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2648-13321-2-PB

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Sáude em Revista 
Prevalência de diástase abdominal
35
Ana Carolina Rodarti Pitangui
Fisioterapeuta, doutora em Enferma-
gem pela Universidade de São Paulo, 
professora do curso de Fisioterapia da 
Universidade de Pernambuco
carolina.pitangui@upe.br
Carla Santos Barbosa
Fisioterapeuta formada pela Universi-
dade de Pernambuco
carlacsb-@hotmail.com
Letícia Kazue Fukagawa
Fisioterapeuta formada pela Universi-
dade de Pernambuco
leticiakazue@hotmail.com
Mayra Ruana Alencar Gomes
Fisioterapeuta formada pela Univer-
sidade de Pernambuco, mestranda 
em Hebiatria pela Universidade de 
Pernambuco
mayra_ruana2@hotmail.com
Alaine Souza Lima
Fisioterapeuta formada pela Univer-
sidade de Pernambuco, mestranda 
em Hebiatria pela Universidade de 
Pernambuco
alaine_souza16@hotmail.com
Rodrigo Cappato Araújo
Fisioterapeuta, doutor em Bioen-
genharia pela Universidade Federal 
de Minas Gerais, professor do curso 
de Fisioterapia da Univerisdade de 
Pernambuco
rodrigo.cappato@upe.br
Originais / Originals
Prevalência da diástase do músculo 
reto abdominal no puerpério imediato 
Prevalence of rectus abdominis diastasis in immediate postpartum 
 
Resumo O objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência de 
diástase do músculo reto abdominal (DMRA) em primíparas e multípa-
ras, no puerpério imediato. Trata-se de um estudo transversal com 261 
puérperas. Para a mensuração da DMRA, foram empregados três pon-
tos: cicatriz umbilical e 4,5 cm acima e abaixo da mesma. A graduação 
foi feita pela técnica das polpas digitais. Foram utilizados os testes t para 
amostras independentes e Qui-Quadrado, com p < 0,05. A prevalência 
de DMRA supraumbilical, umbilical e infraumbilical foi de 95%, 89,3% 
e 44,1%, respectivamente. As Multíparas apresentaram maior grau de 
DMRA umbilical (p = 0,028) e infraumbilical (p = 0,049), em compa-
ração às primíparas. Não houve associação da DMRA com índice de 
massa corporal e idade. Os resultados demonstram elevada prevalência 
de DMRA no puerpério imediato, sendo que as multíparas mostraram 
maior grau umbilical e infraumbilical. 
Palavras-chave: Período pós-parto; Saúde da Mulher; Abdome. 
Abstract The objective of the present study was to determine the 
prevalence of the rectus abdominis diastasis (RAD) in primiparous and 
multiparous, during immediate post-partum. This is a cross-sectional 
study involving 261 postpartum women. For measurement of RAD were 
employed three points: umbilicus, 4,5 cm above and below it. The gradu-
ation was carried out by the fingers-widths technique. It was used the t 
test for independent samples and Chi-square, p <0,05. The prevalence 
of supraumbilical, umbilical and infraumbilical RAD was 95%, 89,3% 
and 44,1%, respectively. The Multiparous showed higher umbilical (p = 
0,028) and infraumbilical RAD (p = 0,049) compared to primiparous. 
There was no association of RAD with body mass index and age. The 
results show high prevalence of RAD during the immediate postpartum 
period, and multiparous presented greater degree in the umbilical and 
infraumbilical regions.
KeywoRds: POSTPARTUM PERIOD; WOMEN’S HEALTH; AB-
DOMEN.
Introdução
A gestação é um período caracterizado por modifica-
ções que ocorrem no organismo materno, como alterações 
 Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 42, p. 35-45, jan.-abr. 201636
hormonais, metabólicas e musculoesquelé-
ticas.1 O momento que segue o seu término 
é denominado de puerpério, que é caracteri-
zado pela recuperação do organismo mater-
no e marcado por intensa vulnerabilidade e 
intercorrências, tanto físicas quanto emo-
cionais.2 Esse tempo pode ser dividido em 
três estágios: pós-parto imediato do 1º. ao 
10º. dia; pós-parto tardio do 10º. ao 45º. dia; 
e pós-parto remoto além do 45º. dia.3
A diástase do músculo reto abdominal 
(DMRA) é uma condição comum durante 
a gestação e puerpério imediato,4,5 sendo 
definida como a separação dos músculos 
retos abdominais na linha alba.6-9 A função 
da linha alba é manter esses músculos pró-
ximos,10,11 e durante a gestação a ação hor-
monal sobre o tecido conectivo e o estresse 
mecânico na parede abdominal, decorrente 
do crescimento do feto, podem provocar 
o afastamento dos músculos reto abdomi-
nais.4,5 Outros fatores associados ao desen-
volvimento da DMRA são a multiparidade, 
idade materna,12 gravidez múltipla, pelve es-
treita e macrossomia fetal.13
Distintas formas de avaliação da DMRA 
vêm sendo descritas na literatura, sendo o 
método das polpas digitais4,5,13 e o paquíme-
tro6,14 os mais comuns. A técnica das pol-
pas digitais é a mais empregada na prática 
clínica, possui fácil execução e consiste no 
avaliador inserir os dedos horizontalmente 
ao longo da linha alba para determinar o es-
paço entre os músculos retos abdominais.6,7,9 
Enquanto o paquímetro, é um medidor de 
diâmetros e espessuras, que é considerado 
um instrumento de avaliação fidedigno que 
fornece medidas objetivas.14,15 
Entretanto, apesar de alguns autores14 
demonstrarem boa confiabilidade no uso 
do paquímetro, a confiabilidade de ambas as 
técnicas ainda não é muito clara,16 em de-
corrência das diferentes padronizações em-
pregadas nos procedimentos de medida que 
podem influenciar a confiabilidade e ocasio-
nar erros.14 Além disso, o uso de parâmetros 
subjetivos decorrentes da variação anatômi-
ca dos dedos dos avaliadores na técnica das 
polpas digitais seria um aspecto negativo na 
confiabilidade da medida.4,5,16 
Outros métodos mencionados para a 
identificação da DMRA são a tomografia 
computadorizada (TC) e a ultrassonografia 
(US). A primeira é considerada um método 
caro, que expõe a mulher à radiação, en-
quanto a segunda, apesar de ser uma técnica 
com boa confiabilidade17 e com custo mais 
acessível, ainda é onerosa, e depende de um 
avaliador habilidoso.18 
Na literatura, ainda existe uma varia-
ção em relação ao critério de diagnóstico da 
DMRA. Beer et al.10 sugerem que em nulipa-
ras considera-se “normal” quando a largura 
da linha alba é menor que 1,5 cm no nível 
xifoide, de 2,2 cm a 3 cm no nível supraum-
bilical e de 0,6 cm a 2 cm no nível infraum-
bilical. Em puérperas, a DMRA vem sendo 
definida como uma largura acima de 2 cm 
ou 3 cm.13,19,20 Nesses casos em que é consi-
derada presença de DMRA, são necessários 
exercícios para a restauração da integridade 
do tecido.4 
Os músculos abdominais exercem im-
portantes funções na postura e na estabilida-
de do tronco e da pelve,12 quando a DMRA 
está presente os músculos abdominais estão 
em desvantagem biomecânica.21 Tal desvan-
tagem, associada ao relaxamento ligamentar 
próprio da gestação, predispõe a mulher ao 
desenvolvimento da dor lombar e aumento 
Sáude em Revista 
Prevalência de diástase abdominal
Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
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do risco de tensão lombosacral.14 Além da 
lombalgia,14 a DMRA pode ocasionar con-
sequências negativas, como fraqueza dos 
músculos do assoalho pélvico,22 diminuição 
da autoestima e da saúde das mulheres du-
rante e após a gestação12 de tal forma, que a 
médio e longo prazo essas modificações po-
dem ser responsáveis por diminuir a quali-
dade de vida da mulher.15 
Contudo, não existem evidências cien-
tíficas sobre as consequências funcionais 
do aumento da distância inter-retos, sendo 
sugerido pelas evidências disponíveis que 
a DMRA é mais comum imediatamente 
após o parto, podendo apresentar resolução 
espontânea ou diminuição no puerpério 
tardio.6,11 Porém, para algumas mulheres a 
DMRA pode não se resolver espontanea-
mente no período puerperal ou após diver-
sos meses ou anos pós-parto.5,11 
 Prevalências entre 74% a 76% de 
DMRA têm sido verificadas no puerpério 
imediato,20 com maiores valores de afasta-
mento em multíparas, contudo, observa-se 
que independente da paridade,a distância 
entre os músculos retos abdominais e pre-
valência da DMRA são maiores na região 
supraumbilical.23,24 Embora possua uma 
prevalência elevada e seja relativamente 
simples a sua identificação, a DMRA ainda é 
subestimada pelos profissionais envolvidos 
com a prática obstétrica, não recebendo a 
atenção necessária. 
Diante do exposto, acredita-se ser im-
portante a determinação da prevalência da 
DMRA em primíparas e multíparas que se 
encontram no puerpério imediato, visto 
que essa informação pode contribuir para 
definir padrões nessas mulheres e subsidiar 
a indicação da realização precoce de medi-
das de diagnóstico, prevenção e tratamento. 
Além disso, embora esse tema já venha sen-
do estudado pela literatura,5,23,24 observa-se 
que a maioria dos resultados encontrados 
é referente a regiões metropolitanas, não 
sendo encontrados estudos desenvolvidos 
no interior do sertão do Nordeste. Ain-
da, o presente estudo propõe-se a avaliar a 
DMRA em três níveis distintos, supraumbi-
lical, umbilical e infraumbilical. 
Desse modo, acredita-se ser importante 
averiguar valores específicos para as mulhe-
res dessa região, uma vez que os resultados 
encontrados podem diferir de outras loca-
lidades em virtude de o Brasil ser conside-
rado um país com dimensões continentais 
que apresenta população com condições 
distintas de etnias e miscigenações. Nesse 
sentido, o presente estudo teve como obje-
tivo determinar a prevalência da DMRA em 
mulheres primíparas e multíparas subme-
tidas ao parto vaginal durante o puerpério 
imediato em um município do interior de 
Pernambuco-PE. 
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo do tipo 
transversal, realizado no período de agosto 
a novembro de 2012, com mulheres que se 
encontravam no puerpério imediato e assis-
tidas na enfermaria do alojamento conjun-
to do Hospital Dom Malan, localizado no 
município de Petrolina. O hospital integra 
a rede estadual de saúde de Pernambuco e 
presta assistência à população usuária do 
Sistema Único de Saúde (SUS) e atende 
exclusivamente à saúde da mulher e criança. 
Em média, estima-se que são realizados 183 
partos normais mensais.
 Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 42, p. 35-45, jan.-abr. 201638
Foram incluídos dados de mulheres pri-
míparas e multíparas submetidas exclusiva-
mente ao parto vaginal, respeitando um pe-
ríodo de descanso de seis horas pós-parto; 
que falassem e entendessem a língua portu-
guesa. Foram excluídas as parturientes que 
foram submetidas à cesárea anterior, parto 
múltiplo, obesidade e que possuíam quais-
quer patologias associadas à gravidez como 
poliidrâmnio, macrossomia fetal, hiperten-
são arterial induzida pela gravidez (HAIG), 
previamente diagnosticadas pela equipe 
médica durante a gestação atual e anteriores 
e que estivessem com os dados do prontuá-
rio incompletos. O processo de seleção e nú-
mero total de participantes do estudo pode 
ser visto na figura 1.
O presente estudo foi aprovado pelo 
Comitê de Ética em Pesquisa da Universi-
dade de Pernambuco CEP-UPE sob CAAE 
02637712.0.0000.5207. Todas as mulheres 
que concordaram em participar da pesquisa 
leram e assinaram o Termo de Consentimen-
to Livre e Esclarecido, segundo a resolução n. 
466/12, do Conselho Nacional da Saúde. 
Inicialmente, foi desenvolvido um estudo 
piloto, no qual foram avaliadas 20 mulheres 
durante o puerpério imediato. Essa etapa teve 
o intuito de verificar possíveis problemas de 
validade do instrumento de coleta, da técnica 
empregada e realizar treinamento dos pes-
quisadores. A mensuração e a avaliação dos 
dados tanto do estudo piloto quanto da coleta 
foram realizadas por duas pesquisadoras. 
Figura 1. Diagrama de elegibilidade da amostra.
Sáude em Revista 
Prevalência de diástase abdominal
Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
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Os dados que constavam nos pron-
tuários foram transcritos para uma ficha 
de avaliação elaborada previamente pelos 
pesquisadores que constava de anamnese, 
história pregressa, informações sociodemo-
gráficas, massa corporal e estatura, antece-
dentes obstétricos e exame físico da pacien-
te. Os valores referentes ao índice de massa 
corporal (IMC) das mulheres foram basea-
dos nos registros de massa corporal e esta-
tura registrados no prontuário ou no cartão 
de pré-natal da gestante.
Foram registrados os dados referentes 
à DMRA supraumbilical, umbilical e in-
fraumbilical. A mensuração da DMRA foi 
feita com as mulheres no leito, na posição 
supina, com quadris e joelhos fletidos, pés 
apoiados e braços estendidos ao longo do 
corpo. Solicitou-se nesse posicionamento a 
flexão anterior do tronco até que o ângulo 
inferior da escápula estivesse fora do leito.3 
Os três pontos de referência para a 
mensuração da DMRA foram: 4,5 cm aci-
ma e abaixo da cicatriz umbilical e na região 
umbilical.5,25 A mensuração foi feita no mo-
mento em que a mulher realizava a flexão 
anterior do tronco. Para isso, a avaliadora 
posicionava os dedos perpendicularmente 
entre as bordas médias dos músculos retos 
abdominais.3
A diástase foi graduada pelo número de 
dedos (polpas digitais) que pudessem ser 
inseridas entre as bordas mediais dos mús-
culos retos abdominais nos pontos de refe-
rência. Definiu-se neste estudo o valor de 
1,5 cm para cada dedo, conforme descrito 
na literatura.22,26 Foi considerada a presença 
de DMRA significativa quando ocorreu um 
afastamento maior que 3 cm entre as bordas 
mediais dos reto abdominais.20 
Para o cálculo do tamanho da amostra 
foi empregado o programa WinPepi consi-
derando a estatística bilateral com α=0,05 
e poder de 95%. Foi avaliada a população 
total no período da coleta de 550 puérpe-
ras, proporção estimada de prevalência de 
DMRA supraumbilical no puerpério ime-
diato de 68%,26 precisão absoluta de 5% e 
perda de 20%, sendo sugerida amostra de 
261 mulheres no período de três meses de 
coleta de dados. 
Ao chegarem ao setor, as pesquisadoras 
selecionavam os prontuários das parturien-
tes que atendiam aos critérios de inclusão 
do estudo e realizavam por meio de sorteio 
simples a escolha de pelo menos três mulhe-
res para a avaliação diária.
Os dados foram processados e analisa-
dos utilizando os programas Statistical Pa-
ckage for the Social Sciences (SPSS), versão 
20 por meio de digitação dupla, sendo em-
pregada a estatística descritiva com medidas 
de tendência central, dispersão, frequências 
absolutas e relativas. Inicialmente, foi veri-
ficada a normalidade dos dados contínuos 
pelo teste Kolmogorov-Smirnov e a partir 
da distribuição normal foi empregado o 
teste t para amostras independentes. Foram 
calculadas possíveis associações por meio 
do teste Qui-Quadrado para os dados ca-
tegóricos. Em todas as análises foi adotado 
nível de significância de p < 0,05. Intervalos 
de confiança (IC95%) quando determina-
dos foram exatos.
Resultados
A amostra foi composta por 261 mulhe-
res, sendo avaliadas 143 primíparas (54,8%) e 
118 multíparas (45,2%). Na tabela 1, podem 
 Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 42, p. 35-45, jan.-abr. 201640
ser visualizados os dados referentes à idade, idade gestacional no momento da admissão e 
IMC das mulheres participantes. Constata-se que houve diferença estatística significativa en-
tre a paridade e a idade, com maior idade entre as mulheres multíparas. Não foram observadas 
diferenças estatísticas para as variáveis IMC e idade gestacional. 
Tabela 1. Comparação entre mulheres primíparas e multíparas em relação ao IMC, idade e 
idade gestacional no momento da admissão.
Variáveis Primíparas
Média ± DP
Multíparas
Média ± DP
Valor de p
Índice de massa corporal (Kg/m2) 26,61 ± 4,43 27,55 ± 4,02 0,088
Idade (anos) 20,51 ± 4,58 27,66 ± 6,15 < 0,001*
IdadeGestacional (semanas) 37,59 ± 2,98 37,95 ± 4,11 0,465
*Teste t para amostras independentes, p ≤ 0,05.
Em relação ao perfil sociodemográfico, observa-se que não houve diferença estatística 
entre os grupos na maioria das variáveis analisadas, com exceção da variável ocupação, que 
apresentou diferença, sendo observado que grande parte das mulheres multíparas tinha 
trabalho não remunerado (Tabela 2). 
Tabela 2. Distribuição das características sociodemográficas das mulheres avaliadas.
Variáveis Total
n(%)
Primíparas
n(%)
Multíparas
n(%)
Valor de p
Anos de estudo
Até 8 anos 255(97,7) 140(97,9) 115(97,5) 1,000
0,471
< 0,001*
0,415
Acima de 8 anos 6(2,3) 3(2,1) 3(2,5)
Etnia
Branco
Negro/Pardo
Amarelo
Índio
Ocupação
Remunerada
Não remunerada
Parceiro
Sim
Não
44(16,9)
209(80,1)
6(2,3)
2(0,8)
139(53,3)
122(46,7)
187(71,6)
74(28,4)
24(16,8)
113(79,0)
4(2,8)
2(1,4)
90(62,9)
53(37,1)
99(69,2)
44(30,8)
20(16,9)
96(81,4)
2(1,7)
------
49(41,5)
69(58,5)
88(74,6)
30(25,4) 
*Teste Qui-Quadrado, p ≤ 0,05
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Prevalência de diástase abdominal
Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
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Quanto à prevalência da DMRA, constata-se que foi elevada tanto em primíparas quan-
to em multíparas. Maiores valores foram observados em nível supraumbilical e umbilical, 
com menor prevalência infraumbilical (Tabela 3).
Tabela 3. Distribuição da prevalência da DMRA supraumbilical, umbilical e infraumbilical 
nas mulheres primíparas e multíparas avaliadas.
DMRA
 cm
Total
n(%)
Primípa-
ras
n(%)
Multípa-
ras
n(%)
Valor 
de p
Supraumbilical
<3cm
≥3cm
13(5,0)
248(95,0)
9(6,3)
134(93,7)
4(3,4)
114(96,6)
0,743
Umbilical
<3cm
≥3cm
28(10,7)
233(89,3)
17(11,9)
126(88,1)
11(9,3)
107(90,7)
0,850
Infraumbilical
<3cm
≥3cm
146(55,9)
115(44,1)
83(58,0)
60(42,0)
63(53,4)
55(46,6)
0,762
DMRA, diástase do músculo reto abdominal. IC, intervalo de confiança.
Na comparação das médias entre as mulheres primíparas e multíparas, pode-se obser-
var que houve diferença estatística significativa na DMRA umbilical e infraumbilical, não 
sendo verificada diferença estatística significativa em supraumbilical (Tabela 4).
Tabela 4. Comparação entre mulheres primíparas e multíparas em relação à DMRA su-
praumbilical, umbilical e infraumbilical. 
DMRA (cm) Total 
 Média ± DP
Primíparas
 Média ± DP
 Multíparas
 Média ± DP
 Valor de P
Supraumbilical 4,23 ± 1,34 4,11 ±1,36 4,39 ± 1,31 0,092
Umbilical 3,44 ± 1,11 3,30 ±1,09 3,61 ± 1,12 0,028*
Infraumbilical 2,20 ± 1,20 2,07 ±1,20 2,37 ± 1,19 0,050*
DMRA, diástase do músculo reto abdominal. *Teste t para amostras independentes, p ≤ 0,05. 
Não foram observadas associações entre a variável IMC e DMRA supraumbilical (p > 
0,911), umbilical (p > 0,996) e infraumbilical (p > 0,591). Da mesma forma, também não 
se verificou associações entre a idade e a DMRA supraumbilical (p > 0,918), umbilical (p > 
0,230) e infraumbilical (p > 0,178). 
 Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 42, p. 35-45, jan.-abr. 201642
discussão
O objetivo deste estudo foi determinar 
a prevalência da DMRA em mulheres pri-
míparas e multíparas no puerpério imedia-
to. Com base nos resultados, verificou-se 
elevada a prevalência de DMRA na amos-
tra estudada, contudo, não foi observada 
diferença na prevalência na comparação 
entre primíparas e multíparas.
A prevalência de DMRA no presente 
estudo foi elevada corroborando os achados 
da literatura.4,5,22,26 Estudos têm relatado que 
a DMRA pode variar entre 30% a 70% em 
mulheres durante a gravidez, podendo man-
ter a separação em 34,9%5 a 60% das mulhe-
res durante o puerpério imediato.4,5 Porém, 
essa condição também pode ser encontrada 
em 52% das pacientes de uroginecologia que 
estão na menopausa.22 As prevalências de 
DMRA supraumbilical (95%) e infraumbili-
cal (44,1%) foram superiores quanto às ob-
servadas por outros autores, como Rett et al.26 
e Boissonault e Blaschack,5 que encontraram, 
respectivamente, frequências de diástase su-
praumbilical e infraumbilical de 68% e 25% 
e de 46% e 0% no puerpério imediato. 
Vale salientar, no entanto, que Boisso-
nault e Blaschack5 analisaram os dados em 
diferentes momentos, dividindo as partici-
pantes em cinco grupos distintos, compostos 
pelos três trimestres gestacionais, puerpério 
imediato e remoto, verificando prevalência 
de DMRA supraumbilical e infraumbilical 
de 36% e 11% respectivamente, com maior 
predominância no terceiro trimestre e puer-
pério imediato. 
Desse modo, acredita-se que a disparida-
de de valores encontradas por esses autores5 
pode ser decorrente dos diferentes métodos 
adotados, visto que foram avaliadas exclusi-
vamente primíparas. Além disso, o grupo de 
mulheres que se encontravam no puerpério 
imediato foi composto por apenas 15 volun-
tárias, o que limita qualquer extrapolação 
dos resultados para outras amostras. 
Em relação aos dados de Rett et al.,26 
apesar da metodologia ter sido semelhante 
ao presente estudo, o fato da mensuração da 
DMRA ter sido feita por vários avaliadores 
pode ter ocasionado maior variabilidade da 
medida, dificultando comparações. 
Estudo recente23 desenvolvido em Ara-
caju, Sergipe, no qual a avaliação da DMRA 
foi realizada por uma única pesquisadora, 
verificou maiores prevalências, com 74,8% 
em primíparas e 76,6% em multíparas em 
nível supraumbilical. Nesse sentido, pode-se 
inferir que as mulheres da região Nordeste 
têm uma tendência a apresentar maiores 
prevalências de DMRA quando comparado 
com outras localidades brasileiras. Contudo, 
é necessária a realização de outros estudos 
que avaliem e comparem fatores como etnia 
e ocupação em regiões distintas para eluci-
dar tal hipótese. 
Na maioria dos casos, a separação dos 
músculos retos abdominais é perceptível, 
podendo variar de 2 cm a 10 cm.3 No pre-
sente estudo, as médias da DMRA respecti-
vamente supraumbilical e infraumbilical de 
primíparas (4,11 cm e 2,07 cm) e multíparas 
(4,39 cm e 2,37 cm) foram maiores que as 
observadas por outros autores,26 que relata-
ram médias de 2,7 cm e 1,4 cm em primí-
paras e de 2,8 cm e 1,6 cm em multíparas. 
Na literatura, são relatados diferentes méto-
dos de aferição e maneiras de graduação da 
DMRA, por consequência, sua prevalência 
torna-se variável. Porém, não há um con-
Sáude em Revista 
Prevalência de diástase abdominal
Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
43
senso quanto ao valor numérico exato em 
que se poderia considerar relevante,26 em 
decorrência de não haver padronização en-
tre os critérios de avaliação adotados.14,24 
Neste estudo, tanto as prevalências 
quanto as médias da DMRA supraumbili-
cal foram maiores quando comparados com 
umbilical e infraumbilical tanto em mulhe-
res primíparas quanto multíparas, fato que 
corrobora com os resultados de outros estu-
dos.24,26 Tal situação pode ser explicada pela 
diferença anatômica entre as disposições 
das fáscias que recobrem o reto abdominal, 
ou seja, a composição da bainha do reto 
modifica-se de acordo com o nível da pa-
rede do abdome, dessa maneira, na porção 
final a disposição aponeurótica é diferente, 
evitando o afastamento.27
Quanto aos valores das médias de 
DMRA encontradas terem sido maiores, 
acredita-se que possivelmente tal situação 
se deve às condições étnicas, visto que ne-
gros poderiam apresentar maiores valores de 
diástase,5 e o maior percentual de mulheres 
do estudo declarou-se como parda ou negra, 
condições que podem ter influenciado os re-
sultados. Contudo, para se inferir sobre esse 
dado, são necessários estudos futuros que 
tenham como intuito avaliar a influência da 
etnia na presença da DMRA, uma vez queesse não foi o objetivo do presente estudo. 
Também verificou-se diferença na com-
paração entre as médias da DMRA umbi-
lical e infraumbilical das mulheres primí-
paras e multíparas. Tal resultado pode ser 
explicado em decorrência de as mulheres 
que apresentam maior número de gestações 
e partos terem maiores chances de desen-
volverem DMRA12 em razão da multipari-
dade favorecer o estresse mecânico cumula-
tivo na musculatura da parede abdominal.3 
Ainda, encontrou-se diferença entre 
idade e paridade, fato que já era esperado 
em decorrência das primíparas geralmente 
serem mais jovens. Por outro lado, não se 
observaram associações entre IMC e idade 
com a presença da DMRA supraumbilical, 
umbilical e infraumbilical, indo ao encontro 
de estudos prévios.24,26 
Todavia, não foi observada diferença 
significativa entre a paridade e a DMRA su-
praumbilical, assim como relatado por ou-
tros estudos,23,24,26 que também encontraram 
distâncias similares entre mulheres primí-
paras e multíparas, embora nas multíparas 
tenha ocorrido uma tendência a maiores 
valores de afastamento. Tal fato provavel-
mente pode ser justificado em decorrência 
da fraqueza abdominal pré-gestacional pre-
sente nos dois grupos ou pelo efeito apenas 
da última gestação.23
Algumas limitações no presente estudo 
incluem o uso da técnica de mensuração das 
polpas digitais, a qual pode ser considera-
da questionável por alguns autores devido 
à subjetividade da medida3,4 decorrente da 
possível variação anatômica dos dedos dos 
avaliadores; a avaliação da DMRA apenas 
no puerpério imediato; e o fato de não ter se 
avaliado o parto cesáreo nem a influência de 
variáveis fetais e da prática atividade física. 
Contudo, cabe salientar que ainda são 
escassos os estudos que avaliaram a con-
fiabilidade interexaminadores da técnica 
das polpas digitais, sendo encontrado na 
literatura apenas um trabalho que avaliou 
exclusivamente esse método.4,16 Além dis-
so, normalmente essa técnica é o método 
mais empregado na mensuração clínica da 
DMRA.6
 Ana Carolina Rodarti Pitangui et al.
SAÚDE REV., Piracicaba, v. 16, n. 42, p. 35-45, jan.-abr. 201644
Estudo recente desenvolvido por Mota 
et al.16 comparou a confiabilidade da técnica 
das polpas digitais com o US e concluiu que 
esse método apresenta boa confiabilidade 
intraexaminador e moderada interexamina-
dor para avaliar a distância inter-retos. Ain-
da, é uma técnica de fácil execução, baixo 
custo e que não depende de um instrumento 
externo de avaliação,6 sendo portanto, indi-
cado seu uso na prática clínica,16 principal-
mente em locais que não possuem outros 
instrumentos de avaliação, uma vez que a 
sua aplicação contribui para o diagnóstico 
precoce da DMRA. 
Assim, sugere-se o desenvolvimento de 
estudos que tenham como intuito determi-
nar a prevalência da DMRA em diferentes 
períodos puerperais, comparando a confiabi-
lidade de diferentes métodos de mensuração, 
em mulheres submetidas a diferentes vias de 
parto, que incluam variáveis fetais e prática 
de atividade física. Diante dos achados do 
presente estudo e das diversas repercussões 
negativas que a DMRA pode ocasionar na 
vida das mulheres, como a diminuição da au-
toestima e de consequências biomecânicas21 
como lombalgias14 e fraqueza dos múscu-
los do assoalho pélvico,22 espera-se que este 
trabalho possa contribuir na definição de 
padrões para as mulheres da região avaliada 
e auxilie na prática clínica com a indicação 
precoce de medidas de diagnóstico, preven-
ção e tratamento da DMRA.
Conclusão
A prevalência de DMRA foi elevada 
tanto em primíparas quanto em multíparas, 
porém, maiores valores de afastamento dos 
músculos retos abdominais foram observa-
dos na supraumbilical e umbilical, quando 
comparados com a infraumbilical. 
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Submetido em: 8-7-2015
Aceito em: 14-6-2016

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