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Instituto Babcock para Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira Internacional University of Wisconsin-Madison Essenciais em Gado de Leite 93 24) MASTITE: PREVENÇÃO E DETECÇÃO Michel A. Wattiaux Babcock Institute INTRODUÇÃO Para controlar os problemas de mastite em um rebanho, a prevenção de novas infecções tem maior valor do que a tentativa de curar casos clínicos. Mesmo que a taxa de novas infecções seja reduzida, as infecções existentes que são tratadas podem ser curadas com sucesso limitado. A luta contra mastite é um esforço de longo prazo que tem que ser persistente porque é impossível prevenir completamente a transmissão de bactéria ou outros organismos que causam a doença (Figura 1). DETECÇÃO Mastite, contagem de células somáticas e perdas de produção no rebanho Mais de 98% das células somáticas encontradas no leite vêm das células sanguíneas brancas que entram no leite em resposta à invasão bacteriana no úbere (ver Dairy Essential “Mastite: A Doença e sua Transmissão”). Uma alta contagem de células somáticas está associada a perdas na produção de leite. Quando o leite de todas as vacas num rebanho é misturado, como no tanque de expansão, a contagem de células somáticas numa amostra composta é um bom indicador da prevalência de mastite no rebanho (Tabela 1). Uma contagem de células somáticas maior que 200.000 cels/ml indica a presença de mastite subclínica. Contagens de célula somática menores que 400.000 cels/ml são típicas de rebanhos que têm boas práticas de manejo, mas sem ênfase particular no controle de mastite. Rebanhos com um controle de mastite eficaz tem constantemente contagens abaixo de 100.000 cells/ml. Ao contrário, contagens de célula somática maiores que 500.000 cels/ml indica que um terço das glândulas mamárias estão infectadas e a perda de leite devido à mastite subclínica é de pelo menos 10%. A contagem de células somáticas de uma amostra composta não revela o tipo de infecção, nem a identidade das vacas Figura 1: A melhoria das práticas de hygiene e manejo são formas eficazes de reduzir a taxa de novas infecções (de A para B), mas infecções existents são difíceis de curar e vacas infectadas permanecem no rebanho por um longo tempo após a redução da taxa de novas infecções (B). Somente após um esforço continuo por um longo tempo (anos) que o número de vacas infectadas no rebanho diminue (de B para C). Essenciais em Gado de Leite—Lactação e Ordenha 94 infectadas. Entretanto, é uma boa ferramenta para monitorar a prevalência de mastite no rebanho com o tempo (mês a mês, ano a ano). Bactéria no leite Culturas de bactéria no leite podem ser úteis para quantificar as bactérias e identificar os organismos causadores de mastite, e alta contagem de células somáticas. Na maioria das vezes, a mistura de diferentes tipos de bactéria é encontrada, mas algumas vezes, uma espécie bacteriana pode predominar (e.x., Strep. agalactiae). Se as contagens de bactérias forem elevadas (>50.000 bacteria/ml), a cultura pode providenciar pistas para a(s) fonte(s) de contaminação. A presença (ou ausência) de organismos específicos ajuda a formular recomendações para prevenir que os organismos encontrados no rebanho se espalhem. Rebanhos bem manejados têm contagens bacterianas menores que 1.000 por ml. Detecção de mastite em vacas individuais Exame físico do úbere Sinais de mastite aguda inclue quartos inchados, quentes e doloridos ao toque. Mudanças no tamanho e presença de tecido cicatricial podem ser detectadas mais facilmente após a ordenha, quando o úbere está vazio. Aparência do leite Observação dos primeiros jatos de leite permite a detecção de leite anormal que deve ser descartado. Leite anormal pode apresentar alteração na coloração (aguado), grumos, ou coágulos. Cuidado deve ser tomado durante a remoção dos primeiros jatos de leite para não espirrar o leite, contaminando o corpo da vaca, rabo ou úbere. Além disso, o ordenhador não deve coletar os primeiros jatos na palma da mão porque há risco de transferir bactéria de um quarto para outro, e de uma vaca para outra. Em sistemas onde as vacas são ordenhadas no seu próprio alojamento (stanchion barn), os primeiros jatos são tipicamente desprezados em uma caneca. Em uma sala de ordenha, entretanto, pode ser desprezado diretamente no chão e e n x a g u a d o imediatamen t e após observação. California mastite teste Para esse teste, o leite de cada quarto é misturado com uma solução de detergente. O leite de quartos infectados forma um gel; a consistência do gel é avaliada visualmente. Essa reação é relacionada ao número de células somáticas no leite, e uma reação positiva indica mastite. Cultura bacteriana Geralmente, esse teste é feito em vacas selecionadas a partir da contagem de células somáticas de amostras compostas caso ela revele um problema sério e persistente. Cultura de leite individual de vaca identifica as espécies bacterianas, sendo assim a maneira mais confiável para se decidir quanto ao melhor tratamento com antibiótico para uma determinada vaca. PREVENÇÃO A prevenção de mastite pode ser alcançada por simples passos que têm o objetivo de reduzir a taxa e duração da infecção (Tabela 2). Correta higiene na ordenh a : Os tetos devem ser limpos e secos antes da ordenha. Se o leite é filtrado, a presença de partículas (material sólido) no filtro indica limpeza Tabela 1: Relação entre contagem de células somáticas (CCS) medidas em amostra composta de tanque, perda de produção e prevalência de mastite subclínica no rebanho. CCS Quarto infectado Perda de produção (%) Mastite subclínica <200.000 6% 0–5 Próxima a zero 200.000–500.000 16% 6–9 Alguns casos 500.000–1.000.000 32% 10–18 Muitos casos >1.000.000 48% 19–29 Epidêmica 24—Mastite: Prevenção e Detecção 95 insuficiente do teto durante a preparação do úbere ou falta de higiene durante a colocação e retirada da unidade de ordenha. A máquina de ordenha deve funcionar e ser operada corretamente: O nível de vácuo na unidade de ordenha deve ser entre 275 e 300 mm de mercúrio e deve variar o mínimo possível. Flutuações podem ser reduzidas consideravelmente, evitando deslizamentos ou entrada de ar na unidade durante a ordenha, e fechando o vácuo do conjunto antes de remover as teteiras. O regulador de vácuo deve ser mantido limpo e checado regularmente. Imersão dos tetos após ordenha: Pesquisa demonstra que a taxa de novas infecões pode ser reduzida em mais de 50% quando um desinfetante adequado é usado para imersão completa dos tetos ou spray. A imersão dos tetos após ordenha é mais efetiva contra Staphylococcus aureus e Strep. agalactiae , as duas bactérias mais contagiosas causadoras de mastite. A imersão dos tetos não afeta infecções existentes. Isso explica o porque, no curto prazo, muitos fazendeiros não percebem os efeitos positivos do uso dessa técnica. Para se obter um rápido declínio no nível de infecção, seria necessário eliminar as vacas infectadas do rebanho (Figura 1). Tratamento de todos os quartos de todas as vacas na secagem: O uso efetivo de um antibiótico de longa duração, infundido em cada quarto do úbere na última ordenha da lactação, reduz a incidência de novas infecções durante o período seco. Além disso, a terapia da vaca seca é o melhor método para curar mastite crônica e subclínica que raramente pode ser tratada com sucesso durante a lactação. Tratamento adequado e em tempo certo de todos os casos clínicos: A terapia adequada tem que ser decidida por um veterinário e a vaca deve ser manejada de forma que se evite o risco de transmissão da doença. Descarte de vacas cronicamente infectada s : Geralmente, este método é efetivo porque na maioria dos rebanhos, somente 6 a 8% de todas as vacas são responsáveis por 40 a 50% de toda mastite clínica. Boanutrição para manter a abilidade da vaca de lutar contra as infecções: Deficiências em selênio e vitamina E na dieta têm sido associadas com um aumento na taxa de novas infecções. Outras práticas de manejo fáceis: Algumas práticas simples ajudam a reduzir a disseminação de mastite. • Alimentar as vacas imediatamente após ordenha para que elas fiquem de pé por pelo menos uma hora antes de deitar; • Ordenhar as vacas infectadas por último. TRATAMENTO DE MASTITE Mastite aguda A mastite aguda como a causada por coliforme ameaça a vida da vaca. Um veterinário d e v e ser chamado imediatamente quando a vaca mostra sinais generalizados em resposta `a infecção no úbere (inabilidade de ficar de pé, pulso rápido, febre, etc.). Ordenhar o quarto afetado a cada duas a três horas ajuda a eliminar as toxinas. Mastite clínica Tratamento imediato de mastite clínica limita a duração e possível transmissão da doença. Um veterinário familiarizado com a estória da doença no rebanho deve preescrever o m elhor tratamento terapêutico. Quando o tratamento com antibiótico é recomendado, é crítico seguir as instruções, especialmente em relação a duração do tratamento. Muitas vezes os tratamentos são interrompidos muito cedo, não permitindo que os antibióticos alcancem e destruam os organimos em partes do úbere que são difíceis de serem atingidas (as infecções mais invasivas). Somente mastite causada por Streptococcus agalactiae pode ser tratada com sucesso com antibióticos durante a lactação (mais de 90% de cura). Entretanto, quando a mastite é causada por Staphylococcus aureus, coliforme e muitos outros organismos, a taxa de sucesso de tratamento com antibiótico raramente excede 40 a 50% e às vezes é tão baixa quanto 10%. Essenciais em Gado de Leite—Lactação e Ordenha 96 Mastite subclínica Alta contagem de células somáticas no leite indica mastite subclínica mas isso não deveria ser usado como um critério para tratamento de vacas com antibióticos porque como mencionado nos parágrafos anteriores, a taxa de cura é geralmente muito baixa. Casos de mastite subclínica são tratados de uma melhor forma no momento da secagem. Terapia com antibiótico na secagem A infusão intramamária de antibiótico de longa duração no momento da secagem (terapia da vaca seca) é um componente essencial de um programa de controle de mastite na fazenda. A terapia da vaca seca ajuda a curar 50% da mastite causada por Staphylococcus aureus e 80% dos streptococci ambientais (S t r ep uberi s and Strep. dysgalactiae , etc.). Um quarto infectado tratado e curado no período seco vai produzir cerca de 90% do seu potencial na próxima lactação. Entretanto, se um quarto permanence infectado ou torna-se infectado no período seco, este quarto vai produzir somente 60 a 70% do seu potencial. Tabela 2: Questionário para auxiliar na identificação da fonte de transmissão e na avaliação das práticas de prevenção em um rebanho leiteiro (quando possível, a melhor resposta está indicada pelo quadrado: ❏). AS VACAS Sim Não 1. Quais vacas tem mais mastite clínica? Vacas secas ; recém-paridas ; novilhas primeira cria ; vacas de alta produção ; sempre as mesmas vacas ; combinação O AMBIENTE (INSTALAÇÕES) 2. Qual é o tipo de local/cama onde as vacas deitam? concreto ; areia ; solo ; palha ; serragem ; raspas ; outro . 3. A cama/local é limpa(o) (sem esterco) e seca(o)? ❏ — 4. A comida é fornecida após ordenha para estimular as vacas a ficarem de pé por pelo menos uma hora? ❏ — 5. Antibióticos de longa duração são usados em todos os quartos de todas as vacas na secagem? ❏ — A MÁQUINA DE ORDENHA 6. O equipamento de ordenha foi instalado corretamente? ❏ — 7. A bomba de vácuo, o tanque de distribuição de vácuo, e as tubulações são de tamanho adequado para o número de unidades de ordenha? ❏ — 8. Os pulsadores e reguladores de vácuo estão limpos e funcionam corretamente? ❏ — 9. O equipamento de ordenha é limpo de forma adequada? ❏ — 10. As borrachas das teteiras e outras partes de borracha não possuem rachaduras e buracos e são trocadas regularmente? ❏ — O PROCEDIMENTO DE ORDENHA 11. Os tetos são lavados com o mínimo de água e bem secos com toalha de papel individual ou toalhas de pano limpas? ❏ — 12. Os primeiros jatos de leite são examinados regularmente para detectar anormalidades? ❏ — 13. Na imersão de tetos, o tempo de contato é adequado e todo produto removido ao secar? ❏ — 14. A água se acumula na boca do insuflador durante a ordenha? — ❏ 15. O deslizamento e entrada de ar nas teteiras são prevenidos? ❏ — 16. A ordenha manual após a ordenha mecânica é evitada? ❏ — 17. A maioria das vacas são ordenhadas e os conjuntos são removidos em 3 a 6 minutos? ❏ — 18. Os tetos são desinfetados após ordenha? ❏ — 19. Pelo menos os 2/3 inferiores do comprimento do teto são desinfetados? ❏ — * Para testar o regulador de vácuo e a reserva de vácuo, fazer o seguinte teste: Após ligar a máquina de ordenha, deixe entrar ar em uma unidade por 5 segundos. Checar o vacuômetro. Coloque o seu dedão na borracha e conte quantos segundos leva para sentir a pulsação normal. Se a agulha passou o ponto marcado e leva mais de segundos para a pulsação retornar ao normal, o regulador está funcionando mal ou a reserva de vácuo é insuficiente. Ambos problemas podem causar grandes flutuações de vácuo na ordenha.
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