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DIAGNÓSTICO CREDENCIADO DA AIE INTRODUÇÃO A Anemia Infecciosa Equina é uma doença transmissível considerada de importância socioeconômica e de saúde pública e significativa para o comércio internacional de animais ou produtos de origem animal. Esta doença não é zoonótica. Esta doença acomete equídeos (equinos, asininos e muares) e é monitorada pelo ministério da agricultura. A legislação zoosanitária brasileira determina que a sua ocorrência seja de notificação compulsória (obrigatória). Caracteriza-se por uma doença do tipo crônica persistente, não possuindo uma letalidade alta. Esses vírus pertencem à família Retroviridae. PATOGÊNESE – INFECÇÃO CRÔNICA A grande maioria dos animais infectados passam de uma fase agua para uma fase crônica e, nessa fase crônica, há uma variação de febre e viremia ao longo do tempo caracterizada no gráfico abaixo. A linha vermelha significa febre e viremia. Há variação na quantidade de vírus no sangue assim como de temperatura que aumenta e diminui. A diminuição acontece quando a resposta imunológica contra ao vírus deixa de conseguir combater de forma eficaz o vírus. A imunidade uma vez estabelecida pode deixar de ser eficaz pois há nos vírus dessa família muita diversidade genética podendo ser gerada. Essa diversidade se traduz também em variação antigênica e em virtude disso a resposta imune deixa de ser eficaz e a quantidade de vírus volta a subir. Os períodos de pico viremicos e febril são os períodos infectantes no animal infectado (soro positivo). Porém, não se deve descartar o risco de infecção nos períodos entre os picos viremicos pois a viremia muito embora baixa continua presente. Os leucócitos são as principais células permissivas a esse vírus e imunocomplexos contendo o vírus estão relacionados quer seja com a diminuição da produção de hemácias ou pela destruição imunomediada dela e trombocitopenia. Esses achados hematológicos estão relacionados com a patogênese e clinica associada a essa doença. A produção exacerbada de algumas linfocinas pode também contribuir para esses quadros hematológicos. A letalidade dessa doença não é muito alta. A fase aguda pode passar desapercebida visto que se caracteriza por sintomas inespecíficos como letargia, diminuição de apetite e o animal se recupera. Passando da fase aguda, que não dura mais do que um mês após o início da infecção, o animal entra em uma fase crônica havendo uma oscilação entre picos febris e viremicos intercalando com momentos em que a temperatura volta ao nível normal e a viremia diminui bastante. Finalmente, existe a possiblidade do animal entrar em uma fase assintomática onde ele não costuma apresentar picos febris ou quaisquer outras alterações clínicas, mas ao longo dessa fase a infecção continua ativa e frequentemente, com o passar dos anos, pode haver uma queda do equilibro, que faz com que a infecção seja mantida nesse estado assintomático, e o animal volta a apresentar alterações clínicas como os picos febris que são associados ao aumento de estresse no qual pode se observar diferentes graus de imunodeficiências e o animal pode passar por períodos de imunossupressão. No momento em que os picos viremicos e picos febris ocorrem, o número de plaquetas diminui. TRANSMISSÃO A transmissão ocorre através do sangue de um animal infectado. • Iatrogênica: Compartilhamento de instrumentos cirúrgicos (como agulhas, bisturis, tesouras, pinças). Além disso, outros equipamentos utilizados no manejo rotineiro de equídeos também são possíveis de transmitir o vírus (arreios, cordas, esporas, etc). Quando o material sujo de sangue de um animal contaminado entra em contato com áreas expostas (de lesão) em animais susceptíveis, o vírus pode ser veiculado. • Vetor mecânico: Insetos hematófagos como moscas, mosquitos e mutucas (sendo estes tabanídeos os mais importantes. Quanto mais entrecortado (curto) for o repasto sanguíneo do hematófago, maior a probabilidade de as peças bucais conterem vírus viável para ser inoculado em animais suscetíveis. Considerando o tamanho das peças bucais das moscas hematófagas, o animal percebe com maior facilidade a presença da mosca, sendo esta repelida e busca outro hospedeiro. IMPACTO ECONÔMICO Apesar da Anemia Infecciosa Equina possuir baixa mortalidade, o animal é fonte de infecção pela vida toda e os problemas crônicos que o animal pode ter ao longo da vida refletem-se no metabolismo do animal levando ao enfraquecimento, emagrecimento e perda ou diminuição da capacidade para o trabalho. SINAIS E LESÕES Não há nenhuma manifestação clínica que seja patognomônica para permitir o diagnóstico. • Emagrecimento / Caquexia • Hemorragia na 3ª pálpebra (sufusão) • Petéquias pontuais (Hemorragias subepiteliais) • Febre cíclica • Edemas (ao pressionar uma área aparentemente inchada, forma-se uma depreciação que demora um certo tempo para voltar ao normal). DIAGNÓSTICO Dependendo da fase da infecção a quantidade de vírus pode ser alta ou baixa e, por conta disso, caso o diagnostico laboratorial fosse fundamentado na identificação do próprio vírus ou antígeno dela, haveria risco de falso negativo, já que a quantidade de vírus vara muito ao longo da infecção. Com isso, alternativas surgiram, como a utilização de diagnóstico indireto baseado na detecção de anticorpos. É muito eficaz pois uma vez que o animal entre em contato com o vírus, mesmo que o título de vírus esteja baixo a quantidade de anticorpo produzida deverá estar alta. Então, se o animal possui anticorpos é porque ele entrou em contato com o vírus, tendo o pró-vírus no núcleo dos seus leucócitos e, como esse vírus caracteriza uma infecção persistente, haverá sempre células produzindo novas cópias virais e, por isso, não será mais curado dessa infecção. OBS.: O professor chamou atenção do porque o diagnóstico baseado na detecção de anticorpos é útil nesta infecção, permitindo um diagnóstico técnico e cientificamente embasado. Imunodifusão em Gel de Agar Utiliza-se um suporte de gel de agarose no qual se façam orifícios (como observado na imagem abaixo), sendo 6 periféricos e 1 central. Utiliza-se também um kit contendo um frasco de solução de antígeno e outro contendo solução de anticorpo padrão (contra o vírus da AIE). No orifício central, coloca-se a solução de antígeno e nos orifícios periféricos, três recebem o soro controle positivo e os outros recebem a amostra de soro a ser analisada (teste), intercalando controle positivo e teste. Os anticorpos presentes no soro do animal se difundem para os todos os lados para dentro do gel e o antígeno presente no orifício central também se difunde para todos os lados. Onde anticorpo e antígeno se encontrarem em proporções adequadas, há formação de imunocomplexos grandes, que precipitam, formando linhas. Esse teste caracteriza-se por uma alta especificidade dada pelo fato de haver continuidade entre as linhas de precipitação do controle positivo e do soro teste. Caso as linhas se cruzem (linhas de precipitação sem identidade) o resultado do teste é tido como negativo. Efeito Pró-zona • Esse efeito ocorre devido ao excesso de anticorpos na amostra, que ocorre nos soros fortemente reagentes. • Pode ocasionar resultados FALSO NEGATIVOS. • Para evitar o efeito pró-zona, emprega-se soro diluído. Uma forma de identificar se o resultado é realmente negativo ou se houve formação de pró-zona caracterizando um falso negativo é observar as linhas de precipitação formadas pelo soro controle. Caso estas sejam formadas corretamente, o soro teste é realmente negativo, e caso haja muitos anticorpos no soro teste, estes irão inclusive interferir na formação adequada da linha de precipitação do soro controle. Sensibilidade x Especificidade • A Imunodifusão em Gel de Ágar é o teste padrão internacional para diagnóstico da AIE. • A técnica de ELISA também pode ser utilizada e trata-se de uma técnica com maior sensibilidade. • O ELISA não precisa ser usado, mas pode ser como uma técnica de rastreio, ou seja, a amostra do animal é submetida ao ELISA e caso dê negativo, o resultado é definitivamente negativo, porém, caso dê positivo, é necessário a repetição do teste pela Imunodifusão em Gel de Ágar. • ELISA tem menor especificidade e maior sensibilidade. (Essa técnica dá um resultado em poucas horas) • Imunodifusão tem maior especificidade e menor sensibilidade. Tópicos Importantes 1. Quando testar o animal: A legislação zoosanitária brasileira estabelece que toda vez que for transportar o animal para fora da propriedade, é necessário apresentar um documento chamado GTA (Guia de Transporte Animal). E para os equídeos, um dos requisitos para ter o GTA é o resultado negativo para AIE. Deve-se testar os equídeos acima de 6 meses pois, até os 6 meses considera-se que há muita interferência de anticorpo passivamente transmitido via colostro, não sendo possível estabelecer status imunológico do animal. 2. Laboratório Credenciado: Os testes (ELISA e/ou Imunodifusão em Gel de Ágar) devem ser realizados em um laboratório credenciado pelo ministério da agricultura e por um veterinário credenciado, com o CRMV ativo, que paga a anuidade do conselho referente à região onde atua. 3. Leitura após 48h: Na técnica de Imunodifusão em gel de ágar, leva 48 horas para que haja a ligação de anticorpo e antígeno pelo gel e formação da linha de precipitação, constituindo um problema desta técnica em comparação ao ELISA que permite o resultado do teste em poucas horas. 4. Validade do Exame: 60 dias contados a partir da data da coleta. Caso o animal seja proveniente de uma propriedade considerada controlada contra AIE, o exame pode valer por 6 meses. Para que uma propriedade seja considerada controlada contra a AIE é necessário que todos os equídeos da propriedade sejam soronegativos para AIE em dois exames consecutivos, com intervalo de 30 dias entre eles. 5. Contraprova e Reteste: É possível haver questionamento do resultado do teste. A contraprova é uma repetição do teste (com qualquer finalidade laboratorial) utilizando a mesma amostra. Caso o resultado seja positivo, é necessário a notificação ao Ministério da Agricultura. O proprietário do animal pode desconfiar do resultado da contraprova e solicitar ao Ministério da Agricultura o reteste, então, é realizada uma nova coleta de amostra do animal que é enviada para um laboratório de escolha do Ministério e esse resultado é inapelável. Caso o animal continue positivo, este deve ser sacrificado. 6. Interdição da Propriedade: Não entra nem sai animais da propriedade até que todos os animais sejam testados 2 vezes (com intervalo de 30 dias) com resultado negativo em ambas as vezes. 7. Eutanásia dos Soropositivos: Realizada por um veterinário do serviço zoosanitário oficial. A eutanásia do animal é realizada dentro da propriedade onde ele se encontra.
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