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Evangelhos A INSERÇÃO DOS ENVANGELHOS NO NOVO TESTAMENTO A palavra Evangelho significa boas novas, ou boa mensagem, e é aplicada aos quatros livros do novo testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Em Marcos 1:14-15 nos mostra que após ser tentado no deserto, Jesus foi para a Galileia “pregando o Evangelho de Deus. Arrependei-vos e crede no Evangelho.” O Evangelho é pregado por Jesus e posteriormente registrado por seus discípulos, é a expressão das boas novas do reino de Deus por meio de Jesus, o messias prometido. No início do cristianismo ninguém escreveu a respeito de Jesus, somente mais tarde, quando uma nova igreja começou a surgir, aqueles que seguiam a Jesus começaram então a escrever cartas e relatos a respeito do seu ministério. Muitas razões podem ter existido para que nada tivesse sido escrito a respeito de Jesus nas primeiras duas décadas, depois de sua morte e ressurreição, entre essas estão: a) Jesus não deixou nada escrito a seu respeito e nem instruiu seus discípulos que escrevessem. b) Os discípulos de Jesus não se consideravam parte de uma nova religião. c) Os primeiros cristãos criam que Jesus voltaria num futuro imediato. Mais tarde, alguns desses textos (cartas e relatos sobre o ministério terreno de Jesus) começaram a ser lidos nos cultos cristãos juntamente com as Escrituras em hebraico. Nos séculos seguintes alguns desses livros (vinte e sete) foram reunidos e passaram a ser considerados "O Novo Testamento." Enquanto no Antigo Testamento, as Escrituras em hebraico, a revelação divina se estendeu por séculos, no Novo testamento o progresso da revelação emerge de um período de cinquenta anos. O PERÍODO ENTRE OS TESTAMENTOS O período existente entre o Antigo e o Novo Testamento foi de profundas mudanças, com o reordenamento de potências tradicionais. Na história bíblica, o período que separa os dias de Neemias e o nascimento de Jesus – aproximadamente quatrocentos anos – entre 430 a 5 A.C é chamado de período intertestamentário ou anos de silêncio. Esse último título é dado para fazer menção ao período no qual Deus não se comunicou com o seu povo, como nação, por meio de seus profetas. PERÍODO PERSA - 410 a.C.-330 a.C Por cerca de 200 anos após a época de Neemias, os persas dominaram Judá, no entanto os judeus tinham permissão de prosseguirem com suas observâncias religiosas sem oposição. Judá foi governado por sumos sacerdotes que se reportavam ao governo judeu. PERÍODO HELENISTICO -330 a.C.-166 a.C Em 333 a.C, Alexandre o Grande derrota os exércitos persas e vê na cultura grega a força para congregar o mundo. Ele permite que os judeus guardem suas leis e isenta-os de tributos e impostos. Ao construir Alexandria incentiva os judeus a viverem ali e Ihes dá privilégios como os dos escravos gregos. Por volta de 250 a.C é traduzida a Septuaginta. Reinado de Alexandre, o Grande. Reinado dos Ptolomeus, do Egito. Reinado dos Selêucidas, da Síria 10. EVANGELHOS PERÍODO ASMONEU 166 a.C. -63 a.C Nesse período da história os judeus submeteram-se a um pesado jugo. Os Ptolomeus haviam sido complacentes com os judeus permitindo suas práticas religiosas, mas os selêucidas forçaram-lhe o helenismo. Instituiu-se como lei a destruição dos exemplares das escrituras, a qual foi cumprida com extrema desumanidade. Os judeus oprimidos rebelaram-se sob o comando de Judas Macabeu. Dinastia dos Asmoneus PERÍODO ROMANO 63 a.C. -30 d.C No ano de 63 a.C., o general romano Pompeu conquista Jerusalém e as províncias da Palestina são subjugadas ao governo Romano. O governo de cada região ficava parte do tempo a cargo de príncipes e no restante sob a responsabilidade de procuradores nomeados pelo imperador. Herodes, o Grande, foi rei de toda Palestina na época do Nascimento de Jesus. Reinado de Herodes, o Grande O termo helenização indica o ato de helenizar, isto é, de tornar alguma coisa ou alguém de acordo com o caráter grego. DO PONTO DE VISTA DOS ESCRITOS Três obras de grande importância foram produzidas pelos judeus durante esse período entre os testamentos marcado por opressões e lutas internas: a Septuaginta, os apócrifos e os rolos do mar morto. A Septuaginta: ela é a primeira tradução das escrituras do hebraico para o grego, tornou-se a bíblia dos judeus que não moravam na Palestina e nem falavam a língua hebraica. Os apócrifos: são uma coletânea de vários livros e adições aos livros canônicos que foram usados pelos cristãos até a reforma. Após a reforma protestante a maioria dos protestantes resolveu seguir o cânon original em hebraico, diferentemente de Roma, que permaneceu com a aceitação dos livros apócrifos. Os livros apócrifos são: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico (também chamado Sirácide ou Ben Sirá), Baruc (ou Baruque) e as adições em Ester e em Daniel – nomeadamente os episódios da História de Susana e de Bel e o dragão. Rolos do mar morto: foram encontrados em 1947 por um pastor árabe numa caverna, as grutas de Qumran, a sudoeste do mar morto. Os documentos encontrados – alguns completos e outros fragmentados, sendo que aproximadamente 1/3 deles é bíblico – incluíam livros do antigo testamento e alguns livros apócrifos, obras apocalípticas, escritos pseudoepígrafos, vários livros exclusivos da seita que o produziu. Pseudoepígrafos são textos antigos, aos quais são atribuídas falsas autorias. São eles: Livro de Enoque, Os segredos de Enoque, O Livro dos Jubileus, Os Testamentos dos Doze Patriarcas, Os Oráculos sibilinos, Os Salmos de Salomão, As Odes de Salomão, O Apocalipse Siríaco de Baruque, O Apocalipse Grego de Baruque, A Ascenção de Isaías etc. SOB A LENTE DOS DESENVOLVIMENTOS SOCIAIS O judaísmo da época de Jesus é em grande parte resultante das mudanças que ocorreram por conta das pressões do período entre os testamentos. Os judeus estavam espalhados em todos os lugares por causa da diáspora, e nesses lugares sua vida religiosa se baseava no estudo da Torá e na vivência nas sinagogas. Por causa do exílio, Israel se distanciou do templo, e os lugares onde se encontravam era cercado por práticas pagãs, e as sinagogas surgiram como uma resposta a ameaça da extinção de sua fé. A consagração pessoal e o relacionamento com Deus, característicos dos cultos nas sinagogas, prepararam o caminho para o evangelho cristão. Nesse meio surgiram alguns grupos: Saduceus: estavam junto ao templo, detinham o poder político controlavam o sumo sacerdócio. Fariseus: eram o partido da sinagoga, reinterpretaram a lei, tinham o apoio do povo e influenciavam a opinião popular. Essênios: defendiam a observância rigorosa da lei, mas, estavam separados do judaísmo em geral, viviam espalhados em cidades da Judéia e no deserto, porém, não são citados na bíblia. Há uma teoria de que João Batista era um essênio. Mesmo sendo subjugados, os judeus preservaram sua identidade como povo escolhido de Deus entre as nações. Junto com a fé do povo, outra prática foi preservada, a de valorizar a tradição oral. A pessoas transmitiam oralmente as leis, costumes e histórias. Por isso vemos que divulgar o evangelho por meio da oralidade não era algo novo para os primeiros cristãos, mas era uma prática natural do povo que já transmitia sua fé de boca em boca desde Moisés. CONFIABILIDADE HISTÓRICA Três aspectos fortalecem a confiabilidade histórica dos evangelhos: a tradição oral, a geografia histórica e as evidências culturais judaicas. A tradição oral: muito embora a cultura na qual Jesus nasceu se utilizasse de documentos literários, sua base estava na tradição oral. Existiam procedimentos práticos utilizados pelas autoridades judaicas para receber e transmitir precisamente oralmente relatos da vida de Jesus. Entre os muitos procedimentos utilizados pelos judeus para memorizar os relatos a serem transmitidos estão: Memorizar até o que não entendiam. Utilizar os recursos de memorização recebidos dos rabinos.Repetir em alta voz (cantando por exemplo). Mais tarde, quando as cartas e relatos já estavam sendo escritos, o zelo como Evangelho permanecia, e podemos ver isso quando Paulo escreve a Timóteo e diz: “tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus; e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem a outros.” 2 Timóteo 2:1-2. A geografia história: nos evangelhos, diferentemente das narrativas míticas, Jesus é um homem de carne e osso que viajou por lugares geográficos reais e interagiu com personagens históricos reais e conhecidos, e as ocorrências relatadas nos evangelhos evidenciam que os fatos descritos pelos evangelistas realmente aconteceram. Nos quatro relatos do Evangelho há diversas menções a nomes de lugares por onde Jesus passou durante sua vida terrena. Uma delas é a sobre a vila de Nazaré onde Jesus nasceu, que era uma aldeia fora dos mapas onde moravam vinte ou trinta famílias, e a descoberta de 23 tumbas, possivelmente um cemitério para toda a cidade confirma isso. Muitos ensinamentos de Jesus passam a ter um significado mais claro quando consideramos a geografia local como pano de fundo: A Galileia era uma região vulcânica, e lá ele ensinou por meio de uma parábola sobre os quatro tipos de solo. (Mateus 13:1-9, Marcos 4:3-9 e Lucas 8:4-8) Em Betfagé, situada ao lado do monte das Oliveiras e em frente a Jerusalém, as figueiras dão frutos no início da primavera com as primeiras folhas. Nesse lugar Jesus amaldiçoa a figueira, pois embora não fosse estação de figos, o fato de ter folhas nas árvores era um indicativo de que poderia haver frutos comestíveis. As evidências culturais judaicas: o ambiente dos relatos do evangelho é claramente o primeiro século hebraico. Entre as muitas evidências culturais existentes nos relatos estão os costumes de casamento e a purificação da mulher hemorrágica. O noivado entre os hebreus era considerado o começo do casamento e era tão comprometedor quanto o próprio casamento, por isso José é chamado de marido de Maria em Mateus 1:19, enquanto no versículo 18 Maria é apresentada como sua noiva. A mulher com hemorragia ficou com medo quando percebeu que Jesus descobriu que o tocou, isso porque a luz das leis judaicas, essa mulher que estava doente por doze anos teria contaminado Jesus ao tocá-lo. No entanto Jesus despediu-a em paz. AS EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS As evidências arqueológicas, embora muito importantes, não tem a função de provar a fé ou a existência de Deus. Elas servem como ferramenta para dar entendimento sobre alguns aspectos daquilo que está revelado nas escrituras, na qual nós cremos, pois a fé não se fundamenta em suplementos arqueológicos, mas na revelação divina. Pilatos: em 1961 foi encontrada na cidade mediterrânea da Cesareia, capital romana da Palestina, uma inscrição em Latim escrita “Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia, apresentou Tibério aos cesarienses”. Cafarnaum: está situada na costa noroeste do mar da Galileia e, atualmente, seus montes de pedra estendem-se por um quilometro e meio da costa do mar. Entre as ruínas das edificações está uma estrutura de forma octogonal apontada como a casa Pedro, e uma das melhores e mais bem conservadas sinagogas da Galileia. Tanque de Betesda: o único registro que indica sua localização situa-se “perto da porta das ovelhas”, setor noroeste da cidade. Em 1888 escavações descobriram o que parece ser uma grande represa. Após ser desenterrada, foram encontrados os tanques e os restos de uma antiga igreja que marcava o local Betesda. Nazaré: a cidade de Nazaré não aparece nas listagens feitas por Josué (Josué 19:10-15) e pelo historiador Josefo, e nem no Talmude. Em 1962, em Cesareia, foram encontrados os dois últimos fragmentos de uma inscrição em três partes. Essa inscrição cita o nome Nazaré e é uma prova incontestável da existência dessa cidade no primeiro século depois de Cristo. A ACEITAÇÃO NO CÂNON O cânon do novo testamento são os livros considerados inspirados por Deus. Houve a necessidade de organizá-lo, pois os relatos passados oralmente estavam enfraquecendo devido as primeiras gerações de cristãos estarem morrendo. Desde então começaram a depender mais de escritos copiados e distribuídos entre as igrejas. No fim do primeiro século os evangelhos sobre Jesus já circulavam na igreja e começavam a se tornar uma fonte de autoridade. Os quatro relatos, escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João pertencem ao cânon porque satisfazem os seguintes critérios: O livro deveria ser escrito por um apóstolo ou aguem próximo a ele. O livro deveria concordar com os ensinamentos tradicionais cristãos. O livro deveria ser amplamente usado pelas igrejas e reconhecido por elas como um livro de autoridade. Os líderes da igreja apenas confirmaram aquilo que, na verdade, a igreja como um todo já havia decidido de forma gradual. Ao se reunirem para adorar a Deus, as congregações liam as escrituras judaicas, e em especial as profecias que apontavam para Jesus, assim como as histórias e cartas escritas por pessoas próximas a Jesus: apóstolos e discípulos de apóstolos.