrado entende haver indícios 
suficientes para que o Tribunal do Júri julgue aquela pessoa. Então, por exemplo, um 
sujeito foi acusado de homicídio. Ela será submetida a um processo e, depois deste 
processo, o juiz vai decidir se ele vai ser pronunciado (se ela vai para o Júri) ou se ele não 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
vai ser pronunciado (se vai ser absolvido ou desclassificado para crime da Justiça 
Comum). Nesse sentido, a decisão da pronúncia também interrompe a prescrição. 
OBS: A Súmula 191 do STJ diz que: “a pronúncia é causa interruptiva da 
prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime.” 
Contudo, pode haver a situação em que a defesa entra com recurso contra a decisão 
de pronúncia. Neste caso, se o Tribunal se manifestar no sentido da desclassificação da 
infração penal para aquela que não se encontre entre as de competências do Júri, 
remetendo os autos ao juízo monocrático competente, a pronúncia já não mais terá 
força interruptiva. Por exemplo: se o Tribunal desclassificar a tentativa de homicídio 
constante da pronúncia para o crime de lesões corporais, remetendo-se o processo ao juízo 
competente que, agora, já não mais será o Júri, a pronúncia perderá seu efeito interruptivo. 
Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis 
A prescrição também volta à estaca zero no caso de sentença condenatória 
recorrível. Nesse caso em específico, no dia da publicação da sentença, o prazo 
prescricional será zerado, desde que essa sentença seja condenatória. Isso quer dizer 
que se o juiz absolver o réu, a prescrição continuará correndo, sem que o prazo seja 
interrompido. 
Portanto, a prescrição da pretensão punitiva se verifica em três pedaços: da 
consumação até o recebimento da denúncia; do recebimento da denúncia até a primeira 
condenação (SEJA EM PRIMEIRA OU SEGUNDA INSTÂNCIA, OU SEJA, SE O 
RÉU FOR CONDENADO NA PRIMEIRA INSTÂNCIA E CONFIRMADA A 
CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA, ESSA SEGUNDA 
CONDENAÇÃO NÃO INTERROMPE O PRAZO. DE OUTRO MODO, SE NA 
PRIMEIRA INSTÂNCIA A SENTENÇA FOR ABSOLUTÓRIA, E NA SEGUNDA 
INSTÂNCIA FOR CONDENATÓRIA, APENAS ESSA SEGUNDA 
INTERROMPERÁ A PRESCRIÇÃO, POIS SERÁ A PRIMEIRA CONDENAÇÃO 
DO RÉU, NA MEDIDA EM QUE NA PRIMEIRA INSTÂNCIA ELE FOI 
ABSOLVIDO); e da primeira condenação até o trânsito em julgado. 
OBS: No concurso de pessoas, em razão da norma prevista no § 1º do art. 117 do 
Código Penal, o efeito interruptivo se estende a todos os réus, inclusive sobre o eventual 
codelinquente absolvido. 
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Prescrição retroativa 
Diz-se retroativa a modalidade de prescrição calculada com base na pena aplicada 
na sentença penal condenatória recorrível, com trânsito em julgado para o 
Ministério Público ou para o querelante, contada a partir da data do recebimento da 
denúncia, até a data da publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. 
OBS: Atinge a pretensão punitiva do Estado.Prescrição intercorrente (superveniente ou subsequente) 
Considera-se como superveniente a prescrição que é contada a partir da 
publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis, tomando-se por base o 
trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento do seu recurso. 
De outro modo, a prescrição intercorrente é uma modalidade de prescrição da 
pretensão punitiva, calculada com base na pena da sentença, quando não for possível, por 
meio de recurso, aumentar a quantidade da pena privativa de liberdade a qual foi 
condenado o réu. Em outras palavras, a prescrição da pretensão punitiva é calculada com 
base na maior pena possível, logo, a pena da sentença passa a ser a maior pena possível. 
Então, a partir desse momento, não se calcula mais da pena cominada em abstrato, 
mas sim da pena da sentença. Isto é, se o Ministério Público não recorreu para aumentar 
a pena, a maior pena possível será a da sentença e não mais a maior pena em abstrato, já 
que a reprimenda não poderá ser elevada em face do princípio que impede sua reforma 
para pior (non reformatio in pejus). Contudo, se o MP recorrer para o aumento da pena, 
a prescrição continuará contando da maior pena possível, de acordo com a reprimenda 
em abstrato, DESDE QUE O TRIBUNAL DÊ PROVIMENTO AO RECURSO DO MP, 
ISTO É, SE O TRIBUNAL MANTER A PENA DA SENTENÇA, NEGANDO 
PROVIMENTO AO RECURSO DO MP, ESTA CONTINUARÁ A SER A PENA 
USADA PARA FINS DE PRAZO PRESCRICIONAL. 
Assim, em suma, para que se possa concluir pela prescrição intercorrente: 
1. Deve existir uma sentença ou acórdão condenatório recorrível, fixando 
uma determinada quantidade de pena, que será utilizada para efeitos de 
cálculo, de acordo com o art. 109 do Código Penal; 
2. Deverá ter ocorrido o trânsito em julgado para a acusação (MP ou 
querelante); 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
3. Não pode ter ocorrido a prescrição retroativa, contada a partir da data do 
recebimento da denúncia, até a publicação da sentença ou do acórdão 
condenatório recorrível; 
4. Será calculada para frente, ou seja, a partir da sentença ou do acórdão 
condenatório recorrível. 
OBS: Atinge a pretensão punitiva do Estado. 
Suspensão do prazo prescricional 
Causas suspensivas da prescrição são aquelas que suspendem o curso do prazo 
prescricional, que começa a correr pelo tempo restante, após cessadas as causas que a 
determinaram. Dessa forma, o tempo anterior é somado ao tempo posterior à cessação da 
causa que determinou a suspensão do curso do prazo prescricional. 
Dito isto, são sete causas que suspendem o prazo prescricional, sendo uma da 
Constituição Federal, duas do Código Penal, duas do Código de Processo Penal, uma da 
Lei 9.099 e uma de crimes tributários. 
1. Em processos contra Deputados e Senadores, no exercício do mandato, o 
Congresso Nacional pode sustar o processo, o que suspende a prescrição 
enquanto durar o mandato; 
2. Fica suspensa a prescrição, enquanto não resolvida, em outro processo, 
questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (questão 
prejudicial); AQUI HÁ O EXEMPLO DO DELITO DE BIGAMIA, OU 
SEJA, SE A VALIDADE DO CASAMENTO ANTERIOR ESTIVER 
SENDO DISCUTIDA NO JUÍZO CÍVEL, O CURSO DA AÇÃO PENAL 
FICARÁ SUSPENSO, SUSPENDENDO-SE, TAMBÉM, O PRAZO 
PRESCRICIONAL, ATÉ QUE SEJA RESOLVIDA A QUESTÃO 
PREJUDICIAL. 
3. Fica suspensa a prescrição, enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; 
4. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, 
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional; 
5. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante 
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu 
cumprimento; 
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6. Quando trata do sursis processual, enquanto o sujeito estiver no período 
de prova, não corre prescrição; 
7. Parcelamento da dívida tributária suspende a prescrição. 
Prescrição das penas restritivas de direitos 
Como as penas restritivas de direitos são substitutivas, o prazo para efeitos de 
cálculo de prescrição será aquele previsto para a pena privativa de liberdade aplicada. 
Prescrição da pretensão executória 
Diz o art. 110 que: 
“Art. 110 – A prescrição depois de transitada em julgado a sentença 
penal condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos 
prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, 
se o condenado é reincidente.” 
Ou seja, aqui o cálculo será realizado sobre a pena concretizada na sentença. 
Portanto, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória é um dos requisitos para 
que se possa concluir pela prescrição da pretensão executória. 
Prazos: se verifica nos mesmos prazos da prescrição da pretensão punitiva. 
É calculada com base na pena fixada na sentença. 
OBS: São descartadas as causas de aumento decorrentes do concurso de crimes. 
Ou seja, se a pena foi de 2 anos e 8 meses, mas esses 8 meses foram provenientes da causa 
de aumento por concurso de crimes, o prazo prescricional contará apenas 2 anos, sendo, 
portanto, de 4 anos e não de 8. 
Reincidência 
Aumenta-se o prazo em 1/3 da prescrição executória (e não da pena ou da 
prescrição da pretensão punitiva) se o réu for reincidente, conforme Súmula 220, do STJ, 
que diz: “A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”. 
Quando começa a correr o prazo 
O prazo começa a correr do dia em que transita em julgado a sentença 
condenatória para a acusação ou toda vez que a execução da pena é interrompida. 
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A prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena, conforme art. 113: 
“Art. 113 – No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o 
livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta 
da pena.” 
Suspensão do prazo prescricional 
O art. 116, § único diz que: 
“Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição 
não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro 
motivo.” 
Exemplo: O sujeito é condenado a crime A a 13 anos e por crime B a 4 anos de 
prisão. Neste caso, o sujeito deve cumprir primeiro o crime da pena mais grave (crime 
A), mas não corre a prescrição do crime B. 
Interrupção do prazo prescricional 
Para a prescrição da pretensão executória, há duas causas de interrupção: 
Início ou continuação do cumprimento da pena 
O art. 117, inciso V diz que: 
“O curso da prescrição interrompe-se: 
V – pelo início ou continuação do cumprimento da pena” 
A data de início ou continuação do cumprimento da pena interrompe a prescrição 
da pretensão executória do Estado. Isto é, se o condenado fugir, o prazo prescricional 
começa a correr a partir da sua fuga, e será regulado pelo tempo restante da pena. Sendo 
recapturado e voltado a cumprir o restante da pena que lhe fora imposta, a partir desse 
instante também estará interrompida a prescrição da pretensão executória. 
Ou seja, se o sujeito fugir da cadeia e for recapturado, a prescrição voltará a contar 
do zero. 
Reincidência 
O art. 117, VI, diz que: 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
“O curso da prescrição interrompe-se: 
VI – pela reincidência.” 
Aqui há divergência da doutrina em relação ao momento da interrupção. Isto é, 
tem doutrina que diz que o marco interruptivo da prescrição da pretensão executória por 
conta da reincidência só se consolida a partir da data do trânsito em julgado da sentença 
que condenou o agente pela prática de novo crime. Contudo, há outra posiçãoque diz que 
o prazo é interrompido no momento da prática da nova infração. 
Prescrição de multa 
O art. 114 do Código Penal, dispondo sobre a prescrição da pena de multa, diz: 
“Art. 114 – A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
I – em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
II – no mesmo prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa 
de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente 
cominada ou cumulativamente aplicada.” 
Ou seja, o prazo da prescrição da multa se dará no mesmo tempo da pena de prisão 
cominada ou aplicada. 
OBS: Se a multa for isolada, prescreve-se em 2 anos. O mesmo para usuário de 
drogas. 
MEDIDA DE SEGURANÇA 
Aplica-se medida de segurança, em regra, ao inimputável que houver praticado 
uma conduta típica e ilícita, não sendo, porém, culpável. Assim, o inimputável que 
praticou um injusto típico deverá ser absolvido, aplicando-se-lhe, contudo, medida de 
segurança, cuja finalidade difere da pena. 
Em outras palavras, medida de segurança é uma medida penal que não se 
configura pena, destinada prioritariamente aos inimputáveis adultos, ou seja, é a sanção 
penal destinada a eles. Essa sanção penal, via de regra, decorre de uma sentença não 
condenatória. 
Pena x Medida de segurança x Medida socioeducativa 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
➢ Quanto aos destinatários 
Pena: Dirigem aos imputáveis e aos semi-imputáveis (capacidade diminuída de 
entendimento), via de regra. 
Medida de segurança: Destinada aos inimputáveis adultos, ou seja, portadores 
de retardo mental. Excepcionalmente, aos semi-imputáveis, na forma do art. 98, que diz: 
“Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o 
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade 
pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo 
mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos (...)” 
Medida socioeducativa: Tem como destinatários os adolescentes e menores de 
18 anos, maiores que doze. 
➢ Quanto ao caráter da pena 
Pena: tem caráter repressivo e preventivo. 
Medida de segurança: tem caráter unicamente preventivo; 
Medida socioeducativa: tem caráter preventivo e educativo. 
➢ Quanto ao fundamento da sua aplicação 
Pena: é fundamentada na teoria da culpabilidade; 
Medida de segurança: é fundamentada na periculosidade (não se presume, se 
identifica pelas condutas, ou seja, se o agente praticar ato ilícito), no estado perigoso; 
Medida socioeducativa: também é fundamentada na periculosidade. 
➢ Quanto à duração 
Pena: tem reprimenda determinada pelo tipo legal; 
Medida de segurança: não tem prazo determinado, tem apenas prazo mínimo de 
1 ano, conforme súmula 527, do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não 
deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.” 
Medida socioeducativa: tempo máximo de 3 anos, podendo cumprir até os 21 
anos. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Princípios da medida de segurança 
Os mesmos princípios que regem a pena, regerão a medida de segurança, ou seja, 
o princípio da proporcionalidade, da adequação, da humanidade, etc. 
OBS: Extinta a punibilidade, não subsiste a medida de segurança, ou seja, aplica-
se também na medida de segurança a extinção de punibilidade. 
Requisitos: 
➢ Pessoa não pode ser imputável (na dúvida, instaura-se o incidente da 
insanidade mental); 
➢ Periculosidade que se verifica pela prática de uma infração penal. 
OBS: A medida de segurança enseja reincidência no semi-imputável, pois a 
sentença é condenatória com pena reduzida. 
Execução 
A duração por prazo determinado pode ser estabelecida pelas duas espécies: 
➢ Internação, feita no HCT (hospital de custódia e tratamento) 
➢ Tratamento ambulatorial 
OBS: Uma vez por ano o sujeito é submetido a um exame de cessação de 
periculosidade. Se não for mais perigoso, vai ser desinternado condicionalmente por um 
ano. 
Medida de segurança substitutiva aplicada ao semi-imputável 
Ao contrário do que acontece com o inimputável, que obrigatoriamente deverá ser 
absolvido, o semi-imputável que pratica uma conduta típica, ilícita e culpável deverá ser 
condenado. Contudo, o com o juízo de reprovação que recai sobre sua conduta é menor 
do que aquele que pratica o fato sem que esteja acometido de qualquer perturbação 
mental, a sua pena, de acordo com o parágrafo único do art. 26, do Código Penal, poderá 
ser reduzida de um a dois terços. 
Além da obrigatória redução de pena prevista no parágrafo único do art. 26, o art. 
98 permite que, nessa hipótese, necessitando o condenado de especial tratamento 
curativo, a pena privativa de liberdade seja substituída pela internação, ou tratamento 
ambulatorial, pelo prazo mínimo de um a três anos. 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Em suma: 
1. O semi-imputável foi condenado; 
2. Foi-lhe aplicada uma pena; 
3. Agora, em virtude da necessidade de especial tratamento curativo, a pena 
privativa de liberdade poderá ser substituída pela internação ou pelo 
tratamento ambulatorial. 
CONCURSO DE CRIMES 
Disciplina jurídica que regulamenta quando uma ou mais pessoas (neste caso, 
haverá também o concurso de pessoas) pratique uma pluralidade de crimes. Há quatro 
sistemas de aplicação: 
Sistema do cúmulo material (art. 69 e art. 70, parte final) 
“Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se 
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja 
incorrido (...)”. 
“Art. 70 – (...) as penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a 
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de 
desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.” 
Sistema da exasperação (art. 70 primeira parte e art. 71) 
Ocorre quando, com a prática de uma única conduta, o agente produz dois ou mais 
resultados criminosos. Assim, o sujeito responderá pelo crime mais gravoso e os outros 
crimes se tornarão causa de aumento. 
“Art. 70 – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das 
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto até metade.” 
“Art. 71 – Quando ao gente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os 
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.” 
OBS: OS OUTROS DOIS SISTEMAS NÃO SÃO APLICADOS NO 
BRASIL. 
Espécies 
Concurso material 
Ocorre quando o agente, mediante mais de uma conduta, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não. As penas são somadas (cúmulo material). O prazo prescricional 
é independente para cada crime. Se para um deles não couber substituição por pena 
alternativa, não caberá para os demais. 
Ou seja, para que haja a adoção da regra do concurso material, é necessário que o 
sujeito pratique mais de uma ação ou omissão e pratique dois ou mais crimes. 
Cumprindo esses requisitos, ocorrerá a aplicação cumulativa das penas de prisão, isto é, 
as penas serão somadas. 
OBS: As multas também serão somadas. 
OBS: Em caso de restritiva de direitos, se forem iguais, pode somar; se diferentes,pode cumprir ao mesmo tempo. 
Concurso formal 
Se verifica quando o sujeito pratica dois ou mais crimes com apenas um 
comportamento. Exemplo: dorme ao volante e mata três pessoas. 
Ou seja, para que haja a adoção da regra do concurso formal, é necessário que o 
agente pratique apenas uma ação ou omissão, e o resultado seja a prática de dois ou 
mais crimes. Assim, tem-se três consequências possíveis: 
1. Será aplicada a mais grave das penas, aumentada de 1/6 até 1/2; 
2. Será aplicada somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto 
até a metade; 
3. Será aplicada as penas cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa, e 
os crimes resultam de desígnios autônomos. 
Nesse caso, há duas possibilidades: 
Leonardo David – Direito Penal III – T4EXTRA – Sebástian Mello – 2019.1 
 
Concurso formal próprio (perfeito) 
O sujeito pratica dois ou mais crimes com uma conduta por intermédio de um 
desígnio único, ou mesmo de uma ausência de desígnio. Ou seja, ou ele tem um 
propósito ou nenhum propósito. Então, por exemplo, se alguém, imprudentemente, 
atropelar duas pessoas que se encontravam no ponto de ônibus, causando-lhes a morte, 
teremos um concurso formal próprio (COM AUSÊNCIA DE DESÍGNIO). No mesmo 
sentido, no caso daquele que, almejando lesionar o seu desafeto, contra ele arremessa uma 
garrafa de cerveja que o acerta, mas também atinge outra pessoa que se encontrava 
próxima a ele, causando-lhe também lesões, teremos uma primeira conduta dolosa e 
também um resultado que lhe poderá ser atribuído a título de culpa, razão pela qual esta 
modalidade de concurso formal também será tida como própria (COM UM DESÍGNIO 
ÚNICO). 
Assim, o sujeito responde pela mais grave das infrações ou, se iguais, qualquer 
uma delas, com aumento de 1/6 até 1/2. 
OBS: Utilizar regra mais benéfica para o réu. 
Entendimento do STJ: Dois crimes = 1/6; três crimes = 1/5; quatro crimes = ¼; 
cinco crimes = 1/3; e assim por diante. 
Concurso formal impróprio (imperfeito) 
Aqui o agente atua com desígnios autônomos, querendo, dolosamente, a produção 
de ambos os resultados. 
Quando tem o dolo de praticar dois ou mais crimes, mais de um desígnio, somam-
se as penas, com apenas uma conduta. 
Nesse sentido, pelo fato de ter o agente atuado com desígnios autônomos, 
almejando dolosamente a produção e todos os resultados, a regra será a do cúmulo 
material, isto é, embora tenha praticado uma conduta única, produtora de dois ou mais 
resultados, se esses resultados tiverem sido por ele queridos inicialmente, em vez da 
aplicação do percentual de aumento de um sexto até a metade, suas penas serão 
cumuladas materialmente. 
OBS: A única diferença entre concurso formal impróprio e concurso material é a 
quantidade de condutas. 
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OBS: A regra do concurso formal é para beneficiar o réu. Tem situações que a 
regra da exasperação pode prejudicar o réu. Assim, se for prejudicial, somam-se as penas, 
conforme art. 70, § único: 
“Parágrafo único – Não poderá a pena exceder a que seria cabível 
pela regra do art. 69 deste Código.” 
 Conduta Crime Desígnio Pena 
Concurso 
material 
2 2 2 Soma 
Concurso 
Formal Próprio 
1 2 1 Regra mais 
benéfica 
Concurso 
Formal 
Impróprio 
1 2 2 Soma 
 
Crime continuado (art. 71) 
Seria uma situação de concurso material. É uma ficção jurídica, pela qual dois ou 
mais crimes, da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e 
modos operandi, são tidos como uma só infração, sob a qual incidirá uma causa de 
aumento. 
Requisitos: 
1. Pluralidade de condutas; 
2. Crimes da mesma espécie 
Aqui há duas correntes: (a) são da mesma espécies crimes previstos no mesmo 
tipo legal (isso engloba tentado e consumado). É a doutrina dominante no STF e STJ; (b) 
crimes que ofendem o mesmo bem jurídico e que seus tipos fundamentais se assemelham 
nos seus elementos objetivos e subjetivos. 
3. Praticados com circunstâncias semelhantes de tempo, lugar e de modo de 
execução (intervalo de 30 dias no máximo). 
OBS: O STJ coloca a unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos. 
OBS: É possível haver continuidade delitiva quando se tratar de crimes contra a 
vida praticado com violência.

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