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PROCESSO PENAL ESPECIAL

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NULIDADES DO PROCESSO PENAL 
 
Conceito: Nulidades referem-se ao sistema utilizado para 
o reconhecimento de um vício de ato processual. No Brasil 
o sistema de nulidades refere-se ao utilizado para o 
reconhecimento de um vício de ato processual, e é 
denominado sistema instrumental ou instrumentalidade 
das formas, e significa que a finalidade do ato deve 
prevalecer sobre as formas como ele é praticado. art. 563 
e 566 
 
Classificação dos vícios: são 4 
1. Inexistência: o ato não existe e, não existindo, jamais poderá ser válido e eficaz. 
Ex.: prova ilícita. 
Denúncia subscrita apenas pelo estagiário do ministério público. 
Habeas corpus sem a assinatura do impetrante. 
Recurso interposto por advogado sem a assinatura do advogado ou sem procuração. 
Sentença proferida por juiz impedido (252 CPP). 
Arquivamento de decisão a reexame necessário sem remessa dos autos. 
 
• é o mais grave de todos. 
• Não é defeito, porém falta, ausência. E a inexistência do ato. 
• A hipótese de inexistência do ato não admite convalidação, uma vez que 
a única forma de sanar o defeito seria que fosse novamente praticado. 
Porém, essa nova prática não gera efeitos retroativos, ante a ausência 
de efeito jurídico mínimo que possa ser aproveitado do ato inexistente. 
 
2. Nulidade absoluta: o ato existe, porém nunca será válido e nem eficaz. 
 
• Apresenta um grave defeito que mácula princípios constitucionais que 
norteiam o devido processo legal (matéria de ordem pública) 
• Atinge a todos (ordem pública) 
• Tem 2 correntes sobre a necessidade de demonstração de prejuízo. 
 
OBS.: EXISTEM DUAS CORRENTES DOUTRINÁRIAS: 
A) primeira corrente: a nulidade absoluta gera prejuízo presumido as partes. Ao mesmo 
tempo em que se dispensa a quem alega a nulidade absoluta de comprovar o prejuízo sofrido, 
faculta-se à parte que é prejudicada pelo reconhecimento do vício, visando salvar a integridade 
do ato impugnado, demonstrar nos autos a incoerência do prejuízo que foi estabelecido por força 
da presunção. 
B) segunda corrente: é a posição adotada pelo STF e STJ. O princípio geral de que não se 
declara a nulidade do ato se dele não houver resultado prejuízo para as partes. Alcança tanto 
as nulidades relativas quanto às absolutas. Não se pode falar na existência de uma presunção 
de prejuízo, impondo-se, em qualquer caso, a devida comprovação. 
 
Ex.: Nulidade absoluta em razão da pessoa ou da matéria. 
Ausência de intimação do defensor público e do MP. (Advogado: é por comunicação, 
dificilmente pode dizer que não foi intimado, se ele não foi e o réu foi, ele é considerado 
intimado). 
3. Nulidade relativa: o ato existe, não é válido nem eficaz. Contudo, poderá ser válido 
e produzir efeitos caso venha a ser sanado ou convalidado. 
 
Ex.: falta de intimação quando há expedição de carta 
precatória. Quando o réu não é intimado, porém 
comparece à audiência. 
 
• tutelam o interesse privado da parte. 
• É aquele que decorre da violação de uma determinada forma de ato que 
visa a proteção do direito privado. 
• Atinge apenas as partes. 
• Pode ser convalidada se não houver um prejuízo no processo. 
 
4. Irregularidade: o ato existente, é válido e eficaz. 
 
Ex.: denúncia sem indicação do rol de testemunhas. 
(Pode juntar depois) Falta de recibo do preso no auto de 
prisão em flagrante. (APF) Ausência de qualificação dos 
peritos em exame cadavérico. 
 
• é o defeito mínimo que não afeta o curso normal do processo. 
 
Princípios: 
 
1. Princípio do prejuízo: tem que ter real prejuízo para ser declarada a nulidade 
absoluta e relativa (563 CPP: nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não 
resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.) 
 
2. Princípio do interesse 565 segunda parte CPP: só quem foi prejudicado no 
processo pode provocar nulidade. 
 
3. Princípio da Convalidação. 572 §1: se não for arguido no momento correto. Gera 
preclusão. 
 
4. Princípio da extensão/ sequencialidade/ causalidade/ contaminação: 
teoria dos frutos envenenados. Veneno da árvore que contamina os frutos. A nulidade 
de um ato ocasiona a nulidade dos que lê forem consequência ou decorrência. Art 573 
§1. Não é circunstância de serem um ou mais termos do processo posteriores ao ato 
declarado nulo ou que os torna nulificados, mas sim de serem consequência ou 
decorrência daquele ato. 
 
• Existe nulidade no inquérito policial? 
Existem duas correntes para se considerar a nulidade do inquérito, parte da doutrina 
entende que é possível, outra parte discorda. 
 
 
RECURSOS NO PROCESSO PENAL 
 
CONCEITO: É a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, 
objetivando uma segunda opinião do Estado com a finalidade de corrigir modificar ou 
confirmar a decisão. 
 
É o reexame de uma decisão. Existência do recurso se 
justifica no princípio do duplo grau de jurisdição, que 
objetiva assegurar a efetiva prestação jurisdicional, 
traduzindo-se como um pressuposto necessário a justa 
composição da lide. Não está na cf. 
 
Natureza jurídica: Meio destinado a obter a reforma da decisão. 
 
Obs.: existem decisões irrecorríveis. 
 
CLASSIFICAÇÕES: 
 
1. Quanto a obrigatoriedade: 
A- recurso voluntário: aquele que a interposição se condiciona 
unicamente à vontade da parte, que deverá provocar o reexame, ou 
seja, tomar a iniciativa de recorrer sob pena de preclusão da decisão 
judicial. 
 
B- recurso de ofício: refere-se a situações de reexame 
necessário, ou seja, aquelas em que a própria lei obriga a revisão 
da decisão judicial como condição para o trânsito em julgado. 
 
2. Quanto às fontes informativas: 
A- recursos constitucionais: são aqueles que têm as suas 
hipóteses de cabimento contempla das na CF, sem prejuízo de 
aspectos relacionados a forma, rito, prazo e tramitação estejam 
disciplinados em legislação infraconstitucional. 
 
B- recursos legais: são os previstos no código de processo 
penal e na legislação processual especial. 
 
3. Quanto aos pressupostos de admissibilidade: 
A- recursos genéticos: baseiam-se no mero inconformismo 
da parte, sem exigir requisitos específicos para o seu cabimento. 
Exemplo: contra a sentença condenatória é cabível a apelação, não 
sendo necessária a observância de qualquer pressuposto especial 
para a utilização desse recurso além dos requisitos gerais que 
devem ser observados para as demais impugnações 
(tempestividade, forma, cabimento etc.). 
 
B- recursos específicos: são aqueles que possuem requisitos 
próprios para sua interposição, além dos pressupostos normais 
atinentes a qualquer recurso. Exemplos: o recurso especial, que 
exige o prequestionamento da matéria debatida; e o recurso 
extraordinário, que, além do prequestionamento, requer também 
a demonstração da repercussão geral da matéria constitucional 
nele versada (art. 102, § 3.º, da Constituição Federal). 
 
4. Quanto a motivação: 
A- recursos ordinários: trata-se de impugnações que aceitam 
qualquer espécie de argumentação. Assim, podem ser analisados 
tanto aspectos relativos à prova angariada aos autos quanto 
temas jurídicos. Relativamente ao direito invocado, também não 
há qualquer restrição, podendo ser de ordem estadual, federal 
ou constitucional, indistintamente. Exemplo: a apelação da 
sentença condenatória, em que o apelante pode não apenas 
invocar direito federal e constitucional, como também analisar em 
seu favor toda prova coligida ao processo. 
 
B- recursos extraordinários: nesta espécie de recursos, há 
limitações quanto à argumentação a ser utilizada pelo recorrente, 
sob pena de não admissão ou não conhecimento da impugnação. É 
o que ocorre, por exemplo, com os recursos especial e 
extraordinário, quenão serão admitidos caso invocados aspectos 
relativos à prova dos autos (Súmulas 07 do STJ e 279 do STF, 
respectivamente). Além disso, no recurso especial, a abrangência 
da fundamentação é restrita à violação da lei federal, não sendo 
possível o seu manejo para questões concernentes ao mal 
ferimento de dispositivo constitucional (art. 105, III, a, da CF). Já 
o recurso extraordinário não se presta para enfrentar temas 
relacionados à violação direta da lei federal, mas sim de aspectos 
pertinentes à ofensa à Constituição Federal (art. 102, III, da CF). 
 
Juízo de admissibilidade dos recursos: 
Prelibação: só para recursos criminais, consiste na verificação da presença dos 
pressupostos recursais tanto pelo juízo de primeiro grau (a quo) quanto pro de segundo 
grau (Ad quem) de admissibilidade. 
 
Pressupostos recursais: 
Objetivos: Subjetivos: 
- Cabimentos dos recursos - Legitimidade 
- Tempestividade - Interesse de agir 
- Forma legal 
- Preparo 
 
PRESSUPOSTOS OBJETIVOS: 
1 - Cabimento do recurso - o recurso tem que ser cabível, envolvendo 
duas condições: 
 
➢ RECORRIBILIDADE: (a decisão impugnada deve estar sujeita a recurso / a 
decisão tem que ser passível de recurso) existem situações de irrecorribilidade no 
CPP, art. 93 § 2 que trata do indeferimento da suspensão do processo do processo 
em virtude de questão prejudicial facultativa; art. 273, que fala da admissão ou 
não do assistente de acusação; art. 105 que fala da decisão na exceção de 
suspeição de perito ou serventuário da justiça; o art. 326 do regimento interno do 
STF, que trata de decisão que conclui pela inexistência de repercussão geral no 
recurso extraordinário. 
 A solução jurídica para eles é o mandado de segurança. 
 
➢ ADEQUAÇÃO: (necessidade de o recorrente valer-se da via correta para 
atacar a decisão). Não é condição inflexível pois o princípio da fungibilidade 
possibilita ao juízo a quo receber e ao juízo ad quem conhecer recurso certo como 
se fosse o recurso certo. Art. 579 CPP. 
 
 
Existem hipóteses de cabimento para o princípio de fungibilidade: 
Inexistência de má-fé do recorrente: a má-fé pode ser observada pelo erro 
grosseiro ou pelo prazo. Ex.: é apelação e a pessoa opõe embargos de declaração. 
 
Obs: fungibilidade é diferente de convolação, convolação é a impugnação deduzida em juízo, 
corretamente, mas conhecida como se fosse outra. Exemplo: juiz profere sentença e diz 
que o regime é inicialmente fechado, mas não fixa a pena, ele tem que dizer quanto tempo 
vai ser a pena e após o trânsito em julgado deve ter a revisão criminal para ser fixada a 
pena. 
 2- Tempestividade- os prazos no CPP são fatais, contínuos e peremptórios (798 
CPP) não se interrompe por férias, domingo ou dia feriado. 
 
Exceção: recesso/férias forense (resolução 8 2005 CNJ, os recessos estão garantidos, 
porém com a garantia aos cidadãos que os plantões irão continuar) 
 
• Prazo do MP no crime não é em dobro, mesmo prazo para o réu. 
 
• Vista pessoal. 
 
Contagem de prazo (súmula 707 STF) conta do ato da intimação 
 
Lei 11419/2006 - (não vai cair na prova) trata do meio eletrônico. 
 
 
Obs: qual a ordem para a intimação 
do réu e seu defensor? Tanto faz 
STF e STJ. Corrente minoritária, 
primeiro o réu e depois o defensor 
 
3 - Forma legal (578) - formalidade que deve ser cumprida. O recurso deve ser 
interposto por petição (folha de rosto) ou pôr termo nos autos assinado pelo recorrente 
ou por seu representante. 
 
• Petição é a manifestação escrita com a vontade 
de recorrer. 
• Termo é a manifestação oral quanto a vontade 
de recorrer. 
 
 
O recorrente tem que apresentar os seus motivos, razoes e o recorrido tem a 
oportunidade de apresentar as contrarrazões para oportunizar o princípio do 
contraditório e da ampla defesa. 
 
Recursos que não precisam estar acompanhados das razões: 
Recurso	em	sentido	estrito:	
interposição	em	5	dias	e	
posterior	intimação	para	
a	apresentação	das	
razões	em	2	dias	
(art.	586	c/c	o	art.	588	do	CPP)	
Apelação	
	
	
	
	
interposição	em	5	dias	e	
posterior	intimação	para	
a	apresentação	das	
razões	em	8	dias	
(art.	593	c/c	o	art.	600	do	CPP)	
	
Ressalve-se,	aqui,	a	apelação	em	
sede	de	Juizado	Especial	Criminal,	
pois,	neste	caso,	o	art.	82	da	Lei	
9.099/1995	prevê	expressamente	
que	a	interposição	deva	ser	feita,	
unicamente,	por	petição	escrita,	
sendo	que	as	razões	já	devem	ser	
apresentadas	no	mesmo	ato;	
Agravo	em	execução	
interposição	em	5	dias	e	
posterior	intimação	para	
a	apresentação	das	
razões	em	2	dias	
(por	analogia	ao	recurso	em	sentido	
estrito,	já	que	a	Lei	de	Execução	
Penal	não	prevê	forma	e	rito	
autônomos	para	esse	recurso)	
Carta	testemunhável	
requerimento	em	48	
horas	e	posterior	
intimação	para	a	
apresentação	das	razões	
no	mesmo	prazo	das	
razões	do	recurso	
denegado	ou	não	
encaminhado	à	instância	
superior	
(art.	640	c/c	o	art.	643	do	CPP)	
	
 
Hipóteses de intempestividade das razões: 
STJ entende que é uma mera irregularidade, não configura intempestividade. 
Ausência das razões no recurso da defesa: 
Duas correntes: (NÃO EXISTE CORRENTE MAJORITÁRIA) 
 
1ª corrente - se a defesa não apresentar as razões a folha de interposição vai subir 
junto com o processo, na hora de subir vai descer para o defensor apresentar as razões, 
se não interpor as razões não existe recurso. (Aqui as razões são obrigatórias) 
 
2ª corrente - o tribunal conhece o recurso sem as razões porque está de posse de 
todo o conteúdo do processo. Se tem o processo todo ele mesmo vai rever. 
 
 
Ausência das razões pelo MP: a motivação é uma das formalidades 
essenciais do recurso e se externa pela apresentação das razões. No caso de o 
Ministério Público deixar de arrazoar, há divergências. 
 
Para uns, a ausência de razões pelo parquet importa em nulidade, conduzindo ao não 
conhecimento da insurgência. A nulidade, sob essa ótica, decorre da aplicação do 
princípio da indisponibilidade da ação penal pública, sendo que a não apresentação de 
razões constitui uma forma de desistência tácita. Além disso, como o Ministério Público 
é obrigado a atuar em todos os termos da ação penal, não pode se recusar à prática de 
ato de ofício (no caso, a apresentação de razões). Por fim, devolvendo o recurso 
ministerial ao órgão ad quem o conhecimento apenas das matérias nele versadas, a 
ausência de razões impede que se detecte, exatamente, o objeto da interposição, além 
de dificultar a apresentação de contrarrazões pela defesa. Nestas condições, o recurso 
sem motivação equivale a uma impugnação inepta, não podendo ser conhecido. 
 
 
Nulidades: a ausência de razões ao recurso ministerial não pode, de per si, 
importar desistência tácita, pois ao Ministério Público é vedada essa postura (art. 
576 do CPP). Ademais, o art. 601 do CPP, tratando da apelação, é expresso em 
dispor que, “findos os prazos legais, os autos subirão ao Tribunal com as razões ou 
sem elas”, não especificando a condição do apelante. Assim, a única condição que 
se deve exigir para o conhecimento e julgamento do recurso acusatório 
desarrazoado é que tenha sido delimitado, na interposição, o objeto da insurgência, 
pois, caso contrário, não haveria, efetivamente, como o Tribunal conhecer da 
irresignação (pela inépcia, não pela desistência), em vista, como já se disse, 
do efeito devolutivo restrito que lhe é inerente. 
 
 
DESISTÊNCIA DO RECURSO E RENÚNCIA AO DIREITO DE 
RECORRER 
 
v Desistência do recurso: É a manifestação de vontade do recorrente, depois de 
ter interposto seu recurso,no sentido do desinteresse no seguimento, 
processamento e julgamento. 
 
Classifica-se como um fato extintivo do recurso: A desistência é retratável dentro do 
prazo recursal. Considerando, por exemplo, um prazo com fluência entre os dias 2 e 6 
de março, uma vez operada e homologada a desistência, nada impede que dela se 
retrate a defesa, desde que o faça antes do dia correspondente ao término do prazo 
recursal. 
 
v Renúncia ao direito de recorrer: A renúncia do direito à interposição recursal 
consiste na manifestação de vontade da parte, realizada antes da interposição 
do recurso, no sentido de abrir mão desta faculdade, antecipando o trânsito em 
julgado da decisão judicial. 
 
Classifica-se como um fato impeditivo do direito de recorrer: A renúncia é irretratável, 
constituindo causa de preclusão consumativa no processo penal. Assim, contemplando-
se um prazo com fluência entre 2 e 6 de março, caso venha a defesa a renunciar ao 
direito de recorrer nos primeiros dias do prazo recursal, sendo essa renúncia 
homologada pelo juiz, não poderá, mais tarde, ainda que antes do dia 6, voltar atrás 
nessa providência e interpor o recurso, pois o prazo consumou-se, vale dizer, esgotou-
se definitiva e antecipadamente. 
 
Quem pode desistir do direito de recorrer e renunciar ao direito de interpor o recurso? 
 
a. O Ministério Público, por disposição legal expressa no art. 576 do CPP, não 
poderá desistir do recurso que haja interposto. Embora a lei seja omissa, 
entende-se que, se não lhe é facultado desistir de recursos, também não pode 
renunciar ao direito de fazê-lo, pois o fundamento é o mesmo: indisponibilidade 
da ação penal pública. A única forma de renúncia ao direito de recorrer que se 
permite ao Ministério Público é aquela que decorre do seu não exercício no prazo 
legal, pois, evidentemente, não está o promotor de justiça obrigado a recorrer 
em qualquer caso, podendo, perfeitamente, deixar de fazê-lo se estiver 
convencido do acerto da decisão judicial. 
 
b. O querelante e ao assistente de acusação, que são acusadores particulares, 
possuindo os respectivos advogados procuração com poderes especiais para 
tanto, vigora o princípio da disponibilidade plena, razão pela qual nada obsta a 
que procedam à desistência de impugnações oportunamente interpostas ou à 
renúncia ao direito de promovê-las. 
 
c. A defesa, considera-se possível a desistência, condicionada está a que não haja 
oposição do advogado e do próprio réu. Assim, se o advogado, mesmo que lhe 
tenha sido outorgada procuração com poderes especiais neste sentido, desistir 
do recurso interposto ou renunciar ao direito de recorrer, deverá o magistrado 
determinar a intimação pessoal do réu, fixando-lhe prazo para que se manifeste 
caso não concorde com o procedimento do defensor. 
 
Por outro lado, efetivada a desistência ou a renúncia pelo próprio réu, seu 
advogado deverá ser intimado quanto a esta atitude do acusado. Na oposição de 
um ou outro, prevalecerá a vontade de quem deseja prosseguir ou intentar o 
recurso, até mesmo porque o tribunal, vedada a reformatio in pejus, não poderá 
agravar a situação do condenado diante de recurso exclusivo da defesa. 
 
Esta, a propósito, a exegese que se extrai da Súmula 705 do STF, dispondo que “a 
renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não 
impede o conhecimento da apelação por este interposta”. Embora se refira o enunciado 
à renúncia (fato impeditivo dos recursos), é clara a sua aplicação, igualmente, às 
hipóteses de desistência. 
 
Atenção!!! 
Estas limitações quanto à desistência do recurso interposto ou à 
renúncia do direito de recorrer não significam, em absoluto, que 
exista, para qualquer dos envolvidos na relação processual, a 
obrigação de recorrer. 
 
4 - Preparo: O art. 806, § 2.º, do CPP estabelece que a ausência de preparo 
importa em deserção do recurso. 
 
Esta regra aplica-se apenas aos casos de ação penal privada e destina-
se, única e exclusivamente, ao querelante, não se aplicando aos demais 
legitimados recursais. 
 
Não obstante, na atualidade, a posição majoritária é a de que o réu apenas deverá 
ser intimado para o pagamento das custas após o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, isto mesmo se não lhe tiver sido assegurado, na própria 
sentença, o benefício da assistência judiciária gratuita. 
 
PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS: 
 
1 - Legitimidade para recorrer: O art. 577, caput, do CPP estabelece que são 
legitimados para a dedução recursal, no polo ativo, o Ministério Público e querelante, e, 
no polo passivo, o réu (pessoalmente), seu procurador ou seu defensor. 
 
→ Da exegese desse dispositivo dois aspectos 
importantes sobressaem: primeiro, a questão da 
legitimação pessoal do réu para recorrer; 
e, segundo a ausência do assistente de acusação 
no rol de legitimados recursais. Analisemos: 
 
• Faculdade outorgada ao réu de, pessoalmente, interpor recursos: 
trata-se de previsão restrita à manifestação de vontade em recorrer, e, ainda assim, 
aplicável unicamente aos casos em que a lei permite a apresentação de razões em 
momento posterior à interposição. 
 
• Ausência do assistente de acusação no rol de legitimados do art. 
577 do CPP: Essa omissão não decorreu de impropriedade legislativa tampouco de 
um descuido do legislador. Em verdade, o assistente de acusação não está previsto no 
referido dispositivo como legitimado recursal, porque nele estão arrolados os sujeitos 
processuais que podem ingressar com qualquer recurso entre os previstos em lei. São 
os chamados legitimados gerais, nos quais não se enquadra o assistente do Ministério 
Público, cuja legitimidade é restrita e subsidiária (supletiva). 
 
→ Legitimação restrita: Diz-se restrita a legitimação do assistente, porque, em 
tese, somente poderá ele recorrer nos casos expressamente previstos em lei, quais 
sejam: 
a) Apelar da sentença, com fundamento no art. 598 do CPP; 
b) Apelar da decisão de impronúncia, com fundamento no art. 584, 
§ 1.º, c/c os arts. 416 (redação determinada pela Lei 
11.689/2008) e 598 do CPP; 
c) Recorrer em sentido estrito da decisão que julgar extinta a 
punibilidade pela prescrição ou outra causa, com base no art. 
584, § 1.º, c/c o art. 598 do CPP. 
 
→ Legitimação subsidiária ou supletiva: Diz-se subsidiária ou supletiva a 
legitimidade recursal do assistente porque, mesmo nas hipóteses em que pode se 
insurgir, fica ele condicionado a que não tenha o Ministério Público recorrido da 
respectiva decisão. 
 
E se o Ministério Público interpuser recurso contra a decisão judicial? Neste caso, é 
necessário distinguir 2 situações: 
• Sendo parcial o recurso do Ministério Público, poderá o assistente insurgir-se em relação à parte 
da decisão não abrangida pela impugnação do Promotor de Justiça. 
• Abrangendo o recurso ministerial toda a decisão recorrida, apenas poderá o assistente arrazoar 
tal insurgência. Neste caso, o recurso do Ministério Público terá duas razões recursais: as oferecidas pelo 
próprio promotor de justiça recorrente e aquelas deduzidas pelo assistente. Isto se extrai da parte final do 
art. 271 do CPP, quando refere que o assistente poderá “arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério 
Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1.º, e 598”. A exegese deste artigo permite concluir que 
o assistente de acusação poderá arrazoar todo e qualquer recurso interposto pelo Ministério Público, mas, 
quanto aos por ele próprio interpostos, apenas poderá oferecer razões nas hipóteses dos arts. 584, § 1.º, e 
598, porque, simplesmente, apenas nestes casos é que pode ele recorrer. 
 
 
Assistente não habilitado: intimado o Ministério Público em 1.º de março, seu prazo 
estender-se-á até 6 de março. Do dia 7 de março até o dia 21 de março, poderá o 
assistente nãohabilitado interpor seu recurso. 
 
Assistente habilitado: intimado o Ministério Público em 1.º de março, seu prazo 
estender-se-á até 6 de março. Se o assistente for intimado antes do final do prazo do 
Ministério Público – no dia 2 de março, por exemplo –, seu prazo não terá início no dia 
3, mas sim no dia 7 de março, esgotando-se no dia 11 do mesmo mês. Caso este 
assistente venha a ser intimado após o final do prazo do Ministério Público, v.g., 10 de 
março, seu prazo correrá a partir da respectiva intimação, fluindo, neste caso, até 15 
de março. 
 
2. Interesse em recorrer: O interesse está previsto no art. 577, § Único do CPP, 
dispondo que não se admitirá recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou 
modificação da decisão. 
 
→ Apenas quando presentes todos estes requisitos 
é que o recurso interposto tem possibilidade de ser 
recebido e conhecido. 
 
É preciso, em síntese, que haja sucumbência, ou seja, disparidade entre o que foi 
postulado pela parte e o que foi deferido pelo juiz. 
 
Embora não haja maiores dificuldades na verificação desse pressuposto, existem 
algumas questões que merecem destaque. São elas: 
 
v Interesse do réu em recorrer da sentença absolutória: o tema é 
consolidado no sentido de que o réu, mesmo absolvido, poderá apelar da 
sentença absolutória em duas situações: 
 
a) Quando pretender modificar o fundamento da absolvição com o objetivo de afastar 
eventual responsabilidade civil. 
b) Quando tiver sido o réu absolvido impropriamente, vale dizer, com a imposição de 
medida de segurança. 
 
v Interesse do assistente de acusação em recorrer para aumentar a 
pena do réu em caso de sentença condenatória: Considerava-se, pois, 
que o objetivo do assistente, na ação penal pública, seria, unicamente, o de 
auxiliar o Ministério Público a condenar o réu. Mas esse entendimento não 
prevalece mais, a maioria da jurisprudência que o interesse do assistente de 
acusação não é unicamente a busca de indenização podendo sim recorrer para 
aumentar a pena do réu, mesmo porque algumas violações jamais poderão 
ser reparadas ou compensadas mediante indenização pecuniária, por 
exemplo, a morte de um filho, a perda de um membro do corpo. 
 
v Interesse do Ministério Público em apelar da sentença absolutória 
proferida na ação penal exclusivamente privada quando o querelante 
não recorre: predomina o entendimento de que não há esse interesse. É que, 
se o querelante pode dispor da ação penal, dela desistindo, perdoando o 
querelado e ainda renunciando ao prazo recursal, a não utilização do recurso 
contra a decisão absolutória importa em evidente desistência da ação, não 
podendo o promotor de justiça, nesse caso, insistir em seu prosseguimento, 
recorrendo da sentença. 
Nada impede, contudo, que recorra o Ministério Público da sentença 
condenatória proferida na ação penal privada, mesmo na inércia do 
querelante, visando ao aumento da pena atribuída. 
 
v Interesse do Ministério Público em recorrer da sentença absolutória 
quando, em debates orais, memoriais ou alegações escritas, o próprio 
Ministério Público requereu essa absolvição: tratando-se do mesmo 
promotor, evidentemente não há esse interesse. Todavia, quando o promotor 
que postulou a absolvição e o promotor intimado da sentença são distintos, 
há 2 posições: 
 
a) 1ª orientação: O Ministério Público é regido pelo princípio da unidade. Assim, se 
houve pedido de absolvição por um promotor, não poderá outro membro voltar-se 
contra a sentença absolutória, pois ambos representam o mesmo Ministério Público. 
Além disso, a sucumbência da acusação é definida pelo pedido realizado nas alegações 
que antecedem a sentença. Se o pedido das alegações coincide com o que foi deferido 
na decisão judicial, não há essa sucumbência capaz de produzir interesse em recorrer. 
 
b) 2ª orientação (majoritária): Os membros do Ministério Público possuem 
independência funcional, sendo possível que um promotor de justiça, discordando do 
pedido de absolvição formulado por seu antecessor, recorra da sentença absolutória 
buscando a condenação. Ademais, a sucumbência do Ministério Público é fixada pelo 
pedido incorporado à denúncia – pedido de condenação. Havendo absolvição, haverá 
dissonância entre o que foi pedido na inicial e o que foi deferido na sentença, não 
afastando essa sucumbência o pleito de absolvição realizado nas alegações que se 
seguem ao encerramento da instrução. É a nossa posição, na esteira de expressiva 
jurisprudência. 
 
v Interesse do Estado em recorrer da sentença penal que, no âmbito de 
sentença absolutória, o condena ao pagamento de custas processuais: 
proferindo sentença absolutória, é comum determinar o juiz, no ato 
sentencial, que o pagamento das custas processuais fique a cargo do Estado. 
 
 
 
Neste caso, possui o Ente Público interesse em recorrer? Muitos afirmam que não há 
esse interesse, tendo em vista não ser o Estado parte no processo criminal em que foi 
condenado ao pagamento de custas. Discordamos disso, reputando ser inequívoco o 
interesse estatal em recorrer diante da sucumbência sofrida nos autos da ação 
criminal. Afinal, ainda que, por não ser parte explícita no processo, não se considere o 
Estado um sucumbente direto, é inegável que, no mínimo, ocorre, na vertente, a 
chamada sucumbência reflexa, assim compreendida aquela que alcança pessoas que, 
mesmo fora da relação processual, são alcançadas por seus efeitos. E tal sucumbência 
reflexa, sem qualquer dúvida, é capaz de gerar interesse para a propositura do 
recurso cabível em relação à sentença que a produzir. 
 
QUADRO ESQUEMÁTICO: 
 
	
	
 
EFEITO DOS RECURSOS 
No processo penal o que indica o efeito do recurso é a lei e o caso concreto. Diferente 
do processo civil, que o que indica o efeito é a lei. 
 
Efeito devolutivo: Regra é que todo recurso possui efeito devolutivo, significando 
que, com a sua dedução, devolve-se ao Poder Judiciário, por intermédio do juízo ad 
quem, o poder de revisar a decisão proferida no juízo a quo. 
 
Efeito suspensivo: Em determinadas situações, a interposição do recurso suspende 
a execução da decisão atacada. 
 
Exemplos de recursos que possuem efeito suspensivo: 
 
v Recurso em sentido estrito da decisão que julgar perdido o valor da fiança e 
daquela que denegar a apelação ou julgá-la deserta (art. 584, caput, do CPP); 
 
v O recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia suspenderá o 
julgamento pelo júri (art. 584, § 2.º, do CPP), muito embora não suspenda 
eventual prisão preventiva ou outra medida cautelar restritiva que tenha sido 
determinada naquela decisão20; 
 
v O recurso em sentido estrito contra a decisão que julgar quebrado o valor da 
fiança suspenderá a perda da metade de seu valor (art. 584, § 3.º, do CPP), 
não suspendendo, entretanto, a prisão do agente ou a imposição, a ele, de 
outra medida cautelar diversa da prisão; 
 
v Apelação da sentença condenatória (art. 597 do CPP). 
 
Exemplos de recursos que não possuem efeito 
suspensivo: 
 
v Hipóteses de recurso em sentido estrito não elencadas no art. 584, caput, 
e §§ 2.º e 3.º, do CPP; 
 
v Apelação da sentença absolutória (art. 596 do CPP); 
 
v Agravo da execução (art. 197 da Lei 7.210/1984 – LEP) 
 
v Recursos especial e extraordinário (art. 321, § 4º, do RISTF; art. 255, 
caput, do RISTJ e art. 1.029, § 5º, do CPC/2015, este último utilizado por 
analogia em face da revogação expressa do art. 27, § 2º, da Lei 
8.038/1990 pelo art. 1.072, IV, da Lei 13.105/2015). 
 
Pode haver execução provisória da pena? 
▪ Com a sentença absolutória a jurisprudência considera que o sujeito deve 
permanecer solto até o trânsito em julgado do recurso. 
 
▪ Com a sentença condenatória a jurisprudência considera inconstitucional a 
execuçãoprovisória da pena, o STF considera que ofende o princípio da não 
culpabilidade/presunção de inocência. 
 
Efeito regressivo (diferido): Presente em alguns recursos, o efeito regressivo é 
aquele que permite ao prolator da decisão impugnada dela retratar-se antes do 
encaminhamento da insurgência ao juízo ad quem. 
Entre os recursos criminais ordinários, possuem este efeito o recurso em sentido 
estrito (art. 589 do CPP), a carta testemunhável (art. 643 do CPP) e o agravo 
em execução (197 – LEP - este porque, segundo a doutrina e jurisprudência 
consolidadas, segue o rito do primeiro). 
 
Efeito translativo: Consiste na devolução ao órgão ad quem de toda a matéria não 
atingida pela preclusão. 
Em outras palavras, possui efeito translativo o recurso que, uma vez interposto, 
confere ao tribunal julgador o poder de decidir qualquer matéria, em favor ou contra 
qualquer das partes. 
Confere ao tribunal julgador o poder de decidir qualquer matéria em favor ou contra 
a parte. Somente o recurso EX OFFICO (HC), pois este viabiliza ao tribunal 
competente decidir tanto em prol da acusação como da defesa, sem estar atrelado 
aos limites impostos pela proibição da reformatio in pejus. 
 
 
VOLUNTARIEDADE E REEXAME NECESSÁRIO 
(Recurso Ex Officio) 
O art. 574 do CPP estabelece a voluntariedade com regra geral dos recursos. Isto 
significa que a decisão judicial, uma vez prolatada, poderá ser revista apenas quando a 
parte sucumbente tomar a iniciativa de recorrer. 
 
Essa regra, porém, não é absoluta, encontrando exceção no artigo 574, o qual prevê 
situações de reexame necessário, vale dizer, hipóteses nas quais, ainda que não haja 
o recurso voluntário, obrigatoriamente deverá a decisão ser encaminhada pelo juiz 
prolator ao tribunal competente para a revisão. 
 
▪ O recurso ex officio fundamenta-se na presunção de que determinadas decisões, 
expressamente previstas, pela sua natureza, causam prejuízo potencial à 
sociedade, impondo-se, pois, a submissão obrigatória ao duplo grau de jurisdição 
como condição para que transitem em julgado (ex vi da Súmula 423 do STF). 
Note-se que o cabimento do reexame necessário se justifica, apenas, contra decisões 
de juiz singular, não sendo possível contra decisões colegiadas (câmaras, turmas), 
ainda que em processos de competência originária dos tribunais. 
 
� Os Recursos podem ser: conhecido, não conhecido, provido ou não provido 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (581 a 592 CPP) 
 
Cabimento: Embora o recurso em sentido estrito destine-se a impugnar decisões 
interlocutórias, seu cabimento é restrito aos casos expressamente contemplados em lei. 
Portanto, não é possível equipará-lo ao agravo de instrumento do processo civil e, a 
partir daí, compreender que pode ser manejado contra qualquer decisão incidental no 
processo. 
Sem embargo de se considerar peremptórias as situações de cabimento do RSE, é 
possível aceitar a interpretação extensiva (art. 3.º do CPP) das hipóteses previstas, 
permitindo-se, em caráter excepcional, o manejo desse recurso contra decisões que, 
apesar de não expressamente arroladas, sejam conceitualmente muito próximas ou que 
produzam sucumbência semelhante a uma hipótese legal de cabimento. 
 
Exemplo: A autoridade policial representa pela prisão temporária do 
investigado. O juiz, malgrado o parecer favorável do Ministério 
Público, indefere essa prisão. Ora, o indeferimento da prisão 
temporária não se encontra entre as situações previstas de RSE. 
Contudo, existe a previsão desse recurso para atacar a decisão que 
indefere a prisão preventiva (art. 581, V, do CPP). Assim, no 
exemplo, poderá o promotor (não o delegado de polícia, pois este não 
possui faculdade recursal) valer-se do RSE para atacar tal decisão, 
fazendo-o a partir de interpretação extensiva da hipótese prevista 
no art. 581, V, do CPP. Isto ocorre porque tanto uma quanto outra 
hipótese produzem a mesma consequência processual: a manutenção 
do investigado em liberdade. 
 
No art. 581, caput, do CPP, contempla-se o cabimento do recurso em exame em relação 
a decisões, despachos e sentenças. 
 
- Trata-se, porém, de impropriedade legislativa. O RSE é cabível unicamente contra decisões 
interlocutórias. 
- Quanto aos despachos de mero expediente, são irrecorríveis, muito embora passíveis de impugnação por 
meio de correição parcial (que não é recurso) quando provocarem inversão tumultuária do processo. 
- Já as sentenças de condenação ou absolvição são apeláveis (art. 593, I, do CPP), ressalvando-se desta 
regra apenas a hipótese de julgamento pela prática de crime político, que enseja recurso ordinário 
constitucional para o STF (art. 102, II, b, da CF), como se verá oportunamente (item 14.17.1 – b). 
 
→ Rol taxativo do artigo 581 
 
 
I -Que não receber a denúncia ou a queixa; O não recebimento da denúncia ou da queixa 
classifica-se como decisão interlocutória mista terminativa, pois, uma vez transitada em julgado, 
 
acarreta a extinção da inicial acusatória. 
 
II- Que concluir pela incompetência do juízo; O reconhecimento da incompetência do juízo 
é decisão interlocutória simples, pois não importa em extinção do procedimento, e, sim, na sua 
remessa ao juízo competente. 
 
III- Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; A procedência da exceção 
de incompetência classifica-se como decisão interlocutória simples, já que não importa em 
extinção do processo, mas sim na sua remessa ao juízo competente. Sendo hipótese de 
procedência de exceções de litispendência, coisa julgada e ilegitimidade de parte, a decisão 
assume a natureza de interlocutória mista terminativa, já que, ao contrário da incompetência, 
extingue o processo, conduzindo ao seu arquivamento. 
 
IV- Que pronunciar o réu; A decisão de pronúncia possui natureza interlocutória mista não 
terminativa, pois exaure a 1ª fase do procedimento de apuração dos crimes dolosos contra a 
vida – o juditium acusationes – e inaugura a 2ª etapa desse rito – o judictium causae. Não 
acarreta, como se vê, a extinção do processo. 
 
V- Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou 
relaxar a prisão em flagrante; Todas as hipóteses contempladas neste dispositivo são 
decisões interlocutórias simples, pois restritas a decidir vicissitudes da fiança. 
 
VII- Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; São decisões interlocutórias 
simples, pois nada extinguem – nem o inquérito ou processo, nem uma fase do procedimento. 
 
VIII- Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; trata-
se de decisão interlocutória mista terminativa, pois extingue o procedimento antes da fase 
sentencial. 
 
IX- Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa 
extintiva da punibilidade; 
O indeferimento do pedido de extinção da punibilidade constitui modalidade de decisão 
interlocutória simples, já que não implica o arquivamento do inquérito ou da ação penal. 
 
X- Que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; trata-se de decisões interlocutórias 
mista terminativas, pois, uma vez transitadas em julgado, acarretam a extinção do processo de 
habeas corpus deduzido pelo impetrante. 
 
XII- Que conceder, negar ou revogar livramento condicional; Decisão interlocutória 
simples em sede de execução penal. 
 
XIII- Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; A decisão do 
juiz que anula total ou parcialmente o processo possui natureza de interlocutória simples, pois 
não tem como finalidade extinguir o processo, impondo apenas a renovação dos atos anulados 
ou, na impossibilidade, a desconsideração dos elementos de prova capazes de formar o 
convencimento do juiz (art. 157, caput, do CPP). 
 
XIV- Queincluir jurado na lista geral ou desta o excluir; Embora não se trate de 
pronunciamento adotado no âmbito de um processo criminal ou no curso de um 
inquérito, classifica-se a decisão em tela como interlocutória mista terminativa, já 
que, uma vez transitada em julgado, acarreta o arquivamento do procedimento que 
materializou os atos de escolha dos jurados que poderão fazer parte das reuniões do 
Tribunal do Júri no ano seguinte. 
 
XV- Que denegar a apelação ou a julgar deserta; Decisão interlocutória simples. 
 
XVI- Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; é 
modalidade de decisão interlocutória simples, já que não importa na extinção do processo, 
mas tão somente na sua suspensão. 
 
XVII – Decisão acerca da unificação de penas: Decisão interlocutória simples em sede de 
execução criminal. 
 
XVIII- que decidir o incidente de falsidade; De acordo com o art. 145, I, do CPP, o incidente 
de falsidade documental é autuado em apartado. Infere-se, portanto, que sua instauração 
importa na formação de um procedimento autônomo. Logo, a decisão que o resolve extingue 
esse procedimento, caracterizando-se como interlocutória mista terminativa. 
 
XV- Que impuser medida de segurança por transgressão de outra; Decisão 
interlocutória simples em sede de execução criminal. 
 
IX- Que converter a multa em detenção ou em prisão simples. Não existe mais 
nessa hipótese com a lei 9.099. 
 
Prazo e forma de interposição: Como regra geral, o RSE deverá ser interposto no prazo 
de 5 dias (art. 586 do CPP). Esse prazo, entretanto, é 
ressalvado em duas situações: 
• Hipótese do art. 581, XIV: Refere-se ao recurso da lista geral de jurados, que 
deverá ser protocolado no prazo de 20 dias, contados da publicação da lista 
definitiva (art. 586, parágrafo único); 
 
• Recurso do assistente de acusação não previamente habilitado em relação à extinção da 
punibilidade do réu, a ser deduzido no prazo de 15 dias, contados a partir do final 
do prazo do Ministério Público (art. 584, § 1.º, c/c o art. 598, parágrafo 
único). A respeito da legitimidade do assistente para recorrer, remetemos o leitor 
ao item 14.2.2.1 deste Capítulo, no qual o assunto foi tratado de modo 
aprofundado. 
 
Quanto à Forma (587): o recurso poderá ser interposto tanto por petição como 
por termo nos autos. Basta ver que o art. 587 do CPP, ao disciplinar a indicação de 
peças para traslado, refere-se ao “respectivo termo” e ao “requerimento avulso” 
(petição). 
 
Tratando-se de recurso em que as razões não precisam, necessariamente, estar 
acostadas à interposição, poderá o recorrente relegar a respectiva apresentação 
para momento posterior. 
 
Nesse caso, o prazo para apresentação será de dois dias, nos termos do art. 588 do 
CPP. Muito embora esse dispositivo sugira que o referido prazo deva correr de forma 
automática após a interposição do recurso ou a extração do traslado pelo escrivão, é 
entendimento consolidado no sentido de que sua fluência tem início apenas após a 
notificação do recorrente para esse fim. 
 
Efeitos do recurso em Sentido Estrito: 
a) Efeito devolutivo: o RSE possui efeito devolutivo, o que significa a restituição ao 
Poder Judiciário da possibilidade de revisar a decisão atacada. 
 
b) Efeito regressivo: permite ao próprio juiz prolator retratar-se da decisão recorrida 
antes da remessa ao juízo ad quem. 
A previsão legal deste efeito encontra-se no art. 589 do CPP, dispondo que “com a 
resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 2 
dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os 
traslados que lhe parecerem necessários”. 
 
c) Efeito suspensivo: como regra, o recurso em sentido estrito não o possui, 
ressalvadas as seguintes situações: 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, 
de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII 
do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. 
§2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. 
§3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá 
unicamente o efeito de perda da metade do seu valor. 
 
 
 
 
 
Art.584 
 
Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V- 
Fiança, X-habeas corpus e XIV - que incluir ou excluir jurado na lista geral. 
 
§ único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação. 
 
→ Tribunal de apelação é uma maneira antiga de se falar, hoje se fala TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA 
Art. 583 
 
Subirão nos próprios autos os recursos, ou seja todo processo físico sobe junto para a 
apreciação do recurso. 
I - quando interpostos de oficio; 
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; 
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. 
 
§ único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo 2 ou + réus, 
qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados 
da pronúncia. 
 
*Art. 584. LEP: 
 
Prazo de devolução: art. 592; Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, 
deverão os autos ser devolvidos, dentro de 5 dias, ao juiz a quo. 
 
→ LEP que é o agravo de execução, só que é a mesma coisa do que o Recurso de 
sentido estrito, só que o RSE não se usa na LEP. 
ATENÇÃO!!! 
→ ELA VAI COBRAR O ARTIGO 197 DA LEP – não é RSE 
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito 
suspensivo. 
APELAÇÃO 
Cabimento: O cabimento da apelação está relacionado à natureza das manifestações 
judiciais. 
 
Estas, na atual concepção, classificam-se de 3 formas: 
a) Despachos de mero expediente: são os atos de impulso processual, com 
natureza meramente ordinatória, destinados a conduzir o processo criminal em 
direção à sentença. 
 
Exemplos: determinação de citação do réu, comando de intimação para 
apresentação de resposta à acusação. 
Na medida em que estas manifestações são despidas de qualquer carga decisória, 
serão sempre irrecorríveis. Evidentemente, um despacho proferido à revelia da 
lei, causando inversão tumultuária, poderá ensejar correição parcial. Esta 
medida, contudo, não possui natureza recursal. 
 
b) Sentenças definitivas de condenação ou de absolvição: Encontram-se em 
extremo completamente oposto aos despachos de mero expediente, revestindo-
se de carga decisória e pondo termo ao processo no momento adequado, vale 
dizer, depois de cumpridas todas as etapas procedimentais previstas em lei. 
Poderão ser: 
b.1) Proferidas por juiz singular no julgamento dos crimes de sua própria competência: 
compreende-se, neste caso, a sentença que, à luz das provas produzidas e dos termos 
da denúncia ou queixa, declara a culpabilidade do acusado e lhe impõe uma 
determinada sanção penal, ou o absolve por uma das causas previstas no art. 386 do 
CPP. 
b.2) Proferidas pelo juiz-presidente do Tribunal do Júri a partir de deliberação dos 
jurados: trata-se da sentença exarada pelo juiz que presidiu a sessão de julgamento 
pelo tribunal do júri, condenando ou absolvendo o réu a partir das respostas dadas 
pelos jurados aos quesitos formulados. 
c) Decisões interlocutórias: compõem uma classificação intermediária entre os 
despachos e as sentenças propriamente ditas. 
 
Possuem carga decisória, podendo, eventualmente, acarretar a extinção do 
processo. Classificam-se em duas ordens: 
 
FORMA E PRAZOS: 
a) Quanto forma, a apelação regulada pelo CPP poderá ser interposta tanto por 
petição como por termo nos autos. 
No tocante ao processamento, trata-se de recurso que deve subir ao tribunal 
competente para seu julgamento, em regra, inserida nos própriosautos do processo 
criminal, conforme estabelece o art. 603 do CPP. 
Há, porém, exceção a essa regra no art. 601, § 1.º, do CPP, ao dispor que o recurso 
subirá ao tribunal por traslado quando, havendo mais de um réu, nem todos tenham 
sido julgados ou nem todos tenham apelado da sentença. Estas previsões têm por 
objetivo evitar que se protele o encaminhamento do recurso do réu apelante ao 
tribunal enquanto se aguarda o julgamento do outro réu no mesmo processo, ou 
que se retarde o início da execução da pena do condenado que não interpôs 
apelação. 
 
b) Prazo de interposição, como regra geral, será de 5 dias (art. 593, caput, do 
CPP). Ressalva-se, contudo, a apelação do assistente de acusação, quando não 
previamente habilitado, em relação à sentença condenatória ou absolutória, que 
poderá ser deduzida no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo 
do Ministério Público, nos termos do art. 598, parágrafo único, do CPP. 
E, também, a apelação cabível no âmbito da Lei 9.099/1995, que deve ser interposta já com 
as razões no prazo de 10 dias (art. 82 daquele diploma) 
Efeitos: 
• A apelação possui efeito devolutivo, pois devolve a matéria já decidida a 
reexame pelo órgão competente. 
 
• Quanto ao efeito regressivo (juízo de retratação), a apelação não o possui, 
jamais permitindo ao juiz voltar atrás na sentença recorrida, ao contrário do que 
ocorre com o recurso em sentido estrito e com o agravo em execução. 
 
• Já em relação ao efeito suspensivo a apelação poderá suspender ou não os 
efeitos da decisão atacada, dependendo essa definição da natureza da sentença. 
 
Sentença → Apelação 
 
Preparo → recurso não conhecido 
 
cabe recurso em sentido estrito 
 
 
→ QUANDO O RECURSO DE APELAÇÃO NÃO FOR CONHECIDO, CABE RECURSO EM 
SENTIDO ESTRITO (ART. 181, CPP) 
 
Art. 593. Obs.: Renata mandou destacar: 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (aqui vai ser apelação até p. 4) 
 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; 
 
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de 
segurança; 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
 
§1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das 
respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
 
§2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad 
quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de 
segurança. 
§3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se 
convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, 
dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, 
pelo mesmo motivo, segunda apelação. 
§4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, 
ainda que somente de parte da decisão se recorra. 
 
 
 
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE 
Cabimento: Os embargos infringentes são destinados ao reexame de acórdãos de 
segunda instância proferidos pelos Tribunais de Justiça e pelos Tribunais Regionais 
Federais, desde que não unânimes (decisão por 2x1 votos) e desfavoráveis ao réu.
 
**O MP não pode utilizar esse recurso, é um recurso privativo da defesa. (Olhar caso 
do Lula, embargos infringentes) 
 
Recurso privativo da defesa. Caberá embargos contra acórdão de: 
- RSE; 
- APELAÇÃO; 
- AGRAVO EM EXECUÇÃO, 197 DA LEP. 
 
Ao disciplinar os embargos infringentes, refere-se o art. 609, parágrafo único, 
do CPP a “embargos infringentes e de nulidade”. Tecnicamente, embargos 
infringentes é a nomenclatura adequada à hipótese em que o acórdão 
embargado tenha apresentado divergência em matéria de mérito, relegando-
se o nome embargos de nulidade à impugnação de acórdãos divergentes em 
matéria de nulidade processual. 
Em síntese: 
a) Julgamento por 2x1, desfavorável ao réu em matéria de mérito: embargos 
infringentes. 
Exemplo: acórdão que, por maioria, dá provimento a recurso da acusação, 
reformando a sentença absolutória e condenando o réu. 
 
b) Julgamento por 2x1, desfavorável ao réu em matéria de nulidade processual: 
embargos de nulidade. 
Exemplo: acórdão que, por maioria, rejeita prefacial de nulidade suscitada pela 
defesa em sua apelação. 
 
A utilização deste recurso na esfera criminal independe da natureza da decisão de 1.º 
Grau. 
Isto significa que tanto poderão ser opostos em relação ao acórdão que tenha 
confirmado a decisão do juiz quanto ao acórdão que a tenha reformado. 
Exemplos: 
1. Sentença condenatória – Defesa interpõe apelação – Câmara 
Criminal, por maioria de votos, mantém a sentença condenatória: 
São oponíveis embargos infringentes. 
2. Sentença absolutória – Ministério Público interpõe apelação – 
Câmara Criminal, por maioria de votos, reforma a sentença 
absolutória, condenando o réu: São, igualmente, cabíveis estes 
embargos. 
→ Descabem embargos infringentes ou de nulidade contra decisões das turmas 
recursais dos Juizados Especiais Criminais. 
 
Prazo, forma e competência para o julgamento: 
• Quanto ao prazo, os embargos serão opostos em 10 dias, contados da 
publicação do acórdão embargado. 
 
• Quanto à forma, serão ingressados apenas por petição, não se admitindo 
termo, visto que as razões devem estar presentes no momento em que 
protocolado o recurso. A petição de oposição deverá ser dirigida ao 
Desembargador-Relator do acórdão embargado, enquanto as razões serão 
endereçadas ao respectivo órgão julgador. 
 
• A competência para o julgamento nos Tribunais Estaduais depende da 
organização judiciária de cada Unidade Federativa. 
 
Já nos Tribunais Regionais Federais, se opostos contra decisões das turmas, incumbe, 
normalmente, às seções criminais. Ressalte-se que, dependendo do Regimento Interno 
do respectivo Tribunal, o órgão a que afeto o julgamento dos embargos. 
 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ART.382 (1°grau) e 619 
(2°grau) 
 
Cabimento: Definem-se como o instrumento facultado às partes visando à integração 
(não à substituição) de decisões judiciais, sejam estes acórdãos, sentenças ou decisões 
interlocutórias. Os vícios que ensejam seu ingresso são aqueles listados em lei. 
Consistem em: 
 
1. Ambiguidade: Ocorre quando a decisão permite duas ou mais interpretações. 
 
2. Obscuridade: Hipótese em que o pensamento do julgador não está claro, ou se 
mostra incompreensível, ou não correspondente à realidade dos autos, disso tudo 
resultando ininteligibilidade da questão jurídica objeto da decisão. 
 
3. Omissão: Vício decorrente da falta de pronunciamento da decisão sobre ponto 
relevante. 
 
4. Contradição: Contraditória é a decisão que encerra aspectos conflitantes. 
 
Prazo e forma: 
Tanto no art. 382 do CPP quanto no art. 619 do CPP devem ser opostos em 2 dias, 
contados da intimação da sentença ou publicação do acórdão embargado. 
 
Efeitos em relação ao prazo dos demais recursos: 
Em que pesem algumas divergências, predomina o entendimento de que os embargos 
declaratórios regulados no CPP, uma vez opostos, interrompem o prazo para o recurso 
cabível, o qual fluirá, integralmente, após a decisão dos embargos. 
 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - ART. 29 DA LEI 8.038 DE 1990 
 
São oponíveis contra decisão das turmas do STJ, quando do julgamento do RESP 
divergem de outra turma do STJ. 
 
Prazo: 15 dias. 
 
Efeito: regressivo 
 
 
AGRAVO EM EXECUÇÃO - ART.197 DA LEP 
Cabimento: Previsto no art. 197 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal – LEP), o 
agravo é o recurso cabível contra qualquer decisão do juiz da Vara de ExecuçõesCriminais. 
Exemplo: saída temporária. 
 
Prazos: Não há previsão de prazo, forma ou rito na LEP para esta modalidade recursal. 
 
 Súmula 700 do STF: é de 5 dias o prazo para interposição de agravo contra decisão 
do juiz da execução penal. 
→ Pode o agravo ser ingressado por petição ou termo, facultando-se a apresentação 
das razões em momento posterior à interposição. 
→ Às razões e contrarrazões, por força do art. 588 do CPP, serão apresentadas no 
prazo de dois dias, contados da intimação dos interessados para essas finalidades. 
 
Efeitos: 
• Efeito devolutivo, implicando devolução ao Judiciário da matéria incorporada 
ao recurso. 
• Efeito regressivo, em razão da já mencionada aplicação subsidiária do 
procedimento cabível para o recurso em sentido estrito. 
• Efeito suspensivo, dispõe o art. 197 da Lei 7.210/1984 que o agravo não o 
possui. Não obstante essa disposição legal, alguns tribunais, excepcionalmente, 
admitem a via do mandado de segurança visando a agregar ao agravo esse 
efeito. 
 
CARTA TESTEMUNHÁVEL 
Conceito: Conforme dispõe o art. 639 do CPP, é o recurso cabível contra a decisão que 
não receber o recurso interposto pela parte ou que, após o recebimento, obstaculizar o 
seu seguimento à instância superior. 
Esse artigo foi revogado, falar com Renata 
Exemplos: Ao examinar agravo da execução interposto pelo apenado, decide o juiz por não o receber 
sob o fundamento da intempestividade. 
 
Não possui efeito suspensivo (art. 646 do CPP). O requerimento da carta 
testemunhável não impede o prosseguimento do processo criminal ou a execução da 
sentença que haja sido atacada pelo recurso não recebido ou obstado. 
Ressalva-se desta regra, evidentemente, a execução da pena fixada em sentença 
condenatória, o que implicaria violação ao princípio constitucional da presunção de 
inocência. 
 
Exemplo: Diante de sentença condenatória, a defesa interpõe apelação, não sendo esta, porém, 
recebida pelo juiz sob o fundamento da intempestividade. Nesta situação, o causídico interpõe 
recurso em sentido estrito (art. 581, XV, do CPP), o qual também vem a ser denegado pelo juiz. Se, 
contra essa decisão (não recebimento do RSE), a defesa requerer a extração de carta testemunhável, 
a despeito da ausência de efeito suspensivo nesse recurso, não poderá ser executada provisoriamente 
a pena fixada na sentença condenatória, tendo em vista a ausência do trânsito em julgado dessa 
sentença. 
 
Portanto, indiretamente, a carta testemunhável, nesse caso, impede que se opere o 
efeito penal principal da condenação, que é o cumprimento da pena. 
 
Cabimento: Tendo em vista o acima exposto, muito especialmente o caráter 
supletivo da carta testemunhável, infere-se que o seu cabimento é restrito às seguintes 
hipóteses: 
 
1. Não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito; 
2. Não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo da execução. 
 
Prazo, forma e rito: A carta deve ser requerida no prazo de 48 HORAS após a 
intimação da decisão que denegou ou obstou o seguimento do recurso. 
• o horário em que tiver sido esta realizada, deve-
se contar o prazo como 2 dias. 
 
ATENÇÃO! Obs. Renata: o prazo é de 48h (vai ser cobrado na prova, não confundir 
com 2 dias) 
 
→ Pode ser ingressada por petição ou por termo, deverá ser processada, sempre, por 
instrumento, o que importa dizer que, já no requerimento de sua extração, deve o 
testemunhante indicar peças para formação de traslado. Na confecção da carta, a 
petição deverá ser endereçada ao chefe do cartório ou secretaria, respectivamente. 
• Escrivão, se deduzida contra decisão denegatória de recurso por juiz estadual; 
• Diretor de Secretaria, se ingressada contra decisão que indefere o recurso 
por juiz federal; 
• Secretário da Presidência, se requerida contra decisão da Presidência de 
Tribunal que não admitir recurso ordinário constitucional lá ingressado. 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI: 
v Homicídio; 
v Instigação ou auxílio ao suicídio; 
v Aborto; 
v Infanticídio; 
v Crimes conexos do art. 78, I, desde que sejam com os crimes dolosos 
contra vida. 
 
O procedimento se divide em duas fases: 
1ª fase: 
- Sumário de culpa 
Abrange os atos praticados desde o recebimento da denúncia até a pronúncia. 
2ª fase: 
- Juízo da causa 
São os atos situados entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal. 
 
** o rito é considerado escalonado ou bipartido. 
O procedimento: 
1ª fase: 
a) Vai do recebimento da denúncia até a pronúncia; 
b) Possível rejeição da denúncia, pelos fundamentos do art. 395; 
c) Citação do Réu; 
d) Após a citação: - Réu oferece defesa; 
- Resposta do acusado: Prazo de 10 dias. 
e) Audiência de instrução e julgamento; 
Para cada fato imputado ao Réu é possível apenas arrolar 8 testemunhas. 
 
Exemplo: Um sujeito provoca uma explosão e mata 10 pessoas, quantas 
condutas ele praticou? Quantas testemunhas ele pode arrolar? 
R= Apenas 1 conduta, então somente 8 testemunhas. 
 
f) Prazo para conclusão do sumário de culpa; (art. 412, prazo de 90 dias) 
– Se o Réu estiver preso e após os 90 dias não concluir o sumário de culpa a solução 
jurídica é: HABEAS CORPUS. 
 
PRONÚNCIA (art. 413) 
A pronúncia está condicionada à existência de indícios suficientes de autoria e prova da 
materialidade do fato. Na ausência destes elementos, a hipótese será de impronúncia. 
(art. 414) 
 
Contra a sentença que impronuncia o Réu ou de absolvição sumária cabe apelação. (art. 
416). 
 
Desclassificação (art. 419): ocorre quando o Juiz se convence em discordância da 
acusação, que o crime não é de competência do tribunal do júri, este remeterá os autos 
para o juízo competente. 
 
Absolvição sumária: A certeza de que o fato não existiu e a certeza de que o réu não 
foi autor nem partícipe do fato. (art. 415, I, II) 
 
Despronúncia: Reforma da decisão de pronúncia. 
- Quando há Juízo de retratação ou quando o Tribunal de Justiça desfaz a decisão 
do Juiz de 1º grau ocorre a DESPRONÚNCIA. 
 
NATUREZA JURÍDICA DA PRONÚNCIA: 
- Decisão interlocutória; 
- Mista; 
- Não terminativa. 
 
ATENÇÃO!!! A decisão de pronúncia só faz coisa julgada formal. 
 
ALTERAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO CRIME 
 
Podem ocorrer em duas hipóteses: 
1- Por Emendatio Libelli – (art. 418) 
Dispõe que o juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na 
denúncia ou na queixa subsidiária, ainda que, em consequência, fique o réu 
sujeito a pena mais grave. Este instituto pressupõe que a nova definção não 
implique reconhecimento de elemento ou circunstância não contida na inicial 
acusatória, dos quais o réu não tenha se defendido. Outra interpretação do 
mesmo fato narrado na denúncia. 
2- Por Mutatio Libelli – (art. 411, § 3º > art. 384) 
Encerrada a instrução probatória, aplicar-se-á, se for o caso, o art. 384. 
Contempla-se, neste caso, a situação em que, diante das provas coligidas na 
instrução criminal, entende o juiz ser o caso de pronunciar o réu por outro delito, 
reconhecendo, para tanto, circunstância ou elemento que não integra a inicial 
acusatória. Aqui há necessidade de aditamento da denúncia. 
 
EFEITOS DA DECISÃO DE PRONÚNCIA 
 Seguintes: 
1- Submete o acusado a júri popular: trata-se da única das quatro decisões 
possíveis nesta fase que importa em julgamento do réu pelo Tribunal do Júri. 
2- Limita as teses acusatórias a serem apresentadas aos jurados: ainda que o 
acusado tenha sido acusado por homicídio qualificado, caso venha a ser 
pronunciado por homicídio simples em sessão de julgamento o promotor de 
justiça não poderá fazer menção à qualificadora afastada pelo juiz e tampouco 
poderá ser objeto de quesitaçãoaos jurados. 
3- Interrompe o prazo prescricional: o art. 117, II do CP diz que a decisão de 
pronúncia é causa interruptiva da prescrição, desimportando a circunstância de 
o Tribunal do Júri, eventualmente, desclassificar a infração penal qual foi 
pronunciado o réu para outra (Súmula 191 do STJ). 
* Se houver recurso da decisão de pronúncia, estabelece o art. 117, II do CP que 
também interrompe a prescrição a decisão confirmatória da pronúncia. 
 
2ª fase: 
Desaforamento – súmula 712 STF 
Consiste no deslocamento do julgamento pelo júri para Comarca distinta daquela onde 
tramitou o processo criminal, podendo ser determinado pelo Tribunal competente a 
partir de requerimento de qualquer das partes e inclusive pelo juiz, mediante 
representação àquele Colegiado. 
Ocorre nas seguintes hipóteses: 
1- Garantia da ordem pública; 
2- Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados; 
3- Segurança pessoal do réu 
4- Não aprazamento de data para o júri no prazo de até seis meses contados do 
trânsito em julgado da pronúncia, quando comprovado o excesso de serviço. 
 
• HABILITAÇÃO DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO: (art. 430) 
Prazo de 5 dias antes da sessão do júri. 
 
SESSÃO DO JÚRI: roteiro da segunda fase. 
 
1- Verificação das cédulas de votação 
- 25 jurados para existir o corpo de jurados – art. 433 
2- Instalação do júri – art. 463 
– 15 jurados pra sessão acontecer 
3- Formação dos jurados 
– 7 jurados para composição do conselho de sentença 
4- Interrogatório do Réu 
5- Debates 
6- Quesitos 
7- Votação 
8- Sentença 
 
REVISÃO CRIMINAL – ART. 621 
Pode ocorrer a qualquer tempo. (súmula 611 do STF) 
 
Não possui natureza jurídica de recurso. 
É privativa da defesa. 
 
HIPOTESES: Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: 
 
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à 
evidência dos autos; 
 
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos 
comprovadamente falsos; 
 
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado 
ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

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