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Nota de Aula no 07 1a parte

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Régis Gonçalves Pinheiro 
Penal III – Parte Especial 
 
Nota de Aula nº 07 – 1ª PARTE 
 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Obs.1: A acepção de Administração Pública empregada no CP é a lata, ampla (função 
pública), envolvendo o Poder Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público, 
administração pública direta e indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e 
sociedades de economia mista). 
Obs.2: Reparação de danos ao erário como condição para progressão de regime, art. 33, § 
4º, do CP: § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão 
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à 
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
A referida restrição estende-se a todos os delitos contidos no Título XI da Parte Especial, 
desde que a conduta tenha produzido danos ao Poder Público. Exceção: desacato (art. 
331), pois não produz prejuízo ao erário, bem como peculato culposo (312, § 3º), no qual a 
reparação do dano implica em efeito distinto, se anterior e sentença irrecorrível (extinção 
da punibilidade), se posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
Obs.1: Crimes funcionais (art. 312 usque 326, CP). 
 
Obs.2: Os crimes funcionais são aqueles em que a condição de funcionário público figura 
como elementar ou circunstância especial do tipo. 
 
Obs.3: Os crimes funcionais se classificam em próprios ou típicos e impróprios. 
 
CRIMES FUNCIONAIS 
Crimes Funcionais Próprios ou Típicos Crimes Funcionais Impróprios 
São os tipicamente funcionais, aqueles que só 
podem ser praticados por funcionário público. 
São os que, retirada a qualidade especial do sujeito 
ativo, a figura típica se transforma (atipicidade 
relativa). 
Quando ausente essa condição (funcionário 
público) desaparece o delito (atipicidade total ou 
absoluta). 
Há um fato típico correspondente que pune os não 
funcionários públicos, quando realizam ações ou 
omissões semelhantes. 
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ 
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA 
Centro de Ciências Jurídicas – CCJ 
Curso de Direito 
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Ex.: a prevaricação ocorre quando funcionário 
retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou o 
pratica contra disposição expressa em lei, para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal (319); 
contudo, se particular realiza conduta semelhante 
no desempenho de sua profissão ou atividade não 
comete delito algum. 
Ex.: o peculato-furto, de sua parte é crime 
funcional impróprio, pois a conduta descrita no art. 
312, § 1º, quando cometida exclusivamente por 
particular, configura furto, art. 155. 
 
Obs.4: Existem delitos funcionais fora do Capítulo I do Título XI, dentre os quais 
destacamos: 
- art. 150, § 2º (violação de domicílio por funcionário público); 
- art. 289, § 3º (moeda falsa por servidor público); 
- art. 295 (petrechos para falsificação de moeda); 
- art. 296, § 2º (falsificação de selo ou sinal público); 
- art. 297, § 1º (falsidade material); 
- art. 299, parágrafo único (falsidade ideológica); 
- art. 311, § 2º (adulteração de sinal identificador de veículo automotor); 
 
Obs.5: Diferença entre “crimes de responsabilidade” e “crimes funcionais”: Crimes de 
responsabilidade referem-se a sanções político-administrativas, pois não acarretam a 
imposição de pena criminal, mas perda do cargo ou mandato e suspensão de direito 
políticos. Estão definidas na CF, arts. 85 e 86. 
 
Obs.6: todos os crimes previstos no Capítulo I são próprios, pois exigem do sujeito ativo a 
condição de funcionário público; 
 
Obs.7: apesar de todos os crimes previstos no Capítulo I serem próprios, particulares 
poderão ser enquadrados nesses delitos nos casos de coautoria ou participação. 
 
Obs.8: por força do art. 30 do CP, a elementar “funcionário público” se comunica aos 
particulares, referente aos crimes previstos no Capítulo I (art. 312 a 326), desde que o 
particular tenha efetiva ciência de que coopera com um funcionário público; 
 
Obs.9: com relação a observação anterior, se o particular não tinha ciência de que estava 
cooperando com um funcionário público, a elementar não se comunica ao funcionário 
público; podendo o particular responder por eventual crime correspondente; 
 
Obs.10: CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO (Art. 327,CP). 
- esse conceito se estende a toda legislação penal, salvo os crimes relacionados com 
licitações públicas, para os quais incide o art. 84, caput, da Lei nº 8.666/93; 
- o conceito de funcionário público, por equiparação, somente se aplica na 
conceituação dele como sujeito ativo; o sujeito passivo funcionário público é 
somente o caput do art. 327. 
 
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Art. 327 - Considera-se funcionário público, para 
os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
 
 
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SUJEITO 
PASSIVO 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem 
exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa 
prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte 
quando os autores dos crimes previstos neste 
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão 
ou de função de direção ou assessoramento de 
órgão da administração direta, sociedade de 
economia mista, empresa pública ou fundação 
instituída pelo poder público. 
 
 
Obs.11: CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO para fins penais. 
Está previsto no art. 337-D, do CP: 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO 
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou 
em representações diplomáticas de país estrangeiro. 
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função 
em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em 
organizações públicas internacionais. 
- o funcionário público estrangeiro não é sujeito ativo do crime, mas a pessoa que o 
agente pretende subornar (337-B), ou aduz exercer influência (337-C). 
 
Obs.12: os jurados são considerados funcionários públicos para fins penais; 
 
Obs.13: CAUSA DE AUMENTO DE PENA prevista no art. 327, § 2º, do CP: 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha 
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo 
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder 
público. 
 
Obs.14: EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. 
- A perda do cargo ou função pública é efeito permanente, o agente não só perde o cargo 
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ou função pública, como também se torna incapacitado para o exercício
de outro cargo ou 
função pública; 
- Somente através da reabilitação criminal (arts. 93 a 95, CP), o agente poderá readquirir a 
sua capacidade de ocupar novo cargo ou função; 
- O agente, mesmo reabilitado, não poderá voltar ao cargo ou função perdida. 
 
 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
PECULATO 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em 
proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do 
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio 
ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
PECULATO CULPOSO 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
O art. 312, do CP, prevê quatro espécies de peculato, três dolosos e um culposo: 
 
 
Art. 312, CP 
 
Doloso 
Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Peculato desvio (caput, parte final) 
Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio 
Culposo Peculato culposo (§ 2º) 
 
Art. 313, CP Peculato mediante erro de outrem Peculato Estelionato 
Art. 313-A, CP Inserção de dados falsos em sistemas de informações Peculato Eletrônico 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração pública. 
Objeto material: é o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular. 
Obs.1: quando o objeto material do peculato é particular, a doutrina conceitua como 
peculato malversação; 
Obs.2: a prestação de serviço não se subsume ao conceito de bem móvel. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
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Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
 
Obs.1: A condição de funcionário público é elementar do crime èse comunica a todos que 
tenham concorrido para crime (desde que ciente da condição de funcionário público do 
agente). 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo 
quando elementares do crime. 
 
Obs.2: Usurpação de função pública, ausência de posse e nomeação ilegal. 
Se o agente não é funcionário público, mas 
um usurpador 
Não responde por peculato, mas por furto (art. 155, CP) 
ou estelionato (art. 171, CP), em concurso material com 
usurpação de função pública (art. 328, CP) 
Se o agente foi nomeado, mas não tomou 
posse ou não prestou compromisso, ou seja, 
não foi investido em suas funções 
Trata-se de funcionário de fato, restando caracterizado 
estelionato, art. 171, CP 
O agente nomeado e investido em suas 
funções, contudo de forma ilegal ou irregular 
Enquanto a nomeação não for anulada, o agente será 
considerado funcionário público para fins penais 
 
Obs.3: Peculato cometido por prefeito 
 
Doloso 
Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Decreto-lei 201/1967 
Art. 1º, inc. I Peculato desvio (caput, parte final) 
Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio Código Penal 
Culposo Peculato culposo (§ 2º) 
 
Obs.4: Administrador Judicial, tutor, liquidatário, inventariante, testamenteiro, e 
depositário judicial èexercem “múnus público”, que não se confunde com função pública; 
Se as pessoas acima se apropriam de coisa alheia 
móvel de que têm a posse ou detenção 
Responderão por apropriação indébita aumentada 
de uma terço, art. 168, § 1º, II, CP. 
Se as pessoas acima desviarem ou subtraírem, em 
proveito próprio ou alheio, bem móvel, valendo-se 
do encargo desempenhado 
Responderão pode furto, possivelmente qualificado 
pelo abuso de confiança, art. 155, § 4º, II, CP. 
 
Sujeito Passivo: o Estado 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
 
 
Doloso 
Peculato apropriação 
(caput, 1ª parte) 
 
Peculato Próprio 
O núcleo do tipo é apropriar-se, posicionar-se em 
relação a coisa como se fosse seu proprietário 
Peculato desvio 
(caput, parte final) 
O núcleo do tipo é desviar, o agente confere a coisa 
destinação diversa da inicialmente prevista. 
Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio SUBTRAIR - inverter o título da posse, retirar 
algo de quem tinha a sua posse; 
CONCORRER PARA A SUBTRAÇÃO – o 
funcionário público não subtrai diretamente o valor, 
o dinheiro ou qualquer outro bem móvel, sua 
atuação restringe-se à concorrência dolosa para a 
subtração efetuada por terceira pessoa. 
Obs.: na modalidade “concorrer para a subtração” – 
exige-se concurso necessário de pessoas 
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Culposo Peculato culposo (§ 
2º) 
O peculato culposo é o concurso não intencional pelo funcionário 
público, realizado por ação ou omissão, mediante imprudência, 
negligência ou desídia, para a apropriação, desvio ou subtração de 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente ao Estado sob 
sua guarda, por uma terceira pessoa, que pode ser funcionário público ou 
particular 
 
REQUISITOS DO PECULATO CULPOSO 
Conduta culposa do 
funcionário público 
+ Prática de um crime doloso por terceira pessoa, que se aproveita da 
facilidade culposamente proporcionada pelo funcionário público 
 
Obs.1: Peculato x Princípio da Insignificância. 
STJ: majoritariamente, não admite; STF: admite (HC 107.370/SP, HC 104.286/SP) 
 
Obs.2: é pressuposto do crime, que o dinheiro, o valor ou qualquer outro bem, esteja na 
posse da administração pública. Ex.: se o um policial militar, durante uma abordagem 
de trânsito, subtrai pela janela de um veículo o notebook, responde por furto (155) e não 
por peculato. 
 
Obs.3: Peculato e falsidade documental. Funcionário público que falsifica um 
documento, público ou particular, para obter indevidamente dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel pertencente à administração pública: 
1ª corrente, Doutrina: dois crimes em concurso material; 
2ª corrente, STF: “há concurso formal quando a falsidade é meio para a prática de outro 
crime, como o peculato” (RE 106.978/RS). 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
 
Art. 312, CP 
 
Doloso 
Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Peculato desvio (caput, parte final) 
Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio 
Culposo Peculato culposo (§ 2º) 
 
Obs.1: Para o STJ, no caso do peculato apropriação, é necessário o elemento subjetivo 
específico: intenção definitiva de não restituir o objeto ao seu titular; 
Para exames do MP, o dolo é genérico. 
 
Obs.2: não há peculato desvio, se o agente altera o destino da coisa, em proveito da 
própria Administração Pública. Poderá ocorrer crime de emprego irregular de verbas ou 
rendas públicas (315, CP). 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se no instante em que o sujeito passa a se comportar como proprietário da coisa 
móvel. 
Obs.: crime MATERIAL ou CAUSAL; 
 
A tentativa é possível. 
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06) Extinção da Punibilidade do Peculato culposo (§ 3º) 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
07)Ação Penal 
Pública incondicionada. 
 
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PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, 
recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Obs.: é conhecido como peculato estelionato. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: dinheiro ou qualquer outra utilidade. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica
O núcleo do tipo é apropriar-se, posicionar-se em relação a coisa como se fosse seu 
proprietário 
 
Obs.: a principal diferença entre o artigo em análise do peculato apropriação, 
decorre que o peculato estelionato decorre de um erro de outrem. 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo superveniente – pois surge após o bem encontrar-se na posse do funcionário público. 
Obs.: não se admite a modalidade culposa. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se no instante da apropriação pelo funcionário público. 
Obs.: crime MATERIAL ou CAUSAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Ação Penal 
Pública incondicionada. 
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INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar 
ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados 
da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem 
ou para causar dano: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Obs.: a doutrina conceitua como peculato eletrônico. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: dados falsos ou corretos, integrantes dos sistemas informatizados ou 
banco de dados da administração pública. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público AUTORIZADO; 
Obs.: Não basta ser funcionário público, é necessário ser também autorizado a ter acesso a 
uma área restrita, vedada a outros funcionários públicos e ao público em geral, mediante a 
utilização de senha ou outro recurso de proteção análogo. 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) inserir, ii) facilitar a inserção, iii) 
alterar, e iv) excluir. 
 
Obs.1: nas modalidades “alterar” e “excluir”, há a necessidade de um elemento normativo, 
pois a alteração ou exclusão deve ser realizada INDEVIDAMENTE. 
 
Obs.2: Peculato eletrônico e crime eleitoral: art. 72, Lei 9.504/97 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo – acrescido de um fim especial de agir (elemento subjetivo específico): com o fim de 
obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. 
Obs.: não se admite a modalidade culposa. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se no instante em que o sujeito ativo realiza a conduta legalmente prevista, isto 
é, com o ato de inserir ou facilitar a inserção de dados falsos por terceira pessoa, ou alterar 
ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco dedados da 
administração pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou 
causar dano. 
Obs.: crime FORMAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Ação Penal 
Pública incondicionada. 
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Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de 
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou 
alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
Obs.: também é conhecido como peculato eletrônico. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: sistema de informações ou programa de informática. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) modificar, e ii) alterar. 
Obs.: para a configuração do crime em estudo, a modificação, tem que ser efetuada, sem 
autorização ou solicitação de autoridade competente. 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 
Obs.: não se admite a modalidade culposa. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se com a efetiva modificação ou alteração do sistema de informações ou 
programa de informática pelo funcionário público. 
Obs.: crime FORMAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Causas de aumento de pena: Parágrafo único: As penas são aumentadas de um 
terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração 
Pública ou para o administrado. 
 
07) Ação Penal. Pública incondicionada. 
 
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EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do 
cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: livro oficial e documentos. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Obs.: tem que ser funcionário público que tem a guarda/posse do livro ou documento. 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) extraviar, ii) sonegar, e iii) inutilizar. 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 
Obs.: não se admite a modalidade culposa. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se no instante em que o agente extravia o livro oficial ou documento, de que tem 
a posse em razão do cargo, ou quando sonega ou inutiliza, total ou parcialmente, 
independentemente de causação de prejuízo à administração pública. 
Obs.: crime FORMAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Subsidiariedade expressa. 
 
07) Ação Penal. Pública incondicionada. 
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EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Obs.: a principal diferença do crime em estudo para o peculato na modalidade desvio, é 
que no art. 315, o desvio em prol da própria administração pública. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: verbas e rendas públicas. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Obs.: tem que ser funcionário público com poder de gestão. 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
Empregar ou utilizar verbas ou rendas públicas em finalidade diversa da estabelecida em 
lei. 
Obs.: Lei deve ser entendida em sentido estrito. 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 
Obs.1: não se admite a modalidade culposa. 
Obs.2: não há crime por ausência de ilicitude, quando presente e estado de 
necessidade (arts. 23, I e 24, do CP). 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se com a efetiva aplicação das verbas ou rendas públicas em finalidade diversa 
da legalmente prevista, sendo irrelevante a causação de prejuízo a administração pública, 
em razão da violação ao princípio da legalidade. 
Obs.: crime MATERIAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Ação Penal. Pública incondicionada. 
 
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CONCUSSÃO 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função 
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
EXCESSO DE EXAÇÃO 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber 
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei 
não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
Conceito: é o crime em que o funcionário público, valendo-se do respeito ou mesmo 
receio que sua função infunde impõe a vítima
a concessão de vantagem a que não tem 
direito. 
 
Espécies: 
i) típica – caput; 
ii) própria – § 1º, 1ª parte – excesso de exação 
iii) imprópria – § 1º, parte final – excesso de exação 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: vantagem indevida. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica 
Exigir, no sentido de ordenar ou impor, intimidação. 
Obs.1: não há emprego de violência; 
Obs.2: a exigência pode ser direta (próprio funcionário público) ou indireta (interposta 
pessoa); 
Obs.3: a vítima que cede as exigências do funcionário público, e entrega-lhe a vantagem 
indevida, não poderá ser responsabilizada pelo crime de corrupção ativa (333, CP). Há 
uma incompatibilidade entre o crime de concussão e corrupção ativa. 
Obs.4: na concussão o funcionário público exige vantagem indevida intimidando a vítima, 
por sua vez, na corrupção passiva o funcionário público solicita ou recebe vantagem 
indevida, ou aceita promessa de sua entrega (vantagem indevida). 
Obs.5: Concussão ≠ Extorsão 
Concussão – art. 316 ≠ Extorsão – art. 158 
Crime contra a administração pública Crime contra o patrimônio 
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Meio de execução: intimidação 
amparada nos poderes inerentes ao 
cargo ocupado ou a ser ocupado pelo 
funcionário público 
 Meio de execução: violência à pessoa ou 
grave ameaça embasada em mal estranho ao 
cargo ocupado ou a ser ocupado pelo 
funcionário público 
 
Obs.6: Concussão e crime contra a ordem tributária: art. 3º, II, Lei 8.137/90; 
Obs.7: Jurados podem cometer concussão; 
Obs.8: Concussão e crime penal militar: art. 305, do CPM; 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico “para si ou para outrem”. 
Obs.1: não se admite a modalidade culposa. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se com a exigência de funcionário público, que deve chegar ao conhecimento da 
vítima. 
Obs.1: crime FORMAL; 
Obs.2: o eventual recebimento da vantagem indevida é mero exaurimento; 
Obs.3: somente é possível a prisão em flagrante delito, no momento da exigência, ou logo 
após; 
Obs.4: é ilegal a prisão em flagrante efetuada por ocasião do recebimento da vantagem 
indevida, muito tempo depois da exigência indevida. 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Ação Penal. Pública incondicionada. 
 
EXCESSO DE EXAÇÃO 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber 
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei 
não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Obs.: Crime autônomo e independente do caput. 
 
01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 
Objeto material: é o tributo ou a contribuição social. 
 
02) Sujeitos do Crime: 
Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; 
Obs.: qualquer funcionário público, e não apenas os agentes fazendários. 
Sujeito Passivo: o Estado. 
 
03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “exigir” e “empregar” (crime de ação 
 15 
multipla) 
Exigir – o funcionário público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deva saber 
indevido, sem amparo legal para cobrança, seja por o seu valor já fora pago pela vítima, 
seja porque a quantia cobrada é superior a fixada em lei. 
Obs.: o excesso tem que ir para a administração pública, se for para o funcionário 
público, teremos concussão. 
 
Empregar: 
- Meio vexatório: desonra, humilha a vítima; 
- Meio gravoso: acarreta maiores despesas ao contribuinte. 
Obs.: para configuração, é necessário o elemento normativo do tipo: “que a lei não 
autoriza” 
 
04) Tipo Subjetivo: Adequação típica 
Dolo direto e eventual– independentemente de qualquer finalidade específica. 
Obs.1: não se admite a modalidade culposa, salvo Mirabete. 
 
05) Consumação e Tentativa 
Consuma-se com a exigência indevida ou com o emprego de meio vexatório ou gravoso 
do tributo ou contribuição social, independentemente de seu efetivo pagamento. 
Obs.: crime FORMAL; 
 
A tentativa é possível. 
 
06) Figura qualificada § 2º. 
 
07) Ação Penal. Pública incondicionada.

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