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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE – UNIRN Docente:Ursula Bezerra e Silva Lira Discente: Lidiane Gomes Trajano – Matrícula: 2017A061498 Disciplina: Direito Civil V (Direitos Reais) Ao adentrarmos sobre a real temática deste trabalho, qual seja: as semelhanças e diferenças da desapropriação privada do artigo 1228, §4º §5º do Código Civil e da Usucapião Especial Urbana, necessário inicialmente tecer algumas considerações acerca da função social da propriedade. Posto isto, observa-se que a Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, XXIII, veio a disciplinar que a propriedade deve cumprir sua função social, ou seja, dentro desse sistema constitucional veio a condicionar a propriedade sempre destinada a uma função, sendo esta voltada não somente ao interesse do proprietário, e sim devendo ocorrer a interação aos interesses de uma coletividade. Vejamos então que a Ilustre Professora Maria Garcia1, ao dissertar acerca da Inconstitucionalidades das leis das desapropriações: a questão da revenda, se posiciona que: É consequência aceita e compreendida, da evolução social, que o direito de propriedade perdeu, de há muito, o caráter absoluto de que se revestia no Direito Romano: com o decorrer dos tempos, a propriedade, necessariamente, adequando-se à existência de outros direitos, à coexistência social, e os sistemas jurídicos, mediante disposições várias, vêm estabelecendo muitos desses condicionamentos, gerais ou específicos, ao exercício desse direito. A Constituição Federal, no seu art. 5ª, XXV, explicita o princípio da função social da propriedade, ou seja, a adequação do seu exercício às suas finalidades no contexto social envolvendo, já, aqui, razões de interesse geral e do bem- estar de cada um. Concluindo essa visão, se observa que no decorrer do tempo houve quanto a propriedade uma imputação obrigacional de como se deve utilizar o bem em benefício de um interesse ditamente social e não apenas individual, ficando para os 1GARCIA, Maria. Inconstitucionalidades da lei das desapropriações: a questão da revenda. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 3 2 particulares uma obrigação em troca da preservação da liberdade de adquirir uma propriedade plena garantida pelo ordenamento jurídico. Ou seja, baseando-senessa introdução, se conclui que para se apropriar de algum bem, deve o indivíduo cumprir os interesses sociais que por ventura legitima o cumprindo de um papel ativo, e incluindo em plena atividade a detenção em benefício da coletividade, e nesse sentido, Clóvis Beznos ao apreciar o tema "Desapropriação em nome da política urbana"2 apontou que: “Emerge, todavia, a noção de que, não cumprida pelo proprietário a função social estabelecida pelo ordenamento positivo, deve o direito de propriedade extinguir-se, passando, das mãos de seu titular, ou para o Estado ou para quem lhe dê a função almejada”, sendo assim, devendo ser aplicada os instrumentos previstos na Constituição Federal, na extinção da propriedade, para validar o proprietário omisso. Pois bem, colocado em destaque nos parágrafos anteriores introduções acerca da propriedade em si como necessidade de uma destinação quanto sua função social, vamos voltar a temática pontual, devendo destacar que o Código Civil de de 2002 ao trazer inúmeras inovações, nos apresentou um conceito de propriedade que veio a limitar ao uso, gozo e disposição da propriedade em prol do bem estar coletivo, conforme o art. 1228, §4º e 5º, que reza: Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente o possua ou detenha. §4º.O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nelas houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. §5º. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Verificamos então que a doutrina destina ao §5º acima transcrito a denominação de Desapropriação Privada, onde o proprietário de imóvel no polo ativo da demanda, onde não virá a receber o imóvel urbano ou rural de volta, e sim o justo preço. Ou seja, a principal diferença entre a Usucapião Especial Urbana para a Desapropriação privada é o fato de haver a necessidade de uma indenização no caso de desapropriação, o que não ocorre no uso da Usucapião. 2BEZNOS, Clovis. Desapropriação em nome da política urbana. In: DALLARI, Dalmo de Abreu; FERRAZ, Sergio. Estatuto da cidade: comentários à Lei Federal 10.257/2001. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 123 3 Contudo, vejamos também que na Usucapião especial Urbano Coletivo, presente no Art. 10 da Lei 10.257, de 10 de Julho de 2001, qual regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, os ocupantes devem ser de baixa renda, a área deve ter, no mínimo, 250m², somente se aplica nos imóveis urbanos, e não há direito à indenização, conforme já visto em parágrafo anterior. Diante do que colocado acima, vejamos que na Desapropriação Privada presente no artigo 1228, §4º e 5, não há necessidade dos ocupantes serem de baixa renda, bastando ser uma extensa área, e pode ser aplicada aos imóveis urbanos ou rurais, cabendo aqui a indenização.
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