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1 NUTRIÇÃO PARA O CONTROLE DE PESO Componentes do peso corporal Composição corporal em indivíduos adultos sadios. O tecido adiposo é localizado primariamente sob a pele, no mesentério e no omento e atrás do peritôneo. O tecido adiposo é composto por gordura, pequenas quantidades de proteína e água. Tecido adiposo branco proteção dos órgãos, reservatório de triglicerídeos e preservação de calor; Tecido adiposo marrom produção de calor e dissipação do excesso de energia (presente em especial nos lactentes). O tecido adiposo aumenta de tamanho (hipertrofia) ou número (hiperplasia). O ganho de peso pode ser resultante de hiperplasia, hipertrofia ou combinação das duas. A obesidade é sempre caracterizada por hipertrofia, mas algumas também envolvem hiperplasia (em especial durante a lactância e adolescência). A hiperplasia pode ocorrer na vida adulta quando o conteúdo de gordura das células existentes tiver alcançado sua capacidade. Quando o peso é reduzido o tamanho da célula de gordura diminui, mas não seu número. O maior nível de gordura no crescimento normal ocorre aos 6 meses de idade (~25%). A composição da dieta têm sido foco na lipogênese, uma vez que a energia metabolizável da gordura dietética varia de 10,9 – 11,2kcal/g. Em condições normais de alimentação pouco carboidrato é usado para produzir tecido adiposo e é necessário cerca de três vezes a quantidade de energia para converte o excesso de carboidrato em gordura. Quando são consumidas dietas com alto teor de carboidratos, ocorre lipogênese pela supressão da oxidação lipídica. Os triglicerídeos da dieta e de depósito são transportados segundo duas enzimas, a lipoproteína lipase (LPL) e a lipase sensível a hormônio (HSL). A LPL capta os triglicerídeos do sangue, hidrolisa e transporta o ácido graxo para dentro do adipócito, ao passo que a HSL faz o transporte reverso. FATORES REGULADORES ENVOLVIDOS NA ALIMENTAÇÃO E NA ADIPOSIDADE (KRAUSE). Neurotransmissores do cérebro Características e função Norepinefrina e dopamina Liberados pelo sistema nervoso simpático (SNS) em resposta a ingestão de alimentos; media a atividade das áreas no hipotálamo que controlam o comportamento alimentar. O jejum e a semi-inanição levam a redução da atividade do SNS e aumentam a atividade medular adrenal com um consequente aumento na epinefrina, a qual promove a mobilização de substratos. As vias dopaminérgicas no cérebro têm o papel de reforçar as propriedades dos alimentos. Serotonina, neuropeptídio Y e endorfinas A redução da serotonina e o aumento do neuropeptídeo Y têm sido associados com um aumento no apetite de carboidratos. O nível de neuropeptídeo Y aumenta durante a privação de alimentos; isso pode ser um fator para o aumento do apetite após uma dieta. A predileção e o desejo por alimentos doces ricos em gorduras, observando entre pacientes obesos e bulímicos, envolve o sistema de endorfinas. Fator de liberação da corticotropina (CRF) Envolvido no controle da liberação dos hormônios adrenocorticotrópicos da glândula pituitária, o CRF é um potente agente anoréxico e reduz a resposta do alimento produzida pela norepinefrina e pelo neuropeptídeo Y. O CRF é liberado durante o exercício físico. OBESIDADE Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 Hormônios intestinais Características e função Incretinas Os peptídeos gastrintestinais aumentam a quantidade de insulina liberada pelas células beta do pâncreas após uma refeição, até antes das concentrações de glicose no sangue se tornarem elevadas. Eles também diminuem a taxa de absorção por reduzirem o esvaziamento gástrico e podem diretamente reduzir ingestão de alimentos. As incretinas também inibem a liberação do glucagon pelas células alfa do pâncreas (ver GLP-1 e GIP também). Colecistocinina (CCK) Liberada pelo trato intestinal quando gorduras e proteínas atingem o intestino delgado, receptores da CCK têm sido encontradas no trato gastrintestinal e no cérebro. A CCK causa a contração da vesícula biliar e estimula o pâncreas a liberar enzimas. No cérebro, a CCK inibe a ingestão de alimentos. Bombesina Liberada pelos neurônios entéricos reduz a ingestão a ingestão de alimentos e melhora a liberação da CCK. Enterostatina Uma parte da lipase pancreática; envolvida especificamente com a saciedade após o consumo de gorduras. Adiponectina Uma adipocitocina secretada pelo adiposo que modula a glicose e o catabolismo dos ácidos graxos. Concentrações deste hormônio estão inversamente relacionadas com o índice de massa corporal (IMC). O hormônio atua nos distúrbios metabólicas tal como diabetes tipo 2, a obesidade e a aterosclerose. As concentrações caem após cirurgia de bypass gástrico por mais de seis meses (Couce et al., 2006). Glucagon O aumento de secreção de glucagon é causado pela hipoglicemia e pelos aumentos das concentrações de noropinefrina e epinefrina, dos aminoácidos plasmáticos e colecistocinina. A diminuição da secreção de glucagon ocorre quando a insulina ou a somatostatina são liberados. Apoliproteína A-IV Sintetizada e secretada pelo intestino durante a secreção linfática de quilomícrons. Após entrar na circulação sanguínea, uma pequena porção de apolipoproteína A-IV entra no sistema nervoso central (SNC) e inibe o consumo de alimentos. Ácidos graxos Ácido graxos livres, triglicerídeos e glicerol são fatores que também afetam a captação da glicose pelos tecidos periféricos. Peptídio 1 semelhante a glucagon (GLP-1) e peptídio insulinotrópico dependente de glicose (GIP) Liberados pela mucosa intestinal na presença de uma refeição rica em glicose e lipídios; estimula a síntese e a liberação da insulina; GLP-1 diminui a secreção do glucagon, retarda o tempo de esvaziamento gástrico e pode promover a saciedade; exemplos de hormônios incretina. Insulina Atua no SNC e no sistema nervoso periférico para regular a ingestão de alimentos. A insulina está envolvida na síntese e no armazenamento dos lipídios. A atividade da insulina reduzida pode levar ao impedimento da termogênese. É possível que obesos com deficiência ou resistência à insulina tenham um defeito no sistema de distribuição de glicose e um grau baixo de termogênese. Quanto maior à resistência insulina, menor é o efeito térmico do alimento. Concentrações de insulina em jejum aumentam proporcionalmente com o grua da obesidade; n entanto, muitos obesos apresentam resistência à insulina devido à falta de efeito dos receptores de insulina, pela intolerância à glicose e pela dislipidemia associada. Estas sequelas podem ser normalmente corrigidas com a redução da massa corporal. Leptina Uma adiponectina secretada pelo tecido adiposo que está relacionada com o percentual de gordura corporal. Principal sinal dos estoques de energia; em caso de obesidade perde a habilidade para inibir a ingestão de energia ou para aumentar o gasto energético (Enriori et al, 2006). Com paradas aos homens, as mulheres possuem concentrações significativamente maior de leptina sérica (Marshall et al., 2000). Estas observações confirmam o papel da leptina na regulação do apetite (Reseland et al., 2001). Resistina Uma adiponectina expressada principalmente nos adipócitos; antagoniza a ação da insulina (Goldstein e Scalia, 2007; Janke et al., 2000). Grelina Produzida principalmente pelo estômago; atua sobre o hipotálamo estimulando a fome. As concentrações de grelina são maiores em indivíduos magros e menores em obesos. Concentrações aumentadas são observadas em pessoas que estão seguindo a dieta, e concentrações supridas são observadas após bypass gástrico (Cummings et al., 2002), possivelmente contrariando pela adiponectina (Couce et al., 2006) Peptídio YY 3-36 (PYY3-36) Secretados pelas células endócrinas que reveste o intestino curto e o cólon em resposta ao alimento, um ‘atravessador’ na manutenção do apetite (Schwartz e Morton, 2002). Após a infusão deuma dose fisiológica de PPY3-36 em homens e mulheres não obesos, a alimentação foi inibida por mais de 12 horas, resultando em redução de 33% na ingestão calórica total por período de 24 horas (Bstterham et al., 2002). O PPY parece funcionar de forma oposta a grelina; induz à saciedade. 3 DESEQUILÍBRIO FUNCIONAL E OBESIDADE: ALTERAÇÕES HORMONAIS, IMUNOLÓGICAS E ENZIMÁTICAS (CHEMIN & MURA) a)Insulina A resistência à insulina é definida como uma resposta biológica subnormal do organismo ao efeito da alta concentração de insulina no metabolismo de glicose. As causa de resistência podem ser atribuídas a: Fatores nutricionais (glico ou lipotoxicidade); Defeitos de sinalização de insulina nos tecidos-alvo; Aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias. Sabe-se que a obesidade abdominal é um fenótipo característico de resistência a insulina que desencadeia todas as outras complicações envolvidas com a síndrome metabólica, culminando com o aparecimento de outras doenças crônicas. Glicotoxicidade Ingestão de carboidratos de alto índice glicêmico pode ocasionar: Lipogênese; Aumentar os níveis de triglicerídeos circulantes; Depletar as vitaminas do complexo B, vitamina C e cromo; Diminuir a saciedade e oxidação de lipídeos; Causar irritabilidade e hiperatividade; Aumentar a ingestão alimentar compulsiva (mediada pelo neuropeptideo Y); Hipertrofia pancreática e hiperinsulinismo; Aumento da produção de cortisol. Lipotoxicidade Em razão da intensa atividade da LPL em obesos, observa- se: Aumento dos triglicerídeos nos adipócitos; Aumento do fluxo de ácidos graxos livres no fígado; Diminuição da extração hepática da insulina, com hiperinsulinemia sistêmica. A exposição prolongada à hiperglicemia e à hiperinsulinemia resulta na diminuição da expressão de enzimas lipolíticas e altera o potencial para oxidação de ácidos graxos. O alto consumo de saturados e de W-6 está diretamente relacionado com menor sensibilidade à insulina, alterando o metabolismo do ácido araquidônico (via inibição da δ 5- desaturase) e desviando a cascata para produção de eicosanóides pró-inflamatórios. Defeito na sinalização intracelular de insulina – produção de citocinas pró-inflamatórias Indivíduos obesos apresentaram duas vezes mais TNF e RNAm nos adipócitos que indivíduos magros, sendo esta correlação positiva com o aumento do IMC. Os níveis de IL-6 e IL-1 também estão aumentados em obesos. TNF-α (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) contribui para a redução da sensibilidade à ação da insulina. Suprime a fosforilação e a atividade do receptor tirosina quinase (IR) e do substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1) nos músculos e no tecido adiposo, o que reduz a síntese e a translocação do transportador de glicose GLUT-4 para a membrana, comprometendo a captação de glicose via ação de insulina. A redução da sensibilidade periférica à insulina favorece o aumento da gliconeogênese hepática e a redução do clearence de glicose pelos músculos esqueléticos e pelo tecido adiposo, induzindo hiperinsulinemia. O aumento do TNF no tecido adiposo acarreta diminuição da expressão dos transportadores GLUT-4. A redução do peso corporal desses indivíduos está associada à diminuição do TNF-α. IL-6 (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) aumenta o influxo de ácidos graxos livres. Está associada à inibição da migração do GLUT-4. IL-18 (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) promove instabilidade de placas ateroscleróticas, sendo mais propensas à ruptura. Está associada com resistência à insulina, hiperglicemia e hiperfagia. Proteína ligadora do retinol 4 (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) produzida pelo tecido adiposo visceral na presença da obesidade e da resistência à insulina, sendo considerada marcador da expansão do tecido adiposo intra- abdominal e da inflamação subclínica. Parece existir existência de uma associação positiva entre o aumento das concentrações séricas da RBP4 e os parâmetros da síndrome metabólica, como a hipertensão arterial, as dislipidemias e o aumento do IMC. A expressão da RBP4 é relacionada inversamente às concentrações de GLUT4, evidenciando a importância desta proteína na regulação do metabolismo da glicose. Zinco-alfa2-glicoproteína (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) a ZAG ou AZPG1 é uma proteína secretada pelos adipócitos de indivíduos obesos, sugerida como candidata potencial na modulação do peso corporal. A ação desta citocina está associada à redução da síntese de ácidos graxos e aumento de lipólise. Na presença de inflamação crônica de baixo grau, a produção de citocinas pró- inflamatórias, como o TNF-α, constitui um fator importante na regulação da ZAG. 4 Alterações na secreção de adipocinas na obesidade e o desenvolvimento da resistência à insulina (COZZOLINO & COMINETTI, 2013). Papel dos ácidos graxos essenciais no processo anti- inflamatório e ativação da funcionalidade da insulina 1)Ácido γ-linolênico (W-6 - GLA) Principal fonte: óleos vegetais e de prímula (5 a 10% do total de ácido graxo). O consumo de 1 – 2,4g/dia de GLA é suficiente para mediar efeitos imunológicos. 2)EPA e DHA (W-3) Principal fonte: óleo de peixe. Sugere-se que o EPA e DHA levam à redução das respostas de IL-1 e TNF e diminuem a produção de eicosanóides pró-inflamatórios, podendo melhorar a sensibilidade insulínica em até 38%. A recomendação de W-3 é de 3 – 4g/dia, sempre acompanhada de uma vitamina antioxidante, como 100UI de vitamina E. A suplementação de 6g/dia pode diminuir os níveis de proteína C-reativa séricos. 3)Ácido α-linolênico (W-3) Principal fonte: linhaça. Uso de 13g/dia durante quatro semanas. A adição à dieta diminui a produção de IL-1 e TNF pelos monócitos e induzir importantes efeitos imunomodulatórios. a)Cortisol: A obesidade central é associada com aumento do cortisol sérico, estimulando o consumo calórico (lipídico e glicídico). Os receptores hipotalâmicos estimuladores de neuropeptídeo Y são mediados por cortisol. O fracionamento da dieta diminui os níveis de cortisol. b)Catecolaminas: As catecolaminas são responsáveis pela regulação e ativação de enzimas, como a LPL e a LHS, que determinam o acúmulo ou oxidação dos triglicerídeos. As catecolaminas estimulam a lipólise via receptores beta, ao passo que estimula a lipogênese via receptores alfa. Esta regulação hormonal está prejudicada na obesidade, com aumento da função dos receptores alfa (mediada pelos moduladores da ação de corticotropina e do hormônio liberador de corticotropina). c) Estrogênio: Os estrógenos estão envolvidos com maior depósito de gordura na região glúteo-femoral do que abdominal, mediado pela ação da LPL nestas regiões. Uma forma de equilibrar o excesso de estrogênio produzido é a ingestão de fitoestrógenos (isoflavonas da soja e lignanas da linhaça). Os fitoestrógenos estimulam a secreção de glucagon, leva à diminuição das enzimas lipogênicas e redução do acúmulo de gordura corporal. d)Testosterona: Baixo nível de testosterona é o principal fator para o desenvolvimento de obesidade visceral. Em homens de meia-idade, os níveis de testosterona estão diminuídos, com o aumento concomitante da obesidade abdominal. O reestabelecimento do nível de testosterona aumenta a sensibilidade insulínica no músculo esquelético, atenua a produção do cortisol e reduz os níveis de hormônio do crescimento em indivíduos com obesidade visceral. e)Hormônios produzidos pelo tecido adiposo: Leptina A leptina, expressa pelo tecido adiposo como sinal de adiposidade (quanto mais tecido adiposo, maiores as concentrações de leptina), diminui a expressão do neuropeptídeo Y e reduz o consumo alimentar, da gordura corporal, dos níveis de glicose, insulina e cortisol Pacientes obesos apresentam maior atividade da LPL, contribuído para acúmulo de tecido adiposo. Na perda de peso, a atividade da LPL aumenta ainda mais, sugerindouma desregulação metabólica da ação da LPL no tecido adiposo, que pode representar um set point na perda de peso, principalmente se esta perda de peso for induzida por dietas hipocalóricas. 5 plasmáticos e aumento do gasto energético e produção de calor. Indivíduos obesos altas concentrações de leptina resistência (?). A hiperleptinemia está associada com a hiperinsulinemia. A atividade física reduz a resistência à insulina, aumenta a atividade simpática e é importante reguladora do balanço energético. Adiponectina Diferente da leptina, os níveis de adiponectina estão reduzidos no obeso, estando ainda mais elevados em mulheres que homens. Os níveis plasmáticos de adiponectina são negativamente correlacionados com o IMC, percentual de gordura, concentração de leptina, resistência à insulina, hipertensão arterial, níveis de LDL e triglicerídeos. Resistina (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) Apresenta importante papel na resistência à insulina, nas doenças cardiovasculares e na modulação do processo inflamatório. Estão elevadas na obesidade. A neutralização do TNF-α reduz as concentrações séricas de resistina. A resistina induz resistência à insulina em pacientes obesos com obesidade visceral. Promove hiperglicemia por aumentar a produção hepática de glicose, além de bloquear o efeito anti-inflamatório da adiponectina no endotélio vascular. Possui potencial papel de regulação da adipogênese. f) Receptores ativadores da proliferação de peroxissomos (PPAR) Estão envolvidos na diferenciação dos pré-adipócitos, no acúmulo de triglicerídeos, no tecido adiposo e exerce efeitos regulatórios na sensibilidade à insulina. ALTERAÇÕES HIPOTALÂMICAS a)Neuropeptídeos Orexigênicos Neuropeptídeo Y: Expresso no núcleo arqueado, paraventricular e lateral do hipotálamo. Parece promover atividade lipogênica no tecido adiposo, reduzindo a atividade do sistema nervoso simpático e inibindo a lipólise. É o mais potente orexígeno do SNC. Galanina: Expresso no núcleo arqueado e paraventricular do hipotálamo, embora orexígeno, não promove lipogênese como o NPY. MCH (Melanin-concentrating Hormone): Expresso no núcleo lateral do hipotálamo. Possui efeito sinérgico com o NPY. O jejum leva sua hipersecreção e sua atividade estimula o eixo hipotálamo-adrenal. Hipocretina e Orexinas: Localizados no núcleo lateral do hipotálamo. O jejum aumenta secreção de orexinas, menos potentes que o NPY e MCH. As hipocretinas estimulam a liberação do NPY no núcleo paraventricular. Grelina: Seus efeitos são mediados pelo NPY no hipotálamo. O NPY estimula a liberação de grelina no estômago, aumentando a ingestão alimentar no obeso. A grelina age na manutenção do peso em estado de equilíbrio, estando associadas com menor peso corporal. Segundo Chemin & Mura, embora a glicose regule os níveis de grelina, o contato do nutriente com células estomacais pode ser mais importante inibidor da liberação de grelina.O consumo de dieta hipocalórica pode aumentar os níveis de grelina. b)Neuropeptídeos Anorexigênicos Serotonina: A serotonina e seus agonistas inibem o consumo alimentar na parte ventromedial do hipotálamo. Intensifica o poder de saciedade dos alimentos nos componentes de pós-ingestão e pós-absorção da saciedade. Níveis de serotonina são dependentes da ingestão alimentar de triptofano e também dos carboidratos. Fontes alimentares de triptofano. Proteína animal Carboidrato Leite 50 mg Arroz integral 90 mg Iogurte 45 mg Arroz 90 mg Queijos amarelos 38 mg Macarrão 80 mg Ovos/ carnes/ peixes/ aves 29 mg Pão francês 70 mg Queijo fresco 17 mg Pão integral Batata 60 mg 30 mg Proteína vegetal (grãos) Carboidratos (frutas) Soja 45 mg Tâmara 49 mg Nozes 45 mg Abacate 22 mg Feijão 27 mg Banana 18 mg Lentilha 25 mg Morango 15 mg Castanhas 20 mg Cereja 8 mg Ervilha 10 mg Laranja 8 mg Peptídeos da família do Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH): Estão localizados no eixo paraventricular do hipotálamo e, em indivíduos magros, pode induzir anorexia. Melanocortina (MSH): São derivados do mesmo precursor da POMC. São secretadas nos núcleos paraventricular e ventromedial do hipotálamo, induzindo a inibição da ingestão alimentar. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA OBESIDADE EM ADULTOS Anamnese A anamnese é o primeiro passo obrigatório, onde levanta- se dados fundamentais para o estabelecimento de estratégias que serão adotadas durante o tratamento. A idade do paciente é importante. O risco para um grau comparável de obesidade parece maior entre os indivíduos com idade superior a 40 anos. A celularidade adiposa está associado a períodos críticos onde tem-se hiperplasia celular: gestação, idade pré-escolar e adolescência. Existe uma relação com a desnutrição fetal, principalmente se ocorrer após a 30ª semana gestacional e durar até o primeiro ano de vida, estimulando a produção de adipócitos. Pode associar-se ao DM2, HAS e DCV na vida adulta. Deve-se avaliar a presença de ansiedade e depressão, bem como a possibilidade de transtorno de compulsão alimentar periódica. Observar se o paciente já fez algum tratamento para perda de peso, o que inclui dietas de moda ou se teve assessoria de algum profissional ou se usou de medicações. Deve ser levantada também a história familiar de excesso de peso e de co-morbidades. Avaliar funcionamento intestinal e urinário. Realizar a anamnese alimentar através de recordatórios de 24h, frequência de consumo, registro alimentar de 3 e 5 dias. Avaliar número de refeições e hábitos. Observar concomitantemente sinais e sintomas de alterações de micronutrientes. 6 Realizar levantamento de atividade física. a) Peso (CUPPARI) - correlaciona-se indiretamente com a quantidade de gordura total e o % em qualquer grupo etário. - tabelas segundo compleição física (Metropolitan Life Insurance Company, 1983): limitações de metodologia, limitações operacionais, avaliar riscos de vida e representam o peso ideal ou peso corporal relativo. Pouca operacionalidade no setor saúde. Compleição física = estatura (cm) / circunferência do punho (cm) Classifica-se a compleição segundo sexo como grande, média ou pequena. A partir desta classificação aponta-se a faixa de peso corporal relativo segundo sexo e estatura. Compleição física segundo sexo. Compleição Grande Média Pequena Homens <9.6 9.6 – 10.4 >10.4 Mulheres <10.1 10.1 – 11.0 >11.0 Peso corporal relativo segundo compleição física. Sexo feminino (recorte) Estatura (cm) Grande Média Pequena Peso (kg). 147,7 46.3 – 50.3 49.4 – 51.9 53.5 – 59.4 149.9 46.7 – 51.3 50.3 – 55.8 51.4 – 60.8 152.4 47.2 – 52.2 51.3 – 57.1 55.3 – 62.1 Peso corporal relativo segundo compleição física. Sexo masculino (recorte) Estatura (cm) Grande Média Pequena Peso (kg). 157.5 58.8 – 60.8 59.4 – 63.9 62.2 – 68.0 160.0 58.9 – 61.7 60.3 – 61.9 63.5 – 69.4 162.6 59.9 – 62.6 61.2 – 65.8 64.4 – 70.8 - será definido como obeso o indivíduo que possuir >20% do peso corporal relativo segundo as tábuas da Metropolitan. Fonte: Metropolitan height and weight tables. Stat Bull Metrop Insur Co, 64; 2-9, 1983. b) Índice de Conicidade (Cuppari, 2014) - Leva em consideração as medidas de peso, altura e circunferência de cintura, onde: Possui como faixa teórica esperada de 1 a 1,73. Acima deste valor estaria associada à obesidade abdominal. c) IMC Classificação do estado nutricional segundo IMC e risco de co-morbidades (CHEMIN & MURA). Classificação IMC (kg/m2) Risco de co- morbidades Baixo peso <18,5 Baixo Peso normal 18,5 – 24,9 Médio Sobrepeso 25,0 – 29,9 Ligeiramente aumentado Obesidade I 30,0 – 34,9 Moderado Obesidade II 35,0 – 39,9 Grave Obesidade III ≥40,0 Muito grave d) Percentual de gordura corporal Classificação de excesso de adiposidade segundo percentual de gordura corporal (CHEMIN & MURA). Mulheres (%) Homens (%) Leve 25 – 30 15 – 20 Moderada30 – 35 20 – 25 Elevada 35 – 40 25 – 30 Mórbida >40 >30 Equações de correção para pacientes obesos (uma vez que o uso das dobras cutâneas em obesos é de difícil aferição e implica em erros de avaliação. Para homens obesos de 24 – 68 anos: % Gordura = 0,31457 (circunferência abdominal) – 0,10969 x Peso + 10,8336 Para mulheres obesas de 20 – 60 anos: % Gordura = 0,11077 (circunferência abdominal) – 0,17666 x (estatura) + 0,187 x Peso + 51,03301 e) Circunferência do pescoço (Cuppari 2014) – possui associação com o IMC. Risco de complicações metabólicas conforme circunferência de pescoço Medida de circunferência de pescoço (cm) Risco de excesso de peso Homens Mulheres <37 <34 Não identificável ≥37 ≥34 Investigação adicional ≥39,5 ≥36,5 Obesidade presente f) Circunferência abdominal – Obesidade abdominal Perimetrias e risco de co-morbidades (DAN WAITZBERG, 2009). Risco de complicações metabólicas Sexo masculino Elevado Muito elevado Cintura ≥94cm ≥102cm RCQ 0,9 – 1,0 >1,0 Sexo feminino Elevado Muito elevado Cintura ≥80cm ≥88cm RCQ 0,75 – 0,85 >0,85 Distribuição regional de gordura (Cuppari, 2014) Risco de complicações metabólicas conforme etnia População Homens Mulheres Europeus, etnias do oriente médio, mediterrâneos e africanos subsaarianos ≥94 ≥80 Caucasianos ≥94 (risco aumentado) ≥ 102 (risco muito aumentado) ≥80 (risco aumentado) ≥ 88 (risco muito aumentado) Norte-americanos, canadenses e europeus ≥102 ≥88 Asiáticos e japoneses, etnias de América do Central e do Sul ≥90 ≥80 Chineses ≥85 ≥80 7 TRATAMENTO CLÍNICO DA OBESIDADE Tratamento médico: modificação do estilo de vida (aumento da atividade física), apoio psicológico, drogas e cirurgia; Tratamento nutricional: mudança na escolha de alimentos, manutenção da ingestão de micronutrientes e educação nutricional. Objetivo: atingir, segundo a ADA, o melhor peso possível no contexto da saúde geral. Eliminando hábitos na hora da alimentação Alimentar-se somente sentado em lugar determinado Sentar-se à mesa num local diferente Deixar a mesa assim que acaba de se alimentar Não ter outra atividade na hora da alimentação, como ler ou assistir televisão Não colocar na mesa as travessas de alimentos No restaurante, limitar o consumo de pãozinho para unidade, sem ou com pouca quantidade de manteiga Suprir a casa com alimentos saudáveis Manter os alimentos em armários, onde não possam ser vistos Fazer as compras, com uma lista após ter feito uma refeição completa Limitar a quantidade de dinheiro para ir às compras Planejar eventos especiais, festas e jantares Guardar imediatamente as sobreas de alimentos em armários, refrigerador ou freezer, para outras refeições Negociar com os familiares para comer alimentos saudáveis Pedir para outras pessoas monitorarem os padrões alimentares e darem retroalimentação positiva Substituir os lanches por outras atividades Comportamentos para prolongar a hora de alimentação e reduzir a quantidade consumida de alimento Comer devagar e saborear cada porção Descansar o garfo entre as porções Atrasar a alimentação por 2 a 3 min e conversar com os outros Atrasar o consumo do lanche desejado por 10 min Servir os alimentos em prato pequeno Deixar 1 a 2 porções no prato Dividir as porções na metade para que uma outra porção possa ser consumida Estratégias para modificação de estilo de vida segundo KRAUSE MODIFICAÇÃO DA DIETA Os programas para perda de peso com algum grau de excesso integram mudanças alimentares com exercícios, mudança de comportamento, educação nutricional e apoio psicológico. Quando estas abordagens falham em ocasionar a redução de peso desejada, a medicação pode ser adicionada ao programa e, no caso de obesidade mórbida, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. O atendimento em obesidade deve ser pautado nos seguintes passos: a.Histórico da obesidade (DAN 2009) - peso ao nascer; - idade de início da obesidade; e - tratamentos anteriores. b.Fatores etiológicos (DAN 2009) - presença de doenças orgânicas (Cushing e outras causas endócrinas). c.Padrões de alimentação (DAN 2009) - observar presença de transtornos alimentares (como transtorno de compulsão alimentar); - verificar hábitos de alimentação. d.Comorbidades da obesidade (DAN 2009) - HAS; - DM; - dislipidemias; - apneia do sono; - doença coronariana; - litíase biliar; - osteoartrose e alterações menstruais. e.Antecedentes familiares (DAN 2009) f.Hábitos (DAN 2009) Avalia-se presença de hábitos sociais, como: - tabagismo; - etilismo social; e - atividade física. - exames bioquímicos - exame físico: cardiovascular e abdome. ABORDAGEM FARMACOLÓGICA AO TRATAMENTO DA OBESIDADE Orientações do NIH dos EUA para o tratamento de indivíduos com excesso de peso ou obesos: Tabela 10: Tratamentos para excesso de peso segundo IMC (DAN WAITZBERG, 2009). IMC (kg/m2) TRATAMENTO 25 – 26,9 com comorbidades Dieta, atividade física e terapia comportamental. 27 – 29,9 com comorbidades Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. 30 – 34,9 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. 35 – 39,9 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. Possibilidade de intervenção cirúrgica em pacientes com comorbidades. ≥40 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. Intervenção cirúrgica em pacientes. MOREIRA & CHIARELLO (2008): As premissas fundamentais são: 8 - a medicação não deve constituir único critério para tratamento; - focada no tratamento integral do paciente obeso; - prescrita e controlada por médicos; - recomendada para obesos ou pacientes com sobrepeso (IMC>25kg/m2!) acompanhado de co-morbidades (DM, HAS ou dislipidemias). Os medicamentos dividem-se em três categorias: A. Atuam no SNC modulando apetite e comportamento alimentar -catecolaminérgicos (femproporex, anfepramona, dietilpropiona, mazindol e bupropiona); -serotoninérgicos (fluoxetina e sertralina); -mista (sibutramina). B.Aumentam termogênese – efedrina, cafeína e aminofilina C.Atuam inibindo a absorção de gorduras – orlistat. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010 - idealmente, deve-se estabelecer o grau de obesidade no qual se aceita a intervenção com medicamentos em cada população, mas os critérios aceitos são: 1) IMC de 30 kg/m2 ou 25 kg/m2 na presença de comorbidades; 2) falha em perder peso com o tratamento não farmacológico. Existem, atualmente, cinco medicamentos registrados para tratar a obesidade no Brasil: dietilpropiona (anfepramona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate. A maioria dos trabalhos que avaliaram o efeito do tratamento farmacológico na perda de peso estudou obesos sem outras doenças associadas (a maior parte deles composta de mulheres brancas), em que se adicionou orientação de dieta hipocalórica aos dois braços de tratamento (droga e placebo). MEDICAMENTOS ANTIOBESIDADE a.Sibutramina Age inibindo a recaptação de norepinefrina e serotonina, além de amplificar os sinais de saciedade e induzir uma sensação de plenitude. A sibutramina induz perda de peso e parece melhorar os componentes da síndrome metabólica, como TG, colesterol total e HDL e insulina. Dose: 10mg/dia. Efeitos colaterais: aumentos modestos em pressão arterial e na frequência de pulso. Pacientes diabéticos tipo 2 em uso de metformina e sibutramina 15 mg tiveram pequenas reduções da glicose, hemoglobina glicada e triglicerídeos e pequenos aumentos do colesterol HDL em relação aos participantes que receberam placebo, e nenhum efeito sobre o colesterol total e o colesterol LDL. O uso de sibutramina em homens obesos com apneia do sono demonstrou que a perda de peso resultante de sua utilização se acompanhou de melhora na severidadeda apneia b.Orlistat O orlistat diminui a absorção de lipídios ligando-se à lípase pancreática e, por meio desse mecanismo, inibindo a hidrólise dos lipídios alimentares a ácidos graxos livres e monoacilgliceróis absorvíveis. Auxilia na perda de peso, adicionado à dieta hipocalórica, e na manutenção da perda de peso. Dose: 120mg. Efeitos colaterais: distúrbios gastrointestinais e pequena redução nas vitaminas lipossolúveis. c.Exenatide Exenatide é uma terapia injetável para DM tipo 2, que se assemelha à ação do hormônio pancreático incretina, que estimula a secreção de insulina. Reduz HbA1C e peso, sem aumentar a incidência de hipoglicemia. d.Pramlintide É um peptídeo injetável que imita a atividade da amilina, um hormônio pancreático, que junto a insulina, controla os níveis pós-prandiais de glicose. Indicado para tratamento de DM tipos 1 e 2 e pode ser usado em associação com insulina ou metformina. e.Rimonabanto Atua no sistema endocanabinóide, regulando a ingestão alimentar, acúmulo de lipídios e do metabolismo de lipídios e glicose Dose: 5 a 20mg/dia (em estudos clínicos). f.Fluoxetina e outros inibidores da recaptação de serotonina (Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010) Alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina e sertralina), usados para tratar depressão, podem proporcionar efeito de perda de peso, embora não tenham indicação formal no tratamento de obesidade. A fluoxetina demonstrou efeito transitório de perda de peso, presente principalmente nos seis primeiros meses de uso, após o qual ocorre recuperação do peso perdido, não sendo por isso indicada para tratamento em longo prazo da obesidade. g.Anorexígenos catecolaminérgicos (Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010) Documentaram-se com dietilpropiona e mazindol sintomas leves a moderados de estimulação dos sistemas nervoso central (incluindo insônia, nervosismo e euforia) e cardiovascular (incluindo taquicardia e, ocasionalmente, elevação da pressão arterial). Um inquérito epidemiológico norte-americano não sugere associação do uso de dietilpropiona e mazindol à hipertensão pulmonar. Em razão da ausência de estudos de longa duração (superior a um ano), não há evidência de eficácia e segurança de uso de dietilpropiona e mazindol em longo prazo. Não há estudos clínicos publicados com femproporex. a.Avaliação laboratorial (MOREIRA & CHIARELLO, 2008) 9 Incluir exames como: - hemograma completo; - lipidograma; - glicose e insulina; - hemoglobina glicosilada; - ureia, creatinina e ácido úrico; - sódio, potássio, magnésio, cálcio, zinco e ferro; - vitamina B12 e ácido fólico; - ferritina e ceruloplasmina; - hormônios tireoidianos. Pode-se conjugar ainda o coprológico funcional, dosagem de homocisteína do plasma e EAS. TRATAMENTO CLÍNICO Visa a interrupção do ganho de peso, a obtenção e estabilização do peso que seja capaz de beneficiar a saúde do indivíduo, além de controle e prevenção de co- morbidades. ABORDAGEM DIETÉTICA: Critérios para seleção das estratégias de tratamento da obesidade, de acordo com o IMC e a presença ou não de fator de risco Pontos de corte do IMC (kg/m2) 25,0 a 29,9 30,0 a 34,9 35,0 a 39,9 > 40,0 Sem fator de risco Manter peso, dieta saudável, exercício. Perda de 5-10% do peso corporal. Perda > 10% do peso corporal, em geral as drogas são necessárias. Perda de 20-30% do peso corporal. Com fator de risco Enfoque na dieta, exercícios e mudanças de comportamentos. Após 3 meses sem sucesso, propor déficit energético leve para perda de 5-10 kg em 24 semanas. Se insucesso, avaliar a necessidade de tratamento medicamentoso. Enfoque na dieta, exercício e mudança de comportamento. Após 12 semanas sem sucesso, considerar a necessidade e tratamento medicamentoso. Perda de 20-30% do peso corporal. Se insucesso, encaminhar ao especialista ou considerar a possibilidade do tratamento cirúrgico. Se insucesso, encaminhar ao especialista ou considerar a possibilidade do tratamento cirúrgico. É fundamental a adoção de dietas que tenham valor calórico reduzido frente ao VT (dieta hipocalórica), porém superior ao GEB, pelo risco de doença reumatológica tipo gota, complicações cardíacas e cálculo biliar. Recomenda-se fracionamento dietético em 5 – 7 refeições diárias, redução do consumo de gorduras totais e aumento de ingestão de fibras. A restrição de gorduras, independente de outras abordagens, pode promover redução de 3 – 4kg em 6 meses. PLANOS DIETÉTICOS Todas as dietas hipocalóricas, se sustentadas em longo prazo, levam à perda de peso. Entretanto, em curto prazo, as dietas cetogênicas, ricas em gorduras e escassas em carboidratos, causam maior perda de água do que de gordura corporal. As dietas escassas em carboidratos e ricas em gorduras, especialmente saturadas em colesterol, são também ricas em proteínas animais e deficientes em vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, magnésio, ferro, potássio e fibras. Portanto, requerem suplementação. As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente utilizada a Harris-Benedict. As dietas restritas em calorias são consideradas os métodos mais utilizados para redução de peso. Um déficit calórico de 500 – 1000 kcal atinge a meta. Suplementação vitamínica e minerálica (em especial o mineral cromo, em virtude do auxílio no tratamento da resistência à insulina) em programas com VCT inferior a 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal para homens. Segundo CHEMIN & MURA (2011), os fundamentos dos planos alimentares para o tratamento de obesidade incluem: - promoção de balanço energético negativo, em que a reserva adiposa será usada como substrato energético; - manutenção do peso perdido; - prevenção de futuros ganhos de peso corporal. Os planos alimentares adequados não devem extrapolar a TMB e respeitar a distribuição de macronutrientes na proporção de 55 – 60% para CHO (CUPPARI 2014 libera até 20% de CHO simples); 15 – 20% PTN (0,8 – 1,0g/kg) e 20-25% LIP (CUPPARI 2014 distribui em no máximo 7% de saturados e 10% de PUFAS), além de atender as necessidades diárias de micronutrientes Os planos podem ser subdivididos em: Leve restrição ≥1200kcal/dia Moderada restrição >800kcal (1000 – 1400kcal) Grande restrição 800 – 1200kcal (10-19kcal/kg) Muito baixo VC 400-800kcal (10kcal/kg) . I. DIETAS RESTRITAS EM CALORIAS É o método mais utilizado prescrito para redução de peso. Um déficit calórico de 500 – 1000 kcal atinge a meta. Rica em carboidratos quantidades generosas de proteínas (15 – 25% VET), para prevenir a conversão da proteína da dieta em energia. Incluir fibra extra (aumenta a saciedade e reduz a eficiência de absorção intestinal). 10 Suplementação vitamínica e minerálica em programas com VCT inferior a 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal para homens. MOREIRA & CHIARELLO (2008) - Necessidades nutricionais: um método prático é utilizar 20 – 25kcal/kg de peso atual/dia. Segundo o Consenso Latino- Americano de Obesidade e I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento de Síndrome Metabólica indicam uma redução de 500 – 1000kcal do VET para promover perda de peso de 0,5 – 1,0kg/semana. As dietas entre 800 – 1200kcal/dia não são indicadas. A perda de até 1kg/semana é considerada ideal. A perda de 5 – 10% do peso corpóreo é considerada benéfica quando mantida por mais de 1 mês. Segundo o Consenso Latino-Americano de Obesidade e I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento de Síndrome Metabólica recomenda-se a seguinte distribuição: - PTN 15-20% (não menos que 0,8g/kg); - CHO 55-60%; - LIP 20-25%. Em relação aos lipídios, a AHA recomenda não mais que 30% do VET de lipídios, sendo <10% de saturados (se dislipidêmicos deverá ser <7%),<10% PUFAS e 10 – 15% MUFAS. Ingestão inferior a 15% do VET à base de lipídios pode reduzir HDL e aumentar TG séricos. Quanto às fibras, a ADA recomenda de 20-35g, sendo pelo menos 25% de solúveis. Pacientes obesos podem ter tolerância diminuída à glicose. O cromo é um componente ativo do Fator de Tolerância à Glicose (TGF). Outros elementos incluem: niacina, cisteína, glicina e ácido glutâmico. Outro ponto seria a ansiedade e depressão associadas a diminuição de serotonina. A síntese de serotonina é dependente de triptofano e total de CHO da dieta. Outros fatores necessários para síntese incluem: vitamina B6, magnésio e ácido fólico. - Alimentos funcionais e obesidade: estuda-se a soja e o chá verde. A soja é rica em fitoestrógenos, que parecem reduzir a gordura corporal e insulina de jejum. Além de aumentar HDL. O consumo de soja deve ser incentivado. Tofu e missô tem maior disponibilidade de isoflavonas. Deve-se ingerir pelo menos 2,25mg de isoflavonas por g de soja. O chá verde tem ação antioxidante e aumento de termogênese, através da ação das catequinas. O cosumo de chá verde entre 3 e 5g de folha/dia não apresentou efeitos satisfatórios. - Características do programa alimentar: Deve-se atentar: - fracionamento: pelo menos 5 refeições/dia (CUPPARI 2014 recomenda cerca de 6 refeições diárias); - consistência: sólida, comer lentamente e mastigar bem; - volume: podem ser de grande volume, mas de baixo valor calórico; - temperatura: alimentos quentes promovem saciedade mais rápido. II. DIETAS DO SISTEMA DE SUBSTITUIÇÃO III.DIETAS COM FÓRMULAS E PROGRAMAS DE SUBSTITUIÇÃO DE REFEIÇÃO Valor calórico total variando de 1000 – 1600 kcal com bebidas ou barras substituindo refeições. IV. PROGRAMAS COMERCIAIS V. DIETAS DE BAIXO VALOR CALÓRICO (CUPPARI, 2014) 10 a 19kcal /kg de PESO DESEJÁVEL. VI. RESTRIÇÃO EXTREMA DE ENERGIA As dietas com restrição extrema de energia fornecem menos de 800 kcal/dia e a inanição ou as dietas de jejum ou de fome fornecem menos de 200 kcal/dia. a)Jejum: Mais de 50% da perda rápida de peso é de líquidos, levando a problemas como hipotensão. O acúmulo de ácido úrico pode precipitar episódios de gota; e também podem ocorrer cálculos biliares. b)Dietas de valor calórico muito baixo (VLCD): Fornecem de 200 – 800 kcal, ou cerca de <10kcal/kg de PESO DESEJÁVEL/dia (CUPPARI, 2014). Características das VLCD: Hipocalóricas; Ricas em proteínas (0,8 – 1,5g de proteínas/kg de peso corporal ideal); Suplementadas por vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais; Ministradas por 12 – 16 semanas; Rápida perda de peso (20kg, com manutenção de 33 – 50% do peso perdido no ano seguinte); Reservada a indivíduos com IMC>30kg/m2 que não obtiveram sucesso com outros programas de dietas associados a psicoterapia. Ocasionalmente podem ser indicadas para indivíduos com IMC de 27 – 30 com co- morbidades ou fatores de risco. DAN WAITZBERG (2009) fornecem de 1,5 a 2,0g de proteína/kg/dia. Formas de VLCD: Dieta de jejum modificadora poupadora de proteína (PSMF) 1,5g de proteína/kg de PCI na forma de carne magra, peixe e aves, sem carboidratos e apenas gorduras contidas nos alimentos. Possui alta taxa de excreção de nitrogênio 11 – 23g declinando gradualmente nos primeiros dias (adicionar 100g de glicose/dia para prevenir futuras perdas de nitrogênio). Dietas líquidas baseadas em proteína do leite ou de ovos. Contêm 33 – 70g de proteína, 30 – 45g de carboidrato e pouca gordura. ATENÇÃO – DAN WAITZBERG 2009 / CHEMIN & MURA 2011 / CUPPARI 2014 - redução de 500 a 1000Kcal/d com relação a anamnese alimentar, para uma perda de 0,5 a 1kg por semana. Segundo a Cuppari (2014), para o cálculo direto, sugere-se 15 a 20kcal/kg de peso ATUAL/dia, não inferior ao GEB. 11 PACIENTES OBESOS HOSPITALIZADOS (DAN WAITZBERG, 2009): As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente utilizada a Harris-Benedict. Pode-se utilizar também as fórmulas preconizadas pela OMS, onde: Homens: 18 – 30 anos: 64,4 x P – 113 x A + 3000/4,25 31 – 60 anos: 19,2 x P – 66,9 x A + 3769/4,25 Mulheres: 18 – 30 anos: 55,6 x P – 1397,4 x A + 146/4,25 31 – 60 anos: 36,4 x P – 104,6 x A + 3619/4,25 Se sedentários, multiplicar por 1,3; se ativos multiplicar por 1,5. Segundo MOORE, citado por WAITZBERG (2009), o cálculo das necessidades calóricas para pacientes obesos é estimado a partir da determinação do peso ideal, multiplicando-se, segundo atividade física: - sedentário: 20 - 25kcal/kg PI; - atividade moderada: 30kcal/kg PI; ou - atividade intensa: 35 – 50kcal/kg PI. A partir daí, devem-se subtrair 500 a 1000kcal, para alcançar perda de peso de 0,5 a 1,0kg/semana. Outro fator é que o gasto basal está modificado em pessoas com peso 125% acima do peso ideal, deste modo, sugere-se ajuste do peso, onde: Peso ajustável = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso ideal Uso de alimentos substitutos de gorduras e carboidratos. DIRETRIZES BRASILEIRAS DA OBESIDADE 2009/2010 DIETAS BALANCEADAS Caracterizam-se por serem compostas de 20% a 30% de gorduras, 55% a 60% de carboidratos e 15% a 20% de proteínas. Essas dietas são calculadas para promover um déficit de 500 a 1.000 kcal/d, com um mínimo de 1.000 a 1.200 kcal/d para as mulheres e 1.200 a 1.400 kcal/d para os homens. O objetivo das dietas balanceadas é permitir ao consumidor a escolha de maior variedade de alimentos, adequação nutricional, maior aderência, resultando em perda de peso pequena, mas sustentada. Diferentes percentuais variando entre 10%, 20%, 30% e 40% das calorias da dieta provenientes de gorduras não influenciaram a perda de peso nem a redução no percentual de massa gorda corpórea de mulheres adultas e obesas submetidas à restrição calórica e exercícios durante 12 semanas. Dietas com 1.000 a 1.200 kcal/dia resultam em perda de 7 a 13 kg (média de 8%) e redução na gordura abdominal medida pela circunferência abdominal em média de 10 cm, no período de seis semanas a seis meses. Dietas hipocalóricas balanceadas, com quantidades moderadas de gorduras, reduzem o LDL colesterol, normalizam os triglicerídeos e diminuem a pressão arterial. DIETAS ESCASSAS EM GORDURAS E MUITO ESCASSAS EM GORDURAS (MENOS DE 19%) Estas dietas ricas em carboidratos e com quantidades moderadas de proteínas foram historicamente desenvolvidas para prevenir ou reverter doença cardiovascular e não para perder peso. Tais dietas constituem-se em vegetais, frutas, grãos integrais, feijão, moderada quantidade de ovos, laticínios escassos em gorduras, produtos de soja e pequenas quantidades de açúcar e farinha. Dietas escassas em gorduras, que objetivam a manutenção do peso, diminuem de modo significativo o colesterol total (-12,5%), LDL (-17,1%) e HDL colesterol (- 22,8%), mas aumentam também os triglicerídeos, de maneira significativa, em 47,3%. Em contraste, dietas escassas em gorduras hipocalóricas, que objetivam a redução de peso, resultam em diminuição de 24,3% do LDL colesterol, e os níveis de triglicerídeos permanecem inalterados. DIETAS DE BAIXÍSSIMAS CALORIAS As dietas de baixíssimas calorias, usualmente, proveem 400 a 800 kcal por dia e devem conter 0,8 a 1 g por quilo do peso ideal por dia de proteínas de boa qualidade e quantidades diárias recomendadas de minerais, vitaminas e ácidos graxos essenciais. São utilizadas como única fonte de nutrição durante quatro a 16 semanas e, em geral, são efetivas para pacientes que não obtiveram sucesso com outros tratamentos ou que tenham comorbidades importantes, sendo necessária intensa supervisão. As dietas de baixíssimas calorias são úteis para induzir rápida perda de peso e motivar o paciente muito obeso, mas deve-se utilizá-las por longos períodos.Devem ser seguidas por outro tratamento para manter a perda de peso. DIETAS COM GORDURAS MODIFICADAS Existem algumas evidências de que a substituição de gordura saturada por gorduras monoinsaturadas (MUFAs), como azeite de oliva, abacate e nozes, pode melhorar o perfil lipídico e o controle glicêmico, além de auxiliar na perda de peso. Deve-se efetuar estudos de longo prazo sobre a eficácia das dietas ricas em MUFAs, antes que se possa recomendá- las como baseadas em evidência. DIETA DO ÍNDICE GLICÊMICO O índice glicêmico é usado para medir o relativo aumento da glicemia após uma quantidade-padrão de dieta de carboidratos. Comidas como vegetais não feculentos, legumes, frutas e derivados do leite têm baixo índice glicêmico, enquanto produtos com grãos refinados e batatas, um alto índice glicêmico. Alimentos com alto índice glicêmico, calorias por calorias, elevam mais os níveis de insulina do que os com baixo índice glicêmico, sugerindo que os que possuem alto índice glicêmico podem promover ganho de peso por dirigirem preferencialmente os nutrientes da oxidação no músculo para estocagem na gordura. 12 Propôs-se que dietas com baixo índice glicêmico podem auxiliar na perda de peso. Realizou-se pequeno número de estudos de curto prazo com dietas com baixo índice glicêmico em casos de obesidade infantil, diabetes tipos 2 e 1, mas nenhum por períodos superiores a um ano, o que não valida essa dieta para recomendação. PERDA DE PESO: TRATAMENTOS HETERODOXOS E SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE OBESIDADE 2009/2010) ACUPUNTURA A acupuntura é a inserção de pequenas agulhas em vários locais do corpo, com propósitos terapêuticos, entre eles a redução de peso. Sugere-se que o estímulo do ramo auricular do nervo vagal aumente o tônus do músculo liso do estômago, suprimindo o apetite. Há necessidade de maior investigação para que se possa indicar acupuntura ao tratamento da obesidade. AROMATERAPIA Este tipo de terapia baseia-se na teoria de que a exposição a estímulos olfativos particulares poderia, de alguma forma, reduzir a ingestão alimentar e, como consequência, haver redução do peso. Não existem evidências científicas que comprovem seu mecanismo de ação ou eficácia. FITOTERAPIA 1.EPHEDRA SINICA Ephedra sinica ou ma-huang, nome chinês da planta Ephedra, é frequentemente utilizada para perder peso e, em geral, combinada com outros compostos, como cafeína e/ou aspirina. A frequência e a magnitude dos efeitos colaterais e a ineficácia dos suplementos contendo efedrina contraindicam seu uso no tratamento da obesidade. 2.ERVA-DE-SÃO JOÃO (HYPERICUM PERFORATUM) É uma planta nativa da Europa, da Austrália e das Américas. Seus extratos, que parecem ter ação serotoninérgica, são utilizados para tratar depressão. Não existem evidências científicas de que a erva-de-são joão seja eficaz para reduzir peso. 3.GARCINIA CAMBOGIA Esta substância, extraída da casca de uma fruta cítrica exótica (Brindall berry ou brindleberry), contém ácido hidroxicítrico, que inibe a clivagem enzimática do citrato. Segundo seus defensores, além de aumentar a taxa de síntese hepática de glicogênio, inibe o apetite e a estocagem de gordura corporal. Apesar de não terem sido documentados efeitos colaterais significantes, não existem estudos de longo prazo a esse respeito. Atualmente, não há dados convincentes para o uso da garcínia como agente antiobesidade. 4.IOIMBINA (PAUSINYSTALIA YOHIMBE) A Yohimbe é uma planta nativa da África Central. O constituinte ativo dessa planta é a ioimbina, antagonista do alfa-2 receptor. Nos três estudos randomizados encontrados, nos quais se comparou a substância isoladamente com placebo, os resultados foram conflitantes. Descreveram-se efeitos colaterais como irritabilidade, artralgias e cefaleia. Até o momento, não há evidências clínicas de que se possa indicar a ioimbina para reduzir peso. 5.PSYLLIUM (PLANTAGO) Psyllium é uma fibra hidrossolúvel derivada da semente da Plantago ovata. Propõe-se que o uso dessa fibra aumente a saciedade, reduzindo a ingestão calórica. Apesar de haver uma sugestão de discreta redução na ingestão alimentar, os estudos até agora realizados não demonstram diferença na perda de peso de indivíduos obesos usando 15 a 30 g/dia do suplemento, quando comparado ao placebo. A ingestão da fibra relaciona-se a distúrbios gastrointestinais, como flatulência, diarreia e náuseas, além de interferir na absorção de medicamentos, como antibióticos e digitálicos, e potencializar a ação de drogas anticoagulantes. SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS 1.ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO (ALC) O ácido linoleico conjugado é produzido, naturalmente, no aparelho gastrointestinal dos animais ruminantes, pelas bactérias fermentativas que isomerizam o ALC. Trata-se de ácidos graxos tipos trans encontrados, principalmente, na carne bovina e seus derivados, incluindo manteiga e queijos. Os estudos até agora realizados não justificam o uso desse suplemento no tratamento da obesidade. 2.CAFEÍNA A cafeína pertence a um grupo de compostos solúveis chamados purinas1(D) (1,3,7-trimetilxantina), encontradas naturalmente em grãos de café e cacau, chás, guaraná, chocolate, bebidas à base de colas e sob a forma de comprimidos. A cafeína estimula a liberação de adrenalina que age como antagonista dos adenina-receptores nos adipócitos. Com isso, há aumento dos níveis intracelulares do 3,5- monofosfato de adenosina, o qual ativa a lipase hormônio- sensível, promovendo a lipólise, havendo liberação de ácidos graxos livres na circulação. Também não existem estudos que mostrem que o guaraná e as colas reduzam o peso corporal. 3.CAPSAICINA A capsaicina é uma substância presente nas pimentas e pimentões. In vitro, ativa a colecistocinina (a qual suprime o apetite), estimula a secreção de adrenalina, a gliconeogênese, a lipólise e a termogênese. Existem poucos estudos em humanos, sendo a maioria de curto prazo, realizados com indivíduos magros e que não comprovam as ações termogênica, anorexígena e redutora de peso. 4.CROMO O cromo é um mineral essencial, considerado um cofator da insulina. Tem-se investigado seu papel no metabolismo de carboidratos e proteínas. Utiliza-se o picolinato de cromo, um derivado orgânico composto de cromo trivalente e ácido picolínico, em muitas fórmulas para emagrecimento, não há suporte teórico ou prático para o uso de suplementos com cromo no tratamento da obesidade. 5.QUITOSANA A quitosana é um polissacarídeo catiônico, polímero da glucosamina, derivado da quitina, componente do exoesqueleto e conchas dos artrópodes: caranguejos, camarões e lagostas. Na ausência de dieta hipocalórica, não há efeito da quitosana na perda de peso. Além disso, não se demonstrou a presença de gordura nas fezes dos indivíduos testados. Não se determinou rigorosamente a segurança do uso da substância, bem como 13 não se avaliou o efeito sobre a absorção de vitaminas lipossolúveis em longo prazo. 6.HIDROXIMETILBUTIRATO O hidroximetilbutirato (HMB) é um metabólito da leucina encontrado naturalmente em peixes, frutas e no leite humano. Também está disponível como suplemento dietético, usado primariamente por atletas com o objetivo de aumentar a massa muscular e reduzir o tecido adiposo. É importante salientar que os estudos sempre foram feitos por prazo curto e em indivíduos que praticavam exercícios físicos orientados. Não se testou a eficácia do HMB em indivíduos obesos sedentários ou não. Dessa forma, ainda não existem evidências que corroborem o uso dessa substância no tratamento da obesidade. 7.PIRUVATO Tem-se efetuado suplementação nutricional com piruvato, com o intuito de modificar a composição corporal e melhorar a performance atlética. A maioria dos estudos não é randomizada ou duplo-cego e utiliza o piruvato em grande quantidade (de 2% a 15% dototal de calorias), associado à dieta hipocalórica e à atividade física. Apesar de não haver relatos de efeitos adversos, não se verificou devidamente sua segurança. Considerando a avaliação rigorosa dos estudos clínicos, existem fracas evidências de que o piruvato auxilie os obesos a perderem peso. HIPNOSE Apesar de a hipnose ser utilizada para auxiliar a perda de peso, a maioria das revisões feitas até hoje conclui que a hipnose per se tem pouco ou nenhum efeito na redução e na manutenção do peso perdido USO DE ALIMENTOS SUBSTITUTOS DE GORDURAS E CARBOIDRATOS A.SUBSTITUTOS DE GORDURAS Olestra éster de ácido graxo com a sacarose. Não possui calorias. Não é absorvido e a eliminação é fecal. Possui efeitos adversos na absorção de carotenóides, vitaminas lipossolúveis e medicamentos. Aumenta a velocidade de trânsito intestinal. É utilizada em preparações submetidas a altas e frias temperaturas. Simplesse é derivado da proteína da clara do ovo, do leite desnatado ou do soro do leite. Fornece de 1-2kcal/g. Possui absorção igual das proteínas. Efeitos adversos relatados em pacientes alérgicos Às frações proteicas citadas. Pode ser utilizados em coberturas e recheios, produtos de sobremesa refrigerados ou congelados. A alta temperatura provoca coagulação de proteínas. B.SUBSTITUTOS DE CHOS Acessulfame K sal potássio da sulfonamida cíclica, derivada do ácido acetoacético. Edulcorante artificial, pó branco, cristalino, inodoro e sem sabor residual. Excretado na urina. Pode ser usada por diabéticos. Poder de doçura 200x superior ao açúcar. Não calórico. Estável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 15mg/kg/dia. Aspartame éster metílico dos aminoácidos fenilalanina e ácido galacturônico. Edulcorante artificial, pó branco, cristalino, inodoro e de intenso sabor doce. Poder de doçura 200x superior ao açúcar. Valor calórico de 4kcla/g. Instável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 40mg/kg/dia. Proibido para fenilcetonúricos. Sucralose derivado do açúcar com ligações carbono- cloro. Edulcorante artificial não calórico. Excretado nas fezes. Estável a altas temperaturas. Poder de doçura 600x superior ao açúcar. Ingestão aceitável: 45mg/100g de alimento dietético ou 25mg/100mL de bebida dietética. Estévia Extraído da Stevia rebaudiana. Edulcorante natural, sabor semelhante a sacarose, residual amargo de mentol. Eliminado pela urina. Estável em altas temperaturas. Poder de doçura 300x superior ao do açúcar. Não calórico. Ingestão aceitável: 5,5mg/kg/dia. Sorbitol poliol encontrado em frutas (maçã, pêra e ameixas). Natural. Poder de doçura inferior ao açúcar. Estável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 20 - 30g/dia. Ciclamato Edulcorante artificial de gosto metálico. Poder de doçura 30x superior ao açúcar. Não calórico. Estável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 11mg/kg/dia. Sacarina derivado do tolueno ou do anidrodo ftálico. Artificial com sabor residual amargo. Não calórico. Poder de doçura 300x superior ao açúcar. Estável em altas temperaturas. Ingestão aceitável: 2,5mg/kg/dia. ANORMALIDADES METABÓLICAS ASSOCIADAS À OBESIDADE 1.SÍNDROME METABÓLICA (DAN 2009) A síndrome metabólica constitui diversidade de anormalidades metabólicas que são fatores de risco para DCV. Os critérios mais utilizados são os da OMS e do NCEP ATPIII. As características comuns aos grupos são OBESIDADE ABDOMINAL (IMC elevado e/ou grande circunferência de cintura), metabolismo da glicose alterado, dislipidemias e elevação da pressão arterial. A alteração do metabolismo de ácidos graxos livres associada mais especificamente à obesidade abdominal está provavelmente envolvida na patogênese da síndrome metabólica. Tabela 11: Critérios para SM segundo NCEP e OMS. NCEP ATPIII OMS Glicemia de jejum >100mg/dl >100mg/dl; ou TTOG> 140mg/dl Obesidade abd Homens Mulheres CC>102cm CC>88cm RCQ>0,9 RCQ>0,85 Ou IMC>30kg/m2 Triglicerídeos ≥150mg/dl ≥130mg/dl HDL Homens Mulheres <40mg/dl <50mg/dl <36mg/dl <39mg/dl Pressão Arterial ≥130/85mmHg ≥140/90mmHg Microalbuminúria Sim 2.RESISTÊNCIA À INSULINA (DAN 2009) A liberação excessiva de ácidos graxos livres (AGL) no plasma pelo tecido adiposo e a concentração plasmática elevada de ácidos graxos livres podem alterar a capacidade de insulina em estimular a captação de glicose pelo músculos e em suprimir a produção hepática de glicose. A resistência à insulina induzida pelos ácidos graxos livres nos músculos e fígado ocasiona portanto uma 14 produção hepática excessiva de glicose e uma utilização de glicose insuficiente pelos tecidos periféricos. A diminuição na sensibilidade à insulina pelos ácidos graxos livres é compensada até certo ponto por um aumento na secreção de insulina induzido pelos ácidos graxos livres, que serve provavelmente como mecanismo feedback para proteger o corpo dos efeitos prejudiciais da resistência à insulina. 3.DISLIPIDEMIA (DAN 2009) Durante condições pós-absortivas muitos triglicerídeos plasmáticos circulam na região central das lipoproteínas VLDL, que são produzidas e secretadas pelo fígado. Mais de dois terços dos triglicerídeos secretados pelo fígado em VLDL derivam dos ácidos graxos plasmáticos liberados durante a lipólise no tecido adiposo subcutâneo. Além disso, excessiva massa adiposa visceral também pode contribuir para a razão aumentada de secreção de TG- VLDL em pacientes obesos. Aproximadamente 20% dos AGL levados ao fígado derivam de TG do tecido adiposo visceral. Um aumento de TG plasmáticos aumenta a transferência de TG das lipoproteínas VLDL para as HDL, em troca do colesterol, o que acarreta diminuição da concentração de HDL colesterol. 4.HIPERTENSÃO (DAN 2009) Anormalidades no metabolismo de AGL ajudam a explicar a ocorrência de hipertensão e resistência à insulina. Concentração aumentada de AGL causam vasocontrição, especialmente quando a captação de glicose mediada pela insulina alterada devido a elevação da concentração plasmática de AGL. Além disso, pode ocorrer aumento de pressão arterial em consequência de resistência à insulina no endotélio, outro ponto é que a hiperinsulinemia aumenta a reabsorção renal de sódio. OBESIDADE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES 1.DISFUNÇÃO ENDOTELIAL (DAN 2009) A disfunção endotelial é considerada como evento patogênico precoce nas DCV. O endotélio vascular libera fatores vasoativos, de relaxamento e de contração, que são importantes para o controle do tônus vascular. Um desequilíbrio de fatores de controle de tônus vascular que ocasione vasocontrição promove inflamação vascular, trombose e aterosclerose. A perda da capacidade vasodilatadora na vasculatura periférica, isto é disfunção endotelial, é um bom fator de predição de eventos vasculares (AVE e ataques cardíacos). Além disso, a hiperglicemia e hipertrigliceridemia, frequentes entre obesos, forma demonstrados alterando a vasodilatação produzida pelo óxido nítrico. IL-=6 e TNF liberados pelo tecido adiposo, deficiência de adiponectina e resistência à leptina parecem causar vasoconstrição. 2.TROMBOSE (DAN 2009) A obesidade é considerada como condição pré- trombótica, devido à atividade aumentada da cascata de coagulação, que não é plenamente compensada pela atividade aumentada da cascata fibrinolítica. Indivíduos obesos têm concentrações elevadas de fibrinogênio, fator de Von Willebrand, fator VII e do inibidor do ativador do plasminogênio-1. Adipocinas, como IL-6 e TNF, são os principais fatores responsáveis pelo aumento nos fatores pró-trombóticos. A leptina, outra adipocina, foi apontada como responsável pela promoção de trombose. 3.ATEROSCLEROSE (DAN 2009) A resistência à insulina parece ser uma causa importante de aterosclerose, além disso, várias adipocinas, que se encontram aumentadas na circulação de indivíduos obesos (p. ex., leptina, IL-6 e TNF),forma demonstradas como promovendo o desenvolvimento aterosclerose. 4.INFLAMAÇÃO (DAN 2009) O tecido adiposo produz várias citocinas inflamatórias, que podem induzir resistência à insulina e a adiponectina, que aumenta a inflamação diretamente ou estimulando a produção hepática da proteína C reativa. A inflamação pode portanto ser um fator importante na patogênese da síndrome metabólica, pois pode levar à resistência à insulina, e pode ser uma ligação entre síndrome metabólica e as DCV. Exercício (KRAUSE) O exercício é extremamente importante no controle do peso, pois promove aumento do gasto energético. A combinação entre exercício de resistência (promove aumento de massa magra) e aeróbico (queima energética por aumento da TMR) pode promover perda ao redor de 2 a 3kg, dependendo da duração, intensidade e tipo de exercício. Problemas comuns encontrados no controle da obesidade (KRAUSE) Efeito Platô: considera-se efeito platô o permanecimento no mesmo nível de peso por bom tempo. Reflete uma redução de lipídeos no adipócito até algum sinal que exija ajuste metabólico e manutenção de peso. Além disso, qualquer perda de peso promove perda de massa magra, consequentemente, diminuição da TMR. Logo, atinge-se um estado de equilíbrio no qual a ingestão de energia equilibra-se com o gasto. A menos que se diminua o VCT ingerido ou aumente-se o gasto, a perda de peso para neste ponto. Ciclo do peso ou efeito ioiô significa perdas e reganho de peso, a cada volta do ciclo leva-se mais tempo para perder a mesma quantidade de peso e menos tempo para recuperá- la. Pode ocorrer por razões metabólicas ou comportamentais. 15 COMPOSIÇÃO DOS PLANOS ALIMENTARES PARA PREVENÇÃO DE DCNT (CHEMIN & MURA 2011) LIP 15 – 30%VCT AGS <10%VCT AGPI 6 – 10%VCT W3 5 – 8% VCT W6 1 – 2% VCT CHO 55 – 75% VCT AÇÚCARES <10% VCT PTN 10 – 15% VCT COLESTEROL <300mg NaCl (sódio) <5g (<2g) Frutas e vegetais >400g Fibras >25g Fibras solúveis 20g CUIDADO NUTRICIONAL NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA Indicados para pacientes com IMC>40 ou a partir de 35 com outros fatores de risco. Indicações: a) presença de morbidades, que resulta da obesidade ou é por ela agravada, como apneia do sono; b) persistência de IMC>40kg/m2 ou de excesso de peso superior a 45kg por vários anos. A faixa de IMC pode ser reduzida para 35kg/m2 na presença de comorbidades; c) fracasso de métodos conservadores de emagrecimento bem conduzidos; d) ausência de causas endócrinas de obesidade; e) avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o paciente suportar as transformações radicais de comportamento impostas pela operação. Adiciona-se: Motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia e ausência de contraindicações. Condições que contraindicam cirurgia: a) pneumonias graves, como enfisema avançado ou embolias pulmonares repetidas; b) insuficiência renal; c) lesão acentuada do miocárdio; d) cirrose hepática; e) distúrbios psiquiátricos ou dependência de álcool ou drogas. TIPOS DE PROCEDIMENTOS a)Restritivas: banda gástrica ajustável, gastroplastia vertical com badagem. b)Mistas: bypass gástrico em Y-Roux com estoma calibrado ou anel de Capella. Perdas de peso de 35 – 40%, mantidas em longo prazo, e com taxa de reganho tão baixas quanto 5%. São consideradas o padrão-ouro, indicadas à maioria dos obesos mórbidos. c)Disabsortivas/Malabsortivas: derivação biliopancreática de Scopinaro e duodenal switch de Heiss. Indicadas para superobesos, oferecem perda de peso de 40 – 45% e para aqueles que não aceitem restrição alimentar. BALÃO INTRAGÁSTRICO (BIG) Trata-se de um procedimento endoscópico, e não de uma cirurgia propriamente dita. Pode ser utilizado como método auxiliar para perda de peso no pré-operatório. Só se pode utilizar o balão por até seis meses e, se houver necessidade de recolocá-lo, deve-se aguardar um intervalo de 30 dias. Apesar de ser um procedimento de baixo risco, em geral cursa com reganho de peso após sua retirada 16 ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a motivação para o seguimento das orientações dietéticas, como a importância de macro e micronutrientes após bariátrica, detectar carências nutricionais no pré-operatório, como deficiência de ferro e B12. COMPLICAÇÕES Entre as complicações relacionadas com a banda gástrica, há deslizamento gástrico da banda com aumento ou obstrução do neoestômago, erosão da banda, infecção do portal e dilatação esofagiana. As complicações pós-operatórias mais comuns de todas as técnicas descritas são tromboembolismo pulmonar, deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia e torção de alça intestinal (mais comuns no pós- operatório tardio). Nas técnicas disabsortivas e, em menor grau, na DGYR, há maior risco de se desenvolver diarreia com flatulência excessiva, desnutrição proteica, anemia ferropriva, deficiência de vitaminas e doenças osteometabólicas. A síndrome de dumping pode ocorrer após DGYR, quando houver ingestão de alimentos doces ou hiperosmolares. Tratamento nutricional a)Preparo pré-operatório Avaliação do estado nutricional: 1.Bioquímica; 2.Antropométrica; 3.Anamnese alimentar Tabela 12: Exames laboratoriais pré-operatórios. Compreensão do tratamento e educação nutricional. b)Tratamento pós-operatório Volume Nas cirurgias com bypass em Y-Roux, com reservatório gástrico em torno de 20mL, a ingestão aceitável é de no máximo 50mL por refeição. Nas derivações biliopancreáticas, com volume gástrico de 200 – 500mL, a ingestão pode ser de 300 – 500mL por vez. No duodenal switch, com capacidade gástrica de 150mL, a ingestão aceitável é de 200mL. Recomenda-se evitar período de jejum superior a 3h, para prevenir hipoglicemia. Com a introdução da alimentação com consistência normal, pode-se evoluir o volume, como por exemplo, no bypass em Y-Roux a 200/250mL por refeição. Evolução da alimentação Aumenta-se a consistência dos alimentos a cada 2 meses, podendo variar de acordo com a tolerância individual. No pós-operatório, após liberação dietética, inicia-se com a ingestão de água, progredindo com dieta de líquidos claros (ficando de 4 a 7 dias nesta conduta). O paciente evolui, segundo tolerância para a dieta líquida, permanecendo por 15 dias. Na quarta semana de pós- operatório faz-se uma dieta de transição para dieta pastosa. De rotina: Hemograma, coagulograma, sódio, potássio, uréia, creatinina, glicemia de jejum, bilirrubinas, transaminases, fosfatase alcalina, y-glutamiltransferase, colesterol total e frações, triacilgliceróis, proteína total, albumina, ácido úrico A critério: Hemoglobina glicosilada, fibrinogênio, insulina, hormônios tireoidianos, cálcio, magnésio, fósforo, fero, ferritina, transferrina, ácido fólico, vitamina B12 17 A segunda fase do tratamento corresponde à dieta pastosa com duração de 15 dias a 1 mês a depender da tolerância individual. A terceira fase corresponde à dieta branda com duração de 15 dias. A dieta branda possui duração até a consistência normal, permanecendo o controle de volume. A quarta fase, ou fase de dieta normal, atenta-se às adequações nutricionais, preocupando-se com a seleção dos alimentos ricos em proteínas, cálcio, ferro, vitaminas A e C e folatos avaliar demais carências nutricionais. O controle de volume deve ser mantido. PROTOCOLO DO DAN WAIZTBERG (2009) NO PÓS- OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA A.ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO (DAN 2010) Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a motivação para o seguimento das orientações dietéticas, como a importância de macro e micronutrientes após bariátrica,detectar carências nutricionais no pré-operatório, como deficiência de ferro e B12. B.ORIENTAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO (DAN 2010) A ingestão de alimentos inicia-se após período de 12 a 24horas pós-operatório, com líquidos em pequenos goles e fracionados. A dietética é dividida em quatro fases. Período 1: Alimentação líquida A duração desta fase é de duas semanas. A alimentação liquida ajuda a diminuir as chances de complicações mecânicas. Preconiza-se 30mL/hora. Conforme tolerância, pode-se evoluir para 100-120ml/hora durante o dia. Não utilizar canudos (possibilita aerofagia). Evitar bebidas com gás, café e bebidas alcoólicas. Beber bastante líquido, o ideal é 1200 a 1800ml/dia. Toda vez que houver ajuste da banda, voltar para a alimentação do período por uma semana. Período 2: Alimentação liquidificada (baixa em gordura e doce concentrado). Aproximadamente duas semanas após a intervenção cirúrgica. Todos os alimentos são liquidificados para a consistência de purê, cremes e papas. Este período de tratamento se mantém por duas semanas. Só é permitido 4 colheres de sopa (60g) por refeição. Ao sentir-se satisfeito deve para de comer. O mínimo recomendado de líquidos é 6 a 8 xícaras de chá (600 a 800ml), sendo as bebidas de baixa caloria. O ideal é consumo hídrico de 2,5 a 3,0L/dia. Nunca beba e coma ao mesmo tempo, esperar 30 minutos antes e após as refeições. Comer devagar, uma refeição deve durar de 30 a 45 minutos. As frutas devem ser cozidas, amassadas ou raspadas. Período 3: Alimentação pastosa (baixa em gordura e doce concentrado). Aproximadamente quatro semanas após a operação poderá ocorrer a progressão para a dieta pastosa, com duração de uma a duas semanas. Os alimentos são oferecidos sem passar no liquidificador, mas podem ser amassados com o garfo. Produtos cárneos devem ser servidos moídos, desfiados ou cortados em pequenos cubos. Ingerir primeiro os alimentos ricos em proteína. Meta: 70g de proteína/dia. As frutas devem ser amassadas ou raspadas. Evitar jejum superior a 3 horas. Período 4: Dieta normal (baixa em gordura e doce concentrado). Evitar frituras. Carnes devem ser preparadas grelhadas, assadas e cozidas. Ingerir primeiro os alimentos ricos em proteína. Meta: 70g de proteína/dia. Evitar jejum superior a 3 horas. 18 Tabela 13: Manifestações clínicas decorrentes de carências nutricionais na pós-bariátrica – CHEMIN & MURA. Local Sinais clínicos Carências Pele Xerose, hiperceratose folicular, petêquias excessivas Dermatite Pouco brilho Cicatrização deficiente Seca e áspera Vitaminas A, C e K Ácidos graxos essenciais, zinco e niacina Ferro, ácido fólico Proteínas, vitamina C e zinco Vitamina A e ácidos graxos essenciais Face Cabelos Palidez, seborreia nasolabial, edema de face Queda excessiva, perda de brilho, secos, quebradiços, despigmentação, fáceis de se arrancar Proteína, vitamina B2 Proteína, ácidos graxos essenciais Olhos Palidez conjuntival e inchaço, xerose, hemorragia, conjuntivite leve Ferro, vitaminas A, B2, B6 e C Lábios Queilose angular (lesões rosas ou brancas nos cantos da boca) Vitamina B2 Língua Língua magenta, atrofia e hipertrofia das papilas Vitamina B2, ácido fólico e niacina. Gengivas Gengivas retraídas, sangramento Vitamina C Unhas Quebradiças, em forma de colher, com cumes Ferro Tecido subcutâneo Edema, pouca gordura Proteínas e calorias Sistema cardiovascular Cardiomegalias Vitamina B1 Sistema nervoso Mudanças psicomotoras, fraqueza motora, alterações sensitivas, depressão, formigamento das mãos e dos pés: confusão e demência Proteína, vitamina B1, B5 e B12 Necessidades nutricionais (CHEMIN & MURA) Líquidos 2000 mL/dia; Proteínas 60 – 80g/dia. Em caso de depleção de proteína e glicogênio repõe-se de 1,5 – 2g/kg de peso corrigido/dia; Carboidratos avaliar a presença de Dumping, nestes casos, açúcares e alimentos ricos em açúcar simples deve ser excluído; Gorduras uso de alimentos e preparações com pouco gordura, por conta do alto valor calórico; Vitaminas e Minerais avaliar carências específicas (B12, ferro, cálcio em especial); Fibras introduzidas a partir do quarto mês como suplemento. Fibras solúveis – Benefiber®; Mix de fibras – Stimulance®. c) Complicações As complicações mais temidas no pós-operatório são sepse de origem abdominal, causada por deiscência de sutura, e o tromboembolismo pulmonar. Outras complicações menos graves: atelectasia pulmonar, hipoventilação, seroma, infecção de ferida operatória, hérnia incisional, litíase biliar e obstrução intestinal. A baixa ingestão de água é de risco para nefrolitíase. Nas cirurgias restritivas e mistas, alimentos proteicos mal mastigados podem impactar o reservatório gástrico proximal, formando benzoares. A má absorção nas cirurgias mal absortivas pode causar flatulência e diarreia/esteatorréia, sendo inconvenientes. Podem ser contornados com dieta pobre em gordura e metronidazol. d)Monitoração Além da avaliação da ingestão alimentar, do peso corporal e alterações de composição corporal, dentre outros parâmetros. Tabela 14: Exames laboratoriais pós-operatórios. e)Atividade física Recomenda-se, pelo menos, 30min de caminhada diária associada com hidroginástica, esporte ou dança. O exercício contribui para o emagrecimento e manutenção do peso perdido. f) Falha da cirurgia Perda de peso em excesso inferior a 50% caracteriza falha no tratamento. O emagrecimento insuficiente está relacionado à escolha inadequada da técnica, abuso de alimentos calóricos ou sedentarismo. A cada 6 meses Hemograma, coagulograma, glicemia de jejum, TGO, TGP, colesterol total e frações, proteína total, albumina, ácido úrico, cálcio total e ionizado, ferro, ferritina, transferrina, ácido fólico e vitamina B12. A critério Vitamina A, tiamina, vitamina D, zinco, magnésio, fósforo e PTH.
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