Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Victória Barancelli 2017/2 TAJ G1 Teoria da argumentação jurídica: formula critérios, regras, exigências que devem ser cumpridos para fins de fundamentação e justificação racional de proposições normativas concretas (=frase que é uma norma) da interpretação até aplicação do direito. Direito resolve casos concretos chegando na decisão judicial através de uma frase que é uma norma. Norma Universal: 155 CC Norma Singular/Concreta/Individual: “A” deve pagar R$1000,00 para “B” - Todo raciocínio jurídico termina com proposições normativas concretas; - Todo caso de direito tem como ponto de partida uma Norma Universal e como ponto de chegada uma Norma Singular. Essa passagem se dá através da fundamentação; Deterministas ou Decisionistas: Não acreditam que é possível uma decisão racional acerca das proposições normativas. Questões Práticas x Questões Teóricas Dever ser; Ser, é; Não é passível de verdade; Passível de verdade; Juízos do dever; Juízos fáticos; Frases normativas; Frases descritivas; “A deve pagar R$10,00 para B” “A matou B”, “O carro é vermelho”; Pode ser discutido cientificamente; Pode ser discutido racionalmente. Raciocínio teórico: premissas implicam a conclusão. Raciocínio prático: premissas não implicam a conclusão. Premissas funcionam como razões que dizem qual deve ser a solução do caso. Premissas podem ser colocadas em cadeia dedutiva. Por que temos problemas com as regras da lógica no raciocínio prático? Raciocínio prático: uma das premissas é uma norma. Normas não são V ou F, então não são submetidas a regra da lógica. Ato de vontade. TAJ pressupõe uma razão prática, a qual é resolvida por meio da apresentação de argumentos e razões para justificar frases normativas. É = Ser = Prova Dever = Normativa = Argumentos, razões (racionalmente) Contexto: Descoberta: o que passou na cabeça do juiz. Justificação: razões, provas, não interessa o que passou na cabeça do juiz. Victória Barancelli 2017/2 Se razão não fundamenta conclusão, ela foi arbitrária. Se argumentação é correta, ela está justificada de modo racional. Teoria dos Princípios como teoria da norma jurídica Conceito de semântica de norma: norma é o significado que o intérprete atribui ao texto. Normas: juízos do dever (regras e princípios). Sistema jurídico é composto de regras e princípios. Esses são dotados de indeterminação, enquanto aquelas tem vinculatividade (imposição), determinam tudo de forma definitiva (direitos e deveres). O problema do sistema puro de regras são as lacunas de abertura uma vez que o legislador não consegue prever todos os casos antecipadamente, e isso abre espaço para a discricionariedade, para a arbitrariedade, assim o juiz fica livre para decidir a partir de critérios extrajudiciais. Se sistema só fosse dotado de princípios, causaria insegurança jurídica pelo alto grau de indeterminação normativa. Disposição jurídica = onde está o texto, o artigo. Algumas disposições não são normas, porque não estabelecem um juízo de dever (proibido, permitido, devido = obrigado). Alguns artigos trazem conceitos por exemplo. Dworkin começa a teoria dos princípios e Alexy aperfeiçoou. Primeiro artigo de Dworkin de 1967 é um ataque ao livro “Conceito de Direito” de Hart. Dworkin diz que Hart desprezou os princípios, pois ele só fala em regras e há normas que não são regras. Dworkin diz que positivismo falha, pois não olha para os princípios. Dworkin e Alexy introduziram o argumento da separação forte entre regras e princípios. Subsunção, ponderação e analogia são os métodos para aplicar as regras. Os três não são separados, tu usa quem sabe essas 3 ao mesmo tempo em casos mais complexos por exemplo. O resultado da ponderação é uma regra, direito definitivo. Princípios -> ponderação -> regra -> subsunção. Lacuna -> analogia -> regra -> subsunção. A rigor, as regras devem ser cumpridas. Tem que aplicar a regra, pois ela já é resultado de uma ponderação. Dúvida entre princípio ou regra, regra tem que ser respeitada. Regras são razões definitivas, princípios são contributivas. Porém, em situações específicas, muito particulares, com base na Teoria dos Princípios, pode-se escolher o princípio e não a aplicação da regra, pois há um novo princípio que o legislador não previu -> derrotabilidade: capacidade das regras de acomodar exceções, com base em um princípio que não foi considerado pelo legislador, ou se a aplicação vai de encontro com a finalidade da regra. Conceito de direito segundo a Teoria dos Princípios (não-positivista): dado autoritativamente conforme a ordem jurídica, eficácia social e correção moral (conexão necessária). Dworkin Victória Barancelli 2017/2 Sistema jurídico tem regras e princípios – crítica ao positivismo. Sua distinção se da pelo modo de aplicação e pela solução dos conflitos entre as regras e das colisões entre os princípios. Regras: - Nas regras é tudo ou nada. As normas jurídicas são válidas (existem) ou inválidas, não verdadeiras ou falsas. Regras válidas obrigam algo criando um dever definitivo; - Os elementos da hipótese normativa verificados na situação de vida S implicam a consequência jurídica Q; - A regra, mesmo válida, pode não ser aplicada: há exceção. Mesmo modo de aplicação: tudo ou nada. Exceção é nova regra; - O conflito entre regras é resolvido quando uma é declarada inválida e é excluída do sistema jurídico; - Problema da inconsistência: Q é obrigatório. –Q é obrigatório. Princípios: - Não determinam obrigatoriamente a decisão a ser tomada. Fundamentam as decisões; - Tem dimensão de peso. Em um conflito entre dois princípios, o que tem maior peso, dependendo das circunstâncias do caso concreto, é o que importa mais. Princípio de maior peso supera o de menor, constituindo fundamento para a decisão do caso. O princípio de menor peso não é declarado inválido ou excluído do sistema jurídico, ele apenas não conta como fundamentação para a decisão; - Princípios são fonte do direito, mas não são direito positivo. Apenas princípios morais vinculam juridicamente (estabelecem direitos e deveres jurídicos). Moral é a fonte do direito. Princípios vêm da moral. Princípios morais não precisam vincular no sistema jurídico, pois podem valer mais do que o que está na lei. Princípios morais podem estar dentro ou fora do sistema. Posso usar princípio moral para resolver casos mesmo que não esteja positivado. Não fico preso ao direito positivo. Alexy Regras: - São mandamentos definitivos que devem ser cumpridas exatamente como mandado, estabelecem direitos e deveres definitivos. Tem que fazer exatamente o que diz a regra, nem mais, nem menos; - Se a regra não é cumprida, deve ser declarada inválida ou deve constituir uma exceção; - A forma de aplicação é a subsunção: a situação da vida estabelece a hipótese normativa. Situação de fato (S) -> Previsão da regra (P) -> Consequência jurídica (Q). Princípios: - São mandamentos de otimização ou a serem otimizados (dependem de condições fáticas); Victória Barancelli 2017/2 - Admitem cumprimento em graus, conforme as possibilidades fáticas ou jurídicas; - Ordenam que algo seja realizado em uma medida tão alta quanto possível: direito à educação, à moradia; - O grau de cumprimento depende dos outros princípios – só sei isso depois da ponderação. Restrições são resultados de outros princípios; - Contém um dever ideal, dever prima-facie, então exigem mais do que é possível; - Sua forma de aplicação é a ponderação. Pondera conforme o caso. A ponderação leva o dever ideal ao dever real e definitivo, passível de exigibilidade judicial; - As normas dos direitos fundamentais são princípios; - Princípios vinculam juridicamente, mas não são princípios morais como para Dworkin, princípiossão o direito positivo. Princípios vinculam pois foram positivados pelo legislador; - O conceito de direito tem 3 elementos: justo, correto e social. Norma para ser jurídica tem que ser correta quanto ao seu conteúdo. Para ser direito, é dado pelo legislador, tem eficácia social e tem que ter correção moral. Princípios são direito positivo, mas para eles serem normas válidas, tem que estar de acordo com a moral. Moral não é a fonte do direito, mas direito tem que estar em consonância com a moral. * Para direito positivo, direito é o que é dado pelo legislador e tem eficácia social. Está vinculado a fatos sociais. Não se deve corrigir as normas com a moral. - Há uma condição necessária entre o direito e a moral que é a validade. Críticas à Teoria dos Princípios - Teoria dos princípios não contribui para a metodologia jurídica; - As normas não são divididas entre normas e princípios, só existem normas jurídicas; - A interpretação e a aplicação das normas jurídicas não dependem da distinção entre regras e princípios; - A Teoria leva à incerteza e à insegurança jurídica, abre espaço para o arbítrio e para o decisionismo judicial; - Ativismo judicial: a não aplicação das regras jurídicas pelos juízes a partir da valoração de princípios -> derrotabilidade, defeasibility; - A superação incontrolável das regras jurídicas; - O argumento da injustiça da aplicação da regra jurídica e da justiça do caso concreto; - Regras jurídicas injustas e irrazoáveis. O argumento consequencialista: desproporcionalidade; - A exceção é criada pelo juiz. Silogismo Jurídico É a aplicação do silogismo ao raciocínio jurídico. Norma, fato e conclusão. Aplicação silogística da norma jurídica ao fato concreto. Relacionar a norma ao fato e aplica-la ao caso Victória Barancelli 2017/2 Premissa Maior = Premissa Normativa + Premissa Menor = Premissa Fática Silogismo = Conclusão Forma do Silogismo: - Se P, então Q; P = hipótese abstrata - P; - Logo, Q. EX: - Matar alguém, pena 6 a 20 anos de reclusão; - João matou Carlos; - João deve ficar preso de 6 a 20 anos. Premissa fática = descrição narrativa da hipótese abstrata (P) prevista na norma - As premissas implicam a conclusão. Relação de necessidade lógica entre as premissas; - Aplicação do direito como uma operação lógico-dedutiva, como execução do decidido pelo legislador. Aplicação objetiva da lei; - Esse esquema esgota o raciocínio jurídico, pois há problema na palavra “implicam”. Subsunção - É operação cognitiva, não mecânica; - É um julgamento (juízo) de que um fato descreve todos os elementos constitutivos da norma; - Se P, então Q. Reconhecer que a descrição da situação da vida S é um caso de P; - A situação da vida S é o P da norma, então a consequência é Q; - A situação da vida S descrita é o P previsto na norma jurídica. Aplicação das regras da lógica e as normas jurídicas Raciocínio jurídico não é lógico-dedutivo; O silogismo jurídico pressupõe a aplicação da regra de inferência lógica (modus ponens): Se P, então Q. P. Logo, Q. Segue o argumento de afirmação do antecedente (argumento dedutivo): - Se P (antecedente), então Q (consequente). - P (afirmação do antecedente). - Logo, Q (consequente). Se premissas são verdadeiras, conclusão é verdadeira. Premissas implicam a conclusão. Conclusão não vai além do que é dito nas premissas. Victória Barancelli 2017/2 - Não é um ato de vontade, pois premissas são proposições descritivas passíveis de verdade, o que se prova empiricamente. Frases normativas, válidas ou inválidas: (1) Quem furta é preso de 1 a 4 anos (2) “A” furtou (3) “A” deve ser preso de 1 a 4 anos Problemas das regras da lógica: As regras da lógica somente podem ser aplicadas a frases passíveis de verdade e somente proposições descritivas são verdadeiras ou falsas. As proposições normativas não se sujeitas às regras da lógica. A aplicação das normas jurídicas são atos de vontade. Exemplo da promessa: premissas não implicam a conclusão, pois depende da vontade de alguém (3) -> é uma exceção, então não se aplica a lógica, pois regra da lógica diz que serve para todo caso. Exemplo do furto: premissas não implicam a conclusão, pois depende de alguém (3) decidir aquilo. ! O raciocínio jurídico é lógico-dedutivo, mas com reservas e qualificações. Os limites e os problemas do esquema simples do silogismo jurídico Premissa maior normativa Premissa menor fática Conclusão Casos fáceis no início, mas que se mostram difícil depois (controvertidos) • Fumar cigarros na sala, multa cem reais. • “A” fumou um cachimbo na sala. • “A” deve pagar cem reais? Incompletude de cadeia de premissas: falta premissas -> esquema simples não basta. Premissas adicionais são necessárias para justificar a fixação da pena. À forma simples do silogismo devem ser acrescentas premissas normativas e fáticas para justificar a pena fixada. A forma simples do silogismo deve ser completada por outras premissas até que completa a cadeia de justificação da norma individual do caso. Problemas de interpretação: vagueza, ambiguidade e indeterminação. Qual deve ser o significado atribuído ao texto? O aplicador pode escolher qualquer um? Não são respondidas pelo esquema simples, pois premissas já estão dadas e há toda uma discussão sobre a escolha das premissas. O esquema (premissa maior, premissa menor e conclusão) pressupõe a escolha das premissas, então os problemas de interpretação não aparece nesse esquema, sendo insuficiente. O silogismo jurídico é apenas uma parte do raciocínio jurídico. Victória Barancelli 2017/2 O problema de classificação: o fato pode configurar tanto uma hipótese normativa, como outra -> resolvo com a interpretação, justificando a premissa escolhida. A classificação da situação da vida S como o P de uma disposição jurídica é o próprio julgamento da subsunção. O julgamento da subsunção deve ser justificado. O problema das provas -> argumentação empírica. A verdade das premissas fáticas deve ser comprovada: evidências empíricas. O problema da ausência de regras jurídicas -> lacunas, pois situação de vida S não é prevista. O problema da injustiça da regra jurídica: - A situação S é prevista na regra, mas sua aplicação gera injustiça; - Concepção não-positivista: correção moral como critério de validade das normas. Conteúdo depende para validade da norma; - Entre justiça e segurança jurídica de aplicar regras previstas, deve prevalecer a segurança, salvo se a aplicação seria extremamente injusta; - Extrema injustiça não é direito: nulidade da regra jurídica. Decisão de nulidade pode ser daqui para frente, não valendo para casos já decididos; - Quando regra não é extremamente injusta, não se decide pela nulidade da regra, mas só pela sua não aplicação em determinado caso; - Superabilidade, excepcionabilidade, defeasibility: não aplicar a regra, pois normas jurídicas são derrotáveis, excepcionáveis ou não aplicáveis. Derrotabilidade imprópria: Quando tem exceção dentro do ordenamento jurídico. Ex: se “A” matou “B” para salvar sua vida; exceção: art. 23, I, CP. (1) Se P, logo Q. (2) P. (3) Logo, não Q. “A” matou “B” (P), mas não deve ser condenado à pena de reclusão de 6 anos de reclusão (não Q), pois agiu em legítima defesa. Derrotabilidade judicial ou própria: Excepcionalidade não está explicitada em regra jurídica, o que gera ativismo judicial. Aplicação da regra viola o próprio fim que busca proteger, vai de encontro às razões da própria regra. (4) Se P, logo Q. (5) P. (6) Logo, não Q. Muitas regras não são aplicadas ou pela Teoria dos Princípios, ou pela injustiça da regra. Pela Teoria: naquele caso entra um princípio que não foi previsto pelo legislador. Toda regra é resultado da ponderação de princípios. Ex: sinal vermelho restringe direito de ir e vir, pois direito à vida vale mais. -> legislador ponderou na hora de criar. Se surge princípio novo,juiz pondera de novo. Problema: arbítrio e decisionismo jurídico Victória Barancelli 2017/2 O raciocínio jurídico é silogístico, mas com reservas e qualificações (MacCormick). O raciocínio jurídico tem o seu núcleo dedutivo. Razões da justificação judicial podem ser colocadas em uma cadeia dedutiva de argumentos. Parte dedutiva (núcleo) é para verificar se as premissas fundamentam a decisão jurídica -> justificação interna. A outra parte é argumentativa, a escolha das premissas -> justificação externa. Tópica e Tópica Jurídica - Tópica: olhar para o caso e buscar a solução justa para o caso; não aceita respostas prontas dadas por um sistema. É útil para resolver aporia ( = casos difíceis, problemas impossíveis, questão que não tem uma resposta clara e inequívoca); - Tópica = arte de achar argumentos; - Reação ao método jurídico de raciocínio simples, ao método lógico-axiomático dedutivo. Axioma = evidência cuja comprovação é dispensável por ser óbvia; princípio evidente por si mesmo. Lógica jurídica diferente da lógica formal. Reação ao pensamento jurídico sistemático racionalista, assentado no método cartesiano. Resposta à insuficiência da tradição formalista (lógica, argumentos analíticos e dedutivos); - Propõe a retomada da retórica (Aristóteles), a reabilitação da racionalidade prática; - Tópica como a arte do disputar dialético, melhores argumentos. Conclusão dialética. Tópica como a arte do pensamento problemático; - Busca do razoável, do justo; - Cícero: tópica como prática de argumentação. Argumentos para justificar a premissa. Formulação de um catálogo de princípios, lugares comuns, pontos de vista que gozavam de aceitação geral; - Invenção do juízo: achar as premissas. Formação do juízo: uma vez localizadas as premissas, coloca-las em cadeia dedutiva. Quando falo que foi roubo para sistema simples, já estou nesse passo (formação). Formação dos juízos = passagem da premissa para conclusão. Ênfase está nas premissas, não na conclusão. Tópica está no campo da invenção: da obtenção dos argumentos. Argumento: razão para convencer de uma coisa duvidosa. Argumentos estão contidos nos topoi; - O debate sempre pode mudar. Raciocínio apodítico: premissas passíveis de verdade. Não se pode discutir sobre, pois é aquilo e deu. Verdades primeiras. Raciocínio dialético: premissas não são verdades, não são axiomas, são plausíveis, “topoi” = pontos de vista, pode opinar, discutir. Justiça é um topoi. Topoi são considerados em relação ao caso, por isso decisão é dialética. Direito não se ocupa da justiça geral, mas da justiça do caso. Tópica Jurídica - Roma Antiga e Idade Média: direito é tópico. Jurista romano olha para o caso; Victória Barancelli 2017/2 - Segue o topoi. Os topoi como possibilidades de orientação. Topoi como fios condutores do pensamento; - Casuística é diferente de tópica. Tópica pensa só no problema, não no sistema. Casuística lança luz no sistema, olha casos já decididos e segue o que foi decidido, não pensa no problema; - Método axiomático dedutivo (plenitude, totalidade, compatibilidade e independência) não pode ser aplicado ao direito. É um equívoco; - Permitir o “non liquet”: você resolve como quiser; - Deve-se olhar para o pensamento problemático; - O procedimento de busca de premissas que não termina. O repertório de premissas será sempre provisório, elástico e aberto; - Justo concreto; - Caminho para achar o justo aqui e agora é os topoi. Não existe uma resposta definitiva para o justo aqui e agora. Todas as respostas são opináveis e discutíveis; - Modelo tópico de Viehweg: foco no problema, tudo a partir do problema; - Todas as respostas da tópica são opináveis; - Antissistemático. Pensamento problemático: ponto de partida é o problema. O problema seleciona o sistema. Pensamento sistemático: ponto de partida é o sistema. O sistema seleciona o problema; - Antilogicismo. Momento pré-lógico (esse momento é o mais importante): busca de premissas. Momento lógico: colocar as premissas em cadeia dedutiva. Tópica como meditação pré-lógica. Lógica trabalha com as premissas dadas pela tópica; - As premissas são extraídas do topoi; - Tópica de 1o grau: selecionar topoi, pontos de vista que podem ser usados para solucionar o problema; - Tópica de 2o grau: Buscar apoio nos depositórios de pontos de vista – catálogo de topoi; - Seleção do topoi não é arbitrária, depende do caso; - A função do topoi é abrir espaço para a discussão do problema; - Achar solução justa para o caso aqui e agora a partir dos topoi (pontos de vista, poucos seriam contra, senso comum, consenso; como proporcionalidade, meio ambiente, vida...); Críticas à Tópica Jurídica - Contraposição entre lógica e tópica, porém não são esquemas opostos. Elas têm ligação e complementação. Lógica não é apenas o esquema formal do silogismo final. Lógica ou dedução é uma parte do procedimento da justificação da solução jurídica; - Problema da ausência de hierarquia entre os topoi. Ausência de critérios para os casos de colisão entre eles. Mesmo problema de interpretação e de subsunção enfrentados quando da aplicação das normas jurídicas. Um problema essencial do pensamento tópico é que os topoi não estão hierarquizados entre si, de tal sorte que para a solução de uma mesma questão, pode ser necessária a utilização de topoi diferentes, conduzindo a soluções diferentes; - Problema: toda a questão que aparentemente permite mais de uma resposta; Victória Barancelli 2017/2 - Topoi como heterogeneidade de descrições e exemplificações. Topoi como argumentos geralmente aceitos, que contam a favor ou contra uma determinada solução de um problema; - Relação entre tópica e regra jurídica: Se tenho topoi e regra, aplico o quê? Tópica e legalidade -> tópica não tem resposta para isso, nem para falta de hierarquia entre os topoi; - “O pensamento problemático é uma reação a vinculações” – Viehweg. Estamos vinculados às normas jurídicas. A tópica jurídica de Viehweg não esclarece o papel do direito positivo. Direito positivo seria um topoi que concorre com outros topoi. Viehweg não defende a aplicação “contra legem” dos topoi. O Direito positivo é o ponto de partida (Viehweg). A generalidade e a abertura do texto da lei autoriza a utilização de outros topoi para selecionar o caso; - O caráter lesivo da construção tópica ao princípio da legalidade e segurança jurídica; - A tópica jurídica é um método? Tópica não é um método (Viehweg). Para alguns, método como positivismo, dedutivismo e subsunção. - Tópica jurídica não constitui uma verdadeira teoria da argumentação jurídica, pois não tem hierarquia entre os topoi; - Tópica não apresenta elementos para achar a solução mais justa do caso. A Nova Retórica Alargamento do conceito de razão - Chaim Perelman estuda a lógica -> abandona a lógica clássica, pois era insuficiente. Sua obra: O tratado da argumentação. A Nova Retórica. Sua teoria da argumentação influencia a teoria da argumentação jurídica; - Crítica à postura redutora da lógica moderna; - Pós-guerra: crise do racionalismo, é preciso novo argumento de razão; - Razão: a lógica do preferível, não formal, argumentativa; - Propõe a retomada da retórica (Aristóteles). Nem todos os raciocínios partem de fatos ou premissas verdadeiras. Raciocínio com premissas plausíveis; - Alargamento da razão: juízos de dever e de valor (a racionalidade dos valores: lógica dos juízos de valor) podem ser justificados racionalmente. Antes só ciências da natureza eram justificadas pela razão -> alarga para abranger mais áreas. As ciências humanas podem aspirar racionalidade; - Tratado da argumentação como ponte entre a lógica e as ciências humanas; - Pretensão de racionalidade às questões práticas: razão prática. Argumentação e Auditório - Argumentação: uma questão de auditório. Argumentos (raciocínios) para adesão ou influência do auditório através do discurso; Victória Barancelli2017/2 - Auditório = conjunto de pessoas que o falante pretende atingir com sua argumentação; - Argumentar exige contato intelectual entre o falante e o auditório -> relação intersubjetiva não se dá fora do tempo ou do espaço: argumentação depende do contexto histórico e social do seu tempo e espaço; - Linguagem deve ser comum entre o falante e o auditório; - Comunidade igualitária: a liberdade de todos os indivíduos é uma condição para o contato entre os espíritos; - Auditório tem que ter pré-compreensão do assunto para entender. Falante tem que conhecer pré-compreensão do auditório. Falante tem que adaptar seu discurso ao nível do auditório; - É importante que o falante não exerça poder sobre o auditório. Auditório tem que se convencer do que tu está falando, deve aderir ao discurso a partir de sua convicção mesma -> argumentação exclui qualquer ato de intimidação, violência ou coerção; - Argumentação é sempre relativa ao auditório que pretende influenciar; - Não importa o que pensa ou acredita o falante, mas o que pensa e acredita o auditório; - Se o falante não conhece o auditório, deve construir um auditório presumido, conforme o ambiente cultural e social. Três tipos de auditório: 1. Constituído pelo próprio sujeito que argumenta consigo mesmo; 2. Auditório particular: pessoa ou grupo de pessoas concretas; 3. Auditório universal (ideal): totalidade de pessoas razoáveis, adultas e normais dotadas de capacidade argumentativa. O auditório universal é central à Nova Retórica. Argumentação racional: capaz de alcançar acordo, adesão do auditório universal. Uma argumentação desenvolvida perante o auditório particular, que seja tão boa que convença a todos, é uma argumentação racional? Pode ser ou não. A argumentação que convence o auditório universal é mais valiosa. Problema do auditório particular: adesão ou acordo depende da adaptação da argumentação às crenças do auditório. 7 jurados. Todos concordam, mas falante pode ter usado argumentação só pensando naquele auditório = não racional. Tem que testar argumentos no auditório universal. Objetivo do falante: acordo perante o auditório universal. Ponto de partida é o senso comum, algo razoável dentro de um espaço e tempo. A partir de opiniões comuns ou geralmente aceitas, a argumentação pretende a adesão do auditório. Argumentação e Demonstração: - Demonstração é uma questão de verdade, de provas; - Mundo do SER = conclusão. Juízos fáticos = é sobre o que é. Racionalidade teórica e não prática; - Ciências naturais, demonstração, lógica formal. Caráter científico: matemático; Victória Barancelli 2017/2 - Premissas são provas ou evidências empiricamente verificáveis. Premissas descritivas. Premissas verdadeiras fundamentam dedutivamente conclusão verdadeira; - Não há influências externas: você queira ou não, é e ponto. Não é uma questão que você resolve com argumentação, só com argumentação empírica. Apodítica = que é evidente, que é demonstrado e não se pode contestar; Decisão dos juízes é sobre questões práticas, mas passa por questões teóricas, pois para alguém ser condenado ou absolvido, preciso de provas. Se ele deve ser absolvido ou condenado é uma questão de ARGUMENTAÇÃO, que depende do auditório. Demonstração não depende. As verdades são evidentes, mas as opiniões são verossímeis ou aparentemente verdades. Argumentação: juízos de dever ou de valor. Argumentação como atividade linguística destinada a justificar racionalmente juízos de dever. Argumentação e verdade como correção “é correto?”. Racionalidade prática. Vida prática e relações humanas: razão prática. A teoria da argumentação: estuda as técnicas discursivas que servem para aumentar o encontro entre os espíritos. Convencimento e Persuasão: - Argumentação racional: auditório universal; - Argumentação convincente: capaz de obter a adesão do auditório universal; - Argumentação persuasiva: capaz de obter apenas a adesão do auditório particular; - Na persuasão o que importa é o objetivo, o resultado. Se objetivo é absolver o réu, ele vai falar o que for necessário para isso -> descaracterização da argumentação racional. Apela à emoção; - Auditório particular: vítima de pressão ilegítima da intimidação emocional ou física. - Argumentação para auditório particular não precisa ser verdade:; - Caráter normativo do auditório universal; - Argumentação convincente: que pretende valer para o auditório universal, buscando a adesão de todos os seres dotados de razão; - Discurso convincente é composto de teses universais, aceitáveis pelo auditório universal. Nível de aceitação das teses pelo auditório universal determina o grau de eficácia da argumentação. - Argumentos eficazes: servem para aumentar a adesão do auditório; - Argumentos eficazes e auditório particular: agir conforme a argumentação; - Argumentos válidos: capazes de obter a adesão do auditório particular e do universal. Críticas à Nova Retórica: - Falta de clareza dos conceitos; - Classificação da argumentação é confusa e não criteriosa: não tem critérios para distinguir argumentos fortes e argumentos fracos; Victória Barancelli 2017/2 - Auditório universal: ausência de parâmetros para a racionalidade argumentativa; - Acordo de adesão perante o auditório universal não pode ser alcançado; - Para Perelman, parâmetro para argumentação racional é auditório universal, mas pro Anizio não. A Lógica Jurídica de Perelman 3 fases da ideologia jurídica: anterior à revolução francesa (solução conforme à regra de justiça de tratar igual casos essencialmente iguais), depois da revolução (novo modelo de interpretação. Legalidade e segurança jurídica -> aplicação da lei. Sistematização do direito. Raciocínio jurídico dedutivo) e pós-guerra (conferir ao juiz a busca pela solução justa e razoável para o caso concreto. Flexibilização entre lei e justiça). - O direito legislado não reflete a realidade jurídica; - Insuficiência do texto dado pelo legislador; - Abertura das normas jurídicas; - Necessidade de interpretação jurídica conforme uma realidade dada; - O papel do juiz não é criar o direito, mas a obrigação de julgar leva à complementação e flexibilização; - O raciocínio jurídico deve ser acompanhado de razões; - Necessidade de argumentação jurídica para afastar a arbitrariedade judicial; - Razões devem ser apresentadas para justificar a solução jurídica dada ao caso; - Garantia do equilíbrio jurídico e moral do aparato judicial; - Apresentar razões e motivar uma decisão judicial: não apenas citar disposições jurídicas; - Argumentos para mostrar a correção e justiça da solução do caso; - Partes, advogados e juízes devem argumentar corretamente: conforme a deontologia profissional; - É vedado ao advogado enganar o juiz ou afirmar o que sabe ser falso; - O juiz deve argumentar conforme as regras do procedimento; - A regra da imparcialidade; - Precedentes: partes podem invocar nas suas razões os precedentes favoráveis. Juiz pode invocar os precedentes constantes para justificar solução jurídica. Os precedentes constantes falam a favor de uma determinada solução para uma questão jurídica; - A justificação judicial não é lugar para expressão da opinião subjetiva do juiz; - A lei é apenas o principal instrumento que guia o juiz no cumprimento de sua tarefa. O papel do juiz é encontrar uma solução razoável, aceitável, mas não subjetiva ou arbitrária. O juiz não é só a boca da lei; - A questão central da lógica jurídica está na escolha das premissas. Se a conclusão é inaceitável, o problema está nas premissas; - O papel da lógica formal: mostrar que a conclusão resulta das premissas apresentadas; - O papel da lógica jurídica: mostrar a aceitabilidade das premissas. Victória Barancelli 2017/2 A Lógica e a Lógica Informal Não há diferença, a rigor, entre ARGUMENTAÇÃO e ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA; - Argumentação: prática geral -> argumentos: razões morais, éticas e pragmáticas; - Argumentação jurídica: casoespecial -> argumentos: leis, dogmática (=direito positivo) e precedentes. Para resolver QUESTÕES PRÁTICAS, objeto é o que DEVE SER: juízo normativo, juízo de dever; o que é certo; coisa certa a fazer. A base da argumentação jurídica é a argumentação prática geral. Na argumentação jurídica também empregamos argumentos morais, éticos e pragmáticos; exemplo: indenização tem que ser calculada de modo que quem vá pagar suporte a dívida -> razão pragmática. Exemplo: Você deve beber ou não é uma questão pragmática. Você beber e dirigir é uma questão jurídica. Foco da aula de lógica informal é nos argumentos. Foco quando fala de teoria do discurso é no agente, pessoa que argumenta, que deve argumentar corretamente no sentido de sua postura, além da correção dos argumentos. Teoria do discurso busca formular conjunto de regras que devam ser cumpridas para tuas razões serem racionais. ARGUMENTAÇÃO: ARGUMENTOS + AGENTE. - Direito trata da resolução de questões práticas; - Questões práticas é o que tem por objeto o que deve ser feito ou não; - Argumentos e razões justificam decisões sobre questões práticas; - Teoria da Argumentação: estudo das condições, exigências e regras da argumentação. Teoria procedimental. Argumentação é a apresentação de razões/argumentos para fundamentar a conclusão. Bons argumentos/boas razões: conclusão fundamentada; - Resposta correta para a solução é aquela conclusão fundamentada, está relacionada à fundamentação, à justificação; - Maior problema da argumentação: falácias = argumentos que parecem corretos, tem persuasão interessante, mas a rigor não são corretos. Argumentos - Argumento é um conjunto de proposições em que as proposições chamadas de premissas fundamentam a conclusão; - A conclusão de um argumento é quando premissas se relacionam. Há relação entre a premissa e a conclusão; - Premissas funcionam como evidências para justificar a conclusão; - Premissas podem ser consideradas como razões básicas (raciocínio simples); - É a lógica que trata da relação entre as premissas e a conclusão; - A validade ou a correção lógica dos argumentos depende apenas da relação entre as premissas e a conclusão -> premissas devem implicar a conclusão. A validade ou a correção lógica NÃO depende da verdade ou da falsidade das premissas, mas da forma do argumento; - A forma do argumento remete às regras de inferência da lógica; - É inválido ou logicamente incorreto o argumento formulado em desconformidade com as regras da lógica; Victória Barancelli 2017/2 - Um argumento pode ser válido e correto sob o ponto de vista da lógica, mas não fazer sentido no seu conteúdo, serem proposições falsas; - A verdade ou falsidade das premissas importa apenas quando o interesse está na correção MATERIAL, não formal do argumento; - No caso de um argumento válido ou logicamente correto (ou legítimo ou correto), se as premissas são verdadeiras, então a conclusão é necessariamente verdadeira. A verdade das premissas se transfere para a conclusão; - Casos complexos: 2 ou mais premissas justificam uma conclusão intermediária, que somada a 2 ou mais premissas justificam a conclusão final ou principal do raciocínio. Exemplo: Razão básica 1 Conclusão intermediária + + Razão básica 2 Razão básica 3 = = Fundamentam conclusão intermediária Fundamentam a conclusão final Argumentos Dedutivos e Argumentos Indutivos Dedutivos: a conclusão não vai além das premissas, é não ampliativo, explicita o que está dito nas premissas. A verdade das premissas se transfere para a conclusão. Isso quando se fala de argumento dedutivo válido ou formalmente correto, que pode ser designado como argumento dedutivo em sentido estrito. Deduções inválidas ou falácias dedutivas: podem ser confundidas com deduções corretas. Trata-se de um argumento dedutivo logicamente incorreto, mas apresentado como correto por erro lógico ou pela intenção maliciosa de que as premissas, de qualquer modo, garantam a conclusão. Argumentos dedutivos são válidos ou inválidos, ou corretos ou incorretos. NÃO existe graus de validade ou de força de correção. Indutivos: a conclusão vai além das premissas, argumento ampliativo. Se premissas são verdadeiras, conclusão provavelmente é verdadeira. A verdade das premissas não implica a verdade da conclusão, mas a probabilidade de que a conclusão seja igualmente uma verdade. Ex: todos os alunos desta sala com quem eu conversei são brilhantes (premissa). Todos os alunos desta sala são brilhantes (conclusão). A conclusão contém informação não contida, ainda que implicitamente, nas premissas. Argumentos corretos admitem graus de força. Maior a força das premissas -> mais justificada a conclusão. As premissas de um argumento podem fazer uma conclusão extremamente provável, moderadamente provável ou apenas provável em certa medida. Silogismo - Argumento dedutivo; - Possui 3 termos: TERMO MAIOR: é o predicado da conclusão; TERMO MÉDIO: é o termo que não aparece na conclusão, mas nas 2 premissas (aparece 1x em cada); TERMO MENOR: é o sujeito da conclusão Victória Barancelli 2017/2 - Caso de silogismo categórico: todas as proposições e a conclusão são categóricas. Se todo M é P e Se todo S é M, Então, todo S é P. Proposições categóricas: Universal afirmativa = todos os cavalos têm 5 patas; Universal negativa = nenhum cavalo tem 5 patas; Particular afirmativa = alguns cavalos têm 5 patas; Particular negativa = alguns cavalos não têm 5 patas; Qualquer que sejam os termos que substituam as letras M, P e S, o raciocínio será sempre logicamente válido, porque a validade do raciocínio depende exclusivamente de sua forma. - Quase silogismo: silogismo não categórico Todos os homens são mortais; Sócrates é homem; Então, Sócrates é mortal. Regras da validade do silogismo Regras sobre distribuição e não distribuição: 1. Conter 3 termos, usados sempre no mesmo sentido no argumento; 2. Termo médio deve estar distribuído exatamente 1x; 3. Nenhum termo extremo (maior ou menor) pode estar distribuído apenas 1x. Um termo pode se achar distribuído ou não distribuído. Um termo é distribuído se afirma alguma coisa sobre cada um e todos os membros da classe à qual designa. Algumas coisas são verdadeiras em relação a classe e não são em relação aos membros e vice-versa. Falar da classe como tal é falar em termos coletivos e falar dos membros de uma coleção como indivíduos é falar em termos distributivos. • A proposição “todas as baleias são mamíferos” diz algo sobre todas as baleias, mas nada sobre os mamíferos. Nessa proposição: o termo “baleias” (sujeito) está distribuído e o termo “mamíferos” (predicado) não está distribuído. A proposição “todas as baleias são mamíferos” diz que a classe de mamíferos inclui a classe das baleias. • “A classe dos mamíferos é numerosa”. Nem por isso se pode afirmar que a baleia Moby Dick, um membro da classe dos mamíferos, é numerosa. A confusão entre proposições coletivas e distributivas leva a 2 falácias: - Falácia da divisão: conclusão de que todo o membro da mesma classe tem uma propriedade “x” a partir da premissa de que a classe como entidade coletiva detém essa mesma propriedade “x”; (1) O Congresso Nacional é uma organização exemplar. (2) Todos os membros do Congresso Nacional são pessoas exemplares. Victória Barancelli 2017/2 - Falácia da composição: conclusão de que uma classe detém determinada propriedade “x” porque cada membro dessa classe detém essa mesma propriedade “x”. (1) Cada um dos jogadores da seleção brasileira é um excelente jogador futebol. (2) A seleção brasileira é uma excelente equipe de futebol. Se uma das premissas é negativa, a conclusão é negativa. Sem premissas negativas, a conclusão não pode ser negativa. O número de premissas negativas deve ser igual ao número de conclusões negativas.Duas premissas negativas levam à invalidade do silogismo: o silogismo somente pode ter uma conclusão. 3 formas válidas de argumento Afirmação do ANTECEDENTE: Se P, então Q. P. Logo, Q - Premissa 1 é uma proposição condicional; - Premissa 2 é uma proposição que declara o antecedente desse condicional; - A conclusão é o consequente da premissa. Negação do CONSEQUENTE: Se P, então Q. Se P, então não Q. Não Q. ou Q. Logo, não P. Logo, não P. Exemplo: (1) Se houver chuva e vento, vai cair a temperatura. (2) Não caiu a temperatura. (3) Não choveu. (1) Se o determinismo se sustenta, então as pessoas não têm livre arbítrio. (2) As pessoas têm livre arbítrio. (3) Logo, o determinismo não se sustenta. Falácia da afirmação do consequente: Forma de argumento inválido: (1) Se P, então Q. (2) Q. (3) Logo, P. (1) Se jogarmos concentrados, ganharemos o jogo. (2) Ganhamos o jogo. (3) Logo, jogamos concentrados. A falácia da negação do antecedente Forma de argumento inválido. Victória Barancelli 2017/2 (1) Se P, então Q. (2) Não P. (3) Logo, não Q. (1) Se o acusado está disposto a participar da reconstituição do crime, então ele é inocente. (2) O réu não está disposto a participar da reconstituição da cena do crime. (3) Logo, o réu não é inocente. Argumento de redução ao absurdo - Argumento lógico dedutivo; - Assume uma proposição como verdadeira; - Dedução de uma consequência ou resultado absurdo ou impossível; - Conclusão de que a proposição é falsa; - Argumento se funda em 2 regras da lógica: Não contradição: uma proposição não pode ser verdade e falsa ao mesmo tempo; Terceiro excluído: uma proposição é verdade ou falsa, não havendo uma terceira possibilidade. Exemplo: 1. “A” deseja provar que “P” é verdadeiro; 2. “A” primeiro supõe que “P” é falso (“A” admite não “P”); 3. “A”, então, deduz uma conclusão que sabe ser falsa. A validade do argumento depende da validade da subdedução. Subdedução é o argumento que permite deduzir uma proposição falsa de uma suposição não “P”. Esquema do argumento: 1. Demonstra P. 2. Supor não P. 3. Deduzir: enunciado falso. 4. Conclusão: não P é falso, portanto, P. Exemplo: 1. Demonstrar: falar a verdade não basta para a definição correta de justiça; 2. Supor: falar a verdade é uma definição correta de justiça; 3. Deduzir: é justo dizer a um homem armado e perigoso o lugar onde se esconde a pessoa que ele deseja matar. Isso, contudo, é um absurdo e inaceitável; 4. Conclusão: falar a verdade não é uma definição correta de justiça. O argumento de redução ao absurdo é importante para a argumentação consequencialista. Argumento indutivo por enumeração - Conclusão se refere a todos os elementos de uma classe, mas as premissas falam apenas sobre elementos observados dessa mesma classe; - A conclusão amplia o conteúdo da premissa para a totalidade. Trata-se de uma generalização; Victória Barancelli 2017/2 - Indutivo tem graus de força, dependendo da força da verdade das premissas; - A falácia da estatística insuficiente: generalização precipitada. Generalização tem ponto de partida uma amostra insignificante, insuficiente. Exemplo: concluir que um automóvel é ruim porque duas pessoas que você conhece tiveram problemas com carro da mesma marca e modelo; - Indução por enumeração pode chegar a conclusões falsas; - Tu precisa se certificar que tuas premissas (amostras) suportam tua conclusão; - A falácia da estatística tendenciosa: a amostra observada deve ser representativa. Generalização baseada em amostra que se sabe não ser representativa e que se tem motivos para suspeitar que não seja representativa. Exemplo: Uma característica indesejável (terrorista) é atribuída um grupo minoritário de muçulmanos. São anotados e destacados todos os casos de muçulmanos que praticaram atos terroristas, mas nada se diz sobre a expressiva maioria de muçulmanos que nunca se envolveu em atos de terroristas. Exemplo: 1. Todos os grãos da amostra observada são do tipo A. 2. Logo, todos os grãos do barril são do tipo A. Silogismo Estatístico Generalização estatística: (A) 75% dos grãos do barril são do tipo A; (B) O próximo grão a ser retirado é um grão do barril; (C) O próximo grão a ser retirado é do tipo A. Argumento indutivo. Conclusão vai além das premissas. A conclusão podia ter “provavelmente”, mas “provavelmente” não está nas premissas. Condições do argumento indutivo aceitável: (1) Premissas verdadeiras. (2) Forma correta. (3) Premissas abrangem todas as evidências relevantes conhecidas (requisito da evidência total). Violação de (3): falácia da evidência incompleta. Argumento de autoridade - Sustentar uma conclusão com base na afirmação de uma pessoa, instituição ou obra que sustenta essa mesma conclusão; - Tem que ver o quão autoridade é a tua autoridade; - Tu afirma que algo é verdadeiro porque alguém disse; - A autoridade deve ser honesta e bem informada sobre o assunto. Temos que falar a fonte do argumento de autoridade; - O afirmado é assentado em provas objetivas que podem ser analisadas por outros especialistas; - Transferência do prestígio da autoridade para o afirmado. Victória Barancelli 2017/2 1. “A” é uma autoridade idônea sobre “P”; 2. “A” afirma “P”; 3. Logo, “P”. Argumento indutivo, logo premissas verdadeiras, mas conclusão pode ser falsa. Caso especial do silogismo estatístico 1. A grande maioria das afirmações de A a respeito do assunto S são verdadeiras. 2. A afirma P a respeito do assunto S. 3. P é verdadeiro. Problemas do argumento de autoridade: 1. A autoridade é erroneamente citada ou interpretada. Nesse caso, a segunda premissa é falsa. A citação de autoridade deve ser documentada para verificação e controle (fonte); 2. A autoridade não é autoridade: detém apenas prestígio, fascínio ou popularidade; 3. A autoridade não é autoridade no assunto; 4. Expressão de opinião de autoridade sem provas confirmatórias. O recurso de autoridade não pode apresentar como prova uma outra autoridade. 5. Autoridades podem divergir. Tem que investigar e analisar as provas objetivas apresentadas. Argumento consensual Tipo de argumento de autoridade. - Autoridade: grupo de pessoas, comunidade ou humanidade; - Um grupo de pessoas concorda sobre a verdade de “P” em relação ao assunto “S”, então “P” é verdadeiro. Pessoas entram em consenso sobre algo. Exemplo: no dia tal, eu estava usando uma camiseta vermelha. Todos concordam com isso, então é verdade. Argumento contra a pessoa - Argumento indutivo; - Argumento de antiautoridade idônea, argumento de autoridade no sentido negativo. Exemplo: o fato de “A” afirmar “P” é uma prova de que “P” é falso; - Pessoa na qual não se pode depositar confiança em suas afirmações. Caso especial de silogismo estatístico (1) A grande maioria das afirmações de “A” sobre o assunto “S” é falsa. (2) “A” afirma “P” sobre “S”. (3) “P” é falso. Devem ser apresentadas provas e evidências objetivas de que “A” é uma antiautoridade idônea. Críticas sobre o argumento contra a pessoa - Nega a verdade da proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo. Pode ser falacioso; Victória Barancelli 2017/2 - Falácia da irrelevância: é irrelevante juízo sobre a pessoa para a verdade de “P”, afirmado por “A” sobre o assunto “S”. Argumento causal - Causa e efeito; - Condição suficiente: satisfaz o mínimo necessário para assegurar o resultado (evento); - Condição necessária: condição obrigatória para assegurar o resultado (evento); - Causas diferem de condições. Nem todas as condições suficientes são causas suficientes. Nem todas as condições necessárias são causas necessárias; - Causa suficiente: Se A produz sempre X, A é causa suficiente de X. Exemplo: se do congelamento de laranjas resulta sempre laranjas sem gosto e sem suco, então o congelamento é uma causa suficiente para estragar as laranjas; - Causa necessária:A é causa necessária de X se X não pode ocorrer na ausência de A. Exemplo: O congelamento de laranjas não é causa necessária de laranjas sem gosto e sem suco, pois esse efeito pode resultar de outras causas (falta de irrigação na época própria). Acionar o interruptor de luz é causa necessária para acender a lâmpada, mas não é suficiente. Acionar o interruptor não acende lâmpada que está queimada; - Inferência da causa a partir dos efeitos e dados objetivos disponíveis. Exemplo: Médico legista investiga a causa da morte de uma pessoa retirada de um rio. Analisando o conteúdo dos pulmões e estômago, sangue e demais órgãos, o médico conclui que a causa da morte foi envenenamento e não afogamento; - Inferência de efeitos a partir das causas conhecidas. Exemplo: Guarda florestal observa um raio que atinge uma floresta seca. Com base no conhecimento causal e experiência, conclui que haverá um incêndio; - A confiabilidade da conclusão depende de certas relações causais; - A vítima morreu por causa do veneno. O incêndio se deu por causa do raio sobre a floresta seca. O gelo derreteu por causa do sal. Essas inferências podem ser transformadas em argumentos. Contudo, devem ser inseridas premissas que expressem a relação causal. Exemplo: 1. Se um raio atinge uma floresta seca, inflamará a madeira e iniciará um incêndio. 2. Um raio acaba de atingir uma floresta seca. 3. Começará um incêndio. A premissa 1 é uma causa geral do que acontece sempre que ocorre uma certa condição. A premissa 2 é uma proposição particular sobre algo que acontece. Nos exemplos, supôs-se as relações causais gerais dadas, a atenção concentrou-se na causa particular. Fraqueza do argumento: se a verdadeira causa não é incluída entre as circunstâncias consideradas, a causa não pode ser determinada. Victória Barancelli 2017/2 Método da diferença Fator presente em um caso e ausente no outro faz a diferença entre a ocorrência ou não ocorrência do efeito. Método do conjunto Caso das laranjas: comparação de várias situações em que a falta de suco ocorreu e várias outras em que ela não ocorreu. Método da variação simultânea Uma condição é causalmente relacionada com outra quando, variando uma, a outra também varia de modo correspondente. Exemplo: Existe uma relação causal entre a velocidade do carro e a pressão no acelerador. Quanto maior a pressão, maior o consumo de combustível e maior a velocidade. Falácia “post hoc” (logo, depois disso, por causa disso) X seguiu-se de Z. Logo, Z causou X. Falácia post hoc aparece combinada com a falácia da estatística insuficiente ou em casos de relação causal sem evidências objetivas. Exemplo: Dor de cabeça -> toma uísque -> melhorou. Tomar uísque causou a melhora. Mas nada é afirmado sobre a relação causal entre tomar uísque e melhorar de dores na cabeça. Argumento por Analogia - Método para aplicar a norma jurídica além de subsunção e ponderação -> intérprete deve aplicar os 3 concomitantemente; - Analogia é comparar coisas, casos; - Argumento indutivo; - Argumento central é a similaridade, a semelhança. Semelhança + relevância (pertinência). Pois se similaridade não é relevante, você não tem um bom argumento. Relevância tem que ser pertinente ao assunto; - Argumento que admite graus, força: quanto mais forte a similaridade relevante, melhor o argumento. Se grau de dissimilaridade relevante é maior que grau de similaridade, argumento é fraco; - Força do argumento é visto por meio de questões críticas. QC1: Existem diferenças entre C1 e C2 que comprometam a sua similaridade? QC2: “A” é uma conclusão correta de C1? QC3: Não existe um C3, igualmente similar a C2, mas cuja conclusão não é “A”? * QC3 é o contra argumento do argumento por analogia. Esse contra argumento ataca a conclusão do argumento por analogia. 2 formas do argumento por analogia: 1o – Comparação entre casos com características similares. Questão central: similaridade. Comparação entre C1 (caso fonte) e C2 (caso alvo). Similaridade Victória Barancelli 2017/2 entre os casos justifica a transferência de uma verdade de C1 para C2. Duas ou três premissas -> premissa derivada. 1. Premissa de similaridade: C1 é similar a C2. 2. Premissa base: A é verdade em C1. 3. Conclusão: A é verdade em C2. Essa forma, aplicada a casos concretos, pode ser aperfeiçoada desse modo: 1. Premissa base: uma situação é descrita em C1. 2. Premissa derivada: A é uma conclusão de C1. 3. Premissa de similaridade: C1 é similar a C2. 4. Conclusão: A é uma conclusão de C2. 2o – X tem propriedades G, H... Y tem propriedades G, H... X tem propriedade F Então, Y tem propriedade F A força do argumento por analogia depende dos fatores ou propriedades que os casos compartilham e dos fatores ou propriedades que eles não compartilham ou dividem. Argumento por analogia é superável ou derrotável. Interpretração extensiva é só interpretrar o texto, é atribuir ao texto o significado mais amplo que o texto admite -> tem que estar dentro da “moldura” de possíveis significados. Se está fora da “moldura”, é analogia, pois rompe o significado.
Compartilhar