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Psicologia e Saúde Aplicada
Rosângela Guimarães Rosa
Saúde, bem estar e qualidade 
de vida no trabalho
A saúde é um processo multifacetado
Bem estar físico, psíquico e social e não só a ausência de enfermidade (OMS)
O trabalho tem um papel estruturante na vida cotidiana do homem contemporâneo e na própria construção da 
condição humana e das sociedades
Cultura organizacional
Natureza do trabalho
Riscos da atividade
Impactos sociais do 
trabalho
Remuneração x custos de vida
Políticas de gestão de 
recursos humanos
Condições de trabalho 
e segurança
Socialização no 
trabalho
Relações com chefia
A saúde não é apenas responsabilidade dos outros, de uma instituição, dos médicos ou do Estado. É antes de mais 
nada responsabilidade de todos e de cada um. É, pois, sua responsabilidade” (Dejours; Desors;1993)
Tudo o que se refere ao sujeito, a partir de sua historia de vida, se altera de acordo com o seu trabalho concreto e as 
condições em que realiza” (Codo; Saratto; Menezes, 2004)
Como investigar os tipos e níveis de adoecimento das pessoas nas organizações? Como promover a saúde e o bem 
estar no ambiente de trabalho?
• Indicadores
• Diagnósticos
• Políticas de valorização profissional
• Políticas de saúde do trabalhador
• Serviços de acompanhamento e atendimento
Indicadores: questionários, observação, análises dos atendimentos de saúde, afastamentos, práticas 
correcionais, acidentes, óbitos, internações, serviços de assistência médica, psicológica, psiquiátrica, sociais, 
jurídicos, análises documentais, registros de imagens, grupos focais
Saúde Positiva
Bem Estar Social
Bem Estar no Trabalho
Capital Psicológico
Conceito de Saúde Positiva, Bowling, 1997 Indicadores de Saúde Positiva, Bowling (1997)
Saúde Positiva segundo Seligman, 2008
Modelo teórico do bem estar no trabalho (Siqueira, 2009)
Seis dimensões do Modelo de BEP na concepção de Ryff (1989)
Objetivos do novo modelo de gestão
Gestão de QVT
“[...] que inclui aspectos de bem-estar, garantia de saúde, segurança física, mental e social e capacitação para realizar tarefas 
com segurança e bom uso da energia pessoal” (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 1999, p. 136).
O termo “saúde”, com relação ao trabalho, abrange não só a 
ausência de afecção ou de doenças, mas também os elementos 
fisicos e mentais que afetam a saúde e que estão diretamente 
relacionados com a segurança e com a higiene no trabalho. 
(Convenção 155 da OIT)
Qualidade de vida tem uma característica e perspectiva eminentemente humana, vinculada ao grau de 
satisfação, que se materializa na vida familiar, amorosa, social e ambiental e na própria estética 
existencial. (Maria Cecília Minayo, 1991, socióloga, doutora em saúde pública) 
Pensar a qualidade de vida é possibilitar um ambiente que identifique e elimine os riscos ocupacionais 
observáveis no ambiente físico de trabalho, bem como a carga física e mental, entre outros para que 
ocorra satisfação no labor diário.(Limongi-França,1997) 
Qualidade de vida no trabalho (QVT): “[...] inclui aspectos de bem-estar, garantia de saúde, segurança 
física, mental e social e capacitação para realizar tarefas com segurança e bom uso da energia pessoal” 
(LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 1999, p. 136).
EIXOS ANALÍTICOS INDICADORES
Compensação justa e adequada
Salário adequado ao trabalhador, equidade ou 
compatibilidade interna e externa.
Condições de trabalho Jornada de trabalho, ambiente físico seguro e saudável.
Uso e desenvolvimento das capacidades
Autonomia, significado da tarefa, identidade da tarefa, variedade de 
habilidades, retroação e retroinformação.
Chances de crescimento e segurança Possibilidade de carreira, crescimento profissional, segurança do emprego.
Integração social na empresa
Igualdade de oportunidades, relacionamentos interpessoais e grupais, 
senso comunitário.
Constitucionalismo
Respeito às leis e direitos trabalhistas, privacidade pessoal, liberdade de 
expressão, normas e rotinas claras da organização.
Trabalho e espaço total de vida Papel equilibrado do trabalho na vida pessoal.
Relevância social do trabalho
Imagem da empresa, responsabilidade social pelos 
produtos/serviços e pelosempregados.
Eixos analíticos e indicadores do modelo de avaliação de QVT proposto por Walton 
(1973)
No âmbito da segurança pública:
• condições de trabalho, saúde, risco
• satisfação na vida familiar, profissional, social e ambiental
• Os sentidos do fazer policial
identificar os fatores que impactam 
negativamente no bem-estar dos 
trabalhadores e na satisfação dos usuários 
e/ou clientes
desenvolver estratégias que permitam 
prevenir e/ou reverter os impactos 
negativos no cotidiano institucional
Um novo repensar das práticas 
organizacionais
Equilíbrio entre vida e
carreira;
Uso e desenvolvimento 
das capacidades pessoais.
Critérios de
qualidade;
Desenvolvimento
Profissional
Oportunidade de
Crescimento e 
segurança.
Desempenho
das
atividades Igualdade Profissional;
Remuneração justa e 
adequada.
Igualdade de 
Oportunidades
Valorização Profissional / 
QVT e Gestão de Pessoas
Saúde no
Trabalho
Melhoria do
ambiente físico;
Condições
adequadas de 
trabalho.
Gestão do
Trabalho
Qual idade da gestão;
Gestão participativa; 
Autonomia,
Ampl iação dos canais de 
discussão.Relações de
Trabalho
Aprimoramento das
Relações Gerenciais;
Integração social no trabalho;
Qual idade dos serviços 
prestados.
Investimentos em 
valorização 
profissional, 
qualidade de vida no 
trabalho e gestão de 
pessoas
A Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP (Decreto nº 2.315, setembro/1997) 
Programa Qualidade de Vida para os Profissionais de Segurança Pública/SENASP/DEPAID (9º 
Encontro Nacional de Qualidade de Vida na Segurança Pública)
Plano Nacional de Segurança Pública Sistema Único de Segurança Pública SUSP (BRASIL, 
PLANO..., 2003).
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), instituído pela Lei 1.530, 
em 24 de outubro de 2007
Articulação de políticas repressivas a políticas sociais preventivas, de modo a intervir nas raízes socioculturais da violência. Dentre suas ações, o 
PRONASCI prevê 94 medidas que vão desde projetos de modernização das polícias, de valorização profissional e reestruturação do sistema prisional a 
ações territoriais locais de prevenção e de combate a corrupção policial e ao crime organizado (BRASIL, PRONASCI, 2007)
1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (2009)
Eixo 1 Gestão democrática: controle social e externo, integração e federalismo.
Eixo 2 Financiamento e gestão da política pública de segurança.
Eixo 3 Valorização profissional e otimização das condições de trabalho. 
Eixo 4 Repressão qualificada da criminalidade.
Eixo 5 Prevenção de criminalidades e violências e construção da cultura de paz.
Eixo 6 Sistema penitenciário.
Eixo 7 Sistema de prevenção de catástrofes, acidentes e atendimentos emergenciais
Portaria Interministerial SEDH/MJ nº 2, de 15 de dezembro 
(BRASIL, 2010), que define as diretrizes nacionais de promoção e 
defesa dos direitos humanos dos profissionais de segurança 
pública.
Direitos constitucionais e a participação cidadã;
Valorização da vida;
Direito à diversidade;
Saúde;
Reabilitação e reintegração;
Dignidade e segurança no trabalho;
Seguros e auxílios;
Assistência jurídica,
Habitação;
Cultura e lazer;
Educação,
Produção de conhecimentos;
Estruturas e educação em direitos humanos;
Valorização profissional.
O sofrimento psíquico e o 
adoecimento no trabalho
Doenças Psicossomáticas
O conceito atual de ‘psicossomática’, de acordo com Lipowiski (1984), tem a intençãode abarcar uma visão 
de integralidade do homem, ou seja, sua totalidade, um complexo mente-corpo em interação com um 
contexto social. Aborda a inseparabilidade e a interdependência dos aspectos psicológicos e biológicos da 
humanidade.
O termo ‘psicossomática’ foi utilizado pela primeira vez por um psiquiatra alemão chamado Heinroth, em 
1808, quando realizou seus estudos sobre insônia; mais tarde, em 1823, ele introduziu o termo ‘somato-
psíquico’ para abordar a influência dos fatores orgânicos que afetam os emocionais.
Definição atual de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS)
“saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e não apenas a ausência de doença”. 
Apesar de ser alvo de críticas, esse conceito consegue ser mais próximo de uma visão de homem integral, 
pois considera as influências biopsicossociais.
“O corpo humano é um todo cujas partes se interpenetram. Ele possui um elemento interno de coesão, a 
alma; ela cresce e diminui, renasce a cada instante até a morte. É uma grande parte orgânica do ser” 
(Volich 2000, p.23 ).
Abordagem multidisciplinar ou interdisciplinar, destaca a importância da dimensão social e suas 
interconexões com a visão psicossomática, 
Teoria do Stress
O termo ‘stress’ foi utilizado primeiramente por Hans Selye em 
1936, quando conceituou a Síndrome Geral de Adaptação ou 
Síndrome do Stress. O autor utilizou esse termo para 
denominar o “conjunto de reações que um organismo 
desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço 
de adaptação.” 
Christophe Dejours o sofrimento patogênico aparece, quando 
• [...] todas as margens de liberdade na transformação, gestão e 
aperfeiçoamento da organização do trabalho já foram u lizadas. Isto é, 
quando não há nada além das pressões xas, rígidas, incontornáveis, 
inaugurando a repe ção e a frustração, o aborrecimento, o medo ou o sen
mento de impotência. 
Sofrimento criador
[...] quando o sofrimento pode ser transformado em cria vidade, ele 
traz uma contribuição que bene cia a iden dade. Ele aumenta a 
resistência do sujeito ao risco de desestabilização psíquica e somá ca. 
O trabalho funciona então como um mediador para a saúde. 
(DEJOURS, 1994, p. 137). 
“o homem não busca apenas a saúde no sentido estrito, anseia por qualidade de vida; como profissional não
deseja só condições higiênicas para desempenhar sua atvidade, pretende qualidade de vida no trabalho”. (Oliveira, 
S. G. 2011, p. 73) 
“o que é a saúde mental senão a saúde da mente, a saúde psíquica, a saúde da alma?”. (Navarro González. apud 
MINARDI, 2010, p. 2)
Na dinâmica do mundo de trabalho, o trabalhador pode se tornar vítima de violênciaspsíquicas enquanto 
desenvolve a sua atividade laboral, resultando muitas vezes em prejuízo à sua saúde mental de modo a tornar o 
trabalho “adoecedor”, contribuindo para a formação de transtornos mentais relacionados ao trabalho, tais como o 
estresse e a Síndrome de Burnout
Consequências do 
adoecimento no trabalho
transtornos relacionados ao estresse;
transtorno de estresse pós- traumá co; 
transtornos depressivos; 
transtornos não orgânicos de sono; 
transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de álcool;
transtorno obsessivo-compulsivo e alterações e transtornos de personalidade. (SILVA, E. S., 2011, p. 269). 
Desdobramentos psíquicos da fadiga, da servidão e da humilhação, pressões organizacionais e de assédio moral.
esgotamento pro ssional – burnout, depressões e suicídios
Para Simm (2008, p. 185-194), o acosso psíquico no trabalho a age, em um primeiro momento, a mente do 
empregado, causando- lhe danos de ordem moral e psíquica de variada intensidade e sob diversas modalidades; já 
em um segundo momento, as agressões morais se remetem no corpo do trabalhador, causando-lhe 
danos fisicos. Além disso, podem provocar-lhe também danos materiais ou patrimoniais, seja sob a forma de 
prejuízos nanceiros, seja por outras lesões como o lucro cessante e a perda de oportunidades. E, nalmente, essas 
lesões ainda podem re e r nos relacionamentos sociais do trabalhador, afetando diretamente sua convivência familiar 
e, não raras vezes, produzindo danos re exos nos membros da família, seja em razão das alterações de seu 
comportamento, seja em função dos danos sicos sofridos 
Aspectos e elementos estressores no trabalho
Tudo isso acarreta ao trabalhador euforia, ansiedade, irritação, angús a e, nos casos mais graves, problemas de saúde, 
como a Síndrome de Burnout, que é responsável pela incapacidade ao trabalho. (MINARDI, 2010, p. 76). 
O tempo livre passa a ser entendido como tempo não produ vo, não capital; e, neste sen do, outros aspectos da vida 
humana como os encontros sociais, os cuidados com a família e os momentos de lazer tão importantes para a 
saúde mental deixam de ser vividos, o que gera ainda mais a ocorrência de sofrimento. 
problemas de ansiedade, angús a, crises de choro, nervosismo, irritabilidade, depressão, medo, frustração, autoes ma
baixa, entre outras doenças psicossomá cas. 
Síndrome de Burnout (Esgotamento prossional )
É caracterizada pelo exaurimento emotivo, pela despersonalização, pela reduzida realização pessoal. É uma síndrome em que 
há uma progressiva perda de idealismo, de energia, de objetivos; uma perda de motivação e de expectativas para ser efi
ciente no fazer o bem; um estado de cansaço ou frustração originário da devoção a uma causa. Nesse sentido o Burnout é
considerado como o último passo de uma progressão de tentavas sem sucesso para enfrentar uma série de condições nega 
vas e estressantes. 
Assédio Moral Organizacional
Imperioso observar que o assédio moral organizacional consiste, exatamente, na sobrecarga de trabalho imposta pelo 
empregador, resultante de estratégia organizacional para que o empregado se submeta às imposições de sobrecarga de 
trabalho voltada à maximização da produtividade. 
Nassif (2005, p. 108)
Assédio moral ( individual e/ou organizacional)
[...] como toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo (sic) por comportamento, palavras, atos, 
gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade sica ou psíquica de uma 
pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. Hirigoyen (2002, p. 65) 
“a pressão psicológica, o assédio moral, o mobbing são formas de violência psíquica cada vez mais presentes nas 
relações de emprego, tornando o meio ambiente de trabalho nocivo à saúde mental do trabalhador”. (SIMM, 2008, 
p. 10). 
Assédio sexual 
O assédio sexual pode ser de nido como a conduta reiterada de caráter lascivo que tenha como obje vo cercear, 
direta ou indiretamente, a liberdade sexual da pessoa que está sendo constrangida. Tal cerceamento pode ocorrer 
tanto a par r de um superior hierárquico quanto entre trabalhadores do mesmo nível hierárquico. 
A violência psíquica na relação de trabalho denigre a personalidade e a dignidade da pessoa humana, a ngindo “em 
cheio” os direitos fundamentais do trabalhador e vários direitos da personalidade da ví ma, como à liberdade sexual, 
à in midade e à privacidade, à honra e à integridade psíquica da ví ma. (ALKIMIN, 2009, p. 86). 
Síndrome de Burnout
Dimensões:
A primeira acarreta ao trabalhador exaustão emocional. Nela, o pro ssional se sente incapacitado para enfrentar as 
demandas ocupacionais, sociais e afe vas; ocorre sensação de esgotamento, de falta de energia e de recursos 
emocionais próprios para lidar com as ro nas da prá ca pro ssional. 
A segunda dimensão ocasiona despersonalização. Nesta, a pessoa tende a se afastar das ocupações pro ssionais
(manifestando absenteísmo, diminuição do ritmo, desleixo), dos colegas de trabalho e das pessoas em geral 
(mostrando-se fria – impessoal e adotando comportamentos quees mulam o afastamento); pode representar um risco 
de desumanização e cons tui a dimensão interpessoal. 
A terceira dimensão, há a falta de realização pessoal no trabalho; o profissional passa a ter percepção de ineficácia; o 
trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho; as coisas não mais lhe importam; qualquer esforço lhe 
parece inú l. 
Abreu, K. L. et al (apud FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2003, p. 275), 
Estresse Sindrome de Bournot
“são perturbações que causem distúrbios agudos 
ou crônicos no bem- estar das pessoas e podem 
surgir em função de es mulos sicos e/ou 
emocionais” (pressões organizacionais e de assédio
moral.)
no estresse, a pessoa tem sintomas como suor em 
excesso e taquicardia, mas pode superar sozinho, 
com o afastamento temporário e algo relaxante, 
como terapia, ginástica e dança; 
problemas de memória, mal-estar generalizado, 
problemas de pele como psoríase, perda do senso 
de humor, podendo ocorrer ainda distúrbios
gastrointestinais, úlcera, sono irregular, 
sensibilidade emotiva, falta de apetite sexual, sendo 
imprescindivel o afastamento do trabalho e a busca 
de ajuda médica
pensamentos repetitovos, culpa que o desestrutura 
emocionalmente, transformando-
se em um fóbico, ansioso, depressivo, além de 
perder o rendimento, a responsabilidade, passando 
a ter atitudes que não tenha e se despersonalizando
Se não identificado e tratado, pode evoluir para a 
fase de exaustão, causando sérios riscos ao 
trabalhador.
Estresse e Síndrome de Burnout
O fenômeno do stress é desencadeado, como referiu Selye, por 
um estímulo estressor ou estressor, e a resposta do indivíduo 
diante do estímulo chama-se processo de stress. Se a reação do 
indivíduo causar conseqüências negativas, trata-se, então, de 
distress; por outro lado, quando há uma reação saudável ao 
estímulo dá-se o nome de eutress. S
Selye (1956) considerou três fases no desenvolvimento do 
stress: a de alerta, a de resistência e a de exaustão, podendo 
identificar através dessas fases a gradação da seriedade do 
nível de stress em que a pessoa 251MEDICINA 
PSICOSSOMÁTICA Estudos de Psicologia I Campinas I 24(2) I 
247-256 I abril - junho 2007 se encontra. A fase de alerta é 
considerada a etapa na qual a pessoa tem uma descarga de 
adrenalina preparatória para a adaptação e consegue ter êxito 
na situação, alcançando uma sensação de plenitude; logo, é 
uma fase positiva do stress. Na fase de resistência, a pessoa 
continua tentando lidar, de forma automática, com os 
estressores, buscando manter a sua homeostase interna; se 
esses estressores persistirem em freqüência ou intensidade, e 
não acontecer sua interrupção ou existirem dificuldades de 
adaptação através de estratégias de enfrentamento, pode 
ocorrer uma quebra da resistência da pessoa. Como 
conseqüência disso, a fase seguinte é a de exaustão, na qual os 
órgãos com maior fragilidade genética são mais facilmente 
atingidos por distúrbios, podendo, por meio desse processo, 
surgir doenças graves.
Missão prevenir e proteger
Condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro
Maria Cecília de Souza Minayo (Coordenadora)
Edinilsa Ramos de Souza (Coordenadora)
Patrícia Constantino (Coordenadora)
Simone Gonçalves de Ass is
Miriam Schenker
Liane Maria Braga da Silveira
Adalgisa Peixoto Ribeiro
Cleber Nascimento do Carmo
Thiago de Oliveira Pires
Pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (CLAVES/ENSP/FIOCRUZ) e 
da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ)/2008
População pesquisada: 1.108 profissionais, em 17 Unidades da PMRJ
Temáticas:
Qualidade de vida nos âmbitos de trabalho, da família e da comunidade; condições de trabalho do setor; sugestões para a melhoria dessas condições;
riscos e estratégias para lidar com os desafios cotidianos; relações de trabalho; reconhecimento do policial e do seu serviço pela sociedade e pela própria corporação.
67,6%
11,4%
4,8%
16,1%
74,8%
8,1%
1,8%
15,2%
Seguranç
a 
particular
Comerciante
Dirigirtáxi
Outro
Oficial / Suboficial /Sargentos Cabos /Soldados
Condições de Trabalho dos Policiais Militares
Jornada de Trabalho
Gráfico 21 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a atividade fora da 
Polícia
Condições de Saúde e Risco Profissional
O conceito de ‘situação de saúde’ se refere a como, na prática, as condições de saúde (sociais, econômicas, políticas, 
culturais e ambientais) impactam a vida de determinada população ou indivíduo, no caso os policiais militares - uma forma peculiar de 
exercício da profissão, de interação e de cuidados que distinguem os policiais de outras categorias profissionais.
“O serv iço policial ativo causa gr ande desgaste físico e emocional. Juntando a falta de investimento e recurso para a
sobrevivência do próprio policial, poderá ocasionar problemas no relacionamento familiar, embora não justificando o desvio de
conduta, como, por exemplo, prática de crimes, entre outros. Solicito das autoridades uma atenção especial para o seu maior patrimônio,
que é o profissional de Polícia”(Sargento)
Profissão de Risco
Tabela 3 –Distribuição dos policiais civis e militares segundo a percepção de risco em sua atividadepolicial*
Risco
PolíciaMilitar PolíciaCivil
n. % n. %
Constante 8.199 81,1 965 69,2
Eventual 1.913 18,9 362 26,0
Não há risco - - 67 4,8
Total 10.112 100,0 1.394 100,0
Risco – vocábulo ‘riscari’: ‘ousar’ “Conceito que faz parte da escolha profissional, desempenha um papel inerente às condições de 
trabalho ambientais e relacionais. Os profissionais têm consciência disso: seus corpos estão permanentemente expostos e seus 
espíritos não descansam.”
“Todo o nosso trabalho vai afetar a nossa saúde. Éa
quantidade de horas excessivas de trabalho, as 
condições em quenós vamos executar esse trabalho. A 
grande maioriatemhipertensão. Eu nunca tive hipertensão 
na vida e, agora, passei a ter esse problema”.
Reflexões de um grupo focal com soldados
Condições de Saúde Física 
dos Policiais Militares
Relacionam diretamenteasuacondiçãode
saúde ao processo de trabalho: horas de sono
perdidas, estresse diário, permanente risco de
vida,máalimentaçãoe intensidadedotrabalho
são os itens mais frequentemente mencionados.
O ‘bico’, que ocupa as horas destinadas ao
descanso, também foi apontado como um fator
prejudicial à saúde nos grupos focais dos quais
participaram soldados,cabose sargentos.
Gráfico 32 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo o índice de massa corporal
27,8%
47,1%
23,4%
1,7%
2,2%
33,9%
48,3
%
15,6%
Abaixo dopeso
Normal
Sobrepeso
Obes
o
Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados
Gráfico 34 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a prática de atividades físicas
10,2%
38,0%
8,4%
40,7%
25,9%
25,3%
25,8%
25,6%
Quatro ou mais 
vezes porsemana
Uma a trêsvezes
por
semana
Três vezes por mês a 
poucas vezes porano
Não
pratica 
atividade física
Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados
Problemas de saúde mais frequentes
Gráfico 35 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo os problemas de 
saúde maisfreqüentes
43,0%
37,4%
32,2%
27,5%
25,0%
21,9%
15,1%
15,0%
14,4%
12,2%
11,7%
10,7%
10,4%
24,6%
40,8%
37,1%
14,3%
11,3%
22,7%
21,6%
16,7%
19,9%
25,8%
16,8%
8,9%
11,7%
13,9%
9,3%
10,3%
11,9%
7,9%
9,8%
11,5%
6,3%
8,0%
8,7%
Defeito da visão (miopia, astigmatismo,
vista cansadaetc.
Freqüentes dores no pescoço, 
nas costas ou na coluna*
Dores decabeça freqüentes / enxaquecas*
Deficiência auditiva em um ou ambos os
ouvidos*
Hipertensão arterial*
Torção ou luxação de articulação
Rinite alérgica*
Sinusite*
Alergia de pele, dermatite alérgica,
urticária*
Gastrite crônica* 
Tumor, cisto ou outroproblema
de útero ouovário**
Dengue*
Constipação freqüente*
Artrite ou qualquer outro tipo de 
reumatismo*
Indigestão freqüente*
Hérnia de disco*
Cálculos renais*
Bursite* Oficial / Suboficial / Sargentos
Cabos / Soldados
Lesões eIncapacitações
10,3%
9,3%
6,6%
2,5%
1,8%
1,3%
2,8%
4,9%
3,0%
1,2%
1,5%
1,5%
1,0%
Deformidade permanente ourigidez
constante de pé, perna oucoluna* 6,4%
Outraincapacidade*
Deformidade permanente ou rigidez 
constante de dedo, mão oubraço(2)
Incapacidade para reter fezes ou urina*
Paralisi a permanente de qualquertipo*
Dedo ou membro 
amputado
Seio, rim ou pulmão 
retirado**
Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados
Prazer, Estresse e Sofrimento Mental
Tabela 9 –Distribuição proporcional dos policiais civis e militares, segundo os sintomas de 
sofrimento psíquico que ocorrem atualmente
Sintomas de sofrimento psíquico Civil Militar
Dormemal*** 39,5% 53,5%
Sente-se nervoso, tenso ouagitado 48,8% 47,5%
Sente-setriste*** 33,6% 39,0%
Sente-se cansado o tempotodo*** 24,9% 35,5%
Sente dores de cabeçafreqüentemente*** 24,9% 35,3%
Sente dificuldade para realizar com satisfação suas atividadesdiárias*** 24,5% 34,3%
Cansa-se comfacilidade*** 27,2% 34,0%
Tem falta deapetite*** 9,6% 14,6%
Tem má digestão* 23,6% 26,2%
Assusta-se comfacilidade*** 16,2% 25,6%
Tem sensações desagradáveis noestômago* 20,8% 23,4%
Tem perdido o interesse pelascoisas*** 18,4% 22,7%
Sente dificuldade em pensar comclareza*** 16,3% 22,4%
Sente dificuldade no serviço (o trabalho é penoso e causasofrimento)*** 8,4% 20,4%
Sente dificuldade para tomar decisões*** 15,2% 19,4%
Tem tremores nasmãos*** 9,1% 16,6%
Tem chorado mais que de costume 12,8% 13,6%
Sente-se incapaz de desempenhar um papel útil na vida 33,2% 25,8%
Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo*** 5,7% 9,0%
Tem tido idéia de acabar com a própriavida* 3,3% 5,0%
Prazer, Estresse e Sofrimento Mental
“Precisamos muito de qualquer tipo de ajuda.” 
As expressões de sofrimento se apresentam em sintomas psicossomáticos,
depressivosede ansiedade quepodem servisualizadosnoGráfico37.
53,4%
41,8%
34,5%
34,1%
33,1%
26,8%
14,6%
7,9%
53,5%
53,7%
57,2%
37,4%
39,8%
34,2%
35,6%
31,5%
37,3%
29,1%
20,0%
26,6%
25,7%
26,5%
23,7 %
23,6%
23,3%
23,6%
22,7%19,8%
20,3%
21,0%
18,4%
16,9%
16,6%
13,6%
13,1%
10,8%
9,9%
8,8%
8,9%
5,6%
Oficial / Suboficial / Sargentos
Cabos / Soldados
Sente-se nervoso, tenso ouagitado
Dormemal* 
Tem se sentido tristeultimamente*
Tem dores de cabeça freqüentemente*
Encontra dificuldade pararealizarcom 
satisfação suas atividadesdiárias*
Cansa-se comfacilidade*
Sente-se cansado otempotodo* 
Tem dificuldade de pensar com clareza*
Assusta-se comfacilidade
Tem mádigestão 
Tem perdido o interesse pelascoisas
Tem sensações desagradáveis noestômago
Tem dificuldade paratomardecisões* Tem 
dificuldade no serviço (seu trabalho é
penoso, lhe causasofrimento)
Tem tremores nasmãos**
Tem faltadeapetite* 
Tem chorado mais do que de costume
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua 
vida**
Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo
Gráfico 37 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo o sofrimento psíquico
Todos os policiais, inclusive os civis, assinalaram que o 
estresse é responsável por doenças subjetivas, não visíveis aos 
olhos do médico, tais como enxaquecas, dores de 
estômago e nervosismo, e que, por serem subjetivas, não 
são levadas em consideração pelas chefias. 
“Você, no caso, temdeacompanhar o seguinte: está sentado
numa radiopatrulhaàs 7 horasdanoiteevai sair dedentro
dela às 7 horas da manhã, assistindo, durante essas 12
horas,duranteamadrugada,atudo quantoédesgraça,mesmo
quenãosejacomvocê.Masassistir atudoquantoédesgraçanão
ébrincadeira,não!E isso duranteanos,nãoémole,não!Eu
jáacho o policialforte até demais.”
Duplo estresse: 
Lógica de combate (ferimentos,mortes)
Lógica disciplinar (punições, prisões)
Consumo de SubstânciasTóxicas
Gráfico 39 – Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a 
freqüência de uso de bebidaalcoólica
48,6%
Diário/semanal
44,3%
23,8%
Ocasional/raramente
29,3%
27,6%
27,4%
Parou de beber/ 
nuncabebeu
Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados
Gráfico 40 – Distribuição proporcional dos policiais militares segundo a utilização de substâncias 
psicoativas no último ano
13,9%
6,8%
4,4%
2,3%
2,3%
2,0%
8,5%
7,3%
3,0%
1,0%
1,1%
2,1%
4,1%
0,7%
Tranqüilizante*
Para emagrecer/ficaracordado*
Sedativo,barbitúrico*
Maconha*
Cocaína,crack*
Anabolizante*
Algo para sentir ‘barato’*
Oficial / Suboficial / Sargentos Cabos /Soldados
Gráfico 41 –Distribuição proporcional dos policiais militares segundo as dificuldades 
vivenciadas após beber ou usar outrassubstâncias
Deixou de usar 21,9%
preservativo 18,6%
15,9%
13,1%
11,1%
10,5%
7,1%
6,1%
5,1%
13,2%
9,0%
11,8%
11,9%
7,7%
7,4%
4,2%
5,7%
6,6%
Problema com a família*
Problema emocional/ 
‘crise nervosa’*
Problema de 
agressividade
Problema de saúde*
Dificuldade na relação
sexual(1)
Faltou ao trabalho*
Problema no trabalho
Se envolveu 
em acidentes notrânsito*
Oficial / Suboficial / Sargentos 
Cabos / Soldados

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