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Valdir Barbosa da Silva Júnior Welington Mrad Joaquim Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo Luiz Pessoa Vicente Neto Robson Humberto Rosa Física Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE F539 Física / Valdir Barbosa da Silva Júnior ... [et al.]. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2017. 241 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. ISBN 978-85-7777-592-7 1. Física. 2. Mecânica. 3. Eletrostática. 4. Termodinâmica. I. Silva Júnior, Valdir Barbosa da. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. CDD 530 © 2017 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise Santos Bisinotto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Valdir Barbosa da Silva Júnior Especialista em ensino de Física e em docência do ensino superior pela Universidade do Oeste Paulista. Licenciado em Ciências Físicas. Docente no Ensino Médio, desde 1995, em escola da rede privada. Docente nos cursos de graduação em Engenharia e Tecnologia em Produção Sucroalcooleira, da Universidade de Uberaba (Uniube). Welington Mrad Joaquim Graduado e licenciado em Física pela Fundação Educacional de Barretos. Especialista em Ensino de Física pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor do curso de Gestão em Agronegócios da Universidade de Uberaba (Uniube). Professor no Ensino Médio em colégios de Uberaba e no curso de Engenharia Civil do Centro de Ensino Superior de Uberaba (Cesube). Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo Doutorado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); mestrado em Engenharia Civil pela mesma instituição; graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Uberaba (Uberaba). Professor-adjunto no curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Luiz Pessoa Vicente Neto Graduado em Engenharia Elétrica, com ênfase em Telecomunicações, Técnico em Eletrônica, Técnico em Telecomunicações, professor dos cursos de Engenharia e Gestor do curso de Egenharia Elétrica, modalidades presencial e a distância da Universidade de Uberaba. Sobre os autores Robson Humberto Rosa Graduado em Física pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor de Física no ensino superior da Faculdade Talentos Humanos, nos cursos de Engenharia. Sumário Apresentação .............................................................................................................. IX Capítulo 1 Introdução ao estudo da mecânica ...................................... 1 1.1 A física e suas divisões ............................................................................................ 3 1.2 Grandeza física e principais unidades de medida .................................................. 4 1.2.1 Notação científica ........................................................................................... 8 1.3 Cinemática ............................................................................................................ 10 1.3.1 Movimento e repouso ................................................................................... 10 1.3.2 Partícula (Ponto material) ............................................................................ 11 1.3.3 Posição e deslocamento .............................................................................. 11 1.3.4 Velocidade média e velocidade escalar media ........................................... 12 1.3.5 Velocidade instantânea ................................................................................ 13 1.4 Aceleração instantânea e aceleração média ......................................................... 15 1.4.1 Classificação dos movimentos..................................................................... 16 1.4.2 Movimento com aceleração constante ........................................................ 19 1.5 Movimento na vertical ............................................................................................ 22 1.6 Introdução ao estudo dos vetores ......................................................................... 24 1.6.1 As grandezas físicas .................................................................................... 24 1.6.2 Componentes de vetor ................................................................................. 25 1.6.3 Vetor velocidade e vetor aceleração ............................................................ 26 1.7 Lançamento horizontal .......................................................................................... 29 1.8 Lançamento oblíquo ............................................................................................. 30 1.9 Movimento circular uniforme (MCU) ...................................................................... 32 Capítulo 2 Princípios da dinâmica e estática dos pontos materiais ...43 2.1 Força e energia ..................................................................................................... 44 2.2 Introdução ao estudo da dinâmica ....................................................................... 45 2.2.1 Força resultante ........................................................................................... 48 2.2.2 Equilíbrio ....................................................................................................... 48 2.3 As leis de Newton .................................................................................................. 48 2.3.1 Primeira lei de Newton ................................................................................. 48 2.3.2 Segunda lei de Newton ............................................................................... 50 2.3.3 Terceira lei de Newton .................................................................................. 51 2.4 Força peso {P} ...................................................................................................... 53 2.5 Força normal ( )N ................................................................................................ 55 ( )N 2.6 Força de tração ( )T ............................................................................................. 56 2.7 Força elástica ( )eF ............................................................................................... 56 2.8 Força de atrito ( atF ). ............................................................................................. 58 2.9 Estática dos pontos materiais ................................................................................ 62 2.10 Forças no plano ................................................................................................... 63 2.10.1 Lei do paralelogramo ................................................................................. 64 2.10.2 Componentes cartesianas de uma força ................................................... 68 2.11 Equilíbrio de um ponto material ...........................................................................71 2.11.1 Forças no espaço ....................................................................................... 74 2.12 Equilíbrio de um ponto material no espaço ......................................................... 80 Capítulo 3 Trabalho e energia .............................................................85 3.1 Trabalho de uma força ........................................................................................... 87 3.2 Movimento em uma dimensão com força variável ................................................ 88 3.3 Trabalho da força elástica ...................................................................................... 90 3.4 Potência ................................................................................................................. 91 3.5 A energia no cotidiano............................................................................................ 93 3.5.1 Energia solar ................................................................................................ 95 3.5.2 Energia nuclear ............................................................................................ 97 3.5.3 Energia eólica ............................................................................................... 99 3.5.4 Energia mecânica ........................................................................................ 99 3.6 Princípio da conservação da energia .................................................................. 100 3.7 Energia cinética ................................................................................................... 101 3.8 Teorema da energia cinética ................................................................................ 104 3.9 Energia potencial ................................................................................................. 108 3.9.1 Energia potencial gravitacional .................................................................. 109 3.9.2 Energia potencial elástica .......................................................................... 110 Capítulo 4 Eletrostática: força elétrica, campo elétrico e potencial elétrico. ............................................................................. 119 4.1 Carga elétrica ........................................................................................................121 4.1.1 Quantização da carga elétrica ................................................................... 124 4.1.2 Conservação da carga elétrica .................................................................. 125 4.1.3 Eletrização por indução .............................................................................. 125 4.1.4 Condutores e isolantes .............................................................................. 127 4.2 Lei de Coulomb .................................................................................................... 128 4.2.1 Força de um sistema de cargas................................................................. 130 4.3 Campo elétrico ..................................................................................................... 132 4.3.1 Campo elétrico de uma carga puntiforme.................................................. 132 4.3.2 Linhas de campo elétrico ........................................................................... 133 4.3.3 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais diferentes ........ 134 4.3.4 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais iguais. .............. 135 ( )N ( )N 4.3.5 Campo elétrico uniforme ............................................................................ 135 4.3.6 O campo elétrico em distribuições contínuas de carga ............................. 136 4.4 Potencial elétrico (V) ............................................................................................ 137 4.4.1 Potencial elétrico devido a um sistema de cargas puntiformes ................ 138 4.4.2 Superfícies equipotenciais ......................................................................... 140 Capítulo 5 Termologia: calorimetria, propriedades da matéria e leis da termodinâmica ......................................................143 5.1 Considerações iniciais ......................................................................................... 145 5.2 Temperatura ......................................................................................................... 146 5.2.1 Termômetro ............................................................................................... 147 5.2.2 Equação termométrica .............................................................................. 148 5.3 Calor ..................................................................................................................... 150 5.3.1 Calor sensível ............................................................................................. 151 5.3.2 Capacidade térmica ................................................................................... 152 5.3.3 Calor específico.......................................................................................... 153 5.3.4 Equação fundamental da calorimetria ...................................................... 156 5.3.5 Equivalente em água ................................................................................. 158 5.3.6 Calor latente ............................................................................................... 158 5.3.7 Curvas de aquecimento e de resfriamento ................................................ 159 5.3.8 Princípio geral das trocas de calor ............................................................. 161 5.4 Os estados físicos da matéria ............................................................................. 164 5.4.1 Condensado de Bose-Einstein .................................................................. 164 5.4.2 Diagrama de fases ..................................................................................... 166 5.4.3 Transição sólido-líquido ............................................................................. 166 5.4.4 Efeito Tyndall (regelo) ................................................................................ 167 5.4.5 Pressão de vapor ....................................................................................... 168 5.4.6 Transição sólido-vapor ............................................................................... 169 5.5 Transmissão de calor ........................................................................................... 169 5.5.1 Condução ................................................................................................... 170 5.5.2 Convecção ................................................................................................. 171 5.5.3 Irradiação.................................................................................................... 171 5.5.4 Emissividade .............................................................................................. 172 5.6 Estudo dos gases ................................................................................................ 174 5.6.1 Equação de Clapeyron .............................................................................. 174 5.6.2 Leis das transformações dos gases .......................................................... 176 5.6.3 Teoria cinética dos gases ........................................................................... 178 5.6.4 Diagrama P x V .......................................................................................... 180 5.6.5 Energia interna ........................................................................................... 180 5.7 Leis da termodinâmica .........................................................................................181 5.7.1 Algumas transformações especiais da primeira lei da termodinâmica .... 182 5.8 Segunda lei da termodinâmica ............................................................................ 185 5.8.1 Máquinas térmicas e rendimento .............................................................. 186 5.8.2 Máquinas frigoríficas ou bombas de calor ................................................. 187 5.8.3 Eficiência ................................................................................................... 188 5.8.4 Ciclo de Carnot .......................................................................................... 188 5.9 Entropia ............................................................................................................... 191 5.10 Conclusão .......................................................................................................... 192 Capítulo 6 Fenômenos ópticos e suas aplicações ............................195 6.1 Óptica geométrica ................................................................................................ 196 6.1.1 Luz .............................................................................................................. 197 6.1.2 Raio de Luz ................................................................................................ 197 6.1.3 Fontes luminosas ....................................................................................... 198 6.1.4 Reflexão e cor ............................................................................................ 199 6.1.5 Os princípios da propagação da luz .......................................................... 200 6.1.6 Sombra e penumbra .................................................................................. 201 6.1.7 Eclipses do Sol e da Lua............................................................................ 201 6.1.8 Câmara escura de orifício ......................................................................... 203 6.1.9 O fenômeno da reflexão ........................................................................... 204 6.1.10 Fenômeno da refração ............................................................................. 217 6.1.11 Instrumentos ópticos ................................................................................ 231 6.1.12 Óptica da visão......................................................................................... 232 6.1.13 Anomalias da visão .................................................................................. 233 6.2 Conclusão ............................................................................................................ 235 Caro (a) estudante. Neste livro-texto de Física, serão abordados 6 capítulos, em que serão trabalhados conhecimentos introdutórios ao estudo de mecânica; princípios da dinâmica e estática; trabalho e energia; eletrostática; termologia e fenômenos ópticos e suas aplicações. O primeiro capítulo compõe-se de uma abordagem à cinemática, buscando-se o entendimento dos movimentos relacionados ao ponto material. Em seguida, no Capítulo 2 será tratado o estudo do movimento dos corpos e as causas que os relacionam. Oo capítulo 3 trata da energia, que é um dos conceitos essenciais da física e pode ser encontrada em todas suas disciplinas, assim como em outras, particularmente na química. No quarto capítulo, serão abordados os seguintes tópicos: força elétrica, campo elétrico e potencial elétrico. Neste, você irá aprender sobre origens da eletricidade e sobre a carga elétrica, que é o elemento responsável pela existência da eletricidade. No capítulo 5, abordaremos termologia: calorimetria, propriedades da matéria e leis da termodinâmica. Por fim iremos trabalhar, no capítulo 6, com os fenômenos ópticos e suas aplicações. Esse estudo é fundamental para o entendimento dos comportamentos de estruturas físicas, como as intensidades luminosas. Sabemos que o grau de complexidade deste estudo é grande e vai exigir de você muito estudo. Buscamos com toda a dedicação fazer construções que auxiliem este caminho, portanto estude-os com muito empenho para atingir objetivos necessários. Ressaltamos a honra em tê-lo como interlocutor, para a construção de conhecimentos necessários à sua futura atuação profissional. Apresentação Valdir Barbosa da Silva Júnior Welington Mrad Joaquim Introdução Capítulo 1 Desejamos que você inicie, com entusiasmo, mais um ciclo de sua formação acadêmica e profi ssional e aprenda, nesse trajeto, a gerenciar o seu tempo, dispondo-se a estar cada vez mais preparado para o aprendizado que deverá ser constante. Esse é um tempo para desenvolver novas habilidades, visando sua formação profi ssional. Pensando nisso, foi que elaboramos este capítulo, a fi m de lhe possibilitar um ganho no que se refere à construção do conhecimento da Física. A Física, dentro das ciências exatas, é a que mais faz parte da vida do homem. Ela está presente quando andamos, falamos, pegamos algum objeto. A gravidade, por sua vez, está presente na Terra e há inúmeras formas de representá-la. Durante o estudo da física, percebemos uma forte presença da matemática, mas não há limitação em termos de números e equações, pois a física engloba todo o universo, desde uma partícula que compõe um átomo até a imensidão do universo. Neste primeiro capítulo, iremos abordar, dentro da mecânica, a cinemática, que se refere ao movimento dos corpos. Você terá a oportunidade de revisar vários conceitos da física, principalmente aqueles relacionados à cinemática. Eles serão importantes para o entendimento de outros conteúdos da física que você estudará ao longo do seu curso. Introdução ao estudo da mecânica 2 UNIUBE No decorrer do capitulo, estão propostas algumas atividades para que possa praticar os conceitos trabalhados. Recomendamos a você que faça as atividades antes de conferir o referencial de respostas. É preciso que você desenvolva seus métodos de raciocinar a partir da resolução que oferecemos para os exercícios. É com o objetivo de descobrir novidades e vencer desafios que iremos iniciar o estudo da física. Não temos a intenção de esgotar o assunto apresentado aqui, mas, sim procurar motivá-lo para a construção de conhecimentos. Bons estudos! Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que você esteja apto (a) a: • utilizar as unidades de medidas das grandezas físicas, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades; • identificar os algarismos mais significativos nos seus cálculos; • conhecer e identificar os princípios fundamentais da mecânica; • conceituar e calcular deslocamento, velocidade média instantânea e aceleração média e instantânea; • descrever o movimento retilíneo em termos de velocidade média e instantânea; • solucionar problemas relacionados ao movimento retilíneo com aceleração constante, incluindo questões de queda livre. Objetivos 1.1 A física e suas divisões 1.2 Grandeza física e principais unidades de medida 1.2.1 Notação científica Esquema UNIUBE 3 1.3 Cinemática 1.3.1 Movimento e repouso 1.3.2 Partícula (ponto material) 1.3.3 Posição e deslocamento 1.3.4 Velocidade média e velocidade escalar média 1.3.5 Velocidade instantânea 1.4 Aceleração instantânea e aceleração média 1.4.1 Classificação dos movimentos 1.4.2 Movimento com aceleração constante 1.5 Movimento na vertical 1.6 Introdução ao estudo dos vetores 1.6.1 As grandezas físicas 1.6.2 Componentes de vetor 1.6.3 Vetor de velocidade e vetor de aceleração 1.7 Lançamento horizontal 1.8 Lançamento oblíquo 1.9 Movimento Circular Uniforme (MCU) A física e suas divisões1.1 A física estudada no nível superior não possui uma área de atuação específica pois se pretende formar profissionaisversáteis o suficiente para resolverem problemas atuais por meio de uma abordagem interdisciplinar. Mas o que é física? Física: é a ciência que estuda as leis naturais (do grego: physikê), a fim de favorecer o homem em seu trabalho relativo às leis que reagem os fenômenos da natureza. As leis ou os princípios físicos, frequentemente, são expressos por relações matemáticas entre grandezas físicas presentes em um determinado fenômeno. 4 UNIUBE Ao abordarmos o estudo da física, precisamos antes, compreender suas divisões: • Mecânica: estuda os movimentos e está subdividida em cinemática, dinâmica, estática, gravitação e hidrostática. • Termologia: estuda os fenômenos térmicos e está subdividida em termometria, calorimetria, termodinâmica, estudo dos gases e estudo das dilatações térmicas. • Óptica: estuda os fenômenos luminosos, sendo subdividida em óptica geométrica e óptica física. • Ondulatória: estuda os fenômenos envolvendo as ondas. • Eletricidade: estuda os fenômenos elétricos, sendo dividida em eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo • Física moderna: estuda um conjunto de teorias, principiando a mecânica quântica e a teoria da relatividade, bem como todas as teorias posteriores. Grandeza física e principais unidades de medida1.2 Na física, uma grandeza ou quantidade é o conceito que descreve qualitativa e quantitativamente as relações entre as propriedades observadas no estuda da natureza (no seu sentido mais amplo), daí sua importância nesta parte inicial do nosso estudo. Uma grandeza descreve qualitativamente um conceito porque para cada noção diferente pode haver (pelo menos em princípio) uma grandeza diferente e vice-versa. Podemos classificar as grandezas da seguinte forma: - Grandezas escalares: são completamente definidas quando são especificados o seu módulo e sua unidade de medida, por exemplo: tempo, temperatura, área e volume. - Grandezas vetoriais: são aquelas que, para serem caracterizadas, necessitam de um número e uma unidade (valor algebraico), direção e sentido. UNIUBE 5 - Grandezas fundamentais: são as grandezas ditas primitivas, de que não dependem de outras para serem definidas. Exemplos: massa, tempo, comprimento. - Grandezas derivadas: são definidas por relação entre as grandezas fundamentais. Exemplos: velocidade, força, potência. Grandeza física: algo suscetível de ser comparado e medido. Como exemplo, temos: tempo, comprimento, massa etc. IMPORTANTE! De acordo com o SI (Sistema Internacional), há sete unidades fundamentais, cada qual correspondendo a uma grandeza (Quadro 1): Quadro 1: Unidades fundamentais do Sistema Internacional (SI) A variedade das unidades de determinada grandeza se deve às unidades de base. Com as relações especificas, temos, a partir das unidades de base, as unidades derivadas. SAIBA MAIS Por exemplo: a unidade de medida da velocidade é m/s, sendo esta uma unidade derivada do comprimento (m) por tempo (s). Veja a representação: Nome Símbolo Grandeza Metro m Comprimento Quilograma Kg Massa Segundo s Tempo Ampere A Intensidade de corrente elétrica Kelvin K Temperatura Mol mol Quantidade de matéria Candela cd Intensidade luminosa 6 UNIUBE /s m m s t s υ ∆= = = ∆ A seguir, abordaremos algumas unidades bastante utilizadas no nosso dia a dia. - Algumas unidades de comprimento 1 m = 100 cm = 1000 mm 1 Km = 1000 m = 0,6214 mi (milhas) 1 cm = 0,3937 pol 1 mi = 5280 pés = 1,609 Km - Algumas unidades de tempo 1 min = 60s 1h = 3600s 1 dia = 24h = 86400s 1 ano = 365,24 dias = 3,156x 710 s - Algumas unidade de massa 1 Kg = 1000g = 10³g 1 ton (tonelada) = 1000 Kg = 10³kg 1 Libra – 453,59237g - As principais unidades de velocidade 1m/s = 3,281 pés/s 1pé/s = 0,3048 m/s 1mi/min= 60mi/h 1km/h= 0,6214mi/h Sendo que no Sistema Internacional (SI), temos: m/s A unidade usual é km/h, portanto vale lembrar a observação, a seguir: 1 1000 1 3600 3,6 km m m h s s = = /s m m s t s υ ∆= = = ∆ UNIUBE 7 Deste modo, chegamos à seguinte conclusão: 1 – Transformações de unidades: a) 3,45 min em segundos. Resolução: Separando a parte inteira da decimal, 3,45 min = 3 min + 0,45 min, temos que: 0,45 min x 60 = 27s Transformando 3 min em segundos: 3 minutos x 60 = 180s 3,45 min = 27 +180 = 207s b) 250g em kg. Resolução: 1kg → 1000g x → 250g 250 0, 25 1000 x x kg= ∴ = EXEMPLIFICANDO! 8 UNIUBE c) Quantas horas, minutos e segundos há em 17,52h? Resolução: Separando-se a parte inteira decimal, temos: 17,52h = 17h + 0,52h; Transformando 0,52h em minutos: 0,52x60 min = 31,2 min; Separando-se a parte inteira da parte decimal 31,2 min = 31 + 0,2 min Transformando 0,2 min em segundos: 0,2 x 60s = 12s; 17h 31 min = 17,52 h 1.2.1 Notação científica É todo número escrito na forma g = a. 10n em que n é um número inteiro. Trabalhar com números muito grandes ou muito pequenos nem sempre é tarefa das mais fáceis. A primeira tentativa conhecida de representar números demasiadamente extensos foi do matemático e filósofo grego Arquimedes, que foi descrito em sua obra O contador de areia, em que desenvolveu um método de representação numérica para estimar quantos grãos de areia existiam no universo. PARADA PARA REFLEXÃO Observe algumas exemplificações: São dados dois números - Um muito grande (300.000.000.000.000.000) = 3x 1710 - Um muito pequeno (0,000.000.000.000.015) = 1,5x 1410− UNIUBE 9 A condição para colocarmos um número em notação científica é : 1 | |a≤ < 10 Logo, (300.000.000.000.000.000) = 3x 1710 (0,000.000.000.000.015) = 1,5x 1410− Podemos concluir que a notação científica é muito útil na repre- sentação de números pequenos ou muito grandes. 2- Escreva os números seguintes em notação científica: a) 876.000.000 b) 0,000.051 Agora, acompanhe nossa resolução. a) Para escrever em notação científica, a virgula é colocada entre os algarismos 8 e 7, resultando 8 casas decimais: 876.000.000 = 8,76x10n → 8,76x108 b) A virgula grafada entre 5 e 1, deslocando se, então, 5 casas para a direita: 0,000.051 = 5,1x10n → 5,1x10-5 Agora, realize a atividade, a seguir, tendo como base os exemplos anteriores: EXEMPLIFICANDO! 1. Escreva em notação científica os seguintes números: a) 876.000 b) 0,000.51 c) 122,5.108 d) 0,000.000.4.10-8 2. Quantas horas, minutos e segundos há em 21,86h? AGORA É A SUA VEZ 10 UNIUBE Cinemática 1.3 Você sabe o que é cinemática ? 1.3.1 Movimento e repouso O estado de movimento de um corpo define-se como aquele em que o corpo altera a sua posição, relativamente a um referencial, ao longo do tempo. Um corpo está em repouso quando a sua posição, relativamente a um referencial, permanece inalterado ao longo do tempo. O estado de movimento ou de repouso depende do referencial que é usado, sendo por isso um estudo relativo. Um corpo pode estar em repouso, relativamente a um referencial e, ao mesmo tempo, em movimento, relativamente a outro referencial. Um dos exemplos mais comuns é utilizarmos diferentes referenciais em um ônibus em movimento, com vários passageiros em seu interior. Se utilizarmos como referencial do movimento o condutor do ônibus, responda: 1º caso Todos os passageiros que vão sentado no interior do ônibus estão em repouso ou movimento, relativamente a ele? 2º caso Se utilizarmos como referencial uma pessoa parada na calçada, todos os passageiros estão em repouso ou em movimento relativamente a essa pessoa? Cinemática é o ramo da física que procura descrever os movimentos. Neste sentido, são enfocados o estudo da posição, do deslocamento, do espaço percorrido, da velocidade e da aceleração dos corpos. Passemos, então, aoestudo desse ramo da física. UNIUBE 11 Observe que o referencial é importantíssimo para respondermos a essas questões. 1º caso Todos os passageiros estão em repouso 2º caso Todos os passageiros estão em movimento 1.3.2 Partícula (ponto material) Uma partícula é tratada como um ponto, um objeto sem dimensões, de tal maneira que rotações e vibrações não estarão envolvidas em seu movimento. Imagine só! Uma formiga é, certamente, um ponto material? Bom, apesar do seu tamanho (bem pequeno), teremos lugares e corpos os quais farão com que a formiga não seja considerada um ponto material. Então, vale ressaltar que depende do lugar e dos objetos que estão ao redor. PARADA PARA REFLEXÃO Em resumo, vamos tratar como pontos materiais (ou partículas) os corpos que tenham apenas movimentos de translação, sendo o caso mais simples a situação em que estes apresentam movimento retilíneo. 1.3.3 Posição e deslocamento A localização de uma partícula é fundamental para a análise do seu movimento. O seu movimento é completamente conhecido se a sua posição no espaço é conhecida em todos os instantes. Vamos considerar que esse movimento é composto de uma trajetória retilínea que tem como posição inicial o ponto P, com coordenada 0X , no instante 0t e posição final com coordenada x, no instante t. 12 UNIUBE O deslocamento x∆ é uma medida da diferença entre as posições: final x e inicial 0x Veja o esquema, a seguir, que ilustra bem o que definimos aqui: Temos que: 0x x x∆ = − Desse modo, podemos dizer que: - posição é o valor algébrico que um corpo pode adquirir ao longo de uma trajetória; - as mudanças de posição de um móvel, sobre uma trajetória, podem ser expressas numericamente pelo deslocamento escalar. 1.3.4 Velocidade média e velocidade escalar media A velocidade média é uma grandeza física associada à “rapidez” de uma partícula. IMPORTANTE! A velocidade de uma partícula, no geral, é a razão segundo a qual a sua posição varia com o tempo. Podemos analisar um movimento de diversas maneiras dependendo da sofisticação dos nossos instrumentos de medida. A velocidade escalar média é definida como a razão entre a distância percorrida (comprimento do “caminho descrito pelo móvel em seu movimento”) e o tempo gasto no percurso: UNIUBE 13 distV t = ∆ Se uma viagem entre duas cidades A e B distantes 120 km uma da outra durou 1,5h, nós dizemos que o percurso foi vencido com uma velocidade escalar média de 80km/h. Na vida cotidiana, essa informação é suficiente para descrever uma viagem. Já a velocidade média, por sua vez, é definida como a razão entre o deslocamento e o tempo necessário para esse evento: 0 0 x xVm t t − = − Considerações importantes: - a velocidade escalar é sempre positiva; é o módulo da velocidade sem qualquer indicação de direção e sentido; - a velocidade média representa o que aconteceu entre o inicio e o fim de uma viagem; - quando o valor da velocidade média for positivo, o movimento é classificado como progressivo e o móvel caminha a favor da trajetória; - quando o valor da velocidade média for negativo, o movimento é classificado como retrógrado e o móvel caminha contra a trajetória. 1.3.5 Velocidade instantânea Na Figura 1 a seguir, podemos observar que à medida que o intervalo de tempo t∆ diminui, o ponto 2P se aproxima do ponto 1P . Quando 0t∆ → , o ponto P2 tende ao ponto 1P , a reta que os une passa a coincidir com a própria tangente (à curva no ponto 1P ), ou seja, a reta tanv ga= . Assim, a velocidade instantânea em um dado ponto no gráfico espaço versus tempo é a tangente à curva neste ponto específico. 14 UNIUBE Figura 1: Velocidade instantânea. A velocidade instantânea V nos dá informações sobre o que está acontecendo em um dado momento. Ela é definida como: lim 0t x dxV t dt∆ → ∆ = = ∆ Conforme vimos, a velocidade média representa o que aconteceu entre o início e o fim de uma viagem. Já a velocidade instantânea, em um dado momento, representa o que aconteceu naquele momento. Relacionando as velocidades instantâneas de cada um dos momentos, temos uma informação completa de como variou a velocidade ao longo de toda a viagem. No movimento retilíneo e uniforme, a partícula se move com velocidade constante. A sua característica é que a velocidade, em qualquer instante, é igual à velocidade média. Portanto, a equação que define este tipo de movimento é: .x V t= No movimento uniforme, o móvel percorre, para intervalos de tempos iguais, espaços também iguais. Quando este movimento for, também, retilíneo podemos verificar que não existirá aceleração. Uma vez retilíneo, não existirá aceleração de forma alguma. UNIUBE 15 3- Normalmente, você gasta 10 min, de carro, para percorrer 5 mi até a faculdade em uma pista retilínea. Você sai de casa 15 min antes de as aulas começarem. Em um determinado dia, um semáforo quebrado causa-lhe um atraso, diminuindo o fluxo do tráfego para 20 mph nas primeiras 2 mi do trajeto. Nessas condições, você se atrasaria para as aulas? Vamos resolver juntos! 2 3t mi miT t t∆ = ∆ + ∆ Utilizando .x Vm t∆ = ∆ , temos: 2 2 0,1 6min 20 /mi med x mit h V mi h ∆ ∆ = = = = 3 3 mi med usual x mit V V ∆ ∆ = = 5 0,5 / min 10min total usual usual x miV mi x ∆ = = = ∆ Para 3minT∆ , vem que: 3min 3 6min 0,5 / min miT mi ∆ = = 0 2 3 12mint mi mit t t∆ = ∆ + ∆ = Conclusão: com o atraso, o percurso requer 12 min, e não apenas 10 min usuais. Uma vez que você, preventivamente, reservou 15 min para o trajeto, não chegará atrasado para as aulas. EXEMPLIFICANDO! Aceleração instantânea e aceleração média1.4 A aceleração descreve uma taxa de variação da velocidade com o tempo. A aceleração é uma grandeza vetorial. No movimento retilíneo, seu único componente diferente de zero está sobre o eixo ao longo do qual o movimento ocorre. Em um movimento retilíneo, pode referir-se tanto ao aumento quanto à redução da velocidade. Assim, a aceleração é a derivada em relação ao tempo dv dt . Uma vez que a velocidade é a derivada da posição x em relação a t. A aceleração é a segunda derivada de x relativamente a t, isto é, 16 UNIUBE ( ( / ) ² ² dv d dx dt d xa d dt dt dt = = = 1.4.1 Classificação dos movimentos • Forma da trajetória →A trajetória pode ser retilínea ou curvilínea. • Sentido do movimento → De acordo com esse critério, o movimento pode ser progressivo ou retrógrado (Quadro 2 a seguir). Quadro 2: Sentido do movimento Sentido do movimento Sinal da velocidade Tipo de movimento A favor da trajetória v > 0 Mov. Progressivo Contra a trajetória v < 0 Mov. Retrógrado Variação de rapidez (módulo da velocidade). → |v| crescente - movimento acelerado - velocidade e aceleração têm o mesmo sentido (mesmo sinal). → |v| decrescente - movimento retardado - velocidade e aceleração têm sentidos contrários (sinais diferentes). → |v| constante - movimento uniforme - aceleração escalar sempre nula. Os critérios descritos são independentes. Assim, podem ser feitas quaisquer combinações das possibilidades de um critério com as possibilidades de outro. 4 - Suponha que a velocidade Vx de um carro em qualquer instante t seja dada pela equação: Vx = 60 m/s + (0,50 m/s 3) x t2 a) Calcule a variação da velocidade média do carro do intervalo de tempo entre t1= 1,0s e t2= 3,0s. b) Calcule a aceleração média do carro nesse intervalo de tempo. c) Calcule a aceleração instantânea do carro para t1 = 1,0s, considerando ∆ t = 0,1 s. d) ∆ t = 0,01 s, ∆ t = 0,001s. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 17 Resolução: a) Para determinarmos essa letra, inicialmente achamos a velocidade em cada instante substituindo cada valor de t na equação.Para t1= 1,0s: V1x =60m/s + (0,5m/s 3)(1,0s)2=60,5m/s Para t2 =3,0 s, V2x = 60m/s +(0,5m/s 3)(3,0s)2= 64,5m/s A variação da velocidade ∆VX é dada por: 2 1x x xV V V∆ = − =64,5m/s-60,5m / s = 4,0m/s b) A aceleração média, durante esse intervalo de tempo, é: 22 1 2 1 4,0 2,0 / 2,0 x x m V Va m s t t − = = = − c) Quando 0,1t s∆ = , 2 1,1t s= e nós encontramos 2 60 (0,5)(1,1)² 60,605 / ²xV m s= + = 2 1 60,605 60,50 0,105 /x x xV V V m s∆ = − = − = 0,105 1,05 / ² 0,1 x m Va m s t ∆ = = = ∆ quando 20,01 , t =1,01st s∆ = e nós encontramos: 2 60 (0,5)(1,01)² 60,51005 /xV m s= + = 2 1 60,51005 60,50 0,01005 /x x xV V V m s∆ = − = − = 0,01005 0,1005 / ² 0,1 x m Va m s t ∆ = = = ∆ quando 20,001 , t =1,001st s∆ = e nós encontramos: 2 60 (0,5)(1,001)² 60,5010005 /xV m s= + = 2 1 60,5010005 60,50 0,0010005 /x x xV V V m s∆ = − = − = 0,105 0,010005 / ² 0,1 x m Va m s t ∆ = = = ∆ 18 UNIUBE Para analisar a variação da velocidade durante certo intervalo de tempo t, nós definimos a aceleração média deste intervalo como: 2 1 2 1 m V V Va t t t − ∆ = = − ∆ Quando queremos saber o valor da aceleração em cada instante do intervalo considerado, deveremos calcular a aceleração instantânea: lim t V dya t dx∆ →∞ ∆ = = ∆ As unidades mais utilizadas de aceleração são: No SI Outras m/s Km/h2, km/s2 etc. 5 - No instante t = 10 s, a velocidade escalar de um móvel é v = 5 m/s e, no instante t = 16 s, a velocidade escalar é v = 23 m/s. Qual é a aceleração escalar média no intervalo dado? Resolvendo juntos! 2 1 2 1 23 5 18 3 / ² 16 10 6m m V V Va a m s t t t − ∆ − = = = = ∴ = − ∆ − 3. Ao meio-dia (t =12h), um móvel parte do repouso e, às 15 horas, atinge a velocidade 20 m/s. Qual é a aceleração escalar média do móvel, em km/ h2, no intervalo referido? 4. A distância entre dois automóveis em um dado instante é de 450 km. Admita que eles se deslocam ao longo de uma mesma estrada, um ao encontro do outro, com movimentos uniformes de velocidades escalares de valores absolutos 60 km/h e 90 km/h. Determine ao fim de quanto tempo irá ocorrer o encontro e a distância que cada um percorre até esse instante. AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 19 1.4.2 Movimento com aceleração constante O movimento com aceleração constante é aquele no qual a aceleração se mantém constante durante todo o percurso em trajetória retilínea. • Equação horária da posição: 0 0 ²2 ax x V t t− = + • Equação horária da velocidade: 0 .V V a t= + Observação: podemos demonstrar uma outra equação chamada de equação de Torricelli, a única expressão independente do tempo. 2 0² 2. .V V a x= + ∆ 1.4.2.1 Uma outra visão .dva dv a dt dt = ⇒ = Fazendo a integral indefinida (ou antiderivada de ambos os membros, teremos: .dv a dt=∫ ∫ que é reduzida a: .v a dt c= +∫ em que c é uma constante de derivação. v a dt c at c= + = +∫ Para calcularmos C, fazemos t = 0, o instante para o qual 0v v= : 0 ( )(0)v a c c= + = Como 0v c= , temos 0 0v at v v v at= + ∴ = + 20 UNIUBE Para obter a equação horária, faz-se: .dx v dt= Fazendo a integral definida de ambos os membros, temos . 'x v dt c= +∫ em que c’ é outra constante de integração. Como v é constante, não pode ser colocado fora do sinal de integral. 0( ) 'x v at dt c= + +∫ Como 0v é constante, podemos escrever 0 'x v dt a t dt c= + +∫ ∫ integrando vem: 0 1 ² ' 2 x v t at c= + + 6 - Um carro a 90 km/h é freado uniformemente com a aceleração escalar de 2,5 m/s2 (em módulo) até parar. Determine a distância percorrida do automóvel, desde o início da frenagem até parar. Dados: Velocidade inicial = 90 km/h; passando para m/s; 90 25 / 3,6 m s= Velocidade final = 0 (repouso). Aceleração = -2,5 m/s2 (a aceleração é negativa, pois no movimento retardado a velocidade e a aceleração têm sinais contrários). Resolução: 2 0² 2. . (0)² (25)² 2.( 2,5). 0 625 5. 5. 625 125 V V a x x x x x m = + ∆ → = + − ∆ = − ∆ ∆ = ∆ = EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 21 7 - Uma partícula em movimento retilíneo uniformemente variado tem a seguinte equação para a sua posição, 8 27 ³x t t= − + com x em metros e t em segundos. a) Calcule a função velocidade v (t). b) Calcule a função aceleração a(t) da partícula. c) Existe algum instante para o qual v = 0? Resolvendo juntos: a) Para obtermos a função velocidade v(t), diferenciamos a função posição x em relação ao tempo. dxV dt = Portanto, derivando a equação da posição, teremos a seguinte equação para a velocidade: 27 3 ²V t= − + b) Para obtermos a função aceleração a(t), diferenciamos a função velocidade obtida anteriormente v em relação ao tempo. dva dt = Portanto, derivando a equação da velocidade, teremos a seguinte equação para a aceleração: a = 6t, com a em metros por segundo ao quadrado. c) Fazendo v(t)=0, resulta: 0 27 3 ² 3t t s= − + ∴ = ± Assim, a velocidade é nula, tanto 3 segundos antes, como 3 segundos após a leitura zero do cronômetro. 22 UNIUBE Caso você arremesse um objeto para cima ou para baixo e consiga, de alguma maneira, eliminar os efeitos do ar sobre o seu voo, esse objeto ficaria com aceleração constante chamada de aceleração de queda livre, ou aceleração da gravidade, representada por “g” (intensidade). Observações: • essa aceleração independe das características do objeto, tais como massa e forma, proposto por Galileu, que afirma que todos os corpos em um dado local caem com a mesma aceleração; • o valor de g varia ligeiramente com a latitude e com a elevação. Ao nível do mar, o valor é 9,8 m/s2, que é o que você deverá usar nos problemas deste capítulo; • as equações do movimento uniformemente variado também se aplicam à queda livre, quando o movimento ocorre na vertical tanto para cima quanto para baixo; • entretanto, preste atenção que, para a queda livre, as direções do movimento ocorrem na vertical (eixo y), em vez do eixo x. x corresponde a y a corresponde a g As três equações para o movimento de queda livre são a função horária da posição na queda livre, a função horária da velocidade na queda livre e a equação de Torricelli, na queda livre: 0 1 . ² 2 y V t g t∆ = + ; 0 .V V g t= + ; 2 0² 2. .V V a y= + ∆ Movimento na vertical1.5 • Usa-se sinal positivo na aceleração, quando o módulo da velocidade está aumentando, e sinal negativo quando o módulo da velocidade está diminuindo. • Quando um corpo parte do repouso significa que a velocidade inicial vale zero. SAIBA MAIS UNIUBE 23 • Quando um corpo é lançado para cima, no ponto mais alto da trajetória, a intensidade da sua velocidade vale zero, (momento da inversão de sentido do movimento). 8 - Uma bolinha de tênis é lançada para cima com uma velocidade de 10 m/s. Des- prezando a resistência do ar e considerando o valor da intensidade da aceleração da gravidade igual a 9,8 m/s2, calcule: a) o instante em que a bolinha atinge a altura máxima. b) a altura máxima atingida pela bolinha. Dados: velocidade inicial = 10 m/s aceleração da gravidade = 9,8m/s2 na altura máxima, temos que v=0 Cálculo do instante em que o objeto atinge a altura máxima. 0 .V V g t= − 0 10 9,8.t= − 1,02t s= b) 2 0² 2 .V V g y= − ∆ 0² 10² 2.9,8. y= − ∆ 5,10y m∆ = EXEMPLIFICANDO! 5. Uma bola é lançada em linha reta para cima. Qual é a velocidade da bola no topo de sua trajetória? Qual é sua aceleração nesse ponto? A aceleração é constante e vale 9,8 m/s2. AGORA É A SUA VEZ 24 UNIUBE 6. Uma pedra é lançada para cima com uma velocidade de 50 m/s, desprezando a resistência do ar e considerando o valor da intensidade da aceleração da gravidadeigual a 9,8 m/s2, calcule: a) o instante em que a pedra atinge a altura máxima. b) a altura máxima atingida pela pedra. Introdução ao estudo dos vetores1.6 Os vetores são usados para tratamento de conjuntos de dados que possuem as mesmas características. Uma das vantagens de se usar vetores é que o conjunto recebe um nome comum e os elementos deste conjunto são referenciados por meio de índices. Pelo nome vetor, estaremos referenciando estruturas que podem ter mais de uma dimensão, por exemplo, matrizes de duas dimensões. 1.6.1 As grandezas físicas Grandeza escalar: fica perfeitamente caracterizada pelo valor numérico e pela unidade de medida. Exemplos: volume, tempo, massa etc. Grandeza vetorial: necessita, para ser perfeitamente caracterizada, das ideias de direção e sentido, de valor numérico e de unidade de medida. Exemplo: deslocamento, velocidade, aceleração, força etc. O conjunto formado pelo valor numérico e pela unidade de medida é denominado intensidade ou módulo. Vetor: ente matemático abstrato, determinado por um conjunto de segmentos orientados, caracterizando a sua direção, o seu sentido e a sua intensidade. IMPORTANTE! UNIUBE 25 Um vetor é representado graficamente por um segmento de reta orientado (geralmente indicado por uma letra que lembra a grandeza vetorial em questão). 1.6.2 Componentes de vetor As componentes escalares (ax, ay) de qualquer vetor bidimensional ao longo dos eixos de um sistema de coordenadas (x, y) são encontradas traçando-se linhas perpendiculares da origem e da extremidade do vetor até o eixo correspondente (Figura 2). Componente horizontal do vetor: cos .cosx x a a a a θ θ= ⇒ = Componente vertical do vetor: .y y a sen a a sen a θ θ= = = O sinal algébrico de uma componente indica seu sentido ao longo do eixo associado. Dadas suas componentes, podemos encontrar o módulo e a orientação de a , com: 2 2 x ya a a= + Figura 2: Componentes escalares. 26 UNIUBE 1.6.3 Vetor velocidade e vetor aceleração Ao estudarmos a cinemática dos movimentos retilíneos, vamos trabalhar com a velocidade e a aceleração apenas de forma numérica, isto é, levando-se em consideração apenas a sua intensidade. Como já foi dito anteriormente, o sinal da velocidade indica o sentido do movimento. Vamos ver agora, separadamente, cada um deles. 1.6.3.1 Vetor velocidade O vetor velocidade possui intensidade igual ao módulo da velocidade do objeto em um determinado instante. Esse valor pode ser determinado de diferentes formas, dependendo do movimento em questão. A sua direção e o seu sentido, porém, são sempre determinados da mesma forma. Imagine uma pedra presa a um barbante colocada em rotação. Se o barbante arrebenta em um certo ponto P, ver-se-á que a pedra segue a trajetória retilínea mostrada na Figura 3, ou seja, sempre tangente a cada ponto da trajetória. módulo = igual ao módulo do vetor direção = tangente a cada ponto sentido = do movimento Figura 3: Representação da direção do vetor velocidade. Desta forma, se um patinador descreve determinada trajetória (Figura 4), o seu vetor velocidade nos pontos A, B e C, será: UNIUBE 27 Figura 4: Representação do vetor velocidade em vários pontos. 1.6.3.2 Vetor aceleração É o vetor que indica uma variação do vetor velocidade, o qual, no entanto, como toda grandeza vetorial, possui módulo, direção e sentido. Para variar tais características, o vetor aceleração é decomposto em dois outros vetores perpendiculares entre si, cada um representando um tipo específico de variação da velocidade. • Vetor aceleração tangencial ( )ta : indica variação do módulo do vetor velocidade. • • Vetor aceleração centrípeta ( )ca : indica variação da direção e sentido do vetor velocidade. a) Vetor aceleração tangencial t(a ) Indica uma variação do módulo ou intensidade do vetor velocidade. A sua direção, como o nome indica, é tangente à trajetória, do mesmo modo que o vetor velocidade. O sentido do vetor aceleração tangencial pode ser: • o mesmo do vetor velocidade, se o movimento for acelerado (Figura 5). 28 UNIUBE Figura 5: Representação da direção e do sentido do vetor aceleração tangencial no movimento acelerado. • contrário ao do vetor velocidade, se o movimento for retardado (Figura 6). Figura 6: Representação da direção e do sentido do vetor aceleração tangencial em um movimento retardado. Como o vetor aceleração tangencial mostra uma variação no módulo do vetor velocidade, ele será nulo quando o movimento for uniforme, uma vez que, neste movimento, o módulo do vetor velocidade é constante. b) Vetor aceleração centrípeta c(a ) Indica apenas uma variação da direção do vetor velocidade. A sua direção é perpendicular à direção do vetor velocidade e o sentido, como o nome indica, é em direção ao centro da curva da trajetória (Figura 7). UNIUBE 29 Figura 7: Representação da direção do vetor aceleração centrípeta. Como o vetor aceleração centrípeta indica uma mudança na direção do vetor velocidade, ele será nulo quando o movimento for retilíneo, uma vez que, neste movimento, a direção do vetor velocidade é constante. 2 = c Va R Lançamento horizontal1.7 Quando um corpo é lançado horizontalmente, ele descreve em relação ao solo uma trajetória parabólica. É o caso de lançamento de um objeto a partir de uma mesa horizontal e até mesmo o lançamento de uma bomba por um avião em movimento horizontal. O movimento é complexo, mas pode ser decomposto em dois outros movimentos mais simples e que já foram estudados anteriormente: • o movimento retilíneo uniforme (na direção horizontal); • a queda livre (na vertical). Pode-se imaginar dois movimentos simultâneos: um no eixo x (horizontal) e outro no eixo y (vertical). Ao se tratar os movimentos independentemente, podemos aplicar as equações de cada um deles, com apenas uma variável em comum: o tempo. 30 UNIUBE O tempo decorrido para que o corpo alcance o solo na vertical é o mesmo com que ele descreve o movimento na horizontal, isto é, o movimento horizontal não influi no tempo de queda do corpo. Tanto é verdade que dois corpos, um sendo lançado horizontalmente e outro, abandonado em queda livre, da mesma altura e ao mesmo tempo, ambos atingem o solo no mesmo instante. No movimento horizontal, podemos usar a equação do MRU: .X V t= No movimento vertical, podemos usar as equações da queda livre de forma reduzida, estudadas anteriormente: ². 2 ty g∆ = ; .V g t= ; ² 2. .V g y= ∆ 9 - Uma esfera rola com velocidade escalar constante de 10 m/s sobre uma mesa horizontal. Ao abandonar a mesa, ela fica sujeita à ação exclusiva da aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s2), atingindo o solo em um ponto situado a 5 m do pé da mesa. Determine: a) o tempo de queda, b) a altura da mesa em relação ao solo. Solução: a) Ao abandonar a mesa, a esfera apresenta, na direção horizontal, movimento com velocidade constante de 10 m/s. Assim: . 5 9,8. 0,51X v t t t s= ∴ = ∴ ± b)Simultaneamente ao movimento horizontal, a esfera cai de uma altura y em queda livre: . ² 9,8(0,51)² 1,27 2 2 g ty y y m= ∴ = ∴ = EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 31 O lançamento oblíquo acontece quando, a partir do solo, um corpo é lançado com uma velocidade inicial (V0), formando um ângulo (θ ) com a horizontal (neste caso, representado pelo eixo x). É o caso do lançamento de uma bala de canhão (Figura 8) ou da bola em um “tiro de meta” cobrado por um jogador de futebol ou em um arremesso de basquete. Lançamento oblíquo 1.8 Assim como o lançamento horizontal, este movimento também pode ser decomposto em dois outros movimentos mais simples, e que já foram estudados: • o movimento retilíneo uniforme (na direção horizontal); • o lançamentovertical. Um detalhe, no entanto, deve ser observado antes de se usar as equações destes movimentos. Como a velocidade inicial é inclinada em relação à horizontal, só se pode utilizar nas equações do movimento horizontal a componente horizontal da velocidade. Na vertical, o raciocínio é o mesmo. Então, para se utilizar as velocidades ini- ciais na horizontal e na vertical, deve-se efetuar o seu cálculo, com base nos conhecimentos de vetores: 0 0 cosxV V θ= 0 0yV V senθ= Figura 8: Lançamento oblíquo. 32 UNIUBE Com este cálculo efetuado, podemos utilizar as equações dos movimentos mencionados: • no eixo x, movimento horizontal - movimento retilíneo uniforme: .X V t= • no eixo y, movimento vertical - lançamento vertical: 0 .yVy V g t= + 0 0 1. . . ² 2y y y V t g t− = + 0² ² 2. .yVy V g y= + ∆ Observações: • para se determinar a distância alcançada pelo objeto (ou Alcance=A), deve-se utilizar a equação do MRU, com um tempo igual a 2t, pois 2.t é o tempo de voo do objeto; • no ponto de altura máxima, apenas a componente vertical da velocidade é nula; • no ponto de altura máxima, a componente horizontal da velocidade tem módulo constante durante todo o movimento; • o alcance máximo é atingido quando o ângulo de lançamento é 45°. 2 0 . 2V senA g θ = 7. Um corpo é atirado obliquamente em um lugar onde a resistência do ar pode ser desprezada, com velocidade inicial de 100 m/s, numa direção que forma com a horizontal um ângulo θ , tal que 0,8senθ = e cos 0,6θ = . Adotando-se a aceleração da gravidade igual a 9,8 m/s2, determine: a) a intensidade das componentes horizontal e vertical da velocidade no instante de lançamento; AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 33 Movimento circular uniforme (MCU)1.9 Diz-se que um movimento é circular quando a sua trajetória é uma circunferência ou um arco de circunferência. Exemplos: vitrola, ponteiros de um relógio, hélice de um motor. Esse movimento é chamado de uniforme por causa da sua velocidade angular, que é sempre constante (Figura 9). Neste caso, a velocidade vetorial apresenta módulo constante, mas varia em direção e sentido. O Movimento Circular Uniforme é periódico, isto é, repete-se em intervalos de tempos iguais. Este intervalo de tempo, é denominado período (T), e no caso do MCU, é o tempo gasto para o corpo em movimento completar uma volta, ou seja, retornar ao ponto de origem. Como exemplo, temos: rotação da Terra (1 ano), ponteiros das horas de um relógio (12 h), entre outros. A unidade de período no SI é o segundo (s). b) o instante em que o corpo atinge o ponto mais alto da trajetória; c) a altura máxima atingida pelo corpo. Figura 9: Representação de um MCU. 34 UNIUBE Todo movimento periódico acontece em determinado número de vezes em um dado intervalo de tempo. Temos a frequência. º( )nf t = ∆ IMPORTANTE! • A frequência tem como unidade no SI: (Hz) hertz. Podemos observar que (Hz) hertz é o mesmo que (R.P.S.) rotações por segundo, e se multiplicarmos por 60, iremos encontrar (R.P.M.) rotações por minuto. • • A relação entre frequência e período é facilmente demonstrada por: Uma vez que se trata de um movimento circular, são percorridos ângulos ao longo do tempo. A relação entre o ângulo percorrido e o tempo recebe o nome de velocidade angular, conforme equação: t θω ∆= ∆ Neste movimento, a velocidade angular é constante, uma vez que se trata de um movimento uniforme, isto é, são percorridos ângulos iguais em tempos iguais. A unidade de velocidade angular no SI é o radiano/ segundo (rad/s), mas também pode ser utilizado o grau/segundo (°/s). Uma relação importante entre velocidade angular e distância pode ser facilmente deduzida: • além de terem percorrido um ângulo, no decorrer do tempo, também é percorrida uma determinada distância. A relação entre distância percorrida e tempo já foi estudada nos movimentos retilíneos. Aqui, ela vai receber o nome de velocidade linear ou tangencial (v), para ser distinta da velocidade angular. A relação é: .V Rω= UNIUBE 35 10 - Uma partícula descreve uma trajetória circular com velocidade escalar constante em intensidade. O raio do círculo é 15 cm e a partícula completa uma volta a cada 10 s. Calcule: a) o período e a frequência, b) a velocidade angular, c) a velocidade escalar, d) a intensidade da aceleração centrípeta. Vamos resolver juntos? a) O período é T = 10s; tempo de uma volta. 1 0,1f f Hz T = ∴ = b) A velocidade é dada por: 2 0,2 /f rad sω π ω π= ∴ = c) A velocidade linear é: . 3 /V R V cm sω π= ∴ = d) A aceleração centrípeta tem intensidade: ² 0,6 / ²c Va cm s R = = EXEMPLIFICANDO! Resumo Devemos sempre nos lembrar de algumas definições: a) Referencial Qualquer corpo (ponto) tomado como referência, em relação ao qual verificaremos o movimento de outros corpos. Para uma volta completa, temos: 2 T πω = ; 2 fω π= 2 RV T π = ; 2V Rfπ= 36 UNIUBE b) Tipos de movimento 1 - Movimento unidimensional: com apenas uma coordenada conseguimos localizar o objeto. Exemplo: um carro em uma rodovia. 2 - Movimento bidimensional: neste caso, necessitamos de duas coordenadas para obter a posição do objeto (móvel). Exemplo: a localização de uma pessoa em qualquer posição na superfície da Terra. 3 - Movimento tridimensional: é necessário o conhecimento de três coordenadas para localizar o objeto. Exemplo: um satélite em órbita da Terra. c) Repouso Um objeto está em repouso quando a sua posição não varia, no tempo, em relação a um referencial adotado. d) Movimento Um objeto (móvel) está em movimento quando a sua posição varia, no tempo, em relação ao referencial adotado. e) Trajetória É a linha imaginária formada pelas sucessivas posições ocupadas pelo móvel. Exemplo: uma estrada sendo percorrida por um carro. f) Ponto material Um objeto é considerado um ponto material quando suas dimensões são consideradas desprezíveis em relação às outras grandezas envolvidas. Exemplo: o tamanho da Terra em relação à distância da Terra ao Sol. Em relação ao deslocamento, é importante lembrar: • o fato de o deslocamento ser positivo não significa que o movimento tenha sido sempre a favor da trajetória; • o deslocamento não é, genericamente, a distância percorrida. Isso só acontecerá quando o movimento for sempre no mesmo sentido e a favor da orientação da trajetória; • quando o deslocamento for nulo, isso não significa que necessariamente o corpo tenha ficado em repouso. O corpo pode ter se movido e retornado à posição inicial. UNIUBE 37 Um móvel em Movimento Uniforme (MU) apresenta deslocamentos iguais em intervalos de tempo iguais. No estudo dos movimentos variados, tem particular importância o Movimento Variado Uniformemente (MUV). Nesse tipo de movimento, também conhecido como Movimento Uniformemente Variado, a velocidade varia de uma maneira regular. IMPORTANTE! h) Movimento Uniformemente Variado (MUV) No Movimento Uniformemente Variado (MUV) têm-se, em intervalos de tempos iguais, variações de velocidades iguais. No vácuo, todos os corpos, soltos simultaneamente de uma mesma altura, chegam ao solo ao mesmo tempo e com a mesma velocidade. Isso acontece sempre, quaisquer que sejam suas massas, formatos ou material de que sejam feitos. Em queda livre, a aceleração é constante e igual para todos os corpos. Próximo à superfície de nosso planeta, a Terra, a aceleração de queda livre possui uma intensidade de, aproximadamente, 9,8 m/s2, valor que normalmente é arredondado para 10 m/s2. O símbolo g representa a aceleração de queda livre em sua plenitude, ou seja, em módulo, direção e sentido. Por outro lado, o símbolo g se refere simplesmente à intensidade (módulo) da aceleração de quedalivre (Figura 10). g) Movimento uniforme A velocidade escalar é uma constante não-nula. No movimento uniforme, é indiferente falar em velocidade escalar média ou velocidade escalar instantânea, pois a velocidade escalar é constante. 38 UNIUBE Figura 10: Movimento Uniformemente Variado (MUV) . A área compreendida pelo gráfico em um dado intervalo de tempo nos fornece o módulo do deslocamento escalar nesse intervalo. Além disso, como o movimento é sempre progressivo, o deslocamento escalar é positivo e coincide com a distância efetivamente percorrida. Em intervalos de tempo iguais e consecutivos, um móvel em queda livre percorre distâncias cada vez maiores, na proporção dos números ímpares consecutivos (1d, 3d, 5d, 7d,...) i) Lançamento vertical 1. Para baixo A diferença entre a queda livre a partir do repouso e o lançamento vertical para baixo reside nas condições iniciais: a velocidade inicial não é nula (Figura 11). UNIUBE 39 2. Para cima Vejamos, agora, o movimento de um corpo lançado verticalmente para cima com uma velocidade inicial v0, no vácuo. À medida que o corpo sobe, sua velocidade diminui uniformemente até tornar-se nula, quando então tem início a descida. Assim, temos: na subida o movimento é uniformemente retardado (Figura 12), pois a velocidade e a aceleração têm sinais diferentes; na descida, o movimento é uniformemente acelerado (velocidade e aceleração de mesmo sinal). Figura 12: Lançamento vertical para cima. 0 0x = 0 0 . ² 2 g tx x v t= + + 0 0V > 0 .v v g t= + a g= 2 0² 2 .v v g x= + ∆ Figura 11: Lançamento vertical para baixo. 40 UNIUBE j) Lançamento horizontal Movimento horizontal (direção Ox) - Se o corpo estivesse se deslocando com a velocidade inicial que lhe foi impressa, mas sem a ação da gravidade, o movimento seria horizontal retilíneo e uniforme. Nesse movimento, em intervalos de tempo iguais, o corpo tem deslocamentos iguais ( ) . O valor de depende da velocidade inicial que foi impressa ao corpo e do intervalo de tempo uniforme que consideramos; Movimento vertical (direção Oy) - Nessa direção, o móvel está em queda livre, a partir do repouso. Em intervalos de tempo iguais, medidos a partir do instante em que ele começa a cair, os deslocamentos são proporcionais aos números ímpares: 1 d, 3d, 5d, 7d,... O valor de d depende de campo gravitacional do local e do intervalo de tempo uniforme. k) Lançamento oblíquo • O estudo desse movimento é feito por meio da decomposição em duas direções: horizontal e vertical (Figura 13). Movimento horizontal (direção Ox) = Nessa direção, o movimento é retilíneo e uniforme, pois o campo gravitacional é vertical, não influindo na componente vertical do movimento. Movimento vertical (direção Figura 13: Lançamento oblíquo. UNIUBE 41 Oy) = Nessa direção, o movimento é variado uniformemente. A componente vertical da velocidade diminui uniformemente até se tornar nula, o que acontece no ponto de altura máxima e, em seguida, aumenta uniformemente até a bola atingir o solo. Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo Valdir Barbosa da Silva Júnior Welington Mrad Joaquim Introdução Capítulo 2 Nesta etapa do estudo da física, serão abordados os conceitos da dinâmica e as leis de Newton, assim como o equilíbrio dos pontos materiais. Este capítulo é composto de texto introdutório para situar o assunto que será estudado, além dos objetivos específi cos que defi nem as metas a serem atingidas ao fi nal dos seus estudos. Ao ler o conteúdo proposto, faça um resumo das principais difi culdades encontradas. A dedicação aos estudos individuais é de suma importância para o seu desenvolvimento. Bons estudos! Princípios da dinâmica e estática dos pontos materiais Ao término dos estudos propostos neste capítulo, esperamos que você esteja apto(a) a: • determinar a relação entre força, massa e aceleração; • caracterizar uma força como uma grandeza física vetorial; • determinar a força resultante de duas ou mais forças que atuam sobre um corpo; • identifi car os tipos de força, peso, força de atrito, força normal e suas aplicações; Objetivos 44 UNIUBE Esquema Força e energia 2.1 Vivemos em um universo em movimento. As galáxias, as estrelas, os planetas e os satélites se movem, o mesmo acontece com uma turbina em uma usina, as hélices de um ventilador etc. Essas e outras diversas situações são analisadas e compreendidas pelo estudo das forças. • compreender as principais operações com vetores; • entender o equilíbrio de corpos no plano e no espaço. 2.1 Força e energia 2.2 Introdução ao estudo da dinâmica 2.2.1 Força resultante 2.2.2 Equilíbrio 2.3 As leis de Newton 2.3.1 Primeira lei de Newton 2.3.2 Segunda lei de Newton 2.3.3 Terceira lei de Newton 2.4 Força peso (P) 2.5 Força normal (N) 2.6 Força de tração (T ) 2.7 Força elástica (Fe) 2.8 Força de atrito (Fat) 2.9 Estática dos pontos materiais 2.10 Forças no plano 2.10.1 Lei do paralelogramo 2.10.2 Componentes cartesianas de uma força 2.11 Equilíbrio de um ponto material 2.11.1 Forças no espaço 2.12 Equilíbrio de um ponto material no espaço → → → → UNIUBE 45 Falando em forças, não podemos deixar de mencionar a energia, pois esta desempenha um papel essencial em todos os setores da vida e é uma das grandezas mais importantes da física. O sol, a água, o vento, o petróleo e o carvão são fontes que suprem boa parte do consumo atual de energia no mundo, mas, à medida que a população do planeta cresce e os itens de conforto à disposição do homem se multiplicam, aumenta também a demanda por energia, exigindo novas alternativas e técnicas de obtenção. Introdução ao estudo da dinâmica 2.2 Em nosso dia a dia, encontramos objetos que se movem e outros que permanecem em repouso. À primeira vista, parece que um corpo está em repouso quando não existem forças atuando nele, e inicia o movimento quando uma força começa a atuar sobre ele (Figura 1). Figura 1: Força exercida no bloco. Fonte: Acervo EAD-Uniube. No desenvolvimento deste roteiro, vamos analisar o quanto essas aparências se aproximam ou se afastam da realidade. Para tanto, buscaremos nos conceitos da dinâmica, as opções para compreendê-las: Umas das grandezas mais importantes no estudo da dinâmica é a força. Como exemplo, podemos mostrar algumas situações em que as forças aparecem: 46 UNIUBE 1ª situação Objetos em queda. Por que os objetos caem? Se você respondeu pela atração da Terra, acertou! Os objetos caem porque são atraídos pela Terra. Há uma força que puxa cada objeto para baixo e que também é responsável por manter a atmosfera sobre a Terra, e por deixar a Lua e os satélites artificiais em órbita. Essa força é denominada força gravitacional. Portanto, a força gravitacional representa uma interação existente entre a Terra e os objetos que estão sobre ela (Figura 2). 2ª situação Objetos apoiados. Figura 2: Livros sobre a mesa. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Agora, analise... O livro cai? Por quê? Para que os objetos não caiam é necessário que exista uma superfície para que fiquem apoiados; neste caso, chamada de superfície de contato. Da mesma forma, a mesa sustenta o livro, para que ele não caia. UNIUBE 47 Vejam que há duas forças opostas: a força da gravidade, que puxa o livro para baixo, e uma força para cima, de sustentação, que a mesa exerce sobre o livro. Neste caso, temos a força normal. Podemos concluir que as formas pelas quais os objetos interagem uns com os outros são muito variadas.Newton conseguiu elaborar leis que permitem lidar com toda essa variedade, descrevendo essas interações como forças que agem entre os objetos. Cada interação representa uma força diferente, que depende das diversas condições em que os objetos se interagem. Mas todas obedecem aos mesmos princípios elaborados por Newton, e que ficaram conhecidos como leis de Newton. Para saber um pouco mais sobre Isaac Newton, veja o Saiba mais, a seguir. Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de janeiro de 1643- Londres, 31 de março de 1727) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. Sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada uma das mais influentes em História da Ciência. Publicada em 1687, essa obra descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica clássica. Fonte: Wikipédia (2010). SAIBA MAIS Achamos oportuno, antes de abordamos as leis de Newton, conhecermos alguns conceitos relacionados à grandeza física força: As unidades de medida de força são: (veja no Quadro 1): Quadro 1: Unidades de força: SI CGS MKS N(Newton) Dyn(dina) Kgf(quilograma-força) Em muitas situações, precisamos converter uma unidade em ou- tra. Neste caso, temos as seguintes relações: 1 Kgf = 9,8 N 1 N = 105 dyn 48 UNIUBE 2.2.1 Força resultante É uma força única que produz o mesmo efeito causado por um sistema de forças agindo em uma partícula, ou seja, é o somatório de todas as forças que agem em um corpo e fica caracterizada pela soma vetorial das forças. 1 2 3 4....RF F F F F= + + + 2.2.2 Equilíbrio Quando uma partícula mantém sua velocidade vetorial constante no decorrer do tempo, em relação a um referencial adotado, diz-se que ela está em equilíbrio em relação a esse referencial. Há, então, dois tipos diferentes de equilíbrio a serem analisados: a) equilíbrio estático: partícula em repouso (velocidade vetorial é zero); b) equilíbrio dinâmico: partícula em movimento retilíneo uniforme (velocidade vetorial é constante). O nosso conceito mais intuitivo de força surge quando empurramos ou puxamos um objeto. Ao empurrar um carrinho, ao puxar uma gaveta, ao chutar uma bola, ao dar uma cortada em um jogo de vôlei, estamos aplicando forças. A força tem intensidade, direção e sentido, ou seja, ela é uma grandeza física vetorial. Portanto, as leis de Newton são as leis que descrevem o comportamento de corpos em movimento. 2.3.1 Primeira lei de Newton A maioria dos filósofos, antes da época de Galileu, pensava que fosse necessária alguma influência ou força para manter um corpo em movimento. Supunham que um corpo em repouso estivesse em seu As leis de Newton2.3 UNIUBE 49 estado natural. Acreditavam, ainda, que para um corpo mover-se em linha reta com velocidade constante fosse necessário algum agente externo empurrando-o continuamente, caso contrário ele iria parar. Essas ideias eram falsas. Como provou-se o contrário? Foi difícil provar que os princípios que norteavam o mundo científico da época eram falsos, dada a necessidade de livrar o corpo de certas influências, como o atrito. Voltando ao pensamento de Newton, presente em nossa epígrafe, verificamos que outros estudiosos contribuíram para que ele desenvolvesse sua teoria gravitacional. Galileu, estudando o movimento de corpos em superfícies cada vez mais planas e lisas, afirmou ser necessária uma força para modificar a velocidade de um corpo, mas nenhuma força é exigida para manter essa velocidade constante. O trecho do poema de Antônio Gedeão, poeta português, explicita a contribuição de Galileu ao Renascimento científico: [...] eu queria agradecer-te, Galileu, a inteligência das coisas que me deste. Eu, e quantos milhões de homens como eu a quem tu esclareceste, ia jurar que disparate, Galileu! e jurava a pés juntos e apostava a cabeça sem a menor hesitação que os corpos caem tanto mais depressa quanto mais pesados são. [...]. (GEDEÃO, 1979) Newton, por sua vez, fez o seguinte enunciado: Um corpo tende a permanecer em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme, quando a resultante das forças que atuam sobre si for nula. Vejamos com detalhes... Sejam 1F e 2F as forças que atuam em um corpo. A resultante das forças, denominada rF , será a soma vetorial dessas forças: 50 UNIUBE 21r F F F= + Como temos 21 0rF F F+ + = , esse conjunto de forças está em equilíbrio. Figura 3: Duas forças em sentidos opostos. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Tomando por base o exposto, a que conclusão podemos chegar? Procure refletir sobre isso e faça anotações! Agora, compare sua resposta! Quando a resultante for nula, o corpo permanecerá em repouso ou se deslocará com movimento retilíneo e uniforme. 2.3.2 Segunda lei de Newton Na primeira lei de Newton, verificamos que a força resultante é zero. Porém, podemos ter situações em que a força resultante é diferente de zero. Como proceder neste caso? Figura 4: Representação da segunda lei de Newton. Fonte: Acervo EAD-Uniube. UNIUBE 51 Para essa situação, Newton fez o seguinte enunciado: A resultante das forças que atuam sobre um corpo é igual ao produto da sua massa pela aceleração com a qual ele irá se movimentar. .rF m a= 2.3.3 Terceira lei de Newton Em seus estudos, Newton verificou que uma força é apenas um aspecto da interação mútua entre dois corpos. Verifica-se, experimentalmente, que quando um corpo exerce uma força sobre outro, o segundo sempre exerce uma força no primeiro. Figura 5: Forças de ação e reação. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Assim, A B B AF F→ →= Desse modo, enunciou: Quando um corpo exerce uma força em um segundo corpo, este último reagirá sobre o primeiro com uma força de mesma intensidade e sentido contrário. IMPORTANTE! As forças de ação e reação possuem as seguintes características: • possuem a mesma natureza, ou seja, são ambas de contato ou de campo; • são forças trocadas entre dois corpos; • não se equilibram e não se anulam, pois estão aplicadas em corpos diferentes. 52 UNIUBE Vamos exercitar um pouco os conceitos vistos até agora, lembrando que não temos a condição de contemplar todas as situações nas quais são utilizados os conceitos abordados. É muito importante que você faça outros exercícios, busque em outras fontes, veja e reveja conceitos já desenvolvidos até esse momento do curso. Em cada exercício, um pensamento, uma maneira de resolver. Tente fazer as atividades propostas, antes de consultar as respostas. Não é nossa intenção lhe dar tudo pronto; nosso objetivo é ajudá-lo a construir o seu conhecimento. 1 - Temos uma situação na qual uma força é aplicada durante 2 s sobre um ponto material de 50 kg, em movimento retilíneo uniformemente variado, alterando a sua velocidade de 5 m/s para 8 m/s. Sabendo-se que a velocidade e a força possuem a mesma direção e sentido, podemos, a partir dos conceitos estudados, determine as intensidades a) da aceleração escalar, b) da força aplicada, c) do deslocamento no referido intervalo de tempo. Vamos resolver juntos? 1“ passo na resolução de um problema. O levantamento dos dados: t = 2.s m = 50kg’, 0v = 5m/s; v = 8m /s a) Para o cálculo da aceleração escalar, vamos utilizar a seguinte equação: 0 .v v a t= + 8 5 .2a= + 1,5 / ²a m s= b) Como somente existe uma força, ela é a resultante: . 50.1,5 ; 75r rF m a F N= = = c) Cálculo do deslocamento é realizado utilizando-se a equação de Torricelli: 2 0² 2. . 8² 5² 2.1,5. 13v v a x x x m= + ∆ → = + ∆ → ∆ = EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 53 Vimos que todos os corpos nas proximidades da superfícieda Terra ou de qualquer outro corpo celeste ficam sujeitos à ação de uma força de campo gravitacional denominada força peso ou, simplesmente, peso (P). Tal força atua sempre no sentido de aproximar os corpos em relação à superfície. Força peso ( )P 2.4 Figura 6: Ação da força peso na Terra. Fonte: Acervo EAD-Uniube. O peso de um corpo na Terra: • aumenta do Equador para os polos por dois motivos, sendo o primeiro: o achatamento nos polos (a Terra não é uma esfera perfeita); e o segundo: por causa também da ação da força centrífuga da rotação da Terra que “empurra” os corpos para fora, reduzindo o seu peso (força que causa o achatamento polar dentre outros efeitos naturais); • diminui quando a altitude do lugar aumenta. Vejamos como calcular a intensidade da força peso... • 1. Submete-se um corpo de massa 5000 kg à ação de uma força constante que, a partir do repouso, imprime-lhe a velocidade de 72 km/h ao fim de 40 s. Com base nessas informações, determine: a) a intensidade da força, b) a distância percorrida nos 40 s. AGORA É A SUA VEZ 54 UNIUBE Lembrando que peso e massa são grandezas físicas diferentes. Sendo m a massa do corpo e g a aceleração gravitacional, o peso é determinado pela seguinte equação. IMPORTANTE! .P m g= A intensidade do peso varia de acordo com o valor da aceleração gravita- cional, mas a massa do corpo mantém-se constante, independentemente do local onde está. Neste sentido, temos. peso ⇒ variável massa ⇒ constante PARADA PARA REFLEXÃO 2 - Uma bola de boliche de massa 2,0 kg, em um local de g = 10 m/s2, é puxada, verticalmente, para cima por uma força constante F, de intensidade igual a 30 N. Calcule: a) o peso da bola de boliche, b) a aceleração resultante. Vamos resolver juntos? Retirando os dados do problema: m = 2,0 kg g = 10 m/s2 F = 30 N a) Calculando o peso da bola de boliche pela seguinte relação: . 2.10 20P m g P P N= → = ∴ = EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 55 b) Como F > P, a força e a aceleração resultantes terão direção vertical e sentido para cima; então: . 30 20 2. 5 / ²F P m a a a m s− = → − = ∴ = João tem massa corporal igual a 60 kg. Calcule o peso de João em duas localida- des diferentes: a) Em Belém, onde a aceleração da gravidade é 9,83 m/s2. b) Em Santos, onde a aceleração da gravidade vale 9,80 m/s2. AGORA É A SUA VEZ Força normal ( )N 2.5 Vamos voltar ao exemplo do livro sobre a mesa. Sempre que uma superfície comprime outra, há uma componente de força perpendicular a elas denominada força normal ( )N . Figura 7: Representação da força peso e normal. Fonte: Acervo EAD-Uniube. As forças normais aparecem quando um corpo toca o outro. Vejamos os seguintes exemplos: • um chute em uma bola; • uma pedra atingindo uma vidraça etc. 56 UNIUBE Atenção: as forças normais de contato também aparecem em situações em que sua presença não é tão visível. Quando algum objeto ou pessoa se apoia sobre uma superfície, ela força esta superfície para baixo. Por outro lado, a superfície sustenta a pessoa aplicando em seus pés uma força para cima. Essa é a força normal. IMPORTANTE! Força de tração ( )T 2.6 Para entendermos essa força, vamos analisar a seguinte situação. Figura 8: Ação da força de tração. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Note que existe uma força trocada entre um corpo e o fio. Temos aí a chamada força de tração, e sua ação é sempre no sentido de o fio puxar o corpo (o fio esticado nunca empurra o corpo). Força elástica ( )eF 2.7 Essa força também está presente em muitas situações de nosso cotidiano. Veja um exemplo corriqueiro: quando uma pessoa veste uma bermuda, ou uma calça de elástico, provoca uma deformação ao esticá- la. Ao retirar a bermuda ou a calça, o elástico tende a voltar ao seu estado normal. UNIUBE 57 Por que isso acontece? Esse é um questionamento comum e muito simples de ser respondido. Dizemos, neste caso, que existe uma força elástica atuando sobre a calça, fazendo-a voltar ao seu estado inicial. Veja como é a atuação dessa força. Uma força que surge em molas e elásticos, quando estes sofrem certa deformação, atua de sentido oposto à sua deformação. Figura 9: Representação bloco-mola. Fonte: Acervo EAD-Uniube Podemos, agora, enunciar a lei de Hooke. Em regime de deformação elástica, a intensidade da força elástica é proporcional à deformação x produzida. .eF K X= ∆ Em que K = constante elástica, que é uma característica de cada corpo. As unidades de medida da força elástica são: Quadro 2: Unidades da constante elástica SI CGS Outras N/m Dyn/cm N/cm;Kgf/m etc. 58 UNIUBE Força de atrito ( atF )2.8 Veja a Figura 10 a seguir. Figura 10: Força de atrito. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Sempre que a superfície de um corpo escorrega sobre outro, cada corpo exerce sobre o outro uma força paralela às superfícies. Essa força é inerente ao contato entre as superfícies e a chamamos de força de atrito. • Características importantes: I - a força de atrito sobre cada corpo tem sentido oposto ao seu movimento em relação ao outro corpo; II- as forças de atrito que atuam entre superfícies em repouso relativo são chamadas de forças de atrito estático, em contraposição às forças de atrito cinético que acontecem entre superfícies que têm movimento relativo; III- existe atrito entre superfícies em repouso quando acontece uma tendência ao movimento. Imagine um tijolo parado em uma ladeira (plano inclinado). Nesta situação, há uma tendência ao movimento, mas a força de atrito entre as superfícies em contato mantém o tijolo em repouso. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 59 Temos a força de atrito estático e a força de atrito cinético. Vejamos como diferenciá-las... A força de atrito estático máxima entre duas superfícies será igual à força mínima necessária para iniciar o movimento relativo. Iniciado o movimento, as forças de atrito que atuam entre as superfícies usualmente decrescem, passando a atuar a força de atrito cinético, de modo que uma força menor será suficiente para manter o movimento. Em síntese: Força de atrito estático => o corpo permanece parado. Força de atrito cinético => o corpo está em movimento. Algumas conclusões a respeito do atrito Algumas leis empíricas para o atrito estático máximo entre superfícies: 1. Sempre que a superfície de um corpo escorrega sobre outro, cada corpo exerce sobre o outro uma força paralela às superfícies. Essa força é inerente ao contato entre as superfícies e a chamamos de força de atrito. A força de atrito sobre cada corpo tem sentido oposto ao seu movimento em relação ao outro corpo. 2. A força de atrito estático máxima entre duas superfícies será igual à força mínima necessária para iniciar o movimento relativo. 3. Iniciado o movimento, as forças de atrito que atuam entre as superfícies usualmente decrescem, pois entra em ação a força de atrito cinético, de modo que uma força menor será suficiente para manter o movimento. 4. A força de atrito independe da área de contato entre o corpo e a superfície que o suporta. Quanto maior a área de contato, menor a pressão que o corpo exerce sobre a superfície. Esse fato significa que a força necessária para arrastar um tijolo metálico sobre uma mesa metálica é a mesma, não importando qual a face do tijolo esteja em contato com a mesa. Podemos entender esse resultado, 60 UNIUBE considerando que a área microscópica de contato será a mesma em ambas as situações. 5. A força de atrito é proporcional à força normal que a superfície exerce sobre o corpo considerado. A normal é proporcional à quantidade de microssoldas que existirão entre as superfícies. Cálculo da força de atrito. .atF Nµ= Em que: N = força normal. µ = coeficiente de atrito. O coeficiente de atrito é uma grandeza adimensional, não possuindo unidade de medida; seu valor depende do estado de polimento das superfícies em contato. Para exemplificar: uma pessoa, ao caminhar na areia, percebe uma força de atrito maior do que ao caminhar em um piso de cerâmica, pois os coeficientes de atrito são diferentes. A força de atrito é uma força tangencial à trajetória e tem sempre o sentido oposto ao do movimento ou à tendência de movimento. SAIBA MAIS 3 - Um bloco de 20 kg é arrastado por uma força F horizontal e constante, cuja intensidade é de 160 N. Sabe-se que a velocidade é mantida constante. Dado g = 10 m/s2, calcule o coeficiente de atrito entre o bloco e a superfície de apoio, também horizontal. Vamos resolver juntos? EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 61 Para que a velocidade seja constante, já sabemos que a força resultante deve ser nula. Neste caso, temos. 0rF = 160F N= 0at atF F F F− = ⇒ = sendo 20.10 200N P N= = = .atF Nµ= temos que: 160 .200 0,8µ µ= ∴ = Figura 11: Bloco que é arrastado por uma força F horizontal e constante. 3. Arrasta-se um corpo de massa igual a 1500 kg sobre um plano horizontal rugoso, em movimento uniforme, mediante uma força horizontal de intensidade 750 N. Qual é o coeficiente de atrito dinâmico entre o corpo e o plano? Para resolver, considere g = 10 m/s2. 4. Um carro de massa 800 kg, movendo se a 20m/s, freia bruscamente e para em 5,0s. AGORA É A SUA VEZ 62 UNIUBE a) Qual é o módulo da aceleração do carro durante a frenagem? b) Calcule o módulo da força de atrito que atua no carro durante a frenagem, supondo-a constante. 5. Uma força horizontal de 50 N atua sobre um bloco A, de massa igual a 10kg, em um plano horizontal. A aceleração resultante do bloco é 2,5 m/s2. Considerando g = 10 m/s2, calcule: a) a força normal, b) a força de atrito, c) o coeficiente de atrito cinético. Estática dos pontos materiais2.9 A análise do comportamento de corpos em repouso ou em movimento, sob a ação de forças, é feita por meio da mecânica e é aplicada em várias áreas das engenharias e em outras áreas das ciências exatas. Os corpos são divididos em sólidos, líquidos e gases. IMPORTANTE! Os sólidos podem ser considerados rígidos ou deformáveis, dependendo da sua aplicação. São estudados nas disciplinas de mecânica geral e resistência dos materiais. Os líquidos e gases são estudados na mecânica dos fluidos, e podem ser considerados como compressíveis e incompressíveis. Desde a época antes de Cristo, já havia aplicações de mecânica como, por exemplo, os canais de irrigação entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia. Arquimedes (285-213 a.C.) estudou a flutuação de corpos submersos, enunciando alguns princípios da hidrostática. Já mais UNIUBE 63 recentemente, Newton (1642-1727) apresentou uma formulação mais satisfatória por meio de seus princípios, e suas equações tornaram-se a base para o estudo da mecânica e suas aplicações dia a dia. Atualmente, por causa da complexidade de alguns fenômenos relacionados ao comportamento dos sólidos, análises teóricas e experimentais ainda são realizadas em conjunto. Mesmo com o advento do computador digital, que facilitou a resolução numérica de várias equações, a utilização de laboratórios para a obtenção de alguns parâmetros ainda é necessária. Na modelagem do comportamento de um sólido sujeito à ação de forças, um conjunto de grandezas consideradas fundamentais corresponde à massa, ao comprimento e ao tempo, formando um sistema de base MLT. O padrão de medida dessas grandezas corresponde, respectivamente, ao quilograma, ao metro e ao segundo, formando o sistema MKS. Existem outros sistemas, em que as grandezas de base podem corresponder à força, ao comprimento e ao tempo, formando a base FLT, e suas unidades seriam, respectivamente, o quilograma-força, o metro e o segundo, formando o sistema MK*S. Neste roteiro, vamos trabalhar com o sistema de base MLT. Abordaremos, na sequência, alguns conceitos e fundamentos básicos para o melhor entendimento da teoria referente à mecânica dos sólidos. Faremos, inicialmente, uma abordagem sobre as forças no plano e no espaço e, em seguida, sobre a análise da estática dos pontos materiais (as dimensões dos sólidos não afetam a solução dos problemas) no plano e no espaço. Forças no plano2.10 A força é uma grandeza vetorial, pois ela possui módulo, direção e sentido, como ilustrado na Figura 12, a seguir. 64 UNIUBE Figura 12: Força: módulo, direção e sentido. O módulo da força corresponde à sua intensidade e vale 20 N. A sua direção é a inclinação de 40° e o sentido é representado pela seta. Quando se tem duas ou mais forças aplicadas no mesmo ponto, existem técnicas para substituí-las por apenas uma força (resultante) que cause o mesmo efeito das demais. No item seguinte, apresentamos a lei do paralelogramo e as componentes cartesianas de uma força. 2.10.1 Lei do paralelogramo Considere duas forças: 1F e 2F atuando no ponto A, como ilustrado na Figura 13. Figura 13: Força resultante pela lei do paralelogramo. Observe que a força resultante R é a soma das duas forças 1F e . Para o cálculo do módulo, da direção e do sentido da resultante, utilizam-se relações trigonométricas, como mostra o exemplo, a seguir. Leia-o com atenção. UNIUBE 65 Determine o módulo, a direção e o sentido da força resultante aplicada no ponto A, da Figura 14, a seguir: Aplicando-se a regra do paralelogramo: Figura 15: Aplicação da regra do paralelogramo. Vamos analisar o triângulo seguinte e encontrar a resultante por meio de relações trigonométricas: Figura 14: Forças aplicadas no ponto A. 66 UNIUBE Figura 16: Encontrando a resultante por meio de relações trigonométricas. Observe que: 180º 20º 160ºα α= + ⇒ = Para o cálculo do módulo da força resultante, vamos usar a lei dos cossenos. 2 2 2 2 1 2 12. . .cos( )RF F F F F α= + − ² 30² 50² 2.30.50.cos(160º ) 78,86R R N= + − ⇒ = Para o cálculo da direção da resultante, vamos usar a lei dos senos. Figura 17: Cálculo da direção da resultante. UNIUBE 67 78,86 50 12,52º (160º ) ( )sen sen β β = ⇒ = Logo, a direção da resultante com a horizontal vale: 12,52º 30º 42,52º+ = Realize a atividade a seguir tendo como base o exemplo apresentado anteriormente. 6. Determine o módulo, a direção e o sentido da força resultante aplicada no ponto A, utilizando a lei do paralelogramo. AGORA É A SUA VEZ Figura 19: Forças aplicadas no ponto A. Figura 18: Direção da resultante. 2 200F N= 68 UNIUBE 2.10.2 Componentes cartesianas de uma força Normalmente, para se encontrar a resultante das forças em um ponto, o método de decomposição dessas forças em duas componentes é mais desejável do que aplicar a lei do paralelogramo. Uma determinada força pode ser decomposta em duas componentes em um plano cartesiano, como mostra a Figura 20. Figura 20: Componentes da força nos eixos x e y. Os valores das componentes xF e yF valem, respectivamente: .cosxF F θ= (1) .yF F senθ= (2) Observe que θ é o ângulo formado entre a força resultante e um dos eixos coordenados. As componentes da força F também podem ser acompanhadas pelos vetores unitários i e j que correspondem, respectivamente, aos eixos x e y, como mostram as equações a seguir: x xF F i= (3) y yF F j= (4) Finalmente, a força F pode ser representada pela equação: x yF F i F j= + (5) UNIUBE 69 O módulo da força resultante pode ser calculado, aplicando o Teorema de Pitágoras: 2 2 x yF F F= + (6) Aproveitando oexemplo da Figura 20, vamos novamente encontrar o módulo, a direção e o sentido da força resultante, utilizando a técnica de decomposição de forças (Figura 21). Figura 21: Forças aplicadas no ponto A. Primeiramente, vamos encontrar as componentes nos eixos x e y da força 1F e, em seguida, para a força 2F Força 1F : note que o ângulo formado entre essa força e o eixo é de 50°. Assim: .cos 50.cos(50º ) 32,14x x xF F F F Nθ= ⇒ = ⇒ = . 50. (50º ) 38,30y y yF F sen F sen F Nθ= ⇒ = ⇒ = Podendo, ainda, escrever: 1 32,14 38,30F i j= + Realizando o mesmo procedimento para a força 2F : .cos 30.cos(30º ) 25,98x x xF F F F Nθ= ⇒ = ⇒ = . 30. (30º ) 15,00y y yF F sen F sen F Nθ= ⇒ = ⇒ = 1 50F N= 70 UNIUBE Então, temos da mesma forma: 2 25,89 15,00F i j= + A resultante das forças nos eixos x e y valem, respectivamente: 32,14 25,98 58,21xR N= + = e 38,30 15,00 53,30yR N= + = Podendo, da mesma forma, escrever: 58,12 53,30R i j= + O módulo da força resultante vale: 2 2² 58,12² 53,30² 78,86x yR R R R N= + ⇒ = + = A direção da força resultante vale: 53,30 0,9171 42,52º 58,12 x y Rtg tg R θ θ θ= = = = ⇒ = 7. Determine o módulo, a direção e o sentido da força resultante aplicada no ponto A, utilizando a técnica de decomposição de forças. AGORA É A SUA VEZ Figura 22: Forças aplicadas no ponto A. UNIUBE 71 Equilíbrio de um ponto material2.11 Vimos, anteriormente, como encontrar a resultante de duas ou mais forças aplicadas em um ponto. Agora, vamos estudar casos em que a resultante das forças é nula, podendo afirmar que o corpo sujeito à ação dessas forças está em equilíbrio. Por exemplo: Um automóvel parado em uma estrada encontra-se em equilíbrio estático e um automóvel em movimento, com velocidade vetorial constante em uma pista horizontal, encontra-se em equilíbrio dinâmico. Em qualquer um deles, as forças estão equilibradas, o que significa dizer que a força resultante é nula. Iniciaremos com as situações nas quais os corpos podem ser representados,por um único ponto. Esse ponto é o centro de massa do corpo e nele podemos imaginar que esteja concentrada toda a sua massa. Nessas condições, esse ponto recebe o nome de ponto material. Um corpo é considerado como um ponto material quando suas dimensões (tamanho e forma) não afetam significativamente a solução dos problemas envolvidos. Sendo assim, todas as forças que estão atuando sobre esse corpo podem ser consideradas como atuando em apenas um ponto. Para a solução de problemas que envolvem esse assunto, utilizam-se as equações definidas anteriormente, e deve-se respeitar a seguinte condição: 0R F= =∑ (7) Podendo, ainda, escrever a equação anterior em termos de suas componentes: ( ) 0 ( ) ( ) 0 0x y x yF i F j F i F j i j+ = ⇒ + = +∑ ∑ ∑ (8) Finalmente: 72 UNIUBE 0xF =∑ (9) 0yF =∑ (10) Compreendidas as equações apresentadas anteriormente, vamos fazer o exemplo seguinte? 4- Determine a força de tração nos cabos AC e BC da Figura 23, a seguir, considerando que o objeto de 50kg está em equilíbrio. Adote aceleração igual a 9,8m/s² EXEMPLIFICANDO! Figura 23: Forças aplicadas no ponto C. UNIUBE 73 Fazendo o diagrama de corpo livre, temos: No qual: W é a força peso e vale: 50.9,8 490P W mg N= = = = Aplicando as equações (9) e (10), temos: 0 .cos(30º ) .cos(40º ) 0xF BC AC= ⇒ − =∑ 0 . (40º ) . (30º ) 0yF AC sen BC sen W= ⇒ + − =∑ Resolvendo o sistema, temos: 451,59AC N= e 399,45BC N= Uma vez entendido o exemplo anterior, resolva a atividade a seguir. 8. Determine o módulo, a direção e o sentido da força resultante aplicada no ponto A, utilizando a técnica de decomposição de forças. AGORA É A SUA VEZ Figura 24: Diagrama de corpo livre. 74 UNIUBE Figura 25: Forças aplicadas no ponto C. 2.11.1 Forças no espaço Vimos, nas seções anteriores, a representação de vetores no plano. Neste item, estudaremos os vetores no espaço como ilustrado na Figura 26, a seguir. Figura 26: Vetor força no espaço O vetor F forma os ângulos xθ , yθ e zθ , respectivamente, com os eixos x, y, e z. Projetando esse vetor nos eixos coordenados, encontra-se xF , yF e zF pelas equações: .cos( )x xF F θ= (11) .cos( )y yF F θ= (12) .cos( )z zF F θ= (13) UNIUBE 75 A representação das componentes do vetor é ilustrada na Figura 27, a seguir. Figura 27: Componentes do vetor força no espaço. O vetor F pode ser projetado no plano xz encontrando o vetor hF como ilustrado na Figura 28, a seguir: Figura 28: Componente do vetor força no plano xz. O vetor hF é obtido pela equação: . ( )h yF F sen θ= (14) 76 UNIUBE As componentes xF , yF e zF também podem ser calculadas pelas equações: .cos( )x hF F ϕ= (15) .cos( )y h yF F θ= (16) . ( )z hF F sen ϕ= (17) Substituindo a equação (14) nas equações (15) e (17), encontram-se: . ( ).cos( )x yF F sen θ ϕ= (18) . ( ). ( )z yF F sen senθ ϕ= (19) 5-Uma força de 400 N forma ângulos de 30°, 40° e 70°, respectivamente, com os eixos x, y e z. Calcule xF , yF , zF e hF Para solucionar esse problema, precisamos aplicar as seguintes equações: .cos( ) 400.cos(30º ) 346,41 xx x x F F F F Nθ= ⇒ = ⇒ = .cos( ) 400.cos(40º ) 306,42 yy y y F F F F Nθ= ⇒ = ⇒ = .cos( ) 400.cos(70º ) 136,81 zz z z F F F F Nθ= ⇒ = ⇒ = .cos( ) 400. (40º ) 257,12 hh y h F F F sen F Nθ= ⇒ = ⇒ = EXEMPLIFICANDO! 9. A componente de uma força de 300 N no plano xz vale 260 N e seu ângulo formado com o eixo x é de 30°, como mostra a Figura 29. Calcule xF , yF e zF AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 77 Figura 29: Componente do vetor força no plano xz Dando continuidade às equações já demonstradas, podemos escrever ainda: 2 2² y hF F F= + (20) 2 2 2 h x zF F F= + (21) Substituindo a equação (21) na equação (20): 2 2 2² x y zF F F F= + + (22) Podemos escrever: x y zF F i F j F k= + + (23) Substituindo as equações (11), (12) e (13) na equação (23): .cos( ) .cos( ) .cos( )x y zF F i F j F kθ θ θ= + + (24) Colocando o vetor F em evidência: .[cos( ) cos( ) cos( ) ]x y zF F i j kθ θ θ= + + (25) 78 UNIUBE Fazendo: cos( ) cos( ) cos( )x y zi j kλ θ θ θ= + + (26) Temos: .F F λ= (27) Em que λ é um vetor unitário e seu módulo vale: | | cos( ) cos( ) cos( )x y zλ θ θ θ= + + (28) Podemos escrever: cos( ) cos( ) cos( ) 1x y zθ θ θ+ + = (29) Em muitas aplicações, a direção de uma força F pode ser definida pelas coordenadas de dois pontos no espaço por certa distância entre eles. Essa distância entre dois pontos também pode ser representada por seus componentes xd , yd , zd , e o vetor unitário λ que pode ainda ser escrito na forma: 1 ( )x y zd i d j d kd λ = + + (30) em que 2 2 2² x y zd d d d= + + (31) Para facilitar o entendimento do que foi exposto, vamos apresentar o seguinte exemplo: 6 - Uma estrutura vertical é sustentada por um cabo, como está ilustrado na Figura 30. Sabendo-se que a força de tração nesse cabo é de 3000 N, determine as componentes xF , yF e zF dessa força. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 79 Figura 30: Estrutura vertical sustentada por um cabo. Primeiramente, devemos definir as origens dos eixos cartesianos para encontrarmos as distâncias xd , yd e zd . Escolhendo o ponto onde toca o solo, temos: Figura 31: Escolhendo o ponto onde o cabo toca o solo. Sendo assim, temos:dx = -40m; dy = 100m e dz = 15m. O valor correspondente de d vale: 2 2 2² ² ( 40)² 100² 15² 108,74x y zd d d d d d m= + + ⇒ = − + + ⇒ = Calculando o valor de : 1 1( ) . .( 40 100 15 ) 0,368 0,920 0,138 108,74zx d i d k i j k i j k d λ λ λ= + ⇒ − + + = = − + + Calculando o valor de F : . 3000.( 0,368 0,920 0,138 ) 1103,52 2758,52 413,82F F F i j k F i j kλ= ⇒ = − + + ⇒ = − + + 80 UNIUBE Logo temos: 1103,52xF N= − 2758,80yF N= 413,82zF N= Uma vez entendido o exemplo apresentado, resolva a atividade, a seguir. A estrutura vertical da Figura 32 é sustentada por um cabo. Sabendo-se que a força de tração nesse cabo é de 5000N determine as componentes Fx, Fy, Fz dessa força, e os ângulos xθ , yθ e zθ . AGORA É A SUA VEZ Figura 32: Estrutura vertical sustentada por um cabo. Equilíbrio de um ponto material no espaço2.12 O mesmo procedimento realizado para casos em que a resultante das forças é nula no plano pode ser aplicado para forças no espaço, como mostra as equações a seguir. 0F =∑ (32) UNIUBE 81 Podendo, ainda, escrever a equação anterior em termos de suas componentes: ( ) 0 ( ) ( ) ( ) 0 0 0x y z x y zF i F j F k F i F j F k i j k+ + = ⇒ + + = + +∑ ∑ ∑ ∑ (33) Finalmente: 0xF =∑ (34) 0yF =∑ (35) 0zF =∑ (36) Resumo Neste capítulo, vimos definições que relacionam o estudo da mecânica com o estudo da dinâmica, aplicando as leis de Newton e as condições de equilíbrio de um corpo. a)Das leis de Newton: • Princípio da inércia (1a lei de Newton) Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento, ou seja, na ausência de forças externas, um objeto em repouso permanece em repouso, e um objeto em movimento permanece em movimento. Podemos ainda dizer o que a 1a lei de Newton define para força: agente físico capaz de produzir aceleração. Isto é, capaz de alterar o estado de repouso ou de movimento dos corpos. • Princípio fundamental da dinâmica (2a lei de Newton) A força resultante que age em um ponto material é igual ao produto da massa desse corpo pela sua aceleração. Também estudada por Galileu pode ser escrita matematicamente da seguinte forma: .rF m a= 82 UNIUBE Em que: rF = força aplicada, m = massa do corpo, a = aceleração do corpo. • Princípio da ação e reação (3a Lei de Newton) Se um objeto exerce uma força sobre outro objeto, este outro exerce uma força de mesma intensidade, de mesma direção e em sentido oposto. Newton propôs que toda força de ação estava associada a uma força de reação, assim, numa interação entre dois corpos teremos um par de forças. É importante lembrar que as forças de ação e reação estão aplicadas em corpos distintos e, portanto, nunca se equilibram. As leis de movimento de Newton explicam o movimento de carros, aviões ou quaisquer outros objetos no espaço. AB BAF F= − b) Plano Inclinado Figura 33: Representação de forças. Fonte: Acervo EAD-Uniube. UNIUBE 83 .tP P senθ= .cosnP P θ= c) Força de atrito Figura 34: Representação da fat. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Existem dois tipos de força de atrito: força de atrito estático e força de atrito cinético ou dinâmico. Tanto um quanto o outro estão sempre contrários à tendência de movimento ou à movimentação dos corpos. • Força elástica Força restauradora, ou força elástica da mola: constatamos que ela existe porque, se pararmos a deformação, isto é, se deixarmos de exercer sobre a mola a força deformadora, a mola volta ao seu estado inicial, e normal, retomando as suas dimensões iniciais. Isso nos permite concluir que existe a atuação de uma força no sentido de restabelecer as dimensões iniciais da mola, e que se chama força elástica da mola: .eF K X+ ∆ d)Equilíbrio dos corpos rígidos As forças exteriores que atuam em um corpo rígido podem ser reduzidas, em qualquer ponto O, a um sistema equivalente força-binário. Quando a força e o binário são ambos nulos, as forças externas constituem um sistema equivalente a zero e diz-se que o corpo rígido está em equilíbrio. .atF Nµ= 84 UNIUBE As condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido são: 0F =∑ e 0pM =∑ , - o que faz com que não tenha movimento de translação nem movimento de rotação, por isso, não tem graus de liberdade. Referências EDEÃO, Antonio. Poema para Galileu. Revista Brasileira de Ensino de Física,v.1,1,p.61-03,jan.1979.Disponivel em:http://www.sbfisica.org,br/ rbef/indice.php?vol=1&num=1. Acesso em: 25 de jan. 2010. WIKIPÉDIA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Isaac Newton. Disponivel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_Newton>. Acesso em: 25 jan. 2010 Robson Humberto Rosa Valdir Barbosa da Silva Júnior Introdução Capítulo 3 Estamos dando continuidade ao nosso estudo de física com uma prévia do que é trabalho e energia. Esperamos iniciar este estudo contando com seu interesse, sua dedicação e sua disponibilidade para enfrentar novos desafi os. Como você já sabe, é muito importante que tenha bom domínio do material e do conteúdo estudado anteriomnente, pois a física se constitui em uma rede em que alguns fi os sustentam outros, e todos se entrelaçam. Por isso, toda vez que você encontrar difi culdade em algum ponto, volte, reveja, reforce! Só assim nossa rede terá sustentabilidade. Neste momento, vamos ampliar e fortalecer nossos conhecimentos. Trabalho e energia Ao término dos estudos propostos neste capítulo, espera-se que você esteja apto(a) a: • determinar o trabalho de uma força constante e de uma força variavel; • explicar o signifi cado físico de potência de uma máquina; • reconhecer a energia como algo indispensável ao funcionamento da vida social e que essa dependência vem crescendo progressivamente ao longo da história humana; Objetivos 86 UNIUBE 3.1 Trabalho de uma força 3.2 Movimento em uma dimensão com força variável 3.3 Trabalho da força elástica 3.4 Potência 3.5 A energia no cotidiano 3.5.1 Energia solar 3.5.2 Energia nuclear 3.5.3 Energia eólica 3.5.4 Energia mecânica 3.6 Princípio da conservação da energia 3.7 Energia cinética 3.8 Teorema da energia cinética 3.8.1 Trabalho de uma força constante 3.9 Energia potencial 3.9.1 Energia potencial gravitacional 3.9.2 Energia potencial elástica Esquema • aplicar o conceito de energia e suas propriedades para compreender situações envolvendo energia associada ao movimento de um corpo; • explicar a energia potencial gravitacional como uma forma de energia associada à configuração do sistema Terra-corpo e que ela corre por causa da atração gravitacional entre as massas do sistema; • aplicar o conceito de energia e suas propriedades para compreender situações envolvendo molas ou outros corpos elásticos; • relacionar diferentes formas de energia. UNIUBE 87 Trabalho de uma força3.1 Podemos definir trabalho como a capacidade de produzir energia. Se uma força executou um trabalho W sobre um corpo, ele aumentou a energia desse corpo de W. Embora seja uma definição simples, algumas vezes ela parece não estar de acordo com o nosso entendimento cotidiano de trabalho. No dia a dia, consideramos trabalho tudo aquilo que nos provoca cansaço; já, na física, se usa um conceito mais específico. Para entendermos o conceito de trabalho do ponto de vista dos estudos da física, vamos nos valer de algumas situações. Vamos a elas. Movimento em uma dimensão com força constante (Figura 1): Figura 1: Bloco sendo arrastado. Fonte: Acervo EAD-Uniube. O trabalho realizado por uma força constante é definido como o produto do deslocamento sofrido pelo corpo, vezes a componente da força na direção desse deslocamento..xW F x= ∆ Mas a componente horizontal pode ser escrita como: .cosxF F θ= 88 UNIUBE Assim, a equação para calcularmos o trabalho fica da seguinte forma: . .cosW F x θ= ∆ Em que: θ = é o ângulo que a força faz com a direção do deslocamento. x∆ = é o deslocamento do corpo. Se você carrega uma pilha de livros ao longo de um caminho horizontal, a força que você exerce sobre os livros é perpendicular ao deslocamento, de modo que nenhum trabalho é realizado sobre os livros por essa força. Esse resultado é contraditório com as nossas definições cotidianas sobre força, trabalho e cansaço! PARADA PARA REFLEXÃO • Força F = perpendicular ao deslocamento (cos 90° = 0), logo W = 0 • Força F = mesma direção e mesmo sentido do deslocamento (cos 0o = 1) Dizemos que o trabalho realizado é motor, pois: 0º 90ºθ≤ ≤ , logo .W F x= ∆ • Força F mesma direção, mas de sentido oposto ao deslocamento (cos 180° =-1), dizemos que o trabalho é resistente, pois 90º 180ºθ< ≤ , logo .W F x= − ∆ Movimento em uma dimensão com força variável3.2 Para calcular o trabalho de uma força variável, vamos analisar o gráfico a seguir, que expressa a força em função do deslocamento. UNIUBE 89 Figura 2: Gráfico força X deslocamento. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Quando uma força variável está atuando sobre um corpo que atua na direção do deslocamento, o trabalho executado por essa força é igual à área abaixo dessa curva. w= Area; é a área da figura dada. Mas como calcular essa área se a curva tem uma forma genérica, em princípio? Neste caso, vamos nos aprofundar um pouco, recorrendo ao cálculo integral. ( )f i x xW F x dx= ∫ Figura 3: Força X deslocamento e o cálculo integral. Fonte: Acervo EAD-Uniube. 90 UNIUBE Trabalho da força elástica3.3 Vamos analisar o movimento de um sistema composto por um bloco de massa m que está sobre uma superfície horizontal sem atrito, e tem preso a si uma mola. A outra extremidade da mola está fixa. Figura 4: Bloco-mola. Fonte: Acervo EAD-Uniube. 1. Quando a mola está em um estado relaxado, ela não está distendida ou comprimida. Nessa situação, ela não exerce força alguma no bloco. 2. Quando o bloco se desloca da posição relaxada ou de equilíbrio, a mola exerce sobre ele uma força restauradora, para que ele retorne à posição de equilíbrio original. 3. Quando o deslocamento é na parte positiva do eixo x, a força restauradora aponta para o sentido negativo desse eixo, e quando o deslocamento se dá na parte negativa do eixo x, a força restauradora aponta para o sentido positivo desse eixo. 4. Quando o deslocamento do bloco é muito pequeno em comparação à dimensão da mola, podemos considerar o que é chamado de pequenas oscilações, e, neste caso, podemos dizer que a força restauradora é proporcional ao deslocamento do bloco em relação à sua posição de equilíbrio. Essa aproximação, como vimos anteriormente, é também conhecida como lei de Hooke, e pode ser expressa do seguinte modo: O trabalho realizado pela mola, para levar o corpo de uma posição inicial até uma posição final, será: UNIUBE 91 0 0 x x x x W k xdx k xdx= − ∆ ⇒ − ∆∫ ∫ 0 2 0 1 1( )( ²) ( )( ² ) 2 2 x xW k x k x x= − ⇒ − − 2 0 1 1 ² 2 2 W kx kx= − A unidade de trabalho no sistema internacional (SI) é o joule, que podemos representar por (J). SAIBA MAIS Potência3.4 Considere duas pessoas que realizam o mesmo trabalho. Se uma delas realiza o trabalho em um tempo menor do que a outra, ela tem que fazer um esforço maior. Dizemos, assim, que ela desenvolveu uma potência maior em relação à outra. Outros exemplos: • um carro tem maior potência quando ele consegue atingir maior velocidade em um menor intervalo de tempo; • um aparelho de som é mais potente do que outro quando ele consegue converter mais energia elétrica em energia sonora em um intervalo de tempo menor. Assim, uma máquina é caracterizada pelo trabalho que ela pode realizar em um determinado tempo. A eficiência de uma máquina é medida por meio da relação do trabalho que ela realiza pelo tempo gasto para realizá- lo, definindo a potência. 92 UNIUBE Potência é o tempo gasto para se realizar um determinado trabalho. Matematicamente, a relação entre trabalho e tempo fica da seguinte forma: ot WP t = ∆ A unidade da potência no SI é o watt (W). Um cavalo pode erguer uma carga de 75 kgf, ou seja, 75. 9,8 N, o que corresponde a 735 N a um metro de altura, em um segundo. P= 735 N.1m/1s= 735 W Cavalo-vapor (cv) seria a potência de 735 W. P= 735 N.1m/1s= 735 W IMPORTANTE! 1 - Uma força de intensidade 20 N é aplicada a uma caixa, deslocando-a 3 m na direção e no sentido da força; o deslocamento ocorre em 4 s. Determine: a) O trabalho realizado pela força de 20 N. b) A potência média desenvolvida. Para a resolução de um problema físico, devemos: 1. Inicialmente entender o problema. 2. Em seguida, verificar qual é a pergunta a ser respondida. 3. Depois, retirar os dados fornecidos no problema. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 93 4. Aplicar a equação apropriada para a resolução do problema. Vamos resolver juntos? Como dados do problema, temos: F = 20 N; x∆ = 3m; t∆ = 4s a) Como a força aplicada está na mesma direção e no mesmo sentido do deslocamento, o trabalho pode ser calculado pela seguinte equação, sendo o ângulo de zero grau: . .cosW F x θ= ∆ 20.30.1 60w W J= ∴ = b) Para determinar a potência, temos: 60 15 4at wP w t = = = ∆ A energia no cotidiano3.5 Neste capítulo, estudaremos a energia, que é um assunto muito interessante e que está diretamente relacionado com o nosso cotidiano. Falar sobre energia é algo intrigante, pois a todo o momento, estamos lidando com ela de diversas maneiras e formas. Você certamente já deve ter ouvido algumas das seguintes frases: “Hoje estou sem energia!” “Menino, você precisa comer para ter energia!” “Vai faltar energia elétrica no país!” “A energia nuclear é perigosa!” 94 UNIUBE Podemos dizer que a energia move o mundo, sob vários aspectos. Agora, definir energia não é algo tão simples, que pudéssemos descrevê-la de uma maneira sucinta. IMPORTANTE! Todos nós temos a ideia intuitiva do que vem a ser energia, mas o que é mais interessante é conhecer quais são essas formas e tipos de energia que existem na natureza e como elas se interagem. Diversos fenômenos que ocorrem na natureza estão ligados a alguma forma de energia. Para conhecermos melhor algumas formas de energia, precisamos, antes de qualquer coisa, saber que na natureza tudo o que existe depende de uma forma direta ou indireta de algum tipo de energia. Podemos citar como exemplo o Sol, uma fonte quase inesgotável de energia. A todo o momento, o Sol está irradiando a energia que chega até nós por meio dos raios solares; seres vivos aproveitam-se dessa abundante forma de energia, seja qual for a maneira de utilizá-la. A esse respeito, vale a pena tomar conhecimento do que escreveu o norte-americano Richard P. Feynman (1918-1988), um dos físicos mais brilhantes do século XX, ganhador do Prêmio Nobel, em 1965: É importante observar que hoje nós não sabemos o que é energia. O que sabemos é que existe uma lei governando todos os fenômenos naturais conhecidos até hoje. Não existe nenhuma exceção conhecida a essa lei, que é conhecida pelo nome de Lei da Conservação da Energia. Ela estabelece que há uma certa quantidade, que nós chamamos energia, cujo valor não se altera, nas várias mudanças que ocorrem na natureza. Ela não é a descrição de um mecanismo ou qualquer coisa concreta. É uma lei abstrata porque é um princípio matemático. Ela exprime o fato de que, quando calculamos um certo número (o valor da energia) no início de um processoe no fim do processo, os resultados são iguais. (FEYNMAN; LEIGHTON; SANDS, 1963) Diante de todas essas informações, percebemos que a energia é imprescindível para a vida de qualquer ser vivo do planeta. Agora, vamos conhecer algumas formas de energia. UNIUBE 95 3.5.1 Energia solar Uma fonte de energia renovável e inesgotável, o Sol. O aproveitamento desta energia tanto como fonte de calor como de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras para enfrentarmos os desafios do novo milênio, pois possui a vantagem de não produzir danos ao meio ambiente. Um esquema de energia solar está representado na Figura 5, a seguir. Figura 5: Sistema de energia solar. Fonte: Adaptado de Wolfgang Palz, 1981. A energia solar é extremamente vantajosa, com características positivas para o sistema ambiental, pois o Sol, trabalhando como um imenso reator à fusão, irradia na Terra todos os dias um potencial energético extremamente elevado e incomparável a qualquer outro sistema de energia, sendo a fonte básica e indispensável para praticamente todas as fontes energéticas utilizadas pelo homem. O Sol irradia anualmente o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela população mundial neste mesmo período. Medimos esta potência em quilowatt. O Sol produz continuamente 390 sextilhões (390x 1021) de quilowatts de potência. Como o Sol emite energia em todas as direções, um pouco desta energia é desprendida, mas, mesmo assim, a Terra recebe mais de 1 500 quatrilhões, (1,5x1018) de quilowatts-hora de potência por ano. 96 UNIUBE Você sabe o que é a energia solar fototérmica? E a energia solar fotovoltaica? A energia solar fototérmica é a quantidade de energia que um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente no mesmo. Os coletores solares são equipamentos que têm como objetivo específico utilizar a energia solar fototérmica, pois capta e armazena essa energia. Os coletores solares são aquecedores de fluídos (líquidos ou gasosos) e são classificados em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou não de dispositivos de concentração da radiação solar. O fluído aquecido é mantido em reservatórios termicamente isolados até o seu uso final (água aquecida para banho, ar quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas etc.). Os coletores solares planos são largamente utilizados para aquecimento de água em residências, hospitais, hotéis etc. por causa do conforto proporcionado e da redução do consumo de energia elétrica. A energia solar fotovoltaica é a energia da conversão direta da luz em eletricidade (efeito fotovoltaico). O efeito fotovoltaico é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. A célula fotovoltaica é a unidade fundamental do processo de conversão. Atualmente, o custo das células solares é um grande desafio para a indústria e o principal empecilho para a difusão dos sistemas fotovoltaicos em larga escala. A tecnologia fotovoltaica está se tornando cada vez mais competitiva, tanto porque seus custos estão decrescendo como porque a avaliação dos custos das outras formas de geração está se tornando mais real, levando em conta fatores que eram anteriormente ignorados, como a questão dos impactos ambientais. UNIUBE 97 3.5.2 Energia nuclear Energia térmica transformada em energia elétrica é produzida nas usinas nucleares por meio de processos físico-químicos. Podemos definir ainda como sendo a energia liberada quando ocorre a fissão dos átomos, energia de um sistema derivada de forças coesivas que contêm prótons e nêutrons juntos como o núcleo atômico. A energia que mantém os prótons e nêutrons juntos no núcleo é a energia nuclear. A reação nuclear è a modificação da composição do núcleo atômico de um elemento, podendo transformar-se em outro ou outros elementos. Esse processo ocorre espontaneamente em alguns elementos; em outros, deve-se provocar a reação mediante técnicas de bombardeamento de nêutrons ou outras. O esquema da Figura 6, a seguir, apresenta, de maneira simplificada, o funcionamento de uma usina nuclear. Figura 6: Simplificação de uma usina nuclear. Fonte: Adaptado de <http://commons.wikimedia.Org/wiki/File:Nuclear_plant_boiler.gif>. A fissão nuclear ocorre quando um nêutron atinge o núcleo de um átomo de urânio-235, dividindo-o com emissão de 2 a 3 nêutrons, parte da energia que ligava os prótons e os nêutrons é liberada em forma de calor. 98 UNIUBE Existem duas formas de aproveitar a energia nuclear para convertê-la em calor: a fissão nuclear, em que o núcleo atômico se subdivide em duas ou mais partículas, e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos atômicos se unem para produzir um novo núcleo. A energia nuclear provém da fissão nuclear do urânio, do plutônio ou do tório ou da fusão nuclear do hidrogênio. É energia liberada dos núcleos atômicos, quando estes são levados por processos artificiais, a condições instáveis. Todos os materiais são formados por um número limitado de átomos que, por sua vez, são caracterizados pela carga elétrica de seu núcleo. A maior parte da massa do átomo está concentrada em seu núcleo, que é muito pequeno (10-12 cm a 10-13 cm). Prótons e nêutrons têm massa aproximadamente igual, da ordem de 1,67 x 10-24 gramas, e são caracterizados por parâmetros específicos (números quânticos) definidos pela mecânica quântica, teoria que lida com os fenômenos na escala atômica e molecular. Uma inacreditável quantidade de energia é liberada, na forma de calor e radiação gama, quando um único átomo se divide. Os dois átomos que resultam da fissão posteriormente liberam radiação beta e radiação gama de si mesmos. A energia liberada por uma única fissão resulta do fato de que os produtos da fissão e os nêutrons, juntos, pesam menos que o átomo original de U-235. A diferença no peso é convertida diretamente em energia na taxa regulada pela equação E = mc2. As usinas nucleares fornecem cerca de 16% da eletricidade do mundo (dados de agosto de 2008). Alguns países dependem mais da energia nuclear para obter eletricidade que outros. Na França, por exemplo, cerca de 75% da eletricidade é gerada a partir da energia nuclear. Nos Estados Unidos, a energia nuclear fornece 23% da eletricidade total, mas alguns Estados obtêm mais energia de usinas nucleares que outros. No Brasil, menos de 3% da energia gerada tem origem das usinas nucleares de Angra dos Reis. Há mais de 400 usinas de energia nuclear ao redor do mundo, sendo mais de 100 nos Estados Unidos. A energia elétrica produzida a partir de energia nuclear não é radioativa e é igual à energia produzida em hidroelétricas, podendo ser utilizada para os mesmos fins. UNIUBE 99 3.5.3 Energia eólica Energia eólica é aquela gerada pelo vento. Desde a Antiguidade, esse tipo de energia é utilizado pelo homem, principalmente nas embarcações e nos moinhos. Atualmente, a energia eólica, embora pouco utilizada, é considerada uma importante fonte de energia por se tratar de uma fonte limpa (não gera poluição e não agride o meio ambiente), e ter custo de produção baixo em relação a outras fontes alternativas de energia. Para a captação dessa fonte de energia, o vento gira uma hélice gigante conectada a um gerador que produz eletricidade. Quando vários mecanismos como esse - conhecido como turbina de vento - são ligados a uma central de transmissão de energia, temos uma central eólica. A quantidade de energia produzida por uma turbina varia de acordo com o tamanho das suas hélices e, claro, do regime de ventos na região em que está instalada. E não pense que o ideal é contar simplesmente com ventos fortes. Além da velocidade dos ventos,é importante que eles sejam regulares, não sofram turbulências e nem estejam sujeitos a fenômenos climáticos como tufões. Grandes turbinas (aerogeradores), em formato de cata-vento, são colocadas em locais abertos e com boa quantidade de vento. Através de um gerador, o movimento destas turbinas gera energia elétrica. 3.5.4 Energia mecânica Chamamos de energia mecânica a todas as formas de energia relacionadas com o movimento de corpos ou com a capacidade de colocá-los em movimento ou deformá-los. 3.5.4.1 Energia cinética Energia cinética é a energia que está relacionada à movimentação dos corpos, ou seja, é a energia que um corpo possui em virtude de ele estar em movimento. Ao fazer algumas observações sobre 100 UNIUBE os movimentos dos corpos, podemos concluir que a energia cinética de um corpo será cada vez maior quanto maior for a sua velocidade. Do mesmo modo, poderemos concluir que quanto maior for a massa de um corpo maior será a sua energia cinética. Para mostrar isso, tomemos como exemplo uma motocicleta e um caminhão. Somente pelas dimensões é possível notar que o caminhão possui mais massa em relação à moto, e que ele também desenvolve velocidades maiores que a de uma moto. 3.5.4.2 Energia potencial Entretanto, não é obrigatório um corpo estar em movimento para possuir energia. Em função de sua posição, um corpo também pode possuir energia, a qual denominamos energia potencial. 3.5.4.3 Outras energias Há várias outras, como a energia química, que está relacionada às reações químicas, à energia elétrica, em que é vital para o funcionamento dos equipamentos elétricos. Já imaginou se ficássemos sem ela? Sem sombra de dúvida, viveríamos um grande colapso. Temos também a energia térmica, que se manifesta sob a forma de calor etc. Princípio da conservação da energia3.6 Como vimos, existem várias formas de energia; o que os cientistas perceberam é que a quantidade de energia de um dado sistema é uma grandeza invariável. Ou seja, a energia não pode ser criada nem tampouco destruída; pode apenas se converter de determinada forma em outra. Numa queima de fogos de artifícios, podemos observar a conversão da energia química dos componentes do artefato em energia cinética e energia luminosa. Um arqueiro, ao retesar seu arco (Figura 7), despende certa quantidade de energia, da qual parte dela fica armazenada sob a forma de energia UNIUBE 101 potencial elástica do arco. Quando a corda é liberada, essa energia potencial será convertida em energia cinética da flecha. Figura 7: Arqueiros. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Existem na natureza várias outras formas de transformação de energia. Cremos que com os exemplos mencionados anteriormente, você pode entender o princípio da conservação da energia, que é de suma importância no estudo e avanço da ciência de uma maneira geral. A energia nunca é criada ou destruída, apenas transformada; o total da energia existente antes de uma transformação é sempre igual ao total de energia obtido após essa transformação. SAIBA MAIS Energia cinética3.7 Como vimos na introdução desse roteiro, quando um corpo movimenta- se, ele possui certa forma de energia, denominada energia cinética. Se um corpo de massa [m] se movimenta com uma certa velocidade [v] em um dado momento, sua energia cinética, que representamos por Ec, é dada pela seguinte fórmula: . ²mv 102 UNIUBE Para reafirmarmos, os elementos da equação da energia cinética de um dado objeto em movimento são: [ cE ] - que é a própria energia cinética; [m] - a massa do objeto que, no sistema internacional, é dada em Kg; [v] - a velocidade do objeto que, no sistema internacional, é dada em m/s. A unidade de energia no sistema internacional (SI) é a mesma de trabalho, isto é, o joule, que podemos representar por(J). Mais adiante, entenderemos porque a unidade de energia é a mesma do trabalho. IMPORTANTE! Vamos resolver dois problemas bem simples, para que você possa entender como aplicar a equação da energia cinética, bem como encontrar o valor dessa energia de um dado objeto em movimento. 2 - Calcule a energia cinética de um corpo de massa 8 kg no instante em que sua velocidade é de 20 m/s. Vamos resolver juntos? 1. O problema refere-se a uma corpo em movimento, então conforme estudamos anteriormente, este corpo possui uma energia cinética. 2. A pergunta do problema é qual o valor dessa energia cinética, quando a velocidade é 20m/s 3. Os dados fornecidos no problema são: A massa do corpo é m = 8kg E a velocidade v = 20m/s EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 103 A equação da energia cinética é: . ² 2c m vE = 4.Substituindo, então, os dados, temos: . ² 8 .(20 / )² 8.400 ² / ² 3200 ² / ² 2 2 2 2c m v kg m s kgm s kgm sE = = = = 1600 ² / ² 1600cE kgm s J= = 3 - Calcule a energia cinética de um corpo de massa 5 kg no instante em que sua velocidade é de 10 m/s. Vamos resolver juntos? 1. O problema refere-se a um corpo em movimento, então, conforme estudamos anteriormente, este corpo possui uma energia cinética. 2. A pergunta do problema é qual o valor dessa energia cinética, quando a velocidade deste corpo é de 10 m/s 3. Os dados fornecidos no problema são: A massa do corpo é m = 5 kg E a velocidade v = 10m/s A equação da energia cinética é: ² 2c mvE = Substituindo, então, os dados, temos: 5 (10 / )² 5.100 ² / ² 500 ² / ² 2 2 2c kg m s kgm s kgm sE = = = EXEMPLIFICANDO! 104 UNIUBE 250 ² / ² 250cE kgm s J= = Finalmente, encontramos a energia cinética do corpo quando a sua velocidade é 10 m/s : 250J. 1. Se um dado corpo está em movimento, ele possui uma certa forma de energia. Pede-se: a) Como é chamada essa forma de energia? b) Qual é a equação apropriada para encontrar essa energia? c) Qual a unidade de energia do Sistema Internacional? 2. Calcule a energia cinética de um corpo de massa 4 kg no instante em que sua velocidade é de 15 m/s. AGORA É A SUA VEZ Agora, após você ter estudado a primeira forma de energia, que é a energia relacionada ao movimento de um corpo, denominada energia cinética, estudaremos mais um novo conceito da física. Trata-se do trabalho que está relacionado diretamente com as formas de energia. Teorema da energia cinética3.8 Para compreendermos o teorema da energia cinética, precisamos, inicialmente conhecer o conceito de trabalho de uma força constante. Então, vamos lá! 3.8.1 Trabalho de uma força constante A atuação de uma força sobre um determinado objeto pode provocar movimento, ou seja, um certo deslocamento. Por convenção, o general e cientista francês Jean Victor Poncelet (1788-1867), em 1826, UNIUBE 105 convencionou que o produto F.Ax seria chamado de trabalho de uma força, o qual é representado pela letra grega “τ ” Em física também é representado por w (que vem do inglês, work). Logo,temos: .w F x= ∆ Antes de Poncelet, o fato de a força provocar deslocamento já era discutido nos meios científicos. Vários termos surgiram para denominar este fenômeno, tais como: “efeito mecânico”, “efeito motor”, “força vital latente”, entre outros. Porém, não havia uma definição clara nem um formalismo matemático para que esta grandeza fosse quantificada. SAIBA MAIS Mas foi graças às pesquisas de Poncelet que a concepção de “trabalho” ganhou maior amadurecimento, sendo logo em seguida utilizada por Coriolis para a dedução da verdadeira equação da energia cinética: . ² 2c m vE = Uma força pode provocar um deslocamento em corpo, ou seja, ela pode provocar um deslocamento de um corpo de um local ao outro. Neste sentido, ela pode, também, variar a velocidade desse corpo. É o que veremos, a seguir. Para não complicarmos desnecessariamente nosso estudo, vamos admitir que apenas uma força atueem um objeto, sendo sua direção paralela à do deslocamento. Então, temos: .rF m a= (1) .r rw F x= ∆ (2) Pela equação de Torricelli: 106 UNIUBE 2 2 0 0 ( ² )² 2. . . 2 V VV V a x a x −= + ∆ ⇒ ∆ = (3) Substituindo a equação (1) na equação (2): . .w m a x= ∆ (4) Finalmente, vamos associar a equação (3) com a equação (4): 2 2 0 0( ² ) .. ² 2 2 2 c V V m vm vw m w E−= = − ∴ = ∆ A relação cw E= ∆ c é conhecida como Teorema da Energia Cinética. Então, podemos dizer que, pelo trabalho da resultante das forças, um objeto ganha ou perde energia cinética. Ou seja, o trabalho realizado por uma força constante provoca uma variação na energia cinética do corpo. IMPORTANTE! Agora, você pode compreender por que a unidade de trabalho e da energia é a mesma: joule. Lembre-se de que... Sobre os conceitos de trabalho e o teorema da energia cinética, temos: • a atuação de uma força sobre um determinado objeto pode provocar movimento, ou seja, certo deslocamento; • pelo trabalho da resultante das forças, nem sempre um objeto ganha energia cinética; • pelo trabalho da resultante das forças, um objeto pode ganhar ou perder energia cinética; • se um homem, ao empurrar uma caixa, verifica um aumento na energia cinética da caixa, significa dizer que ele transferiu uma certa quantidade de energia para ela (a caixa); UNIUBE 107 • como existe uma equivalência entre energia e trabalho, a unidade de medida para estas duas grandezas físicas é a mesma no Sistema Internacional de Unidades. 4 - Sobre um pequeno bloco de madeira de massa 4 kg, atua uma força F, horizontal e paralela à superfície, conforme a ilustração a seguir. Determine o trabalho realizado, ou seja, a quantidade de energia transferida pela força, em um deslocamento de 10 m. Considere a superfície completamente lisa, desprezando o atrito, conforme ilustrado na Figura 8, a seguir. EXEMPLIFICANDO! Vamos resolver juntos? Dados: . 20.10 200w F x w J= ∆ → = = m = 4 kg x∆ = 10 m F= 20 N Encontramos que o trabalho realizado pela força F de 20 N é de 200 J, ou seja, o corpo sofre uma variação em sua energia cinética de 200J. 5 - Um objeto de massa 3kg, inicialmente em repouso, percorre uma distância igual a 8 m e uma superfície horizontal sem atrito, sob a ação de uma força constante, também horizontal, igual a 4N. Qual é a variação da energia cinética do objeto? Vamos resolver juntos? Dados: . cF x E∆ = ∆ m = 3 kg Figura 8: Força que atua sobre o bloco em superfície lisa. 108 UNIUBE x∆ = 8 m F = 4N 4.8 32cE J∆ = = Encontramos que a variação da energia cinética do objeto foi de 32 J. 3. Sobre um pequeno bloco de madeira de massa 6 kg, atua uma força F, horizontal e paralela à superfície, conforme a ilustração a seguir. Determine o trabalho realizado, ou seja, a quantidade de energia transferida pela força, em um deslocamento de 5 m. Considere a superfície completamente lisa, desprezando o atrito. 4. Um objeto de massa 2 kg, inicialmente em repouso, percorre uma distância igual a 4 m em uma superfície horizontal sem atrito, sob a ação de uma força constante, também horizontal, igual a 5N. Qual é a variação da energia cinética do objeto? AGORA É A SUA VEZ Após termos estudado o conceito de trabalho e o teorema da energia cinética, estudaremos, agora, mais uma das formas de energia que um corpo pode ter, que é a energia potencial. Energia potencial3.9 A energia potencial é a energia que um corpo possui por causa de sua posição. Temos várias formas de energias potenciais. Vejamos com detalhes. UNIUBE 109 3.9.1 Energia potencial gravitacional Consideremos um corpo de peso P a certa altura do solo. Se tal corpo for abandonado a partir do repouso, ele cairá, e sua velocidade gradativamente aumentará. Então, à medida que o corpo cai, sua energia cinética aumenta. Mas de onde está vindo tal energia? Que força terá transferido essa energia ao corpo? Podemos verificar que desprezando a resistência do ar, a única força que age no corpo é o seu peso P. Logo, a energia cinética que o corpo possui em determinado instante foi-lhe transferida pelo peso P, ou seja, a força peso do corpo que realizou o trabalho. Vamos, então, calcular o trabalho realizado pela força peso. Já sabemos que o trabalho realizado por uma força pode ser calculado por: .w F x= ∆ Consideremos o corpo de peso P = m.g, inicialmente no ponto A e, mais tarde, no ponto B, depois de cair de uma altura h, conforme a Figura 9, a seguir. Figura 9: Esquema de pesos. Fonte: Acervo EAD-Uniube. 110 UNIUBE Observe que a componente do peso P na direção do deslocamento é o próprio peso P. Assim, o trabalho da força peso será: . . .w F x w m g h= ∆ → = ( ) . .pt gravE m g h= Logo, podemos verificar que a energia potencial gravitacional que o corpo possui pode ser encontrado através da massa [ m ] do corpo, da aceleração da gravidade [ g ] e da altura [ h ] em relação a um referencial. Apesar de termos calculado o trabalho da força peso em uma trajetória retilínea vertical, pode-se demonstrar que tal trabalho não depende da forma da trajetória. Isso nos permite classificar a força peso como força conservativa, ou seja, uma força cujo cálculo de seu trabalho não depende da trajetória de seu ponto de aplicação, mas apenas das posições inicial e final. IMPORTANTE! 3.9.2 Energia potencial elástica Outra forma de energia potencial que um corpo pode ter é a energia potencial elástica, que ocorre quando a força que está interagindo no sistema é uma força elástica, geralmente em um sistema massa-mola. Imagine uma mola totalmente comprimida e encostada - não presa - em um corpo apoiado numa superfície sem atrito, conforme a Figura 10, a seguir. Figura 10: Esquema com mola. Fonte: Acervo EAD-Uniube. UNIUBE 111 Quando a trava de segurança é liberada, a força elástica exercida pela mola realiza um trabalho sobre o bloco até que a mola chegue à sua posição de equilíbrio e, então, o objeto passa a descrever um movimento uniforme. Este trabalho provoca variação na energia cinética do bloco. Se o bloco ganhou energia, é porque ele a recebeu de alguém, e, no caso, foi da mola. Para encontramos a energia potencial elástica, basta calcularmos o trabalho realizado pela força elástica, que pode ser encontrada através da área do gráfico da Figura 11, a seguir. Figura 11: Cálculo da energia potencial elástica. Fonte: Acervo EAD-Uniube. (área do . 2 F xw = triângulo) Sendo a força elástica, determinada pela lei de Hooke, como: .F k x= Substituindo, teremos, então, que: . . ² ² 2 2 2 k x x kx kxw w= = → = Veja que, para encontrarmos a energia potencial elástica de um sistema massa-mola, basta conhecermos a constante elástica da mola [ k ] e a deformação da mola [ x ]. 112 UNIUBE 6 - Suponha que um tijolo de massa 1 kg esteja a uma altura de 20 m; admitindo que a gravidade g neste local seja de g = 10 m/s2. Determine a energia potencial gravitacional que este tijolo possui. Vamos resolver juntos? Dados: m = 1 kg Temos que: ( ) . .pt gravE m g h= h = 20m g = 10m/s² ( ) 1.20.10 200pt gravE J= = Então, podemos verificar que a energia potencial gravitacional armazenada no sistema é de 200J. 7 - Uma mola de constante elástica igual a 300 N/m sofre uma deformação de 0,2 m mediante a aplicação de uma força F. Determine: a) A intensidade da força F. b) A energia potencial elástica armazenada no sistema. Vamos resolver juntos? a) Resolução: Dados: K = 300 N/m Temos que: X = 0,2 m F = ? F = k.x EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 113 300 .0,2 60NF m N m = = Então, encontramos que a força necessária para provocar uma deformação de 0,2m é 60N. b) Resolução: Dados: K = 300 N/m Temos que: X = 0,2 m 2 2 kxF = 300.(0,2)² 300.0,04 6 2 2 F J= = = Logo, a energia potencial elástica armazenada no sistema é de 6 J. Resumo Consideremos a situação prática na qual uma pessoa puxa uma caixa ao longo de um piso horizontal; estamos tendo uma representação de trabalho cuja força será constante e que, por definição, teríamos: . .cosW F r θ= ∆ A unidade da grandeza trabalho corresponde à unidade de força multiplicada pela unidade de deslocamento. No SI, a unidade de trabalho é joule (J): joule = newton • metro 1J corresponde ao trabalho realizado por uma força constante de módulo 1 N, paralela a um deslocamento de 1 m. 114 UNIUBE Calcular o trabalho pela área significa que o gráfico deve ser da força em função do deslocamento. Suponhamos que um corpo esteja sob a ação de uma força cuja projeção (Fx) seja constante em determinado deslocamento. O gráfico da intensidade dessa projeção em função do deslocamento é: Figura 12: Gráfico da intensidade dessa projeção em função do deslocamento. Fonte: Acervo EAD-Uniube. A área assinalada na figura anterior representa, numericamente, o trabalho realizado pela força no deslocamento: nw = Área • Energia Dizemos que um sistema de corpos (eventualmente, esse sistema pode ter um único corpo) tem energia quando as forças que ele aplica têm condições de realizar trabalho. Assim, medir a energia de um sistema corresponde a medir o trabalho que pode ser realizado. Outra decorrência imediata é que, assim como o trabalho de uma força, a energia também é uma grandeza escalar. Considerando as várias formas possíveis de energia (térmica, elétrica etc.), verifica-se que, para um sistema de corpos em que não há troca de energia com corpos alheios a esse sistema, a energia é conservada. Esse é o princípio da conservação da energia! UNIUBE 115 Lembrando o Teorema da Energia Cinética: A energia não se cria, a energia não se perde, apenas se transforma. IMPORTANTE! A energia associada a um corpo, ou sistema de corpos, em movimento é chamada energia cinética (Ec). A energia cinética de um corpo depende da massa e da velocidade do corpo, sendo calculada por: ( ) ( )r c final c inicial cw E E E= − = ∆ Vamos supor que um corpo, inicialmente em movimento com velocidade escalar 0V , receba a ação de um conjunto de forças cuja resultante é F e, após um deslocamento x∆ , apresente velocidade V. O teorema da energia cinética nos diz que: O trabalho realizado pela resultante das forças aplicadas no corpo corresponde a uma variação de energia cinética (acréscimo ou decréscimo). IMPORTANTE! • Potência de uma máquina Por definição, se uma máquina transforma a quantidade de energia E∆ em um intervalo de tempo t∆ , sua potência média (Pm) nesse intervalo é: No SI, a unidade de potência é watt (W): watt = joule por segundo. Admite-se também, para a potência, uma antiga unidade britânica consagrada pelo uso, que é o hp. Essa unidade compara desempenho de uma máquina com o de um cavalo. A própria sigla é a abreviação britânica de cavalos de potência: hp = horsepower. A relação entre essa unidade e a unidade do SI é: 1 hp = 746 W. 116 UNIUBE Uma outra unidade, comparando máquina e cavalo, foi estabelecida pelos franceses, cv (cheval vapeur): 1 cv = 735 W. • Trabalho da força peso O trabalho da força peso não depende do deslocamento e da inclinação (a); de- pende apenas do desnível (d) entre os dois pontos. • Forças conservativas As forças cujo trabalho não depende da trajetória são chamadas de forças conservativas. Dizemos, então, que a força peso é uma força conservativa. Como exemplo da força não conservativa, podemos citar a força de atrito: quando um corpo é deslocado entre dois pontos de uma superfície horizontal em que haja atrito, o trabalho realizado pela força de atrito depende da trajetória efetuada pelo corpo entre os dois. • Energia potencial (EP) A energia potencial associada a uma força conservativa corresponde numericamente ao trabalho que essa força tem condições de realizar. Uma vez que o trabalho é sempre referido a um determinado deslocamento, a energia potencial corresponde numericamente ao trabalho w. • Energia potencial elástica A força elástica também é uma força conservativa. Para a força elástica, temos: .F k x= − Direção do eixo da mola Sentido contrário ao da deformação. Intensidade .F k x= 2 2Pel kxE = UNIUBE 117 • Energia potencial gravitacional Quando um corpo de massa m se encontra a uma altura h, medida em relação a um plano de referência arbitrário, a força peso tem condições de realizar trabalho. O trabalho da força peso no deslocamento da posição mostrada na Figura 9 até a posição de referência é: .W P h= O desnível entre a posição inicial e a posição final é a própria altura h. A expressão anterior corresponde à energia potencial gravitacional do corpo na posição indicada em relação ao solo (referencial). Sendo: .pE m g= , temos: . .pE m g h= Referências FEYNMAN, Richard; LEIGHTON, R.; SANDS, M. The feynman lectures on physics. v. 1, Califórnia Institute of Technology: Addison-Wesley Publishing Company, 1963. PALZ, Wolfgang. Energia solar e fontes alternativas. São Paulo: Hemus, 1981. Luiz Pessoa Vicente Neto Introdução Capítulo 4 Falemos, inicialmente, sobre a origem da eletrostática. As primeiras experiências com eletrostática ou com fenômenos elétricos são praticadas desde os antigos gregos, que perceberam que o âmbar, ao ser atritado a outro material isolante (pele de animal, por exemplo) adquiria a capacidade de atrair pequenos objetos, como pedaços de palha ou fi apos de tecido. Como a palavra grega correspondente a âmbar é eléctron, os corpos que tinham comportamento semelhante ao âmbar passaram a ser chamados de “eletrizados”. Daí surgiu a palavra “eletricidade”. Hoje em dia, somos totalmente dependentes da eletricidade. Ela está presente em quase todos os itens que nos trazem conforto e em muitos fenômenos que presenciamos. Neste capítulo, iniciaremos o estudo da eletricidade com a eletrostática, ou seja, com o estudo das cargas elétricas em repouso. Eletrostática: força elétrica, campo elétrico e potencial elétrico. Âmbar Pedra amarelada originada da fossilização de resinas de árvores. 120 UNIUBE Ao final deste capítulo, é esperado que você se torne capaz de: • identificar alguns fenômenos físicos relacionados à eletrostática; • realizar experimentos para provar alguns conceitos e leis eletrostáticas; • representar, matematicamente, os fenômenos elétricos; • interpretar, sistematizar e resolver exercícios relacionados à força elétrica, campo elétrico e potencial elétrico. Objetivos 4.1 Carga elétrica 4.1.1 Quantização da carga elétrica 4.1.2 Conservação da carga elétrica 4.1.3 Eletrização por indução 4.1.4 Condutores e isolantes 4.2 Lei de Coulomb 4.2.1 Força de um sistema de cargas 4.3 Campo elétrico 4.3.1 Campo elétrico de uma carga puntiforme 4.3.2 Linhas de campo elétrico 4.3.3 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais diferentes 4.3.4 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais iguais 4.3.5 Campo elétrico uniforme 4.3.6 O campo elétrico em distribuições contínuas de carga 4.4 Potencial elétrico (V) 4.4.1 Potencial elétrico devido a um sistema de cargas puntiformes 4.4.2 Superfícies equipotenciais Esquema UNIUBE 121 Carga elétrica4.1 O termo “carga elétrica” foi utilizado, pela primeira vez, por Benjamin Franklin, em 1748, emsua experiência com os bastões isolantes. Por suas contribuições nesta área, ele é considerado o pai da eletricidade. A experiência de Benjamin Franklin foi feita da seguinte forma: • Franklin pegou dois bastões de mesmo material resinado ou plástico, igualmente construídos; • colocou um deles suspenso em um suporte, de forma que ele pudesse girar; • aproximou deste bastão suspenso o outro e percebeu que nada acontecia, pois teoricamente os dois estavam neutros, ou seja, possuíam a mesma quantidade de cargas; • então, atritou os dois bastões com pelica (pele de animal). Ao aproximar os dois bastões, novamente ele percebeu que o bastão suspenso era repelido. Franklin repetiu a mesma experiência utilizando dois bastões iguais de vidro, porém, atritados com seda, e observou o mesmo resultado. Por último, manteve o bastão de vidro atritado com seda suspenso, aproximou deste o bastão de resina atritado com pele de animal e visualizou que o bastão de vidro suspenso era atraído (Figura 1). Com isso, Benjamin Franklin percebeu que a fricção ou atrito nos bastões fez com que eles ficassem carregados eletricamente e, a partir disso, criou um modelo para explicar os efeitos da eletricidade em um corpo. Basicamente, ele dizia que todo corpo possuía uma quantidade normal de eletricidade que podia ser transferida de um para o outro, através da esfregação, sendo que um corpo fica com uma grande quantidade de cargas e o outro com uma grande falta, sempre em quantidades iguais. 122 UNIUBE Figura 1: Experiência de Benjamin Franklin. Franklin identifi cou as cargas resultantes pelos sinais de mais (positivo) e de menos (negativo), classifi cando como positiva a carga adquirida pelo bastão de vidro quando atritado pela seda. A seda fi cou, então, com carga negativa em mesma quantidade. Por sua vez, o plástico atritado com pele de animal fi cou com carga negativa e a pele de animal fi cou com carga positiva sempre na mesma proporção. Baseado nisso, Franklin comprovou que dois corpos com carga de mesmo sinal se repelem e os com carga de sinais opostos se atraem. IMPORTANTE! Hoje em dia, sabe-se que quando o plástico é friccionado com a pele de animal, os elétrons da pele são transferidos para o plástico, fi cando este com excesso de elétrons – com carga elétrica negativa – e a pele de animal fi ca com falta de elétrons – com carga elétrica positiva. Da mesma forma acontece com o atrito entre o vidro e a seda. O vidro doa elétrons para a seda e fi ca sem, com carga elétrica positiva, enquanto a seda que recebe elétrons fi ca com carga elétrica negativa, respeitando o modelo de Franklin, que é utilizado até hoje. UNIUBE 123 Quando dois materiais isolantes são atritados, um doará elétrons para o outro; o que define qual material doará e qual material receberá é uma tabela chamada tabela triboelétrica (do grego tribos, que significa “fricção”). Quanto mais baixo o material está na tabela, maior é a chance de ele receber elétrons. Portanto, se dois materiais da tabela forem atritados, um mais acima e um mais abaixo, o material que se encontra mais acima irá transferir elétrons para o material do Quadro 1 que está mais abaixo. IMPORTANTE! (mais positivo) Pele humana seca Couro Pele de coelho Vidro Cabelo humano Fibra sintética (nylon) Lã Chumbo Pele de gato Seda Alumínio Papel Algodão Aço Madeira Âmbar Borracha dura Níquel, Cobre Latão, Prata Ouro, Platina Poliéster Isopor Filme de PVC (“magipack”) Quadro 1: Tabela triboelétrica 124 UNIUBE Poliuretano Polietileno (fita adesiva) Vinil (PVC) Silicone Teflon (mais negativo) Se o couro for atritado com o isopor, o primeiro irá doar elétrons para o segundo, pois o couro está na posição superior da tabela, contrário ao isopor. EXEMPLIFICANDO! 4.1.1 Quantização da carga elétrica Tudo o que conhecemos é chamado de matéria, que é composta por átomos. Os átomos são eletricamente neutros, pois cada um possui um núcleo, e nele ficam localizados os nêutrons e os prótons Os nêutrons, como o próprio nome já diz, têm carga elétrica neutra, enquanto os prótons possuem carga elétrica positiva. O número atômico (z) de um elemento é definido pelo número de prótons deste elemento. Ao redor do núcleo encontram-se os elétrons, em quantidade idêntica à dos prótons. Os elétrons possuem carga elétrica negativa, de forma a manter o átomo com carga elétrica resultante nula. Apesar de possuir uma massa aproximadamente duas mil vezes menor que a do próton, a carga do elétron tem o mesmo valor da carga do próton. Esta carga elétrica presente nos prótons e nos elétrons é uma característica intrínseca da partícula. Dizemos que a carga elétrica é uma grandeza quantizada, pois ela ocorre na forma de um múltiplo inteiro da unidade fundamental da carga elétrica, ou seja, qualquer quantidade de carga elétrica presente em um elemento pode ser calculada matematicamente por: Q = ± N.е UNIUBE 125 em que: Q = quantidade de carga elétrica presente em um material; N = número de partículas (prótons ou elétrons), presente no material; е = 1,6.10-19, valor da carga elétrica (próton ou elétron). 4.1.2 Conservação da carga elétrica Ao se atritar dois corpos, um deles ficará com uma quantidade excessiva de elétrons, com carga resultante negativa; o outro corpo ficará com falta de elétrons e carga resultante positiva. Porém, a carga resultante entre os dois corpos permanece constante, ou seja, a quantidade de elétrons que está em excesso no corpo é a mesma que está em falta no outro corpo. Qualquer quantidade de carga produzida ou destruída será retirada ou reposta nesse processo, fazendo com que a carga resultante no universo permaneça inalterada, respeitando, assim, a lei da conservação da carga elétrica, que é uma lei fundamental da natureza. No Sistema Internacional de medidas, a unidade de carga elétrica é o Coulomb (C). O Coulomb é a quantidade de carga que passa por um condutor em um segundo, quando este está sendo percorrido por uma corrente de um ampere. A unidade fundamental de corrente elétrica “е”, como visto anteriormente, está relacionada ao Coulomb por: е = 1,6.10-19 C 4.1.3 Eletrização por indução A lei da conservação da carga pode ser visualizada por meio de simples experimentos, utilizando a eletrização por indução. Para entendermos a eletrização por indução, basta imaginarmos duas esferas idênticas. Uma com carga positiva +Q e a outra neutra (descarregada eletricamente). Este valor representa a carga de um elétron. 126 UNIUBE Quando aproximarmos uma esfera da outra, a carga resultante em cada esfera será de +1/2Q, pois se elas são idênticas, a carga irá se dividir entre elas igualmente. Se, enquanto essas duas esferas estiverem em contato, um bastão carregado negativamente for aproximado delas e ficar com carga resultante de +4Q, isto quer dizer que cada esfera ficará com carga resultante de -2Q. Existe um instrumento utilizado para visualizar a transferência de carga por indução. Esse instrumento chamado de eletroscópio, é constituído de uma esfera de metal condutor, fixada em uma haste também condutora. Na parte inferior da haste existem duas pequenas folhas, em geral de papel-alumínio, igualmente presas na haste. Quando encostamos um bastão carregado negativamente na esfera, parte dos elétrons será transferida para ela e, consequentemente, chegará às duas folhas de papel-alumínio, através da haste. Como as duas folhas terão a mesma quantidade de carga de mesmo sinal, elas irão se repelir, afastando-se uma da outra. O mesmo acontecerá quando um bastão carregado positivamente entrar em contato com a esfera. Porém, desta vez, o bastão vai atrair os elétrons da esfera metálica deixando as folhas com carga resultante positiva(Figuras 2 e 3). Figura 2: Bastão carregado. Fonte: Acervo EAD-Uniube. UNIUBE 127 Figura 3: Eletroscópio carregado e neutro. Fonte: Acervo EAD-Uniube. Duas esferas idênticas estão separadas uma da outra. A esfera 1 tem carga +Q e a esfera 2 tem carga -2Q. Pergunta-se: a) se as duas esferas forem colocadas em contato, qual será a sua carga resultante em cada esfera? b) se uma terceira esfera idêntica com carga -2Q for colocada em contato com as outras duas, qual será a carga resultante em cada esfera? Resolução: a) As duas terão carga resultante de -1/2Q, devido ao fato de que, como as duas esferas são idênticas, elas devem distribuir igualmente a carga total entre elas. b) As três terão carga resultante de –Q, porque como a terceira também é idêntica às outras duas, elas devem distribuir igualmente a carga total entre elas. EXEMPLIFICANDO! 4.1.4 Condutores e isolantes O que caracteriza o material bom condutor é o fato de os elétrons de valência estarem fracamente ligados ao núcleo do átomo, podendo ser 128 UNIUBE facilmente deslocados dele (por exemplo, o cobre possui um elétron na última camada). Ora, consideremos, por exemplo, uma barra de cobre que possui um número extremamente elevado de átomos de cobre e apliquemos uma diferença de potencial entre os extremos desta barra. Os elétrons da camada de valência de todos os átomos facilmente se deslocarão sob a ação de uma energia bem pequena, originando-se uma corrente elétrica no material. Outros materiais que possuem uma constituição semelhante à do cobre, com um único elétron na camada de valência, são o ouro e a prata, dois outros excelentes condutores de eletricidade. Obviamente, os materiais isolantes devem corresponder aos materiais que apresentam os elétrons de valência rigidamente ligados ao núcleo de seus átomos. Entre os próprios elementos simples, existem vários que apresentam os elétrons de valência rigidamente ligados ao núcleo dos átomos. Entretanto, verifica-se que se consegue uma resistividade muito maior com substâncias compostas, como é o caso da borracha, mica, teflon, baquelite etc. É mais ou menos intuitivo que os átomos se combinam, formando estruturas complexas: os elétrons ficam mais fortemente ligados a essas estruturas. IMPORTANTE! Lei de Coulomb4.2 As primeiras medidas quantitativas da intensidade da força elétrica foram feitas por Charles Coulomb, em 1780. Ele provou experimentalmente a intensidade de força de ação mútua entre duas cargas elétricas puntiformes. Suponha duas cargas Q1 e Q2 isoladas de qualquer outra distribuição de cargas e campos. Segundo a Lei de Coulomb, a força que cada carga sofre é diretamente proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa . Assim, podemos escrever, por exemplo, que a força sobre a carga Q2 exercida pela carga Q1 será: UNIUBE 129 Do mesmo modo, a força sobre Q1 exercida por Q2 será: Em que r12 = r21 é a distância que separa as cargas. Se as cargas tiverem sinais opostos, a força será atrativa, e se os sinais forem iguais, a força será repulsiva. Lembrando que as cargas estarão sempre em módulo, isto quer dizer que o vetor força elétrica será sempre positivo. A constante de proporcionalidade, ou constante de Coulomb (K), foi defi nida empiricamente e depende do meio onde estão inseridas as cargas, e seu valor depende do sistema de unidades. Assim, se o meio é vácuo e o sistema de unidade é o St, teremos que so é a constante de 1/ 4. .K oπ ε= . Permissividade do vácuo e tem valor 12 2 28,85.10 / .o C N mε −= . Assim, o valor de K = 9.109N.M2/C2. Como sabemos, a força tem natureza vetorial e deve ser assim expressa. Além disso, devemos buscar uma expressão de caráter vetorial que descreva também os fenômenos de atração ou repulsão entre as cargas. Calcule a força elétrica entre duas Cargas Q1=6µC na posição x1 = origem, e Q2 = 13µC na posição x2 = 5cm. Resolução: F12 = 9.109 . 6.10-6.13.10-6/(0,05)² F12 = 280,8 N EXEMPLIFICANDO! 130 UNIUBE 4.2.1 Força de um sistema de cargas Em um sistema de cargas, cada carga exerce uma força sobre todas as outras. A força resultante sobre qualquer carga é o vetor soma das forças exercidas individualmente sobre aquela carga por todas as outras que estão presentes no sistema. E, como o vetor força elétrica é sempre positivo, é necessário analisar a direção das forças, para se descobrir o sinal da força calculada (Figura 4). Figura 4: Análise das forças. Dado o sistema de cargas a seguir, e sabendo que Q1 = 6ȠC, Q2 = -7ȠC e Q3 = -15ȠC, encontre a força resultante na carga Q1. EXEMPLIFICANDO! Q3 Q2 Q1 UNIUBE 131 Resolução: Primeiro, precisaremos calcular a força F12 e a força F13 e, depois somá-las vetorialmente. • Calculando as distâncias: D1 ² = 4,0² + 7,0² = 8,06cm, então d1 = 0,0806M d2 ² = 4,0² + 10,0² = 10,77cm, então d2 = 0,1077M F12 = 9.109 . 6.10-9 . 7.10-9/(0,0806)² = F12 = 5,82.10-5 N. F13 = 9.109 . 6.10-9 . 15.10-9/(0,1077)² = F13 = 6,98.10-5 N. Como estes dois vetores estão nos dois eixos e a força resultante é um somatório dos dois vetores, deve-se somar estes vetores. E, para somá-los, é necessário decompô-los em suas componentes Fx e Fy, para posteriormente serem somados. • Achando os ângulos: θ 1 = tan-1 7/4 = 60,26° θ 2 = tan-1 10/4 = 68,20° • Decompondo: F12x = 5,82.10-5 . cos(60,26) = 2,89.10-5 N F12y = 5,82.10-5 . sen(60,26) = 5,05.10-5 N Como a força entre Q1 e Q2 é de atração, o vetor F12 estará no primeiro quadrante, então as componentes F12x e F12y serão positivas. F13x = 6,98.10-5 . cos(68,20) = 2,89.10-5 N F13y = 6,98.10-5 . sen(68,20) = -6,48.10-5 N Como a força entre Q1 e Q3 é de atração, o vetor F13 estará no quarto quadrante, então, a componente F12x é positiva e F12y é negativa. • Somando as componentes: Fx = 2,89.10-5 + 2,89.10-5 = 5,48.10-5N. Fy = 5,05.10-5 + (-6,48.10-5) = -1,43.10-5 N 132 UNIUBE Campo elétrico4.3 Existe uma região de infl uência de uma carga Q, onde qualquer carga de prova nela colocada estará sob ação de uma força de origem elétrica. A essa região, chamamos de campo elétrico. Então, sempre que uma carga elétrica estiver num campo elétrico fi cará sujeita a uma força elétrica, e haverá cargas elétricas positivas e negativas. Se a carga for positiva, a força que age sobre ela tem o sentido do campo elétrico. Se for negativa, dá-se o inverso. O campo elétrico é originado em cargas positivas e termina em cargas negativas. O seu sentido pode ser representado por linhas imaginárias, chamadas de linhas de campo elétrico ou linhas de força. O campo elétrico produzido pela carga elétrica +Q atrai a carga de prova –q gerando uma força elétrica de atração entre elas. Nessa situação, o valor do campo elétrico é calculado como: E = F/q [N/C]. Figura 5: Campo elétrico. • Encontrando a força resultante na carga Q1: Frq1² = (5,48.10-5)² + (-1,43.10-5)² Frq1 = 5,66.10-5 N UNIUBE 133 4.3.1 Campo elétrico de uma carga puntiforme O campo elétrico pode ser representado, em cada ponto do espaço, por um vetor, usualmente simbolizado por E e que se denomina vetor campo elétrico, sendo: E = k |Q|/r², e sua unidade é o Newton por Coulomb (N/C). O vetor campo elétrico será sempre positivo, pois a carga Q estará sempre em módulo. Na Figura 6, podemos visualizar o campo elétrico por meio das linhas de campo. Note que o campo elétrico é sempre orientado da carga positiva para a negativa. Figura 6: Sentido do campo elétrico. 4.3.2 Linhas de campo elétrico Faraday imaginou que as cargas elétricas e os ímas deviam criar, na sua vizinhança, uma espécie de “fantasma” invisível, inodoro e imperceptível ao seu tato. Os puxões e empurrões sobre objetos, outras cargaselétricas e outros ímas seriam da responsabilidade desse “fantasma”. Para isso, o “fantasma” deveria ocupar todo o espaço: só assim ele poderia estar sempre em contato com outras cargas. Para visualizar o “fantasma elétrico”, imergiu as cargas elétricas em óleo e jogou fubá sobre elas. Ele chamou as linhas observadas de linhas de força elétrica ou linhas de campo elétrico. Para ele, essas linhas tinham as propriedades de elásticos reais. Com base nessas linhas de campo elétrico é que podemos visualizar o campo elétrico entre duas cargas. Nas cargas puntiformes, o campo elétrico é representado por linhas, sendo que nas cargas positivas essas linhas estarão sempre saindo, e nas cargas negativas as linhas estarão sempre entrando (Figura 7). 134 UNIUBE Figura 7: Cargas positiva e negativa. 4.3.3 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais diferentes Linhas de campo elétrico para duas cargas puntiformes iguais, de mesmo módulo, porém de sinais diferentes. Note que as cargas se atraem e a direção do campo é orientada da carga positiva para a carga negativa (Figura 8). Figura 8: Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais diferentes. UNIUBE 135 4.3.4 Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais iguais. Linhas de campo elétrico para duas cargas puntiformes iguais, de mesmo módulos, e sinais iguais. Note que as cargas se repelem, portanto as linhas de campo também se repelem (Figura 9). Figura 9: Campo elétrico entre duas cargas puntiformes de sinais iguais. 4.3.5 Campo elétrico uniforme Quando se colocam duas placas paralelas iguais, porém com cargas de sinais diferentes, o campo entre elas é uniforme, ou seja, em qualquer ponto da placa o vetor E é constante e perpendicular à placa. O vetor E é sempre orientado da carga positiva para a negativa (Figura 10). Figura 10: Campo elétrico uniforme. 136 UNIUBE 4.3.6 O campo elétrico em distribuições contínuas de carga Até agora, trabalhamos com a carga elétrica quantizada, ou seja, com uma carga puntiforme. Porém, existem situações em que essas cargas se encontram muito perto umas das outras, como uma distribuição contínua de cargas. Nesses casos, não trabalhamos com cargas puntiformes, e sim com uma densidade de cargas. Essas densidades podem ser lineares, volumétricas, superfi ciais, ou seja, de acordo com o tipo de situação em que se encontram essas cargas. Não iremos trabalhar com as distribuições contínuas de carga, porém, vale apenas ressaltar que tais situações podem acontecer. Determine o valor do campo elétrico no ponto P, em x = 8,0 cm, para uma carga Q de 3µC localizada em x = 2,0 cm. EXEMPLIFICANDO! Resolução: E = 9.109 . 3.10-6 / (0,06)² E = 7,5.106 N/C Como a carga é positiva, o vetor campo elétrico estará saindo da carga em direção ao ponto P, portanto, o campo elétrico será positivo. UNIUBE 137 Potencial elétrico (V)4.4 O potencial elétrico é uma grandeza muito utilizada e muito conhecida por todos nós. Também conhecido como voltagem ou tensão, ele é responsável pelo funcionamento de todos os eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos que possuímos em casa. Este potencial é, na verdade, uma diferença de potencial (DDP) entre dois pontos. Por exemplo, devemos imaginar dois pontos: A e B. B com potencial nulo e A com um potencial qualquer. Sabendo que entre A e B existe um campo elétrico, coloquemos no ponto B uma carga de prova. O potencial sobre esta carga será o trabalho necessário, ou a energia necessária para esta carga se locomover do ponto B em direção ao ponto A. Quando se coloca a carga negativa “q” entre os dois pontos A e B, sujeitos a um potencial elétrico, esta carga vai sair do ponto de menor potencial (B) em direção ao ponto de maior potencial (A). Este trabalho gasto pela carga q do ponto A ao ponto B é chamado de potencial elétrico (Figura 11). Em outras palavras, a diferença de potencial elétrico (DDP) entre dois pontos ocasiona o deslocamento espontâneo de cargas ao nível do campo elétrico, onde atuam forças que realizam trabalho. Um aparelho elétrico ou eletrônico só funciona quando se cria uma diferença de potencial entre os pontos em que esteja ligado para que as cargas possam se deslocar de um ponto para o outro. Figura 11: Potencial elétrico. 138 UNIUBE Quando se diz que uma bateria de carro é de doze volts, isto quer dizer que o potencial de um dos terminais da bateria é doze vezes maior que o outro. SAIBA MAIS A unidade do potencial elétrico é o volts (V), e o trabalho realizado para deslocar uma carga será: / [ ]VA VB WAB q V− = Em que: VA = Potencial no ponto A (V); VB = Potencial no ponto B (V); WAB = Trabalho efetuado pela carga para se locomover de ponto A para o ponto B (J); Q = valor da carga elétrica (C). 4.4.1 Potencial elétrico devido a um sistema de cargas puntiformes O potencial elétrico gerado por uma carga puntiforme em um ponto pode ser calculado pela seguinte expressão: Em que: K = Constante eletrostática (9.109 N.M²/C²); Q = Carga elétrica (C); D = Distância da carga ao ponto onde se deseja calcular o potencial (M). Esse potencial pode ser positivo ou negativo, dependendo do sinal da carga, ou seja, se a carga for positiva, o potencial será positivo, se a carga for negativa, o potencial deve ser negativo. O potencial elétrico é uma grandeza escalar, ou seja, para se somar os potenciais elétricos de um sistema basta que se somem todos os potenciais algebricamente. UNIUBE 139 Sabendo-se que há duas cargas puntiformes Q1=-9ȠC posicionadas no ponto x = 8,0 cm, e Q2 = 12ȠC posicionada no ponto y = 6,0 cm, encontre o potencial elétrico resultante no ponto P em x = 2,0 cm. Resolução: • Primeiro, após encontrar as distâncias e convertê-las para metros, vamos calcular os potenciais V1 e V2: d1 = 8,0 – 2,0 = 6,0cm, então d1 = 0,06M d2² = 6,0² + 2,0² = 6,32cm, então d2 = 0,0632M V1 = 9.109 . -9.10-9/0,06 V1 = -1350 V V2 = 9.109 . 12.10-9/0,0632 V2 = 1708,86 V • Agora, para encontrarmos o potencial resultante, basta somá-los algebricamente: Vt = -1350 + 1708,86 = Vt = 358,86 V. Portanto, o potencial elétrico resultante no ponto P é de 358,86 volts. EXEMPLIFICANDO! 140 UNIUBE 4.4.2 Superfícies equipotenciais Superfícies equipotenciais são superfícies que possuem o mesmo potencial elétrico, ou seja, a variação de V nesta região é nula. Estas linhas perpendiculares (em cinza) às linhas de campo elétrico mostradas, a seguir, são as superfícies equipotenciais. Considerando um campo elétrico uniforme, qualquer ponto de uma linha reta terá o mesmo valor de V (Figura 12) Figura 12: Superfícies equipotenciais. Resumo Neste quarto capítulo do nosso livro de Física, conhecemos a eletrostática (que é o estudo das cargas elétricas em repouso). Aprendemos como e por que o termo carga elétrica foi criado, assim como a experiência feita para tal processo. Conseguimos perceber como a carga elétrica é importante para a explicação de inúmeros fenômenos eletrostáticos. Compreendemos a diferença entre os materiais isolantes e condutores. Calculamos a força de interação entre duas ou mais cargas elétricas, UNIUBE 141 e aprendemos que o sinal dessas cargas deve ser sempre levado consideração ao analisarmos a direção resultante de uma força. Conhecemos também o campo elétrico, que é uma região de influência de uma carga elétrica, sendo fundamental para a existência de outra grandeza importante chamada de potencial elétrico. No próximo capítulo trabalharemos com a eletrodinâmica (que é o estudo das cargas elétricas em movimento), portanto um bom aprendizado deste primeiro capítulo é de fundamental importância para melhor compreensão do próximo. Bons estudos! Referências HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentosda física: eletromagnetismo. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Cientifícos S.A., 1995. v. 3. KELLER, F.J.; GETTYS, W.E.; SKOVE, M.J. Física. São Paulo: Makron Books, 1999. v. 2. TIPLER, P.A.; MOSCA, G. Física: eletricidade e magnetismo, ótica. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v. 2. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III: eletromagnetismo. Sears & Zemansky. 12. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009. Valdir Barbosa da Silva Júnior Introdução Capítulo 5 A termologia é o setor da física que trata da energia térmica – uma forma de energia causada pelo movimento dos átomos ou das moléculas de um corpo. A medida da temperatura é de suma importância, e sua aplicação vai desde a culinária até as indústrias. Na culinária, é preciso saber a temperatura do forno, de congelamento e de conservação de alimentos em freezer, enquanto nas indústrias há temperaturas ideias para produzir determinados materiais ou para manter o bom funcionamento de máquinas, incluindo os de microcomputadores. Este capítulo foi elaborado com o objetivo de fazer uma introdução ao estudo sobre calor e temperatura. Nele, abordamos os seguintes tópicos: temperatura, calor, estado físico da matéria, transmissão de calor, estudos dos gases e leis da termodinâmica. Termologia: calorimetria, propriedades da matéria e leis da termodinâmica Ao fi nal deste capítulo de estudos é esperado que você seja capaz de: • conceituar temperatura, calor e energia térmica; • relacionar escalas termométricas; • diferenciar calor sensível de calor latente; • resolver problemas relativos ao princípio das trocas de calor e à transferência de calor através de condutores; Objetivos 5.1 Considerações Iniciais 5.2 Temperatura 5.2.1 Termômetro 5.2.2 Equação termométrica 5.3. Calor 5.3.1 Calor sensível 5.3.2 Capacidade térmica 5.3.3 Calor específico 5.3.4 Equação fundamental da calorimetria 5.3.5 Equivalente em água 5.3.6 Calor latente 5.3.7 Curvas de aquecimento e de resfriamento 5.3.8 Princípio geral das trocas de calor 5.4 Os estados físicos da matéria 5.4.1 Condensado de Bose-Einstein 5.4.2 Diagrama de fases 5.4.3 Transição sólido-líquido 5.4.4 Efeito Tyndall (regelo) 5.4.5 Pressão de vapor 5.4.6 Transição sólido vapor 5.5 Transmissão de Calor 5.5.1 Condução 5.5.2 Convecção 5.5.3 Irradiação 5.6 Estudo dos gases 5.6.1 Equação de Clapeyron 5.6.2 Leis das transformações dos gases Esquema • identificar relação entre trabalho e calor; • explicar o funcionamento das máquinas térmicas: motor de explosão e refrigerador. UNIUBE 145 5.6.3 Teoria cinética dos gases 5.6.4 Diagrama P x V 5.6.5 Energia interna 5.7 Leis da termodinâmica 5.7.1 Algumas transformações especiais da primeira lei da termodinâmica 5.7.2 Segunda lei da termodinâmica 5.8 Segunda lei da termodinâmica 5.8.1 Máquinas térmicas e rendimento 5.8.2 Máquinas frigoríficas ou bomba de calor 5.8.3 Eficiência 5.8.4 Ciclo de Carnot 5.9 Entropia 5.10 Conclusão Considerações Iniciais5.1 A termologia (derivado de termo = temperatura e logia = estudo) é um ramo de estudos da física que compreende a relação entre calor e temperatura. Possui como divisões a termometria, a calorimetria, a dilatação, as trocas de calor e os princípios termodinâmicos que possuem inúmeras aplicações. Vejamos alguns exemplos de situações que servem de ponto de partida para o estudo da termodinâmica. • O que acontece quando colocamos uma garrafa cheia de água no congelador? É comum realizarmos esse procedimento e termos uma surpresa! Vemos que há um aumento do volume da água quando esta passa do estado líquido para o sólido (embora essa dilatação não seja comum, por tratar-se de um comportamento anômalo, utilizamos este exemplo por ser de fácil observação). • Uma prática utilizada para evitar descarrilamento dos trens é deixar espaços que permitam a dilatação dos trilhos, pois é sabido 146 UNIUBE que, com o aumento da temperatura, estes, que são feitos de ferro, sofrem dilatações o que causa aumento em seu comprimento. • Sabemos que um corpo está em estado febril (37,0 CC) ou com febre (acima de 37,0 °C) pelo uso de uma escala graduada de temperatura, comumente denominada termômetro. É comum a utilização da escala Celsius na América do Sul. Já em outras localidades, como na América do Norte, a escala Fahrenheit é mais utilizada. • É muito comum o uso da expressão "botijão de gás", referenciando ao gás utilizado na cozinha (butano). Porém, a substância existente no botijão não está no estado de gás, e sim no de vapor. Seria mais correto, então, referenciarmos a ele como botijão de vapor? A resposta é não! • Veja bem, temos o gás butano (CH4) que está no estado de vapor. Assim, podemos perceber que, com a diminuição do volume do gás, diminui também sua temperatura, pois temos um equilíbrio entre líquido e vapor. Temperatura5.2 Sabemos que a matéria é constituída por moléculas, que, por sua vez, são dotadas de um movimento de vibração, ou seja, energia cinética de vibração. Alguns fatos, como materiais que se dilatam quando aquecidos e se contraem ao serem resfriados, assim como materiais sólidos que se derretem ao serem devidamente aquecidos, caracterizam a temperatura, que é uma palavra latina e significa proporção, mistura, tempero. Podemos dizer que temperatura é uma grandeza macroscópica, relacionada com a grandeza microscópica do valor médio da energia cinética de translação das moléculas. Falar em temperatura de um corpo significa falar sobre o nível de vibração de suas moléculas. Observe, por exemplo, o movimento das partículas na Figura 1 a seguir: UNIUBE 147 5.2.1 Termômetro Sendo a temperatura a medida do grau de agitação das partículas que constitui em um corpo, usamos um dispositivo que nos dá o valor de forma indireta desta temperatura, que recebe o nome de termômetro. Este está representado na Figura 2 a seguir. Esse termômetro é constituído por um tubo fechado, dotado de um pequeno reservatório (bulbo) em uma das extremidades, parcialmente preenchido por um líquido que, em geral, é o mercúrio. Na Figura 3, a seguir temos representadas as escalas termométricas. Figura 3: Escalas termométricas. Figura 1: Movimento das partículas. Figura 2: As partes de um termômetro. 148 UNIUBE • 1º ponto fixo: corresponde à temperatura de fusão do gelo; chamado ponto do gelo. • 2º ponto fixo: corresponde à temperatura de ebulição da água; chamado ponto de vapor 5.2.2 Equação termométrica Nesse tipo de termômetro, a grandeza termométrica é a altura da coluna de mercúrio no interior do tubo e, a cada valor de altura h da coluna de mercúrio, associamos uma correspondente temperatura 0. A correspondência entre h e 0 constitui a função termométrica. Vejamos: t = a . G + b Em que: • a e b são constantes a serem determinadas, sendo que a ≠ 0; • G é a grandeza termométrica (comprimento da coluna de mercúrio em termômetro); • t é a temperatura. A relação entre escalas representada na Figura 4, a seguir, refere-se às três termométricas: Celsius, Kelvin, Fahrenheit. Figura 4: Escalas termométricas: Celsius, Kelvin, Fahrenheit. 32 273 5 9 5 F Kq q− −= = UNIUBE 149 Escala Absoluta Kelvin Não podemos definir qual é a temperatura mais alta que existe. Por exemplo, as estrelas podem atingir trilhões de graus, mas podemos demonstrar que existe um limite inferior de temperatura, isto é, um estado térmico mais frio que qualquer outro. Este é chamado de zero absoluto. O zero absoluto de temperatura tem desafiado todas as tentativas experimentais de alcançá-lo. Descoberto pelo físico irlandês William Thomson (1824-1907), que recebeu o título de Lorde Kelvin, é a menor temperatura existente. Atividade 1 Responda às seguintesquestões: A. Um termômetro mal construído indica 99ºC no 2º ponto fixo e 1ºC no 1º ponto fixo. Se um valor de 40ºC estiver marcado nesta escala, qual será a indicação na escala correta? B. O sêmen (bovino) para inseminação artificial é conservado em nitrogênio líquido que, à pressão normal, tem temperatura de 78º K. Calcule essa temperatura em: a. graus Celsius (°C); b. graus Fahrenheit (ºF). C. Em uma aula de física laboratorial, um grupo de alunos com o objetivo de recalibrar um velho termômetro com a escala totalmente apagada, coloca-o em equilíbrio térmico, primeiro, com gelo fundente e, depois, com água em ebulição sob pressão atmosférica normal. Em cada caso, eles anotam a altura atingida pela coluna de mercúrio: 10,0 cm e 30,0 cm, respectivamente, medida sempre a partir do centro do bulbo. A seguir, eles esperam que o termômetro entre em equilíbrio térmico com o laboratório e verificam que, nesta situação, a altura da coluna de mercúrio é de 18,0 cm. Qual é a temperatura do laboratório na escala Celsius desse termômetro? (Veja a Figura 5.) AGORA É A SUA VEZ 150 UNIUBE Figura 5: Gráfico correspondente à temperatura indicada no termômetro. Calor5.3 Energia térmica é a energia de vibração das moléculas que constitui um corpo. Essa energia térmica em trânsito, ou seja, a energia que se transfere de um corpo para outro quando entre eles existe diferença de temperatura, caracteriza o calor. Observe isso na Figura 6 a seguir. Durante este processo, ocorre uma transferência de energia térmica dos corpos de maior temperatura para os corpos de menor temperatura. Para determinarmos o calor trocado entre os corpos, vamos trabalhar com a grandeza quantidade de calor (Q). A quantidade de calor, por ser uma forma de energia, é medida no sistema internacional pelo (J) joule. Temos como unidade usual a caloria. Figura 6: Variação de temperatura (fluxo de calor). UNIUBE 151 1 cal = 4,186 J Caloria é a quantidade de calor necessário para elevar a temperatura de um grama de água em 1 °C, ou seja, de 14,5 °C para 15,5 °C, isto sobre pressão de 1 atm. British Thermal Unit (BTU) é a unidade térmica inglesa. Essa unidade de medida de calor é muito usada na engenharia. 1 BTU = 1,055 J = 252 cal. Na prática da engenharia, 1 BTU é aproximadamente igual a 0,293 W x h (watt x hora). CURIOSIDADE 5.3.1 Calor sensível Se colocarmos no fogo uma panela com água, sua temperatura se eleva. A variação da temperatura é causada pelo calor fornecido à água pelo fogo; isso é calor sensível. Assim, calor sensível é a quantidade de calor necessária para elevar ou diminuir a temperatura do corpo sem que ocorra mudança no estado de agregação da substância, ou seja, o corpo recebe ou cede calor, sua temperatura varia, mas seu estado de agregação permanece o mesmo. Quando falamos em variação de temperatura, podemos nos referir tanto ao aumento como à diminuição da temperatura de um corpo. Essa maneira de expressar traduz uma das leis da calorimetria, a que chamamos de Princípio da transformação inversa. Princípio da transformação inversa Se um sistema absorve uma quantidade de calor Q para passar da temperatura t para a temperatura t1 (t < t1), o sistema cede a mesma quantidade de calor ao passar da temperatura t1 para a temperatura t. SINTETIZANDO... 152 UNIUBE 5.3.2 Capacidade térmica Se aquecermos um corpo por meio de uma fonte de potência constante, isto é, uma fonte que fornece sempre a mesma quantidade de calor por unidade de tempo (50 cal/s, por exemplo), verificamos que a variação de temperatura θ experimentada pelo corpo depende do tempo de aquecimento e, portanto, da quantidade de calor Q recebida. Vamos analisar a Tabela 1 a seguir Tabela 1: Valores para capacidade térmica Admitindo-se que o corpo não sofreu mudança de estado físico, observamos que a variação de temperatura sofrida pelo corpo é proporcional à quantidade de calor recebida. A capacidade térmica de um corpo (C) é dada pela razão entre a quantidade de calor fornecida do corpo e a correspondente variação de temperatura. PARADA PARA REFLEXÃO Então: Qc θ ∆ = ∆ Essa relação permite ressaltar que Q é a quantidade de calor recebida pelo corpo em caloria; ∆ é a variação de temperatura sofrida pelo corpo em ° C; C é a capacidade térmica do corpo em cal/ °C. UNIUBE 153 Observando a definição, o corpo deve receber 100 cal para que sua temperatura se eleve de 1 °C. 5.3.3 Calor específico Serve para demonstrar que a massa e um corpo interferem no aquecimento do mesmo. Vamos observar a Tabela 2 a seguir. Tabela 2: Valores para calor específico Para corpos constituídos de uma mesma substância, a capacidade térmica é diretamente proporcional à massa do corpo. REGISTRANDO O calor específico de uma substância é a quantidade de calor necessária para fazer a temperatura de 1 g da substância variar de 1 °C: Cc m = Alguns valores de calores específicos estão representados na Tabela 3 a seguir. Tabela 3: Calor específico Substância Calor específico cal/°C Água 1,000 154 UNIUBE Gelo 0,550 Vapor d’água 0,500 Alumínio 0,217 Cobre 0,094 Álcool 0,580 Éter 0,56 Ferro 0,113 Chumbo 0,031 Mercúrio 0,033 Prata 0,056 Em relação ao calor específico, observamos que: • o calor específico da água líquida é bastante elevado em comparação com o de outras substâncias; na verdade, é um dos maiores da natureza; • o calor específico é uma característica da natureza da substância, ou seja, cada substância tem seu próprio calor específico; • os metais são substâncias de baixo calor específico. Por isso, quando cedem ou recebem pequenas quantidades de calor, eles sofrem grandes variações de temperatura; • o calor específico de uma determinada substância varia muito de acordo com o estado físico no qual ela se encontra. Atividade 2 Responda a estas questões: A. Dois corpos, A e B de massas diferentes, possuem a mesma capacidade térmica. AGORA É A SUA VEZ UNIUBE 155 a) Se esses dois corpos receberem a mesma quantidade de calor, qual deles sofrerá a maior variação de temperatura? b) As substâncias constituintes desses corpos podem ter o mesmo calor específico? B. Uma fonte de calor possui uma potência térmica constante de 50 cal/ºC. Essa fonte é usada para aquecer um corpo de capacidade térmica de 20 cal/ºC durante 30 s. Supondo que o corpo não sofra mudança de fase, determine a variação de temperatura do corpo. C. Um recipiente de capacidade térmica desprezível contém 10 I de água a 25 ºC. Para aquecer a água até 30°C, uma pessoa utiliza um aquecedor de 120W de potência. Considere 1 cal = 4 J, c água = 1 cal/g ºC e d água = 1 kg/ l a) Qual foi a quantidade de calor absorvida pela água? b) Se toda a energia liberada pelo aquecedor foi absorvida pela água, durante quanto tempo o aquecedor permaneceu em funcionamento? Metabolismo Já há mais de 100 anos vem sendo pesquisada a relação entre a taxa metabólica — T.M. — e o tamanho dos animais. A taxa metabólica indica a quantidade de energia necessária para que um organismo vivo exerça suas funções, podendo ser estimada medindo-se a quantidade de oxigênio consumida nos processos oxidantes para obtenção de energia (calor). CURIOSIDADE No gráfico da Figura 7, apresentada a seguir, temos uma escala de potência em relação à massa dos animais. Os dados encontrados foram colocados em um gráfico log-log (logaritmo da massa m do animal em função do logaritmo da taxa metabólica). 156 UNIUBE Figura 7: Crescimento da taxa metabólica. Fonte: Adaptado de The theory, (2010). O coeficiente angular encontrado é de aproximadamente 0,75. Este resultado foi encontrado por vários pesquisadores que determinaramque o coeficiente angular era o mesmo para organismos unicelulares, pecilotérmicos e homeotérmicos. Pela fórmula, expressa-se da seguinte maneira: log T.M. = log K: + 0,75 . log m em que k é uma constante. Na forma não-logarítmica, teríamos: T.M. = k • m0,75 5.3.4 Equação fundamental da calorimetria Na Figura 8, a seguir, temos a representação de um corpo recebendo calor e variando sua temperatura do estado inicial. Ta xa m et ab ól ic a (w at ts ) UNIUBE 157 Figura 8: Corpo recebendo calor. Após ter definido as grandezas capacidade térmica de um corpo (C) e o calor específico de uma substância (c): QC θ = ∆ (I) e C = m . c (II), igualam-se as expressões (I) e (II), tem-se: . . .Q mc Q mc θ θ = ⇒ = ∆ ∆ onde: • Q = calor trocado pelo corpo em cal; • m = massa do corpo em g; • c = calor específico da substância que constitui o corpo em cal/g °C; • θ∆ = é a variação de temperatura sofrida pelo corpo em °C. Considerando que não ocorra mudança de estado, a grandeza pode ser negativa ou positiva, pois é dada pela diferença entre a temperatura final f a temperatura inicial θ 0. Portanto, temos que o sinal de determina o sinal de Q. • Quando o corpo recebe calor, sua temperatura aumenta ( 0fθ θ> ) θ∆ > 0 => Q > 0 (calor recebido) • Quando o corpo perde calor, sua temperatura diminui ( 0fθ θ< ) θ∆ < 0 => Q < 0 (calor perdido) 158 UNIUBE 5.3.5 Equivalente em água Ao receber uma certa quantidade de calor Q, um corpo de massa mc e calor específico c sofrerá uma variação θ∆ em sua temperatura. Se fornecermos a mesma quantidade de calor Q a uma massa de água ma e sua temperatura apresentar a mesma variação θ∆ , ocorrida com o corpo de massa mc, dizemos que a massa de água ma é o equivalente em água desse corpo. Assim, temos: Q (água) = Q (corpo) ma . ca . θ∆ = mc . cc . θ∆ Como ca = 1 cal/g°C e aθ∆ = cθ∆ , temos: ma = mc . cc Denomina-se equivalente em água para uma determinada massa de substância à quantidade de água que possui a mesma capacidade térmica que tal massa de substância. EXPLICANDO MELHOR 5.3.6 Calor latente Em todo o estudo que fizemos até agora, consideramos sempre o calor produzindo variação de temperatura nos corpos, e lhe demos o nome de calor sensível. No entanto, nem sempre o calor fornecido a um corpo produz a variação de sua temperatura. Por exemplo: durante a fusão do gelo e a ebulição da água (Figura 9), sob pressão normal, a temperatura permanece constante em 0 ºC e em 100 °C. UNIUBE 159 Figura 9: Mudanças de estado da água. Q = m . L Q = quantidade de calor m = massa L = calor latente de uma mudança de estado de uma substância pura O calor latente mede numericamente a quantidade de calor trocada por uma unidade de massa da substância durante aquela mudança de estado enquanto sua temperatura permanece constante. • Calor latente de fusão do gelo (a 0 ºC); Lf = 80 cal/g; • Calor latente de solidificação da água (a 0 °C); Ls = - 80 cal/g; • Calor latente de vaporização da água (a 10 ºC); Lv = 540 cal/g; • Calor latente de condensação do vapor (a 100 °C); Lc = - 540 cal/g. 5.3.7 Curvas de aquecimento e de resfriamento Observando a Figura 10, a seguir, podemos verificar a variação de temperatura de um corpo mostrando as trocas de calor sensível e latente. 160 UNIUBE Figura 10: Variação de temperatura x quantidade de calor. Em relação ao calor, observe, com atenção, o gráfico da Figura 11, que permite verificar a diferença entre calor sensível e calor latente. O calor sensível recebe calor, variando sua temperatura, mas mantém seu estado de agregação. O calor latente recebe calor, mantém sua temperatura constante, mas muda seu estado de agregação. Figura 11: Gráfico relacionando calor latente e calor sensível. UNIUBE 161 5.3.8 Princípio geral das trocas de calor Com a finalidade de determinarmos o calor específico, ou a capacidade térmica de determinadas substâncias, devemos realizar experiências envolvendo os corpos ou as substâncias. Para isso, utilizamos um dispositivo denominado calorímetro. Observe-o na Figura 12 a seguir. Como podemos observar na figura apresentada anteriormente, calorímetro é uma caixa de paredes adiabáticas que não troca calor com meio externo. Um tipo de calorímetro bastante utilizado é o calorímetro de mistura ou calorímetro de água, basicamente constituído por um recipiente que contém determinada quantidade de água, isolada termicamente do meio externo, e por um termômetro, para medir as temperaturas finais e iniciais dos corpos ou das substâncias. Um calorímetro ideal seria aquele que não participasse das trocas de calor que ocorrem em seu interior, ou seja, um calorímetro com capacidade térmica nula. O calorímetro dito ideal, contudo, não existe. Na prática, um bom calorímetro deve ter uma capacidade térmica desprezível em comparação com as capacidades térmicas dos corpos em seu interior. SAIBA MAIS Figura 12: Experiência com o uso do calorímetro. 162 UNIUBE Considerando um calorímetro ideal que contém água quente, misturando um pouco de água fria, temos que a água quente esfria e a água fria esquenta. Esse e muitos outros fenômenos são explicados pelo Princípio das trocas de calor (Princípio da conservação de energia). Princípio da conservação de energia Se dois sistemas termicamente isolados trocam calor entre si, a quantidade de calor cedida por um é igual à quantidade de calor recebida pelo outro. Dois sistemas são termicamente isolados quando as trocas de calor ocorrem apenas entre eles, ou seja, não ocorrem trocas de calor entre esses sistemas e o meio externo, como no caso de uma garrafa térmica. REGISTRANDO Na Figura 13, a seguir, temos a representação deste fenômeno. Figura 13: Princípio da igualdade das trocas de calor. Portanto, temos: QA + QB = 0 E para vários corpos em equilíbrio térmico, temos: Q1 + Q2 + Q3 +...........+ Q n = 0 UNIUBE 163 Um recipiente contém 18 l de água a 24 ºC. Coloca-se, no recipiente, certa quantidade de água a 72 ºC e obtém-se uma temperatura de equilíbrio de 36 ºC. Despreze a capacidade térmica do recipiente e as perdas para o ambiente. Nessas condições, qual foi a quantidade de água colocada no recipiente? dágua = 1 kg/l Resposta Neste exercício, podemos observar que está ocorrendo troca de calor entre duas substâncias; assim, vamos usar o Princípio das trocas de calor: sendo dàsua = 1 kg/l Q1 + Q2 = 0 18(36 - 24) + m2(36 - 72) = 0 18.12 = m2 . 36 m2 = 6 kg = 6 l EXEMPLIFICANDO! Atividade 3 Resolva as seguintes questões: A) Em um recipiente de capacidade térmica desprezível são colocados 200 g de água a 50 ºC e 50 g de gelo a 0 ºC. Admitindo que não haja troca de calor com o ambiente, determine a temperatura final de equilíbrio C água = 1 cal/g °C e L f (gelo) = 80 cal/g B) Em um recipiente de capacidade térmica desprezível, são colocados 200 g de água a 20 ºC e 800 g de gelo a 0 °C. Supondo que a troca seja feita somente entre a água e o gelo, determine: C água = 1 cal/g °C e L f (gelo) = 80 cal/g: i. a temperatura de equilíbrio; ii. a massa final de água líquida no recipiente. AGORA É A SUA VEZ 164 UNIUBE Os estados físicos da matéria5.4 A matéria se apresenta basicamente em três estados de agregação: sólido, líquido e gasoso. Os estados de agregação da matéria são caracterizados pela forma como as partículas de um corpo se distribuem no espaço e, também, pelas forças de atração recíproca entre estas partículas. Os referidos estados apresentam as seguintes características: • sólido: as partículas apresentam-se em um padrão bem organizado, com um alto grau de coesão, ocupando posições bem definidase apresentando forma e volume próprios: • líquido: as partículas apresentam-se em um padrão mais livre do que nos sólidos, assim não têm forma própria, assumindo a forma do recipiente, embora tenham volume próprio. • gasoso: as partículas apresentam-se livres e sem força de coesão alguma, não apresentando nem forma nem volume próprio. É comum ouvirmos sobre um quarto estado da matéria: o plasma. Vamos compreendê-lo? O estado físico da matéria está relacionado à temperatura e à pressão em que está submetido: se tivermos uma substância já no estado gasoso e esta continuar recebendo energia, sua temperatura aumentará até o ponto em que mudará novamente de estado físico, assumindo a forma de plasma. O plasma é um sistema neutro que ocorre no interior do Sol e das demais estrelas: um “monte” de elétrons livres e íons. REGISTRANDO 5.4.1 Condensado de Bose-Einstein Na Figura 14 temos as passagens de estado de agregação a que as substâncias se submetem. UNIUBE 165 Figura 14: Diagrama de mudança de fases. a) Fusão: é a passagem de uma substância da fase sólida para a fase líquida. b) Solidificação: é a passagem da fase líquida para a fase sólida. c) Vaporização: é a passagem da fase líquida para a fase gasosa. d) Condensação ou Liquefação: é a passagem da fase gasosa para fase líquida. e) Sublimação: e a passagem direta da fase sólida para fase gasosa ou da fase gasosa para a fase sólida. • Os processos endotérmicos são aqueles que ocorrem com absorção de calor, sendo eles a fusão, a vaporização e a sublimação. • Os processos exotérmicos são aqueles que ocorrem com liberação de calor, sendo eles a solidificação, a condensação (ou liquefação) e a sublimação. IMPORTANTE! ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ 166 UNIUBE 5.4.2 Diagrama de fases Denomina-se diagrama de fases o gráfico da pressão em função da temperatura de uma determinada substância. Observe a Figura 15 a seguir. Figura 15: Gráficos de pressão em função da temperatura. Vamos analisar esses diagramas: • podemos identificar as regiões e as curvas que limitam essas regiões; • no diagrama da esquerda temos as substâncias que se contraem, como água, prata, ferro antimônio e bismuto; • no diagrama da direita temos as substâncias que se dilatam, elas são a maioria; • o ponto T representa o ponto triplo, que é o ponto de coexistência entre as três fases. O ponto triplo da água, por exemplo, é 273,16ºK (0,01 °C), sob pressão de 6,03 x 10 -3 atm. 5.4.3 Transição sólido-líquido Nesse tipo de transição sólido-líquido, um aumento de temperatura irá ocasionar um aumento na temperatura de vaporização. Observe a Figura 16 a seguir. UNIUBE 167 Figura 16: Diagrama das três fases Essa substância, inicialmente na fase sólida, poderá passar à fase líquida das seguintes maneiras: a) diminuindo-se a pressão (PÁ —► PB) e mantendo-se a temperatura constante (t A); b) aumentando-se a temperatura (tA —► tC) e mantendo-se a pressão (PA ); c) aumentando-se a temperatura (tA —► tD) e diminuindo-se a pressão (PÁ —► PD) 5.4.4 Efeito Tyndall (regelo) Caracteriza-se por ser a fusão sob pressão seguida de solidificação. Sob pressão, a temperatura de solidificação tende a cair, assim um material sólido pode, sob determinada pressão, se tornar líquido e, ao deixar de existir a pressão, tornar-se sólido. A Figura 17, a seguir, representa um bloco de gelo sob a ação de um fio pressionando uma de suas faces. Nesse ponto de pressão, a temperatura de 0°C do bloco não é mais suficiente para manter o estado sólido, assim ocorre a fusão do gelo em água e o fio penetra alguns milímetros dentro do bloco; ao fazer isso, a pressão acima do fio cai e então a água que 168 UNIUBE está a 0 °C volta a se solidificar. Continuando com a pressão, é possível atravessar todo o bloco de gelo e, ao final, ele ainda estará “inteiro”. Com o aumento de pressão, diminui a temperatura de fusão do gelo; diminuindo a pressão, a temperatura se restabelece. 5.4.5 Pressão de vapor Gás é a substância que, na fase gasosa, encontra-se em temperatura superior à sua temperatura crítica e que não pode ser liquefeita por compressão isotérmica. Vapor é a substância que, na fase gasosa, encontra-se em temperatura abaixo de sua temperatura crítica e que pode ser liquefeita por compressão isotérmica. O ponto crítico é aquele em que uma substância não consegue se liquefazer por maior que seja a pressão exercida sobre ela, sendo isso possível somente com um aumento de pressão se ela estiver a uma temperatura inferior à sua temperatura crítica. Acima desta temperatura, só é possível encontrar a substância no estado gasoso. Observe, na Figura 18, que a pressão de vapor aumenta com a temperatura. Figura 17: Fenômeno do regelo. UNIUBE 169 Figura 18: Relação entre pressão e temperatura do vapor. 5.4.6 Transição sólido-vapor Nessa mudança de fase, um acréscimo de pressão dificulta a passagem das partículas da substancia sólida para o estado gasoso. À pressão ambiente, temos poucas substâncias que sofrem sublimação, podendo citar o dióxido de carbono (gelo-seco), o iodo, a cânfora e a naftalina que, ao absorverem calor do ambiente, passam diretamente do estado sólido para o estado gasoso. Observe o gráfico da Figura 19 a seguir. Figura 19: Diagrama da sublimação Transmissão de calor5.5 A transmissão de calor entre pontos de um sistema, ou entre sistemas, pode ocorrer por três processos distintos: condução, convecção e irradiação. 170 UNIUBE 5.5.1 Condução É o processo de transmissão de calor através do qual a energia passa de molécula para molécula sem que elas sejam deslocadas. 5.5.1.1 Fluxo de calor Se considerarmos uma superfície S através da qual é transmitida uma quantidade de calor ∆Q em um intervalo de tempo ∆t, define-se o fluxo de calor como sendo o quociente entre ∆Q e ∆t. Temos: O fluxo de calor pode ser medido em cal/s, cal/min, kcal/h etc. Já no sistema internacional, temos joule/segundos (J/s), que é watt (W). 5.5.1.2 Lei de Fourier da condução térmica É a lei que rege a condução térmica em um regime estacionário. O regime estacionário é estabelecido quando as extremidades do meio em que ocorre a condução térmica são mantidas em temperaturas constantes apesar da transmissão de energia. Veja a figura 20 a seguir. Figura 20: Condução térmica UNIUBE 171 De acordo com a Lei de Fourier, o fluxo de calor através da barra é diretamente proporcional à área da secção transversal S da barra e à diferença de temperatura 2 1) entre as suas extremidades, e inversamente proporcionais ao comprimento L da barra. → Coeficiente de condutibilidade térmica Este coeficiente é elevado para os bons condutores de calor e baixo para os maus condutores de calor. 5.5.2 Convecção É o processo de transmissão de calor, nos líquidos ou nos gases, por efeito das camadas aquecidas que se chamam correntes de convecção. O fluxo de calor transmitido por convecção entre uma superfície sólida e um fluido pode ser avaliado quantitativamente pela expressão: . .h Aφ θ= ∆ Nessa expressão, temos que é a área da superfície sólida; é a diferença de temperatura entre a superfície e o fluido; e h é um coeficiente denominado coeficiente de transmissão convectiva de calor ou, simplesmente, coeficiente de película, medido no SI (Sistem Internacional de Unidades) em J/s . m2 . °C 5.5.3 Irradiação É o processo de transmissão de energia entre e dois corpos que não precisa de um meio material para se propagar. A irradiação é a emissão de ondas de infravermelho por um corpo. Essa emissão é tanto maior quanto mais alta é a temperatura do corpo emissor. Veja, esquematicamente na Figura21, a seguir, os fenômenos da refletividade (r), da absorvidade (a) e da transmissividade (t): 172 UNIUBE Figura 21: Esquema da irradiação. Refletividade Absorvidade Transmissividade r i r φ φ = a i a φ φ = t i t φ φ = Para um mesmo corpo, devemos ter: r+a+t=1 Refletividade (r) Absorvidade (a) Transmissividade (t) Corpo atérmico a + r= 1 a + r= 1 0 Corpo negro ideal 0 1 0 Espelho ideal 1 0 0 Concluímos que as superfícies escuras absorvem mais calor radiante do que as superfícies claras, e que as superfícies espelhadas refletem mais calor radiante do que as superfícies foscas. 5.5.4 Emissividade Poder emissivo de um corpo é a relação entre a potência total emitida e a área da superfície emitida: iφ rφ tφ aφ UNIUBE 173 E = emitida O poder emissivo de um corpo negro é diretamente proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta. E corpo negro = Para um corpo qualquer: corpo negro EE E = => Como o poder emissivo do corpo negro é o maior, para uma dada temperatura conclui-se que: 1corpo negroE = Exemplo 2 Um recipiente tem paredes com espessura 1,0 cm, área total efetiva de 3000 cm2 e é constituído por um material de condutividade térmica 2 x 10 -5 cal/s.cm. ºC. O recipiente contém oxigênio líquido na temperatura de ebulição(-188 ºC) e está em contato com o ar atmosférico a 12 ºC. Sabendo que o calor latente de vaporização do oxigênio é 60 cal/g, determine a velocidade de vaporização do mesmo. Resposta De acordo com o enunciado, a cada 60 cal recebidas pelo oxigênio, vaporiza- se 1 g. Então, com o fornecimento de 12 cal, teremos a vaporização de apenas 0,2 g. Assim, a velocidade de vaporização é de 0,2 g/s. ( 2 1). sk L θ θφ −= 5 3000[12 ( 188)]2.10 . 1 φ − − −= 12 /cal sφ = EXEMPLIFICANDO! 174 UNIUBE Atividade 4 Resolva as seguintes questões: A) Sobre um corpo atérmico, incide energia radiante de 50 kW, da qual ele absorve 20 kW. Determine, para esse corpo, a absorvidade, a transmissividade e a refletividade. B) O corpo negro é aquele que absorve toda a radiação incidente sobre ele. Um corpo está sendo irradiado a uma temperatura de T ºK Passando a irradiar à temperatura de 2 T ºK, de quantas vezes a potência irradiada aumenta? AGORA É A SUA VEZ Estudo dos gases5.6 O gás ideal ou gás perfeito é um modelo que deve satisfazer às seguintes hipóteses: • as moléculas do gás ideal não exercem ações mútuas umas sobre as outras, exceto durante colisões; • os choques entre as moléculas e com as paredes do recipiente são perfeitamente elásticos; • o movimento é caótico e desorganizado; • um gás real comporta-se, aproximadamente, como um gás ideal quando submetido a altas temperaturas e a baixas pressões. 5.6.1 Equação de Clapeyron Um gás encontra-se no estado normal, ou nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), ou, ainda na temperatura e pressão normais (TPN) quando essas variáveis assumem os seguintes valores: UNIUBE 175 A equação de Clapeyron estabelece que a relação é diretamente proporcional à quantidade de gás. Então: Observamos que: (n) representa o número de mols do gás e (R) representa a constante do gás que não depende da sua natureza. n = Relação de massa e mol Equação geral dos gases perfeitos: = Representando graficamente, conforme a Figura 22, temos: Figura 22: Estados inicial e final de um gás. .0,082 8,314 1,986 . . . atm l J calR mol k mol k mol k = = = Estado inicial Estado final 273 º (0 º ) 1 76 T K C CNTP p atm cmHg = = = 176 UNIUBE A Figura 22 permite-nos concluir que, se considerarmos um gás que se encontra encerrado em um cilindro provido de êmbolo, em um estado inicial caracterizado pelas variáveis de estado p1, V1 e T1 podemos provocar, nesse gás, uma transformação, de maneira que suas variáveis de estado passem a valores p2, V2 e T2, caracterizando este como seu estado final. 5.6.2 Leis das transformações dos gases a) Lei de Boyle-Mariotte: À temperatura constante, a pressão de um gás é inversamente proporcional ao seu volume, ou seja: p.V = constante Com aumento da temperatura, o produto p.V torna-se mais alto e as isotermas se afastam da origem dos eixos (Figura 23). Figura 23: Transformação isotérmica. b) Lei de Gay-Lussac: À pressão constante, o volume e a temperatura absoluta de um gás são diretamente proporcionais, ou seja, constantes. => T2 >T1 UNIUBE 177 Figura 24: Transformação isobárica. c) Lei de Charles: Com volume constante, a pressão de uma determinada massa de gás é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta, ou seja, constante. Observe a Figura 25. Veja que na Figura 24, a seguir, temos a representação da transformação à pressão constante. na escala Kelvin 178 UNIUBE Figura 25: Transformação isométrica. 5.6.3 Teoria cinética dos gases É o relacionamento das variáveis termodinâmicas — volume, pressão e temperatura. A energia cinética média das moléculas de um gás depende de sua temperatura absoluta, e não da natureza especifica do gás. A energia cinética das moléculas de um gás é dada por: k representa a constante de Boltzmann. Para determinarmos a velocidade média das moléculas de um gás, dependemos de sua temperatura e da natureza do gás. (molécula grama) M =>corresponde ao produto , ou seja, ao produto da massa de uma molécula do gás e o número de Avogadro. (NA = 6,023 • 1-23 moléculas / mol). na escala Celsius T(ºC) UNIUBE 179 Verificamos na Figura 26 um trabalho de transformação gasosa. Nele, está ocorrendo uma variação no volume da substância por meio de um trabalho que poderá ser realizado pelo gás ou sobre ou gás. Figura 26: Trabalho de um gás Considerando um gás em alta pressão se expandindo em um processo quase estático, o módulo da força exercida pelo gás sobre o pistão é PA, em que A é a área do pistão e P é a pressão do gás. Como o pistão se desloca de uma pequena distância dx, o trabalho realizado pelo gás sobre o pistão é dado por: dWsis = Fx dx = PAdx = pdV em que dV=Adx representa a variação de volume do gás. O trabalho realizado sobre o gás durante uma compressão ou expansão de um volume V1 a um volume Vf é vf viz viW PdV= − ∫ • ∆V> 0 => W > 0: o gás realiza trabalho sobre o meio; • ∆v< o => W < 0: o meio realiza trabalho sobre o gás; • ∆V = 0=>W = 0:o sistema não troca trabalho. 180 UNIUBE 5.6.4 Diagrama P x V Este diagrama representa o trabalho de um gás numa transformação gasosa (Figura 27). W = A Figura 27: Pressão x volume. Para o trabalho feito por um gás, durante uma compressão isotérmica, temos: fVf i isotérmico Vi i f V VdVW nRT nRTln nRTln V V V = − ∫ = − = 5.6.5 Energia interna Corresponde à soma de várias parcelas de energia, tais como energia cinética média das moléculas, energia potencial, energia cinemática de rotação das moléculas e das partículas etc. Nos processos termodinâmicos, a variação da energia interna , tem importancia primordial. Nos casos dos gases ideais, a variação da energia interna está sempre relacionada com a variação da temperatura , pois quando a temperatura varia, ocorre variação da energia cinética média das moléculas do gás. Da energia cinética média, temos: 3 . . 2cm A RE T N = UNIUBE 181 Para uma situação inicial de N partículas: Da mesma forma para uma situação final: Como a variação de energia interna do gás corresponde à variação da energia cinética molecular, temos: => 2 1 2 1 3 3 3. . . . . . . . .( ) 2 2 2 U n RT n RT U n R T T∆ = − ⇒ ∆ = − Temos, portanto:Essa conclusão a respeito da variação da energia interna do gás constitui a Lei de Joule para os gases perfeitos. Leis da termodinâmica5.7 1ª Lei da termodinâmica – conservação da energia A energia não pode ser criada nem destruída, mas somente transformada de uma espécie em outra. O primeiro princípio da termodinâmica estabelece uma equivalência entre o trabalho e o calor trocados entre um sistema e seu meio exterior. Pela Figura 28, a seguir, percebe-se que, quando um corpo recebe calor, ele sofre alteração na temperatura por causa de sua energia interna, realizando, assim, trabalho. 182 UNIUBE Figura 28:1ª lei da termodinâmica A variação da energia interna de um sistema é igual à diferença entre o calor e o trabalho trocados pelo sistema com o meio exterior. 5.7.1 Algumas transformações especiais da primeira lei da termodinâmica Trabalho realizado sobre um gás Q Q T U Q T = ∆ + ∆ = − Balanço Energético: SINTETIZANDO... → → → → → → → → → → → → → → → UNIUBE 183 a) volume constante = b) isobárico = c) isotérmico 1. 2 Vf Vf i isotérmico Vi Vi f VdVW PdV nRT nRT ln V V = − ∫ = − ∫ = d) adiabático Este é um processo que não permite a troca de energia com o meio externo, por causa da rapidez com que ocorre. Onde: e) processo cíclicos Em um diagrama PxV, uma transformação cíclica é representada por uma curva fechada. A área interna do ciclo é numericamente igual ao trabalho total trocado com o meio exterior (Figura 29). Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o sistema recebe calor e realiza trabalho; e no sentido anti-horário o sistema cede calor e recebe trabalho (Figura30). Figura 29: Diagrama P x V. 184 UNIUBE Figura 30: Diagrama P x V com ciclo horário e anti-horário. Exemplo 3 Em um determinado recipiente contendo 1000 g de água líquida à temperatura de 100°C, devemos converter essa massa de água em vapor d’água a 100 °C fervendo-a à pressão atmosférica padrão (1 atm). O volume dessa água varia de um valor inicial de 1x10-13 m3 como líquido para 1,671 m3 como vapor d’água. Nessas condições, pergunta-se: a) Qual é o trabalho realizado pelo sistema durante este processo? b) Qual é a energia transferida sob a forma de calor durante o processo? c) Qual é a variação da energia do sistema durante o processo? Resposta Este exercício contém três perguntas que podemos facilmente resolver aplicando a definição de trabalho, calor latente e, por fim, a primeira lei da termodinâmica. a) . ( )Vf VfVi Vi f iW p dV p dV V V= ∫ = ∫ = − 5 3 5(1,01.10 )(1,671 1.10 ) 169.10 169J kJ−− = = b) ( = c) = 2090 EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 185 Atividade 5 Uma babá precisa preparar o banho do recém-nascido, mas não tem termômetro. Por recomendações da mãe, que levou a criança ao pediatra, ela sabe que a temperatura ideal para o banho é de 38 °C. Eles moram à beira-mar e ela acabou de ouvir, pelo rádio, que a temperatura ambiente é de 32ºC. Mas como a babá foi uma ótima aluna de Física, ela resolve misturar água fervente com água à temperatura ambiente para obter a temperatura desejada. Nessas condições, a) enuncie o princípio físico em que se baseia o seu procedimento; b) suponha que ela disponha de uma banheira com 10 litros de água à temperatura ambiente. Calcule qual é, aproximadamente, o volume de água fervente que ela deve misturar à água da banheira para obter a temperatura ideal. Admita desprezível o valor absorvido pela banheira e que a água não transborde. AGORA É A SUA VEZ Segunda lei da termodinâmica5.8 Vamos imaginar a seguinte situação: Rendimento 100% é possível? Não! Imagine que temos um limite inferior de temperatura (-273 °C), o que não ocorre para o extremo superior. Uma máquina operando em ciclos, como um motor de uma geladeira, pode chegar a um rendimento máximo, mas que não será 100. Veja o motivo: Para o rendimento ser máximo a temperatura da fonte fria deve ser 0 ºK, mas esse valor é inatingível na realidade. 186 UNIUBE A equação utilizada para o rendimento é Em que: = fonte fria e = fonte quente É impossível construir uma máquina térmica que, operando em ciclo, transforme em trabalho todo o calor recebido de uma fonte. 5.8.1 Máquinas térmicas e rendimento É todo o dispositivo que converte calor em trabalho útil utilizando um fluido que realiza ciclos de sentido entre duas temperaturas que permanecem constantes (Figura 31). Figura 31: Representação de uma máquina térmica. A temperatura T1 corresponde à temperatura da fonte quente e a temperatura T2 corresponde à temperatura fria. Nas equações a seguir, temos o trabalho (T) e o rendimento (h) realizado por uma máquina térmica. Observe, na Figura 32, a seguir, o motor de automóvel, que retira calor da fonte quente e libera parte para fonte fria. UNIUBE 187 Figura 32: Motor de automóvel. 5.8.2 Máquinas frigoríficas ou bombas de calor O trabalho realizado é no sentido anti-horário, retirando calor Q2 de uma fonte fria e cedendo calor q, a uma fonte quente. Esta passagem não é espontânea, visto que se realiza a custa de um trabalho externo. Nas figuras 33 e 34 temos a representação esquemática de uma máquina frigorífica, na qual retiram energia na forma de calor de uma fonte fria e a transferem para uma fonte quente. Figura 33: Representação de uma máquina frigorífica. 188 UNIUBE Figura 34: Representação de um refrigerador 5.8.3 Eficiência A eficiência de uma máquina frigorifica é a relação entre a quantidade de calor retirada da fonte fria e o trabalho externo necessário para essa transferência. 5.8.4 Ciclo de Carnot Observe as figuras 35 e 36, a seguir, em que são representadas as fases do ciclo de calor e o diagrama de Carnot. UNIUBE 189 Figura 35: Representação das fases do ciclo de calor • A => B: expansão isotérmica => o sistema transforma o calor recebido da fonte quente em trabalho. • B => C: expansão adiabática => o sistema, ao realizar trabalho, sofre um abaixamento de temperatura T1 para T2. • C => D: compressão isotérmica => o trabalho realizado sobre o sistema é convertido em calor, que é transmitido à fonte fria. • D => A: compressão adiabática => o trabalho realizado sobre o sistema produz um aumento de temperatura de T2 para T1 Figura 36: Diagrama de Carnot. 190 UNIUBE Na transformação isotérmica AB, temos: 2 1 1 1 . . . VQ n RT ln V Na transformação CD, temos: 3 2 2 4 . . . VQ n RT ln V = Dividindo membro a membro obtemos: (I) 2 1 11 2 3 2 4 . . . (I) . . . Vn RT ln VQ Q Vn RT ln V Nas transformações adiabaticas BC e DA temos: 3 3 2 2 4 4 1 1. . e . . y y y yP V p V P V p V= = Dividindo membro a membro: (II)3 3 2 2 4 4 1 1 . . (II) . . y y y y p V p V p V p V = Nas transformações isotérmicas AB e CD temos: (III) 31 2 4 2 1 3 4 (III)pV p Ve V p V p = = Substituindo (III) em (II), temos 4 3 1 2 3 4 2 1 . . . . y y y y V V V V V V V V = então: ( 1) ( 1) 3 32 2 ( 1) ( 1) 4 1 4 1 (IV) y y y y V VV V V V V V − − − −= ⇒ = (IV) Substituindo (IV) em (I) vamos obter: 2 1 11 1 1 2 2 22 2 1 . . VT In VQ Q T Q Q TVT In V = ⇒ = UNIUBE 191 Entropia 5.9 A energia utilizável diminui na medida em que o Universo evolui. Isso nos mostra que a energia de agitação molecular é considerada uma forma de energia pouco nobre, pois é desordenada ou desorganizada. Já outras formas de energia, tais comomecânica, química, elétrica etc. são consideradas ordenadas ou organizadas. Assim, a evolução do Universo leva a um aumento na desordem, ou seja, os processos naturais tendem a aumentar a desordem no Universo. Clausius percebeu que o valor absoluto da entropia não é importante somente em sua variação. Esta variação é dada por: QdS T = , em que: Q é a quantidade de calor em um processo reversível, à temperatura absoluta T. Alguns físicos acreditam que o fato de a entropia do Universo aumentar continuamente, em decorrência do segundo princípio da termodinâmica, o Universo caminha para uma espécie de morte pelo calor. Seria um estado de entropia máxima ou de desordem máxima em que toda energia existente não seria utilizável, pois estaria sob a forma de energia de agitação molecular desordenada. Esse estágio final do Universo seria atingido em um futuro muito distante e baseia-se na superposição de um Universo finito, fisicamente isolado e regido pelas mesmas leis da termodinâmica observadas na Terra. 2 max max 1 temperatura absoluta da fonte fria1 1 temperatura absoluta da fonte quente Tn n T = − = − O rendimento do ciclo de Carnot não depende do fluido de trabalho utilizado e é uma função exclusiva das temperaturas das fontes quente e fria. 192 UNIUBE Conclusão5.10 Neste capítulo você viu a parte da física que estuda o calor, ou seja, estuda as manifestações dos tipos de energia que, de qualquer forma, produzem variação de temperatura, aquecimento ou resfriamento, ou mesmo a mudança de estado físico da matéria, quando ela recebe ou perde calor. Na termologia, você estudou de que forma esse calor pode ser trocado entre os corpos, bem como as características de cada processo de troca de calor. Conforme o que foi abordado no presente capítulo, temos: • Calorimetria: denomina-se caloria (cal) a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água de 14,5° a 15,5 °C sob pressão normal. • Calor sensível e calor latente: a quantidade de calor recebida ou cedida por um corpo, ao sofrer uma variação de temperatura sem que haja mudança de fase, é denominada calor sensível. Se o corpo sofrer apenas uma mudança de fase sem ocorrer variação de temperatura (permanecer constante) o calor é chamado latente. • Mudanças de fase • Fusão: é a passagem de uma substância da fase sólida para a fase líquida. • Solidificação: é a passagem da fase líquida para a fase sólida. • Vaporização: é a passagem da fase líquida para a fase gasosa. • Condensação / liquefação: é a passagem da fase gasosa para fase líquida. • Sublimação: e a passagem direta da fase sólida para fase gasosa ou da fase gasosa para a fase sólida. Resumo UNIUBE 193 • Calor latente • Calor latente de fusão do gelo (a 0 °C); Lf = 80 cal/g; • Calor latente de solidificação da água (a 0 °C); Ls = - 80 cal/g; • Calor latente de vaporização da água (a 100 °C); Lv = 540 cal/g; • Calor latente de condensação do vapor (a 100 °C); Lc = - 540 cal/g. Supondo o processo inverso, isto é, a retirada de calor do vapor ocorrerá, respectivamente, a condensação e a solidificação, e o seu gráfico será chamado curva de resfriamento. Gás: é a substância que, na fase gasosa, se encontra em temperatura superior à sua temperatura crítica e que não pode ser liquefeita por compressão isotérmica. Vapor: é a substância que, na fase gasosa, encontra-se em temperatura abaixo de sua temperatura crítica e que pode ser liquefeita por compressão isotérmica. Calor: energia em trânsito de um corpo para outro em virtude da licença de temperatura existem entre eles. Trabalho: energia em trânsito entre dois corpos por causa da ação de uma força. 0 0V T∆ > ⇒ > : o gás realiza trabalho sobre o meio. 0 0V T∆ < ⇒ < : o meio realiza trabalho sobre o gás. 0 0V T∆ = ⇒ = : o sistema não troca trabalho. • Primeiro princípio da termodinâmica A energia não pode ser criada nem destruída, mas somente transformada de uma espécie em outra. O primeiro princípio da termodinâmica estabelece uma equivalência entre o trabalho e o calor trocados entre um sistema e seu meio exterior. Transformação cíclica: é representada por uma curva fechada. A área interna do ciclo é numericamente igual ao trabalho total trocando 194 UNIUBE com o meio exterior. Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o sistema recebe calor e realiza trabalho; e no sentido anti-horário o sistema cede calor e recebe trabalho. • Segundo princípio da termodinâmica É impossível construir uma máquina térmica que, operando em ciclo, transforme em trabalho todo o calor recebido de uma fonte. Referências HALLIDAY, D.; RESNICK, Robert; WALKER, Jear. Física, v. 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. THE THEORY of Everything... Everything Alive! Physics Central/APS. Disponível em: <http://www.physicscentral.org/explore/action/alive-1.cfm>. Acesso em: 15 mar. 2010. TRIPLER, P.A.; MOSCA, G. Física, v. 1: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2006. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física, v. 2: termodinâmica e ondas. 10. ed. São Paulo: Pearson Education, 2008. Valdir Barbosa da Silva Júnior Introdução Capítulo 6 Grande parte das informações que temos sobre o mundo que nos rodeia chega até nós pelo sentido da visão. Estudar a luz, seu comportamento e sua natureza sempre foi um desafi o à inteligência do homem em todos os tempos. Muitos sábios, desde a Antiguidade, como Platão, Aristóteles, e mais recentemente Maxwell, Newton e outros, dedicaram-se ao estudo da luz. Formularam hipóteses relativas à sua natureza e estabeleceram as leis que regem os fenômenos luminosos que aqui vamos estudar. O estudo da luz é realizado pela óptica, que é dividida, didaticamente, em: a. óptica geométrica – analisa a trajetória da propagação luminosa; b. óptica física – focaliza a natureza da luz, ou seja, a estrutura corpuscular da luz. Fenômenos ópticos e suas aplicações Ao fi nal dos seus estudos, você estará apto a: • identifi car as fontes de luz e seus aspectos; • analisar a cor com que é vista uma paisagem quando observada simultaneamente através de dois fi ltros diferentes; Objetivos 196 UNIUBE 6.1 Óptica geométrica 6.1.1 Luz 6.1.2 Raio de luz 6.1.3 Fontes luminosas 6.1.4 Reflexão e cor 6.1.5 Os princípios da propagação da luz 6.1.6 Sombra e penumbra 6.1.7 Eclipses do Sol e da Lua 6.1.8 Câmara escura de orifício 6.1.9 O fenômeno da reflexão 6.1.10 Fenômeno da refração 6.1.11 Instrumentos ópticos 6.1.12 Óptica da visão 6.1.13 Anomalias da visão 6.2 Conclusão Esquema • aplicar os princípios de propagação da luz; • identificar os tipos de espelhos e as imagens por eles formadas; • determinar o campo visual através de um espelho plano; • resolver problemas de aplicação da lei de Snell-Descartes; • visualizar quando está ocorrendo reflexão total; • fazer esquemas dos principais instrumentos ópticos; • resolver problemas relativos ao conteúdo. Óptica geométrica6.1 Realizaremos, agora, o estudo da geometria da propagação da luz sem nos preocuparmos com sua natureza. UNIUBE 197 6.1.1 Luz É uma forma de energia radiante que sensibiliza os nossos órgãos visuais. Ela se propaga nos meios materiais e também no vácuo. 6.1.2 Raio de Luz É a indicação geométrica da luz, indicando a direção e o sentido de sua propagação. 6.1.2.1 Feixes de luz a) feixe de luz cilíndrico (Figura 1) Figura 1: Raios paralelos b) feixe de luz cônico divergente (Figura 2) Figura 2: Raios divergentes c) feixe de luz cônico convergente (Figura 3) 198 UNIUBE Figura 3: Raios convergentes. 6.1.3 Fontes luminosas Todo corpo do qual emana luz constitui uma fonte de luz. Nãoimporta se a luz provém do próprio corpo ou de um terceiro. Levando em conta o fato de terem ou não luz própria, os corpos classificam-se em luminosos e iluminados. Vejamos as características de cada um. • Corpos luminosos (fontes primárias de luz) – O sol, uma lâmpada acesa, a chama de uma vela são exemplos de corpos luminosos, isto é, que emitem luz própria. • Corpos iluminados (fontes secundárias de luz) – A Lua é uma fonte de luz. Mas sua luz provém de um terceiro corpo, o Sol. Assim sendo, a Lua é um corpo iluminado, ou seja, não tem luz própria. É vista apenas através da luz emitida por uma fonte primária de luz. A maioria dos objetos que vemos na Terra são corpos iluminados. Imagine-se em um quarto escuro. Você não vê nenhum objeto. Porém, basta acender uma lâmpada para que todos os objetos se tornem fonte de luz e visíveis. Podemos ainda analisar as fontes de luz em relação às suas dimensões e em relação à distância que se encontram do observador. Uma lâmpada acesa, a 20 cm de um observador, é uma fonte extensa, ao passo que a mesma lâmpada, a 200 m, se torna uma fonte pontual (ou puntiforme), isto é, reduzida às dimensões de um ponto. Para nós, o Sol é uma fonte extensa, enquanto que uma outra estrela, embora de grandes dimensões, é uma fonte pontual, por sua grande distância em relação à Terra. UNIUBE 199 Se alguém lhe perguntasse se uma lâmpada é um corpo luminoso ou uma fonte secundária de luz, o que você responderia? Certamente você diria: “A lâmpada é um corpo iluminado se por ela não estiver passando corrente elétrica, isso é, se estiver apagada. Contudo, se a lâmpada estiver acesa, passa a ser um corpo luminoso.” Este fato nos mostra que as condições de aquecimento podem transformar um simples corpo iluminado em corpo luminoso. Estas fontes, que emitem maior aquecimento, são chamadas de fontes incandescentes. Nem todas as fontes primárias são incandescentes. Algumas fontes emitem luz originada por energia radiante, independente do calor. São exemplos dessas fontes as lâmpadas de luz fluorescente e os corpos fosforescentes. 6.1.4 Reflexão e cor Um quadro de parede pode ser visto quando iluminado por uma fonte primária de luz. A luz parte da fonte, incide sobre o quadro e volta a se propagar no mesmo meio, atingindo o olho do observador. A este fenômeno chamamos reflexão da luz. Olhe ao seu redor. A maioria dos corpos é vista por causa da reflexão da luz. Há, contudo, uma observação importante a fazer: se a luz do Sol, que é branca, ilumina todos os corpos da mesma forma, por que alguns deles são vistos verdes, outros amarelos, outros vermelhos, outros azuis etc.? Por ora, vamos explicar este fato da seguinte maneira: a luz do Sol, como a de uma vela, é composta de muitas cores, sendo, por isso, chamada de luz policromática. Um feixe de luz policromática, do Sol, por exemplo, incide em um corpo vermelho. O corpo absorve todas as cores e reflete o vermelho para o olho do observador. O mesmo acontece para um corpo azul, verde, amarelo, etc. Cada um deles reflete predominantemente a luz de uma cor. Esta luz de uma cor só é chamada de luz monocromática. 200 UNIUBE Estes dados nos levam a concluir que: A cor apresentada por um corpo depende da cor da luz que ele reflete. Se um corpo refletir todas as cores que nele incidirem, diremos que é branco. Se o corpo absorver todas as cores que nele incidirem e não refletir nenhuma, diremos que é negro. RELEMBRANDO 6.1.5 Os princípios da propagação da luz Os fenômenos da óptica geométrica são analisados em face de alguns princípios fundamentais, facilmente observáveis, que enunciamos a seguir: 6.1.5.1 1º princípio: Propagação retilínea da luz Em meios transparentes homogêneos, a luz se propaga em linha reta. 6.1.5.2 2º princípio: Independência dos raios luminosos Quando dois ou mais raios de luz, vindos de fontes diferentes, se cruzam, seguem suas trajetórias de forma independente, como se os outros não existissem. 6.1.5.3 3º princípio: Reversibilidade dos raios luminosos A trajetória seguida por um raio luminoso é independente do sentido de sua propagação. Trocando a posição da fonte e do observador, o trajeto do raio é exatamente o mesmo. UNIUBE 201 Grande é o número de aplicações e de fenômenos relacionados a esses princípios. Vamos analisar alguns deles, ligados diretamente ao princípio da propagação retilínea da luz. IMPORTANTE! 6.1.6 Sombra e penumbra Em óptica, a palavra sombra significa região não iluminada. Ela pode ser produzida pela interposição de um objeto opaco entre uma fonte de luz e um anteparo, sendo uma conseqüência da propagação retilínea da luz. Já a penumbra significa região pouco iluminada. Só ocorre formação da penumbra se a fonte de luz for extensa, pois assim teremos a formação de sombra e de penumbra. Veja a Figura 4 a seguir. Figura 4: Formação de sombra e penumbra 6.1.7 Eclipses do Sol e da Lua A palavra eclipse significa ocultação, seja total ou parcial, de um astro pela interposição de outro, entre o astro e o observador, ou entre um astro luminoso e outro iluminado. 202 UNIUBE O principio da propagação retilínea da luz explica também o fenômeno dos eclipses do Sol e da Lua. 6.1.7.1 Eclipse da Lua A Terra é um corpo opaco. Na face iluminada da Terra pela luz do Sol é dia. Na outra face, é noite. Como a Terra bloqueia uma parte dos raios luminosos, forma-se no espaço uma região em forma de cone, totalmente escura: é o cone de sombra (veja a figura 5, a seguir). Figura 5: Eclipse lunar. Comparando-se a distância entre o Sol e a Terra, o Sol é uma fonte extensa, permitindo também a formação de uma região, ao redor do cone de sombra, não totalmente escura nem totalmente iluminada: é a penumbra. Quando passa pelo cone de sombra da Terra, a Lua desaparece totalmente, ocorrendo o eclipse. Quando uma parte dela passa pelo cone de sombra da Terra, ocorre o eclipse parcial da Lua. 6.1.7.2 Eclipse do Sol Os cones de sombra e de penumbra da Lua ocorrem da mesma forma que os cones de sombra e de penumbra da Terra. O eclipse do Sol ocorre quando a Lua se coloca entre a Terra e o Sol. Se o observador na Terra estiver no cone de sombra da Lua, verá um eclipse total do Sol. Se estiver no cone de penumbra, verá um eclipse parcial do Sol. Observe a Figura 6, a seguir, para entender esse fenômeno. UNIUBE 203 Figura 6: Eclipse solar. 6.1.8 Câmara escura de orifício É um dispositivo utilizado na comprovação do princípio de propagação retilínea da luz Observa a Figura 7, a seguir. Figura 7: Câmara escura. Por semelhança de triângulos, podemos mostrar que: A câmara escura de orifício ilustra o princípio básico de funcionamento de uma máquina fotográfica. PARADA OBRIGATÓRIA 204 UNIUBE Exemplo 1 Vamos imaginar uma situação em que o Sol subitamente “morresse”, ou seja, sua luz deixasse de ser emitida. 24 horas após este evento, um eventual sobrevivente, olhando para o céu sem nuvens, veria: a) a Lua e as estrelas; b) somente a Lua; c) somente as estrelas; d) uma completa escuridão; e) somente os planetas do sistema solar. Resposta Neste exercício, estamos abordando as forma de fontes de luz, assim como a propagação da luz. Portanto, a única resposta certa é a alternativa C, pois somente as estrelas, entre as apresentadas, possuem luz própria. EXEMPLIFICANDO! 6.1.9 O fenômeno da reflexão Quando você observa uma nuvem no céu, assiste a um filme projetado numa tela ou vê sua imagem em um espelho, está diante do fenômeno de reflexão da luz. Em todos eles, a luz, vinda de uma fonte, atinge um corpo, desviando sua trajetória e continuando a se propagar no mesmo meio em que vinha. O comportamento da luz refletida, no entanto, depende das característicasda superfície refletora. Sob esse aspecto, dividimos a reflexão da luz em reflexão difusa e reflexão especular. Analisemos com mais detalhes cada uma delas. UNIUBE 205 A – reflexão difusa Quando vamos ao cinema assistir a um filme, podemos nos sentar na frente, atrás, em cadeiras laterais ou centrais, pois em qualquer desses lugares é possível ver a tela. Isso acontece porque a luz emitida pelo projetor atinge a tela e é refletida para todas as direções, podendo ser vista por todos os espectadores. A reflexão produzida pela tela recebe o nome de reflexão difusa, pois se efetua em todas as direções. Também são difusas as reflexões produzidas por paredes pintadas, pela página de um livro, pelas nuvens do céu, enfim, por todos os corpos que não apresentam uma superfície polida como um espelho. Na Figura 8 está colocado um exemplo de reflexão difusa: os raios incidentes formam um feixe paralelo e os raios refletidos se espalham em todas as direções. Uma característica importante desta reflexão é o fato de o objeto refletor ser perfeitamente visível, independentemente da posição do observador. Figura 8: Reflexão difusa. B – Reflexão especular Se você quiser observar sua imagem, não se colocará diante de uma parede bem pintada, mas diante de um espelho, porque este permite a formação de imagens, enquanto a parede, não. Superfícies como o espelho e metais polidos produzem uma reflexão regular ou especular, permitindo a formação de imagens. 206 UNIUBE Na Figura 9, vê-se o esquema de uma reflexão especular: os raios incidentes paralelos, vindos da fonte, incidem na superfície que separa os dois meios (ar e metal polido) e voltam a se propagar no ar, paralelos. Nesse tipo de reflexão, a imagem é vista pelo observador quando ele está colocado numa posição definida, e não em qualquer posição, como é o caso da reflexão difusa. Figura 9: Reflexão regular. A reflexão, tanto a especular como a difusa, é regida por leis facilmente observáveis (veja isso graficamente na Figura 10), que enunciamos, a seguir. Figura 10: Nomenclatura da reflexão. 1ª lei: O raio incidente, o raio refletido e a reta normal à superfície no ponto de incidência estão no mesmo plano. 2ª lei: O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Observações: • As leis de reflexão luminosa são válidas tanto para superfícies lisas como para as rugosas. UNIUBE 207 • Numa superfície rugosa, por causa da irregularidade da superfície, a reta normal, ponto por ponto, tem direção diferente. Assim sendo, a luz é refletida em todas as direções. A reflexão difusa é responsável pela nossa visão dos objetos iluminados. Numa superfície lisa, plana ou não, existe regularidade na direção da luz refletida. As superfícies lisas não são convenientes para difundir a luz, mas, sim, para direcioná-la. Exemplo 2 Um raio de luz r incide sucessivamente em dois espelho planos E1 e E2 que formam entre si um ângulo de 60°, conforme representado no esquema da Figura 11, a seguir. Neste esquema, determine o ângulo EXEMPLIFICANDO! Resposta Como o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão, podemos utilizar este recurso para simplificar a geometria aplicada, assim teremos: Figura 11: Reflexão em dois espelhos. 208 UNIUBE 6.1.9.1 Espelhos planos É o único sistema perfeitamente estigmático, ou seja, de imagens nítidas. Nos itens anteriores, por diversas vezes citamos a palavra espelho, referindo-nos a alguma superfície polida que produza reflexão especular, permitindo a formação de imagens. Uma superfície dessas, contudo, pode ser plana como nossos espelhos caseiros, ou curva como uma calota de automóvel ou uma taça de prata. Analisemos, inicialmente, algumas das características dos espelhos planos. Observe a Figura 12. Figura 12: Formação de imagens. A – Imagem produzida por um espelho plano Observe a Figura 1, a seguir Figura 13: Espelho plano. UNIUBE 209 A construção da imagem em um espelho plano • Observe a Figura 12 novamente: primeiro, obtemos o ponto O’, simétrico ao ponto O em relação ao plano do espelho. Pontos simétricos em relação a um plano são aqueles que estão numa mesma perpendicular a esse plano e, além disso, são equidistantes desse mesmo plano; • Em seguida, traçamos o raio incidente OI. O raio refletido é traçado como se ele se originasse no ponto O’ e passasse pelo espelho no ponto I. Os triângulos OIM e O’IM são congruentes. Logo Um objeto e sua respectiva imagem possuem as mesmas dimensões , independentemente da distância do objeto ao espelho. PARADA OBRIGATÓRIA Campo visual de um espelho plano É a região de vista por um observador ao olhar para objetos através de um espelho plano. Voltando à Figura 12: para determinarmos o campo visual, inicialmente determinamos o ponto O’, imagem do observador O (O e O’ são simétricos em relação ao espelho); a partir de O’ traçamos dois segmentos de reta que passam pelos extremos do espelho e que determinam o campo visual do espelho para essa posição do observador. Imagem em dois espelhos planos Com a associação de espelhos planos, obtemos várias imagens de um mesmo objeto. O número n de imagens formadas na associação de dois espelhos planos depende do ângulo , em graus, entres eles, e é dado por: 210 UNIUBE • Se a relação for um número par, ela será válida para um objeto colocado em qualquer ponto entre os dois espelhos. • Se a relação for um número ímpar, será válida somente para um objeto colocado no plano bissetor do ângulo Um espelho plano sempre produz, de um objeto real, uma imagem virtual e simétrica ao objeto. Exemplo 3 Em um jogo de bilhar um dos jogadores, encontra-se numa situação de sinuca em que deseja marcar o ponto C sobre a tabela da mesa de forma que a bola 1 descreva a trajetória mostrada na Figura 14, a seguir. EXEMPLIFICANDO! Figura 14: Reflexão regular. a) Determine a razão x/y. Justifique a sua resposta. b) Determine a que distância do ponto A se encontra o ponto C. Resposta a) A trajetória da bola de sinuca pode-se aplicar a lei da reflexão, em que o ângulo de incidência é sempre igual ao ângulo de reflexão; logo, seus ângulos complementares, x e y, também serão iguais entre si. UNIUBE 211 b) mas como queremos somente a distância entre como 6.1.9.2 Espelhos esféricos Os espelhos mais utilizados são os de superfície plana. Mas os espelhos esféricos também encontram larga aplicação. Podemos citar como exemplo os espelhos usados por dentistas, para observar os dentes com detalhes, os espelhos retrovisores dos automóveis, que aumentam o campo visual, mas diminuem o tamanho das imagens etc. Classificação dos espelhos esféricos Os espelhos esféricos classificam-se em côncavos e convexos. Os espelhos côncavos possuem a face interna como refletora, já os espelhos convexos possuem a face externa como refletora. Como exemplo, podemos citar a colher de sopa. O lado com que pegamos o alimento seria a parte côncava e o outro lado é a parte convexa. Nomenclatura Observe a Figura 15, a seguir. Figura 15: Espelho esférico. 212 UNIUBE Temos, nessa figura: C: centro de curvatura do espelho; R: raio de curvatura do espelho; V: vértice do espelho; CV: eixo principal do espelho; F: foco principal do espelho: f Construção de imagens 1. Raio de luz que incide paralelamente ao eixo principal do espelho. 2. Raio de luz que incide numa direção que passa pelo foco principal do espelho. 3. Raio de luz que incide numa direção que passa pelo centro de curvatura do espelho. 4. Raio de luz que incide sobre o vértice do espelho Para classificar uma imagem diante de um espelho esférico, devemos ter: • Orientação: invertida ou direita • Natureza: real ou virtual • Tamanho:menor, igual ou maior que o objeto. Para os espelhos côncavos temos: a) Objeto antes do centro de curvatura C (Figura 16): Característica: invertida, real e menor que o objeto. UNIUBE 213 Figura 16: Objeto antes do centro de curvatura. b) Objeto sobre o centro de curvatura C (Figura 17): Característica: invertida, real e do mesmo tamanho do objeto. Figura 17: Objeto sobre o centro de curvatura. c) Objeto entre o centro de curvatura C e o foco principal do espelho F (Figura 18): Característica: invertida, real maior que o objeto. 214 UNIUBE Figura 18: Objeto entre o centro e o foco. d) Objeto sobre o foco principal do espelho F (Figura 19) Característica: imprópria Figura 19: Objeto sobre o foco. e) Objeto entre foco principal do espelho F e o vértice do espelho V (Figura 20): Característica: a imagem formada é direita, virtual e maior que o objeto. UNIUBE 215 Figura 20: Objeto entre o foco e o vértice. Para o espelho convexo, temos apenas um caso (Figura 21), cujas características são: direita, virtual e menor que o objeto. Figura 21: Espelho convexo. Estudo analítico A equação dos pontos conjugados relaciona as variáveis p, p’, e f: Onde: p = abscissa do objeto p’ = abscissa da imagem f = distância focal 216 UNIUBE Assim, podemos descrever duas equações. Equações dos pontos conjugados Equação do aumento linear transversal Na utilização das duas expressões apresentadas, devemos utilizar a convenção de sinais referencial de Gauss. Assim, temos: p > 0: objeto real; p < 0: objeto virtual; p’ > 0: imagem real; p’ < 0: imagem virtual; f > 0: espelho côncavo; f < 0: espelho convexo. Exemplo 4 A imagem de um objeto forma-se a 40 cm de um espelho côncavo com distância focal de 30 cm. A imagem formada situa-se sobre o eixo principal do espelho, é real, invertida e tem 3 cm de altura. Observe a Figura 22, a seguir, e: a) Determine a posição do objeto. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 217 b) Construa o esquema referente à questão representando o objeto, a imagem, o espelho e os raios utilizados, além de indicar as distâncias envolvidas. Resposta a) b) Figura 22: Estudo analítico 6.1.10 Fenômeno da refração A luz propaga-se em determinados meios materiais e também no vácuo, e em cada meio ela se propaga com velocidade diferente. A esse fenômeno chamamos de refração luminosa. Observe esse fenômeno na Figura 23 a seguir. Figura 23: Fenômeno da refração. 218 UNIUBE 6.1.10.1 Índice de refração absoluto de um meio A preocupação em determinar o valor da velocidade da luz entre os elementos foi uma constante desde o início do estudo da óptica. Galileu sustentava a idéia de que a luz não era instantânea: levava certo tempo, embora infinitamente pequeno, para ir de um ponto a outro. Alegava, contudo, ser a velocidade tão grande que seus métodos não eram adequados para efetuar esta medida. Mais tarde, comprovou-se que Galileu tinha razão. Cientistas como Roemer, Fizeau, Michelson e outros, que se dedicaram à pesquisa do valor da velocidade da luz, conseguiram determiná-lo com precisão. Para o vácuo, este valor é de 299.792 km/s. É necessário ressaltar que este valor é determinado para o vácuo. Se o meio de propagação da luz for a água, o vidro, o óleo ou outro qualquer, ela não terá a mesma velocidade. Pesquisas realizadas neste campo permitiram constatar que a velocidade da luz varia ao mudar o meio de propagação. Este fenômeno é chamado de refração da luz. Refração da luz é o fenômeno pelo qual a luz varia sua velocidade quando passa de um meio de propagação para outro de densidade diferente. A velocidade da luz em cada meio está associada ao índice de refração absoluto do meio, cuja definição apresentamos a seguir. Índice de refração absoluto de um meio é a razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade da luz no meio. Chamando de n, o índice de refração absoluto do meio, de c a velocidade da luz no vácuo, e de v a velocidade da luz no meio, poderemos determinar o índice de refração absoluto pela expressão: Observação: Para facilitar os cálculos, consideramos que a velocidade da luz no vácuo é igual a 300.000 km/s. UNIUBE 219 A respeito do índice de refração absoluto, podemos fazer as seguintes considerações: • a luz tem sua maior velocidade quando se propaga no vácuo. Em qualquer outro meio sua velocidade será menor. Pela expressão , sendo o denominador menor que o numerador, podemos concluir que o índice de refração de um meio qualquer é um número sem unidade, cujo valor é sempre maior que 1; • quanto maior a capacidade de uma substância transparente de diminuir a velocidade da luz que vem do vácuo, maior seu índice de refração absoluto; Na Tabela 1, a seguir, apresentamos os índices de refração de algumas substâncias quando o raio é de luz monocromática amarela do sódio a uma temperatura de 20ºC Tabela 1: Índices de refração de algumas substâncias. Substância n Água pura 1,33 Sal de cozinha 1,54 Diamante 2,42 Álcool etílico 1,36 Glicerina 1,47 Vidro crown 1,52 Gelo 1,31 Parafina 1,43 • O índice de refração absoluto do ar é de aproximadamente 1,0002. Para maior facilidade, usaremos o valor 1 como índice de refração absoluto do ar. • O índice de refração absoluto de uma substância é também chamado de refringência. Seu valor está associado à frequência da luz refratada. Assim, uma mesma substância pode ter vários índices de refração dependendo da luz refratada. 220 UNIUBE Exemplo 5 Sendo a velocidade da luz na água ¾ da velocidade da luz no vácuo, seu índice de refração absoluto é: Resposta EXEMPLIFICANDO! 6.1.10.2 A lei de Snell-Descartes Analisamos até aqui a relação entre índice de refração de um meio e a velocidade da luz no meio. Estudaremos agora outro fenômeno que normalmente acompanha a refração: a mudança de direção de um raio luminoso, ao passar de um meio para outro. A seguir, na Figura 24, observamos um feixe de luz monocromática atingindo a superfície que separa o ar (meio 1) da água (meio 2). No ar, a luz se move com uma velocidade v1 e, na água, com uma velocidade v2. Figura 24: Refração e reflexão. UNIUBE 221 Este esquema nos permite fazer algumas considerações: • Uma parte do feixe de luz se reflete e a outra se refrata. • O par de meios transparentes (ar-vidro) é separado por uma superfície S, chamada dioptro. • A reta perpendicular à superfície S é chamada reta normal (N). • O ângulo formado entre o raio incidente (ri) e a normal (N) é chamado ângulo de incidência (i): o ângulo formado entre o raio refratado (rr) e a normal (N) é chamado ângulo de refração (r). Agora perguntamos: existe alguma relação entre o ângulo de incidência e o de refração? Esta pergunta foi respondida, primeiramente, por Snell e, depois, por Descartes. Eles estabelecera, experimental e separadamente, a seguinte lei: O produto do seno do ângulo de incidência, pelo valor do índice de refração do meio em que se propaga o raio incidente, é igual ao produto de seno do ângulo de refração, pelo índice de refração do meio em que se propaga o raio refratado. Exemplo 6 Um raio de luz se propaga no ar e atinge um meio x. Para um ângulo de incidência de 30°, o ângulo de refração correspondente é de 60°. Qual é o índice de refração do meio x? 30 . 60 . ar xseni n sen n° = ° EXEMPLIFICANDO! 222 UNIUBE 6.1.10.3 Aplicação da lei de Snell-Descartes A lei de Snell-Descartes tem um grande número de aplicações. Vamos estudar algumas. A – Ângulo limite e reflexão total Consideramos dois meios, 1 e 2, sendo > . Pela análise que fizemos da lei de Snell-Descartes, podemos afirmar que o ângulo de incidência é menor que o ângulo de refração e, em conseqüência,o raio refratado se afasta da normal. Observe a Figura 24, a seguir. Figura 25: Reflexão total. Podemos perceber na figura anterior que, à medida que o ângulo de incidência cresce, o ângulo de refração também cresce, mas numa proporção maior. O esquema mostra que RR2 está razante formando um ângulo de 90°. Temos, então, o ângulo limite. O raio RR3 está nos mostrando a reflexão total. Ângulo limite de refração é o ângulo de incidência que corresponde a um ângulo de refração de 90°. Reflexão total só ocorre quando o ângulo de incidência for maior que o ângulo limite e o raio de luz passar de um meio mais refringente para um meio menos refringente. UNIUBE 223 Exemplo 7 A Figura 26, a seguir, ilustra, esquematicamente, o comportamento de um raio de luz que atinge um dispositivo de sinalização instalado numa estrada, semelhante ao conhecido “olho-de-gato”. EXEMPLIFICANDO! Figura 26: Reflexão total. De acordo com a Figura 26, responda: a) Que fenômenos ópticos ocorrem nos pontos I e II? b) Que relação de desigualdade deve satisfazer o índice de refração do plástico para que o dispositivo opere adequadamente, conforme indicado na figura? Resposta a) I – reflexão, II – refração. 224 UNIUBE b) mas, como queremos a relação de desigualdade, 6.1.10.4 Dioptro plano Denomina-se dioptro todo sistema óptico constituído por dois meios transparentes, homogêneos e distintos, ou seja, é a superfície de separação entre os meios. Podemos observar que o exemplo mais comum é o par de meios entre ar e água. Observe a Figura 27 a seguir. Figura 27: Dioptro plano. • Nesta equação, ( ) índice de refração representa o sentido do raio de luz. • Se o observador estiver fora da água e olhar para dentro da piscina, perceberá que o fundo da piscina parecerá mais próximo. • Se o observador estiver dentro da água e olhar objetos fora da água, perceberá que eles irão parecer mais afastados. UNIUBE 225 • Isso ocorre por causa dos índices de refração do ar e da água serem diferentes, ou seja, o índice de refração da água é maior do que o índice de refração do ar. 6.1.10.5 Prisma óptico É uma lamina de faces não paralelas. O ângulo formado pelas faces não paralelas é o ângulo de refringência ou ângulo de abertura. Estudamos aqui o comportamento de um raio de luz ao atravessar um prisma através da sua secção principal. Veja a Figura 28, a seguir. Figura 28: Prisma óptico. Na medida em que varia o ângulo de incidência (i), o desvio angular (a) também varia. Experimentalmente, observamos um valor para o ângulo de incidência (i) ao qual corresponde um desvio angular mínimo (r). Isso acontece para i = r e, portanto, r = r’. IMPORTANTE! 226 UNIUBE Quando um raio de luz policromático (várias cores) atinge obliquamente a superfície de separação de dois meios, cada uma das radiações componentes terá um diferente ângulo de refração, acarretando a separação das cores. Esse fenômeno é acentuado nos prismas e recebe o nome de dispersão luminosa. 6.1.10.6 Lentes convergentes e divergentes Trata-se de uma associação entre os dois dioptros no qual uma das faces é necessariamente esférica e a outra pode ser esférica ou plana. Classificação das lentes a) Lentes convexas Lentes que apresentam a parte central mais espessa que os extremos. São também chamadas de lentes de bordas finas. Observe a Figura 29 a seguir. Figura 29: Lentes de bordas finas. b) Lentes côncavas Lentes que apresentam os extremos mais espessos que a parte central. Chamadas também de lentes de bordas espessas. Veja a Figura 30, a seguir. UNIUBE 227 Figura 30: Lentes de bordas espessas. Os raios que atingem uma lente podem ser desviados, convergindo para o eixo principal ou divergindo dele. As lentes que convergem os raios luminosos são chamadas lentes convergentes; as que divergem, são chamadas lentes divergentes. Os fatores que determinam esse comportamento óptico das lentes são dois: a sua forma e o índice de refração absoluto do meio onde as lentes se encontram. Assim, quando o índice de refração da lente for maior que o índice de refração do meio onde ela se encontra, podemos generalizar dizendo: • Lentes de bordas finas são convergentes; • Lentes de bordas grossas ou espessas são divergentes. Em caso contrário, isto é, quando o índice de refração da lente for menor que o índice de refração do meio onde ela se encontra, teremos: • Lentes de bordas finas: divergentes; • Lentes de bordas grossas: convergentes. A esta altura você poderia perguntar: por que uma lente tem o poder de convergir e outra de divergir se ambas são feitas do mesmo material? Para explicar esse fato, vamos recorrer aos prismas. Imagine dois prismas idênticos, colocados de tal forma que a base de um se junte à base do outro. Os raios de luz tendem a se juntar, pois a luz que atravessa um prisma desvia-se sempre, aproximando-se da base do mesmo. 228 UNIUBE Imagine, agora, que você pudesse colocar muitos troncos de prisma uns sobre os outros, com ângulos cada vez maiores, e polir suas faces. Você teria obtido uma lente esférica, que converge os raios luminosos para um determinado ponto. A- Foco imagem Em uma lente convergente, os raios paralelos ao eixo principal se refratam e passam por um ponto ao qual chamamos foco imagem da lente (F1). A distância entre o centro óptico (C0) e o foco chama-se distância focal (f). Em uma lente divergente, os raios paralelos ao eixo principal se refratam, de forma que seus prolongamentos passem pelo foco. A distância entre o foco e o centro óptico da lente também se chama distância focal (f). Como você já deve ter percebido, o foco imagem de uma lente convergente é real e o de uma lente divergente é virtual. B – Foco objeto Tanto nas lentes convergentes como nas lentes divergentes há, sobre o eixo principal, um ponto simétrico ao foco imagem em relação ao centro óptico da lente. Esse ponto é chamado de foco objeto da lente. Os raios que passam pelo foco objeto e atingem a lente emergem paralelos ao eixo principal. Veja a Figura 31. Figura 31: Raios notáveis. UNIUBE 229 Podemos resumir o que acabamos de estudar sobre focos nas seguintes afirmações: a) Toda lente tem dois pontos sobre o eixo principal, igualmente distanciados do centro da lente, chamados focos da lente. b) Nas lentes convergentes, os focos são reais; nas divergentes, são virtuais. c) A distância entre o foco e o centro óptico da lente é chamada distância focal. d) Pelo principio da reversibilidade dos raios luminosos, podemos afirmar que qualquer dos focos pode ser considerado foco imagem ou foco objeto, dependendo apenas da face de entrada de luz na lente. 6.1.10.7 Equação de Gauss para lentes esféricas No item anterior, determinamos, geometricamente, as características das imagens obtidas através de lentes esféricas. Agora, vamos fazer um estudo analítico dessas imagens por meio das equações de Gauss. Essas equações são as mesmas que estudamos para os espelhos esféricos, com as mesmas condições de Gauss – raios de pequena abertura e próximo ao eixo principal –, os mesmos significados e as mesmas convenções. As equações são as seguintes: Equação dos pontos conjugados Equação do aumento linear transversal 230 UNIUBE Vejamos agora as convenções: a) lentes convergentes têm distâncias focais positivas e lentes divergentes têm distâncias focais negativas; b) a distância objeto e a distância imagem são sempre valores positivos, quando reais, e negativos, quando virtuais; c) a aplicação ( ) é negativa quando objeto e imagem são da mesma natureza (ambos reais ou ambos virtuais) e positiva, quando imagem e objeto são de natureza contrária (um real e outro virtual). 6.1.10.8 Convergência deuma lente A convergência (C) de uma lente é definida como o inverso da distância focal (f), em metros, e apresenta o mesmo sinal de distância focal: Quando dizemos que as lentes de determinados óculos são “fortes” ou “fracas”, estamos nos referindo, mesmo sem sabermos disso, ao maior ou menor poder que as lentes têm de convergir ou divergir raios luminosos. Em óptica, esse poder é dado pela convergência ou vergência de uma lente, que assim se define: A convergência de uma lente é dada pelo inverso de sua distância focal. Quando a distância focal da lente é dada em metros, a convergência é dada em dioptrias (di). Dessa forma, podemos dar a seguinte definição: Uma dioptria é a convergência de uma lente de distância focal igual a um metro. A dioptria de uma lente é aquilo que, incorretamente, constumamos chamar de “grau” da lente. UNIUBE 231 2.1.10.9 Equação dos fabricantes de lentes Em muitos instrumentos, como nos microscópios, por exemplo, utilizam- se associações de lentes para eliminar o fenômeno das aberrações cromáticas das lentes esféricas. Para obter a convergência de um sistema de lentes, basta somar as convergências de todas as lentes que compõem o sistema. Assim, se associamos duas lentes, por justaposição, uma biconvexa de 6 di e outra convexo-côncava de -4di, o sistema terá uma convergência de 2 di, pois: 6.1.11 Instrumentos ópticos São classificados em função da imagem final produzida. • Instrumentos de observação imagem final é virtual. Exemplo: lupa, luneta e microscópio. • Instrumentos de projeção imagem final é real. Exemplo: câmera fotográfica e projetores de slides. • Microscópio composto (Figura 32). 232 UNIUBE Figura 32: Microscópio Lente objetiva: (mm) a imagem é real, invertida e ampliada. Lente ocular: (cm) a imagem é virtual, invertida e ampliada ( em relação ao objeto O). • Luneta Astronômica (Figura 33) Figura 33: Luneta Astronômica Objetiva(m): imagem real , situada no foco imagem da objetiva Ocular (cm): a imagem comporta-se como objeto para a ocular (lupa), imagem final , virtual e invertida. 6.1.12 Óptica da visão Em relação aos padrões tecnológicos atuais, o olho humano é um instrumento óptico altamente sofisticado. Seu sistema de funcionamento pode ser comparado ao de uma câmera fotográfica, em que o cristalino é a lente, a pupila é o diafragma e a retina faz a função do filme fotográfico em cores. UNIUBE 233 Em um olho normal, o ponto mais distante de visão nítida é denominado ponto remoto. A diferença entre a máxima e a mínima convergência do olho humano é conhecida como amplitude de acomodação visual e vale, para um olho normal, quatro dioptrias (4 di). Ponto remoto (PR) e Ponto próximo (PP) PR ponto mais afastado que o olho vê com nitidez (máxima distância focal) PP ponto mais próximo que o olho vê com nitidez (distância focal mínima). Para um objeto ser visto nitidamente, ele deve situar-se entre os PP e PR (zona de acomodação). 6.1.13 Anomalias da visão Observe a Figura 34 a seguir. Figura 34: Olho reduzido. a) Miopia Para compensar a miopia, usa-se uma lente corretora divergente, cuja função é conjugar, para um objeto no infinito, uma imagem no ponto remoto do olho míope. 234 UNIUBE Observações As chamadas lentes corretoras não corrigem a ametropia, mas, sim, produzem as imagens em um intervalo em que o usuário tenha acomodação visual. A distância focal (f) da lente corretora da miopia é, em módulo, igual à distância máxima de visão nítida (ponto remoto), sendo, porém, negativa, já que a lente é divergente: b) Hipermetropia A compensação da hipermetropia é feita com uma lente convergente, que conjuga, para um objeto a 25 cm do olho, uma imagem no ponto mais próximo de visão nítida do olho hipermétrope. c) Presbiopia ou vista cansada Com o envelhecimento, o cristalino perde a capacidade de acomodação, de modo que suas faces não adquirem a curvatura necessária que permita a visão de objetos próximos. Isso significa que o ponto próximo se afasta do olho e, portanto, a pessoa presbíope não enxerga bem de perto. Da mesma forma que na hipermetropia, a correção é feita com o uso de óculos cuja as lentes são esféricas convergentes. d) Astigmatismo O astigmatismo consiste numa imperfeição do olho, particularmente da córnea, cujo raio de curvatura varia conforme a seção considerada. Por isso, a luz sofre refrações diferentes, nas diferentes seções. Consequentemente, para um astigmata, a imagem que se forma na retina não é nítida, isto é, apresenta deformações. A correção é feita com uso de óculos cujas lentes são cilíndricas e podem ser convergentes ou divergentes. UNIUBE 235 Neste capítulo, você viu a parte da Física que estuda os fenômenos ópticos, ou seja, estuda as várias fontes de luz, a análise da cor, os princípios de propagação da luz e os tipos de espelhos. Na óptica, você estudou de que forma essa luz pode ser propagada entre os meios, bem como as características de cada processo e suas aplicações. Conclusão6.2 Resumo Levando em conta os tópicos abordados neste capítulo, entre os principais conceitos tratados, temos: • Luz Uma forma de energia radiante que sensibiliza os nossos órgãos visuais. Ela se propaga nos meios materiais e também no vácuo. Quando a luz atinge a fronteira entre dois meios ópticos, podem ocorrer, basicamente, três fenômenos luminosos: reflexão, refração e absorção. • Princípios da óptica geométrica a) Princípio da propagação retilínea – nos meios homogêneos e transparentes, a luz se propaga em linha reta. b) Princípio da independência dos raios luminosos – quando vários feixes luminosos, emitidos por fontes diferentes, propagam-se simultaneamente, cada um deles comporta-se como se os outros não existissem. Significa dizer que os feixes podem se cruzar sem que um altere a propagação do outro. c) Princípio da reversibilidade dos raios luminosos – a trajetória de uma raio de luz não se modifica quando se inverte o sentido de sua propagação. 236 UNIUBE • Reflexão luminosa A reflexão luminosa de um raio de luz é descrita por duas leis: • O raio incidente (PI), o raio refletido (IR) e a norma (N), no ponto de incidência, estão no mesmo plano. • A medida do ângulo de incidência i é igual à medida do ângulo de reflexão. • Refração luminosa A luz propaga-se em determinados meios materiais e também no vácuo, e em cada meio a luz propaga-se com uma velocidade diferente. A esse fenômeno chamamos de refração luminosa. A refração luminoas obedece a duas leis: a) O raio incidente (I), o raio refratado (R) e a normal à superfície de separação no ponto de incidência, são coplanares. b) para cada par de meios 1 e 2 e para cada cor de luz, temos (lei de Snell-Descartes): • Sempre que necessário verificar os conceitos de primas, dioptros e reflexão total; • O comportamento óptico de uma lente depende do meio em que ela se encontra e de que material ela é feita, podendo ser convergente ou divergente, uma lente de bordas finas e também uma lente de bordas espessas; • Em relação às anomalias, devemos ter em mente: miopia, hipermetropia e presbiopia; os tipos de lente para a correção e onde se formam as imagens. UNIUBE 237 Referências YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física, v. 4: ótica e física moderna. 12. ed. São Paulo: Pearson Education, 2009. Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________ __________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 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