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QUESTIONÁRIO DE TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 1. Defina contrato. É o resultado do encontro de vontades dos contratantes, produzindo efeitos jurídicos (criação, modificação ou extinção de direitos ou obrigações) 2. Quais são os elementos essenciais do contrato? Por ser uma espécie de negócio jurídico, também é essencial ao contrato a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e a forma prescrita ou não defesa em lei (Art. 104). Por tratar-se de contrato ainda há o requisito específico do consentimento recíproco ou acordo de vontades. 3. Que princípios norteiam a interpretação dos contratos? Princípio da autonomia privada Princípio da função social do contrato Princípio da força obrigatória dos contratos (Pacta sun servanda) Princípio da boa fé objetiva Princípio da relatividade dos efeitos contratuais 4. Em que consiste a autonomia da vontade? A autonomia da vontade implica em que o consentimento é elemento fundamental da existência do contrato. Sem o consentimento das partes, expresso ou tácito, inexiste a relação jurídica no contrato. A autonomia da vontade também define a forma do contrato, quando esta não está defesa por Lei. 5. Em que consiste a supremacia da ordem pública? Consiste no fato de que não é permitido às partes contratar aquilo que contrarie o interesse público, materializado pelas leis. A Supremacia da Ordem Pública limita ou define os contornos externos, dentre os quais se pode operar a autonomia da vontade. 6. Em que consiste o consensualismo? Um princípio pelo qual basta o acordo de vontades para que um contrato se aperfeiçoe. Selado o acordo já existe o contrato, independentemente da entrega da coisa ou de ações posteriores. O consensualismo é a regra e o formalismo a exceção. Isto porque, para alguns tipos de contrato, o legislador definiu forma estrita para a validade do contrato. 7. Em que consiste a obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda)? É um princípio antigo do direito que define que os pactos devem ser cumpridos. Não se é obrigado a pactuar, mas uma vez pactuado, o pacto deve ser cumprido. O contrato torna-se "lei" entre as partes. Modernamente esse princípio é relativizado pelo princípio da revisão contratual. 8. Em que consiste a revisão contratual? E a exceção rebus sic stantibus? É um princípio de moderação da obrigatoriedade dos contratos. No direito moderno não se considera absoluto o contrato. Havendo desequilíbrios no contrato pode o juiz, querendo princípios de ordem pública, boa-fé objetiva e equidade, reequilibrá-lo para que satisfaça proporcionalmente a vontade real dos que o celebraram (Art. 478 e 480). A exceção rebus sic standibus define que nos contratos comutativos e diferidos (onde a prestação não ocorra no mesmo tempo da celebração), pode haver a revisão do contrato caso haja situações supervenientes que modifiquem a situação do momento do contrato. 9. Em que consiste o princípio da relatividade dos efeitos do contrato? Os contratos só devem produzir efeitos obrigatórios perante as partes, que manifestaram sua vontade em contratar. Seu universo de efeitos obrigatórios deve ser limitado, ou seja, relativo às partes. Terceiros podem sentir os efeitos do contrato se para eles lhes creditar direitos, mas não deveres. 10. Em que consiste o princípio da boa-fé? E o da probidade? A boa-fé pode ser objetiva ou subjetiva. A subjetiva diz respeito à intenção do agente, que deve ser coerente com o objetivo do contrato e com o ordenamento. A boa-fé objetiva é uma obrigação legal de agir conforme as expectativas mútuas em uma relação contratual. É um princípio que procura a igualdade material na relação. Em outras palavras pela boa-fé objetiva as partes se vinculam mais às expectativas reais das partes do que à forma ou ao processualismo contratual. É um princípio a ser observado desde a formação até o encerramento do contrato (em alguns casos até após ele). A probidade é a materialização do aspecto objetivo da boa-fé. 11. Indique os efeitos do contrato, negócio jurídico bilateral. Os efeitos são a criação de obrigações e deveres recíprocos, vinculados entre sí. A prestação de um implica em uma constrapestação da outra parte. Essas contraprestações não precisam ser, necessariamente, economicamente equivalentes. 12. Indique as principais classificações dos contratos. a) unilaterais (benéficos) e bilaterais (onerosos) b) cumulativos e aleatórios c) nominados (típicos) e inominados (atípicos) d) reais, formais e consensuais e) mistos e coligados f) instantâneos; continuados ou de fato sucessivo; acessórios g) principais e acessórios h) tempo determinado; indeterminado (termo ou condição) i) pessoais e impessoais j) derivados ou sub-contratos k) individuais e coletivos l) adesão m) estandardizados ou celebrados em massa n) eletrônicos 13. Como se formam os contratos consensuais? Formam-se unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. 14. Como se formam os contratos reais? Os contratos reais se aperfeiçoam ou se formam quando, além do consentimento, existe a entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto. 15. Como se formam os contratos formais? Os contratos formais se aprefeiçoam com a presença de uma forma específica prevista em lei, além do consentimento das partes. 16. Na proposta enviada por telegrama, carta, telex, fax, e-mail, ou outro meio eletrônico de transmissão de dados, como se aperfeiçoa o contrato? Com a emissão da resposta de aceitação. 17. Onde se considera celebrado o contrato? No local onde foi aceita a proposta (art. 435). 18. Que vícios podem tornar o contrato nulo? Os vícios de consentimento, provocados por coação absoluta, fraude, dolo, erro, estado de perigo ou lesão. 19. Que vícios podem tornar o contrato anulável? Os praticados por incapazes ou com vícios de consentimento relativos, que podem ser convalidados. 20. Quais os efeitos dos contratos válidos? O estabelecimento de obrigações entre as partes. 21. Quais são os requisitos clássicos para a revisão dos contratos civis? São requisitos clássicos para a revisão dos contratos civis: a) o contrato deve ser bilateral ou sinalagmático, em regra. Como exceção o art 480 possibilita a revisão dos contratos unilaterais. b) o contrato deve ser oneroso. c) o contrato deve ser comutativo: as partes já sabem quais são as prestações. Em regra não é possível rever contrato aleatório quanto ao fator risco. Como exceção a jurisprudência tem entendido que é possível rever a parte comutativa de um contrato aleatório; exemplo: premio do seguro saúde. d) o contrato deve ser de execução diferida ou continuada, art 478: cumprimento periódico no tempo. e) a lei exige um motivo imprevisível, art 317 ou um acontecimento imprevisível e extraordinário, art 478. Aqui neste ponto está o grande problema da teoria adotada pelo CC, pois o fator imprevisibilidade sempre foi analisado de forma global, o que torna praticamente impossível a revisão, pois nesse aspecto, atualmente, tudo é previsível. Flexibilizando essa análise, parte da doutrina recomenda que o fator imprevisibilidade seja analisado pessoal ou subjetivamente, o que torna possível a revisão contratual, Enunciados 17 e 175 do CJF/STJ. Assim, fatores como desemprego, inflação e crises, ate podem ser previsíveis para o mercado, mas são imprevisíveis para quem contrata (análise pessoal). f) onerosidade excessiva: é o desequilíbrio contratual (ou efeito gangorra). Obs: a jurisprudência, inclusive do STJ continua discutindo a ausência de mora como requisito para a revisão contratual. Existem julgados do STJ que afirmam que a cobrança de encargos abusivos impede a caracterização da mora do devedor. Enunciado 354CJF/STJ. Porem, o STJ editou a súmula 380 prevendo que a simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora o autor. Isso porque o autor precisa demonstrar verossimilhança das alegações, e depositar em juízo a parte incontroversa da obrigação, inclusive para a retirada de seu nome de cadastro de inadimplentes. 22. Quanto a previsão legal, qual a distinção entre contrato típico e contrato atípico? quanto a previsão legal a) contrato típico: é aquele que tem uma previsão legal mínima visando a sua regulamentação, seja no CC ou em lei especial; exemplos: compra e venda doação, locação, prestação de serviço, empreitada, comissão, agencia e distribuição, transporte, seguro e mandato. b) contrato atípico: é aquele que não tem uma previsão legal mínima, sendo lícita a sua previsão/estipulação desde que observados os parâmetros do CC, art 425. 23. Quanto ao momento de cumprimento do contrato, qual a distinção entre, contrato instantãneo, contrato de execução diferida e contrato de execução continuada? quanto ao momento de cumprimento do contrato a) contrato instantâneo: aquele de execução imediata, exemplo: compra e venda a vista. b) contrato de execução diferida: o cumprimento ocorre de uma vez só no futuro, exemplo: pagamento com cheque pré/pós datado. c) contrato de execução continuada (ou contrato de trato sucessivo): o cumprimento ocorre de forma periódica no tempo, exemplo: contratos de financiamento em geral. 24. Quanto a definitividade, qual a distinção entre contrato definitivo e contrato preliminar? quanto a definitividade a) contrato definitivo: aquele que não depende de qualquer outro quanto ao tempo no futuro, exemplo: compra e venda. b) contrato preliminar: aquele que depende de um outro que ainda será celebrado no futuro, tido como definitivo (arts 462-6 do CC); exemplo: contrato preliminar de compra e venda de bem móvel ou imóvel. 25. O que são vícios redibitórios? São defeitos ocultos, em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuam o valor, sendo que se esse defeito fosse por ambos conhecido o negócio jurídico não se realizaria. 26. Quais os requisitos necessários para caracterizar o vício redibitório? Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, doação onerosa ou remuneratória. Que os defeitos sejam ocultos. Que os defeitos já existissem no momento da celebração do contrato. Que os defeitos sejam desconhecidos pelo adiquirente. Que os defeitos sejam graves. 27. Qual a consequência da existência de vícios redibitórios? O adquirente pode rejeitar a coisa ou pedir abatimento no seu preço (art. 441 e 442). Pode haver perdas e danos se houve má-fé do alienante (art. 443). 28. Quais os prazos em que podem ser alegados os vícios redibitórios? O prazo decadencial é de 30 dias para bens móveis e de um ano para os imóveis, contatos a partir da tradição. Se a ciência do defeito se der mais tarde, conta-se da ciência. Esse prazo para ciência é de 180 dias para bens móveis e de um ano para os imóveis. Se o adiquirente já estava na posse do bem o prazo se conta pela metade (art. 445). Podem os contratantes, entretanto, por convenção, estender esses prazos. 29. O que é evicção? Perda da coisa objeto de contrato em razão de decisão judicial que acolhe reivindicação de terceiros. O alienante é obrigado a indenizar o adquirente. 30. Quem responde pela evicção? O alienante (art. 447). 31. O que é contrato preliminar, o que deve conter e quais os seus efeitos? É aquele que tem por objeto único a futura celebração de um contrato definitivo. Contém todos os elementos do contrato a ser celebrado. O contrato preliminar obriga as partes a pactuarem o definitivo se verificadas as condições previstas no contrato preliminar. Os requisitos para sua validade são os mesmos do contrato definitivo. 32. O contrato preliminar não cumprido, e que cause prejuízo a outra parte, pode ser executado? fase de contrato preliminar também denominada fase de pré contrato, não sendo obrigatória, e tendo também forca vinculativa. Os efeitos jurídicos são ampliados, podendo gerar perdas e danos e outras conseqüências, caso daquelas relacionadas com as arras ou sinal, arts 417-20 do CC. Prevê o art 462 do CC que o contrato preliminar, exceto quanto a forma, deve ter os mesmos requisitos de validade do contrato definitivo. 33. O que é a cláusula exceptio non adimpleti contractus? E a solve et repete? A primeira é a exceção de contrato não cumprido. Essa exceção paralisa a ação do autor se o réu alegar que não recebeu a contraprestação contratada no mesmo contrato que fundamenta a ação. A segunda significa "pague, depois reclame" 34. Como podem extinguir-se os contratos? Em via de regra pela execução ou pelo cumprimento. Pode-se extinguir sem o cumprimento em situações específicas. 35. Quais as formas pelas quais podem extinguir-se os contratos, sem cumprimento? Por nulidade absoluta ou relativa. Na ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva. No exercício do direito de arrependimento. Por resolução devido ao não cumprimento de uma das partes. Por resilição unilateral, naqueles contratos que assim o premitirem. Por resilição bilateral ou distrato, quando ambos acordam em encerrar o contrato sem o seu cumprimento. Pela morte de um dos contratantes. Por rescisão em contratos celebrados em estado de perigo ou condições iníquas. 36. O que é a cláusula rebus sic stantibus? É cláusula que permite, em contrato onerosos e diferidos, que haja reequilíbrio do contrato caso a situação atual e a encontrada no momento da celebração se alterem substancialmente. 37. Quais os princípios contratuais do Código Civil de 2002? Princípio da autonomia privada Princípio da função social do contrato Princípio da força obrigatória dos contratos (Pacta sun servanda) Princípio da boa fé objetiva Princípio da relatividade dos efeitos contratuais 38. Quais as fases de formação do contrato no Código Civil de 2002? formação do contrato no CC 2002: a doutrina aponta 4 fases de formação do contrato. 5.1. fase de negociações preliminares (ou de puntuação). 5.2. fase de proposta ou policitação: art 427-35 do CC. 5.3. fase de contrato preliminar: arts 462-6 do CC. 5.4. fase de contrato definitivo. 39. Quanto a formação do contrato, o que é fase de puntuação? fase de negociações preliminares (ou de puntuação) essa fase não tem tratamento específico no CC 2002, não tendo eficácia vinculativa, nessa fase ocorrem os debates prévios ou tratativas iniciais relativas ao contrato futuro; exemplos: celebração de uma carta de intenções, ou trocas de missivas contratuais entre as partes. Não obstante a ausência de forca vinculativa, pode surgir uma responsabilidade pré contratual nessa fase, por quebra da boa-fé objetiva, arts 187 e 422 do CC, e Enunciados 25 e 170 do CJF/STJ. Essa responsabilidade é objetiva pela quebra da boa-fé, Enunciados 37 e 24 do CJF/STJ. 40. Na fase de negociações preliminares, após tratativas iniciais relativas ao contrato com carta de intenções ou trocas de missivas contratuais, houver quebra da boa-fé objetiva, existe alguma responsabilidade entre os contratantes? Responsabilidade extra contratual, argumentar conforme material de apoio.
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