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Artigo_Andragogia corrigido

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A ANDRAGOGIA NO ENSINO SUPERIOR: UM NOVO OLHAR PARA O APRENDIZADO DO ADULTO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
 
OLIVEIRA, Gisele Alves de[1: Aluna. Licenciada em Pedagogia pela Faculdade Doutor Leocádio José Correia, Pós Graduação em EAD e Novas Tecnologias pela Faculdade Educacional da Lapa, magali.gi2012@gmail.com.]
WARSZAWIAK, Ana Cristina Zadra Valadares[2: Orientadora. Professora, Mestre em Educação. Ana.zadra@fael.edu.br]
RESUMO
A Andragogia foi apresentada pela primeira vez pelo professor alemão Alexander Kapp, em 1833, ao escrever o livro intitulado “Platz’s Erziehungslehre” (Teorias Educacionais de Platão). O livro o autor aborda diferentes fases da educação e para cada fase, classifica com um título. Por exemplo, a educação antes mesmo do nascimento classificou como (propedêutica), a educação na fase infantil (pedagogia) e quando dedicou um capítulo para a educação de adultos, utilizou o termo Andragogia para definir esse tipo de ensino. O termo não ficou restrito apenas para a população alemã, mas um educador americano chamado Eduard Lindeman conheceu o trabalho de Rosenstock e levou-o para a América, onde em referenciava o autor em suas publicações. Lindeman, um dos personagens principais da Andragogia, que veio a ser um dos mentores de Malcolm Knowles, figura mais importante da história andragógica até os dias de hoje. Para conhecer o sentido do termo, o termo “gogia” significa ‘orientar, conduzir e “paidos” em grego significa criança, ou seja: pedagogia: orientar/conduzir a criança. A Andragogia é a ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender. É preciso considerar que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem de adultos. A Andragogia, enquanto modelo para educação de adultos é caracterizada pela participação dos alunos, pela flexibilidade e pelo foco no processo, ao invés da ênfase no conteúdo.
Os objetivos a serem considerados é apresentar a importância e o novo conceito de Andragogia na aprendizagem, esclarecendo e informando as expectativas desse conceito e na aprendizagem de adultos. Este do tema foi escolhido após observar alguns vídeos gravados de professores que apresentavam o conteúdo como estivessem apresentando para crianças, ou seja, a didática utilizada por alguns professores poderia não ser considerada a adultos.
PALAVRAS-CHAVE: Andragogia, Pedagogia, Educação de Jovens e Adultos. 
1 INTRODUÇÃO 
Atualmente a tecnologia está muito presente em nossas vidas e se adaptar para este novo paradigma ainda é um grande desafio. Por todos os lados vemos pessoas se conectando, teclando e comunicando com outras, através dos meios tecnológicos e o uso das tecnologias de informação é muito importante para o ensino à distância. Por isso, acreditamos na importância das tecnologias no ensino à distância e devido a essa nova fase educacional as instituições de ensino superior estão ofertando diversos cursos de graduação e pós-graduação à distância. Levando em conta que hoje, muitas pessoas têm pouco tempo para estudar no ensino presencial, o ensino a distância surgiu para criar oportunidades das instituições em oferecer aulas através do sistema EAD
Pensando nessa nova modalidade de ensino, atualmente a busca por um curso superior aumentou muito, e algumas áreas procurada nas instituições de curso superior são na área de Licenciatura e o que mais se destaca é a Pedagogia, com um mercado em expansão e podendo atuar em diversas áreas em instituições educacionais, e a busca pela estabilidade em concursos públicos, fez com que as instituições de ensino superior ofereçam mais vagas devidas essa procura. Em específico o curso de Pedagogia em alguma matriz curricular, podemos observar que na maioria das disciplinas o foco é nos fundamentos e metodologia do ensino focado para crianças e principalmente quando o assunto são os distúrbios e dificuldades de aprendizagem, percebendo que existem poucas referências bibliográficas ou pesquisas focando na aprendizagem e no ensino de jovens e adultos.
Considerando que a pedagogia está ligada ao processo de ensino e aprendizagem de crianças, hoje é possível conhecer outras formas de ensinar o adulto. Não que o profissional do magistério não tenha condições de atuar com adultos, mas a forma que os jovens e adultos aprendem ou adquirem conhecimento é diferente. Existem vários autores que escrevem sobre a pedagogia, mas poucos ainda apresentam o termo Andragogia. Podemos resumir que a Andragogia é uma das vertentes da ciência da educação, onde se aprende inclusive os caminhos e estratégias para ensinar os adultos.
Entretanto, não encontramos cursos superiores em Andragogia, mas em cursos de extensão online e presencial. Este tema pode ser utilizado tanto no meio acadêmico, como empresarial (ensino superior, treinamentos, palestras, reuniões) pode ser utilizado por professores, instrutores, facilitadores, gestores de equipes, coachs e interessados em educação. Portanto, no decorrer deste artigo, será apresentado um breve resumo da educação à distância, a história e conceito da Andragogia e a importância dessa metodologia para adultos e a comparação com a pedagogia. 
2 DESENVOLVIMENTO
	
Atualmente a educação de jovens e adultos vem apresentando uma grande busca, especialmente nos cursos de graduação, onde a universalização da internet e do acesso as tecnologia de informações possibilita o acesso a novos segmentos sociais ao mundo acadêmico. Especialmente para os adultos, vislumbram a possibilidade de retomar seus estudos e progredir na carreira profissional através da educação de jovens e adultos, ou seja, matriculando-se na rede de ensino onde viabiliza aulas para jovens e adultos. Ao concluir seus estudos no ensino médio, começa a sentir a necessidade de ampliar seus estudos para uma graduação. Quando o aluno começa um curso na condição de principiante apoiado por um professor presencial utiliza a ferramenta da linguagem e do diálogo como fonte principal de estudo, o aluno acompanha as atividades tendo um professor para orientar, conduzir e acompanhar o aprendizado o acadêmicos. Quando os jovens e adultos buscam um curso superior à distância, os motivos são diversos, mas o mais comum é a falta de tempo de cursar um curso presencial. Nesse momento, o acadêmico assume progressivamente a responsabilidade pelo seu próprio aprendizado. A Educação a Distância viabiliza uma abrangente democratização do acesso à educação formal e também oferece a oportunidade de realizar uma graduação e crescer como profissional atendendo as demandas específicas do mercado de trabalho no qual o aluno está inserido, constituindo-se em um verdadeiro processo de construção direcionada do conhecimento. Isto ocasiona transformações na prática pedagógica, nesse momento a Andragogia aparece na importância de conhecer esse novo conceito que vem a somar no que aprendemos em Pedagogia. A Educação a Distância traz a ideia de independência do aluno, colocando a distância como uma força positiva para ajudar os acadêmicos adultos a terem a possibilidade de ter um maior controle do seu aprendizado. Porém, o ambiente virtual deverá ser pensado de forma a facilitar o aprendizado do adulto, incluindo as aulas apresentadas em vídeo e demais atividades gravadas. As aulas gravadas devem levar em conta a importância de estimular a aprendizagem de jovens e adultos, sendo de fácil compreensão e valorizando suas experiências de vida e particularidades.
2.1 História do ensino a distância no Brasil
Ao longo dos anos, a educação brasileira vem procurando melhorar a qualidade através da inovação tecnológica, formação de professores e na infraestrutura. Esses avanços são significativos para alcançar uma educação com qualidade. Durante muito tempo as instituições educacionais de curso superior ofertavam somente graduação presencial, porém em muitos lugares, a educação não chega a todos devido a grande extensão do Brasil e locais com difícil acesso. No Brasil a educação a distância, também conhecida como EaD está em constante crescimento, e comisso, a oportunidade de oferecer educação com qualidade para toda a população. A metodologia EaD tornou-se possível, graças as Tecnologias de Informação e Comunicação também chamada de TICs, são ferramentas facilitadoras, que distribuem o conhecimento de forma instantânea e abrangente proporcionando aos educadores novas propostas pedagógicas.
Podemos considerar que o Ensino a Distância teve êxito a partir da segunda metade do século XIX, a intenção era qualificar e especializar mão-de-obra de acordo com as novas demandas industrialização e divisão das técnicas de trabalho continuando ao longo do tempo (FREITAS, 2012). Os primeiros conhecimentos em EaD no Brasil foram em 1920, porém, apenas na década de 80/90 é que cresceu efetivamente. Esta modalidade não está ocorrendo apenas no Brasil, mas em muitos lugares do mundo, com a proposta em atingir o maior número de pessoas e mantendo menor custo. Martins (2001) acredita que ela seja a chave da democratização da educação. De maneira geral a metodologia a distância ainda é assunto que muitos aprovam e desaprovam, no entanto, é realidade e se desenvolve em um cenário de preconceitos e resistências (ALVES, 2009).
Em 1920 foram iniciados os maiores projetos dentro da metodologia do ensino a distância onde tinham os mais diversos objetivos como: levar educação através das rádios (Rádio Sociedade), profissionalizando um número o maior de pessoas em menor tempo através do Instituto Universal Brasileiro. Já na década de 1960, o Movimento de Educação de Base (MEB), uniu a Igreja Católica e o Governo Federal, utilizando um sistema de radio educativo, tendo como objetivo principal em promover a educação para a conscientização da política e a educação sindicalista. Porém, na década de 70, criaram o projeto Minerva que era um convênio entre Fundação Padre Landell de Moura e a Fundação Padre Anchieta, onde o objetivo era produção de textos e programas de um convênio entre o Governo Federal e a Inglaterra. Em 1972 o Brasil enviou para a Inglaterra, em 1972, um grupo de educadores tendo como principal conselheiro Newton Sucupira. Ao final dos trabalhos, elaboraram um relatório onde marcou uma posição de reação às mudanças no sistema educacional brasileiro, deixando um grande obstáculo para implantação da Universidade Aberta e a Distância no Brasil.
Em 1976 criaram o Sistema Nacional de Teleducação onde para MARQUES (2004) o programa operava através de ensino por correspondência e também realizou algumas experiências entre 1977/1979 com rádio e TV e em 12 anos este sistema acumulou mais de um milhão de matrículas em pelo menos 40 cursos diferentes. Outro bom exemplo da metodologia a distância através da televisão foi chamada de teleducação mais conhecida como Telecursos onde os cursos são ofertados até hoje pela Fundação Roberto Marinho. Essa modalidade de EAD foi criada na década de 70 por algumas fundações privadas e não governamentais oferecendo ao telespectador supletivo a distância, com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos. Nesta época, o Brasil era considerado um dos líderes da modalidade.
Em 1980/81 com o crescimento dos meios de comunicação e a ampliação do acesso a internet, foi feita a informatização e a reestruturação do Sistema de Teleducação. Neste período instituíram as diretrizes válidas até hoje e através desta ideia que foi criado em 1995 pelo Departamento Nacional de Educação um setor destinado exclusivamente ao ensino a distância, CEAD (Centro Nacional de Educação a Distância). Na década de 90 foi criado a Universidade Aberta de Brasília com a Lei 403/92, atingindo três campos distintos a ampliação do conhecimento cultural; educação continuada e ensino. No ano seguinte, iniciaram os primeiros cursos de pós-graduação, mas somente após dois anos é que o MEC (Ministério da Educação) começou a se organizar para credenciar oficialmente instituições universitárias para atuar na EAD em 1999, este processo ficou mais conhecido em 2002 e segundo a ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) atualmente, várias instituições foram autorizadas a ofertar cursos de graduação e especialização.
A partir do ano de 2005 a metodologia a distância se expande definitivamente nas instituições brasileiras através da implantação da Universidade Aberta do Brasil, essa modalidade de ensino recebeu muitos julgamentos negativos, a respeito à qualidade, avaliação e metodologias de ensino empregadas, ou seja, foi repreendida como qualquer outra metodologia de aprendizagem que tem propostas fora dos padrões estabelecidos pelo ensino tradicional, com seus professores sendo os mantedores do conhecimento. Apesar das diversas dificuldades, atualmente o ensino a distância passou a ser considerado pela sociedade, ferramentas importantes de divulgação do conhecimento e democratização da informação, proporcionando aos alunos uma variedade de recursos humanos e tecnológicos, colaborando assim de modo eficiente na formação continuada contribuindo para a preparação de profissionais para atuar no mercado de trabalho. 
Numa expectativa global a metodologia EAD vem de encontro com a necessidade de educação abrangendo os diferentes setores ou grupos de população que demonstram dificuldades de acesso aos serviços educativos regulares. Entre essas razões podemos destacar situações geográficas, sociais, falta de ofertas de níveis ou cursos ou ainda as condições econômicas ou outro modo que impedem o acesso ou a continuidade no processo educativo tradicional (BARRETO, 2006). O avanço tecnológico e suas facilidades, a metodologia EaD foi se desenvolvendo numa velocidade em todo o mundo. No Brasil, este desenvolvimento também ocorre até hoje, porém, esbarra em barreiras culturais que restringem o desenvolvimento e o melhor entendimento dessa modalidade de ensino. Desta forma, é indispensável que esses impedimentos sejam cada vez mais trabalhados, pois quando o aluno passa a assimilar perfeitamente a possibilidade de manter relações de aprendizagem mediadas pela tecnologia é que o processo gerado pela Educação a Distância passa a ter validade.
Pesquisas apontam números admiráveis em relação à quantidade de alunos inseridos em cursos através da metodologia EaD mas esses números não são suficientes para impedir os tradicionais questionamentos acerca da sua qualidade, eficiência e da sua praticidade (PANIAGO, 2006). Esses alunos podem contar em qualquer parte onde tenha acesso a internet, com uma educação de qualidade e podendo assim em lugares de difícil acesso, concluir uma graduação dentro da modalidade a distância.
2.2 Origem da Andragogia
De origem grega, o termo Andragogia, tem a preocupação pela educação de adultos desde a época de Platão (séc. IV a.C) que já fazia uso deste termo. Andro significa adulto, e agein, é guiar ou conduzir. Na década de 1960 o pensamento sobre andragogia ressurgiu como “a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender” e foi estudada como uma teoria voltada para aprendizes adultos contrapondo-se com a teoria do aprendizado de crianças e jovens conhecida como pedagogia. Esta teoria teve como seu mentor Malcolm Knowles. Sendo assim, diferentemente ao modelo pedagógico que tem como premissa a arte e ciência de ensinar crianças, o modelo andragógico baseia-se nas seguintes premissas:
• Necessidade de Saber – antes de se aprender algo, os adultos têm necessidade de saber e eles sabem melhor do que as crianças a necessidade do conhecimento.
• Autoconceito do Aprendiz. Os adultos tendem ao autoconceito de serem responsáveis por suas decisões, sendo responsáveis pela sua aprendizagem e estabelecendo e delimitando o seu próprio percurso educacional.
• Experiências dos Aprendizes – os adultos se envolvem em uma atividade educacional trazendo consigo grande número de experiências adquiridas e neste processo educacional tanto o professor quanto os recursos instrucionais não garantem o interesse pela aprendizagem.
• Prontidão para o aprendizado – os adultos tem orientação mais pragmática e estão prontos para aprender as coisasque precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações da vida real.
• Orientação para Aprendizagem – os adultos são centrados na vida, nos problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem.
• Motivação – pesquisas de comportamento apresentam que todos adultos são motivados a continuar crescendo e se desenvolvendo.
Knowles (2009), afirma que a andragogia surgiu para fazer frente à complexidade educativo demandada pelo adulto, a quem pode ser dispensado tratamento de acordo com princípios pedagógicos que não levam em conta suas vivências, interesses e expectativas. Segundo Karolczak (2009), que a andragogia pode ser fundamentada em princípios que estão intimamente relacionados com o construtivismo e o interacionismo, visto que os aprendizes adultos vão construindo o seu saber a partir de motivações internas e externas. O construtivismo na Educação pode ser visto como uma forma teórica ampla que reúne as várias tendências atuais do pensamento educacional, entre elas, a aplicação e a conscientização do uso da metodologia andragógica de ensino e aprendizagem. O construtivismo é a ideia do conhecimento como algo não finito sendo que a sociologia contemporânea da tecnologia desqualifica a tese do progresso unilinear apoiando-se na teoria do construtivismo.
Portanto, o meio social e físico é uma questão que tem de ser levada em consideração na Educação a Distância e a interação do indivíduo adulto com esse meio e suas ações vão contribuir para esse processo de aprendizagem e conhecimento. 
Necessita-se de novas pesquisas e referenciais teóricos que apresentem temas importantes para a educação de jovens e adultos e principalmente levando em conta a andragogia que faz parte de novos paradigmas capazes de dar suporte a novas práticas pedagógicas. Nicolescu (1999) entende que a transdisciplinaridade converge como agente aglutinador dos saberes, e que está “entre”, “através” e “além” das disciplinas. Uma docência com base no paradigma transdisciplinar requer do educador disposição para assumir posturas diferentes dos ensinados na pedagogia, buscando compreender que os jovens e adultos aprendem diferentemente das crianças conforme aprendemos nos cursos de graduação de pedagogia.
2.3 Acadêmicos adultos e o processo de aprendizagem
Os cursos de formação de professores e muitas literaturas têm seu foco na Pedagogia, que é a ciência de conduzir crianças e adolescentes. Dessa forma, a educação de jovens e adultos não é levada em conta. Todavia, há que se ressalta que esse adulto possui uma profissão, anseios e necessidade de ser partícipe de suas conquistas. Adquire experiências que, em sua percepção, retratam maturidade e, como tal, desejam ser acolhidos. A andragogia defende que não aprendem do mesmo modo que as crianças. Eles pressupõem ter sua personalidade formada, gerando assim, valores e crenças diversos, que afetam seu comportamento e forma sua percepção de mundo, norteando-os e movendo-os em direção às suas escolhas e seus processos de aprendizagem (OLIVEIRA, 2012). Ainda segundo a autora, ao trabalhar com adultos, deve-se considerar que eles precisam de motivação adequada a seu nível de compreensão e complexidade. Faz-se importante, assim, sentirem-se participantes ativos de sua aprendizagem. O conhecimento deve ser adquirido através da interação com seus professores/tutores, seus pares, pesquisas, enfim, um movimento que nos lembra da maiêutica de Sócrates e o diálogo proposto por Freire. Depreende-se assim, que suas experiências são fundamentais para aquisição de novas aprendizagens.
Na perspectiva de Vygotsky, “construir conhecimentos implica numa ação partilhada, já que é através dos outros que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são estabelecidas”. (REGO, 1998, p. 110).
“Quando os professores partilham o conhecimento construído na prática, no seu contexto, é criada a oportunidade da interação com diferentes interlocutores, permitindo o confronto salutar de variados olhares, que suscitam outros questionamentos e reflexões.” (CANDAU, 2011, p. 39).
Os profissionais da educação de jovens e adultos devem manter-se atentos para se por como integrante de grupo e jamais como uma autoridade, demonstrando que está aberto para a participação junto com os discentes, aproveitando essas oportunidades para perceber os melhores recursos para facilitar a aprendizagem do grupo. “Faz-se necessário um professor que tenha flexibilidade mental para transgredir as fronteiras de sua própria disciplina, interpretando a cultura e reconhecendo o contexto no qual se processa o ensino” (PIMENTA e ALMEIDA, 2011, p. 90).
A preocupação com a educação de adultos e que esses necessitam de diferentes abordagens na aprendizagem, vem sendo debatido há muitas décadas. Há mais de trinta anos, Knowles vem discutindo a Andragogia. Na década de 80, Mucchielli já questionava esta diferença ao afirmar que ao tratar o aluno adulto como adulto inúmeras questões seriam minimizadas. Para Lindeman (1926) os aprendizes adultos são motivados a aprender conforme “vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará”. Essa orientação é centrada na vida; a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem de adultos; esses têm uma profunda necessidade de se autogerir; as diferenças individuais entre as pessoas aumentam com a idade. (KNOWLES, 2009, p, 45).
As diferenças entre a Pedagogia e a Andragogia são bem marcantes, enquanto a primeira está centrada no professor, a segunda centra-se no aprendiz, como mostra o quadro a seguir. 
Fonte: http://www.novainter.net/blog/andragogia-versus-pedagogia
Neste quadro é possível perceber a importância de um profissional da área de educação se preparar ou se adaptar para a aprendizagem de jovens e adultos. Nesse contexto não estou desvalorizando a pedagogia, mas a andragogia vem para acrescentar conhecimentos didáticos tão valorizados na educação de adultos.
Fonte: http://www.novainter.net/blog/andragogia-versus-pedagogia
Neste quadro é possível verificarmos a diferença entre pedagogia e andragogia, onde, na pedagogia o professor pode ser considerado como detentor do conhecimento, transmissor de informações às crianças, já na andragogia, o professor é considerado como mediador dos conteúdos, a responsabilidade pela aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno, o que cria um alinhamento entre essa abordagem e a maioria dos adultos, que busca independência e responsabilidade por aquilo que julga ser importante aprender.
2.4 Prática da Andragogia nas Instituições de Ensino Superior:
	Na maioria das instituições de ensino superior, os acadêmicos não são exatamente adultos. Estão em um processo de amadurecimento e podemos compreender que para o docente conhecer o método andragógico poderá valorizar muito sua prática. A utilização na Andragogia nos cursos universitários é uma prática realizada atualmente. Apesar de o sistema ser considerado rígido é possível implementar algumas práticas andragógica capazes de facilitar o aprendizado e estimular o desenvolvimento destes jovens. Em diversas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Knowles (1984) observou que as informações lembradas são as recebidas nos primeiros 15 minutos de aula. Assim, ele descreve em seus estudos uma sugestão de metodologia para o ensino superior nas universidades: (a) o conceito deve ser oferecido, lembrando que o conteúdo maior virá das experiências. Uma explanação de até 50 minutos torna-se aceitável; (b) os participantes são convidados a se dividirem em grupos (no máximo de 5 alunos) para discutir o conteúdo e associá-lo com a realidade. Uma forma de fazê-lo é utilizar um texto (reportagem, caso, etc) e solicitar que o grupo elabore perguntas para serem discutidas em plenário. As perguntas não podem ser fechadas, elas precisam estimular o debate e a troca de experiências e percepções. Desta forma o grupo digere o conteúdo e o pratica; (c) cada pergunta que é colocada no plenário é discutida. Os conceitos são expandidos e asrespostas compartilhadas; (d) após as perguntas respondidas, o Facilitador faz uma retrospectiva extraindo do grupo as ações e conclusões compartilhadas.
Uma forma de manter a sequência e resgatar algo que não foi totalmente digerido é, ao longo do processo, anotar os tópicos e perguntas abordados no quadro. A postura do Facilitador é de estimular o grupo a seguir o caminho do aprendizado
2.5 Andragogia no ramo empresarial
Métodos Andragógico têm sido bem recebidos no meio empresarial de todo o mundo. Os conceitos estão sendo expandidos para a gestão de pessoas, planejamento estratégico, marketing, comunicação, processos de qualidade, etc. Desde simples reuniões até complexos projetos de planejamento estratégico estão seguindo métodos baseados em conceitos andragógicos. As empresas já perceberam as vantagens de focar no aprendizado do adulto e rapidamente implantaram programas de formação para transformarem seus funcionários em facilitadores permanentes dentro das organizações.
3 CONSIDERAÇÕES 
Com a inovação das tecnologias da informação e da comunicação, acredito que os docentes podem utilizar dessa tecnologia para conseguir fazer de seus educadores fazer um verdadeiro “casamento” entre tecnologia, andragogia e suas implicações como a interatividade, construtivismo, complexidade e a transdisciplinaridade. É preciso reconhecer que são importantes e podem estar uma interligado a outra, e assim, atuarem como importantes catalisadores para uma aprendizagem e saberes significativos, profundos e contextualizados com as realidades e necessidades dos discentes adultos. Portanto, cabe ao docente desenvolver e colocar em prática atitudes verdadeiramente transdisciplinares e andragógicas para fazer frente aos desafios inerentes à alta complexidade que se apresenta no processo de ensino e aprendizagem realizado nos cursos de graduação a distância. Sabe-se ainda que a implantação de mudanças nos processos de ensino e aprendizagem em ambientes virtuais utilizando-se a metodologia andragógica e práticas docentes sob uma perspectiva transdisciplinar ainda é um desafio para a maioria dos educadores, por serem estes ainda frutos de um processo de ensino e aprendizagem cartesiano configurado para um modelo pedagógico voltado para uma realidade presencial. Mas, esta indissociabilidade entre EaD, andragogia e transdisciplinaridade precisa ser pensada e trabalhada no processo de formação, de tal forma que as relações de ensino e aprendizagem sejam reconstruídas nas bases pretendidas na ação educativa de um curso de graduação a distância.
Minha experiência na área de educação é de quase vinte anos e mais da metade desse tempo, atuei com crianças. Nos últimos anos, trabalhei com adultos e realmente tive a experiência que temos que estar sempre atentos a todas as didáticas de acordo com a turma que estamos atuando, pois, de acordo com minha experiência, é bem diferente você atuar na educação de adultos, pois, o processo educativo é diferenciado. Algumas características da Pedagogia precisam ser mantidas e mescladas com algumas ferramentas da Andragogia.
A relação entre as ciências da Andragogia e da Pedagogia deve ser entendida como uma relação de completude e não de rompimento. O papel da Andragogia no ensino superior moderno deve ser o de municiar o professor de alternativas inteligentes e eficazes para a obtenção de melhores resultados, mas sem renegar os princípios da Pedagogia, que seguem a orientar a educação infantil.
REFERÊNCIAS
BECKER, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, n. 83, p. 7-15, abr./jun. 1992. Disponível em: <http://www. livrosdamara.pbworks.com/f/oquee_construtivismo.pdf>. Acesso em: outubro/2017
CANDAU, Vera Maria (org). A didática em questão. Petrópolis: Editora Vozes, 31ª Ed., 2011.
DeAQUINO, Carlos Tasso Eira de. Como Aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. São Paulo: Pearson, 1ª Ed., 2007.
GIL, Antonio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2011.
KNOWLES. Malcolm, S.; HOLTON III. Elwood F.; SWANSON. Richard A. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Campus, 2009.
MOORE, Michael; KEARSLEY Greg. Educação a Distância – Uma Visão Integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
 
NICOLESCU, Basarab. O manifesto da transdisciplinaridade. São Paulo, TRIOM, 1999.
ROGERS, Jenny. Aprendizagem de Adultos: fundamentos para Educação Corporativa. Porto Alegre: Artmed, 5ª Ed – 2011.
SANTOS Akiko. O que é transdisciplinaridade. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/O_QUE_e_TRANSDISCIPLINARIDADE.pdf>. Acesso em fev/2019.
TORI, Romero. Educação sem Distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Senac http://www.andragogiabrasil.com.br/category/a-diferenca 07/03/2019

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