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1 Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 06 – 3ª PARTE CAPÍTULO IV - DE OUTRAS FALSIDADES FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS Art. 306 - FALSIFICAR, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou USAR marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: é a marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso na fiscalização alfandegária. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica 1a Conduta - FALSIFICAR, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária; 2ª Conduta – USAR marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem. Obs.: e se o agente falsifica e usa? Reponde por dois crimes autônomos? Ou trata-se de post factum impunível? 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente. 05) Consumação e Tentativa FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito 2 Consuma-se com a falsificação da marca ou sinal, na modalidade falsificar, ou com a efetiva utilização da marca ou sinal falsificado por outrem, na modalidade usar. Obs.: crime FORMAL – não é necessário prejuízo a terceiros; A tentativa é possível na modalidade inserir. 06) Formas Simples (caput) Privilegiada (parágrafo único) Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. 3 FALSA IDENTIDADE Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Obs.: os arts. 307 usque 309: Falsificação pessoal. Não recai sobre a pessoa física, mas em sua identidade civil. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: a identidade. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica A adequação típica objetiva é atribuir a si próprio ou a terceiro falsa identidade. - o agente atribui a si próprio ou a terceiro a identidade de outra pessoa, efetivamente existente; - o agente atribui a si próprio ou a terceiro a identidade de pessoa imaginária; Obs.1: Quem silencia quando terceiro lhe atribui falsa identidade? Atípico. Obs.2: Falsa identidade (307) x Documento Falso (304) STJ: Não se confunde o uso de documento falso com o crime de falsa identidade, posto que neste não há apresentação de qualquer documento, mas tão só a alegaçãoo falsa quanto a identidade”. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica É o dolo – vontade livre e consciente de atribuir-se a si ou a outrem falsa identidade, com a finalidade de obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem (ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO). Obs.1: E se o agente não busca nenhuma vantagem? Fato Atípico. Obs.2: Tendo em vista a subsidiariedade expressa, se a vantagem for econômica, e se esta for obtida mediante fraude, induzindo ou mantendo alguém em erro, e causar prejuízo a alguém, estará caracterizado o crime de estelionato. Obs.3: Falsa identidade x exercício de autodefesa? STF: Crime STJ: Atípico, autodefesa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a conduta de atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade, independentemente da obtenção de vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou da causação de dano a outrem. 4 A tentativa é possível. 06) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; plurissubsistente ou unissubsistente a depender do caso. 07) Ação Penal: Pública incondicionada. 08) Subsidiariedade expressa. 5 Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Rúbrica Criminal Doutrinária: USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIA. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – USAR e CEDER USAR – empregar ou utilizar documento de identidade de terceira pessoa como se fosse próprio. Obs.: para a caracterização do crime em estudo, o agente deve se limitar a apresentação do documento alheio. CEDER – fornecer ou emprestar a outrem, a título oneroso ou gratuito, documento de identidade próprio ou de terceiro, para que dele faça uso. Observação importante: quem usa e cede, responde por crimes autônomos, em concurso material. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou de ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro. Obs.1: na modalidade usar, não basta trazer consigo no bolso o documento, tem que efetivamente utilizar o documento alheio; Obs.2: na modalidade ceder, o delito se consuma no mento da tradição do documento; não se exige a efetiva utilização do documento; mas se o terceiro utilizar, será ao mesmo imputado o crime em estudo, na modalidade usar. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se na modalidade usar, com o efetivo uso, e na modalidade ceder, com a simples tradição. Vide obss acima. A tentativa é possível. 06) Classificação doutrinária: Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 07) Ação Penal: Pública incondicionada. 6 FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: nome (prenome e sobrenome). 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – estrangeiro; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – USAR USAR – empregar ou utilizar nome que não é seu (fictício ou de terceira pessoa), para o fim de entrar ou permanecer em território nacional. Obs.: se o estrangeiro, além de empregar nome que não é seu, fizer uso de documento falso, responderá apenas pelo art.304, CP, o qual absorve o art. 309, caput (Consunção). 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico (para entrar ou permanecer em território nacional). 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com o efetivo uso pelo estrangeiro de nome que não é seu, para o fim de entrar ou permanecer em território nacional. Obs.: é irrelevante para a consumação se o estrangeiro logra êxito em entrar ou permanecer ou não, em território nacional. A tentativa é possível. 06) Classificação doutrinária: Crime: próprio; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo. 07) Ação Penal: Pública incondicionada; Competência JF. Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Obs.1: crime comum – qualquer pessoa atribui ao estrangeiro falsa qualidade; Obs.2: falsa qualidade: nome, filiação, estado civil, profissão, idade, etc. Obs.3: trata-se de crime plurilateral ou de concurso necessário, pois reclama pelo menos duas pessoas: a que atribui a falsa qualidade, e o estrangeiro, beneficiado pela conduta criminosa. 7 Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Rúbrica criminal doutrinária: FALSIDADE EM PREJUÍZO DA NACIONALIZAÇÃO DE SOCIEDADE 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: ação, título ou valor cuja propriedade ou posse é vedada legalmente ao estrangeiro no Brasil. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime COMUM e de CONCURSO NECESSÁRIO; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – (“LARANJA”, “TESTA DE FERRO”) A adequação típica objetiva é prestar-se a figurar a título oneroso ou gratuito, a utilização de seu nome como possuidor ou proprietário de ação, título ou valor, quando na verdade tais bens pertencem ao estrangeiro, em relação a quem a propriedade ou posse é proibida por lei. Obs.: trata-se de lei penal em branco: - art. 222, CF/88; - art. 106, da Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro); 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que o brasileiro se presta a figurar como possuidor ou proprietário de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a lei vede a este a propriedade ou a posse de tais bens. Obs.: é irrelevante para a consumação a obtenção de lucro ou a causação de prejuízo a terceiro. A tentativa é possível. 06) Classificação doutrinária: Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; plurissubjetivo (concurso necessário), e plurissubistente. 07) Ação Penal: Pública incondicionada; Competência JF. 8 ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: é o número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime COMUM; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “ADULTERAR” e “REMARCAR” Adulterar é modificar ou alterar (mudar alguns números ou letras do chassi); Remarcar é marcar novamente (retirar o número anterior do chassi e colocar outro código) Obs.1: trata-se de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Obs.2: Ocultar? Falta de Previsão legal. Assim, não configura o art. 311, quem oculta placa para evitar o pagamento de pedágio. Obs.3: Supressão? Se ocorrer só a supressão, sem uma nova remarcação ou adulteração, não configura o art. 311, do cp. Obs.4: Fita adesiva na placa do veículo. A adulteração e/ou remarcação deve ser permanente. Obs.5: Placas reservadas: não configura o delito, ainda que utilizadas de forma desvirtuada. Crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor X Crime de Receptação O agente é surpreendido na direção de veículo automotor apresentando número de chassi ou sinal identificador adulterado ou remarcado O agente recebe o veículo automotor ciente da sua origem criminosa e posteriormente efetua adulteração ou remarcação do número de chassi ou de qualquer outro sinal identificador Se não houver prova do envolvimento do agente na adulteração ou remarcação, ocorrerá a receptação, dolosa ou culposa. Obs.: ainda que o agente tenha conhecimento do delito de adulteração, não há que se falar em concurso de pessoas, pois não se admite coautoria ou participação depois da consumação. Nesse caso, será imputado ao agente dois crimes: receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor, em concurso material. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 9 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a adulteração ou remarcação do chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento. Obs.1: é irrelevante para a consumação a se o sujeito consegue ludibriar alguém. Obs.2: é irrelevante para a consumação a obtenção de lucro ou a causação de prejuízo a terceiro. Obs.3: é necessário a realização de perícia (art. 158, CPP). A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Qualificada (§ 1º) Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. Equiparada (§ 2º) Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. 07) Classificação doutrinária: Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo, e plurissubistente. 08) Ação Penal: Pública incondicionada. 10 CAPÍTULO V DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: I - concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: I - concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos emlei. Obs.: o processo seletivo para o ingresso no ensino superior em instituições privadas, caracteriza crime definido no art. 311-A, CP; 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime COMUM; Sujeito Passivo: o Estado 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “UTILIZAR” e “DIVULGAR” ULTILIZAR é empregar, fazer uso ou aproveitar-se de alguma coisa; DIVULGAR equivale a tornar público, ainda que a uma única pessoa. Obs.1: trata-se de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo direto e eventual – sendo necessário o elemento subjetivo específico: “com o fim de beneficiar a si ou a outrem” ou “com o fim de comprometer a credibilidade do certame”. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a utilização ou a divulgação indevida do conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação ou exames públicos, processo seletivo para ingresso no ensino superior ou exame ou processo seletivo previstos em lei, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame de interesse público. Obs.1: é irrelevante para a consumação a obtenção de benefício próprio ou de terceiro, nem o efetivo comprometimento da credibilidade do certame. Obs.2: é irrelevante para a consumação a causação de dano real à administração pública. 11 A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Equiparada (§ 1º) § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput. Qualificada (§ 2º) § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Causa especial de aumento de pena (§ 3º) § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. 07) Classificação doutrinária: Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo, e plurissubistente. 08) Ação Penal: Pública incondicionada.
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