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Nutrição QUESTÕES SOCIAIS E RELIGIOSAS NA ALIMENTAÇÃO 1 Sumário Introdução ........................................................................................................................ 2 Objetivos .......................................................................................................................... 2 1. Alimentação e a Religião .......................................................................................... 2 1.1. O ato de não comer ........................................................................................... 4 2. Questões sociais e a alimentação ............................................................................ 4 Exercícios ......................................................................................................................... 5 Gabarito ............................................................................................................................ 6 Resumo ............................................................................................................................. 6 2 Introdução O ato de comer é influenciado por diversos aspectos: sociais, religiosos, econômicos, afetivos, culturais e sensoriais. Dessa forma, a alimentação vai além do simples fato de nutrir, pois há muitos fatores relacionados. Um exemplo disso são as crenças religiosas, que podem levar os seus seguidores à privação de alguns alimentos ou até mesmo ao jejum completo por determinado período. Para algumas religiões, o alimento está fortemente ligado às suas crenças. Na religião católica, por exemplo, o consumo de qualquer alimento fonte de carne vermelha durante a sexta-feira Santa é considerado um pecado. Outro exemplo são os Hare Krishna que não consomem carne animal, seguindo a linha naturalista. Já o ato jejuar é seguido por algumas religiões como os Mulçumanos que praticam durante o ramadã, mês sagrado dos islamitas. Os Judeus fazem a sua privação de alimentos durante o YomKippur e tem duração de 25 horas. A alimentação também é fortemente relacionada às questões socioeconômicas, podendo estar ligada tanto ao acesso a determinados alimentos como às quantidades necessárias a serem consumidas. No Brasil, 7,2 milhões de brasileiros passam por privações graves de alimentos, incluindo a experiência de passar fome, podendo resultar em deficiência de determinados nutrientes e em casos mais graves podem levar à desnutrição proteica calórica Portanto, ao comer, as pessoas levam esses diferentes fatores em consideração e ainda buscam sensações, além de uma boa aparência do alimento, como o cheiro, sabor, cor e textura, proporcionando também o prazer ao realizar uma refeição. Objetivos • Conheceras diferentes restrições e práticas alimentares de algumas religiões; • Associar de questões socioeconômicas relacionadas ao ato de se alimentar e ao alimento. 1. Alimentação e a Religião A relação das religiões com a comida é intensa nas mais diversas crenças. Um exemplo seria a referência que a Bíblia Sagrada, do catolicismo, faz em relação aos alimentos, de forma simbólica, em citações de rituais de sacrifício dos animais ou nas proibições de ingestão de certos alguns alimentos, por ser considerado impuro. 3 Algumas religiões criam proibições para o consumo de determinados alimentos que são considerados culturalmente nocivos. Nas mais populares religiões, as restrições ou proibições estão declaradas nos seus livros sagrados, estabelecendo aos fiéis o que podem ou não comer. Uma das classes de alimentos mais comum nessas proibições são as carnes. Um exemplo disso são as religiões dos povos judeus e mulçumanos que não consomem carne de porco. Como justificativa à proibição de se alimentar com a carne de porco, o povo judeu relata que no capítulo 11 do Levítico diz que os animais que podem servir de alimento são aqueles que possuem cascos fendidos e que ruminam, e o porco tem os cascos fendidos, mas não ruminam. No entanto, em outros locais algumas carnes são proibidas por não serem consideradas “comida”, como na religião dos budistas, onde o ato de causar sofrimento ao matar outra criatura é considerado desonroso. Para o hinduísmo, a vaca é um animal sagrado, pois, através da oferta do seu leite este animal é considerado como uma segunda mãe na vida do homem, e, portanto, não comem a sua carne. No Candomblé, por exemplo, o papel da alimentação é muito importante, formando uma de suas bases teológicas. Nesta religião, o alimento traz uma ligação do homem com os santos e deuses de diversas formas, sendo uma delas através das oferendas de alimentos para as divindades. Outra ligação com a alimentação é que cada Orixá possui preferências e alimentos que não gosta, e isto acaba refletindo nos alimentos das oferendas. Além disto, a alimentação dos seguidores da religião pode ser diferenciada de acordo com o período da vida religiosa e o Orixá de quem é filho, e assim, determinando coisas que ele não pode comer. A comida preferida de Iansã, por exemplo, é o acarajé, portanto, a iguaria é obrigatória entre seus seguidores. Para os Hare Krishna, originários da religião hinduísta, a alimentação segue uma linha totalmente naturalista, sem o consumo de nenhum alimento de origem animal. Esta religião defende que, tanto a carne branca quanto vermelha, são desnecessárias para o corpo, e optam por uma vida saudável que lembra os primitivos, quando ainda não se utilizavam da caça. Com esta alimentação demonstram, também, o respeito pelos animais diminuindo, assim, a cadeia alimentar. Nos mosteiros budistas não há pão e nem carne vermelha, e o consumo de açúcar e óleo vegetal é reduzido. Utilizam-se muito de brotos, algas e soja, e como sua cultura atrai muitos turistas, alguns mosteiros fazem exceções em seus cardápios para aqueles que possuem o hábito de comer carne. 4 1.1. O ato de não comer As religiões não orientam apenas o que comer, mas também quando seus seguidores não devem alimentar-se. O jejum é uma prática de diversas crenças e está ligado também aos calendários religiosos. Para os mulçumanos, a prática do jejum acontece durante o ramadã, mês sagrado dos islamitas. Já para os judeus, o YomKippur, conhecido como o dia do perdão, data judaica muito importante, está relacionado com a purificação do espírito através de um jejum de duração de 25 horas. E para os budistas, o jejum se torna uma prática muito comum, ocorrendo no seu dia de oração. No catolicismo, a prática do jejum é muito rara, porém ainda há fiéis que praticam esse ritual durante a Semana Santa. Na quaresma, por exemplo, algumas pessoas iniciam a abstinência pela carne. 2. Questões sociais e a alimentação Os fatores sociais podem influenciar na alimentação de um indivíduo ou de um povo, sendo eles: renda, moradia, educação, acesso à saúde, entre outros. Há uma forte relação entre os aspectos socioeconômicos e os padrões alimentares de um indivíduo, ou seja, gerando um padrão alimentar para cada classe social. Com o valor elevado de alguns alimentos que podem ser considerados mais saudáveis, como os produtos orgânicos, a sua aquisição pode ser reduzida ou nula para pessoas de baixa renda. O valor elevado de determinados alimentos pode ser atribuído à diversos fatores, como a marca do produto, o acesso e o valor elevado dos seus ingredientes, altos impostos ou até mesmo a tecnologia empregada na suafabricação. Portanto, há uma grande desvantagem para aqueles que possuem um pequeno orçamento direcionado à alimentação, que acabam optando, muitas vezes, por alimentos que dão a impressão de saciedade, mas que não necessariamente nutrem. Entretanto, há muitos alimentos considerados básicos na alimentação do brasileiro, como o arroz com feijão, que são relativamente acessíveis a grande parte da população e que são muito nutritivos. Além do fato deque a alimentação de pessoas de baixa renda pode ser restrita em termos de quantidade e variedade, alguns estudos ainda apontaram que pessoas de baixa renda, apresentaram riscos mais elevados de contraírem algumas doenças crônicas não transmissíveis, como as relacionadas ao coração e processos inflamatórios. E em pessoas com condições financeiras mais elevadas o risco foi menor, uma vez que estas podem ter um consumo diário de uma alimentação com 5 nutrientes que possam vir a prevenir esses tipos de enfermidades (PAHO, 2017; NEUMANN, A. I. C. P; SHIRASSU, M. M; FISBERG, R. M. 2016). IMPORTANTE! Exercícios 1) Preencha a lacunas a seguir: “Os aspectos ___________ estão relacionados de uma maneira significativa com as escolhas do ____________________ adotado pelos indivíduos, e este _______ está diretamente relacionado com as dificuldades que as pessoas das classes econômicas __________ favorecidas podem apresentar, como a aquisição de determinados alimentos que são considerados ____________ e indispensáveis à manutenção de uma boa saúde.” 2) Preencha a coluna a seguir corretamente: ( ) Alimentação totalmente naturalista. ( ) Nos mosteiros não há pão e o consumo de óleos vegetais e açúcares é baixo. ( ) Alimentação é interferida pela preferência de seus orixás. ( ) Não comem carne de vaca por ser um animal sagrado. 1. Candomblé 2. Hinduísmo 3. Budismo 4. Hare Krishna O ato de se alimentar não envolve somente preferências ou o paladar, o universo da alimentação é muito maior, podendo envolver a cultura, religião, fator socioeconômico e muitos outros fatores que podem vir a determinar como um indivíduo se alimenta devendo ser respeitados e considerados na avaliação e orientação alimentar. 6 3) O ato de “não comer” não está relacionado a qual religião? Assinale a alternativa incorreta. a) Mulçumana b) Católica c) Judaica d) Budismo e) Espírita Gabarito 1) Socioeconômicos; padrão alimentar; fator; menos; saudáveis. 2) As respostas corretas são: (4) (3) (1) (2) 3) E – Espírita. A religião católica realiza o jejum durante o período da quaresma, os mulçumanos durante o ramadã, os judeus jejuam durante o YomKippur, enquanto para os budistas, o jejum é uma prática comum. Resumo Nesta apostila vimos um pouco sobre os fatores que influenciam na alimentação, com foco nos fatores religiosos e socioeconômicos. Aprendemos que a religião tem grande influência nos hábitos alimentares dos seus seguidores, podendo levá-los a restrição de determinados alimentos permanentemente ou por determinado período. Também aprendemos que há algumas religiões onde é proibido o consumo de alimentos como carnes ou produtos de origem animal, por um período ou até mesmo para toda a vida de seus seguidores. No entanto, há religiões que pregam o jejum em determinados períodos, como os budistas que fazem o jejum durante o período de suas orações. 7 Os fatores socioeconômicos, por outro lado, estão relacionados a um padrão alimentar e que a condição econômica de um indivíduo ou população possuí grande influência em sua alimentação. 8 Referências bibliográficas ALVES, Christiane.; OLIVEIRA, Gabriella.; CURY, Leandro.; MENDES, Mariana. A comida e o Sagrado: O alimento que satisfaz o Corpo e o Espírito. Portal PUC-Rio Digital. AMARAL, Emanuel. Religiões adotam restrições alimentares como forma de cultuar a Deus. Tribuna do Norte. NEUMANN, África Isabel de la Cruz Perez; SHIRASSU, Mirian Matsura; FISBERG, Regina Mara. Consumo de alimentos de risco e proteção para doenças cardiovasculares entre funcionários públicos. Rev. Nutr., Campinas, v. 19, n. 1, p. 19-28, Feb. 2006. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415- 52732006000100002&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Apr. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1415- 52732006000100002. Nutrição em foco: https://nutricaoemfoco.com/geral/a-influencia-dos-fatores-socioeconomicos-na- alimentacao/- Acessado em: 08/10/2018 às 08h00. Unicef: https://secure.unicef.org.br/campanhas/saude-desnutricao/ - Acessado em: 23/04/2019 às 11:08.