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22 AGRAVO CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU PEDIDO, EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, DE ELABORAÇÃO DE CÁLCULO ATUALIZADO DO DÉBITO PELO CONTADOR

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7.22	Agravo contra decisão que indeferiu pedido, em cumprimento de sentença, de elaboração de cálculo atualizado do débito pelo contador (agravante beneficiário da justiça gratuita)
7.22.1	Agravo de instrumento
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
R. A. S., representado por sua genitora R. A. G., brasileira, solteira, desempregada, portadora do RG nº 0.000.000-SSP/AL e do CPF nº 000.000.000-00, sem endereço eletrônico, residente e domiciliada na Estrada Mogi-Taiaçupeba, km 00, Vila Moraes, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua João Vicente Amaral, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe intimações (e-mail: gediel@gsa.com.br), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, não se conformando, data venia, com a r. decisão do Meritíssimo Juiz de Direito da Terceira Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, expedida nos autos do processo de cumprimento de obrigação de prestar alimentos que move em face de C. F. S., da mesma agravar por instrumento, com pedido liminar, observando-se o procedimento previsto nos arts. 1.015 a 1.020 do Código de Processo Civil, em conformidade com as inclusas razões.
Para tanto, junta, entre outras, cópia dos seguintes documentos: petição inicial; procuração, declaração de pobreza, certidão de nascimento, decisão que decretou a prisão civil, decisão agravada e certidão de intimação. Registre-se, ainda, que o agravado foi regularmente citado nos autos, contudo não constituiu advogado.
O subscritor da presente petição declara, sob as penas da lei, que todas as cópias que formam o presente instrumento conferem com os originais (art. 425, IV, CPC).
Requer, ademais, a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser pessoa pobre na acepção legal do termo, conforme declaração de pobreza já juntada aos autos e reproduzida neste instrumento.
Requer, por fim, seja o presente recurso recebido e regularmente processado.
Termos em que,
p. deferimento.
Mogi das Cruzes/São Paulo, 00 de setembro de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000
RAZÕES DO RECURSO
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Cumprimento de Obrigação de Prestar Alimentos (execução de alimentos)
Terceira Vara Cível do Foro de Mogi das Cruzes-SP
Agravante: R. A. S.
Agravado: C. F. S.
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Dos Fatos:
Em abril de 0000, a agravante protocolou cumprimento de obrigação de prestar alimentos em face do agravado, alegando, em apertada síntese, que esse estava em atraso com suas obrigações alimentícias. Citado, o executado permaneceu inerte, sendo então decretada sua prisão civil pelo prazo de trinta dias.
Passados dois anos, o exequente requereu a renovação do mandado de prisão, sendo que o juiz condicionou o atendimento do pedido à apresentação de novos cálculos quanto ao débito. Diante da exigência judicial, o credor pediu então fossem os autos enviados ao contador da serventia, sendo tal pedido negado pelo Juízo de primeiro grau.
Em síntese, o necessário.
Da Liminar:
Ab initio, consoante permissivo do art. 1.019, inciso I, do Código de Processo Civil, requer-se seja deferido o efeito suspensivo ao presente recurso, determinando-se ao douto Magistrado de primeiro grau que, por sua vez, determine a imediata remessa dos autos ao contador da serventia a fim de que essa proceda com os cálculos do valor do débito. Esse pedido se justifica na medida em que a mantença, mesmo que momentânea, da respeitável decisão guerreada, implicará em sérios prejuízos para a menor, ora recorrente.
Além do evidente prejuízo ao credor de alimentos, que nada vem recebendo, e assim continuará até que o processo tenha regular seguimento, que justifica e demanda a concessão do presente pedido liminar, há ainda que se considerar que a presente questão já foi muitas vezes decidida por este Egrégio Tribunal, estando assente que continua sendo possível a elaboração de cálculos pelo contador no caso de assistência judiciária.
Presente o fumus boni iuris, em razão, como se disse das reiteradas decisões deste Egrégio Tribunal sobre o tema, e o periculum in mora, em razão dos evidentes prejuízos que advêm ao recorrente pela “paralisação do feito”, requer-se seja concedida a liminar, com escopo de determinar ao douto Juiz de primeiro grau que, por sua vez, determine a imediata remessa dos autos ao contador, a fim de que sejam elaborados os cálculos pedidos pela agravante e essenciais ao regular andamento do feito.
Do Mérito:
A respeitável decisão guerreada merece reparos. Com efeito, o douto Magistrado de primeiro grau acabou, ao indeferir o pedido de remessa ao contador judicial para apuração da dívida alimentar, por violar a norma prevista no § 1º, inciso VII, do art. 98 do Código de Processo Civil, que prescreve in verbis:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;
Considerando que foi o próprio juiz que deferiu ao agravante os benefícios de justiça gratuita (documento anexo), não há como entender a razão pela qual indeferiu o pedido de elaboração dos cálculos pelo contador da serventia, visto que tal medida está expressamente prevista na lei, como se apontou acima.
Inegável que o objetivo da norma legal é garantir à camada mais carente da população acesso efetivo à justiça (art. 5º, LXXIV, CF/88). Neste sentido, a jurisprudência dominante, in verbis:
Agravo de instrumento. Assistência judiciária gratuita. Liquidação de sentença nos termos do art. 475-B do Código de Processo Civil (art. 98, § 1º, VII, NCPC – grifo nosso). Nas hipóteses em que o credor é beneficiário da assistência judiciária gratuita e a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, pode o juiz valer-se do contador do juízo para elaboração do cálculo para cumprimento da sentença. Inteligência do art. 475-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (Agravo de Instrumento nº 70015308356, 3ª CC, TJRGS, 24.8.2006, Rel. Des. Matilde Chabar Maia).
Dos Pedidos:
Ante todo o exposto, requer-se o provimento do presente recurso para o fim de reformar a r. decisão do douto Juízo de primeiro grau, determinando-se a remessa dos autos ao contador da serventia, a fim de que sejam elaborados cálculos atualizados do débito, tal qual requerido pelo recorrente.
Termos em que,
r. deferimento.
Mogi das Cruzes/São Paulo, 00 de setembro de 0000.
Gediel Claudino de Araujo Júnior
OAB/SP 000.000
7.22.2	Decisão do juiz (reconsideração)
TERCEIRA VARA CÍVEL DE MOGI DAS CRUZES-SP
Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
Cumprimento de Obrigação de Prestar Alimentos
Agravante: R. A. S.
Agravado: C. F. S.
Vistos,
Com efeito, sendo o credor beneficiário da justiça gratuita, representado por Defensor Público, aplicável o disposto no art. 98, VII, do Código de Processo Civil. Diante disso, RECONSIDERO o despacho de fls. 00, remetendo-se os autos à contadoria judicial para cálculo do valor devido pelo executado.
Sem prejuízo da providência acima, oficie-se à superior instância para fins de instruir o Agravo de Instrumento. Int. M. Cruzes, data supra.
B. H. de S. (Juiz Substituto)

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