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NULIDADES DO PROCESSO PENAL Conceito: Nulidades referem-se ao sistema utilizado para o reconhecimento de um vício de ato processual. No Brasil o sistema de nulidades refere-se ao utilizado para o reconhecimento de um vício de ato processual, e é denominado sistema instrumental ou instrumentalidade das formas, e significa que a finalidade do ato deve prevalecer sobre as formas como ele é praticado. art. 563 e 566 Classificação dos vícios: são 4 1. Inexistência: o ato não existe e, não existindo, jamais poderá ser válido e eficaz. Ex.: prova ilícita. Denúncia subscrita apenas pelo estagiário do ministério público. Habeas corpus sem a assinatura do impetrante. Recurso interposto por advogado sem a assinatura do advogado ou sem procuração. Sentença proferida por juiz impedido (252 CPP). Arquivamento de decisão a reexame necessário sem remessa dos autos. • é o mais grave de todos. • Não é defeito, porém falta, ausência. E a inexistência do ato. • A hipótese de inexistência do ato não admite convalidação, uma vez que a única forma de sanar o defeito seria que fosse novamente praticado. Porém, essa nova prática não gera efeitos retroativos, ante a ausência de efeito jurídico mínimo que possa ser aproveitado do ato inexistente. 2. Nulidade absoluta: o ato existe, porém nunca será válido e nem eficaz. • Apresenta um grave defeito que mácula princípios constitucionais que norteiam o devido processo legal (matéria de ordem pública) • Atinge a todos (ordem pública) • Tem 2 correntes sobre a necessidade de demonstração de prejuízo. OBS.: EXISTEM DUAS CORRENTES DOUTRINÁRIAS: A) primeira corrente: a nulidade absoluta gera prejuízo presumido as partes. Ao mesmo tempo em que se dispensa a quem alega a nulidade absoluta de comprovar o prejuízo sofrido, faculta-se à parte que é prejudicada pelo reconhecimento do vício, visando salvar a integridade do ato impugnado, demonstrar nos autos a incoerência do prejuízo que foi estabelecido por força da presunção. B) segunda corrente: é a posição adotada pelo STF e STJ. O princípio geral de que não se declara a nulidade do ato se dele não houver resultado prejuízo para as partes. Alcança tanto as nulidades relativas quanto às absolutas. Não se pode falar na existência de uma presunção de prejuízo, impondo-se, em qualquer caso, a devida comprovação. Ex.: Nulidade absoluta em razão da pessoa ou da matéria. Ausência de intimação do defensor público e do MP. (Advogado: é por comunicação, dificilmente pode dizer que não foi intimado, se ele não foi e o réu foi, ele é considerado intimado). 3. Nulidade relativa: o ato existe, não é válido nem eficaz. Contudo, poderá ser válido e produzir efeitos caso venha a ser sanado ou convalidado. Ex.: falta de intimação quando há expedição de carta precatória. Quando o réu não é intimado, porém comparece à audiência. • tutelam o interesse privado da parte. • É aquele que decorre da violação de uma determinada forma de ato que visa a proteção do direito privado. • Atinge apenas as partes. • Pode ser convalidada se não houver um prejuízo no processo. 4. Irregularidade: o ato existente, é válido e eficaz. Ex.: denúncia sem indicação do rol de testemunhas. (Pode juntar depois) Falta de recibo do preso no auto de prisão em flagrante. (APF) Ausência de qualificação dos peritos em exame cadavérico. • é o defeito mínimo que não afeta o curso normal do processo. Princípios: 1. Princípio do prejuízo: tem que ter real prejuízo para ser declarada a nulidade absoluta e relativa (563 CPP: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.) 2. Princípio do interesse 565 segunda parte CPP: só quem foi prejudicado no processo pode provocar nulidade. 3. Princípio da Convalidação. 572 §1: se não for arguido no momento correto. Gera preclusão. 4. Princípio da extensão/ sequencialidade/ causalidade/ contaminação: teoria dos frutos envenenados. Veneno da árvore que contamina os frutos. A nulidade de um ato ocasiona a nulidade dos que lê forem consequência ou decorrência. Art 573 §1. Não é circunstância de serem um ou mais termos do processo posteriores ao ato declarado nulo ou que os torna nulificados, mas sim de serem consequência ou decorrência daquele ato. • Existe nulidade no inquérito policial? Existem duas correntes para se considerar a nulidade do inquérito, parte da doutrina entende que é possível, outra parte discorda. RECURSOS NO PROCESSO PENAL CONCEITO: É a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, objetivando uma segunda opinião do Estado com a finalidade de corrigir modificar ou confirmar a decisão. É o reexame de uma decisão. Existência do recurso se justifica no princípio do duplo grau de jurisdição, que objetiva assegurar a efetiva prestação jurisdicional, traduzindo-se como um pressuposto necessário a justa composição da lide. Não está na cf. Natureza jurídica: Meio destinado a obter a reforma da decisão. Obs.: existem decisões irrecorríveis. CLASSIFICAÇÕES: 1. Quanto a obrigatoriedade: A- recurso voluntário: aquele que a interposição se condiciona unicamente à vontade da parte, que deverá provocar o reexame, ou seja, tomar a iniciativa de recorrer sob pena de preclusão da decisão judicial. B- recurso de ofício: refere-se a situações de reexame necessário, ou seja, aquelas em que a própria lei obriga a revisão da decisão judicial como condição para o trânsito em julgado. 2. Quanto às fontes informativas: A- recursos constitucionais: são aqueles que têm as suas hipóteses de cabimento contempla das na CF, sem prejuízo de aspectos relacionados a forma, rito, prazo e tramitação estejam disciplinados em legislação infraconstitucional. B- recursos legais: são os previstos no código de processo penal e na legislação processual especial. 3. Quanto aos pressupostos de admissibilidade: A- recursos genéticos: baseiam-se no mero inconformismo da parte, sem exigir requisitos específicos para o seu cabimento. Exemplo: contra a sentença condenatória é cabível a apelação, não sendo necessária a observância de qualquer pressuposto especial para a utilização desse recurso além dos requisitos gerais que devem ser observados para as demais impugnações (tempestividade, forma, cabimento etc.). B- recursos específicos: são aqueles que possuem requisitos próprios para sua interposição, além dos pressupostos normais atinentes a qualquer recurso. Exemplos: o recurso especial, que exige o prequestionamento da matéria debatida; e o recurso extraordinário, que, além do prequestionamento, requer também a demonstração da repercussão geral da matéria constitucional nele versada (art. 102, § 3.º, da Constituição Federal). 4. Quanto a motivação: A- recursos ordinários: trata-se de impugnações que aceitam qualquer espécie de argumentação. Assim, podem ser analisados tanto aspectos relativos à prova angariada aos autos quanto temas jurídicos. Relativamente ao direito invocado, também não há qualquer restrição, podendo ser de ordem estadual, federal ou constitucional, indistintamente. Exemplo: a apelação da sentença condenatória, em que o apelante pode não apenas invocar direito federal e constitucional, como também analisar em seu favor toda prova coligida ao processo. B- recursos extraordinários: nesta espécie de recursos, há limitações quanto à argumentação a ser utilizada pelo recorrente, sob pena de não admissão ou não conhecimento da impugnação. É o que ocorre, por exemplo, com os recursos especial e extraordinário, quenão serão admitidos caso invocados aspectos relativos à prova dos autos (Súmulas 07 do STJ e 279 do STF, respectivamente). Além disso, no recurso especial, a abrangência da fundamentação é restrita à violação da lei federal, não sendo possível o seu manejo para questões concernentes ao mal ferimento de dispositivo constitucional (art. 105, III, a, da CF). Já o recurso extraordinário não se presta para enfrentar temas relacionados à violação direta da lei federal, mas sim de aspectos pertinentes à ofensa à Constituição Federal (art. 102, III, da CF). Juízo de admissibilidade dos recursos: Prelibação: só para recursos criminais, consiste na verificação da presença dos pressupostos recursais tanto pelo juízo de primeiro grau (a quo) quanto pro de segundo grau (Ad quem) de admissibilidade. Pressupostos recursais: Objetivos: Subjetivos: - Cabimentos dos recursos - Legitimidade - Tempestividade - Interesse de agir - Forma legal - Preparo PRESSUPOSTOS OBJETIVOS: 1 - Cabimento do recurso - o recurso tem que ser cabível, envolvendo duas condições: ➢ RECORRIBILIDADE: (a decisão impugnada deve estar sujeita a recurso / a decisão tem que ser passível de recurso) existem situações de irrecorribilidade no CPP, art. 93 § 2 que trata do indeferimento da suspensão do processo do processo em virtude de questão prejudicial facultativa; art. 273, que fala da admissão ou não do assistente de acusação; art. 105 que fala da decisão na exceção de suspeição de perito ou serventuário da justiça; o art. 326 do regimento interno do STF, que trata de decisão que conclui pela inexistência de repercussão geral no recurso extraordinário. A solução jurídica para eles é o mandado de segurança. ➢ ADEQUAÇÃO: (necessidade de o recorrente valer-se da via correta para atacar a decisão). Não é condição inflexível pois o princípio da fungibilidade possibilita ao juízo a quo receber e ao juízo ad quem conhecer recurso certo como se fosse o recurso certo. Art. 579 CPP. Existem hipóteses de cabimento para o princípio de fungibilidade: Inexistência de má-fé do recorrente: a má-fé pode ser observada pelo erro grosseiro ou pelo prazo. Ex.: é apelação e a pessoa opõe embargos de declaração. Obs: fungibilidade é diferente de convolação, convolação é a impugnação deduzida em juízo, corretamente, mas conhecida como se fosse outra. Exemplo: juiz profere sentença e diz que o regime é inicialmente fechado, mas não fixa a pena, ele tem que dizer quanto tempo vai ser a pena e após o trânsito em julgado deve ter a revisão criminal para ser fixada a pena. 2- Tempestividade- os prazos no CPP são fatais, contínuos e peremptórios (798 CPP) não se interrompe por férias, domingo ou dia feriado. Exceção: recesso/férias forense (resolução 8 2005 CNJ, os recessos estão garantidos, porém com a garantia aos cidadãos que os plantões irão continuar) • Prazo do MP no crime não é em dobro, mesmo prazo para o réu. • Vista pessoal. Contagem de prazo (súmula 707 STF) conta do ato da intimação Lei 11419/2006 - (não vai cair na prova) trata do meio eletrônico. Obs: qual a ordem para a intimação do réu e seu defensor? Tanto faz STF e STJ. Corrente minoritária, primeiro o réu e depois o defensor 3 - Forma legal (578) - formalidade que deve ser cumprida. O recurso deve ser interposto por petição (folha de rosto) ou pôr termo nos autos assinado pelo recorrente ou por seu representante. • Petição é a manifestação escrita com a vontade de recorrer. • Termo é a manifestação oral quanto a vontade de recorrer. O recorrente tem que apresentar os seus motivos, razoes e o recorrido tem a oportunidade de apresentar as contrarrazões para oportunizar o princípio do contraditório e da ampla defesa. Recursos que não precisam estar acompanhados das razões: Recurso em sentido estrito: interposição em 5 dias e posterior intimação para a apresentação das razões em 2 dias (art. 586 c/c o art. 588 do CPP) Apelação interposição em 5 dias e posterior intimação para a apresentação das razões em 8 dias (art. 593 c/c o art. 600 do CPP) Ressalve-se, aqui, a apelação em sede de Juizado Especial Criminal, pois, neste caso, o art. 82 da Lei 9.099/1995 prevê expressamente que a interposição deva ser feita, unicamente, por petição escrita, sendo que as razões já devem ser apresentadas no mesmo ato; Agravo em execução interposição em 5 dias e posterior intimação para a apresentação das razões em 2 dias (por analogia ao recurso em sentido estrito, já que a Lei de Execução Penal não prevê forma e rito autônomos para esse recurso) Carta testemunhável requerimento em 48 horas e posterior intimação para a apresentação das razões no mesmo prazo das razões do recurso denegado ou não encaminhado à instância superior (art. 640 c/c o art. 643 do CPP) Hipóteses de intempestividade das razões: STJ entende que é uma mera irregularidade, não configura intempestividade. Ausência das razões no recurso da defesa: Duas correntes: (NÃO EXISTE CORRENTE MAJORITÁRIA) 1ª corrente - se a defesa não apresentar as razões a folha de interposição vai subir junto com o processo, na hora de subir vai descer para o defensor apresentar as razões, se não interpor as razões não existe recurso. (Aqui as razões são obrigatórias) 2ª corrente - o tribunal conhece o recurso sem as razões porque está de posse de todo o conteúdo do processo. Se tem o processo todo ele mesmo vai rever. Ausência das razões pelo MP: a motivação é uma das formalidades essenciais do recurso e se externa pela apresentação das razões. No caso de o Ministério Público deixar de arrazoar, há divergências. Para uns, a ausência de razões pelo parquet importa em nulidade, conduzindo ao não conhecimento da insurgência. A nulidade, sob essa ótica, decorre da aplicação do princípio da indisponibilidade da ação penal pública, sendo que a não apresentação de razões constitui uma forma de desistência tácita. Além disso, como o Ministério Público é obrigado a atuar em todos os termos da ação penal, não pode se recusar à prática de ato de ofício (no caso, a apresentação de razões). Por fim, devolvendo o recurso ministerial ao órgão ad quem o conhecimento apenas das matérias nele versadas, a ausência de razões impede que se detecte, exatamente, o objeto da interposição, além de dificultar a apresentação de contrarrazões pela defesa. Nestas condições, o recurso sem motivação equivale a uma impugnação inepta, não podendo ser conhecido. Nulidades: a ausência de razões ao recurso ministerial não pode, de per si, importar desistência tácita, pois ao Ministério Público é vedada essa postura (art. 576 do CPP). Ademais, o art. 601 do CPP, tratando da apelação, é expresso em dispor que, “findos os prazos legais, os autos subirão ao Tribunal com as razões ou sem elas”, não especificando a condição do apelante. Assim, a única condição que se deve exigir para o conhecimento e julgamento do recurso acusatório desarrazoado é que tenha sido delimitado, na interposição, o objeto da insurgência, pois, caso contrário, não haveria, efetivamente, como o Tribunal conhecer da irresignação (pela inépcia, não pela desistência), em vista, como já se disse, do efeito devolutivo restrito que lhe é inerente. DESISTÊNCIA DO RECURSO E RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER v Desistência do recurso: É a manifestação de vontade do recorrente, depois de ter interposto seu recurso,no sentido do desinteresse no seguimento, processamento e julgamento. Classifica-se como um fato extintivo do recurso: A desistência é retratável dentro do prazo recursal. Considerando, por exemplo, um prazo com fluência entre os dias 2 e 6 de março, uma vez operada e homologada a desistência, nada impede que dela se retrate a defesa, desde que o faça antes do dia correspondente ao término do prazo recursal. v Renúncia ao direito de recorrer: A renúncia do direito à interposição recursal consiste na manifestação de vontade da parte, realizada antes da interposição do recurso, no sentido de abrir mão desta faculdade, antecipando o trânsito em julgado da decisão judicial. Classifica-se como um fato impeditivo do direito de recorrer: A renúncia é irretratável, constituindo causa de preclusão consumativa no processo penal. Assim, contemplando- se um prazo com fluência entre 2 e 6 de março, caso venha a defesa a renunciar ao direito de recorrer nos primeiros dias do prazo recursal, sendo essa renúncia homologada pelo juiz, não poderá, mais tarde, ainda que antes do dia 6, voltar atrás nessa providência e interpor o recurso, pois o prazo consumou-se, vale dizer, esgotou- se definitiva e antecipadamente. Quem pode desistir do direito de recorrer e renunciar ao direito de interpor o recurso? a. O Ministério Público, por disposição legal expressa no art. 576 do CPP, não poderá desistir do recurso que haja interposto. Embora a lei seja omissa, entende-se que, se não lhe é facultado desistir de recursos, também não pode renunciar ao direito de fazê-lo, pois o fundamento é o mesmo: indisponibilidade da ação penal pública. A única forma de renúncia ao direito de recorrer que se permite ao Ministério Público é aquela que decorre do seu não exercício no prazo legal, pois, evidentemente, não está o promotor de justiça obrigado a recorrer em qualquer caso, podendo, perfeitamente, deixar de fazê-lo se estiver convencido do acerto da decisão judicial. b. O querelante e ao assistente de acusação, que são acusadores particulares, possuindo os respectivos advogados procuração com poderes especiais para tanto, vigora o princípio da disponibilidade plena, razão pela qual nada obsta a que procedam à desistência de impugnações oportunamente interpostas ou à renúncia ao direito de promovê-las. c. A defesa, considera-se possível a desistência, condicionada está a que não haja oposição do advogado e do próprio réu. Assim, se o advogado, mesmo que lhe tenha sido outorgada procuração com poderes especiais neste sentido, desistir do recurso interposto ou renunciar ao direito de recorrer, deverá o magistrado determinar a intimação pessoal do réu, fixando-lhe prazo para que se manifeste caso não concorde com o procedimento do defensor. Por outro lado, efetivada a desistência ou a renúncia pelo próprio réu, seu advogado deverá ser intimado quanto a esta atitude do acusado. Na oposição de um ou outro, prevalecerá a vontade de quem deseja prosseguir ou intentar o recurso, até mesmo porque o tribunal, vedada a reformatio in pejus, não poderá agravar a situação do condenado diante de recurso exclusivo da defesa. Esta, a propósito, a exegese que se extrai da Súmula 705 do STF, dispondo que “a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta”. Embora se refira o enunciado à renúncia (fato impeditivo dos recursos), é clara a sua aplicação, igualmente, às hipóteses de desistência. Atenção!!! Estas limitações quanto à desistência do recurso interposto ou à renúncia do direito de recorrer não significam, em absoluto, que exista, para qualquer dos envolvidos na relação processual, a obrigação de recorrer. 4 - Preparo: O art. 806, § 2.º, do CPP estabelece que a ausência de preparo importa em deserção do recurso. Esta regra aplica-se apenas aos casos de ação penal privada e destina- se, única e exclusivamente, ao querelante, não se aplicando aos demais legitimados recursais. Não obstante, na atualidade, a posição majoritária é a de que o réu apenas deverá ser intimado para o pagamento das custas após o trânsito em julgado da sentença condenatória, isto mesmo se não lhe tiver sido assegurado, na própria sentença, o benefício da assistência judiciária gratuita. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS: 1 - Legitimidade para recorrer: O art. 577, caput, do CPP estabelece que são legitimados para a dedução recursal, no polo ativo, o Ministério Público e querelante, e, no polo passivo, o réu (pessoalmente), seu procurador ou seu defensor. → Da exegese desse dispositivo dois aspectos importantes sobressaem: primeiro, a questão da legitimação pessoal do réu para recorrer; e, segundo a ausência do assistente de acusação no rol de legitimados recursais. Analisemos: • Faculdade outorgada ao réu de, pessoalmente, interpor recursos: trata-se de previsão restrita à manifestação de vontade em recorrer, e, ainda assim, aplicável unicamente aos casos em que a lei permite a apresentação de razões em momento posterior à interposição. • Ausência do assistente de acusação no rol de legitimados do art. 577 do CPP: Essa omissão não decorreu de impropriedade legislativa tampouco de um descuido do legislador. Em verdade, o assistente de acusação não está previsto no referido dispositivo como legitimado recursal, porque nele estão arrolados os sujeitos processuais que podem ingressar com qualquer recurso entre os previstos em lei. São os chamados legitimados gerais, nos quais não se enquadra o assistente do Ministério Público, cuja legitimidade é restrita e subsidiária (supletiva). → Legitimação restrita: Diz-se restrita a legitimação do assistente, porque, em tese, somente poderá ele recorrer nos casos expressamente previstos em lei, quais sejam: a) Apelar da sentença, com fundamento no art. 598 do CPP; b) Apelar da decisão de impronúncia, com fundamento no art. 584, § 1.º, c/c os arts. 416 (redação determinada pela Lei 11.689/2008) e 598 do CPP; c) Recorrer em sentido estrito da decisão que julgar extinta a punibilidade pela prescrição ou outra causa, com base no art. 584, § 1.º, c/c o art. 598 do CPP. → Legitimação subsidiária ou supletiva: Diz-se subsidiária ou supletiva a legitimidade recursal do assistente porque, mesmo nas hipóteses em que pode se insurgir, fica ele condicionado a que não tenha o Ministério Público recorrido da respectiva decisão. E se o Ministério Público interpuser recurso contra a decisão judicial? Neste caso, é necessário distinguir 2 situações: • Sendo parcial o recurso do Ministério Público, poderá o assistente insurgir-se em relação à parte da decisão não abrangida pela impugnação do Promotor de Justiça. • Abrangendo o recurso ministerial toda a decisão recorrida, apenas poderá o assistente arrazoar tal insurgência. Neste caso, o recurso do Ministério Público terá duas razões recursais: as oferecidas pelo próprio promotor de justiça recorrente e aquelas deduzidas pelo assistente. Isto se extrai da parte final do art. 271 do CPP, quando refere que o assistente poderá “arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1.º, e 598”. A exegese deste artigo permite concluir que o assistente de acusação poderá arrazoar todo e qualquer recurso interposto pelo Ministério Público, mas, quanto aos por ele próprio interpostos, apenas poderá oferecer razões nas hipóteses dos arts. 584, § 1.º, e 598, porque, simplesmente, apenas nestes casos é que pode ele recorrer. Assistente não habilitado: intimado o Ministério Público em 1.º de março, seu prazo estender-se-á até 6 de março. Do dia 7 de março até o dia 21 de março, poderá o assistente nãohabilitado interpor seu recurso. Assistente habilitado: intimado o Ministério Público em 1.º de março, seu prazo estender-se-á até 6 de março. Se o assistente for intimado antes do final do prazo do Ministério Público – no dia 2 de março, por exemplo –, seu prazo não terá início no dia 3, mas sim no dia 7 de março, esgotando-se no dia 11 do mesmo mês. Caso este assistente venha a ser intimado após o final do prazo do Ministério Público, v.g., 10 de março, seu prazo correrá a partir da respectiva intimação, fluindo, neste caso, até 15 de março. 2. Interesse em recorrer: O interesse está previsto no art. 577, § Único do CPP, dispondo que não se admitirá recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. → Apenas quando presentes todos estes requisitos é que o recurso interposto tem possibilidade de ser recebido e conhecido. É preciso, em síntese, que haja sucumbência, ou seja, disparidade entre o que foi postulado pela parte e o que foi deferido pelo juiz. Embora não haja maiores dificuldades na verificação desse pressuposto, existem algumas questões que merecem destaque. São elas: v Interesse do réu em recorrer da sentença absolutória: o tema é consolidado no sentido de que o réu, mesmo absolvido, poderá apelar da sentença absolutória em duas situações: a) Quando pretender modificar o fundamento da absolvição com o objetivo de afastar eventual responsabilidade civil. b) Quando tiver sido o réu absolvido impropriamente, vale dizer, com a imposição de medida de segurança. v Interesse do assistente de acusação em recorrer para aumentar a pena do réu em caso de sentença condenatória: Considerava-se, pois, que o objetivo do assistente, na ação penal pública, seria, unicamente, o de auxiliar o Ministério Público a condenar o réu. Mas esse entendimento não prevalece mais, a maioria da jurisprudência que o interesse do assistente de acusação não é unicamente a busca de indenização podendo sim recorrer para aumentar a pena do réu, mesmo porque algumas violações jamais poderão ser reparadas ou compensadas mediante indenização pecuniária, por exemplo, a morte de um filho, a perda de um membro do corpo. v Interesse do Ministério Público em apelar da sentença absolutória proferida na ação penal exclusivamente privada quando o querelante não recorre: predomina o entendimento de que não há esse interesse. É que, se o querelante pode dispor da ação penal, dela desistindo, perdoando o querelado e ainda renunciando ao prazo recursal, a não utilização do recurso contra a decisão absolutória importa em evidente desistência da ação, não podendo o promotor de justiça, nesse caso, insistir em seu prosseguimento, recorrendo da sentença. Nada impede, contudo, que recorra o Ministério Público da sentença condenatória proferida na ação penal privada, mesmo na inércia do querelante, visando ao aumento da pena atribuída. v Interesse do Ministério Público em recorrer da sentença absolutória quando, em debates orais, memoriais ou alegações escritas, o próprio Ministério Público requereu essa absolvição: tratando-se do mesmo promotor, evidentemente não há esse interesse. Todavia, quando o promotor que postulou a absolvição e o promotor intimado da sentença são distintos, há 2 posições: a) 1ª orientação: O Ministério Público é regido pelo princípio da unidade. Assim, se houve pedido de absolvição por um promotor, não poderá outro membro voltar-se contra a sentença absolutória, pois ambos representam o mesmo Ministério Público. Além disso, a sucumbência da acusação é definida pelo pedido realizado nas alegações que antecedem a sentença. Se o pedido das alegações coincide com o que foi deferido na decisão judicial, não há essa sucumbência capaz de produzir interesse em recorrer. b) 2ª orientação (majoritária): Os membros do Ministério Público possuem independência funcional, sendo possível que um promotor de justiça, discordando do pedido de absolvição formulado por seu antecessor, recorra da sentença absolutória buscando a condenação. Ademais, a sucumbência do Ministério Público é fixada pelo pedido incorporado à denúncia – pedido de condenação. Havendo absolvição, haverá dissonância entre o que foi pedido na inicial e o que foi deferido na sentença, não afastando essa sucumbência o pleito de absolvição realizado nas alegações que se seguem ao encerramento da instrução. É a nossa posição, na esteira de expressiva jurisprudência. v Interesse do Estado em recorrer da sentença penal que, no âmbito de sentença absolutória, o condena ao pagamento de custas processuais: proferindo sentença absolutória, é comum determinar o juiz, no ato sentencial, que o pagamento das custas processuais fique a cargo do Estado. Neste caso, possui o Ente Público interesse em recorrer? Muitos afirmam que não há esse interesse, tendo em vista não ser o Estado parte no processo criminal em que foi condenado ao pagamento de custas. Discordamos disso, reputando ser inequívoco o interesse estatal em recorrer diante da sucumbência sofrida nos autos da ação criminal. Afinal, ainda que, por não ser parte explícita no processo, não se considere o Estado um sucumbente direto, é inegável que, no mínimo, ocorre, na vertente, a chamada sucumbência reflexa, assim compreendida aquela que alcança pessoas que, mesmo fora da relação processual, são alcançadas por seus efeitos. E tal sucumbência reflexa, sem qualquer dúvida, é capaz de gerar interesse para a propositura do recurso cabível em relação à sentença que a produzir. QUADRO ESQUEMÁTICO: EFEITO DOS RECURSOS No processo penal o que indica o efeito do recurso é a lei e o caso concreto. Diferente do processo civil, que o que indica o efeito é a lei. Efeito devolutivo: Regra é que todo recurso possui efeito devolutivo, significando que, com a sua dedução, devolve-se ao Poder Judiciário, por intermédio do juízo ad quem, o poder de revisar a decisão proferida no juízo a quo. Efeito suspensivo: Em determinadas situações, a interposição do recurso suspende a execução da decisão atacada. Exemplos de recursos que possuem efeito suspensivo: v Recurso em sentido estrito da decisão que julgar perdido o valor da fiança e daquela que denegar a apelação ou julgá-la deserta (art. 584, caput, do CPP); v O recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia suspenderá o julgamento pelo júri (art. 584, § 2.º, do CPP), muito embora não suspenda eventual prisão preventiva ou outra medida cautelar restritiva que tenha sido determinada naquela decisão20; v O recurso em sentido estrito contra a decisão que julgar quebrado o valor da fiança suspenderá a perda da metade de seu valor (art. 584, § 3.º, do CPP), não suspendendo, entretanto, a prisão do agente ou a imposição, a ele, de outra medida cautelar diversa da prisão; v Apelação da sentença condenatória (art. 597 do CPP). Exemplos de recursos que não possuem efeito suspensivo: v Hipóteses de recurso em sentido estrito não elencadas no art. 584, caput, e §§ 2.º e 3.º, do CPP; v Apelação da sentença absolutória (art. 596 do CPP); v Agravo da execução (art. 197 da Lei 7.210/1984 – LEP) v Recursos especial e extraordinário (art. 321, § 4º, do RISTF; art. 255, caput, do RISTJ e art. 1.029, § 5º, do CPC/2015, este último utilizado por analogia em face da revogação expressa do art. 27, § 2º, da Lei 8.038/1990 pelo art. 1.072, IV, da Lei 13.105/2015). Pode haver execução provisória da pena? ▪ Com a sentença absolutória a jurisprudência considera que o sujeito deve permanecer solto até o trânsito em julgado do recurso. ▪ Com a sentença condenatória a jurisprudência considera inconstitucional a execuçãoprovisória da pena, o STF considera que ofende o princípio da não culpabilidade/presunção de inocência. Efeito regressivo (diferido): Presente em alguns recursos, o efeito regressivo é aquele que permite ao prolator da decisão impugnada dela retratar-se antes do encaminhamento da insurgência ao juízo ad quem. Entre os recursos criminais ordinários, possuem este efeito o recurso em sentido estrito (art. 589 do CPP), a carta testemunhável (art. 643 do CPP) e o agravo em execução (197 – LEP - este porque, segundo a doutrina e jurisprudência consolidadas, segue o rito do primeiro). Efeito translativo: Consiste na devolução ao órgão ad quem de toda a matéria não atingida pela preclusão. Em outras palavras, possui efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, confere ao tribunal julgador o poder de decidir qualquer matéria, em favor ou contra qualquer das partes. Confere ao tribunal julgador o poder de decidir qualquer matéria em favor ou contra a parte. Somente o recurso EX OFFICO (HC), pois este viabiliza ao tribunal competente decidir tanto em prol da acusação como da defesa, sem estar atrelado aos limites impostos pela proibição da reformatio in pejus. VOLUNTARIEDADE E REEXAME NECESSÁRIO (Recurso Ex Officio) O art. 574 do CPP estabelece a voluntariedade com regra geral dos recursos. Isto significa que a decisão judicial, uma vez prolatada, poderá ser revista apenas quando a parte sucumbente tomar a iniciativa de recorrer. Essa regra, porém, não é absoluta, encontrando exceção no artigo 574, o qual prevê situações de reexame necessário, vale dizer, hipóteses nas quais, ainda que não haja o recurso voluntário, obrigatoriamente deverá a decisão ser encaminhada pelo juiz prolator ao tribunal competente para a revisão. ▪ O recurso ex officio fundamenta-se na presunção de que determinadas decisões, expressamente previstas, pela sua natureza, causam prejuízo potencial à sociedade, impondo-se, pois, a submissão obrigatória ao duplo grau de jurisdição como condição para que transitem em julgado (ex vi da Súmula 423 do STF). Note-se que o cabimento do reexame necessário se justifica, apenas, contra decisões de juiz singular, não sendo possível contra decisões colegiadas (câmaras, turmas), ainda que em processos de competência originária dos tribunais. � Os Recursos podem ser: conhecido, não conhecido, provido ou não provido RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (581 a 592 CPP) Cabimento: Embora o recurso em sentido estrito destine-se a impugnar decisões interlocutórias, seu cabimento é restrito aos casos expressamente contemplados em lei. Portanto, não é possível equipará-lo ao agravo de instrumento do processo civil e, a partir daí, compreender que pode ser manejado contra qualquer decisão incidental no processo. Sem embargo de se considerar peremptórias as situações de cabimento do RSE, é possível aceitar a interpretação extensiva (art. 3.º do CPP) das hipóteses previstas, permitindo-se, em caráter excepcional, o manejo desse recurso contra decisões que, apesar de não expressamente arroladas, sejam conceitualmente muito próximas ou que produzam sucumbência semelhante a uma hipótese legal de cabimento. Exemplo: A autoridade policial representa pela prisão temporária do investigado. O juiz, malgrado o parecer favorável do Ministério Público, indefere essa prisão. Ora, o indeferimento da prisão temporária não se encontra entre as situações previstas de RSE. Contudo, existe a previsão desse recurso para atacar a decisão que indefere a prisão preventiva (art. 581, V, do CPP). Assim, no exemplo, poderá o promotor (não o delegado de polícia, pois este não possui faculdade recursal) valer-se do RSE para atacar tal decisão, fazendo-o a partir de interpretação extensiva da hipótese prevista no art. 581, V, do CPP. Isto ocorre porque tanto uma quanto outra hipótese produzem a mesma consequência processual: a manutenção do investigado em liberdade. No art. 581, caput, do CPP, contempla-se o cabimento do recurso em exame em relação a decisões, despachos e sentenças. - Trata-se, porém, de impropriedade legislativa. O RSE é cabível unicamente contra decisões interlocutórias. - Quanto aos despachos de mero expediente, são irrecorríveis, muito embora passíveis de impugnação por meio de correição parcial (que não é recurso) quando provocarem inversão tumultuária do processo. - Já as sentenças de condenação ou absolvição são apeláveis (art. 593, I, do CPP), ressalvando-se desta regra apenas a hipótese de julgamento pela prática de crime político, que enseja recurso ordinário constitucional para o STF (art. 102, II, b, da CF), como se verá oportunamente (item 14.17.1 – b). → Rol taxativo do artigo 581 I -Que não receber a denúncia ou a queixa; O não recebimento da denúncia ou da queixa classifica-se como decisão interlocutória mista terminativa, pois, uma vez transitada em julgado, acarreta a extinção da inicial acusatória. II- Que concluir pela incompetência do juízo; O reconhecimento da incompetência do juízo é decisão interlocutória simples, pois não importa em extinção do procedimento, e, sim, na sua remessa ao juízo competente. III- Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; A procedência da exceção de incompetência classifica-se como decisão interlocutória simples, já que não importa em extinção do processo, mas sim na sua remessa ao juízo competente. Sendo hipótese de procedência de exceções de litispendência, coisa julgada e ilegitimidade de parte, a decisão assume a natureza de interlocutória mista terminativa, já que, ao contrário da incompetência, extingue o processo, conduzindo ao seu arquivamento. IV- Que pronunciar o réu; A decisão de pronúncia possui natureza interlocutória mista não terminativa, pois exaure a 1ª fase do procedimento de apuração dos crimes dolosos contra a vida – o juditium acusationes – e inaugura a 2ª etapa desse rito – o judictium causae. Não acarreta, como se vê, a extinção do processo. V- Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; Todas as hipóteses contempladas neste dispositivo são decisões interlocutórias simples, pois restritas a decidir vicissitudes da fiança. VII- Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; São decisões interlocutórias simples, pois nada extinguem – nem o inquérito ou processo, nem uma fase do procedimento. VIII- Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; trata- se de decisão interlocutória mista terminativa, pois extingue o procedimento antes da fase sentencial. IX- Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; O indeferimento do pedido de extinção da punibilidade constitui modalidade de decisão interlocutória simples, já que não implica o arquivamento do inquérito ou da ação penal. X- Que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; trata-se de decisões interlocutórias mista terminativas, pois, uma vez transitadas em julgado, acarretam a extinção do processo de habeas corpus deduzido pelo impetrante. XII- Que conceder, negar ou revogar livramento condicional; Decisão interlocutória simples em sede de execução penal. XIII- Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; A decisão do juiz que anula total ou parcialmente o processo possui natureza de interlocutória simples, pois não tem como finalidade extinguir o processo, impondo apenas a renovação dos atos anulados ou, na impossibilidade, a desconsideração dos elementos de prova capazes de formar o convencimento do juiz (art. 157, caput, do CPP). XIV- Queincluir jurado na lista geral ou desta o excluir; Embora não se trate de pronunciamento adotado no âmbito de um processo criminal ou no curso de um inquérito, classifica-se a decisão em tela como interlocutória mista terminativa, já que, uma vez transitada em julgado, acarreta o arquivamento do procedimento que materializou os atos de escolha dos jurados que poderão fazer parte das reuniões do Tribunal do Júri no ano seguinte. XV- Que denegar a apelação ou a julgar deserta; Decisão interlocutória simples. XVI- Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; é modalidade de decisão interlocutória simples, já que não importa na extinção do processo, mas tão somente na sua suspensão. XVII – Decisão acerca da unificação de penas: Decisão interlocutória simples em sede de execução criminal. XVIII- que decidir o incidente de falsidade; De acordo com o art. 145, I, do CPP, o incidente de falsidade documental é autuado em apartado. Infere-se, portanto, que sua instauração importa na formação de um procedimento autônomo. Logo, a decisão que o resolve extingue esse procedimento, caracterizando-se como interlocutória mista terminativa. XV- Que impuser medida de segurança por transgressão de outra; Decisão interlocutória simples em sede de execução criminal. IX- Que converter a multa em detenção ou em prisão simples. Não existe mais nessa hipótese com a lei 9.099. Prazo e forma de interposição: Como regra geral, o RSE deverá ser interposto no prazo de 5 dias (art. 586 do CPP). Esse prazo, entretanto, é ressalvado em duas situações: • Hipótese do art. 581, XIV: Refere-se ao recurso da lista geral de jurados, que deverá ser protocolado no prazo de 20 dias, contados da publicação da lista definitiva (art. 586, parágrafo único); • Recurso do assistente de acusação não previamente habilitado em relação à extinção da punibilidade do réu, a ser deduzido no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público (art. 584, § 1.º, c/c o art. 598, parágrafo único). A respeito da legitimidade do assistente para recorrer, remetemos o leitor ao item 14.2.2.1 deste Capítulo, no qual o assunto foi tratado de modo aprofundado. Quanto à Forma (587): o recurso poderá ser interposto tanto por petição como por termo nos autos. Basta ver que o art. 587 do CPP, ao disciplinar a indicação de peças para traslado, refere-se ao “respectivo termo” e ao “requerimento avulso” (petição). Tratando-se de recurso em que as razões não precisam, necessariamente, estar acostadas à interposição, poderá o recorrente relegar a respectiva apresentação para momento posterior. Nesse caso, o prazo para apresentação será de dois dias, nos termos do art. 588 do CPP. Muito embora esse dispositivo sugira que o referido prazo deva correr de forma automática após a interposição do recurso ou a extração do traslado pelo escrivão, é entendimento consolidado no sentido de que sua fluência tem início apenas após a notificação do recorrente para esse fim. Efeitos do recurso em Sentido Estrito: a) Efeito devolutivo: o RSE possui efeito devolutivo, o que significa a restituição ao Poder Judiciário da possibilidade de revisar a decisão atacada. b) Efeito regressivo: permite ao próprio juiz prolator retratar-se da decisão recorrida antes da remessa ao juízo ad quem. A previsão legal deste efeito encontra-se no art. 589 do CPP, dispondo que “com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 2 dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários”. c) Efeito suspensivo: como regra, o recurso em sentido estrito não o possui, ressalvadas as seguintes situações: Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. § 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. §2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. §3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor. Art.584 Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V- Fiança, X-habeas corpus e XIV - que incluir ou excluir jurado na lista geral. § único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação. → Tribunal de apelação é uma maneira antiga de se falar, hoje se fala TRIBUNAL DE JUSTIÇA Art. 583 Subirão nos próprios autos os recursos, ou seja todo processo físico sobe junto para a apreciação do recurso. I - quando interpostos de oficio; II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. § único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo 2 ou + réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia. *Art. 584. LEP: Prazo de devolução: art. 592; Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro de 5 dias, ao juiz a quo. → LEP que é o agravo de execução, só que é a mesma coisa do que o Recurso de sentido estrito, só que o RSE não se usa na LEP. ATENÇÃO!!! → ELA VAI COBRAR O ARTIGO 197 DA LEP – não é RSE Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. APELAÇÃO Cabimento: O cabimento da apelação está relacionado à natureza das manifestações judiciais. Estas, na atual concepção, classificam-se de 3 formas: a) Despachos de mero expediente: são os atos de impulso processual, com natureza meramente ordinatória, destinados a conduzir o processo criminal em direção à sentença. Exemplos: determinação de citação do réu, comando de intimação para apresentação de resposta à acusação. Na medida em que estas manifestações são despidas de qualquer carga decisória, serão sempre irrecorríveis. Evidentemente, um despacho proferido à revelia da lei, causando inversão tumultuária, poderá ensejar correição parcial. Esta medida, contudo, não possui natureza recursal. b) Sentenças definitivas de condenação ou de absolvição: Encontram-se em extremo completamente oposto aos despachos de mero expediente, revestindo- se de carga decisória e pondo termo ao processo no momento adequado, vale dizer, depois de cumpridas todas as etapas procedimentais previstas em lei. Poderão ser: b.1) Proferidas por juiz singular no julgamento dos crimes de sua própria competência: compreende-se, neste caso, a sentença que, à luz das provas produzidas e dos termos da denúncia ou queixa, declara a culpabilidade do acusado e lhe impõe uma determinada sanção penal, ou o absolve por uma das causas previstas no art. 386 do CPP. b.2) Proferidas pelo juiz-presidente do Tribunal do Júri a partir de deliberação dos jurados: trata-se da sentença exarada pelo juiz que presidiu a sessão de julgamento pelo tribunal do júri, condenando ou absolvendo o réu a partir das respostas dadas pelos jurados aos quesitos formulados. c) Decisões interlocutórias: compõem uma classificação intermediária entre os despachos e as sentenças propriamente ditas. Possuem carga decisória, podendo, eventualmente, acarretar a extinção do processo. Classificam-se em duas ordens: FORMA E PRAZOS: a) Quanto forma, a apelação regulada pelo CPP poderá ser interposta tanto por petição como por termo nos autos. No tocante ao processamento, trata-se de recurso que deve subir ao tribunal competente para seu julgamento, em regra, inserida nos própriosautos do processo criminal, conforme estabelece o art. 603 do CPP. Há, porém, exceção a essa regra no art. 601, § 1.º, do CPP, ao dispor que o recurso subirá ao tribunal por traslado quando, havendo mais de um réu, nem todos tenham sido julgados ou nem todos tenham apelado da sentença. Estas previsões têm por objetivo evitar que se protele o encaminhamento do recurso do réu apelante ao tribunal enquanto se aguarda o julgamento do outro réu no mesmo processo, ou que se retarde o início da execução da pena do condenado que não interpôs apelação. b) Prazo de interposição, como regra geral, será de 5 dias (art. 593, caput, do CPP). Ressalva-se, contudo, a apelação do assistente de acusação, quando não previamente habilitado, em relação à sentença condenatória ou absolutória, que poderá ser deduzida no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público, nos termos do art. 598, parágrafo único, do CPP. E, também, a apelação cabível no âmbito da Lei 9.099/1995, que deve ser interposta já com as razões no prazo de 10 dias (art. 82 daquele diploma) Efeitos: • A apelação possui efeito devolutivo, pois devolve a matéria já decidida a reexame pelo órgão competente. • Quanto ao efeito regressivo (juízo de retratação), a apelação não o possui, jamais permitindo ao juiz voltar atrás na sentença recorrida, ao contrário do que ocorre com o recurso em sentido estrito e com o agravo em execução. • Já em relação ao efeito suspensivo a apelação poderá suspender ou não os efeitos da decisão atacada, dependendo essa definição da natureza da sentença. Sentença → Apelação Preparo → recurso não conhecido cabe recurso em sentido estrito → QUANDO O RECURSO DE APELAÇÃO NÃO FOR CONHECIDO, CABE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (ART. 181, CPP) Art. 593. Obs.: Renata mandou destacar: III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (aqui vai ser apelação até p. 4) a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. §1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. §2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. §3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. §4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE Cabimento: Os embargos infringentes são destinados ao reexame de acórdãos de segunda instância proferidos pelos Tribunais de Justiça e pelos Tribunais Regionais Federais, desde que não unânimes (decisão por 2x1 votos) e desfavoráveis ao réu. **O MP não pode utilizar esse recurso, é um recurso privativo da defesa. (Olhar caso do Lula, embargos infringentes) Recurso privativo da defesa. Caberá embargos contra acórdão de: - RSE; - APELAÇÃO; - AGRAVO EM EXECUÇÃO, 197 DA LEP. Ao disciplinar os embargos infringentes, refere-se o art. 609, parágrafo único, do CPP a “embargos infringentes e de nulidade”. Tecnicamente, embargos infringentes é a nomenclatura adequada à hipótese em que o acórdão embargado tenha apresentado divergência em matéria de mérito, relegando- se o nome embargos de nulidade à impugnação de acórdãos divergentes em matéria de nulidade processual. Em síntese: a) Julgamento por 2x1, desfavorável ao réu em matéria de mérito: embargos infringentes. Exemplo: acórdão que, por maioria, dá provimento a recurso da acusação, reformando a sentença absolutória e condenando o réu. b) Julgamento por 2x1, desfavorável ao réu em matéria de nulidade processual: embargos de nulidade. Exemplo: acórdão que, por maioria, rejeita prefacial de nulidade suscitada pela defesa em sua apelação. A utilização deste recurso na esfera criminal independe da natureza da decisão de 1.º Grau. Isto significa que tanto poderão ser opostos em relação ao acórdão que tenha confirmado a decisão do juiz quanto ao acórdão que a tenha reformado. Exemplos: 1. Sentença condenatória – Defesa interpõe apelação – Câmara Criminal, por maioria de votos, mantém a sentença condenatória: São oponíveis embargos infringentes. 2. Sentença absolutória – Ministério Público interpõe apelação – Câmara Criminal, por maioria de votos, reforma a sentença absolutória, condenando o réu: São, igualmente, cabíveis estes embargos. → Descabem embargos infringentes ou de nulidade contra decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais Criminais. Prazo, forma e competência para o julgamento: • Quanto ao prazo, os embargos serão opostos em 10 dias, contados da publicação do acórdão embargado. • Quanto à forma, serão ingressados apenas por petição, não se admitindo termo, visto que as razões devem estar presentes no momento em que protocolado o recurso. A petição de oposição deverá ser dirigida ao Desembargador-Relator do acórdão embargado, enquanto as razões serão endereçadas ao respectivo órgão julgador. • A competência para o julgamento nos Tribunais Estaduais depende da organização judiciária de cada Unidade Federativa. Já nos Tribunais Regionais Federais, se opostos contra decisões das turmas, incumbe, normalmente, às seções criminais. Ressalte-se que, dependendo do Regimento Interno do respectivo Tribunal, o órgão a que afeto o julgamento dos embargos. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ART.382 (1°grau) e 619 (2°grau) Cabimento: Definem-se como o instrumento facultado às partes visando à integração (não à substituição) de decisões judiciais, sejam estes acórdãos, sentenças ou decisões interlocutórias. Os vícios que ensejam seu ingresso são aqueles listados em lei. Consistem em: 1. Ambiguidade: Ocorre quando a decisão permite duas ou mais interpretações. 2. Obscuridade: Hipótese em que o pensamento do julgador não está claro, ou se mostra incompreensível, ou não correspondente à realidade dos autos, disso tudo resultando ininteligibilidade da questão jurídica objeto da decisão. 3. Omissão: Vício decorrente da falta de pronunciamento da decisão sobre ponto relevante. 4. Contradição: Contraditória é a decisão que encerra aspectos conflitantes. Prazo e forma: Tanto no art. 382 do CPP quanto no art. 619 do CPP devem ser opostos em 2 dias, contados da intimação da sentença ou publicação do acórdão embargado. Efeitos em relação ao prazo dos demais recursos: Em que pesem algumas divergências, predomina o entendimento de que os embargos declaratórios regulados no CPP, uma vez opostos, interrompem o prazo para o recurso cabível, o qual fluirá, integralmente, após a decisão dos embargos. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - ART. 29 DA LEI 8.038 DE 1990 São oponíveis contra decisão das turmas do STJ, quando do julgamento do RESP divergem de outra turma do STJ. Prazo: 15 dias. Efeito: regressivo AGRAVO EM EXECUÇÃO - ART.197 DA LEP Cabimento: Previsto no art. 197 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal – LEP), o agravo é o recurso cabível contra qualquer decisão do juiz da Vara de ExecuçõesCriminais. Exemplo: saída temporária. Prazos: Não há previsão de prazo, forma ou rito na LEP para esta modalidade recursal. Súmula 700 do STF: é de 5 dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal. → Pode o agravo ser ingressado por petição ou termo, facultando-se a apresentação das razões em momento posterior à interposição. → Às razões e contrarrazões, por força do art. 588 do CPP, serão apresentadas no prazo de dois dias, contados da intimação dos interessados para essas finalidades. Efeitos: • Efeito devolutivo, implicando devolução ao Judiciário da matéria incorporada ao recurso. • Efeito regressivo, em razão da já mencionada aplicação subsidiária do procedimento cabível para o recurso em sentido estrito. • Efeito suspensivo, dispõe o art. 197 da Lei 7.210/1984 que o agravo não o possui. Não obstante essa disposição legal, alguns tribunais, excepcionalmente, admitem a via do mandado de segurança visando a agregar ao agravo esse efeito. CARTA TESTEMUNHÁVEL Conceito: Conforme dispõe o art. 639 do CPP, é o recurso cabível contra a decisão que não receber o recurso interposto pela parte ou que, após o recebimento, obstaculizar o seu seguimento à instância superior. Esse artigo foi revogado, falar com Renata Exemplos: Ao examinar agravo da execução interposto pelo apenado, decide o juiz por não o receber sob o fundamento da intempestividade. Não possui efeito suspensivo (art. 646 do CPP). O requerimento da carta testemunhável não impede o prosseguimento do processo criminal ou a execução da sentença que haja sido atacada pelo recurso não recebido ou obstado. Ressalva-se desta regra, evidentemente, a execução da pena fixada em sentença condenatória, o que implicaria violação ao princípio constitucional da presunção de inocência. Exemplo: Diante de sentença condenatória, a defesa interpõe apelação, não sendo esta, porém, recebida pelo juiz sob o fundamento da intempestividade. Nesta situação, o causídico interpõe recurso em sentido estrito (art. 581, XV, do CPP), o qual também vem a ser denegado pelo juiz. Se, contra essa decisão (não recebimento do RSE), a defesa requerer a extração de carta testemunhável, a despeito da ausência de efeito suspensivo nesse recurso, não poderá ser executada provisoriamente a pena fixada na sentença condenatória, tendo em vista a ausência do trânsito em julgado dessa sentença. Portanto, indiretamente, a carta testemunhável, nesse caso, impede que se opere o efeito penal principal da condenação, que é o cumprimento da pena. Cabimento: Tendo em vista o acima exposto, muito especialmente o caráter supletivo da carta testemunhável, infere-se que o seu cabimento é restrito às seguintes hipóteses: 1. Não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito; 2. Não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo da execução. Prazo, forma e rito: A carta deve ser requerida no prazo de 48 HORAS após a intimação da decisão que denegou ou obstou o seguimento do recurso. • o horário em que tiver sido esta realizada, deve- se contar o prazo como 2 dias. ATENÇÃO! Obs. Renata: o prazo é de 48h (vai ser cobrado na prova, não confundir com 2 dias) → Pode ser ingressada por petição ou por termo, deverá ser processada, sempre, por instrumento, o que importa dizer que, já no requerimento de sua extração, deve o testemunhante indicar peças para formação de traslado. Na confecção da carta, a petição deverá ser endereçada ao chefe do cartório ou secretaria, respectivamente. • Escrivão, se deduzida contra decisão denegatória de recurso por juiz estadual; • Diretor de Secretaria, se ingressada contra decisão que indefere o recurso por juiz federal; • Secretário da Presidência, se requerida contra decisão da Presidência de Tribunal que não admitir recurso ordinário constitucional lá ingressado. TRIBUNAL DO JÚRI CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI: v Homicídio; v Instigação ou auxílio ao suicídio; v Aborto; v Infanticídio; v Crimes conexos do art. 78, I, desde que sejam com os crimes dolosos contra vida. O procedimento se divide em duas fases: 1ª fase: - Sumário de culpa Abrange os atos praticados desde o recebimento da denúncia até a pronúncia. 2ª fase: - Juízo da causa São os atos situados entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal. ** o rito é considerado escalonado ou bipartido. O procedimento: 1ª fase: a) Vai do recebimento da denúncia até a pronúncia; b) Possível rejeição da denúncia, pelos fundamentos do art. 395; c) Citação do Réu; d) Após a citação: - Réu oferece defesa; - Resposta do acusado: Prazo de 10 dias. e) Audiência de instrução e julgamento; Para cada fato imputado ao Réu é possível apenas arrolar 8 testemunhas. Exemplo: Um sujeito provoca uma explosão e mata 10 pessoas, quantas condutas ele praticou? Quantas testemunhas ele pode arrolar? R= Apenas 1 conduta, então somente 8 testemunhas. f) Prazo para conclusão do sumário de culpa; (art. 412, prazo de 90 dias) – Se o Réu estiver preso e após os 90 dias não concluir o sumário de culpa a solução jurídica é: HABEAS CORPUS. PRONÚNCIA (art. 413) A pronúncia está condicionada à existência de indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do fato. Na ausência destes elementos, a hipótese será de impronúncia. (art. 414) Contra a sentença que impronuncia o Réu ou de absolvição sumária cabe apelação. (art. 416). Desclassificação (art. 419): ocorre quando o Juiz se convence em discordância da acusação, que o crime não é de competência do tribunal do júri, este remeterá os autos para o juízo competente. Absolvição sumária: A certeza de que o fato não existiu e a certeza de que o réu não foi autor nem partícipe do fato. (art. 415, I, II) Despronúncia: Reforma da decisão de pronúncia. - Quando há Juízo de retratação ou quando o Tribunal de Justiça desfaz a decisão do Juiz de 1º grau ocorre a DESPRONÚNCIA. NATUREZA JURÍDICA DA PRONÚNCIA: - Decisão interlocutória; - Mista; - Não terminativa. ATENÇÃO!!! A decisão de pronúncia só faz coisa julgada formal. ALTERAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO CRIME Podem ocorrer em duas hipóteses: 1- Por Emendatio Libelli – (art. 418) Dispõe que o juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na denúncia ou na queixa subsidiária, ainda que, em consequência, fique o réu sujeito a pena mais grave. Este instituto pressupõe que a nova definção não implique reconhecimento de elemento ou circunstância não contida na inicial acusatória, dos quais o réu não tenha se defendido. Outra interpretação do mesmo fato narrado na denúncia. 2- Por Mutatio Libelli – (art. 411, § 3º > art. 384) Encerrada a instrução probatória, aplicar-se-á, se for o caso, o art. 384. Contempla-se, neste caso, a situação em que, diante das provas coligidas na instrução criminal, entende o juiz ser o caso de pronunciar o réu por outro delito, reconhecendo, para tanto, circunstância ou elemento que não integra a inicial acusatória. Aqui há necessidade de aditamento da denúncia. EFEITOS DA DECISÃO DE PRONÚNCIA Seguintes: 1- Submete o acusado a júri popular: trata-se da única das quatro decisões possíveis nesta fase que importa em julgamento do réu pelo Tribunal do Júri. 2- Limita as teses acusatórias a serem apresentadas aos jurados: ainda que o acusado tenha sido acusado por homicídio qualificado, caso venha a ser pronunciado por homicídio simples em sessão de julgamento o promotor de justiça não poderá fazer menção à qualificadora afastada pelo juiz e tampouco poderá ser objeto de quesitaçãoaos jurados. 3- Interrompe o prazo prescricional: o art. 117, II do CP diz que a decisão de pronúncia é causa interruptiva da prescrição, desimportando a circunstância de o Tribunal do Júri, eventualmente, desclassificar a infração penal qual foi pronunciado o réu para outra (Súmula 191 do STJ). * Se houver recurso da decisão de pronúncia, estabelece o art. 117, II do CP que também interrompe a prescrição a decisão confirmatória da pronúncia. 2ª fase: Desaforamento – súmula 712 STF Consiste no deslocamento do julgamento pelo júri para Comarca distinta daquela onde tramitou o processo criminal, podendo ser determinado pelo Tribunal competente a partir de requerimento de qualquer das partes e inclusive pelo juiz, mediante representação àquele Colegiado. Ocorre nas seguintes hipóteses: 1- Garantia da ordem pública; 2- Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados; 3- Segurança pessoal do réu 4- Não aprazamento de data para o júri no prazo de até seis meses contados do trânsito em julgado da pronúncia, quando comprovado o excesso de serviço. • HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO: (art. 430) Prazo de 5 dias antes da sessão do júri. SESSÃO DO JÚRI: roteiro da segunda fase. 1- Verificação das cédulas de votação - 25 jurados para existir o corpo de jurados – art. 433 2- Instalação do júri – art. 463 – 15 jurados pra sessão acontecer 3- Formação dos jurados – 7 jurados para composição do conselho de sentença 4- Interrogatório do Réu 5- Debates 6- Quesitos 7- Votação 8- Sentença REVISÃO CRIMINAL – ART. 621 Pode ocorrer a qualquer tempo. (súmula 611 do STF) Não possui natureza jurídica de recurso. É privativa da defesa. HIPOTESES: Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
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