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FORMAÇÃO DA PASTAGEM – AULA 21/05/2019 GRAMÍNEAS – FAMÍLIA POACEAE Brachiaria decumbens Origem africana, porém, introduzida pela Austrália na década de 60. Descrição morfológica: Perene com crescimento decumbente (colmo pode encostar-se ao solo, porém não ocorre o enraizamento nos nós) e ergue a parte que possui a inflorescência; Porte baixo; Folhas com pilosidade moderada nas das duas faces (adaxial e abaxial); Inflorescência tipo racemo com 2-7 raques e 2 fileiras de espiguetas; Ecologia: Possui raízes longas proporcionando alta absorção de P e N no solo; Resistente à baixa fertilidade; Áreas inclinadas ou não; Baixa tolerância a solos mal drenados; Agronomia: Susceptível ao ataque da cigarrinha (Aeneolamia, Deois e Zulia ssp). A ninfa suga a seiva da planta e forma uma espuma na base para não desidratar. Causa amarelamento e senescência da planta, com morte em reboleira; Resistente ao pastejo intenso; Valor de alimentação: Bom valor nutritivo; Digestibilidade entre 50-80%; Não muito aceitável por ruminantes e equinos; Fotossensibilização hepatogênica em ovinos e caprinos: micotoxina do fungo saprofítico que causa problemas hepáticos e descamação. Brachiaria brizantha Origem africana; Descrição morfológica: Crescimento cespitoso, ereto, perpendicular ao solo (tipo touceira); Caule de 60-200 cm; Folhas com ou sem pelos; Inflorescência tipo racemo com 2-16 raques e 1 fileira de espiguetas; Ecologia: É mais exigente em nutrição que as outras espécies de Brachiaria; Responde bem à adubação nitrogenada; Não se dá bem em solos mal drenados; Agronomia: É a mais resistente, dentre as da mesma espécie, à cigarrinha; Boa resistência ao pastejo, com bom crescimento na estação seca; Valor nutricional: Valor nutritivo depende da adubação; Mais palatável que a decumbens; Pode causa fotossensibilização em caprino, ovinos e bovinos jovens. Cultivares: marandu: O mais utilizado; Boa resposta à adubação; xaraens: touceira bem definida; pilosidade apenas da bainha; paiaguás: tolerante ao déficit hídrico; folhas glabras; susceptível à cigarrinha. Brachiaria humidicula Origem africana; Descrição morfológica: Crescimento estolonífero: colmo rente ao solo com enraizamento nos nós e emissão de perfilhos; Folhas finas e longas sem pilosidade. Lamina foliar serrilhada e resistente; Inflorescência nos colmos eretos, 20-60 cm de altura. 2-5 racemos pequenos com duas fileiras de espiguetas com alta pilosidade. Ecologia: Altamente resistente à baixa fertilidade do solo; Boa resposta à adubação com N e P; Tolerante a solos mal drenados; Mantém uma boa cobertura mesmo exposta ao pastejo intenso (tolerante); Áreas inclinadas → cobre bem o solo; Agronomia: Tolerante à cigarrinha, com rápida recuperação; Resistente à formiga cortadeira; Propagação vegetativa (estolão) ou por semente; Valor nutritivo: Bom valor nutricional, porém, menor que a decumbens e a brizantha; Palatável se o pasto for mantido baixo e frondoso; Digestibilidade (48-75%) diminui se não for rapidamente pastejada; Baixa [Ca2] e alta de oxalato de cálcio, podendo induzir ao paratireoidismo em cavalos (pode ser superado pela suplementação). Hábito denso Panicum maximum (massai? Capim-colonião?) Origem africana; Descrição morfológica: Crescimento cespitoso (touceira), ereto com porte elevado; Folhas longas com 3-4 folhas/perfilho na fase vegetativa; Inflorescência tipo panícula aberta piramidal com ramos secundários; Emite colmo para depois emitir a inflorescência: ↑ colmo pode causar cólica em equinos levando-os à morte. Ecologia: Exige solos bem drenados, úmidos e férteis (algumas toleram); Tolera sombra (até 30%); Resistente à seca; Menor possibilidade de reinfestação por verminose: devido ao crescimento cespitoso há alta interceptação da luz solar no dossel, por isso, os vermes, para se protegerem, vão para a base da planta, onde não são consumidos pelos animais; Valor nutritivo: Depende da adubação; Alta palatabilidade/aceitação pelos animais; Alto potencial de produção (MS); Adequado para pastagem e corte, porém, não tolera pastejo intenso. Cultivares: Mombaça: Alta capacidade de resposta à adubação; Propagação por semente; Baixa pilosidade. Pseudocolmo? Panicum aruana: Porte mais baixo; Destinado para ovinos; Tanzânia. Pennisetum purpureum (capim-elefante, Napier) Origem africana; Descrição morfológica: Crescimento cespitoso (touceira); Folhas largas e longas, com alta pilosidade; Colmos cilíndricos e com diâmetro de 3 cm na base (lembra o colmo da cana-de-açúcar); Inflorescência do tipo panícula contraída; Ecologia: Exige solos férteis, frígidos, profundos e bem drenados. Agronomia: Propagação vegetativa, a partir de fragmentos do colmo num sulco de 0,7-1 m; Boa resposta à adubação de N; Doenças fúngicas são comumente relatadas; Resistente à seca; Valor nutritivo: Varia com a relação caule/folha. Plantas mais madura aumentam a quantidade de colmo, por isso, exige corte com frequência; Boa quantidade de fibra e proteína (aprox. 10%); Extremamente palatável; Devido ao alto nível de oxalato de cálcio, pode causar intoxicação por nitrato em bovinos, se componente único da dieta; Bom rendimento de MS (se solos bem adubados); Usos: Capineira, feno, cerca viva, quebra-vento, silagem (inferior ao milho e sorgo); Não é utilizado para pastejo, apenas o capim-elefante anão, cujos entrenós são curtos e possui aprox. 10 folhas/perfilho. Cynodon sp Origem africana; Descrição morfológica: Perene; Crescimento estolonífero, porte baixo; Folhas pequenas e finas; Inflorescência tipo racemo subdigitado; Ecologia: Altamente exigente em fertilidade e solos bem drenados, úmidos e com textura mais leve; Tolerantes ao pastoreio corte regular se bem fertilizadas. Intervalos de 4-5 semanas com 15-25 cm de altura de saída e 30-70 cm de entrada; Tolera umidade, mas não o encharcamento; Baixa produtividade na seca; Agronomia: Propagação vegetativa através dos estolões. Não produz sementes viáveis; Boa resposta à adubação de N com rápido fechamento do solo; Alta densidade populacional: 20 vezes superior ao Pennisetum purpurium, produzindo a mesma quantidade de MS; Valor nutritivo: Ótimo para o consumo entre 4-5 semanas: alto valor nutritivo e alta palatabilidade. A qualidade cai após 5 semanas; Usos: Pastagem, pré-secados e feno (fácil desidratação); Rizoma: Grupo das bermudas: possui rizoma → tifton 85. Utilizado para forragem, formação de campo de futebol e fenação (alta relação folha/caule); Tifton é uma cidade que tem geada e queima a parte vegetativa da planta. O rizoma permite que ela sobreviva, pois auxilia na emissão de novas folhas; Grupo estrela: não possui rizoma → grama estrela; Cultivares: Tifton 85, coast cross, estrela, terra verde. LEGUMINOSAS – FAMÍLIA Fabaceae Arachis pintoi (amendoim-forrageiro) Origem América do Sul; Utilizada em consórcio com gramíneas; Descrição morfológica: Perene; Crescimento herbáceo-estolonífero com propagação vegetativa (clonal) ou com a semente da vagem; Folhas tetrafolioladas, colmos finos; Flor em racemos de cor amarela; Vagens subterrâneas (geocarpia: uma flor aérea, após ser fecundada produz um fruto subterrâneo) com semente única; Ecologia: Não é restrito à textura do solo; prefere fertilidade de moderada a alta, porém, sobrevive em solos inférteis e com alta saturação de alumínio; Agronomia: Muito compatível com o consórcio com gramíneas; Também pode ser utilizado em consórcio com arvores (frutíferas); Tolerante ao pastejo intenso e baixa fertilidade do solo; Alta produtividade, com boa cobertura do solo e alta qualidade; Porém, precisa de umidade para boa produção; Estabelecimento lento e caro com 1 ou 2 anos (3-4 plantas/m2). Porém, depois é persistente, sendo difícil de erradicar; Valor nutritivo: 13-25% de PB; 60-70% de Digestibilidade; Baixa produção de compostos secundários (taninos condensados); Alta palatabilidade; Uso: Consórcio com gramíneas→ simbiose → FBN. Stylosanthes Descrição morfológica: Perene de vida útil limitada: 2 ou 3 anos; Crescimento semi-arbustivo (lenhoso); Folhas trifolioladas, pecíolo densamente piloso, colmo fino sem crescimento secundário; Agronomia: Tolerante à baixa fertilidade; Tolerante ao pastoreio moderadamente pesado; Produtivo e com alta qualidade; Compatível com gramíneas de crescimento cespitoso (touceira), como a Brachiaria decumbens e brizantha; Moderadamente tolerante a desfolha baixa e frequente; Valor nutritivo: Boa quantidade de PB; Alta aceitabilidade pelos animais, incluindo galinhas, patos e suínos. Stylosanthes capitata Origem América do Sul; Descrição morfológica: Inflorescência capitata de múltiplas flores em terminais densos; Stylosanthes macrocephala Origem brasileira; Descrição morfológica: Mesma que o capitata; Inflorescência com flores pequenas e amarelas (ou bege); Difere da capitata apenas por ter hastes mais ramificadas e finas, folhetos menores e mais estreitos e inflorescências menores. Stylosanthes guianensis Origem na América Central (Costa Rica, Honduras) e América do Sul (norte da Bolívia, Brasil); Descrição morfológica: Folhas e hastes glabras a densamente pilosas; Flores amarelas a laranja; Semente marrom pálido em vagem única; Agronomia: Bom hábito de crescimento para o corte e transporte; Não suporta pastoreio pesado. Medicago sativa (alfafa) Origem asiática; Descrição morfológica: Crescimento tipo herbácea semi-ereta com base lenhosa; Folhas trifolioladas, pilosa na face abaxial e glabra na face adaxial; Inflorescência com racemos densos 10-35 flores com corola de cor lilás ou azul e raramente branca; Ecologia: Solos bem drenados, profundos, com pH neutro a alcalino (a raiz pode chegar à 8 m; mas, é mais comum 3-5 m); Intolerante a alagamentos, mesmo que curtos; Relativamente tolerante à seca; Agronomia: Solos com fertilidade moderada à alta; Susceptível a pragas e doenças; Produz o ano inteiro; Persistente; Baixo nível de energia (↓ fibras); Valor nutritivo: Altos níveis de proteína e cálcio; Alta digestibilidade e palatabilidade. Uso: Pastoreio, pré-secado, fenação, silagem; Compatível com gramíneas tropicais, Panicum maximum; Não tolera pastoreio contínuo. Cajanus cajan (feijão-guandu) Origem africana; Descrição morfológica: Perene, porém, vida útil curta (até 5 anos); Crescimento arbustivo (até 4 m) com raiz profunda (2 m); Caule não cilíndrico e anguloso/inclinado; Folhas trifolioladas alternadas em espiral ao redor do caule; Flor amarela; Vagem plana contendo de 2 a 9 sementes ovais de cor bege ou roxa (variando até marrom escuro); Agronomia: Altamente tolerante à seca; Colheita de dupla finalidade: grãos e forragem; Tolerante a solos de baixa fertilidade; Excelente adubo verde para melhorar a estrutura do solo; Recomendada para recuperar o pasto; Alta FBN; Não tolera pastejo contínuo ou desfolhações pesadas; Valor nutritivo: Alta qualidade 10-15% PB; Palatabilidade aumenta com a idade da planta; Usos: Folhagem conservada ou fresca para alimentar os animais; Consórcio com sorgo, outras leguminosas, cereais. Neonotonia wightii (soja-perene) Origem africana; Descrição morfológica: Perene; Crescimento herbáceo tipo volúvel (ou hábito trepadeiro); Não possui gavinha, utiliza o caule (hastes herbáceas); Folhas trifolioladas com limbo foliar assimétrico; Inflorescência branca, bege ou malva-azul; Vagem de 3-5 cm contendo 3-8 sementes; Agronomia: Estabelecimento lento, não deve ser pastado cedo demais e deve-se tomar cuidado se utilizada em consórcio para a outra planta não sufocar seu crescimento: Quando utilizada em consórcio (Panicum maximum, Penisetum purpureum, Brachiaria decumbens) há competição pelo topo do dossel (luz) gerando pastos instáveis; Nodulação lenta; Produz muita MS, porém quase não produz raiz, por isso, é intolerante ao pastejo contínuo; Requer solos férteis; Boa produção de sementes; Valor nutritivo: 20-26% PB; Boa digestibilidade e palatabilidade. OBS.: Inflorescência: conjunto de flores ou ramificação que termine em flores e que se caracteriza pela presença de um pedúnculo.