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Psicologia e Saúde Aplicada Rosângela Guimarães Rosa Saúde, bem estar e qualidade de vida no trabalho A saúde é um processo multifacetado Bem estar físico, psíquico e social e não só a ausência de enfermidade (OMS) O trabalho tem um papel estruturante na vida cotidiana do homem contemporâneo e na própria construção da condição humana e das sociedades Cultura organizacional Natureza do trabalho Riscos da atividade Impactos sociais do trabalho Remuneração x custos de vida Políticas de gestão de recursos humanos Condições de trabalho e segurança Socialização no trabalho Relações com chefia A saúde não é apenas responsabilidade dos outros, de uma instituição, dos médicos ou do Estado. É antes de mais nada responsabilidade de todos e de cada um. É, pois, sua responsabilidade” (Dejours; Desors;1993) Tudo o que se refere ao sujeito, a partir de sua historia de vida, se altera de acordo com o seu trabalho concreto e as condições em que realiza” (Codo; Saratto; Menezes, 2004) Como investigar os tipos e níveis de adoecimento das pessoas nas organizações? Como promover a saúde e o bem estar no ambiente de trabalho? • Indicadores • Diagnósticos • Políticas de valorização profissional • Políticas de saúde do trabalhador • Serviços de acompanhamento e atendimento Indicadores: questionários, observação, análises dos atendimentos de saúde, afastamentos, práticas correcionais, acidentes, óbitos, internações, serviços de assistência médica, psicológica, psiquiátrica, sociais, jurídicos, análises documentais, registros de imagens, grupos focais Saúde Positiva Bem Estar Social Bem Estar no Trabalho Capital Psicológico Conceito de Saúde Positiva, Bowling, 1997 Indicadores de Saúde Positiva, Bowling (1997) Saúde Positiva segundo Seligman, 2008 Modelo teórico do bem estar no trabalho (Siqueira, 2009) Seis dimensões do Modelo de BEP na concepção de Ryff (1989) Objetivos do novo modelo de gestão Gestão de QVT “[...] que inclui aspectos de bem-estar, garantia de saúde, segurança física, mental e social e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal” (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 1999, p. 136). O termo “saúde”, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de afecção ou de doenças, mas também os elementos fisicos e mentais que afetam a saúde e que estão diretamente relacionados com a segurança e com a higiene no trabalho. (Convenção 155 da OIT) Qualidade de vida tem uma característica e perspectiva eminentemente humana, vinculada ao grau de satisfação, que se materializa na vida familiar, amorosa, social e ambiental e na própria estética existencial. (Maria Cecília Minayo, 1991, socióloga, doutora em saúde pública) Pensar a qualidade de vida é possibilitar um ambiente que identifique e elimine os riscos ocupacionais observáveis no ambiente físico de trabalho, bem como a carga física e mental, entre outros para que ocorra satisfação no labor diário.(Limongi-França,1997) Qualidade de vida no trabalho (QVT): “[...] inclui aspectos de bem-estar, garantia de saúde, segurança física, mental e social e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal” (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 1999, p. 136). EIXOS ANALÍTICOS INDICADORES Compensação justa e adequada Salário adequado ao trabalhador, equidade ou compatibilidade interna e externa. Condições de trabalho Jornada de trabalho, ambiente físico seguro e saudável. Uso e desenvolvimento das capacidades Autonomia, significado da tarefa, identidade da tarefa, variedade de habilidades, retroação e retroinformação. Chances de crescimento e segurança Possibilidade de carreira, crescimento profissional, segurança do emprego. Integração social na empresa Igualdade de oportunidades, relacionamentos interpessoais e grupais, senso comunitário. Constitucionalismo Respeito às leis e direitos trabalhistas, privacidade pessoal, liberdade de expressão, normas e rotinas claras da organização. Trabalho e espaço total de vida Papel equilibrado do trabalho na vida pessoal. Relevância social do trabalho Imagem da empresa, responsabilidade social pelos produtos/serviços e pelosempregados. Eixos analíticos e indicadores do modelo de avaliação de QVT proposto por Walton (1973) No âmbito da segurança pública: • condições de trabalho, saúde, risco • satisfação na vida familiar, profissional, social e ambiental • Os sentidos do fazer policial identificar os fatores que impactam negativamente no bem-estar dos trabalhadores e na satisfação dos usuários e/ou clientes desenvolver estratégias que permitam prevenir e/ou reverter os impactos negativos no cotidiano institucional Um novo repensar das práticas organizacionais Equilíbrio entre vida e carreira; Uso e desenvolvimento das capacidades pessoais. Critérios de qualidade; Desenvolvimento Profissional Oportunidade de Crescimento e segurança. Desempenho das atividades Igualdade Profissional; Remuneração justa e adequada. Igualdade de Oportunidades Valorização Profissional / QVT e Gestão de Pessoas Saúde no Trabalho Melhoria do ambiente físico; Condições adequadas de trabalho. Gestão do Trabalho Qual idade da gestão; Gestão participativa; Autonomia, Ampl iação dos canais de discussão.Relações de Trabalho Aprimoramento das Relações Gerenciais; Integração social no trabalho; Qual idade dos serviços prestados. Investimentos em valorização profissional, qualidade de vida no trabalho e gestão de pessoas A Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP (Decreto nº 2.315, setembro/1997) Programa Qualidade de Vida para os Profissionais de Segurança Pública/SENASP/DEPAID (9º Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública) Plano Nacional de Segurança Pública Sistema Único de Segurança Pública SUSP (BRASIL, PLANO..., 2003). Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), instituído pela Lei 1.530, em 24 de outubro de 2007 Articulação de políticas repressivas a políticas sociais preventivas, de modo a intervir nas raízes socioculturais da violência. Dentre suas ações, o PRONASCI prevê 94 medidas que vão desde projetos de modernização das polícias, de valorização profissional e reestruturação do sistema prisional a ações territoriais locais de prevenção e de combate a corrupção policial e ao crime organizado (BRASIL, PRONASCI, 2007) 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (2009) Eixo 1 Gestão democrática: controle social e externo, integração e federalismo. Eixo 2 Financiamento e gestão da política pública de segurança. Eixo 3 Valorização profissional e otimização das condições de trabalho. Eixo 4 Repressão qualificada da criminalidade. Eixo 5 Prevenção de criminalidades e violências e construção da cultura de paz. Eixo 6 Sistema penitenciário. Eixo 7 Sistema de prevenção de catástrofes, acidentes e atendimentos emergenciais Portaria Interministerial SEDH/MJ nº 2, de 15 de dezembro (BRASIL, 2010), que define as diretrizes nacionais de promoção e defesa dos direitos humanos dos profissionais de segurança pública. Direitos constitucionais e a participação cidadã; Valorização da vida; Direito à diversidade; Saúde; Reabilitação e reintegração; Dignidade e segurança no trabalho; Seguros e auxílios; Assistência jurídica, Habitação; Cultura e lazer; Educação, Produção de conhecimentos; Estruturas e educação em direitos humanos; Valorização profissional. O sofrimento psíquico e o adoecimento no trabalho Doenças Psicossomáticas O conceito atual de ‘psicossomática’, de acordo com Lipowiski (1984), tem a intençãode abarcar uma visão de integralidade do homem, ou seja, sua totalidade, um complexo mente-corpo em interação com um contexto social. Aborda a inseparabilidade e a interdependência dos aspectos psicológicos e biológicos da humanidade. O termo ‘psicossomática’ foi utilizado pela primeira vez por um psiquiatra alemão chamado Heinroth, em 1808, quando realizou seus estudos sobre insônia; mais tarde, em 1823, ele introduziu o termo ‘somato- psíquico’ para abordar a influência dos fatores orgânicos que afetam os emocionais. Definição atual de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença”. Apesar de ser alvo de críticas, esse conceito consegue ser mais próximo de uma visão de homem integral, pois considera as influências biopsicossociais. “O corpo humano é um todo cujas partes se interpenetram. Ele possui um elemento interno de coesão, a alma; ela cresce e diminui, renasce a cada instante até a morte. É uma grande parte orgânica do ser” (Volich 2000, p.23 ). Abordagem multidisciplinar ou interdisciplinar, destaca a importância da dimensão social e suas interconexões com a visão psicossomática, Teoria do Stress O termo ‘stress’ foi utilizado primeiramente por Hans Selye em 1936, quando conceituou a Síndrome Geral de Adaptação ou Síndrome do Stress. O autor utilizou esse termo para denominar o “conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço de adaptação.” Christophe Dejours o sofrimento patogênico aparece, quando • [...] todas as margens de liberdade na transformação, gestão e aperfeiçoamento da organização do trabalho já foram u lizadas. Isto é, quando não há nada além das pressões xas, rígidas, incontornáveis, inaugurando a repe ção e a frustração, o aborrecimento, o medo ou o sen mento de impotência. Sofrimento criador [...] quando o sofrimento pode ser transformado em cria vidade, ele traz uma contribuição que bene cia a iden dade. Ele aumenta a resistência do sujeito ao risco de desestabilização psíquica e somá ca. O trabalho funciona então como um mediador para a saúde. (DEJOURS, 1994, p. 137). “o homem não busca apenas a saúde no sentido estrito, anseia por qualidade de vida; como profissional não deseja só condições higiênicas para desempenhar sua atvidade, pretende qualidade de vida no trabalho”. (Oliveira, S. G. 2011, p. 73) “o que é a saúde mental senão a saúde da mente, a saúde psíquica, a saúde da alma?”. (Navarro González. apud MINARDI, 2010, p. 2) Na dinâmica do mundo de trabalho, o trabalhador pode se tornar vítima de violênciaspsíquicas enquanto desenvolve a sua atividade laboral, resultando muitas vezes em prejuízo à sua saúde mental de modo a tornar o trabalho “adoecedor”, contribuindo para a formação de transtornos mentais relacionados ao trabalho, tais como o estresse e a Síndrome de Burnout Consequências do adoecimento no trabalho transtornos relacionados ao estresse; transtorno de estresse pós- traumá co; transtornos depressivos; transtornos não orgânicos de sono; transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de álcool; transtorno obsessivo-compulsivo e alterações e transtornos de personalidade. (SILVA, E. S., 2011, p. 269). Desdobramentos psíquicos da fadiga, da servidão e da humilhação, pressões organizacionais e de assédio moral. esgotamento pro ssional – burnout, depressões e suicídios Para Simm (2008, p. 185-194), o acosso psíquico no trabalho a age, em um primeiro momento, a mente do empregado, causando- lhe danos de ordem moral e psíquica de variada intensidade e sob diversas modalidades; já em um segundo momento, as agressões morais se remetem no corpo do trabalhador, causando-lhe danos fisicos. Além disso, podem provocar-lhe também danos materiais ou patrimoniais, seja sob a forma de prejuízos nanceiros, seja por outras lesões como o lucro cessante e a perda de oportunidades. E, nalmente, essas lesões ainda podem re e r nos relacionamentos sociais do trabalhador, afetando diretamente sua convivência familiar e, não raras vezes, produzindo danos re exos nos membros da família, seja em razão das alterações de seu comportamento, seja em função dos danos sicos sofridos Aspectos e elementos estressores no trabalho Tudo isso acarreta ao trabalhador euforia, ansiedade, irritação, angús a e, nos casos mais graves, problemas de saúde, como a Síndrome de Burnout, que é responsável pela incapacidade ao trabalho. (MINARDI, 2010, p. 76). O tempo livre passa a ser entendido como tempo não produ vo, não capital; e, neste sen do, outros aspectos da vida humana como os encontros sociais, os cuidados com a família e os momentos de lazer tão importantes para a saúde mental deixam de ser vividos, o que gera ainda mais a ocorrência de sofrimento. problemas de ansiedade, angús a, crises de choro, nervosismo, irritabilidade, depressão, medo, frustração, autoes ma baixa, entre outras doenças psicossomá cas. Síndrome de Burnout (Esgotamento prossional ) É caracterizada pelo exaurimento emotivo, pela despersonalização, pela reduzida realização pessoal. É uma síndrome em que há uma progressiva perda de idealismo, de energia, de objetivos; uma perda de motivação e de expectativas para ser efi ciente no fazer o bem; um estado de cansaço ou frustração originário da devoção a uma causa. Nesse sentido o Burnout é considerado como o último passo de uma progressão de tentavas sem sucesso para enfrentar uma série de condições nega vas e estressantes. Assédio Moral Organizacional Imperioso observar que o assédio moral organizacional consiste, exatamente, na sobrecarga de trabalho imposta pelo empregador, resultante de estratégia organizacional para que o empregado se submeta às imposições de sobrecarga de trabalho voltada à maximização da produtividade. Nassif (2005, p. 108) Assédio moral ( individual e/ou organizacional) [...] como toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo (sic) por comportamento, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade sica ou psíquica de uma pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. Hirigoyen (2002, p. 65) “a pressão psicológica, o assédio moral, o mobbing são formas de violência psíquica cada vez mais presentes nas relações de emprego, tornando o meio ambiente de trabalho nocivo à saúde mental do trabalhador”. (SIMM, 2008, p. 10). Assédio sexual O assédio sexual pode ser de nido como a conduta reiterada de caráter lascivo que tenha como obje vo cercear, direta ou indiretamente, a liberdade sexual da pessoa que está sendo constrangida. Tal cerceamento pode ocorrer tanto a par r de um superior hierárquico quanto entre trabalhadores do mesmo nível hierárquico. A violência psíquica na relação de trabalho denigre a personalidade e a dignidade da pessoa humana, a ngindo “em cheio” os direitos fundamentais do trabalhador e vários direitos da personalidade da ví ma, como à liberdade sexual, à in midade e à privacidade, à honra e à integridade psíquica da ví ma. (ALKIMIN, 2009, p. 86). Síndrome de Burnout Dimensões: A primeira acarreta ao trabalhador exaustão emocional. Nela, o pro ssional se sente incapacitado para enfrentar as demandas ocupacionais, sociais e afe vas; ocorre sensação de esgotamento, de falta de energia e de recursos emocionais próprios para lidar com as ro nas da prá ca pro ssional. A segunda dimensão ocasiona despersonalização. Nesta, a pessoa tende a se afastar das ocupações pro ssionais (manifestando absenteísmo, diminuição do ritmo, desleixo), dos colegas de trabalho e das pessoas em geral (mostrando-se fria – impessoal e adotando comportamentos quees mulam o afastamento); pode representar um risco de desumanização e cons tui a dimensão interpessoal. A terceira dimensão, há a falta de realização pessoal no trabalho; o profissional passa a ter percepção de ineficácia; o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho; as coisas não mais lhe importam; qualquer esforço lhe parece inú l. Abreu, K. L. et al (apud FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2003, p. 275), Estresse Sindrome de Bournot “são perturbações que causem distúrbios agudos ou crônicos no bem- estar das pessoas e podem surgir em função de es mulos sicos e/ou emocionais” (pressões organizacionais e de assédio moral.) no estresse, a pessoa tem sintomas como suor em excesso e taquicardia, mas pode superar sozinho, com o afastamento temporário e algo relaxante, como terapia, ginástica e dança; problemas de memória, mal-estar generalizado, problemas de pele como psoríase, perda do senso de humor, podendo ocorrer ainda distúrbios gastrointestinais, úlcera, sono irregular, sensibilidade emotiva, falta de apetite sexual, sendo imprescindivel o afastamento do trabalho e a busca de ajuda médica pensamentos repetitovos, culpa que o desestrutura emocionalmente, transformando- se em um fóbico, ansioso, depressivo, além de perder o rendimento, a responsabilidade, passando a ter atitudes que não tenha e se despersonalizando Se não identificado e tratado, pode evoluir para a fase de exaustão, causando sérios riscos ao trabalhador. Estresse e Síndrome de Burnout O fenômeno do stress é desencadeado, como referiu Selye, por um estímulo estressor ou estressor, e a resposta do indivíduo diante do estímulo chama-se processo de stress. Se a reação do indivíduo causar conseqüências negativas, trata-se, então, de distress; por outro lado, quando há uma reação saudável ao estímulo dá-se o nome de eutress. S Selye (1956) considerou três fases no desenvolvimento do stress: a de alerta, a de resistência e a de exaustão, podendo identificar através dessas fases a gradação da seriedade do nível de stress em que a pessoa 251MEDICINA PSICOSSOMÁTICA Estudos de Psicologia I Campinas I 24(2) I 247-256 I abril - junho 2007 se encontra. A fase de alerta é considerada a etapa na qual a pessoa tem uma descarga de adrenalina preparatória para a adaptação e consegue ter êxito na situação, alcançando uma sensação de plenitude; logo, é uma fase positiva do stress. Na fase de resistência, a pessoa continua tentando lidar, de forma automática, com os estressores, buscando manter a sua homeostase interna; se esses estressores persistirem em freqüência ou intensidade, e não acontecer sua interrupção ou existirem dificuldades de adaptação através de estratégias de enfrentamento, pode ocorrer uma quebra da resistência da pessoa. Como conseqüência disso, a fase seguinte é a de exaustão, na qual os órgãos com maior fragilidade genética são mais facilmente atingidos por distúrbios, podendo, por meio desse processo, surgir doenças graves. Missão prevenir e proteger Condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro Maria Cecília de Souza Minayo (Coordenadora) Edinilsa Ramos de Souza (Coordenadora) Patrícia Constantino (Coordenadora) Simone Gonçalves de Ass is Miriam Schenker Liane Maria Braga da Silveira Adalgisa Peixoto Ribeiro Cleber Nascimento do Carmo Thiago de Oliveira Pires Pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/ENSP/FIOCRUZ) e da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ)/2008 População pesquisada: 1.108 profissionais, em 17 Unidades da PMRJ Temáticas: Qualidade de vida nos âmbitos de trabalho, da família e da comunidade; condições de trabalho do setor; sugestões para a melhoria dessas condições; riscos e estratégias para lidar com os desafios cotidianos; relações de trabalho; reconhecimento do policial e do seu serviço pela sociedade e pela própria corporação. 67,6% 11,4% 4,8% 16,1% 74,8% 8,1% 1,8% 15,2% Seguranç a particular Comerciante Dirigirtáxi Outro Oficial / Suboficial /Sargentos Cabos /Soldados Condições de Trabalho dos Policiais Militares Jornada de Trabalho Gráfico 21 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a atividade fora da Polícia Condições de Saúde e Risco Profissional O conceito de ‘situação de saúde’ se refere a como, na prática, as condições de saúde (sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais) impactam a vida de determinada população ou indivíduo, no caso os policiais militares - uma forma peculiar de exercício da profissão, de interação e de cuidados que distinguem os policiais de outras categorias profissionais. “O serv iço policial ativo causa gr ande desgaste físico e emocional. Juntando a falta de investimento e recurso para a sobrevivência do próprio policial, poderá ocasionar problemas no relacionamento familiar, embora não justificando o desvio de conduta, como, por exemplo, prática de crimes, entre outros. Solicito das autoridades uma atenção especial para o seu maior patrimônio, que é o profissional de Polícia”(Sargento) Profissão de Risco Tabela 3 –Distribuição dos policiais civis e militares segundo a percepção de risco em sua atividadepolicial* Risco PolíciaMilitar PolíciaCivil n. % n. % Constante 8.199 81,1 965 69,2 Eventual 1.913 18,9 362 26,0 Não há risco - - 67 4,8 Total 10.112 100,0 1.394 100,0 Risco – vocábulo ‘riscari’: ‘ousar’ “Conceito que faz parte da escolha profissional, desempenha um papel inerente às condições de trabalho ambientais e relacionais. Os profissionais têm consciência disso: seus corpos estão permanentemente expostos e seus espíritos não descansam.” “Todo o nosso trabalho vai afetar a nossa saúde. Éa quantidade de horas excessivas de trabalho, as condições em quenós vamos executar esse trabalho. A grande maioriatemhipertensão. Eu nunca tive hipertensão na vida e, agora, passei a ter esse problema”. Reflexões de um grupo focal com soldados Condições de Saúde Física dos Policiais Militares Relacionam diretamenteasuacondiçãode saúde ao processo de trabalho: horas de sono perdidas, estresse diário, permanente risco de vida,máalimentaçãoe intensidadedotrabalho são os itens mais frequentemente mencionados. O ‘bico’, que ocupa as horas destinadas ao descanso, também foi apontado como um fator prejudicial à saúde nos grupos focais dos quais participaram soldados,cabose sargentos. Gráfico 32 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo o índice de massa corporal 27,8% 47,1% 23,4% 1,7% 2,2% 33,9% 48,3 % 15,6% Abaixo dopeso Normal Sobrepeso Obes o Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados Gráfico 34 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a prática de atividades físicas 10,2% 38,0% 8,4% 40,7% 25,9% 25,3% 25,8% 25,6% Quatro ou mais vezes porsemana Uma a trêsvezes por semana Três vezes por mês a poucas vezes porano Não pratica atividade física Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados Problemas de saúde mais frequentes Gráfico 35 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo os problemas de saúde maisfreqüentes 43,0% 37,4% 32,2% 27,5% 25,0% 21,9% 15,1% 15,0% 14,4% 12,2% 11,7% 10,7% 10,4% 24,6% 40,8% 37,1% 14,3% 11,3% 22,7% 21,6% 16,7% 19,9% 25,8% 16,8% 8,9% 11,7% 13,9% 9,3% 10,3% 11,9% 7,9% 9,8% 11,5% 6,3% 8,0% 8,7% Defeito da visão (miopia, astigmatismo, vista cansadaetc. Freqüentes dores no pescoço, nas costas ou na coluna* Dores decabeça freqüentes / enxaquecas* Deficiência auditiva em um ou ambos os ouvidos* Hipertensão arterial* Torção ou luxação de articulação Rinite alérgica* Sinusite* Alergia de pele, dermatite alérgica, urticária* Gastrite crônica* Tumor, cisto ou outroproblema de útero ouovário** Dengue* Constipação freqüente* Artrite ou qualquer outro tipo de reumatismo* Indigestão freqüente* Hérnia de disco* Cálculos renais* Bursite* Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos / Soldados Lesões eIncapacitações 10,3% 9,3% 6,6% 2,5% 1,8% 1,3% 2,8% 4,9% 3,0% 1,2% 1,5% 1,5% 1,0% Deformidade permanente ourigidez constante de pé, perna oucoluna* 6,4% Outraincapacidade* Deformidade permanente ou rigidez constante de dedo, mão oubraço(2) Incapacidade para reter fezes ou urina* Paralisi a permanente de qualquertipo* Dedo ou membro amputado Seio, rim ou pulmão retirado** Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados Prazer, Estresse e Sofrimento Mental Tabela 9 –Distribuição proporcional dos policiais civis e militares, segundo os sintomas de sofrimento psíquico que ocorrem atualmente Sintomas de sofrimento psíquico Civil Militar Dormemal*** 39,5% 53,5% Sente-se nervoso, tenso ouagitado 48,8% 47,5% Sente-setriste*** 33,6% 39,0% Sente-se cansado o tempotodo*** 24,9% 35,5% Sente dores de cabeçafreqüentemente*** 24,9% 35,3% Sente dificuldade para realizar com satisfação suas atividadesdiárias*** 24,5% 34,3% Cansa-se comfacilidade*** 27,2% 34,0% Tem falta deapetite*** 9,6% 14,6% Tem má digestão* 23,6% 26,2% Assusta-se comfacilidade*** 16,2% 25,6% Tem sensações desagradáveis noestômago* 20,8% 23,4% Tem perdido o interesse pelascoisas*** 18,4% 22,7% Sente dificuldade em pensar comclareza*** 16,3% 22,4% Sente dificuldade no serviço (o trabalho é penoso e causasofrimento)*** 8,4% 20,4% Sente dificuldade para tomar decisões*** 15,2% 19,4% Tem tremores nasmãos*** 9,1% 16,6% Tem chorado mais que de costume 12,8% 13,6% Sente-se incapaz de desempenhar um papel útil na vida 33,2% 25,8% Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo*** 5,7% 9,0% Tem tido idéia de acabar com a própriavida* 3,3% 5,0% Prazer, Estresse e Sofrimento Mental “Precisamos muito de qualquer tipo de ajuda.” As expressões de sofrimento se apresentam em sintomas psicossomáticos, depressivosede ansiedade quepodem servisualizadosnoGráfico37. 53,4% 41,8% 34,5% 34,1% 33,1% 26,8% 14,6% 7,9% 53,5% 53,7% 57,2% 37,4% 39,8% 34,2% 35,6% 31,5% 37,3% 29,1% 20,0% 26,6% 25,7% 26,5% 23,7 % 23,6% 23,3% 23,6% 22,7%19,8% 20,3% 21,0% 18,4% 16,9% 16,6% 13,6% 13,1% 10,8% 9,9% 8,8% 8,9% 5,6% Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos / Soldados Sente-se nervoso, tenso ouagitado Dormemal* Tem se sentido tristeultimamente* Tem dores de cabeça freqüentemente* Encontra dificuldade pararealizarcom satisfação suas atividadesdiárias* Cansa-se comfacilidade* Sente-se cansado otempotodo* Tem dificuldade de pensar com clareza* Assusta-se comfacilidade Tem mádigestão Tem perdido o interesse pelascoisas Tem sensações desagradáveis noestômago Tem dificuldade paratomardecisões* Tem dificuldade no serviço (seu trabalho é penoso, lhe causasofrimento) Tem tremores nasmãos** Tem faltadeapetite* Tem chorado mais do que de costume É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida** Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo Gráfico 37 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo o sofrimento psíquico Todos os policiais, inclusive os civis, assinalaram que o estresse é responsável por doenças subjetivas, não visíveis aos olhos do médico, tais como enxaquecas, dores de estômago e nervosismo, e que, por serem subjetivas, não são levadas em consideração pelas chefias. “Você, no caso, temdeacompanhar o seguinte: está sentado numa radiopatrulhaàs 7 horasdanoiteevai sair dedentro dela às 7 horas da manhã, assistindo, durante essas 12 horas,duranteamadrugada,atudo quantoédesgraça,mesmo quenãosejacomvocê.Masassistir atudoquantoédesgraçanão ébrincadeira,não!E isso duranteanos,nãoémole,não!Eu jáacho o policialforte até demais.” Duplo estresse: Lógica de combate (ferimentos,mortes) Lógica disciplinar (punições, prisões) Consumo de SubstânciasTóxicas Gráfico 39 – Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a freqüência de uso de bebidaalcoólica 48,6% Diário/semanal 44,3% 23,8% Ocasional/raramente 29,3% 27,6% 27,4% Parou de beber/ nuncabebeu Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados Gráfico 40 – Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a utilização de substâncias psicoativas no último ano 13,9% 6,8% 4,4% 2,3% 2,3% 2,0% 8,5% 7,3% 3,0% 1,0% 1,1% 2,1% 4,1% 0,7% Tranqüilizante* Para emagrecer/ficaracordado* Sedativo,barbitúrico* Maconha* Cocaína,crack* Anabolizante* Algo para sentir ‘barato’* Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados Gráfico 41 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo as dificuldades vivenciadas após beber ou usar outrassubstâncias Deixou de usar 21,9% preservativo 18,6% 15,9% 13,1% 11,1% 10,5% 7,1% 6,1% 5,1% 13,2% 9,0% 11,8% 11,9% 7,7% 7,4% 4,2% 5,7% 6,6% Problema com a família* Problema emocional/ ‘crise nervosa’* Problema de agressividade Problema de saúde* Dificuldade na relação sexual(1) Faltou ao trabalho* Problema no trabalho Se envolveu em acidentes notrânsito* Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos / Soldados
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