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RT - Danos morais

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE ___________, ESTADO DE ___________.
___________, ___________, ___________, ___________, portador da cédula de identidade RG nº ___________, inscrito no CPF/MF sob o nº ___________, residente e domiciliado na rua ___________, nº ___________, Jd. ___________, ___________– ___________, CEP – ___________, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face da empresa ___________, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ___________, com sede na rua ___________, nº ___________, Bairro ___________, ___________- ___________, CEP: ___________, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
DO CONTRATO DE TRABALHO
A reclamante foi contratada pela reclamada em 06/01/2014 para exercer a função de ajudante de produção, para trabalhar de segunda a sexta feira, das 6h00min às 15h48min. A reclamante recebia salário de R$ 6,53, por hora.
A reclamante foi dispensada de forma arbitrária em 02/03/2015, em decorrência de assédio moral, conforme passaremos a discorrer adiante, para ao final requer a condenação da reclamada.
DOS FATOS E DO DIREITO– ato ilícito – dispensa discriminatória – dano moral
No dia 06 de fevereiro de 2015, a reclamante ingressou normalmente na empresa pela manhã e se dirigiu até o local de trabalho na linha de produção, como era de costume.
Ao retornar do almoço, a reclamante foi surpreendida por seu líder, Sr. ________, que no meio da linha de produção gritou:
“Você não pode vir trabalhar com esse tipo de calça”
Admirada com o comportamento do líder, a reclamante lhe indagou porque estava gritando daquele jeito e porque a implicação com sua calça. Em tom agressivo o líder apenas lhe disse que não podia trabalhar com calça apertada, e que o encarregado __________ iria ter uma conversa séria com ela em breve.
Esclarece-se, Excelência, que na linha de produção da reclamada 50% dos empregados são homens.
Após a abordagem agressiva do líder à reclamante, alguns empregados passaram a comentar sobre o ocorrido, dizendo que a reclamante era provocante, além de passar ao seu lado distribuindo “risadinhas”, como se a reclamante estivesse gostando de ser assediada.
Após 30 (trinta) minutos, em média, do fato ocorrido, o encarregado Senhor _________ solicitou que a reclamante fosse até uma sala próxima ao setor de trabalho, ocasião em que a reprendeu pelo uso da calça, dizendo que estava chamando a atenção dos demais empregados.
Sem saber ao certo qual era a intenção da reclamada com aquela exigência absurda, a reclamante se defendeu dizendo que suas vestimentas não diferem dos demais empregados, e que sempre usou os mesmos trajes para o trabalho.
Durante alguns dias após o ocorrido, a reclamante sofreu muito com as insinuações de alguns empregados no local de trabalho, principalmente do sexo masculino, sendo que tais insinuações passaram a ocorrer somente depois do fato mencionado.
Era comum os empregados fazerem piadinhas do tipo: “Você esta sensual hoje” – “Não deixe de usar aquela calça” e assim por diante.
Após quase 20 dias do ocorrido a reclamante foi novamente abordada pelo líder _______, logo ao ingressar no trabalho às 6h00min, que solicitou que comparecesse imediatamente para a recepção da empresa, ocasião em que o Sr. ______ em tom sarcástico disse que a reclamante era provocante demais, ocasião em que a reclamante explicou com nunca teve a intenção de provocar ninguém, muito menos os colegas de trabalho, e que estava sofrendo muito com o ocorrido.
O líder solicitou que a reclamante permanecesse na recepção até às 7 horas da manhã para que o diretor da empresa pudesse avaliar seu caso. Constrangida e com muita vergonha a reclamante decidiu ir para casa.
No dia seguinte a reclamante procurou o Sindicato dos Trabalhadores, onde relatou o que estava acontecendo. De imediato o Sindicato ligou para a empresa, sendo informado pela Sr. ________, do RH, que a reclamante deveria voltar ao trabalho, e que teria as horas abonadas.
Por ser uma sexta feira e a reclamante se encontrar bastante abalada, voltou ao trabalho somente na segunda feria, ocasião em que trabalhou até às 14h30min, sendo arbitrariamente demitida pelo líder _____________.
Ao questionar o líder a respeito da demissão, este disse que tudo foi tratado de forma errada pela empresa e que pedia desculpas pelo ocorrido, dizendo que se não estivesse de férias naquele período nada disso teria acontecido, mas que agora não lhe restou outra escolha senão demiti-la.
Ora, Excelência, a reclamada cometeu inúmeras injustiças com a reclamante.
Esclarecesse que a reclamante sempre usou calça Jeans, não se tratando de roupa obscena, sempre se portou com decência no local de trabalho, tanto que nunca houvera qualquer episodio como esse anteriormente.
De outro lado, se a empresa desejasse que a reclamante usa-se um determinado tipo de roupa, deveria fornecê-la à reclamante, o que nunca ocorreu.
Alias, a própria Convenção Coletiva prevê que a reclamada deveria fornecer uniforme aos seus empregados, inclusive macacão, vejamos:
A reclamada se comprometeu a fornecer uniformes aos empregados da área fabril, conforme faz prova o documento anexado aos autos, no entanto, nunca os entregou à reclamante.
Como visto, a reclamada não podia exigir da reclamante uma determinada vestimenta, sendo que ela tinha a obrigação de fornecer o uniforme adequado para o trabalho, conforme estabelece a norma coletiva.
E não foi só isso, ao questionar a reclamada a respeito de suas vestimentas cometeu ato ilícito, a expondo ao constrangimento e humilhação diante dos colegas de trabalho, o que constitui dano moral.
O dano moral e material é reconhecido como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988:
Art. 5º (omissis):
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim estabelecem:
“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Pelo consignado no nosso ordenamento jurídico, havendo dano ao empregado por culpa da empresa, o empregador é obrigado a indenizar. 
Não restam duvidas de que a reclamante sofreu dano moral, pois foi ridicularizada diante dos colegas de trabalho, sofrendo, inclusive, com as insinuações der alguns empregados que passaram a vê-la como uma pessoa promíscua.
Vejamos o significado da palavra promíscua: “que conota sexo”.
É exatamente assim que a reclamante passou a ser vista no local de trabalho Excelência, uma pessoa que inspirava o sexo, tudo após as irregularidades cometidas pela reclamada. 
Se não bastasse a conduta ilegal da reclamada, a qual expôs a reclamante a situações humilhantes, decidiu demitir a reclamante de forma arbitrária para por um fim à situação insuportável que ela mesma trouxe ao ambiente de trabalho.
Ocorre que com a demissão da reclamante, a reclamada resolveu apenas o que lhe interessava, ou seja, restabelecer a tranquilidade no local de trabalho, no entanto, resta reparar os danos morais que causou à reclamante, agravados pelo comportamento de dispensá-la como se fosse um objeto descartável.
Ora, a dispensa discriminatória é conduta antijurídica patronal, que implica em violação ao valor social do trabalho e ao princípio da função social da empresa (que é derivante do princípio da função social da propriedade -art. 5º, inciso XXIII, da CF) e também aos princípios da dignidade humana e da valorização do trabalho humano (art. 1.º, III e IV, da CF), acarretando indiscutívelprejuízo moral à reclamante, diante da lesão aos direitos de personalidade protegidos pelo inciso X do art. 5º, da CF, com destaque ao fato de que, no caso, o dano moral é "in re ipsa", o qual dispensa a sua comprovação, em face da potencialidade lesiva decorrente das circunstâncias do fato.
Sendo assim, faz jus a reclamante ao pagamento de indenização por dano moral em decorrência dos inúmeros constrangimentos que sofreu no ambiente de trabalho, bem como da dispensa abusiva e discriminatória perpetrada pela empresa. 
 
E, para quantificação da indenização, há de se observar valores materiais que possam recompor a dor moral da vítima, levando-se em conta a gravidade e a repercussão do dano, sem desconsiderar, para viabilizar a condenação, a possibilidade financeira da empresa, aplicando-se analogicamente o disposto no §1º do art. 1694 do atual Código Civil, que, quanto à prestação alimentícia, estipula que "devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada". 
 
Feitas estas ponderações, requer-se uma indenização a título de indenização por danos morais no valor de R$30.000,00 (trinta mil reais), eis que, observados os parâmetros da razoabilidade e proporcionalidade e sopesadas as condições econômicas das partes e dimensão do constrangimento experimentado, conclui-se que referida quantia representa justa reparação à dor moral da vítima e imprime caráter pedagógico à condenação. 
Requer-se a incidência de juros de mora a partir da data do ajuizamento da ação (art. 883 da CLT), os quais devem ser calculados à base de 1%, na forma do art. 39, § 1º, da Lei nº 8.177/91. Aplica-se, ainda, a correção monetária a partir da data da decisão de arbitramento do valor, consoante o teor da Súmula nº 439 do C. TST. 
DA PLR
O valor estabelecido para pagamento da PLR no ano de 2015 é de R$ 1.200,00.
Ressalta-se que a reclamante recebeu a PLR referente ao ano de 2014, conforme faz prova o holerite de outubro de 2014, anexado aos autos.
Assim, o reclamante faz jus ao recebimento do PLR proporcional aos meses que trabalhou no ano de 2015, no importe de R$ 200,00, o que ora se requer, com a devida correção nos termos da lei, na data do efetivo pagamento.
DO PEDIDO
Diante de todos os fatos acima narrados e documentos anexados, requer o reclamante que esta preclara Vara do Trabalho notifique o reclamado para que, querendo, apresente resposta na oportunidade legal, sob pena de se configurar a revelia e seus regulares efeitos quanto à confissão da matéria fática e, ao final, julgue procedente a presente demanda, para condenar a reclamada no pagamento dos danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com incidência de juros e correções, tudo nos termos da fundamentação. Requer-se ainda o pagamento da PLR proporcional aos meses laborados em 2015, nos termos da fundamentação.
Requer ainda, a concessão da justiça gratuita por não poder o reclamante arcar com as despesas do processo sem o comprometimento do seu sustento e o de sua família.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, especialmente juntada de documentos e oitiva de testemunhas. 
Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.

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