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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS CAMPUS MONTES CLAROS-MG Prática 03 - Determinação da capacidade térmica de um calorímetro, de calores de dissoluções e da capacidade calorífica de metais Relatório da prática experimental nº 03, apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina Físico Química Experimental do curso de Engenharia Química Bacharelado do IFNMG - Campus Montes Claros. Docente: Daniel Rodrigues Magalhães Discentes: Ana Clara Santos Cardoso Karen Oliveira Caires Lucas Queiroz Lopes Rodrigo Lopes Costa Sérgio Oliveira Guimarães Montes Claros - MG 09 de Abril de 2019 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO.……………………………………………………………………….……..02 1.1- Capacidades caloríficas………………………………………………………...03 1.2- Entalpia…………………………………………………………………………....04 1.3- Calor e entalpia em reações de dissolução………...…...…………………...04 2- OBJETIVO .....………...……………………………………………………………………..05 3- MATERIAIS E PROCEDIMENTOS .………………………………………………………05 3.1- Materiais e reagentes …………………………………………………………..05 3.2- Procedimento experimental …………………………………………………...06 4- RESULTADOS…………………………………………………………………………...….08 5- DISCUSSÃO…………………………………………………………………………………12 6- CONCLUSÃO…………………………………………..……………………………………15 7- REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………...16 8- ANEXOS……………………………………………………………………………………...16 1 1- INTRODUÇÃO Todo corpo possui uma determinada quantidade de calor (energia térmica em movimento) que pode ser ou não igual ao calor contido no ambiente que rodeia este corpo. Devido estas diferenças de energias térmicas há-se a ocorrência de um fenômeno espontâneo, transferência de calor, que tende a minimizar essa discrepância, ou seja, atingir-se o equilíbrio térmico. O estudo dessa forma de energia transferida em processos físicos e químicos é chamado de calorimetria, que utiliza-se de um equipamento denominado calorímetro, que tem por finalidade, segundo Atkins (2010, p.34), medir a energia interna de um sistema transferida em forma de calor ( ), determinado pela equação 1.q νtq = I Eq. 1 = corrente elétricaI = diferença de potencial conhecidaν = período de tempot Todo calorímetro possui uma constante, chamada de constante do calorímetro (C) que permite a simples interpretação da elevação de temperatura medida diretamente como uma liberação de calor, que pode ser calculada a partir da equação 2 (Atkins e Paula, 2010). /(m.Δt)C = q Eq.2 Sabendo-se que a temperatura de um sistema está relacionada ao grau de agitação das moléculas das substâncias ali contidas, sabe-se que um aumento de temperatura caracteriza um aumento do grau de agitação das moléculas que corresponde a um aumento da energia interna do sistema. Utilizando-se água para a determinação da capacidade calorífica do calorímetro, o calor cedido/ganho pela água deve ser igual ao calor ganho/cedido pelo calorímetro em módulo, conforme mostra a equação 3. qcal = − qágua Eq. 3 2 1.1 Capacidades caloríficas A capacidade calorífica de uma substância corresponde ao calor necessário para variar a temperatura de um corpo, sendo uma propriedade extensiva da matéria, ou seja, 100 g de água possui uma capacidade calorífica 100 vezes maior que a de 1 g de água, podendo ser calculada em função de diferentes variáveis. A capacidade calorífica molar a volume constante ( ), determinada pela Cv,m equação 4, corresponde à capacidade calorífica por mol da substância, ou seja, o calor necessário para variar-se a temperatura de cada mol de uma substância (Atkins and Paula, 2010) /nCv,m = Cv Eq. 4 = capacidade calorífica a volume constanteCv = número de molsn A capacidade calorífica específica de uma substância ( ), determinada pela Cv,s equação 5, também conhecida por ‘calor específico’, é a capacidade calorífica por grama da substância a volume constante (Atkins and Paula, 2010). /mCv,s = Cv Eq.5 O chamado solvente universal, a água, possui capacidade calorífica, aproximadamente, igual a 4 à temperatura ambiente (Atkins e Paula, 2010)..K .gJ −1 −1 Para Atkins (2010, p.36-37), as capacidades caloríficas das substâncias diminuem conforme a temperatura diminui. No entanto, pequenas mudanças de temperaturas na vizinhança do sistema interferem de forma mínima na sua capacidade calorífica e, por isso, esta pode em cálculos aproximados ser considerada independente da temperatura. Como cada material ou substância possui uma determinada modelagem atômica, ou seja, os átomos que compõem uma barra de alumínio, são diferentes dos átomos que compõem um tronco de madeira (não em sua totalidade, mas majoritariamente), faz com que cada material possua uma capacidade calorífica distinta, uma vez que a temperatura relaciona-se à energia cinética. Logo, materiais de mesma massa possuem quantidades distintas de átomos e portanto menos átomos serão movimentados (menor energia interna, menor temperatura, menor calor específico). 3 Portanto, a capacidade calorífica de um metal, pode ser definida a partir da equação 6 a seguir: . c . Δt − m . c . Δt )mmetal metal quente = ( água água f ria Eq.6 1.2 Entalpia Para volumes que não são constantes, a variação da energia interna não é igual à energia transferida na forma de calor, pois parte desta energia retorna às vizinhanças em forma de trabalho de expansão (Atkins and Paula, 2010). Ainda segundo Atkins (2010, p. 37), a entalpia ( ), definida pela equação 6, é H uma função de estado e portanto não depende do processo que leva o sistema de um estado para outro. VH = U + p Eq. 7 = energia internaU = pressão do sistemap = volumeV Sendo a variação da entalpia igual ao calor fornecido ao sistema, a pressão constante. 1.3 Calor e entalpia em reações de dissolução Com tudo, para reações de dissolução manipulando a equação 3 e considerando-se que obtém-se a equação 8..c.Δt− qágua = m − .c .(t )/(t )Ccal = m água f − t1 f − t2 Eq.8 = temperatura da água no calorímetrot1 = temperatura do calorímetro vazio t2 = temperatura após a dissolução do sal tf 4 Logo, sabendo-se que há interferência do calor ganho/cedido pelo calorímetro e o calor ganho/cedido pela dissolução, o calor da reação é definido pela equação 9. qreação = qdissolução + qcalorímetro Eq. 9 = qdissolução qsolvente + qsoluto .c .Δtqsoluto = msal sal Analisando-se a equação 9 juntamente à equação 7, obtém-se a definição explicitada pela equação 10. H /nΔ = qreação sal Eq. 10 = quantidade de matéria dissolvidansal Por fim, substituindo-se a equação 9 na equação 10, obtém-se a expressão da equação 11 que permite calcular o valor da variação de entalpia, em Joule (J), do sistema.H C .(t ) m .c .(t ) m .c .(t )]/nΔ = − [ cal f − t2 + água água f − t1 + cal cal f − tsal sal Eq. 11 2- OBJETIVO Construir um calorímetro e determinar sua capacidade térmica, assim como a entalpia de dissolução de diferentes sais e a capacidade calorífica de diferentes metais. 3- MATERIAIS E PROCEDIMENTOS Abaixo estão listados os materiais e reagentes utilizados no experimento assim como todo o procedimento seguido para sua realização. 3.1- Materiais e reagentes ● 1 recipiente de poliestireno expandido (isopor); ● 1 recipiente de vidro para armazenamento das soluções; ● 1 termômetro digital; ● 1 micro-motor 12 V; 5 ● 1 fonte de energia 5V; ● Tubo plástico de caneta; ● Mini pá de plástico; ● Cola adesivo Epóxi Durepoxi. ● NaCl(s) - cloreto de sódio; ● Na2SO4(s) - sulfato de sódio sólido; ● NaHCO3(s) - bicarbonato de sódio sólido; ● CuSO4.5H2O(s) - sulfato de cobre pentahidratado sólido; ● Cubo de cobre; ● Paralelepípedo de alumínio; ● Água destilada; ● Manta de aquecimento. 3.2 - Procedimento experimental Iniciou-se a construção do calorímetro realizando-se um furo na base do recipiente de vidro por onde o medidor do termômetro passaria, possibilitando as medições. Após encaixar o recipiente de vidro dentro do isopor, um outro furo foi feito no isopor na mesma altura que o inicial, do recipiente de vidro, assim a passagem do medidor do termômetro estaria garantida, conforme exposto na Figura 1. Figura 1: Acoplamento do sensor de temperatura Fonte: Próprio autor 6 Com o recipiente de vidro e o isopor já acoplados, foi feito então o sistema de agitação do calorímetro. Para tal, utilizou-se o tubo plástico de caneta com a mini pá de plástico formando a haste de agitação. O micro-motor foi acoplado à tampa do recipiente de vidro e a haste de agitação. Por fim, um furo por onde o cabo de energia do micro-motor passaria foi feito no topo do isopor que tamparia o calorímetro, e assim o sistema de agitação do calorímetro também foi concluído, como mostra a Figura 2. Os anexos deste relatório possuem mais imagens da construção do calorímetro. Figura 2: Sistema de agitação do calorímetro Fonte: Próprio autor Após a construção do calorímetro, mediu-se a sua temperatura quando vazio, logo após, adicionou-se aproximadamente 250g de água destilada aquecida a cerca de 50°C. Aguardou-se a estabilização da temperatura do conjunto água calorímetro e anotou-a. Este procedimento foi realizado 10 vezes a fim de se obter maior confiabilidade dos resultados para a capacidade calorífica do calorímetro. Em seguida, pesou-se 6,019g de NaCl e adicionou-se 100,027g de água sob temperatura ambiente. Mediu-se a temperatura do conjunto água calorímetro e a temperatura antes e após dissolução completa do sal sob agitação constante proporcionado pelo sistema montado. O mesmo procedimento foi realizado para o Na2CO3, na qual foram utilizados 21,502g do sal e 100,000g de água. Para o NaHCO3, pesou-se 8,002g de sal e 100,000g de água. Por fim, pesou-se 25,003g de CuSO4.5H2O 7 e 100,002g de água. Após cada medição com os sais o calorímetro foi devidamente lavado. Para determinação do calor específico de metais, foram utilizados um paralelepípedo de alumínio e um cubo de cobre de massas conhecidas. Para tal, adicionou-se cerca de 100g água sob temperatura ambiente dentro do calorímetro junto do metal a ser analisado, e em seguida, adicionou-se aproximadamente 100g de água previamente aquecida à aproximadamente 40 ºC e realizou-se a aferição da temperatura de estabilização do conjunto. 4- RESULTADOS Os dados obtidos experimentalmente para o posterior cálculo da capacidade calorífica do calorímetro estão dispostos na Tabela 1 a seguir. Tabela 1: Dados para a determinação da capacidade calorífica do calorímetro. Repli- cata nº Temp. calorímetro vazio (ºC) Temp. água (ºC) Massa água (g) Temp. estabilidade (ºC) Temp. ambiente (ºC) ΔT (ºC) 1 25,6 60,0 250,002 56,3 25,9 3,7 2 26,1 57,0 250,005 53,9 27,5 3,1 3 24,4 49,6 250,012 47,2 28,0 2,4 4 25,1 51,6 250,000 48,5 28,3 3,1 5 25,1 44,0 250,001 42,1 28,6 1,9 6 24,8 48,3 250,017 47,1 28,9 1,2 7 26,1 44,5 250,011 43,2 29,1 1,3 8 26,2 54,7 250,007 53,0 29,2 1,7 9 28,5 47,9 250,003 46,7 29,6 1,2 10 25,2 47,9 250,002 46,5 29,7 1,1 Média 25,7 50,6 250,006 45,5 28,5 2,1 Fonte: Próprio autor 8 Utilizando-se a equação 2, calculou-se a capacidade calorífica do calorímetro para cada replicada realizada conforme disposto na Tabela 2 a seguir: Tabela 2: Capacidade calorífica do calorímetro. Replicata Capacidade calorífica do calorímetro (J/°C para 250 g de água) 1 126,07 2 116,72 3 110,18 4 138,67 5 116,98 6 56,33 7 79,58 8 66,40 9 69,01 10 68,80 Média 94,87 Fonte: Próprio autor A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos para a dissolução de cada sal utilizado no experimento. Tabela 3:Dados da dissolução dos sais no calorímetro. Sal Massa sal (g) Temp. conjunt o (ºC) Temp. ambiente (ºC) Temp. de início da dissolução (ºC) Temp. dissolução completa/ estabilidade (ºC) Massa água (g) NaCl 6,019 26,0 26,5 25,7 25,4 100,027 Na2CO3 21,502 26,4 26,4 36,1 31,0 100,000 NaHCO3 8,002 26,7 26,6 25,3 23,4 100,000 9 CuSO4 25,003 26,3 26,4 24,8 24,3 100,002 Fonte: Próprio autor Cada sal possui um calor específico tabelado a partir de experimento com alto rigor de execução e inúmeras replicadas. A Tabela 4 apresenta os calores específicos teóricos para os sais utilizados no experimento. Tabela 4: Calor específico teórico. Sal Calor específico (J/g*ºC) NaCl 0,722 Na2CO3 1,139 NaHCO3 1,042 CuSO4 0,617 Fonte: Próprio autor Conhecendo-se as equações 3,8,9 e 10, realizou-se os cálculos para os calores, de dissolução, do calorímetro e da reação, para cada sal utilizando, bem como a variação de entalpia de cada um, conforme disposto na Tabela 5. Tabela 5: Calor e entalpia de dissolução dos sais. Sal Qdissolução (J) Qcalorímetro (J) Qreação (J) ΔH (J) NaCl 255,888 -104,357 151,531 1471,25 Na2CO3 -2037,319 436,402 -1600,917 -7891,33 NaHCO3 1407,404 -303,584 1103,820 11588,17 CuSO4 -869,207 -199,227 -1068,434 -6820,45 Fonte: Próprio autor Após a realização de todos os procedimentos para determinação do calor de dissolução dos sais, realizou-se o experimento para determinação da capacidade calorífica de metais. 10 Os dados obtidos utilizando-se o paralelepípedo de alumínio foram organizados na tabela 6, a seguir: Tabela 6: Valores de temperatura para o experimento com o paralelepípedo de alumínio. Temp. água fria (ºC) Massa da água a frio (g) Temp. água quente (ºC) Massa da água a quente (g) Temp. estabilidade do conjunto (ºC) 27,4 100,150 36,0 100,210 30,8 28,1 100,816 35,5 99,739 31,6 28,9 100,018 37,0 100,197 32,3 28,0 100,440 37,0 100,754 31,4 27,9 100,000 37,0 100,325 31,6 Fonte: Próprio autor Os dados obtidos utilizando-se o cubo de cobre estão dispostos na Tabela 7. Tabela 7: Valores de temperatura para o experimentocom o cubo de cobre. Temp. água fria (ºC) Massa da água a frio (g) Temp. água quente (ºC) Massa da água a quente (g) Temperatura de estabilidade do conjunto (ºC) 28,1 100,572 36,5 100,577 31,3 28,1 100,271 38,0 100,753 32,2 28,6 100,284 38,0 100,138 32,0 Fonte: Próprio autor A Tabela 8 apresenta as massas obtidas para cada metal utilizado no experimento. Tabela 8: Massa dos metais. Metal Massa do metal (g) Paralelepípedo de Alumínio 59,758 11 Cubo de cobre 116,052 Fonte: Próprio autor A partir da equação 6, calculou-se o calor específico dos metais. Conforme apresenta a Tabela 9. Tabela 9: Calor específico dos metais medidos experimentalmente. Metal Calor específico (J/g .°C) Alumínio 1,8 Cobre 1,6 Fonte: Próprio autor Assim como os sais, os metais também possuem seus calores específicos tabelados. Os calores específicos teóricos paras os sais utilizados estão dispostos na Tabela 10. Tabela 10: Calor específico dos metais teórico. Metal Calor específico (J/g .°C) Alumínio 0,897 Cobre 0,385 Fonte: Atkins 5- DISCUSSÃO Basicamente a palavra calorimetria significa medição de calor (sendo que a diferença de energia é devido à diferença de temperatura). Com essa variação de energia foi possível calcular a capacidade térmica e entalpia de reação. Como esse sistema não é completamente adiabático, é necessário calcular o quanto de energia uma solução irá perder quando inserida nele, e para isso utilizou-se a água como líquido de referência 12 porque as mudanças que ocorrem nela ao longo do tempo são conhecidas, assim como seu calor específico que é de 4,18 J/g.ºC. Sabendo que a capacidade calorífica de uma substância é a quantidade de calor necessária para elevar sua temperatura em um grau, pode-se dizer que a capacidade calorífica do calorímetro é a quantidade que este absorve para cada aumento de 1ºC na temperatura. É importante, portanto, determinar sua capacidade calorífica, a fim de mensurar quanto do calor de um processo ou uma reação é absorvido pelo calorímetro, o que permite calcular quanto calor as substâncias dentro do calorímetro, que são objeto de estudo, absorvem durante o processo. Em um cenário ideal, nenhum calor do processo seria absorvido pelos componentes do calorímetro, mas na realidade isso não ocorre. Ao colocar água quente no calorímetro, o calor desta é em parte absorvido pelo calorímetro, logo a outra parte é absorvida pela água fria; assumindo, porém, que nenhum calor é perdido do calorímetro para as vizinhanças. Dado que a massa e o calor específico da água são conhecidos (sendo o último conhecido com precisão), a determinação da capacidade calorífica da água se dá de forma simples. Inseriu-se a equação no Excel para calcular as 10 replicatas como mostrado nas tabelas 1 e 2. Através do teste Q (Teste de Rejeição de Dean e Dixon), determinou-se que nenhuma medida precisaria ser destacada, sendo ambos o maior e o menor valor para a capacidade calorífica aceitos para um nível de confiança de 90%. Foi obtida uma média de 94,87 J/g.ºC de capacidade calorífica para o calorímetro construído, além de um desvio provável (incerteza) para a medida de 21,27 J/g.ºC para um intervalo de confiança de 95%. Considera-se uma perda baixa e um sistema eficiente levando em conta os materiais utilizados e o desempenho deste em diversos experimentos. Comparar o calorímetro desenvolvido a outros trabalhos similares não é simples, porém dois artigos apresentam procedimentos similares. Assumpção (2010) obteve uma capacidade calorífica para o calorímetro construído de 63,4 J/g.ºC; já Braathen (2008) obteve um valor médio de 31 J/ºC. A entalpia de dissolução é a mudança na entalpia quando um mol de substância iônica se dissolve em água, e estas podem ser positivas ou negativas. Entalpias positivas implicam processos de dissolução endotérmicos, que por sua vez diminuem a temperatura da solução (em relação à temperatura original da água); já entalpias negativas são características dos processos de dissolução exotérmicos. O fato de o processo ser classificado como um ou outro se relaciona às etapas do processo de dissociação, no qual os íons inicialmente quebram suas ligações no retículo cristalino (um 13 processo que requer energia) e depois formam novas ligações com as moléculas de água (um processo que libera energia). Considerando isso, a avaliação experimental permite caracterizar se esse processo, em sua totalidade, absorve ou libera energia, e depende das características particulares de cada soluto. O cloreto de sódio apresenta uma entalpia de dissolução tabelada de +3,88 kJ/mol, sendo portanto endotérmica, assim como o bicarbonato de sódio, que possui um valor para a entalpia de dissolução de +16,7 kJ/mol. O carbonato de sódio, por sua vez, apresenta um processo de dissolução exotérmico (-26,7 kJ/mol). O mesmo pode-se dizer do sulfato de cobre II anidro, que apresenta um processo de dissolução exotérmico cuja entalpia é de -66,5 kJ/mol. A realização do cálculo da variação da entalpia permite identificar se a reação é endotérmica ou exotérmica, logo utilizando a equação 10 para construção da tabela 04, tem-se pelos resultados obtidos que o cloreto de sódio e o bicarbonato de sódio são endotérmicos, e o carbonato de sódio e o sulfato de cobre anidro são exotérmicos, seguindo os valores registrados na literatura. No entanto, os erros relativos percentuais calculados ao comparar os dados experimentais e teóricos foram altos, sendo de 62%, 70% e 30% para o cloreto de sódio, carbonato de sódio e bicarbonato de sódio, respectivamente, com exceção do sulfato de cobre anidro, que apresentou um erro relativo de 2%. Observou-se também a importância de um agitador para a dissolução e completa reação do soluto, sabendo que o calor trocado dentro do calorímetro não vai ser perdido para o meio, portanto a soma do calor será igual a zero como mostra a equação 08. A diferença entre os dados obtidos e os valores reais pode ser esclarecido por algumas razões como a energia de vibração dos átomos que compõem o material, energia cinética dos elétrons livres que existirem no material, orientação de dipolos magnéticos, orientação dipolos elétricos, criação de defeitos, fenômenos de desordenamento, rotação de moléculas, etc (MORA, 2010), decorrido de possíveis impurezas nas amostras metálicas. Outros fatores a serem considerados são a perda de calor no sistema durante o processo visto que o calorímetro utilizado é um calorímetro didático, sendo assim, a utilização de um calorímetro que não possui uma boa capacidade de isolamento, e também a perda de calor na execução do procedimento, onde a transferência do metal para o calorímetro é feita sem um isolamento do material, fazem com que o mesmo entre em contato com o ar em temperatura ambiente, mesmo que por um breve momento. 14 O calor específico de um materialé a quantidade de calor necessária para aumentar em um grau de temperatura uma unidade de massa desse material. Sendo assim, materiais com maiores calores específicos conseguem absorver mais calor antes de aumentarem sua temperatura, e de forma geral, absorvem e liberam calor de forma mais lenta. Analisando os metais utilizados, alumínio e cobre, tem-se que o alumínio possui o maior calor específico dentre ambos. Já que o aumento da temperatura está associado ao aumento da energia cinética dos átomos, o alumínio, que possui massa molar menor que o cobre, possui mais átomos em 1g, o que faz com que mais calor seja necessário para aumentar a energia cinética de um número de átomos maior, implicando maior calor específico. Sendo assim, a determinação do calor específico dos metais apresentou valores muito discrepantes. Apesar de, como estabelecem os valores teóricos, o calor específico do alumínio se mostrou maior que o do cobre, estes apresentaram erros relativos percentuais de 100 e 315%, respectivamente. As limitações do instrumento usado e a dificuldade em determinar com exatidão as temperaturas em alguns dos momentos do processo são alguns dos fatores que influenciaram os resultados discrepantes. 6- CONCLUSÃO A construção de um calorímetro didático foi concluída satisfatoriamente, sendo possível isolar bem o recipiente, medir a temperatura através do equipamento incorporado ao calorímetro e propiciar a agitação necessária para experimentos que requerem diluição de substâncias e/ou reações químicas, possibilitando a realização das análises pretendidas. Quanto à determinação da capacidade calorífica do calorímetro, foi possível estabelecer o valor de 94,87 J/g.ºC; porém os resultados apresentaram um desvio provável de 21,27 J/g.ºC, o que representa cerca de 22% do valor calculado. Já a entalpia de dissociação dos quatro sais analisados foi calculada e apresentou altos erros relativos percentuais, porém apresentaram o comportamento esperado já que o cloreto de sódio e o bicarbonato de sódio se mostraram endotérmicos (com entalpias positivas) e o carbonato de sódio e o sulfato de cobre se mostraram exotérmicos (com entalpias negativas). Já o calor específico calculado para os metais analisados, alumínio e cobre, foi maior para o alumínio, como esperado, porém os valores apresentaram um alto erro relativo. Tem-se, portanto, que o calorímetro de baixo custo construído oferece uma boa 15 oportunidade para realizar experimentos como os descritos acima e cumpre sua função didática, porém há a dificuldade em obter resultados precisos. 7- REFERÊNCIAS [1]ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. [2] ASSUMPÇÃO, M. H. M. T. et al . Construção de um calorímetro de baixo custo para a determinação de entalpia de neutralização. Eclet. Quím., São Paulo , v. 35, n. 2, p. 63-69, 2010 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-46702010000200007&lng= en&nrm=iso>. [3] BRAATHEN, Per Christian et al. Entalpia de decomposição do peróxido de hidrogênio: uma experiência simples de calorimetria com material de baixo custo e fácil aquisição. Química Nova na Escola, v. 29, 2008. Disponível em: <http://pessoal.educacional.com.br/up/47040001/1603448/construindoumcalor%C3%ADm etro.PDF>. [4] PARKER, V. B. Thermal Properties of Uni-Univalent Electrolytes, Natl. Stand. Ref. Data Series — Natl. Bur. Stand.(U.S.), No.2, 1965. Disponível em: <https://sites.chem.colostate.edu/diverdi/all_courses/CRC%20reference%20data/enthalpi es%20of%20solution%20of%20electrolytes.pdf>. 8- ANEXO A: QUESTÕES 1) O procedimento utilizado para determinação do calor de dissolução de sais também pode ser usado para o calor de neutralização? Explique. R: Sim. Sabendo-se que um dos produtos de qualquer reação de neutralização é a água e analisando-se a equação química abaixo, é possível perceber que o calor de neutralização de qualquer ácido com uma base será o calor de formação da água a partir dos íons hidrônio e hidroxila. HA(aq) + MOH(aq) → A-(aq) + M+(aq) + H2O(l) Logo, o processo ocorrido na neutralização é similar ao ocorrido na dissolução de sais, o que permite que o calor de neutralização seja obtido assim como o calor de dissolução. Fonte: PILLA, L. Físico-Química I. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A., 1979. 16 2) Porque o sistema deve ser isolado termicamente? Qual a função de calorímetro? R: O sistema deve ser isolado termicamente a fim de garantir que não haja trocas de calor com o ambiente e portanto a variação na temperatura se deva unicamente aos processos ocorrendo dentro do calorímetro. A função de um calorímetro, como descrito por Atkins (2010), é medir a energia interna de um sistema transferida em forma de calor. 3) O que diz a Primeira Lei da Termodinâmica? R: A Primeira Lei da Termodinâmica estabelece que a energia de um sistema isolado é constante, sendo que a variação de energia em um sistema se dá através da transferência de energia como calor ou como trabalho. Fonte: ATKINS, Peter; De Paula, Julio. Físico Química Vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 4) Conceitue reações químicas em que ocorre liberação e reações com absorção de energia. R: Exemplos de reações exotérmicas são as reações de combustão, em que um combustível reage com oxigênio e ocorre a liberação de energia, tal como a reação de combustão do octano: C8H18 (l) + 25/2 O2 (g) → 8 CO2 (g) + 9 H2O (l) ∆H = -5471 kJ/mol Outro exemplo de reação exotérmica é a reação de neutralização entre ácido clorídrico e hidróxido de sódio, além de reações de oxidação. Já entre as reações endotérmicas, pode-se citar a reação entre ácido cítrico e bicarbonato de sódio e também a reação entre carbonato de sódio e ácido acético (descrita abaixo), assim como reações de decomposição térmica. C2H4O2 (aq) + NaHCO3 (aq) → NaC2H3O2 (aq) + H2O (l) + CO2 (g) Fonte: ATKINS, Peter; De Paula, Julio. Físico Química Vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 2012. https://docs.google.com/document/d/1TpMx2api7tGuvaMUse574obCjAw_FNrthUe 6gT43G-c/edit 17
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