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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA CURSO DE DIREITO – 2019/1 DISCIPLINA: DIREITO INTERNACIONAL Prof. PAULO HENRIQUE FARIA NUNES Aluno: ELIÉZER ISAIAS DA SILVA VERIFICAÇÃO DE TRABALHO 1 Faça uma análise comparada entre o tratamento jurídico conferido à “expulsão de estrangeiros” em conformidade com o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/1980) e com a Lei de Migração (Lei 13.445/2017, regulamentada pelo Decreto 9.199/2017) – 1,0 ponto. É importante dizer que o espírito de ambas as leis é distinto, o Estatuto do Estrangeiro (EEstr) aprovado pelos militares trata o imigrante como um estranho, como uma suposta ameaça à segurança nacional. Mas a Lei de Migração (LMig), por sua vez, cuida para que os imigrantes não sejam vitimados pela xenofobia. No Estatuto do Estrangeiro os artigos que tratam do assunto expulsão são os Art. 65-75 e na Lei de Migração os Art. 54-60 e art. 46-48. Quanto ao fato motivador no EEstr é explicado no art. 65 que diz ser passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. E no parágrafo único elenca também mais quatro motivos: a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil; b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro. Já na LMig, o artigo que explica o fato motivador é o art. 54, que informa que a expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. E traz também em seu parágrafo primeiro, duas situações graves que podem dar causa a expulsão com sentença (TJ), são elas: I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou II – crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional. Quanto a competência decisória, na EEstr ela é exclusiva do presidente da república (art. 66) e na LMig é de autoridade competente (§ 2.o do art. 54). Sobre ao processo de expulsão concomitante com processo penal e prisão anterior à expulsão são tratados pela EEstr em seus artigos 67 e 69 respectivamente, podendo a primeira ocorrer a expulsão sem necessariamente que haja processo ou condenação, desde que se ache conveniente aos interesses nacionais e o segundo trata-se de medida de segurança. A LMig não versa sobre estes assuntos. Tratando-se do procedimento, na EEstr ocorre um inquérito de expulsão, podendo ele ser ordinário ou sumário e na LMig informa que estará a ser definido por regulamento que definirá procedimentos para apresentação e processamento de pedidos de suspensão e de revogação dos efeitos das medidas de expulsão. Quanto aos impedimentos, na EEstr informa em seu art. 75 que não se procederá à expulsão nos seguintes casos: I – se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; II – quando o estrangeiro tiver: a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. § 1o. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar. § 2o. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo. Já na LMig regula em seu art. 55 que não se procederá à expulsão quando: I – a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; II – o expulsando: a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão. Sobre os efeitos no tempo, temos que no EEstr é permanente, salvo revogação do ato expulsório e na LMig o prazo é determinado (caput do art. 54). 2 A Lei de Migração prevê três medidas de cooperação internacional: extradição, transferência de pessoas condenadas e transferência de execução de pena: qual delas é considerada um instituto de natureza humanitária? Explique (1,0 ponto). Dentre as três medidas de cooperação internacional, a que é considerada um instituto de natureza humanitária é a transferência de pessoas condenadas e depende da anuência do indivíduo beneficiário e também de disponibilidade do Estado que irá receber, com foco na ressocialização do detento por meio de seu deslocamento para o país de origem ou residência, onde há maior possibilidade de convívio familiar e social. O indivíduo condenado poderá, portanto, escolher ser transferido, se o local onde se encontra o cumprimento de pena é mais humanitário certamente não aceitará, não sendo medida compulsória. A transferência ativa (art. 13) ocorre quando a pessoa condenada pela justiça do Estado estrangeiro solicita ou concorda com a transferência para o Brasil, por possuir nacionalidade brasileira ou residência habitual, ou vínculo pessoal no território brasileiro, para cumprir o restante da pena. O pedido é encaminhado ao departamento de recuperação de Ativos e Cooperação jurídica internacional por intermédio da autoridade central do outro Estado ou por via diplomática (art. 14). É dispensada a homologação da sentença e esse é um ato dotado de bilateralidade, discricionariedade e reciprocidade via tratado ou promessa. A transferência passiva (art. 5) ocorre quando a pessoa condenada pela justiça brasileira solicita ou concorda com a transferência para seu país de nacionalidade ou país em que tenha residência habitual ou vínculo pessoal para cumprir o restante da pena. Pode solicitar a transferência o próprio condenado, cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente, advogado ou defensor público ou qualquer pessoa ou autoridade nacional/estrangeira ciente do interesse do condenado. 3 Faça uma análise comparada entre a extradição e a entrega do Tribunal Penal Internacional com fundamento nos seguintes aspectos: a) requerente; b) concessão (discricionária ou vinculada? Por quê?); c) aplicação da medida a brasileiros natos e naturalizados. (1,0 ponto) O Brasil é signatário do Estatuto de Roma (1998 – Decreto 4.388/2002) que prevê a possibilidade de entrega de indivíduos que tenham cometido crimes contra a humanidade, independentemente de sua nacionalidade. Conforme o parágrafo 4º do art. 5 da Constituição Federal, o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. Comparando a extradição e a entrega ao Tribunal Penal Internacional (TPI) temos que quanto ao requerente, a primeira trata-se de ato entre Estados soberanos e na segunda é um ato entre um Estado soberano e o TPI. Sobre a concessão é ato discricionário na extradição em respeito à soberania do Estado que pode ou não conceder conforme suas concepções internas, mas sobre a entrega ao TPI é ato vinculado, uma vez que o Estado adere, através de tratado ou promessa, e assim passa a se submeter à jurisdição do TPI que manifestou previamente sua vontade. Da aplicação da medida a brasileiros natos e naturalizados, é vedada extradição de nacionais, o art. 5 da CF regula que “Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. Portanto a CF veda a extradição de brasileiros natos. Os naturalizados podem ser extraditados por delitos anteriores à naturalização ou comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. O STF não admite a extradição do brasileiro por tráfico de drogas posterior à naturalização por entender que ainda não há lei ordinária disciplinadora da parte final desse dispositivo constitucional, importante observar que para extradição depende da autorização do STF. Para aplicação da medida de entrega ao TPI, nacionalidade não é impedimento, o Brasil é signatário de diversos tratados que disciplinam a proteção aos direitos humanos, dentre os quais o Estatuto de Roma, responsável pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), cuja jurisdição alcança os países para julgamento de diversos crimes contra a humanidade, por isso, o brasileiro nato pode ser entregue ao Tribunal Penal Internacional para ser julgado, uma vez que o Brasil aderiu ao referido Estatuto, e este não depende de manifestação do STF. 4 Faça uma análise comparada entre a transferência de execução de pena e a transferência de pessoas condenadas (1,0 ponto). A transferência de execução de pena (TEP) visa assegurar o cumprimento da sanção do foragido da justiça de um país (Estado de condenação) em outro (Estado de execução), com propósito de evitar a impunidade. Já a transferência de pessoas condenadas (TPC) é um instituto de caráter humanitário, visando a ressocialização do detento por meio de seu deslocamento para o país de origem ou residência, onde tenha possibilidade de maior convívio familiar e social. Na TEP trata-se de medida compulsória, ou seja, é alheia à vontade do condenado, a autoridade competente pode solicitar ou autorizar a TEP, e cumprindo os requisitos: condenado brasileiro ou pessoa residente ou com vínculo pessoal no Brasil, é necessária a homologação da sentença estrangeira (STJ) e a execução penal é de competência da justiça federal. Agora, na TPC depende da anuência do beneficiário e da disponibilidade do Estado receptor, pode ser solicitado pelo próprio condenado, cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente, advogado ou defensor público ou ainda qualquer pessoa ou autoridade nacional/estrangeira ciente do interesse do condenado, é dispensada homologação de sentença. 5 Explique cada uma das espécies de naturalização previstas na Lei de Migração (Lei 13.445/2017): ordinária, extraordinária, especial e provisória. Quais as inovações relativas às modalidades ordinária e provisória introduzidas pela Lei 13.445/2017 ? (1,0 ponto) - Naturalização ordinária: Será concedida quando o indivíduo tiver capacidade civil, mínimo de quatro (04) anos de residência, sendo originário da CPLP e encaixando em um dos casos do art. 66 da LMig: um (01) ano, comunicar-se em português e possuir ficha criminal limpa. Portanto destina-se a quem tem permanência, mora no Brasil há quatro anos, sabe ler e escrever português e não tenha condenação criminal. - Naturalização extraordinária: Será concedida àquele que tiver mais de 15 anos de residência e ausência de condenação penal. Então, a naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade que tenha fixado residência no território nacional há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, ou já reabilitada na forma da legislação vigente, desde que requeira a nacionalidade brasileira. - Naturalização especial: Será concedida àquele que for cônjuge ou companheiro há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade, ou pessoa a serviço do Brasil no exterior. Também a ex-empregado de representação do brasil no exterior por mais de 10 anos. - Naturalização provisória: Será concedida a migrante criança ou adolescente ou fixação de residência no Brasil antes de completar 10 anos. Assim entende-se que a naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência no território nacional antes de completar dez anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. As inovações relativas à modalidade ordinária é que no art. 65 tem como novidade o requisito de “comunicar-se em língua portuguesa”, antes era exigido saber ler e escrever em língua portuguesa. E ainda sobre a vedação de “denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano” foi flexibilizada e, na atual legislação a exigência é de não possuir condenação ou estar reabilitado. Desta forma, há uma maior coerência com o princípio constitucional “presunção de inocência” em que dispõe que “ninguém será considerado culpado até o transito em julgado de sentença penal condenatória”. Anteriormente o sujeito tinha seu direito de ir e vir limitado em decorrência da simples denúncia. O inciso III propunha traz o acréscimo do termo “companheiro”. Reflexo da mudança ocorrida no código civil brasileiro, o termo companheiro representa a oficialização da união homo afetiva. Apesar de nítida a alteração ter ocorrido em decorrência da luta LGBT, questiona-se se seria mais adequando usar um termo que deixe nítido que a união é homo afetiva. Acredito que fazer uma distinção ressaltaria e/ou incentivaria a discriminação quando aos homossexuais. A intenção é acolher a necessidade da população de forma que a segregação seja gradualmente ausente. O inciso IV do projeto de lei foi vetado. Ele propunha que o prazo de residência fixado fosse reduzido para aqueles que prestaram serviço para países membros do MERCOSUL. Provavelmente, o intuito era fortalecer além das relações sociais, as relações políticas e econômicas. Também no inciso IV, levantam-se alguns questionamentos relativos ao termo separado judicialmente, se não seria melhor usar a palavra divórcio ou outro termo de forma que seja mais eficaz a compreensão do texto. Vejamos, no instituto direito internacional privado temos a teoria da "qualificação" que é usada como uma forma de interpretação de termos jurídicos de um país para o outro. Com essa ferramenta adequa-se o caso concreto a especialidade do direito a qual é pertinente. A necessidade advém porquê da diferença de nomenclatura de ferramentas jurídicas de um país para outro. O art. 70 dispõe sobre naturalização provisória. Na legislação anterior, a abordagem era mais clara e dispunha todos os elementos que deveriam estar presentes da seguinte forma: “os primeiros 5 (cinco) anos de vida, estabelecido definitivamente no território nacional, poderá, enquanto menor, requerer ao Ministro da Justiça, por intermédio de seu representante legal”. Acrescendo que não é gerado certificado provisório de acordo com a legislação atual e não é exposta a existência de outra ferramenta que vá valer como prova de nacionalidade brasileira. E o período de fixação de residência mudou de 5 (cinco) para 10 (dez) anos. Questões ENADE: O Acordo sobre Documentos de Viagem e de Retorno dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, adotado aos 21 de dezembro de 2015, foi publicado edição 72 do Diário Oficial da União – DOU (Seção 1, p. 49, 16 abr. 2018). Esse ato – firmado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Equador – não foi promulgado pelo Presidente da República; a Secretaria-Geral das Relações Exteriores do MRE se encarregou de sua publicação. Tendo em vista o texto acima, responda (justificativa obrigatória): 1 Marque a alternativa correta: A) o acordo foi aprovado pelo Congresso Nacional. Caso contrário, não teria sido publicado no DOU. B) pela leitura do texto, conclui-se que o acordo foi negociado por “troca de notas”. C) o acordo foi publicado no DOU. No entanto, a sua validade para o Brasil depende da ratificação e da promulgação mediante decreto presidencial. D) Trata-se de um acordo em forma simplificada, um instrumento que dispensa aprovação do Congresso Nacional. Justificativa: O texto do acordo sobre Documentos de Viagem e de Retorno dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, foi um “acordo executivo” que dispensa a aprovação do Congresso Nacional e a promulgação mediante decreto do Presidente de República, foi publicado na ed. 72 do DOU. Portanto é um acordo em forma simplificada, que dispensa aprovação do Congresso Nacional. 2 Dentre os signatários, figuram: A) Todos os Estados partes e todos os Estados associados do Mercosul. B) 4 Estados partes e 2 Estados associados do Mercosul. C) 5 Estados partes e 2 Estados associados do Mercosul. D) 6 Estados partes e 1 Estado associado do Mercosul.
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