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ENVELHECIMENTO CELULAR Senescência: envelhecimento fisiológico – normal Senilidade: envelhecimento patológico – deletério É um processo lento, progressivo e inevitável, caracterizado pela diminuição da atividade fisiológica e adaptação ao meio externo, em que acumula-se processos patológicos com o passar dos anos Envelhecimento Envelhecimento Em 2012 existiam no mundo aproximadamente 810 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e este número deverá crescer para mais de 2 bilhões em 2050. A proporção total da população com idade igual ou superior a 60 anos é muito maior nas regiões mais desenvolvidas do que nas menos desenvolvidas. A Ásia tem mais de metade (55%) das pessoas idosas do mundo, seguida pela Europa que responde por 21% do total. Department of Economic and Social Affairs, New York, 2013 2012 2050 A melhoria das condições de vida nos últimos 150 anos levou ao aumento da esperança de vida, o que conduz a um impacto profundo na sociedade e na economia, uma vez que a proporção de idosos cresce exponencialmente. Department of Economic and Social Affairs, New York, 2013 Envelhecimento Importância do estudo do envelhecimento O envelhecimento gradual da população mundial torna a investigação sobre os mecanismos do envelhecimento um problema pertinente a nível médico. A principal motivação para a investigação do processo de envelhecimento é o fato de a idade ser o maior fator de risco para muitas doenças. Assim, a importância do estudo é permitir que o homem tenha uma vida mais longa e saudável, com a consciência de que não vai viver para sempre. Patologias relacionadas ao envelhecimento São patologias crônicas e podem causar períodos longos de morbidade grave, eventualmente mortalidade. Doenças com perda de função. Essencialmente Degenerativa. Doenças neurodegenerativas, Vários aspectos da doença cardiovascular, Degeneração macular, Osteoporose, Sarcopenia, entre outras. Doenças com ganho de função. Geralmente hiperplásica. Hiperplasia prostática benigna, Espessamento arterial na aterosclerose Câncer Patologias relacionadas ao envelhecimento Sistema Nervoso Central ─ Demências (Alzheimer, demência vascular, demência de corpos de Lewy, associada ao Parkinson, associada a doenças sistémicas…) ─ Neuropatias ─ Alteração dos padrões de sono ─ Depressões Aparelho Locomotor ─ Doenças reumáticas (artropatias, osteoporose, polimialgia reumática …) ─ Instabilidade postural / quedas / fraturas ─ Imobilidade Patologias relacionadas ao envelhecimento Sistema Cardiovascular ─ Arteriosclerose ─ Hipertensão arterial ─ Cardiopatias (insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, angina de peito…) Sistema Respiratório ─ Bronquite crônica ─ Pneumonia ─ Cancro do pulmão Sistema Urinário ─ Infeções urinárias ─ Incontinência ─ Perturbações renais Patologias relacionadas ao envelhecimento Sistema Digestivo ─ Úlceras duodenais e gástricas ─ Cancro gástrico e colo-retal ─ Hepatopatias crônicas ─ Cirrose Sistema Hematológico ─ Anemia ─ Leucemias e linfomas ─ Mieloma múltiplo Sistema Endócrino ─ Diabetes Mellitus ─ Alterações da tiroide ─ Obesidade Sistema Sensorial ─ Visão: cataratas, glaucoma Sistema Reprodutor ─ Hiperplasia benigna da próstata ─ Câncer de próstata Patologias relacionadas ao envelhecimento Sistema Sensorial ─ Visão: cataratas, glaucoma Sistema Reprodutor ─ Hiperplasia benigna da próstata ─ Cancer da próstata Envelhecimento Redução gradual da atividade célular Órgãos Organismo Teorias do envelhecimento Teoria determinista defende que o envelhecimento é desencadeado por uma programação puramente genética e inclui teorias como a somática, a genética e das telomerases. Teoria estocástica defende que o envelhecimento é conseqüência de sucessivas lesões do ácido desoxirribonucléico (DNA), inibindo o funcionamento celular e inclui teorias como a da lesão/reparação do DNA, da oxidação dos radicais livres e das radiações. Teorias do envelhecimento Conclusão Nenhuma das teorias, sozinha, consegue explicar todos os passos deste complexo processo que é o envelhecer. Em cada uma delas encontramos “pedaços” da “verdade” biológica do envelhecer. Existe a necessidade de maiores estudos sobre o envelhecimento. . Tipos de Células Não Proliferativa Proliferativa L o n g a d u ra ç ã o C u rt a d u ra ç ã o Teorias do envelhecimento Células proliferativas Bloqueio na progressão do ciclo celular ↓capacidade de mitose X X X X X X X X X X X X X X X X Teorias do envelhecimento Células Não Proliferativas Acúmulo de material precipitado (lipofuscina) Alteração da estrutura e fisiologia celular - Alterações morfológicas - Alterações fisiológicas Tempo Fosfolipídeos e proteínas Envelhecimento Celular A característica principal do processo de senescência consiste na incapacidade de uma célula progredir no ciclo celular. A inibição de crescimento das células senescentes ocorre geralmente na fase G1 da mitose, com permanência da atividade metabólica. G0 Estímulo mitógeno Envelhecimento Celular Campisi e colaboradores (2011) pressupõem que a senescência está envolvida na supressão tumoral, assim como na reparação de tecidos em organismos jovens. O ponto negativo da resposta senescente revela-se apenas na vida tardia, quando a acumulação de células senescentes promove uma inflamação crônica localizada e uma remodelação de tecidos, condições reconhecidas como promotoras de tumor. Envelhecimento Celular Beltrami e colaboradores, 2011 Envelhecimento Celular A senescência celular é desencadeada pela resposta a vários estímulos intrínsecos e extrínsecos, sendo mediada pelas vias de supressão tumoral que envolvem as proteínas p53 e p16. Os genes supressores de tumor p53 e p16, promovem um impedimento para a entrada da célula na fase G1 do ciclo celular. A inativação dos genes p53 e p16 é um evento freqüentemente encontrado em muitos tipos de neoplasias malignas. Via de sinalização Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência replicativa Está associada aos telómeros, estruturas localizadas nas extremidades dos cromossomas, protegendo-as da degeneração, contribuindo para a estabilidade genômica. Os telómeros são constituídos por sequências de seis nucleotídeos – TTAGGG – unidas pelo complexo proteíco telosoma. Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência replicativa No processo de duplicação do DNA, uma parte dos telômeros é perdida. A perda progressiva nas sucessivas mitoses atua como um relógio biológico para as divisões celulares. “Determina quantas vezes a célula se divide e quanto tempo irá sobreviver”. Hayflick, 1965 Os tecidos humanos mostram encurtamento dos telómeros com a idade, associado aos ciclos de divisão celular, através da perda de pares de bases (pb) de DNA telomérico. Verifica-se uma perda de cerca de 35 pb por ano, entre os quatro e os oitenta anos de idade. Indutores intrínsecos Senescência replicativa Pinto e colaboradores, 2007 Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência replicativa Estabiliza o comprimento dos telômeros pela adição de repetições teloméricas de RNA (TTAGGG) na extremidade dos cromossomas. Telomerase (Transcriptase reversa) Enzima disponibilizada somente Na replicação dos telômeros Compensação da perda gerada pela divisão celular.Blackburn e Greider, 1985 Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência replicativa Quando os telômeros atingem um comprimento curto e crítico, estes perdem a sua função e são reconhecidos como se fosse um dano no DNA. Ativa proteínas que participam de vias de supressão tumoral P53 e p16 Impede o crescimento e a transformação das células genomicamente instáveis com telômeros curtos. Hayflick, 1965 ± 50 divisões Envelhecimento Celular Relação entre o tamanho dos telômeros e a capacidade de proliferação celular. As células germinativas não- diferenciadas (linha amarela) possuem longos telômeros e se multiplicam indefinidamente, enquanto as células somáticas diferenciadas (linha laranja) dividem-se por um número determinado de gerações e perdem gradualmente seus telômeros. No entanto, as células em crise, que já acumularam diferentes mutações, morrem ou reativam a telomerase, tornando-se imortais. Nas síndromes relacionadas ao envelhecimento prematuro, é observado o encurtamento acelerado dos telômeros (linha roxa). Hayflick, 1965 Envelhecimento Celular 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse Danos referem-se a alterações físicas ou químicas na estrutura da dupla hélice. Modifica a sua estrutura Mutações são alterações na sequência nucleotídica (deleções, inserções, substituições ou arranjos de pares de bases), que podem conduzir a proteínas não funcionais. Alteram o conteúdo informativo da molécula de DNA Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse Danos no DNA Fatores Intrínsecos Espécies Reativas de Oxigênio: Peróxido de Hidrogênio - H2O2, Oxigênio Singlete - 1O2 Fatores Intrínsecos Radicais Livres de Oxigênio: Ânion Superóxido (·O2-) Radical Hidroxila (HO·) Radical Hidroperoxila (HOO·) Radical Peroxila (ROO·) Estresse oxidativo Produção aumentada na mitocondria Fatores Extrínsecos Substâncias químicas, Radiação ultravioleta, Radiação ionizante e vírus Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse Radicais Livres (RL) maiores responsáveis pelo envelhecimento Espécies químicas que apresentam elétrons desemparelhados que são altamente reativas Provocam alterações químicas em moléculas biológicas levando a perda de sua função Gerados naturalmente ou por ação de agentes externo Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse ESTRESSE OXIDATIVO Antioxidante Oxidante Radicais Livres Espécies Reativas de Oxigênio Proteínas e Enzimas Vitaminas Metabólitos Senescência induzida por estresse Indutores intrínsecos Envelhecimento Celular DNA mitocondrial DNA nuclear Estresse oxidativo Estresse oxidativo Dano DNA Dano DNA Radicais Livres: Célula Lesão/regeneração DNA Estresse oxidativo Célula Polimerases DNA Célula DNA Longevidade celular Cataliza a reação de polimerização para divisão celular Envelhecimento Celular Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse DNA Lesão grave Estresse oxidativo Via p53 Apoptose Senescência Supressão tumoral Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse Alterações epigenéticas: O termo epigenética refere-se a um número de modificações bioquímicas da cromatina que, não alterando a sequência primária do DNA, têm um importante papel na regulação e controle da expressão gênica. Herdada durante a divisão celular, além da sequência de DNA, a epigenética mantém a integridade do genoma e a identidade celular. Envelhecimento Celular Indutores intrínsecos Senescência induzida por estresse Metilação do DNA Mecanismos da epigenética Histona lisina metiltransferase DNA Metiltransferase Supressores tumorais Mecanismos de silenciamento gênico Envelhecimento Celular Indutores Extrínsecos Fenótipo secretor associado à senescência (SASP) Células senescentes Aumento da secreção: Citocinas Quimiocinas Fatores de crescimento Proteases Via p53 SASP Entre outras funções, o SASP permite que as células danificadas comuniquem o seu estado às células circundantes, podendo funcionar como estímulo à regeneração e/ou reparação de tecidos após lesão. Indutores Extrínsecos Fenótipo secretor associado à senescência (SASP) Envelhecimento Celular No que diz respeito a efeitos maléficos, a literatura refere que as doenças associadas ao envelhecimento possam ser alimentadas por sinais de dano propagados pelo SASP. Campisi, 2011 Envelhecimento Celular Indutores Extrínsecos Fenótipo secretor associado à senescência (SASP) O SASP secreta citoquinas inflamatórias e outros mediadores de reações inflamatórias. As células senescentes podem, por conseguinte, constituir uma fonte de inflamação “estéril”, que é característica dos tecidos envelhecidos, e um condutor para múltiplas patologias relacionadas com a idade, tanto degenerativas como hiperplásicas Envelhecimento Celular Síndromes do Envelhecimento Precoce (Progeróides) A síndrome de Hutchison-Gilford (HGPS, OMIM #1766701) ou Progeria (foi descrita, pela primeira vez, em 1886 pelo médico Jonathan Hutchinson e ratificada por Hasting Gilford, em 1904. Gene LMNA Cromossoma do fenótipo humano Alterações sequencia nucleotídica Proteína Progerina Regeneração tecidos Média de vida destes doentes é cerca de 13 anos, com longevidade máxima que pode variar dos 7 aos 27 anos. Coutinho et al, 2009 Envelhecimento Celular Síndromes do Envelhecimento Precoce (Progeróides) Pacientes normais ao nascimento alterações no fim do primeiro ano de vida Aparência facial Alterações esclerodermóides Baixa estatura Micrognatia Deformidades articulares Anormalidades esqueléticas Olhos protuberantes Dentes irregulares Envelhecimento Celular Síndromes do Envelhecimento Precoce (Progeróides) Atualmente os pesquisadores sabem que a síndrome é resultado da mudança de apenas uma entre inúmeras bases nitrogenadas que compõem o DNA. Essa alteração é detectada através do sequenciamento do gene, portanto a progéria também pode ser detectada através de avaliação genética. Diagnóstico: Campisi, 2011 Envelhecimento Celular Estudos da senescência celular in vivo mostram que as células senescentes aumentam de número com a idade e verificou-se a associação entre as patologias relacionadas com o envelhecimento e os mecanismos indutores de senescência prematura. Patologia Mecanismos indutores de senescência prematura Envelhecimento Prematuro - Sindrome de Hutchinson-Gilford/Progeria - Alteração na estrutura nuclear - Sindrome de Werner - Encurtamento dos telómeros - Ataxia-telangiectasia - Encurtamento dos telómeros - SASP Doenças Pulmonares - Enfisema Pulmonar - Encurtamento dos telómeros - Fibrose Pulmonar - Encurtamento dos telómeros Patologia Mecanismos indutores de senescência prematura Doenças Neurodegenerativas - Alzheimer - Encurtamento dos telómeros - Disfunção mitocondrial - Autofagia - Parkinson - Encurtamento dos telómeros - Disfunção mitocondrial - Autofagia - Esclerose lateral amiotrófica- Disfunção mitocondrial Envelhecimento Celular Doenças Hematológicas - Anemia de Fanconi - Encurtamento dos telómeros - Disceratose Congénita (Cutaneomucosa) - Encurtamento dos telómeros - Anemia Aplástica - Encurtamento dos telómeros Autofagia é um processo celular fisiológico para degradação e reciclagem de componentes do citosol e organelas celulares danificadas, para manutenção da homeostase celular em condições adversas como privação de nutrientes, presença de patógenos e toxinas. Campisi, 2011 Envelhecimento Celular Doenças Cardiovasculares - Aterosclerose - - Encurtamento dos telómeros - Disfunção mitocondrial - Autofagia - Insuficiência Cardíaca - Encurtamento dos telómeros - Autofagia - Disfunção mitocondrial Patologia Mecanismos indutores de senescência prematura Doenças Músculo-esqueléticas - Osteoartrite - SASP Outras patologias - Degeneração macular relacionada à idade - Disfunção mitocondrial - Autofagia - Hiperplasia benigna da próstata - SASP Campisi, 2011 Envelhecimento Celular Por fim, o envelhecimento é um processo que resulta no declínio funcional e na morte dos organismos. Em nível celular, o estudo das células senescentes, em cultura, tem proporcionado modelo para entender a perda da funcionalidade e o processo do envelhecimento. As evidências experimentais apoiam as hipóteses de que o envelhecimento é uma sequência de eventos programados que caracterizam o processo final de diferenciação de um organismo e que esse também é decorrente da ação aleatória de mutações casuais estando, assim, apoiado em fatores genéticos e não genéticos. Seibert e Neto, 2012
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