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Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) 
ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA JUDICIÁRIA E EXEC. DE MANDADOS 
Teoria e exercícios comentados 
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tenham residido juntos. Isso engloba, por exemplo, a relação entre 
³DPDQWHV´�RX�QDPRUDGRV� 
Vejam, ainda, que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada a 
relações homoafetivas entre mulheres. Isso mesmo! Não há 
necessidade de que o agressor seja homem, Isso se extrai da redação do 
parágrafo único do art. 5º, já transcrito. 
Ah, então isso significa que a Lei Maria da Penha não se aplica 
somente aos homens que batem em mulheres, mas em mulheres 
que batem em mulheres? Exatamente! 
Então podemos aplicar a Lei Maria da Penha também às 
mulheres que batem em homens e aos homens que batem em 
homens (relações homossexuais)? ERRADO! A Lei Maria da Penha 
surgiu para proteger a mulher, e em todas as passagens da Lei, quando 
VH� UHIHUH� j�SHVVRD�DJUHGLGD�� D� /HL� VHPSUH�XWLOL]D� R� WHUPR� ³DJUHGLGD´�� R�
que restringe o gênero, o que evidencia ainda mais que a Lei somente 
protege a mulher. 
Mas, por analogia, a Lei poderia proteger, também, o 
transexual? Com a licença aos que entendem que sim, a maioria 
entende que não, na medida em que transexual NÃO É MULHER, é 
apenas um homem que fez uma operação cirúrgica para se parecer ainda 
mais com uma mulher. Além disso, a lei é clara ao determinar a aplicação 
da dos seus parâmetros apenas nos casos de violência contra mulher, de 
forma que aplicá-la em casos SEMELHANTES, seria ANALOGIA IN 
MALAM PARTEM, eis que a Lei Maria da Penha é mais gravosa para o 
agressor. Como sabemos, a analogia in malam partem é vedada no 
Direito Penal brasileiro. Entretanto, se o transexual já foi registrado 
como mulher no Registro Civil, nada impede a aplicação da lei 
nesse caso. 
Resumindo: 
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SUJEITO ATIVO HOMEM OU MULHER (TANTO FAZ) 
SUJEITO PASSIVO SOMENTE A MULHER 
 
B) Formas de violência doméstica 
A violência pode ser externada de diversas formas, dentre elas: 
x Violência física ± Qualquer ato que agride a integridade 
corporal; 
x Violência psicológica ± Qualquer conduta que gere dano 
emocional, psíquico, diminuição de autoestima, etc., mediante 
constrangimento, ameaça, humilhação, isolamento, insulto, 
ridicularização, etc. 
x Violência sexual ± Qualquer conduta que constranja mulher a 
presenciar, praticar ou participar de relação sexual de que não 
deseja, ou que a force à gravidez, aborto, prostituição, etc. 
x Violência patrimonial ± Qualquer conduta que se constitua 
em subtração, retenção, destruição ou inutilização de seus 
bens; 
x Violência moral ± Qualquer conduta que prejudique o 
respeito que a mulher possui na sociedade. 
 
C) Medidas de Proteção, Prevenção e Defesa da Mulher 
A defesa da mulher não se dá apenas através do endurecimento do 
tratamento penal dispensado às condutas contra elas praticadas, mas 
através de uma série de ações, a serem desenvolvidas pelo Poder Público 
e pela sociedade civil. Vejamos o que diz o art. 8º da Lei: 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da 
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União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, 
saúde, educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às 
causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar 
contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados 
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais 
da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que 
legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o 
estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do 
art. 221 da Constituição Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, 
em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e 
à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção 
aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre 
estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação 
de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a 
mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda 
Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos 
órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de 
raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos 
de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de 
gênero e de raça ou etnia; 
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IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para 
os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça 
ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Ressalto a vocês que estas são as chamadas PHGLGDV�³SURWHWLYDV´�
H� ³SUHYHQWLYDV´, ou seja, visam criar uma sociedade mais 
consciente acerca dos direitos da mulher e do respeito a elas. 
No entanto, existem também as chamadas MEDIDAS REAGENTES, 
que são medidas a serem tomadas quando as mulheres já se 
encontram em situação de perigo ou já tenha, até mesmo, sido 
agredidas (numa das variadas hipóteses de violência). Vejamos a 
redação do art. 9º da Lei: 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes 
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, 
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas 
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do 
governo federal, estadual e municipal. 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
II - manutençãodo vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do 
local de trabalho, por até seis meses. 
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento 
científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, 
a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome 
da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos 
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 
 
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Muito comum, ainda, que a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar se encontre desamparada e procure, em grande 
parte das vezes, a polícia. Por esta razão que a Lei também estabeleceu 
uma série de procedimentos a serem adotados em sede policial 
quando da ocorrência de uma situação de violência doméstica e familiar. 
Vejamos a redação dos arts. 11 e 12 da Lei: 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto 
Médico Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis. 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de 
imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no 
Código de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a 
termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de 
suas circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao 
juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de 
urgência; 
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IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou 
registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao 
Ministério Público. 
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e 
deverá conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela 
ofendida. 
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o 
boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse 
da ofendida. 
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários 
médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
 
Grifei o §3º do art. 13 porque ele estabelece uma espécie de 
³H[FHomR´� j� UHJUD� GR� &33, no qual os crimes que deixam vestígios 
devem ser provados através de exame de corpo de delito, salvo 
impossibilidade de realizá-lo. Isso só demonstra a intenção do 
OHJLVODGRU��GH�³IDFLOLWDU´�D�SXQLomR�GHVWHV�DJUHVVRUHV��VXSULPLQGR�
a exigência do exame de corpo de delito. Friso a vocês que isso não 
impede a realização do exame de corpo de delito (que, inclusive, está 
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previsto no art. 12, IV da Lei), mas apenas estabelece que, na sua 
ausência, poderá ser provada a violência mediante laudos médicos. 
 
D) Dos procedimentos 
A primeira das inovações da Lei, no que se refere ao processo 
judicial, está no direito de escolha, conferido à ofendida, de optar por um 
dentre os três seguintes locais para propositura da demanda: 
x Lugar do seu domicílio ou de sua residência 
x Lugar do fato 
x Lugar do domicílio do agressor 
 
Ressalto a vocês que isso só ocorre nas DEMANDAS CÍVEIS, ou 
seja, essa regra não se aplica aos processos criminais sobre violência 
doméstica. 
Mas quem julga esses processos? A Lei criou os chamados 
Juizados Especiais da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com 
competência CÍVEL e CRIMINAL. 
Estes Juizados estão encarregados de processar e julgar as causas, 
lembrando que a regra de fixação da competência que eu trouxe acima 
(prevista no art. 15 da Lei) só se aplica aos processos de natureza cível, e 
não aos processos de natureza criminal. 
No que se refere ao processo criminal, o art. 16 estabelece que 
quando se tratar de ação penal pública condicionada à representação, 
tendo havido representação, a ofendida só poderá se retratar da 
representação em AUDIÊNCIA ESPECIAL, DESIGNADA PARA TAL 
FINALIDADE, diferentemente do que ocorre como regra no 
processo penal, em que poderá haver retratação por qualquer meio 
idôneo. Vejamos: 
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Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o 
juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do 
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
CUIDADO! O STF entendeu que, no caso de lesões corporais 
praticadas no âmbito da violência doméstica contra a mulher, a ação 
penal será pública incondicionada. 
 
O art. 17, por sua vez, que é de uma ATECNIA RIDÍCULA, 
estabelece não ser cabível, nestes processos criminais, a aplicação de 
penas de cestas básicas ou outras de prestação pecuniária. Digo que são 
atécnicos estes termos pois não há ³SHQDV� GH� FHVWDV� EiVLFDV´ no 
ordenamento brasileiro, o que há são ³SHQDV�UHVWULWLYDV�GH�GLUHLWRV´, 
que podem se constituir em prestação de serviços à comunidade, dentre 
elas, a obrigação de entregar cestas básicas a determinados locais. 
Deixando de lado o rigorismo técnico, vamos ver a redação do art. 
17 da Lei: 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, 
bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de 
multa. 
 
E) Medidas Judiciais 
As medidas judiciais podem ser divididas em: 
x Medidas de judiciais processuais ± São aquelas que se 
referem ao desenlace do processo, ou seja, ao andamento 
processual nos crimes de violência doméstica e familiarcontra 
a mulher. A que mais chama a atenção é a necessidade de 
intimação da ofendida acerca dos atos processuais relativos ao 
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agressor, principalmente os relativos ao ingresso/saída da 
prisão (art. 21 da Lei). 
x Medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor 
± São medidas judiciais que aplicam alguma restrição à 
liberdade do agressor, como o afastamento do lar, proibição de 
contato com a ofendida, etc. O §1º do art. 22 estabelece que 
as medidas previstas naquele artigo NÃO EXCLUEM OUTRAS 
PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO COMUM; 
x Medidas protetivas de urgência à ofendida ± São medidas 
que, embora não obriguem o agressor a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa, procuram proteger a ofendida e seus bens, 
como o encaminhamento da ofendida e seus dependentes a 
programa oficial de proteção, etc. Vejamos o que dizem os 
arts. 23 e 24 da Lei: 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou 
comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao 
respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos 
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, 
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, 
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização 
judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
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IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. 
 
 
x O MP deve intervir em TODAS as causas, cíveis ou criminais, 
decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
x A mulher ofendida deve estar acompanhada de advogado em todos 
os atos processuais, sendo-lhe garantido o direito ao acesso à 
Defensoria Pública ou à assistência jurídica gratuita prestada 
através de advogados dativos. 
x Enquanto não criados os Juizados De Violência Doméstica contra a 
Mulher, as Varas Criminais acumularão as competências para 
processo e julgamento das causas cíveis e criminais decorrentes de 
violência doméstica. 
x A Lei Maria da Penha, apesar de prever um tratamento desigual 
entre homens e mulheres, é considerada CONSTITUCIOANAL, 
por se tratar de medida que visa à ISONOMIA MATERIAL. 
x Caso o delito praticado possua pena máxima não superior a dois 
anos, poderá ser julgado pelos JUIZADOS ESPECIAIS 
CRIMINAIS, ou seja, poderá ser usado o rito sumaríssimo. O 
que não pode, segundo o entendimento do STF e do STJ é 
aplicar-se ao acusado os institutos despenalizadores 
previstos na Lei dos Juizados (Transação penal, suspensão 
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condicional do processo, etc.). Vejamos: 
2. Ainda que assim não fosse, após o julgamento do HC n. 106.212/MS 
pelo Supremo Tribunal Federal, consolidou-se neste Superior Tribunal de 
Justiça o entendimento de que não é possível a aplicação dos institutos 
despenalizadores previstos na Lei 9.099/1995, notadamente o da 
suspensão condicional do processo, aos acusados de crimes praticados 
com violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do artigo 
41 da Lei Maria da Penha. Precedentes. 
3. Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. 
(RHC 42.092/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
25/03/2014, DJe 02/04/2014) 
x Ao condenado por crime cometido com violência doméstica à 
MULHER não é possível a substituição da pena privativa de 
liberdade pela restritiva de direitos, conforme entendimento do 
STJ: 
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem se firmado no 
sentido de que a prática de delito cometido com violência doméstica e 
familiar contra a mulher impossibilita a substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos. Precedentes. 
2. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no AREsp 461.738/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 01/04/2014, DJe 14/04/2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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x Declaração de efetiva necessidade da arma 
 
Após cumpridos os requisitos, compete ao SINARM expedir a 
autorização, que será específica para a pessoa que fez o requerimento e 
para a arma indicada (vedada autorização genérica). A autorização ou a 
recusa deverá ser expedida, de forma FUNDAMENTADA, no prazo 
máximo de 30 dias úteis. 
Uma vez autorizado, o possuidor de arma de fogo somente poderá 
adquirir MUNIÇÃO para o calibre correspondente ao da arma para o qual 
fora autorizado (nada mais lógico), e até a quantidade é regulamentada. 
Vejamos: 
Art. 4º (...) 
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre 
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições 
responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como de 
sua propriedade enquanto não forem vendidas. Além disso, é obrigada a 
comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter 
banco de dados com todas as características da arma e cópia dos 
documentos apresentados pelo autorizado. 
Mas e pessoa física, pode comercializar arma de fogo, 
acessórios e munições? Somente com autorização do SINARM, 
específica para aquela transação. 
A empresa que comercializa armas de fogo, acessório e 
munições, precisa cumprir os requisitos do art. 4º para poder ter a 
posse destes objetos? Não, pois a posse, neste caso, é mera 
decorrência natural da condição de comerciante autorizado. 
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Uma vez adquirida a arma de fogo, é necessário obter o 
CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO, que é um 
documento com validade em todo o território nacional, que autoriza o 
seu proprietárioa manter a arma de fogo exclusivamente no 
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, 
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou 
o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
O CERTIFICADO é expedido pela Polícia Federal, após prévia 
autorização do SINARM. 
Além disso, para a renovação do CERTIFICADO, é necessário 
renovar, periodicamente, o cumprimento dos requisitos do art. 4º 
(periodicidade não inferior a 03 anos). 
 
II - DO PORTE DE ARMA 
O porte de arma é, em regra, proibido no território nacional. 
Contudo, é excepcionalmente permitido para algumas pessoas. 
Vejamos o art. 6º da Lei 10.826/03: 
Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo 
para os casos previstos em legislação própria e para: 
 I ± os integrantes das Forças Armadas; 
 II ± os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 
da Constituição Federal; 
 III ± os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e 
dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas 
condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
 
 IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 
50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, 
quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) 
 V ± os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os 
agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança 
Institucional da Presidência da República; 
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 VI ± os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no 
art. 52, XIII, da Constituição Federal; 
 VII ± os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, 
os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; 
 VIII ± as empresas de segurança privada e de transporte de valores 
constituídas, nos termos desta Lei; 
 IX ± para os integrantes das entidades de desporto legalmente 
constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, 
na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a 
legislação ambiental. 
 X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e 
de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. 
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) 
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição 
Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo 
de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no 
exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido 
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do 
Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
 
Vejam, assim, que é possível que outras leis permitam o porte de 
arma para outras pessoas, além das exceções já previstas no próprio 
Estatuto do Desarmamento. 
Algumas destas pessoas elencadas no art. 6º somente podem portar 
arma de fogo quando em serviço. Outras podem portar arma de fogo 
também fora de serviço. Vejamos o quadro: 
 
PORTE DE ARMA MESMO FORA DE SERVIÇO 
x Integrantes das Forças Armadas; 
x Integrantes da polícia federal, da polícia rodoviária federal, da polícia 
ferroviária federal, das polícias civis, das polícias militares e corpos de 
bombeiros militares. 
x Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos 
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições 
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estabelecidas no regulamento desta Lei; 
x Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do 
Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da 
Presidência da República; 
x Integrantes da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal. 
 
Além disso, o art. 6º exige, para algumas pessoas, um requisito 
específico: 
Art. 6º (...) 
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das 
instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está 
condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput 
do art. 4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Qual seria este requisito? Vejamos: 
 Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, 
além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: 
(...) 
 III ± comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o 
manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento 
desta Lei. 
 
Assim: 
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CAPACIDADE TÉCNICA E 
APTIDÃO PSICOLÓGICA 
x Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do 
Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da 
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Presidência da República; 
x Integrantes da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal; 
x Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os 
integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; 
x Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de 
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. 
 
Para os Guardas Municipais, exige-se: 
x Formação funcional de seus membros em estabelecimento de 
ensino de atividade policial; 
x Mecanismos de fiscalização e de controle interno; 
x Supervisão do Ministério da Justiça 
 
Vejamos: 
Art. 6º (...) 
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está 
condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos 
de ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e 
de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, 
observada a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei 
nº 10.884, de 2004) 
 
Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais 
e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito 
Federal precisam, apenas, declarar a efetiva necessidade da arma, 
ficando dispensados de cumprir os requisitos previstos no art. 4º da Lei: 
Art. 6º (...) 
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e 
do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, 
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ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do 
cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do 
regulamento desta Lei. 
 
Além da permissão do porte de arma de fogo para algumas pessoas, 
que desempenham determinadasfunções, o Estatuto do Desarmamento 
ainda prevê o porte de arma de fogo ao ³FDoDGRU�SDUD�VXEVLVWrQFLD´: 
Art. 6º (...) 
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que 
comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua 
subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de 
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso 
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de 
calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a 
efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os 
seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 
11.706, de 2008) 
 II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei 
nº 11.706, de 2008) 
 III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, 
de 2008) 
 § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de 
fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme 
o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. 
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
O §7º do art. 6º traz, ainda, a permissão do porte de arma de fogo 
para os integrantes das Guardas Municipais dos municípios que integram 
regiões metropolitanas: 
Art. 6 (...) 
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram 
regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em 
serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
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Percebam que esse dispositivo somente se aplica no caso de o 
município possuir menos de 50.000 habitantes, caso contrário, já haveria 
autorização com base nos incisos III e IV do art. 6º. 
Os arts. 7º e 7º-A do Estatuto trazem, ainda, regramento específico 
para os empregados de empresa de segurança privada e servidores 
dos Tribunais e do Ministério Público. Vejamos: 
 Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de 
segurança privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, 
serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, 
somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar 
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão 
competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte 
expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa. 
 § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança 
privada e de transporte de valores responderá pelo crime previsto no 
parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções 
administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de 
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio 
de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas 
primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá 
apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos 
constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de 
fogo. 
 § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo 
deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. 
Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições 
descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e 
guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando 
em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem 
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a 
autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. 
 (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo 
independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 
2012) 
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os 
servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança 
que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% 
(cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de 
segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
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§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este 
artigo fica condicionado à apresentação de documentação comprobatória do 
preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à 
formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à 
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições 
estabelecidas no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, 
de 2012) 
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo 
deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº 
12.694, de 2012) 
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar 
ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, 
roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições 
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois 
de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
 
Assim: 
x As armas são de propriedade, responsabilidade e guarda 
da empresa de segurança e dos Tribunais ou do MP, em 
cada caso; 
x Somente podem ser utilizadas em serviço; 
x Devem observar as condições de uso e de armazenagem 
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de 
registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal 
em nome da empresa ou em nome da Instituição (Tribunal ou 
MP); 
x Os empregados das empresas de segurança deverão 
preencher os requisitos do art. 4º do Estatuto, e a 
empresa deverá comprovar o preenchimento dos requisitos 
junto à Polícia Federal; 
x A lista dos empregados autorizados pela empresa deverá ser 
atualizada semestralmente; 
x Em caso de perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de 
armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua 
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guarda, o proprietário ou responsável pela empresa deverá 
comunicar o fato, nas primeiras 24 horas depois do 
ocorrido, à Polícia Federal, sob pena de incorrer no crime 
do art. 13 do Estatuto; 
x O porte de arma aos servidores que atuem na área de 
segurança dos Tribunais ou do MP está condicionado ao 
atendimento dos requisitos do art. 4º do Estatuto, bem como à 
formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade 
policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de 
controle interno; 
x A lista dos servidores autorizados pela Instituição (LIMITE DE 
50% dos servidores que atuem na área de segurança) 
deverá ser atualizada semestralmente junto ao SINARM; 
x Em caso de perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de 
armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob guarda 
da INSTITUIÇÃO (Tribunalou MP), deverá ser comunicado o 
fato, nas primeiras 24 horas depois do ocorrido, à Polícia 
Federal. Contudo, aqui, não há previsão de 
responsabilização criminal pelo descumprimento. 
 
E no caso das entidades desportivas que utilizem armas de 
fogo? Nesse caso, aplica-se o art. 8º do Estatuto, que determina que elas 
devam atender às condições de uso e armazenagem estabelecidos pelo 
órgão competente: 
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente 
constituídas devem obedecer às condições de uso e de armazenagem 
estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o 
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta 
Lei. 
 
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O art. 9º trata da autorização do porte de arma em situações 
bastante específicas. Vejamos: 
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para 
os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou 
sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento 
desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para 
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em 
competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. 
 
Disso podemos concluir que: 
x Autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança 
de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil ± 
COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA 
x Registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para 
colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes 
estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada 
no território nacional. ± COMPETÊNCIA DO COMANDO DO 
EXÉRCITO 
 
Tal regulamentação é bastante específica, só se aplicando nestes 
casos, pois, em regra, compete à POLÍCIA FEDERAL a autorização para 
o porte de arma de fogo de uso permitido. Vejamos: 
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em 
todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será 
concedida após autorização do Sinarm. 
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia 
temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e 
dependerá de o requerente: 
I ± demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade 
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; 
II ± atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; 
III ± apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o 
seu devido registro no órgão competente. 
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Uma vez concedida a autorização para o porte de arma de fogo, ela 
perderá sua eficácia, automaticamente, caso o portador: 
x Seja detido ou abordado em estado de embriaguez; 
x Seja detido ou abordado sob o efeito de substâncias químicas 
ou alucinógenas 
 
A Lei possibilita, ainda, a cobrança de taxas em razão dos mais 
diversos serviços prestados, ficando os valores recolhidos ao custeio e 
manutenção do SINARM, da Polícia Federal e do Comando do Exército, de 
acordo com a responsabilidade pela prática do ato. Vejamos: 
 Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores constantes do 
Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos: 
 I ± ao registro de arma de fogo; 
 II ± à renovação de registro de arma de fogo; 
 III ± à expedição de segunda via de registro de arma de fogo; 
 IV ± à expedição de porte federal de arma de fogo; 
 V ± à renovação de porte de arma de fogo; 
 VI ± à expedição de segunda via de porte federal de arma de fogo. 
 § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manutenção 
das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando do Exército, no 
âmbito de suas respectivas responsabilidades. 
 
Basicamente estas taxas só se aplicam aos particulares em geral e às 
empresas de segurança privada, além das entidades de desporto, pois há 
isenção para os integrantes das instituições públicas previstas no art. 6º: 
Art. 11 (...) 
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§ 2o São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo as pessoas 
e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o 
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
III ± DOS CRIMES E DAS PENAS 
 
B) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda 
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do 
estabelecimento ou empresa: 
Pena ± detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
Aqui se busca proteger a incolumidade pública, em razão do perigo 
abstrato consistente na posse, por uma pessoa não autorizada, de uma 
arma de fogo. 
Trata-se de crime COMUM, podendo ser praticado por qualquer 
pessoa, tendo como sujeito passivo a coletividade. 
A POSSE é o poder físico sobre a coisa, e deve se dar no interior 
da residência do infrator, ou no local de trabalho, se for o responsável 
pelo local. A posse não precisa ser necessariamente da arma de fogo, 
podendo ser de munição ou qualquer acessório da arma. 
O TXH� VHULD� ³DUPD� GH� IRJR� GH� XVR� SHUPLWLGR´�� ³DFHVVyULR´� RX�
³PXQLomR´��caracteriza NORMA PENAL EM BRANCO, pois a lei não diz. 
Isso fica a cargo do Poder Executivo regulamentar. Vejamos o que diz o 
art. 23 do Estatuto: 
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas 
de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, 
permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do 
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chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do 
Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Se a posse se der fora destes locais, o crime é mais grave, e teremos 
o crime do art. 14 (PORTE ilegal de arma de fogo). 
O elemento subjetivo exigido é o DOLO, não se exigindo nenhuma 
finalidade especial de agir. Não há punição na forma culposa. 
O crime se consuma com a prática da conduta. Trata-se de crime de 
MERA CONDUTA, pois não há possibilidade de nenhum resultado 
naturalístico decorrente da conduta. Trata-se, ainda, de CRIME DE 
PERIGO ABSTRATO, ou seja, é desnecessária a ocorrência de 
efetiva situação de perigo à coletividade. Não se admite tentativa. 
 
CUIDADO! Muito se discutiu acerca da natureza da norma contida no 
art. 30 da Lei 10.826/03, que criou uma espécie de abolitio criminis em 
relação a este delito. 
O STF entendeu que o art. 30, ao estabelecer novo prazo para que 
pessoas em situação irregularpudessem regularizar ou devolver suas 
armas, não criou uma espécie de abolitio criminis temporária, de maneira 
que não retroage para tornar atípicos os atos praticados antes de sua 
entrada em vigor. O que o art. 30 estabeleceu, segundo o STF, foi uma 
HVSpFLH�GH� ³YDFDWLR� OHJLV´��RX� VHMD��XP�SHUtRGR�QR�TXDO� R�RUGHQDPHQWR�
jurídico suspende a aplicação da norma penal (RE 768494, julg. 
19/09/2013). 
O STJ já decidiu em sentido contrário (AgRg no REsp 1237674, julg. 
05/02/2013) e firmou este entendimento ao desenvolver melhor os 
prazos e as hipóteses de reconhecimento da abolitio criminis. 
Vejamos. 
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Os arts. 30 e 32 da Lei 10.826/03 assim dispunham: 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas 
deverão, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e 
oitenta) dias após a publicação desta Lei, solicitar o seu registro 
apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da 
posse, pelos meios de prova em direito admitidos. (Vide Lei nº 10.884, de 
2004) (Vide Lei nº 11.118, de 2005) (Vide Lei nº 11.191, de 2005) 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de armas de fogo não registradas 
poderão, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, 
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e, presumindo-se a boa-fé, 
poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta Lei. (Vide Lei nº 
10.884, de 2004) (Vide Lei nº 11.118, de 2005) (Vide Lei nº 11.191, de 
2005) 
Atualmente, a redação é diferente. Vejamos: 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido 
ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o dia 31 de 
dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação 
pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de 
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova 
admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as 
características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este 
dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências 
constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada 
pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, 
espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão 
indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de 
eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 
11.706, de 2008) 
Como se pode ver, na redação original se estabelecia o prazo de 180 
dias, a contar da publicação da Lei. Este prazo, porém, foi 
sucessivamente sendo estendido, até 23.10.2005 (sem exigir. 
Sobre essa norma, entendeu-se ter havido abolitio criminis temporária 
em relação ao crime de POSSE de arma de fogo1. O STJ entendeu, ainda, 
que tal norma se aplica inclusive à posse de arma de fogo de uso 
permitido mas que estivesse com numeração, marca ou qualquer outro 
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. Vejamos o 
verbete de súmula nº 513: 
 
1 Com a ressalva do entendimento do STF, que dava ao instituto uma natureza diversa. 
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Súmula 513: A abolitio crimini temporária previ ta na Lei n. 10.826/2003 
aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. 
Mas e depois de 23.10.2005? Neste caso, devemos diferenciar as 
armas de fogo de uso permitido SEM adulteração de identificação e 
aquelas que tiveram ADULTERAÇÃO da identificação. No primeiro caso, 
houve abolitio criminis até 31.12.2009, conforme art. 20 da Lei 
11.922/09: 
Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que 
tratam o § 3o do art. 5o e o art. 30, ambos da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003. 
No segundo caso, FRPR� KRXYH� D� ³DGXOWHUDomR´� GR� VLQDO�
LGHQWLILFDGRU�� HVWDV� DUPDV� QmR� VmR� PDLV� FRQVLGHUDGDV� ³GH� XVR�
SHUPLWLGR´, não sendo possível sua regularização, de forma que não se 
aplica o art. 30 (com a nova redação, dada pela Lei 11.706/08 e cujo 
prazo fora prorrogado pela Lei 11.922/09). 
No caso destas armas, a abolitio criminis temporária vai apenas 
até 23.10.2005, que é o último prazo concedido (pelo art. 1º, da Lei 
������������ $SyV� LVVR�� WRGDV� DV� ³H[WHQV}HV´� GH� SUD]R� H[LJLUDP� TXH� VH�
WUDWDVVH� GH� DUPD� GH� IRJR� GH� ³XVR� SHUPLWLGR´�� DIDVWDQGR�� DVVLP�� R�
reconhecimento da abolitio criminis nos casos de arma com numeração 
raspada, etc. 
Por essa razão foi editada a já citada súmula 513 do STJ. 
 
C) Omissão de cautela 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor 
de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere 
de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 
Pena ± detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
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Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou 
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores 
que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia 
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de 
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas 
primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 
Temos aqui mais um crime contra a incolumidade pública, que pode 
ser praticado por qualquer pessoa (CRIME COMUM), desde que a pessoa 
seja a pessoa que possui a posse ou porte de arma de fogo. 
Trata-se de conduta OMISSIVA PRÓPRIA�� FRQVLVWHQWH� QXP� ³QmR-
ID]HU´�� RX� VHMD�� XPD� DXVrQFLD� de conduta (a conduta de tomar as 
precauções necessárias), de forma que é crime instantâneo, consumando-
VH�FRP�R�³QmR-ID]HU´��NÃO ADMITINDO TENTATIVA. 
O elemento subjetivo exigido é A CULPA, pois se trata de uma 
inobservância do dever de cuidado, através de negligência. 
O § único, por sua vez, traz uma forma equiparada, que, entretanto, 
se constitui num crime PRÓPRIO, pois somente as pessoas que 
ostentem aquelas posições poderão cometê-lo, embora se admita 
o concurso de agentes, na forma do art. 30 do CP. Trata-se de norma 
que regulamenta o §1° do art. 7° do Estatuto. 
 
D) Porte de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a 
arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) 
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Vejam, portanto, que este crime é mais grave, tanto que se trata de 
crime INAFIANÇÁVEL, conforme a previsão do § único do artigo. No 
entanto, esse § único (que trata da inafiançabilidade) foi declarado 
INCONSTITUCIONAL pelo STF, pois o Tribunal entendeu que não se 
poderia aplicar a este crime (de perigo abstrato) vedação tão grave, 
prevista na Constituição apenas para crimes como tortura, terrorismo, 
hediondos, etc. 
Também é crime COMUM, e a conduta está materializada em treze 
verbos diferentes (núcleos), onde temos, portanto, um TIPO MISTO 
ALTERNATIVO, em que a prática de qualquer das condutas 
caracteriza o delito e a prática de mais de uma das condutas não 
caracteriza mais de um delito, tratando-se de apenas um crime. 
Uma observação é importante: A arma deve estar devidamente 
numerada e identificada. Caso a numeração esteja raspada ou tenha 
havido a prática de qualquer ato com a finalidade de retirar a identificação 
da arma de fogo, teremos o crime do art. 16, § único, IV da Lei. Vejamos: 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso 
proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena ± reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
(...) 
IV ± portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado; 
 
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Não é necessário que o próprio agente tenha efetuado a raspagem da 
numeração, sendo necessário apenas que esteja portando arma nestas 
condições. 
EXEMPLO: José está portanto arma de fogo com a numeração raspada, 
que lhe fora fornecida por Pedro, que a recebeu de Maria, que foi quem 
efetivamente procedeu à raspagem da numeração. José, mesmo não 
tendo sido quem realizou a raspagem, responde pelo delito, por ser 
portador da arma. 
 
O crime se consuma com a prática de qualquer das condutas, 
e a tentativa é admissível, embora de difícil caracterização, dada a 
quantidade de núcleos do tipo. 
 
CUIDADO! O crime em comento pode ser uma preparação para outro 
crime, como, por exemplo, um crime de roubo. Em tese, teríamos dois 
crimes praticados em concurso material, pois quando da prática do 
roubo, já teria se consumado o delito de porte de arma. Entretanto, 
prevalece nos Tribunais a tese de ABSORÇÃO do crime de porte de arma 
de fogo pelo outro crime (o crime-fim). Vejamos: 
DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E PORTE DE 
ARMA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. APLICABILIDADE. CONTEXTO FÁTICO 
ÚNICO. 
1. A aplicação do princípio da consunção pressupõe, necessariamente, a análise de 
existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas, para que se verifique a 
possibilidade de absorção daquela menos grave pela mais danosa, sendo, por isso 
mesmo, inviável a sua aplicação automática, em desconsideração às circunstâncias 
fáticas do caso concreto 2. Havendo um contexto fático único e incontroverso de 
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que a arma de fogo foi o meio para a consumação do crime de homicídio, 
aplica-se o princípio da consunção. 
3. Ordem concedida. 
(HC 104.455/ES, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 21/10/2010, 
DJe 16/11/2010) 
Vejam que somente haverá a absorção de um pelo outro quando ficar 
comprovada a relação de crime-meio e crime-fim entre um e 
outro. Caso fique comprovado que se tratavam de duas condutas 
autônomas, independentes entre si, não haverá absorção, e o agente 
responderá por ambos os delitos. 
 
E) Disparo de arma de fogo 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em 
suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa 
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena ± reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) 
 
Aqui também temos um crime COMUM, de PERIGO ABSTRATO. O 
crime de DISPARO DE ARMA DE FOGO ABSORVE O CRIME DE 
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO, pois um é meio para a prática do 
outro (só atira quem porta a arma), desde que tenham sido praticados 
em um mesmo contexto (se o agente tinha o porte de arma há muito 
tempo, já havia se consumado, há muito, o crime de porte. Entretanto, se 
pega a arma só para efetuar o disparo, há a absorção). Vejamos a 
jurisprudência: 
 
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AGRAVO REGIMENTAL NO RECUSO ESPECIAL. CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DO 
DESARMAMENTO. DISPARO E POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO 
SUPRIMIDA. ARTS. 15 E 16, IV, DA LEI Nº 10.826/03. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. 
ABSORÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. CONSUMAÇÃO DOS DELITOS. CONTEXTOS DIVERSOS. 
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA 7, STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 
1. Esta Corte Superior entende que a absorção do delito de porte de arma pelo 
de disparo não é automática, pois depende do contexto fático do caso concreto 
em que se deram as condutas. Não ficou caracterizada a hipótese de aplicação 
do princípio da consunção, na espécie, porque os momentos consumativos dos 
delitos ocorreram em situações diversas, em contextos destacados. 
(...) 
(AgRg no REsp 1347003/SC, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado 
em 17/12/2013, DJe 03/02/2014) 
 
Ainda, o crime de disparo de arma de fogo é considerado um TIPO 
SUBSIDIÁRIO, pois só haverá este crime se ele não for meio para a 
prática de outro. 
EXEMPLO: Agente efetua disparo de arma de fogo para acertar a cabeça 
do inimigo, vindo a matá-lo. Temos aqui um homicídio doloso 
consumado, que absorveu o crime de disparo de arma de fogo. 
 
O elemento subjetivo é o DOLO, e o crime se consuma com o 
efetivo disparo, de forma que não é necessário que tenha havido qualquer 
lesão ou perigo concreto à sociedade. A Doutrina se divide, mas a maioria 
entende que não admite tentativa, embora eu esteja tendencioso a 
concordar com a minoria, eis que é possível o agente pegar a arma e 
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acionar o gatilho, vindo esta a falhar, o que, para mim, caracterizaria a 
tentativa. Contudo, reitero: A maioria da Doutrina entende que não 
cabe tentativa. 
O § único deste artigo, que também prevê a inafiançabilidade, foi 
declarado INCONSTITUCIONAL PELO STF, na mesma ADIn em que o 
fora o § único do art. 14. 
 
F) Posseou porte de arma de fogo de USO RESTRITO 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso 
proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena ± reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I ± suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação 
de arma de fogo ou artefato; 
II ± modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la 
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de 
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou 
juiz; 
III ± possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV ± portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado; 
V ± vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, 
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
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VI ± produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de 
qualquer forma, munição ou explosivo. 
 
9HMDP�TXH��DTXL��WHPRV�XPD�MXQomR�GRV�FULPHV�GH�³SRVVH´�H�³SRUWH´�
de arma de fogo, só que o objeto material, aqui, não é qualquer arma de 
fogo, mas somente aquelas de USO RESTRITO, o que é norma penal 
em branco, pois depende de regulamentação do executivo para que se 
possa saber o que seriam armas de uso restrito. 
O crime é um TIPO MISTO ALTERNATIVO e se consuma com a 
prática de qualquer das condutas, não havendo necessidade de ocorrência 
de dano ou perigo concreto. A tentativa é admissível, mas de difícil 
verificação. 
O § único prevê condutas EQUIPARADAS, ou seja, condutas para 
as quais se prevê a mesma pena. Com relação às condutas equiparadas, 
uma observação deve ser feita: O inciso V diz o seguinte: 
V ± vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, 
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
 
Esse inciso REVOGOU TACITAMENTE o art. 242 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, que previa o seguinte: 
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer 
forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 
12.11.2003) 
 
Na prática a pena é a mesma, mas o crime do art. 16, § único, V do 
Estatuto do Desarmamento prevê, ainda, a pena de multa. 
 
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CUIDADO! A prática das condutas dos arts. 14 e 16, num mesmo 
contexto, configuraria crime único segundo entendimento do STJ no 
julgamento do HC 148.349/SP (j.22/11/2011). 
 
 
G) Comércio ilegal de arma de fogo 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou 
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena ± reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito 
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 
 
Aqui se pune a conduta daquele que possui ou porta arma de fogo (e 
isso inclui a conduta daqueles que transportam, têm em depósito, etc.), 
desde que essa conduta seja praticada no EXERCÍCIO DE ATIVIDADE 
COMERCIAL, sem autorização ou em desacordo com a autorização. 
Como o próprio nome do crime diz, trata-se do crime de comércio 
ilegal, clandestino, de armas de fogo, acessório ou munição. 
O crime é mais grave, sua pena máxima chega a 08 anos de 
reclusão. O crime é comum, embora a lei exija que seja realizado no 
exercício de atividade comercial. Digo que é comum pois QUALQUER 
PESSOA PODE COMPRAR ALGUMAS ARMAS E OFERECÊ-LAS A 
VIZINHOS, não se exigindo, portanto, nenhuma característica que 
somente pertença a algumas pessoas específicas. 
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E isso decorre, inclusive, da regra do § único, que estende bastante o 
conceito de atividade comercial: 
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito 
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 
 
Também temos aqui outro tipo misto alternativo, cujo objeto 
material não é apenas a arma de fogo, mas qualquer acessório ou 
munição. O crime se consuma com a mera realização das condutas (crime 
de mera conduta) e a tentativa é admissível em algumas 
modalidades em que o iter criminis possa ser fracionado, mas é 
muito difícil de ocorrer, em razão do grande número de núcleos do tipo, 
de forma que o que seria tentativa, já consuma o crime. 
EXEMPLO: Conduta: Vender. Se o agente expõe à venda mas não 
YHQGH��VHULD�WHQWDWLYD��(QWUHWDQWR��H[LVWH�D�FRQGXWD�GH�³H[SRU�j�YHQGD´��
de forma que a simples exposição, que seria tentativa, aqui consuma o 
crime). 
 
H) Tráfico internacional de arma de fogo 
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território 
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização da autoridade competente: 
Pena ± reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Este delito também é considerado bastante grave, e sua pena chega 
a 08 anos de reclusão. 
Trata-se de CRIME COMUM, e as condutas previstas são: 
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x Importar ± Trazer para dentro do país; 
x Exportar ± Levar para fora do país; 
x Favorecer ± Pode ser o favorecimento em relação à 
importação ou exportação; 
 
Friso a vocês que, mesmo nesse último caso (favorecer), o crime não 
é próprio, pois o favorecimento não necessariamente virá de um 
funcionário público, mas de qualquer pessoa que auxilie a prática das 
condutas. Se praticado por funcionário público, o crime é este e NÃO O 
DE FACILITAÇÃO AO CONTRABANDO OU DESCAMINHO, previsto no 
art. 318 do CP, pois aquela é norma geral e esta (a do Estatuto do 
Desarmamento), norma especial, de forma que será aplicada esta norma 
penal. 
O objeto material, aqui, é qualquer arma de fogo, acessório ou 
munição, SEJA ELA DE USO PERMITIDO OU RESTRITO, não importa. 
O crime se consuma com a prática de qualquer das condutas, e 
ADMITE-SEA TENTATIVA, SALVO NA HIPÓTESE DE 
FAVORECIMENTO POR OMISSÃO. 
 
 
9 Nos crimes de COMÉRCIO ILEGAL E TRÁFICO 
INTERNACIONAL, a pena é aumentada de METADE se o objeto 
material é de USO RESTRITO OU PROIBIDO (art. 19 da Lei); 
9 Em todos os delitos, SALVO POSSE DE ARMA DE FOGO (art. 
12) E OMISSÃO DE CAUTELA (art. 13), a pena é aumentada de 
METADE se o crime for praticado por qualquer das pessoas que 
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possuem autorização para porte de arma previstas no art. 6° da 
Lei, empregados de empresas de segurança privada ou transporte 
de valores (art. 7°) e pessoas responsáveis por entidades 
desportivas autorizadas ao porte de arma de fogo (art. 8° da Lei); 
9 O art. 21, que VEDAVA a liberdade provisória para os crimes dos 
arts. 16, 17 e 18, foi DECLARADO INCONSTITUCIONAL PELO 
STF, de forma que é cabível a liberdade provisória também para 
estes crimes (Adin 3.112-1) 
 
IV ± DAS ARMAS DE FOGO APREENDIDAS 
 
Uma vez apreendida arma de fogo, após o laudo pericial e sua 
juntada aos autos, quando não forem mais úteis ao processo, serão 
encaminhadas, pelo Juiz, ao COMANDO DO EXÉRCITO, no prazo de 48 
horas, para: 
x Destruição; 
x Doação aos órgãos de segurança pública 
 
Isto está previsto no art. 25 da Lei: 
 Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo 
pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução 
penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no 
prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos 
órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento 
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que 
receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e a dotação de 
cada Força Armada ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios de 
prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando do 
Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral a ser 
encaminhado àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação 
de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
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 § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a serem 
doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento em favor da 
instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade 
da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou 
no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encaminhamento 
ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de uso permitido ou de 
uso restrito, semestralmente, da relação de armas acauteladas em juízo, 
mencionando suas características e o local onde se encontram. (Incluído pela 
Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Bons estudos! 
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apenas psicológico em uma relação íntima de afeto, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida. 
c) Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos da lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em 
conjunto ou separadamente, medidas protetivas de urgência, dentre elas 
o afastamento do lar, proibição de aproximação da ofendida e a prestação 
de alimentos provisórios. 
d) É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação 
pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento 
isolado de multa. 
e) Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata essa lei, só será admitida a renúncia à representação 
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, 
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
03 - (INSTITUTOS CIDADES ± 2011 ± DPE-AM ± DEFENSOR 
PÚBLICO) 
Acerca da violência familiar e doméstica contra a mulher (lei 
11.340/2006), marque a opção correta: 
a) são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, dentre 
outras: a violência física, a violência psicológica, a violência sexual, a 
violência patrimonial e a violência moral, desde que não praticadas pelo 
cônjuge; 
b) constitui violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação 
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento 
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, seja no âmbito 
da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer relação 
íntima de afeto; 
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c) somente são cabíveis medidas de proteção e urgência em favor da 
mulher quando houver sido praticada uma conduta que cause violência 
doméstica e familiar e haja pedido formal do Ministério Público; 
d) nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata a lei 11.340/06 somente será admitida a renúncia à 
representação na presença do juiz, independentemente da oitiva do 
Ministério Público; 
e) a lei 11.340/06 veda a aplicação de penas de prestação de serviços 
comunitários ou de penas de cestas básicas, mas possibilita a substituição 
da pena privativa por pagamento isolado de multa. 
 
04 - (FCC ± 2012 ± TJ-GO ± JUIZ) 
No crime de lesão corporal leve praticado no âmbito de violência 
doméstica (art. 129, § 9o, do Código Penal), a ação penal é 
a) pública incondicionada, se a agressão se der do marido contra a 
mulher. 
b) pública incondicionada, em qualquer hipótese, segundo entendimento 
sumulado do STF. 
c) privada, se a agressão se der de irmão contra irmão. 
d) privada, se a agressão se der do filho maior contra o pai. 
e) pública condicionada, em qualquer hipótese. 
 
05 - (FCC - 2011 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) 
Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, ao 
ofensor o juiz 
A) de imediato poderá aplicar a proibição de aproximação da ofendida, de 
seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância 
entre estes e o agressor. 
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B) só poderá proibir o contato físico com a ofendida, depois do trânsito 
em julgado da sentença e se não houver reconciliação do casal. 
C) não poderá, em nenhuma hipótese, estender a proibição de 
aproximação da ofendida

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