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1 Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 07 – 1ª PARTE TÍTULO XI DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Obs.1: A acepção de Administração Pública empregada no CP é a lata, ampla (função pública), envolvendo o Poder Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público, administração pública direta e indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista). Obs.2: Reparação de danos ao erário como condição para progressão de regime, art. 33, § 4º, do CP: § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. A referida restrição estende-se a todos os delitos contidos no Título XI da Parte Especial, desde que a conduta tenha produzido danos ao Poder Público. Exceção: desacato (art. 331), pois não produz prejuízo ao erário, bem como peculato culposo (312, § 3º), no qual a reparação do dano implica em efeito distinto, se anterior e sentença irrecorrível (extinção da punibilidade), se posterior, reduz de metade a pena imposta. CAPÍTULO I DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Obs.1: Crimes funcionais (art. 312 usque 326, CP). Obs.2: Os crimes funcionais são aqueles em que a condição de funcionário público figura como elementar ou circunstância especial do tipo. Obs.3: Os crimes funcionais se classificam em próprios ou típicos e impróprios. CRIMES FUNCIONAIS Crimes Funcionais Próprios ou Típicos Crimes Funcionais Impróprios São os tipicamente funcionais, aqueles que só podem ser praticados por funcionário público. São os que, retirada a qualidade especial do sujeito ativo, a figura típica se transforma (atipicidade relativa). Quando ausente essa condição (funcionário público) desaparece o delito (atipicidade total ou absoluta). Há um fato típico correspondente que pune os não funcionários públicos, quando realizam ações ou omissões semelhantes. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito 2 Ex.: a prevaricação ocorre quando funcionário retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (319); contudo, se particular realiza conduta semelhante no desempenho de sua profissão ou atividade não comete delito algum. Ex.: o peculato-furto, de sua parte é crime funcional impróprio, pois a conduta descrita no art. 312, § 1º, quando cometida exclusivamente por particular, configura furto, art. 155. Obs.4: Existem delitos funcionais fora do Capítulo I do Título XI, dentre os quais destacamos: - art. 150, § 2º (violação de domicílio por funcionário público); - art. 289, § 3º (moeda falsa por servidor público); - art. 295 (petrechos para falsificação de moeda); - art. 296, § 2º (falsificação de selo ou sinal público); - art. 297, § 1º (falsidade material); - art. 299, parágrafo único (falsidade ideológica); - art. 311, § 2º (adulteração de sinal identificador de veículo automotor); Obs.5: Diferença entre “crimes de responsabilidade” e “crimes funcionais”: Crimes de responsabilidade referem-se a sanções político-administrativas, pois não acarretam a imposição de pena criminal, mas perda do cargo ou mandato e suspensão de direito políticos. Estão definidas na CF, arts. 85 e 86. Obs.6: todos os crimes previstos no Capítulo I são próprios, pois exigem do sujeito ativo a condição de funcionário público; Obs.7: apesar de todos os crimes previstos no Capítulo I serem próprios, particulares poderão ser enquadrados nesses delitos nos casos de coautoria ou participação. Obs.8: por força do art. 30 do CP, a elementar “funcionário público” se comunica aos particulares, referente aos crimes previstos no Capítulo I (art. 312 a 326), desde que o particular tenha efetiva ciência de que coopera com um funcionário público; Obs.9: com relação a observação anterior, se o particular não tinha ciência de que estava cooperando com um funcionário público, a elementar não se comunica ao funcionário público; podendo o particular responder por eventual crime correspondente; Obs.10: CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO (Art. 327,CP). - esse conceito se estende a toda legislação penal, salvo os crimes relacionados com licitações públicas, para os quais incide o art. 84, caput, da Lei nº 8.666/93; - o conceito de funcionário público, por equiparação, somente se aplica na conceituação dele como sujeito ativo; o sujeito passivo funcionário público é somente o caput do art. 327. 3 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. S U J E I T O A T I V O SUJEITO PASSIVO § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Obs.11: CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO para fins penais. Está previsto no art. 337-D, do CP: FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. - o funcionário público estrangeiro não é sujeito ativo do crime, mas a pessoa que o agente pretende subornar (337-B), ou aduz exercer influência (337-C). Obs.12: os jurados são considerados funcionários públicos para fins penais; Obs.13: CAUSA DE AUMENTO DE PENA prevista no art. 327, § 2º, do CP: FUNCIONÁRIO PÚBLICO Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Obs.14: EFEITOS DA CONDENAÇÃO Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. - A perda do cargo ou função pública é efeito permanente, o agente não só perde o cargo 4 ou função pública, como também se torna incapacitado para o exercício de outro cargo ou função pública; - Somente através da reabilitação criminal (arts. 93 a 95, CP), o agente poderá readquirir a sua capacidade de ocupar novo cargo ou função; - O agente, mesmo reabilitado, não poderá voltar ao cargo ou função perdida. CAPÍTULO I DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL PECULATO Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. PECULATO CULPOSO § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. O art. 312, do CP, prevê quatro espécies de peculato, três dolosos e um culposo: Art. 312, CP Doloso Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Peculato desvio (caput, parte final) Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio Culposo Peculato culposo (§ 2º) Art. 313, CP Peculato mediante erro de outrem Peculato Estelionato Art. 313-A, CP Inserção de dados falsos em sistemas de informações Peculato Eletrônico 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração pública. Objeto material: é o dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular. Obs.1: quando o objeto material do peculato é particular, a doutrina conceitua como peculato malversação; Obs.2: a prestação de serviço não se subsume ao conceito de bem móvel. 02) Sujeitos do Crime: 5 Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.1: A condição de funcionário público é elementar do crime èse comunica a todos que tenham concorrido para crime (desde que ciente da condição de funcionário público do agente). Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Obs.2: Usurpação de função pública, ausência de posse e nomeação ilegal. Se o agente não é funcionário público, mas um usurpador Não responde por peculato, mas por furto (art. 155, CP) ou estelionato (art. 171, CP), em concurso material com usurpação de função pública (art. 328, CP) Se o agente foi nomeado, mas não tomou posse ou não prestou compromisso, ou seja, não foi investido em suas funções Trata-se de funcionário de fato, restando caracterizado estelionato, art. 171, CP O agente nomeado e investido em suas funções, contudo de forma ilegal ou irregular Enquanto a nomeação não for anulada, o agente será considerado funcionário público para fins penais Obs.3: Peculato cometido por prefeito Doloso Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Decreto-lei 201/1967 Art. 1º, inc. I Peculato desvio (caput, parte final) Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio Código Penal Culposo Peculato culposo (§ 2º) Obs.4: Administrador Judicial, tutor, liquidatário, inventariante, testamenteiro, e depositário judicial èexercem “múnus público”, que não se confunde com função pública; Se as pessoas acima se apropriam de coisa alheia móvel de que têm a posse ou detenção Responderão por apropriação indébita aumentada de uma terço, art. 168, § 1º, II, CP. Se as pessoas acima desviarem ou subtraírem, em proveito próprio ou alheio, bem móvel, valendo-se do encargo desempenhado Responderão pode furto, possivelmente qualificado pelo abuso de confiança, art. 155, § 4º, II, CP. Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Doloso Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio O núcleo do tipo é apropriar-se, posicionar-se em relação a coisa como se fosse seu proprietário Peculato desvio (caput, parte final) O núcleo do tipo é desviar, o agente confere a coisa destinação diversa da inicialmente prevista. Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio SUBTRAIR - inverter o título da posse, retirar algo de quem tinha a sua posse; CONCORRER PARA A SUBTRAÇÃO – o funcionário público não subtrai diretamente o valor, o dinheiro ou qualquer outro bem móvel, sua atuação restringe-se à concorrência dolosa para a subtração efetuada por terceira pessoa. Obs.: na modalidade “concorrer para a subtração” – exige-se concurso necessário de pessoas 6 Culposo Peculato culposo (§ 2º) O peculato culposo é o concurso não intencional pelo funcionário público, realizado por ação ou omissão, mediante imprudência, negligência ou desídia, para a apropriação, desvio ou subtração de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente ao Estado sob sua guarda, por uma terceira pessoa, que pode ser funcionário público ou particular REQUISITOS DO PECULATO CULPOSO Conduta culposa do funcionário público + Prática de um crime doloso por terceira pessoa, que se aproveita da facilidade culposamente proporcionada pelo funcionário público Obs.1: Peculato x Princípio da Insignificância. STJ: majoritariamente, não admite; STF: admite (HC 107.370/SP, HC 104.286/SP) Obs.2: é pressuposto do crime, que o dinheiro, o valor ou qualquer outro bem, esteja na posse da administração pública. Ex.: se o um policial militar, durante uma abordagem de trânsito, subtrai pela janela de um veículo o notebook, responde por furto (155) e não por peculato. Obs.3: Peculato e falsidade documental. Funcionário público que falsifica um documento, público ou particular, para obter indevidamente dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel pertencente à administração pública: 1ª corrente, Doutrina: dois crimes em concurso material; 2ª corrente, STF: “há concurso formal quando a falsidade é meio para a prática de outro crime, como o peculato” (RE 106.978/RS). 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Art. 312, CP Doloso Peculato apropriação (caput, 1ª parte) Peculato Próprio Peculato desvio (caput, parte final) Peculato furto (§ 1º) Peculato Impróprio Culposo Peculato culposo (§ 2º) Obs.1: Para o STJ, no caso do peculato apropriação, é necessário o elemento subjetivo específico: intenção definitiva de não restituir o objeto ao seu titular; Para exames do MP, o dolo é genérico. Obs.2: não há peculato desvio, se o agente altera o destino da coisa, em proveito da própria Administração Pública. Poderá ocorrer crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (315, CP). 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no instante em que o sujeito passa a se comportar como proprietário da coisa móvel. Obs.: crime MATERIAL ou CAUSAL; A tentativa é possível. 7 06) Extinção da Punibilidade do Peculato culposo (§ 3º) § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 07)Ação Penal Pública incondicionada. 8 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Obs.: é conhecido como peculato estelionato. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: dinheiro ou qualquer outra utilidade. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O núcleo do tipo é apropriar-se, posicionar-se em relação a coisa como se fosse seu proprietário Obs.: a principal diferença entre o artigo em análise do peculato apropriação, decorre que o peculato estelionato decorre de um erro de outrem. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo superveniente – pois surge após o bem encontrar-se na posse do funcionário público. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no instante da apropriação pelo funcionário público. Obs.: crime MATERIAL ou CAUSAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal Pública incondicionada. 9 INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Obs.: a doutrina conceitua como peculato eletrônico. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: dados falsos ou corretos, integrantes dos sistemas informatizados ou banco de dados da administração pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público AUTORIZADO; Obs.: Não basta ser funcionário público, é necessário ser também autorizado a ter acesso a uma área restrita, vedada a outros funcionários públicos e ao público em geral, mediante a utilização de senha ou outro recurso de proteção análogo. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) inserir, ii) facilitar a inserção, iii) alterar, e iv) excluir. Obs.1: nas modalidades “alterar” e “excluir”, há a necessidade de um elemento normativo, pois a alteração ou exclusão deve ser realizada INDEVIDAMENTE. Obs.2: Peculato eletrônico e crime eleitoral: art. 72, Lei 9.504/97 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido de um fim especial de agir (elemento subjetivo específico): com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no instante em que o sujeito ativo realiza a conduta legalmente prevista, isto é, com o ato de inserir ou facilitar a inserção de dados falsos por terceira pessoa, ou alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco dedados da administração pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou causar dano. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal Pública incondicionada. 10 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Obs.: também é conhecido como peculato eletrônico. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: sistema de informações ou programa de informática. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) modificar, e ii) alterar. Obs.: para a configuração do crime em estudo, a modificação, tem que ser efetuada, sem autorização ou solicitação de autoridade competente. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a efetiva modificação ou alteração do sistema de informações ou programa de informática pelo funcionário público. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Causas de aumento de pena: Parágrafo único: As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 07) Ação Penal. Pública incondicionada. 11 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: livro oficial e documentos. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: tem que ser funcionário público que tem a guarda/posse do livro ou documento. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: i) extraviar, ii) sonegar, e iii) inutilizar. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no instante em que o agente extravia o livro oficial ou documento, de que tem a posse em razão do cargo, ou quando sonega ou inutiliza, total ou parcialmente, independentemente de causação de prejuízo à administração pública. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Subsidiariedade expressa. 07) Ação Penal. Pública incondicionada. 12 EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Obs.: a principal diferença do crime em estudo para o peculato na modalidade desvio, é que no art. 315, o desvio em prol da própria administração pública. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: verbas e rendas públicas. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: tem que ser funcionário público com poder de gestão. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Empregar ou utilizar verbas ou rendas públicas em finalidade diversa da estabelecida em lei. Obs.: Lei deve ser entendida em sentido estrito. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.1: não se admite a modalidade culposa. Obs.2: não há crime por ausência de ilicitude, quando presente e estado de necessidade (arts. 23, I e 24, do CP). 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a efetiva aplicação das verbas ou rendas públicas em finalidade diversa da legalmente prevista, sendo irrelevante a causação de prejuízo a administração pública, em razão da violação ao princípio da legalidade. Obs.: crime MATERIAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. 13 CONCUSSÃO Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. EXCESSO DE EXAÇÃO § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Conceito: é o crime em que o funcionário público, valendo-se do respeito ou mesmo receio que sua função infunde impõe a vítima a concessão de vantagem a que não tem direito. Espécies: i) típica – caput; ii) própria – § 1º, 1ª parte – excesso de exação iii) imprópria – § 1º, parte final – excesso de exação 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: vantagem indevida. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Exigir, no sentido de ordenar ou impor, intimidação. Obs.1: não há emprego de violência; Obs.2: a exigência pode ser direta (próprio funcionário público) ou indireta (interposta pessoa); Obs.3: a vítima que cede as exigências do funcionário público, e entrega-lhe a vantagem indevida, não poderá ser responsabilizada pelo crime de corrupção ativa (333, CP). Há uma incompatibilidade entre o crime de concussão e corrupção ativa. Obs.4: na concussão o funcionário público exige vantagem indevida intimidando a vítima, por sua vez, na corrupção passiva o funcionário público solicita ou recebe vantagem indevida, ou aceita promessa de sua entrega (vantagem indevida). Obs.5: Concussão ≠ Extorsão Concussão – art. 316 ≠ Extorsão – art. 158 Crime contra a administração pública Crime contra o patrimônio 14 Meio de execução: intimidação amparada nos poderes inerentes ao cargo ocupado ou a ser ocupado pelo funcionário público Meio de execução: violência à pessoa ou grave ameaça embasada em mal estranho ao cargo ocupado ou a ser ocupado pelo funcionário público Obs.6: Concussão e crime contra a ordem tributária: art. 3º, II, Lei 8.137/90; Obs.7: Jurados podem cometer concussão; Obs.8: Concussão e crime penal militar: art. 305, do CPM; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico “para si ou para outrem”. Obs.1: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a exigência de funcionário público, que deve chegar ao conhecimento da vítima. Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: o eventual recebimento da vantagem indevida é mero exaurimento; Obs.3: somente é possível a prisão em flagrante delito, no momento da exigência, ou logo após; Obs.4: é ilegal a prisão em flagrante efetuada por ocasião do recebimento da vantagem indevida, muito tempo depois da exigência indevida. A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. EXCESSO DE EXAÇÃO § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Obs.: Crime autônomo e independente do caput. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: é o tributo ou a contribuição social. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: qualquer funcionário público, e não apenas os agentes fazendários. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “exigir” e “empregar” (crime de ação 15 multipla) Exigir – o funcionário público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deva saber indevido, sem amparo legal para cobrança, seja por o seu valor já fora pago pela vítima, seja porque a quantia cobrada é superior a fixada em lei. Obs.: o excesso tem que ir para a administração pública, se for para o funcionário público, teremos concussão. Empregar: - Meio vexatório: desonra, humilha a vítima; - Meio gravoso: acarreta maiores despesas ao contribuinte. Obs.: para configuração, é necessário o elemento normativo do tipo: “que a lei não autoriza” 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo direto e eventual– independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.1: não se admite a modalidade culposa, salvo Mirabete. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a exigência indevida ou com o emprego de meio vexatório ou gravoso do tributo ou contribuição social, independentemente de seu efetivo pagamento. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Figura qualificada § 2º. 07) Ação Penal. Pública incondicionada.
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