Buscar

Valvopatias e Ausculta Cardíaca

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Parte 1 
 
1 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
Valvopatias 
Focos de ausculta cardíaca 
São os locais em que são mais intensos os fenômenos 
provocados naquela válvula. Por exemplo, quando a 
valva aórtica estiver doente vai ser muito mais fácil de 
identificar isso no foco aórtico (2º espaço intercostal 
direito na borda esternal) do que em outros focos. 
 Foco aórtico acessório: É a irradiação do som da valva 
aórtica. 3º espaço intercostal esquerdo. 
 Foco pulmonar: 2º espaço intercostal, na borda 
esternal esquerda. 
 Foco tricúspide: 4º espaço intercostal, borda esternal 
esquerda. Alguns autores consideram toda a parte 
inferior do esterno. 
 Foco mitral: Se localiza na sede do ictus cordis. 
Geralmente, no 5º espaço intercostal esquerdo, bem 
próximo à linha hemiclavicular. 
 
Atenção: Não podemos auscultar apenas os focos 
cardíacos, temos o dever de auscultar outras regiões! 
Imaginem, por exemplo, que o paciente tenha o coração 
do lado direito do peito (dextrocardia); é raro, mas pode 
acontecer, e se ficarmos só nos focos convencionais não 
vamos ouvir direito o coração do paciente. 
 
Fluxo sanguíneo 
O sangue chega ao AD pela VCS ou VCI. Do AD o sangue é 
direcionado para o VD através da valva atrioventricular 
direita (valva tricúspide). Quando houver a contração 
ventricular direita esse sangue vai para o tronco da A 
Pulmonar, e em seguido para os pulmões. No pulmão o 
sangue é oxigenado, e então é levado ao AE pelas VV 
pulmonares. Do AE o sangue passa para o VE, e ao se 
contrair o VE o sangue vai para a raiz da A. Aorta. Esse é 
o caminho do sangue desde a VCI até a raiz da A Aorta. 
Valvas Cardíacas 
 Valvas atrioventriculares: Valva tricúspide, e 
valva mitral. 
 Valvas semilunares: Valva aórtica, e valva 
pulmonar. 
A valva aórtica é bem próxima à valva mitral. Então, 
fenômenos auscultatórios de valva aórtica vão ser 
audíveis no foco aórtico acessório e no foco mitral, em 
alguns casos. 
 
Ciclo cardíaco 
Se refere aos eventos que ocorrem entre um batimento 
e outro. 
Relaxamento isovolumétrico: Ocorre depois que o 
sangue já foi expulso para a raiz da A. Aorta. Nesse 
momento, o coração está relaxando. Quando o VE 
começa a relaxar sua pressão está diminuindo, isso deixa 
a pressão do ventrículo mais baixa do que a pressão da 
A. Aorta e a tendência é que o sangue tente voltar da A. 
Aorta direto para o VE, contudo o sangue não consegue 
porque a valva aórtica impede esse refluxo de sangue. 
Nessa fase inicial da diástole a valva aórtica e mitral 
estão fechadas e é por isso que dizemos relaxamento 
ISOVOLUMÉTRICO (relaxamento ventricular com o 
mesmo volume). A pressão no VE vai caindo 
progressivamente enquanto a pressão no AE vai 
aumentando (porque o sangue está chegando pelas VV 
pulmonares), até o ponto em que PAE>PVE e ocorre a 
ABERTURA DA VALVA MITRAL. 
O mecanismo de abertura das valvas é um mecanismo 
mecânico, a contração gera o fluxo. A abertura ou 
fechamento das valvas ocorre pela diferença de pressão 
(gradiente) entre as cavidades. 
Quando ocorre a abertura da valva mitral temos o 
momento de maior pressão porque o sangue vai passar 
rapidamente (como se fosse o portão do rock in rio- 
abriu, todo mundo quer passar), se esse sangue está 
passando rápido nós chamamos essa fase de FASE DE 
ENCHIMENTO RÁPIDO VENTRICULAR. 
Depois disso, temos a FASE DE ENCHIMENTO LENTO 
(quando já passou bastante sangue, a velocidade 
diminui). A fase de enchimento lento também pode ser 
chamada de DIÁSTASE. 
 
Se a desaceleração do sangue for muito abrupta vai gerar 
uma bulha, que é a B3. Então, a B3 (que é uma bulha 
patológica) é gerada pela rápida desaceleração do 
sangue; pela transição da fase de enchimento rápido e 
fase de enchimento lento. B3 é uma bulha patológica. 
Parte 1 
 
2 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
Bulhas cardíacas: 
B1: Ocorre no momento da sístole ou fechamento da 
valva mitral e tricúspide. 
B2: É o fechamento das valvas semilunares. Marca o 
início da diástole. 
B3: Ocorre no início da diástole, é PROTODIASTÓLICA. É 
gerada pela rápida desaceleração do sangue entre as 
fases de enchimento rápido e enchimento lento 
ventricular. Denota sobrecarga de volume. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação: A valva aórtica fecha um pouco antes do 
que a valva pulmonar. Contudo, a valva pulmonar abre 
antes da valva aórtica. 
 
B1 e B2 são sons de alta frequência, portanto melhores 
audíveis com o diafragma. 
B3 e B4 são sons de baixa frequência, portanto melhores 
audíveis com a campanula. 
 
B2 é melhor audível nos focos aórtico e pulmonar. 
B3 e B4 são melhores audíveis em focos de ponta. 
 
Voltando ao ciclo cardíaco... 
No final do enchimento lento estamos no finalzinho da 
diástole, então estamos bem perto da sístole. Quem gera 
o estímulo elétrico para o coração contrair é o nó sinusal, 
são células auto excitatórias, e com isso geram uma onda 
de despolarização que despolariza primeiro os átrios, e 
depois os ventrículos. O nó sinusal se localiza no AD. Os 
átrios vão se despolarizar e contrair no final da diástole, 
ou seja: no final da diástole ventricular nós temos a 
SÍSTOLE ATRIAL. SIM, A SÍSTOLE ATRIAL ACONTECE NA 
DIÁSTOLE VENTRICULAR. 
É justamente nesse momento que surge a B4 nos 
pacientes que tem redução de complacência ventricular. 
O ventrículo está com alguma doença que impeça que 
ele receba o sangue da contração atrial de maneira 
adequada. A contração atrial fornece 25-30% do Volume 
sistólico. Contudo, esse ventrículo está endurecido, 
então ele não vai comportar esse sangue como deveria e 
esse fluxo de sangue entrando vai gerar uma bulha 
patológica que é a quarta bulha cardíaca. A quarta bulha 
cardíaca fica bem próxima à primeira bulha cardíaca, 
então a chamamos de “pré sistólica”. 
Então, a sístole atrial é o final da diástole. Quando o átrio 
contrai, nós acabamos de encher o ventrículo. 
 
O estímulo elétrico que fez os átrios se contraírem, 
então, vai continuar se propagando até chegar no nó AV, 
que faz um retardo decremental* (ele segura o estímulo 
elétrico para dar tempo dos átrios se contraírem 
primeiro, e depois os ventrículos). Então, a propagação 
do estímulo elétrico vai fazer com que os ventrículos se 
despolarizem, e entrem na fase de CONTRAÇÃO 
ISOVOLUMÉTRICA. Essa fase é chamada de 
isovolumétrica porque quando começa a contração a 
pressão no ventrículo fica maior do que a pressão no 
átrio; a tendência seria o refluxo de sangue de VE para 
AE, mas o fechamento da valva mitral não permite que 
isso aconteça. Contudo, no momento da contração 
isovolumétrica a PVE ainda não é maior do que a Pressão 
na A Aorta, por isso a valva aórtica ainda está fechada e 
temos uma cavidade com o mesmo volume, enquanto 
isso a pressão vai aumentando exponencialmente, e 
ainda não temos a pressão suficiente para abrir a valva 
aórtica. É uma pressão de contração com o mesmo 
volume. A hora que a pressão no VE > Pressão na raiz da 
A Aorta a valva aórtica vai abrir, e com essa pressão toda 
o sangue vai passar rápido; então temos a fase de 
EJEÇÃO RÁPIDA. A MEDIDA QUE VAMOS ESVAZIANDO O 
VENTRÍCULO VAI SE TORNANDO UMA EJEÇÃO MAIS 
LENTA; é a diferença de pressão que comanda a 
velocidade. Quando a pressão na artéria aorta for 
aumentando, e a pressão no ventrículo for diminuindo 
vamos ter a fase de EJEÇÃO LENTA até que o sangue “ dê 
uma paradinha” e inicie a protodiástole. 
 
Depois que o VE empurrou toda a quantidade de sangue 
que ia mandar para a A. Aorta a pressão na A. Aorta vai 
ficar maior do que a pressão no VE, e o VE vai começar a 
relaxar. Ou seja, a tendência é que o sangue volte da A. 
Aorta para o VE, contudo a valva aórtica se fecha e 
impede que isso aconteça. 
As mesmas coisas que acontecem no coração esquerdoacontecem no coração direito, o VE foi mais usado como 
exemplo apenas por didática. 
 
Gráficos- Diferenças de pressão durante o ciclo 
cardíaco. 
Em amarelo claro temos a pressão no AE, em amarelo escuro 
temos a pressão no VE, e em vermelho a pressão Aórtica. 
 
Desdobramento de B2: Não confundimos com B3 porque 
quando há B3 ela se manifesta depois da B2, tem um 
espaço nítido entre elas. Quando há desdobramento de 
B2 (por outro lado) não há intervalo. Chamamos de 
desdobramento de B2 quando os componentes aórtico e 
pulmonar se afastam e produzem sons diferentes. Por 
exemplo, quando o VD fica com muito sangue a Valva 
pulmonar demora mais tempo para fechar e isso faz com 
que o componente pulmonar se afaste do componente 
aórtico. O som é um “tum trra”! 
O desdobramento de bulha pode ser fisiológico ou 
patológico. 
 
 
 
Parte 1 
 
3 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
 
 
 
 
 
O que faz uma valva abrir ou fechar é, de fato, a 
diferença de pressão. 
Resumidamente, temos a fase inicial de sístole 
(contração isovolumétrica) -> fase de ejeção rápida -> 
fase de ejeção lenta-> Diástole (com a tendência do 
sangue a voltar para o VE a valva aórtica fecha) 
Na diástole a PVE está diminuindo progressivamente, 
então a valva aórtica fecha para o sangue não voltar para 
o VE, e a pressão no átrio ainda não é maior do que a 
pressão no ventrículo (por isso a valva mitral ainda está 
fechada). 
Quando a pressão no AE > do que a PVE vai haver a 
abertura da valva mitral -> fase de enchimento 
ventricular rápido-> fase de enchimento lento (diástase) 
->No final da diástole temos a contração atrial. 
Em seguida, inicia-se um novo ciclo cardíaco. 
 
Tem que saber ciclo cardíaco! Se não souber, não vai 
entender o resto da matéria. 
 
Classe funcional NYHA 
 
Classe IV- Severas limitações. O paciente sente dispneia 
mesmo em repouso. 
 
Sopros 
Sopros são sons mais contínuos do que as bulhas, eles 
são gerados por turbilhonamento sanguíneo. Existem 
três mecanismos principais: 
- Gradiente de pressão: Significa diferença de pressão 
entre as cavidades. É o mais frequente. Gradiente de 
pressão ocorre quando a pressão em uma câmara é 
maior do que a pressão na outra camara de forma 
patológica. Por exemplo, quando a pressão no VE é 
muito maior do que a pressão na raiz da A Aorta devido 
ao estreitamento valva aórtica (passagem do VE para a A. 
Aorta). 
- Hiperfluxo de sangue: O sangue pode turbilhonar 
devido ao alto fluxo de sangue. Esse sopro acontece em 
crianças normais, é chamado de “sopro inocente”, se 
localiza na borda esternal esquerda, é um sopro suave, 
que quando a criança fica em pé, ou sentada, ele diminui 
ou desaparece. É chamado de Sopro de Still. 
- Dilatação/abertura/mudança de diâmetro da região 
em que está passando o fluxo sanguíneo: Menos 
frequente. Por exemplo, pode acontecer quando o 
sangue passa do VE para uma A. Aorta muito dilatada. 
- Quando o sangue volta/retorna de uma valva doente. 
 
Esses são os principais mecanismos de sopro. 
Parte 1 
 
4 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
Quando ouvimos um sopro devemos classifica-lo quanto 
a sua irradiação (irradiado para foco aórtico acessório?), 
qualidade (é um som de alto timbre, de baixo timbre?), 
graduar (em cruzes). 
- Sopro + : Significa que só auscultamos em ambiente 
silencioso. Não conseguimos ouvir num ambiente com 
ruído. 
- Sopro ++ : Conseguimos auscultar em qualquer 
ambiente, seja ele ruidoso ou não. Contudo, tem 
intensidade menor do que o sopro +++. 
- Sopro +++: É um sopro bastante audível. Diferenciamos 
o sopro ++ do sopro +++ de acordo com o ouvido do 
examinador, é bem subjetivo. 
- Sopro ++++: É um sopro mais alto do que o sopro +++, e 
ele é acompanhado de FRÊMITO. Frêmito é a sensação 
palpável/ tátil de um sopro. 
- Sopro +++++: Conseguimos auscultar o sopro com o 
estetoscópio a 45º da pele, não precisamos encostar 
todo o estetoscópio na pele do paciente. 
- Sopro ++++++: Conseguimos auscultar com o 
estetoscópio totalmente afastado da pele. É o sopro mais 
intenso. 
 
Dúvida de aluno: Sempre que tiver prolapso valvar vai ter 
sopro? R: Não! É possível ter prolapso sem sopro. Na 
verdade, o prolapso mitral vai ter um sopro 
mesodiastólico. Todo prolapso mitral tem regurgitação 
associada/ insuficiencia associada (não entendi o resto do que 
ele disse- áudio muito ruim 33:50). 
 
Terminologia 
 Estenose é sinônimo de estreitamento da área 
valvar. Contudo, apenas estenose é aceito como 
termo médico. 
 Regurgitação é sinônimo de insuficiência valvar. 
Como termos médicos ambos são aceitos. Na 
regurgitação, a valva não consegue fechar como 
deveria, e o sangue volta. Ou seja, a valva está 
insuficiente para sua função de não deixar o 
sangue voltar. 
 
Caso clínico 1 
Primigesta, 25 anos, com 32 semanas de gestação, 
apresentando fadiga e dispneia progressiva aos esforços 
durante os últimos 2 meses. Há 2 semanas a dispneia 
tornou-se incapacitante aos mínimos esforços e até em 
repouso, sendo aliviada ao assumir a posição sentada. Há 
24 horas procurou atendimento em UPA sendo medicada 
com nebulização com Fenoterol (Berotec) e Ipratrópio 
(Atrovent) com piora do quadro. Foi então encaminhada 
ao hospital de referência para avaliação. Nega doenças 
prévias e uso de medicações. Nega qualquer crise de 
asma antes da gestação. 
Ao exame a paciente encontrava-se ansiosa, taquipneica, 
acianótica, hipocorada +/4+ e afebril. PA=100/52mmHg; 
FC= 104 bpm; FR= 32irpm com esforço respiratório leve; 
TAX= 36,5ºC. 
RCR 2T B1 hiperfonética, com sopro diastólico em foco 
mitral de 2+/6+ em ruflar de tambor 
MVUA com sibilos bilaterais e estertores crepitantes em 
bases 
Exame obstétrico sem alterações. 
ECG: ritmo sinusal, FC 94 bpm, sobrecarga atrial 
esquerda, sobrecarga ventricular direita. 
 
Questões: 
Qual o provável diagnóstico? 
Qual a classe funcional NYHA dessa paciente? 
Quais exames complementares devem ser solicitados? 
Qual o tratamento a ser instituído? 
Por que houve piora do quadro com a nebulização? 
 
Discussão 
 A dispneia em repouso indica classe funcional NYHA IV. 
 Dispneia que é aliviada em posição sentada é 
ORTOPNEIA. 
 O sopro é audível no foco mitral, e na diástole. Na 
diástole a valva mitral está aberta (no início da diástole a 
valva está fechada, mas conforme se tem gradiente de 
pressão, a valva abre); se o sopro é enquanto a valva 
mitral está aberta e o sangue está passando do AE para 
VE- isso indica que o que está gerando esse sopro é uma 
passagem turbilhonar de sangue pela valva mitral devido 
ao gradiente de pressão entre AE e VE; é uma ESTENOSE 
MITRAL. 
 
 
 
 
* Ruflar de tambor: É um barulho semelhante ao ruflar de 
tambor. 
 
Estenose Mitral 
Na estenose mitral ocorre uma restrição na abertura dos 
folhetos valvares, com redução da área valvar mitral, 
levando a um gradiente (diferença) de pressão entre o 
AE e o VE durante a diástole. 
 
Nessa imagem vemos uma valva tricúspide 
adequadamente aberta, enquanto a valva mitral está 
estenosada; a abertura da valva mitral está menor do 
que a da valva triscúspide, então o sangue não está 
passando como deveria. Sendo assim o AE vai ficar cheio 
ESTENOSE MITRAL: SOPRO DIASTÓLICO EM RUFLAR 
DE TAMBOR. É CARACTERÍSTICO. 
Parte 1 
 
5 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
de sangue, gerando hipertensão nas VV pulmonares (que 
desembocam no AE). 
Como o sangue das VV pulmonares vem dos capilares 
pulmonares, a pressão nos capilares pulmonares vai ficar 
muito alta; e alta pressão nos capilares pulmonares 
causa extravasamento de líquido para o interstício, e do 
interstício esse liquido vai para os alvéolos. 
Quando o pacienteinspira e tem líquido nos alvéolos isso 
gera microexplosões, que são os estertores crepitantes. 
Se tiver muito líquido vai haver muito extravasamento 
para os alvéolos, gerando um EAP (Edema agudo de 
pulmão). 
Se tiver liquido nos brônquios, esse liquido pode gerar 
broncoconstrição podendo levar à um sibilo igual ao da 
asma, haja vista que o mecanismo é de estreitamento da 
passagem do ar. Isso é chamado de ASMA CARDÍACA. 
 
 
 
 
 
EAP pode gerar tanto estertores crepitantes, quanto 
sibilos. 
 
Voltando ao raciocínio, se a pressão nos capilares 
pulmonares está alta como vai estar a pressão na A. 
Pulmonar (que leva o sangue para o pulmão)? Vai estar 
alta! Como vai estar a pressão no VD? Vai estar alta! 
Então, se fizermos um ECG vamos observar sinais de 
sobrecarga atrial esquerda e sobrecarga ventricular 
direita. 
 
Se não fizermos nada, se a doença for crônica e 
progredir, vai haver aumento de pressão no AD, 
aumento de pressão nas jugulares interna e externa, VCI, 
ascite, turgência jugular patológica, edema de MMII, 
tudo depende do tempo de progressão da doença. 
 
O mecanismo fisiopatológico parece complexo, mas os 
sinais e sintomas nos ajudam a lembrar. 
 
“Ai você pega esse paciente na emergência e ele está 
sibilando! Se está sibilando, vamos tratar pra asma! 
Perfeito! Ai damos pra ele fenoterol!” O fenoterol é um 
B2 agonista, causa dilatação dos brônquios, mas também 
causa taquicardia. 
Se o sangue já está com dificuldade de passar do AE para 
VE, e nós aumentarmos a FC, vamos aumentar ainda 
mais essa dificuldade porque vai ter ainda menos tempo 
para o coração relaxar; então A PRESSÃO NO AE VAI 
AUMENTAR AINDA MAIS. Para o sangue desembocar do 
AE para o VE depende de tempo, como se fosse um 
engarrafamento. Imaginem um coração nessas condições 
que estava batendo a 50 por minuto, e começa a bater a 
120 bpm, vai passar menos sangue do AE para VE, então 
a pressão nos capilares pulmonares e AE vai ser maior, 
ou seja, VAI HAVER PIORA DA DISPNEIA. Em suma, o B2 
agonista piora a dispneia desse paciente devido ao 
aumento da FC. 
 
Se a paciente falar que piora com nebulização, escute! O 
paciente te diz toda a doença dele! 
 
Dúvida de aluno: Professor, essa estase de sangue no AE 
pode gerar um coágulo a longo prazo? 
R: Sim! A formação de coágulo no apêndice atrial 
esquerdo é uma das principais complicações. O sangue 
fica muito parado, e estase aumenta a chance de 
coágulo. Esses coágulos podem se desprender e se tornar 
êmbolos; esses êmbolos muitas vezes vão para a 
circulação cerebral, e o paciente faz um AVE isquêmico. 
É interessante, também, observar que a paciente do caso 
clínico tem ritmo sinusal, então o átrio ainda contrai. 
Alguns pacientes desenvolvem como complicação a 
fibrilação atrial, o átrio fica desorganizado eletricamente, 
e para de contrair. NA FIBRILAÇÃO ATRIAL O SANGUE 
FICA AINDA MAIS PARADO, E HÁ UM RISCO MUITO 
MAIOR DE FORMAR UM COÁGULO ALI DENTRO. Essa é 
uma complicação que acontece mesmo. 
 
Observação: O VE na estenose mitral está normal, 
íntegro. Por outro lado, o AE está sobrecarregado. 
 
Gravidade da estenose mitral 
Avaliamos a gravidade da estenose mitral através do 
diâmetro da valva mitral. Fazemos isso com o 
ECOCARDIOGRAMA. 
 
(Não precisamos decorar) 
Os pacientes com estenose mitral são sintomáticos 
apenas na fase grave, e raros são sintomáticos na fase 
moderada. 
 
ASMA CARDÍACA: Ocorre quando há estreitamento 
dos bronquíolos por conta de irritação pelo liquido 
extravasando nas vias aéreas (de causa cardíaca). 
Gera sibilos semelhantes ao da asma. 
Parte 1 
 
6 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
Na imagem anterior, vemos a necropsia de uma paciente 
com estenose mitral. Vemos a valva bem comprometida, 
fusão das comissuras, espessamento e calcificação das 
cúspides, espessamento e fusão das cordas tendíneas. A 
estenose mitral também pode acometer os músculos 
papilares. 
 
Etiopatogenias 
 Febre reumática: É a maior causa, no país, de 
estenose mitral. 
 LES 
 Artrite reumatoide 
 Endocardite infecciosa 
 Calcificação maciça do anel 
 
Fisiopatologia 
 
 
Como temos pouco sangue chegando no VE, vai haver 
pouco sangue no volume sistólico, e baixo DC, e o 
paciente vai ter a pressão baixa. Se ele faz pressão baixa, 
80/90 de Pressão sistólica, vai haver uma resposta dos 
barorreceptores para aumentar a FC (o que é ruim para o 
paciente, como dito antes). 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico de todas as valvopatias é feito dessa 
forma. 
 
O ECG vai dar sinais indiretos das valvopatias, mas não 
vai dar diagnóstico. Pode demonstrar, por exemplo, 
aumento de AE. RX de tórax dá pistas, e sinais indiretos, 
mas também não dá diagnóstico. O exame que é 
fundamental para dar o diagnóstico é o 
ECOCARDIOGRAMA. O ecocardiograma dá o diagnóstico, 
a gravidade, o aspecto da valva, sugere etiologia. A 
ecocardiografia deve ser muito bem feita, porque muitas 
vezes é esse o exame que vai indicar uma cirurgia 
cardíaca para o paciente. 
 
Febre, anemia e gravidez aumentam a FC, assim como a 
fibrilação atrial. Se a FC aumenta e o paciente tem 
dispneia, isso nos chama atenção. 
 
 
 
 Sopro diastólico em ruflar com ou sem esforço pré-
sistólico -> Reforço pré sistólico é uma aumentadinha no 
sopro que acontece antes da sístole por causa da 
contração atrial. Na diástole o sangue está passando 
com dificuldade do AE para VE, no final da diástole 
quando os átrios se contraem vai ainda mais sangue, 
então ocorre um reforço do sopo, ele dá uma 
“subidinha”. 
Observação: Se o paciente tiver fibrilação atrial, ele não 
vai ter contração atrial, então não vai ter reforço pré-
sistólico (o átrio não contrai). Paciente com fibrilação 
atrial também não tem B4. 
 
Ascite/hepatomegalia/edema periférico vão acometer 
pacientes mais crônicos. Na paciente essa não é uma 
condição tão crônica, está acontecendo por causa da 
gravidez (aumenta o volume de sangue circulante, e a 
FC). 
 
Parte 1 
 
7 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
Se cair ECG na prova, no enunciado vai dizer qual é a 
alteração. Não precisamos saber ECG agora. Na última 
aula de cardiologia será ensinado a fazer diagnóstico de 
fibrilação atrial em 20 segundos. 
 
 
*A elevação do brônquio esquerdo é também chamado 
de “sinal do passo da bailarina”. 
 
 
Na primeira imagem, vemos a área cardíaca e suas 
respectivas câmaras. Quando olhamos a borda esquerda 
do coração, o primeiro marco no mediastino é o botão 
Aórtico, depois o tronco da A. pulmonar, AE se houver 
alguma anormalidade, em seguida vem o VE. É 
importante salientar que em condições normal não 
conseguimos visualizar o AE no radiografia de tórax PA. 
Contudo, quando há aumento de AE vai aparecer uma 
“bolota”. 
Na segunda imagem, a de perfil, nós vemos VD na frente, 
VE atrás, AE e tronco da Artéria pulmonar. 
 
Essa é uma radiografia de um paciente com estenose 
mitral. Aqui vemos o tronco da pulmonar aumentado, os 
hilos pulmonares aumentados. No ponto indicado pela 
seta branca, nós vemos o aumento do átrio esquerdo (é 
um aumento discreto, que não dá diagnóstico de 
estenose mitral, mas que são sinais indiretos 
importantes). Na seta preta veremos que tem um 
brônquio elevado (mais escuro) é o sinal do passo da 
bailarina. Vemos também a região pulmonar, o ápice 
cardíaco, e vemos inversão da trama vascular pulmonar. 
São sinais indiretos, mas que devemos verificar. 
 
Se cair na prova, DEVEMOS SOLICITAR TODOS OS 
EXAMES. Tem que solicitar exame pra ver se o paciente 
tem infecção, anemia, rx de tórax, ECG! Se a paciente 
tiver uma pneumonia, uma anemia, tudo isso piora o 
prognóstico dela. 
 
 
 
 Gradiente transvalvar é a diferença de pressão entre oátrio e o ventrículo. 
 Se a paciente tem sinais de aumento de VD ou AE no 
ECG, isso tem que aparecer no ecocardiograma também! 
 O ecocardiograma avalia o aparelho valvar para 
programarmos o tratamento; avalia as cordas tendíneas, 
músculos papilares, cúspides, comissuras fundidas ou 
não, se tem cálcio na valva, e isso tudo é calculado em 
um escore. 
 O escore pode ser chamado tanto de Block, quanto de 
score de Wilkings. Dependendo desse escore, o 
especialista decide se vai poder abrir a valva através de 
um procedimento, como se fosse um balão, ou se vai 
fazer uma valvoplastia ou troca de valva. 
O ecocardiograma é fundamental! 
 
Prognóstico: 
O prognóstico piora bastante de NYHA III para NYHA IV. 
 NYHA III: sobrevida 5 anos: 62% 
 NYHA IV: sobrevida 5 anos: 15% 
 
Tratamento: 
Pacientes assintomáticos, com histórico de febre 
reumática devemos fazer profilaxia de febre reumática e 
endocardite infecciosa. 
Parte 1 
 
8 Cardiologia - Valvopatias 
Nicolle Moraes Nunes 
 
 
Considerações: 
 
Diuréticos devem ser usados com muito cuidado nesses 
pacientes! Isso porque eles podem levar à hipotensão e 
(não entendi). Então, devemos fazer em doses menores, 
e aos poucos (fazendo conforme vemos a resposta do 
paciente ao medicamento). 
 
Reduzir a frequência cardíaca nesses pacientes é muito 
importante, por isso nós usamos beta bloqueador. A 
estenose mitral é uma das raríssimas exceções em que 
vamos usar beta bloqueador mesmo se o paciente tiver 
um EAP. Se o paciente tiver um EAP e não for uma 
estenose de valva mitral nós podemos piorar o quadro 
dele, então precisamos ter bastante segurança quanto ao 
diagnóstico. 
 
 
 
Na paciente citada no caso clínico, foi feito 
betabloqueador IV, contudo o carro de PCR estava ao 
lado dela, com tudo pronto para intubar caso fosse 
necessário. Foram feitos 5 mg de betabloqueador 
venoso, esperou-se 5 minutos, a paciente não 
apresentou piora, foram feitos mais 5 mg de 
betabloqueador venoso, em seguida de 5 minutos foram 
administrados mais 5 mg. Ou seja, ao todo fizeram 15 mg 
de betabloqueador IV. Depois a paciente foi medicada 
com 50 mg de betabloqueador VO. O professor disse que 
a paciente que de manhã estava taquipneica, em mal 
estado geral, apresentou melhora significativa. A FC que 
estava a 100, 120 bpm foi para 50, 60 bpm e ela ficou 
muito bem. 
O betabloqueador é uma grande droga porque ele 
permite que o átrio tenha tempo para esvaziar, então 
ele diminui a congestão. 
 
“Então devemos fazer betabloqueador para todo 
paciente com EAP?” NÃO!!! Essa é uma exceção! 
Não se faz betabloqueador em fase aguda de IC. 
 
Se o paciente tiver fibrilação atrial podemos usar 
digitálicos, e para prevenir embolias podemos usar 
anticoagulantes. 
 
TRATAMENTO INVASIVO: 
 Valvulotomia por balão 
É um procedimento por cateterismo, nós abrimos a valva 
com um balão. 
 Comissurotomia (abrimos a valva) 
Google: A comissurotomia das valvas cardíacas é 
denominada valvulotomia, valvotomia, ou valvoplastia e 
consiste em fazer uma ou mais incisões nas bordas da 
comissura formadas entre os dois ou três folhetos 
valvares, o que alivia a constrição da estenose valvar. 
 Troca de valva 
Pode ser feita por valva biológica, ou metálica. 
 
No caso da paciente do caso clínico, foi feita uma 
valvulotomia por balão. Ela tinha uma área valvar de 0,8 
cm². A valvulotomia por balão foi feita nessa paciente 
ainda grávida, e ela levou a gravidez a termo, e depois do 
parto foi programada a troca do aparelho valvar. A 
paciente e o bebê sobreviveram. 
 
 
 
 
EAP com estenose mitral é EXCESSÃO para uso de beta 
bloqueador!

Outros materiais