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Livro Eletrônico Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) Mateus Pontalti 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 1 de 95 Aula 04 Contribuies de melhoria, emprstimos compulsrios e contribuies especiais Sumrio 1 Ð Introduo ....................................................................................... 2 2 Ð Contribuio de melhoria ................................................................... 3 2.1 Ð Consideraes Gerais .................................................................... 3 2.2 Ð Fato Gerador ............................................................................... 4 2.3 Ð Requisitos ................................................................................... 7 2.4 Ð Sujeito Passivo ............................................................................ 10 2.5 Ð Limites da Contribuio de melhoria ............................................... 10 3 Ð Emprstimo Compulsrio .................................................................. 11 3.1 Ð Consideraes Gerais ................................................................... 11 3.2Ð Pressupostos Constitucionais .......................................................... 14 3.3Ð Fato gerador ................................................................................ 16 3.4Ð Anlise do pargrafo nico ............................................................. 17 3.5 Ð Disciplina no Cdigo Tributrio Nacional .......................................... 17 3.6Ð Devoluo dos valores pagos ......................................................... 18 4 Ð Contribuies Especiais ..................................................................... 19 4.1 Ð Autonomia e caractersticas essenciais ............................................ 19 4.2Ð Requisitos de validade ................................................................... 21 4.3Ð Classificao das Contribuies ....................................................... 25 4.4Ð Instrumento legislativo para instituio das contribuies especiais ..... 26 4.5 Ð Disposies comuns s contribuies sociais e de interveno no domnio econmico .............................................................................. 27 5. Contribuies Sociais ........................................................................... 32 5.1 Ð Contribuies Sociais Gerais .......................................................... 32 5.2 Ð Contribuies para a Seguridade Social. ......................................... 33 5.2.1 Ð Contribuies Nominadas de Seguridade Social .......................... 33 5.2.1.1 Ð Contribuies do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei ................................................................. 34 5.2.1.2 Ð Contribuio sobre a receita de concursos de prognsticos ........ 39 5.2.1.3 Ð Contribuio do Importador de bens ou servios do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar .................................................................. 40 5.2.1.4 Ð Contribuio dos Segurados Especiais .................................... 43 5.2.2 Ð Contribuies Residuais para a Seguridade Social ....................... 44 5.3 Ð Contribuies Previdencirias ........................................................ 45 5.3.1 Ð Contribuies do Regime Geral ................................................ 45 Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 2 de 95 5.3.2 Ð Contribuies do Regime Prprio .............................................. 50 5.4 Ð Contribuies Constitucionalizadas ................................................. 52 6. Contribuies de Interveno no domnio econmico ............................... 52 7. Contribuies Corporativas ................................................................... 54 8. Contribuio de Iluminao Pblica Ð CIP ou COSIP ................................. 58 9. Repartio das Receitas Tributrias ....................................................... 60 8.1 Transferncias Diretas .................................................................... 60 8.1.1 Transferncias diretas da Unio para os Estados e Distrito Federal .. 60 8.1.2 Transferncias diretas da Unio para os Municpios ........................ 62 8.1.3 Transferncias diretas dos Estados para os Municpios ................... 63 8.2 Transferncias Indiretas .................................................................. 64 9. Lista de questes sem comentrios ....................................................... 65 10. Gabarito .......................................................................................... 76 11. Lista de Questes com Comentrios .................................................... 77 1 Ð Introduo Na aula anterior, iniciamos o estudo do Sistema Tributrio Nacional, abordando inicialmente o conceito de tributo, mediante o estudo de cada um dos seus elementos constitutivos. Aps isso, conceituamos competncia tributria e capacidade tributria ativa, bem como expomos suas classificaes. Em seguida, expomos as diversas teorias que se propem a classificar as espcies tributria, dando nfase teoria pentapartida, por possuir o endosso da doutrina e das bancas examinadoras de concurso pblico. Na oportunidade, frisamos que a teoria pentapartida parte de trs critrios para classific-los: i) primeiro, dividem-se os tributos em vinculados e no vinculados; ii) em seguida, parte-se para uma segunda diviso, agrupando-os segundo o critrio da destinao ou no destinao dos recursos arrecadados; iii) por fim, faz-se um terceiro corte, distinguindo os tributos em restituveis e no restituveis. O resultado dessa operao sintetizado pelo grfico a seguir: Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 3 de 95 Aps classificarmos os tributos em cinco espcies tributrias Ð impostos, taxas, contribuies de melhoria, emprstimos compulsrios e contribuies especiais Ð dedicamo-nos ao estudo das duas primeiras, analisando suas caractersticas e expondo as suas especificidades. Na aula de hoje, terminaremos esse empreendimento, analisando as espcies tributrias faltantes. Quais sejam: contribuies de melhoria, emprstimos compulsrios e contribuies especiais. 2 Ð Contribuio de melhoria 2.1 Ð Consideraes Gerais Adotando-se a classificao proposta por Paulo Ayres Barreto, assentada como pressuposto no captulo anterior, podemos mencionar que a contribuio de melhoria um tributo indiretamente vinculado, porque pressupe no apenas uma atividade estatal Ð realizao de obra pblica Ð como tambm uma obra pblica que lhe tenha dado causa; um tributo destinado, por ter como finalidade custear a realizao de uma obra pblica; e no restituvel, porque o sujeito passivo no tem o direito de reaver os valores pagos depois de um determinado perodo de tempo. A competncia tributria para instituir contribuies de melhoria comum, ou seja, pode ser exercida por todas as entidades federativas, conforme se observa do artigo 145, inciso III, da Constituio Federal. Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos: (É) III Ð contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas. Diferentemente do que ocorre normalmente, h dois diplomas legais que estabelecem normas gerais acerca dessa exao: i) O Cdigo Tributrio Nacional, recepcionado por Lei Complementar, em vigor desde 1¼ dejaneiro de 1967; ii) O DL 195/67, de 24 de fevereiro de 1967, tambm recepcionado por Lei Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 4 de 95 Complementar e que foi editado com o escopo de regular especificamente as contribuies de melhoria. Como se trata de lei posterior, parte da doutrina entende que o DL 195/67 revogou o CTN no que tange s contribuies de melhoria. No esse, no entanto, o entendimento do Superior Tribunal de Justia, que reiteradamente tem afirmado que ambos os diplomas legais convivem no ordenamento jurdico, aplicando-se de maneira conjunta: CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. PLENO VIGOR DOS ARTS. 81 E 82 DO CTN E DL 195/1967... 2. A jurisprudncia do STJ pacfica no sentido de que: i) os artigos 81 e 82 do CTN esto em pleno vigorÓ (STJ, 1» T., AgRg no Ag 1159433/RS, Rel. Min. Benedito Gonalves, out. 2010). ÒII Ð Importante destacar que, tanto os arts. 81 e 82 do CTN, quanto os dispositivos do Decreto--lei n. 195/67, ainda conti-nuam em vigor, os quais exigem a valorizao do imvel para a cobrana da contribuio de melhoriaÓ (STJ, 1» T., AgRgREsp 1079924/RS, Francisco Falco, nov. 2008). CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. ARTS. 81 E 82 DO CTN. DECRETO--LEI 195/67... 2. De acordo com a jurisprudncia desta Corte, continuam em vigor os arts. 81 e 82 do Cdigo Tributrio Nacional, bem como as disposies do Decreto--Lei 195/67, os quais regulamentam a contribuio de melhoriaÓ (STJ, 1» T.., REsp 671.560/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, maio 2007). 2.2 Ð Fato Gerador O fato gerador da contribuio de melhoria pode ser extrado do disposto no artigo 81 do CTN e do artigo 1¼ do Decreto-Lei 195/67: Decreto-Lei 195/67: Art 1¼ A Contribuio de Melhoria, prevista na Constituio Federal tem como fato gerador o acrscimo do valor do imvel localizado nas reas beneficiadas direta ou indiretamente por obras pblicas. CTN: Art. 81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado. Como se pode observar dos dispositivos, dois so os requisitos para que se possa instituir uma contribuio de melhoria: I) Ocorrncia de obra pblica O primeiro requisito diz respeito realizao de uma obra pblica, decorrncia do carter vinculado dessa exao, que pressupe uma atividade estatal. O prprio artigo 2¼ do Decreto-Lei 195/67 traz o rol de possveis obras pblicas que podem dar ensejo cobrana de uma contribuio de melhoria: Art 2¼ Ser devida a Contribuio de Melhoria, no caso de valorizao de imveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras pblicas: Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 5 de 95 I - abertura, alargamento, pavimentao, iluminao, arborizao, esgotos pluviais e outros melhoramentos de praas e vias pblicas; II - construo e ampliao de parques, campos de desportos, pontes, tneis e viadutos; III - construo ou ampliao de sistemas de trnsito rpido inclusive tdas as obras e edificaes necessrias ao funcionamento do sistema; IV - servios e obras de abastecimento de gua potvel, esgotos, instalaes de redes eltricas, telefnicas, transportes e comunicaes em geral ou de suprimento de gs, funiculares, ascensores e instalaes de comodidade pblica; V - proteo contra secas, inundaes, eroso, ressacas, e de saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstruo de barras, portos e canais, retificao e regularizao de cursos dÕgua e irrigao; VI - construo de estradas de ferro e construo, pavimentao e melhoramento de estradas de rodagem; VII - construo de aerdromos e aeroportos e seus acessos; VIII - aterros e realizaes de embelezamento em geral, inclusive desapropriaes em desenvolvimento de plano de aspecto paisagstico. Esse rol, no entanto, exemplificativo, podendo ser instituda cobrana de melhoria para custear outras obras pblicas que no aquelas descritas, desde que observados os demais requisitos. II) Valorizao imobiliria O segundo requisito exige que, para cobrana da contribuio de melhoria, ocorra uma valorizao imobiliria que decorra da obra pblica. Nota-se, assim, que possvel desdobrar esse requisito em trs partes: a) necessidade de valorizao; b) que essa valorizao diga respeito a um imvel; c) que haja um nexo entre a obra pblica e a valorizao imobiliria. No por outra razo, tem-se entendido pela impossibilidade da cobrana antes da concluso da obra, pela inviabilidade de aferio da valorizao imobiliria, conforme se observa desse julgado do Superior Tribunal de Justia: CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. OBRA INACABADA. HIPîTESE DE INCIDæNCIA E FATO GERADOR DA EXAÌO. OBRA PòBLICA EFETIVADA. VALORIZAÌO DO IMîVEL. NEXO DE CAUSALIDADE. INOCORRæNCIA. DIREITO Ë RESTITUIÌO. 1. Controvrsia que gravita sobre se a obra pblica no finalizada d ensejo cobrana de contribuio de melhoria. 2. Manifesta divergncia acerca do atual estgio do empreendimento que deu origem exao discutida, sendo certo vedado esta Corte Superior, em sede de Recurso Especial, a teor do verbete Sumular n. 07/STJ, invadir a seara ftica--probatria, impondo--se adotar o entendimento unnime da poca em que proferido o julgamento pelo Tribunal a quo, tanto pelo voto vencedor, como pelo vencido, de que quando foi instituda a contribuio de melhoria a obra ainda no havia sido concluda porquanto pendente a parte relativa pavimentao das vias que circundavam o imvel de propriedade da recorrente. 3. A base de clculo da contribuio de melhoria a diferena entre o valor do imvel antes da obra ser iniciada e aps a sua concluso (Precedentes do STJ: RESP n. 615495/RS, Rel. Min. Jos Delgado, DJ de 17.05.2004; REsp 143996/SP; Rel. Min. Francisco Peanha Martins, DJ de 06.12.1999) 4. Isto porque a hiptese de incidncia da contribuio de melhoria pressupe o binmio valorizao do imvel e realizao da obra pblica sendo indispensvel o nexo de causalidade entre os dois para sua instituio e cobrana. 5. Consectariamente, o fato gerador de contribuio de melhoria se perfaz somente aps a concluso da obra que lhe deu origem e quando for possvel aferir a valorizao do bem imvel beneficiado pelo empreendimento estatal... 7. Revela--se, portanto, evidente o direito de a empresa que Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 6 de 95 pagou indevidamente a contribuio de melhoria, uma vez que incontroversa a no efetivao da valorizao do imvel, haja vista que a obra pblica que deu origem exao no foi concluda, obter, nos termos do art. 165, do CTN, a repetio do indbito tributrio (STJ, 1» T., REsp 647.134/SP, Rel. Min. Luiz Fux, out. 2006). Outro exemplo de censura judicial diz respeito tentativa empreendida por alguns municpios de exigir contribuio de melhoria to somente em razo do recapeamento asfltico, sem que dessa obra tenha resultado qualquer valorizao imobiliria: CONSTITUCIONAL. TRIBUTçRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. FATO GERADOR: QUANTUM DA VALORIZAÌO IMOBILIçRIA. PRECEDENTES. 1. Esta Corte consolidou o entendimentono sentido de que a contribuio de melhoria incide sobre o quantum da valorizao imobiliria. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido (AI 694.836-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, Dje 17.12.2009) Contribuio de melhoria. Recapeamento de via pblica j asfaltada, sem configurar a valorizao do imvel, que continua a ser requisito nsito para a instituio do tributo, mesmo sob a gide da redao dada, pela Emenda n. 23, ao art. 18, II, da Constituio de 1967. Recurso extraordinrio provido, para restabelecer a sentena que julgara inconstitucional a exigncia(RE 116.148, Rel. Min. Octveio Gallotti, Primeira Turma, DJ 21.5.1993) Outra questo importante concerne a quem tem o nus de comprovar ou infirmar a existncia de valorizao imobiliria. De um lado, h quem entenda que o sistema do DL-195/67 estabeleceu uma hiptese de presuno relativa em favor do fisco, o que imporia ao contribuinte o nus de demonstrar a inocorrncia da valorizao imobiliria como forma de afastar a tributao. Numa outra linha, h quem defenda o oposto, no sentido de caber administrao pblica a comprovao de que a obra gerou um aumento positivo no valor do imvel. Para fins de concurso pblico, recomendamos a adoo dessa segunda interpretao, por estar em consonncia com a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia: CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. REQUISITOS. NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A OBRA E A VALORIZAÌO DO IMîVEL. PROVA QUE COMPETE AO ENTE TRIBUTANTE... 1. assente nesta Corte o entendimento segundo o qual imprescindvel para a instituio da contribuio de melhoria lei prvia e especfica; e valorizao imobiliria decorrente da obra pblica, sendo da administrao pblica o nus da referida prova (STJ, 2» T., AgRg no AREsp 539.760/PR, Rel. Min. Humberto Martins, set. 2014). CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. VALORIZAÌO DO IMîVEL. NÌO COMPROVAÌO... 7. No havendo prova da efetiva valorizao imobiliria decorrente de obra pblica, e levando--se em conta que a valorizao no pode ser presumida, no cabe a cobrana da contribuio de melhoriaÓ (STJ, 2» T., AgRg no AREsp 538.554/PR, Rel. Min. Humberto Martins, set. 2014). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTçRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. BASE DE CçLCULO. VALORIZAÌO IMOBILIçRIA. ïNUS DA PROVA. ENTE TRIBUTANTE. SòMULA 83/STJ. 1. A jurisprudncia do STJ pacfica no sentido de que a contribuio de melhoria tributo, cujo fato imponvel decorre da valorizao imobiliria causada pela realizao de uma obra pblica, cabendo ao ente pblico o nus da sua comprovao, a fim de justificar o tributo estipulado. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 7 de 95 Precedentes: AgRg no AREsp 417.697/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 18/12/2013; REsp 1.326.502/RS, Rel. Min. Ari Pargendler, DJe 25/04/2013; AgRg no REsp 1.304.925/RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, DJe 20/04/2012; AgRg no Ag 1.237.654/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 13/10/2011; AgRg no Ag 1.159.433/RS, deste Relator, DJe 05/11/2010. 2. Agravo regimental no provido. (AgRg no AREsp 406.324/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/03/2014, DJe 09/04/2014) 2.3 Ð Requisitos A legislao estabelece diversos requisitos que devem obrigatoriamente ser observados para a vlida instituio de uma contribuio de melhoria. O artigo 82 do CTN traz vrias dessas exigncias: Art. 82. A lei relativa contribuio de melhoria observar os seguintes requisitos mnimos: I - publicao prvia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) oramento do custo da obra; c) determinao da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuio; d) delimitao da zona beneficiada; e) determinao do fator de absoro do benefcio da valorizao para toda a zona ou para cada uma das reas diferenciadas, nela contidas; II - fixao de prazo no inferior a 30 (trinta) dias, para impugnao pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentao do processo administrativo de instruo e julgamento da impugnao a que se refere o inciso anterior, sem prejuzo da sua apreciao judicial. O Decreto-Lei 195/67 tambm regulamenta o assunto: Art 5¼ Para cobrana da Contribuio de Melhoria, a Administrao competente dever publicar o Edital, contendo, entre outros, os seguintes elementos: I - Delimitao das reas direta e indiretamente beneficiadas e a relao dos imveis nelas compreendidos; II - memorial descritivo do projeto; III - oramento total ou parcial do custo das obras; IV - determinao da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela contribuio, com o correspondente plano de rateio entre os imveis beneficiados. Pargrafo nico. O disposto neste artigo aplica-se, tambm, aos casos de cobrana da Contribuio de Melhoria por obras pblicas em execuo, constantes de projetos ainda no concludos. Art 6¼ Os proprietrios de imveis situados nas zonas beneficiadas pelas obras pblicas tem o prazo de 30 (trinta) dias, a comear da data da publicao do Edital referido no artigo 5¼, para a impugnao de qualquer dos elementos dle constantes, cabendo ao impugnante o nus da prova. Observem que o procedimento, alm de longo e bem detalhado, bastante rigoroso, por exigir da administrao pblica um estudo aprofundado acerca do impacto da obra nas zonas afetadas. Alm disso, possvel extrair desses dispositivos, em conjunto com aquilo que afirmamos nos tpicos anteriores, o rito que deve ser observado para instituio e cobrana dessa exao: Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 8 de 95 Colocamos asteriscos nas fases 2, 3, 4 e 5 porque, embora seja esse o procedimento previsto pela literalidade do artigo 82 do CTN, h quem entenda que no h ilegalidade na inverso dessa ordem, mediante a realizao da obra previamente publicao do edital e instaurao do processo administrativo. nesse sentido que se manifesta, dentre outros, Lus Eduardo Schoueri: Um ltimo ponto que poderia gerar alguma dvida seria quanto ao momento em que deve ser publicado o edital previsto no artigo 82 do Cdigo Tributrio Nacional: se o texto legal fala em publicao prvia obra ou prvia cobrana? Se prevalecer o texto do referido artigo 82, parece mais acertado entender que seria prvia obra. Afinal, a ideia de Òmemorial descritivo do projetoÓ ou ÒoramentoÓ implica inexistncia da obra [...] No obstante, argumenta-se que somente aps a concluso da obra que se saberia com preciso qual o seu custo, podendo-se avaliar, ento, quanto acresceram de valor os imveis beneficiados. Por isso, sustenta-se que a publicao deve anteceder a cobrana e no a realizao da obra. [...] Desta forma, tem-se hoje que a lei deve ser prvia a obra; a cobrana deve ser precedida de edital, mas no se exige que este anteceda a prpria obra1 1 SCHOEURI, Lus Eduardo. Direito Tributrio. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2017, pii. 213 Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 9 de 95 H jurisprudncia nesse sentido, conforme se observa da ementa colacionada abaixo: CONTRIBUIÌO DE MELHORIA. A publicao prvia do edital necessria para cobrana da contribuio e no para realizao da obra. Precedentes do STFÓ (STJ, 2» T., REsp 8417/SP, rel. Min. Amrico Luz, maio1995).Ó Assim, por fora desse entendimento, a administrao poderia utilizar o seguinte procedimento: Para efeitos de concurso pblico, se cobrada a literalidade do artigo 82 do CTN em uma prova objetiva, deve-se adotar o primeiro fluxograma. No entanto, caso a indagao diga respeito possibilidade de realizao da obra previamente publicao do edital, o candidato deve adotar o segundo rito, respondendo positivamente a afirmao. Em uma prova dissertativa, recomendamos que o candidato exponha essa divergncia doutrinria. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 10 de 95 2.4 Ð Sujeito Passivo A definio dos sujeitos passivos das contribuies de melhoria se encontra regulamentada pelo artigo 8¼ do Decreto-Lei 195/67: Art 8¼ Responde pelo pagamento da Contribuio de Melhoria o proprietrio do imvel ao tempo do seu lanamento, e esta responsabilidade se transmite aos adquirentes e sucessores, a qualquer ttulo, do domnio do imvel. ¤ 1¼ No caso de enfiteuse, responde pela Contribuio de Melhoria o enfiteuta. ¤ 2¼ No imvel locado licito ao locador exigir aumento de aluguel correspondente a 10% (dez por cento) ao ano da Contribuio de Melhoria efetivamente paga. ¤ 3¼ nula a clusula do contrato de locao que atribua ao locatria o pagamento, no todo ou em parte, da Contribuio de Melhoria lanada sbre o imvel. ¤ 4¼ Os bens indivisos, sero considerados como pertencentes a um s proprietrio e quele que fr lanado ter direito de exigir dos condminos as parcelas que lhes couberem. Portanto, por fora do caput, o contribuinte dessa exao so os proprietrios dos imveis na poca do lanamento tributrio. Se, depois do lanamento, ocorrer a transferncia do imvel a um terceiro, seja por ato inter vivos ou sucesso causa mortis, incide na hiptese as regras de responsabilidade tributria por transferncia constantes do Cdigo Tributrio Nacional. O pargrafo primeiro trata das hipteses de enfiteuses, cuja instituio, como regra, no mais permitida no ordenamento jurdico2, remanescendo vigente apenas aquelas j constitudas ou reguladas por legislao especfica. Por fora desse dispositivo, caso se institua cobrana de melhoria em razo de obra pblica que promova valorizao em um imvel com enfiteuse, cabe ao enfiteuta Ð aquele que possui o direito de posse, uso e gozo do imvel Ð arcar com o valor da tributao. O pargrafo segundo norma de direito privado, que autoriza ao locador exigir aumento de aluguel correspondente a 10% ao ano da contribuio de melhoria efetivamente paga. O pargrafo terceiro, por sua vez, apenas externaliza comando que j se encontra no artigo 123 do CTN, segundo o qual Òsalvo disposies de lei em contrrio, as convenes particulares, relativas responsabilidade pelo pagamento de tributos, no podem ser opostas Fazenda Pblica, para modificar a definio legal do sujeito passivo das obrigaes tributrias correspondentesÓ. Por fim, o pargrafo quarto estabelece solidariedade passiva com relao aos proprietrios dos imveis indivisos, cabendo aquele que pagar o direito de reaver a quota dos demais condminos. 2.5 Ð Limites da Contribuio de melhoria O artigo 81 do CTN traz os limites que servem de baliza na exigncia da contribuio de melhoria: 2 Art. 2.038. Fica proibida a constituio de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, at sua extino, s disposies do Cdigo Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 11 de 95 Art. 81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado. Assim, o valor a ser cobrado possui dois limites: a) a despesa total gasta pelo Poder Pblico ao realizar a obra; b) a valorizao que beneficiou cada um dos imveis isoladamente considerados. O fundamento da primeira condicionante reside na circunstncia de que a contribuio de melhoria um tributo vinculado, ou seja, que tem como pressuposto uma atividade estatal. Como a base de clculo tem como uma das funes justamente dimensionar economicamente o fato jurdico, o valor da contribuio de melhoria deve corresponder ao custo incorrido pelo Estado na sua atuao, isto , deve corresponder ao valor total gasto pela realizao da obra pblica. A segunda condicionante repousa na circunstncia de que a contribuio de melhoria pode ser instituda para neutralizar os efeitos positivos da obra pblica sobre o patrimnio do contribuinte Ð mantendo, assim, o capital que existia antes da obra ser realizada Ð mas no pode ser usada para produzir um decrscimo no seu valor. Portanto, a base econmica da contribuio de melhoria deve observar esses dois limites: a) no pode ser superior ao custo global da obra; b) no pode superar a valorizao individual de cada imvel. Na prtica, a existncia dessas balizas dificulta a recuperao integral do valor gasto pelo Estado. Imaginemos, por exemplo, que a obra tenha custado R$ 1.000.000,00, e que foram beneficiados por ela 25 imveis, que tiveram valorizao individual de R$ 20.000,00. Nesse caso, em razo da segunda condicionante, o poder pblico poderia arrecadar apenas a quantia de R$ 500.000,00 (valorizao individual - R$ 20.000,00 Ð multiplicado pela quantidade de imveis beneficiados Ð 25). 3 Ð Emprstimo Compulsrio 3.1 Ð Consideraes Gerais Sob a gide da Constituio Federal de 1946, havia divergncias acerca da natureza jurdica do emprstimo compulsrio, existindo quem defendesse o carter no tributrio dessa cobrana. Essa tese foi inicialmente adotada pelo Supremo Tribunal Federal, que editou inclusive Smula acerca do tema: Smula 418: O emprstimo compulsrio no tributo, e sua arrecadao no est sujeita exigncia constitucional da prvia autorizao oramentria. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 12 de 95 Argumentava-se que o emprstimo compulsrio era um contrato ou emprstimo obrigatrio, caracterizado pelo coatividade de um contrato de adeso e pela existncia de uma clausula de restituio.3 J na vigncia do texto de 1967, foi editada a Emenda Constitucional 1/69, que trouxe dois dispositivos sobre o tema: Art. 18, ¤ 3¼ Somente a Unio, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, poder instituir emprstimo compulsrio. Artigo 21 (...) ¤ 2¼ A Unio pode instituir: I - contribuies, nos termos do item I deste artigo, tendo em vista interveno no domnio econmico e o interesse da previdncia social ou de categorias profissionais; e II - emprstimos compulsrios, nos casos especiais definidos em lei complementar, aos quais se aplicaro as disposies constitucionais relativas aos tributos e s normas gerais do direito tributrio. Havia quem defendesse que essa emenda constitucional estabelecera um regime dual: o emprstimo compulsrio do artigo 18, ¤3¼, teria natureza no tributria e o emprstimo compulsrio do artigo 21, ¤2¼, inciso II, possuiria natureza tributria. O Supremo Tribunal Federal, noentanto, rechaou essa classificao. A Corte entendeu que, a partir da Emenda Constitucional 1/69, restou caracterizado o inequvoco carter tributrio dos emprstimos compulsrios, independentemente de se tratar de emprstimo institudo com base no artigo 18, ¤3¼, ou com supedneo no artigo 21, ¤, 2¼, inciso II: Emprstimo Compulsrio - Dec. - Lei 2.047, de 20/7/1983. Smula 418. A Smula 418 perdeu validade em face do art. 21, pargrafo 2¼, II, da Constituio Federal (redao da Emenda Constitucional 1/69). No h distinguir, quanto natureza, o emprstimo compulsrio excepcional do art. 18, pargrafo 3¼, da Constituio Federal, do emprstimo compulsrio especial, do art. 21, pargrafo 2¼, II, da mesma Constituio Federal. Os casos sero sempre os da lei complementar (CTN, art. 15) ou outra regularmente votada (art. 50 da Constituio Federal). O emprstimo sujeita- se s imposies da legalidade e igualdade, mas, por sua natureza, no anterioridade, nos termos do art. 153, pargrafo 29, 'in fine', da Constituio Federal (demais casos previstos na Constituio). O Dec. - Lei 2.047/83, contudo, sofre de vcio incurvel: a retroao a ganhos, rendas - ainda que no tributveis - de exerccio anterior, j encerrado. Essa retroatividade inaceitvel (art. 153, pargrafo 3¼, da Constituio Federal), fundamento diverso do em que se apoiou o acrdo recorrido. Recurso extraordinrio no conhecido, declarada a inconstitucionalidade do Decreto-Lei 2.047, de 20.7.83." (RE 111.54, Relator Ministro Oscar Corra, Tribunal Pleno, julgamento em 1.6.1988, DJ de 24.6.1988) grifo nosso Essa concluso se manteve inalterada com a Constituio Federal de 1988, que deu Unio Federal a competncia para instituir emprstimos compulsrios: Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios: 3 Torres, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributrio, 12. Edl, p. 426 Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 13 de 95 I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia; II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Com efeito, o emprstimo compulsrio se enquadra perfeitamente no conceito de tributo trazido pelo artigo 3¼ do Cdigo Tributrio Nacional: Art. 3¼ Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. De fato, trata-se de: i) uma prestao pecuniria; ii) de carter compulsrio; iii) cuja natureza no sancionatria; iv) instituda por meio de lei; iv) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Portanto, no h duvidas de que a Smula 418 do Supremo Tribunal Federal no se encontra mais vigente e que os emprstimos compulsrios possuem natureza tributria. Questo mais controversa, no entanto, diz respeito sua autonomia tributria, cuja soluo depende dos critrios utilizados para classificao das espcies tributrias. Quem adota, por exemplo, a teoria tripartida, afasta a autonomia dos emprstimos compulsrios, que ou seriam taxas ou impostos, a depender da base econmica eleita pelo legislador. A teoria quadripartida e a teoria pentapartida, por sua vez, defendem a existncia dessa espcie tributria autnoma. Como assentamos anteriormente, adotamos a teoria pentapartida, por ser aquela que tem encontrado respaldo nas Bancas Examinadoras de Concursos Pblicos. Alm disso, temos adotado como pressuposto os critrios classificatrios estabelecidos por Paulo Ayres Barreto, que divide os tributos em: i) vinculados e no vinculados; ii) destinados e no destinados; iii) restituveis e no restituveis. Assim, na esteira dessa doutrina, o emprstimo compulsrio uma espcie tributria autnoma, que possui as seguintes caractersticas essenciais: 1»: Trata-se de tributo que pode ser tanto vinculado como no vinculado, uma vez que a Constituio Federal, no artigo 148, estabeleceu to somente as finalidades para as quais eles podem ser institudos, nada dizendo sobre a materialidade da exao. Assim, o legislador pode descrever na hiptese de incidncia da exao tanto uma conduta estatal como um comportamento do contribuinte. 2»: Trata-se de tributo destinado, o que significa afirmar que o produto da arrecadao deve ser utilizado para o custeio das finalidades constitucionalmente estabelecidas Ð calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia (inciso I do artigo 148 da CF) ou investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional (inciso II do artigo 148 da CF). 3»: restituvel, devendo a lei fixar obrigatoriamente o prazo do emprstimo e as condies do seu resgate. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 14 de 95 3.2Ð Pressupostos Constitucionais O caput do artigo 148 da Constituio dispe que Òa Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsriosÓ. Aqui, j encontramos dois pressupostos constitucionais: Apenas a Unio pode instituir emprstimos compulsrios e apenas pode faz-lo por meio de lei complementar, cujo qurum de aprovao maior do que o de uma lei ordinria. Os demais pressupostos se encontram arrolados no inciso I e no inciso II do artigo 148 da Constituio Federal. Comecemos com o primeiro: Art. 148. [...]: I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia; Esse dispositivo autoriza a instituio de emprstimo compulsrio, desde que observado dois requisitos: i) seja usado para fazer frente a despesas extraordinrias; ii) resultantes de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia. A doutrina majoritria bastante rigorosa com os contornos do conceito de despesas extraordinrias, exigindo o esgotamento dos fundos pblicos, inclusive os de contingncia. Nessa esteira, adverte Sacha Calmon Navarro Coelho4 que: ÒDespesas extraordinrias so aquelas absolutamente necessrias, aps esgotados os fundos pblicos inclusive os de contingncia. Vale dizer, a inanio do Tesouro h de ser comprovada. E tais despesas no so quaisquer, seno as que decorrerem da premente necessidade de acudir as vtimas das calamidades pblicas srias tais como terremotos, maremotos, incndios, enchentes catastrficas, secas transanuais, tufes, ciclones etc. Nem basta decretar o estado de calamidade pblica, cujos pressupostos so lenientes. De verdade, a hecatombe deve ser avassaladora, caso contrrio se banalizaria a licena constitucional, ante acts of God que sempre ocorrem, sistematicamente, ao longo das estaes do anoÓ (COæLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentrios Constituio de 1988 Ð Sistema Tributrio Nacional, p. 147). A calamidade pblica, por sua vez, caracteriza-se por catstrofes provocadas por agentes da natureza ou por outros eventos de carter socioeconmico que coloquem em perigo o equilbrio do organismo social.5 O conceito de guerra externa ou sua iminncia bastante intuitivo, dizendo respeito a um conflito armado Ð ou sua iminncia - entre o Brasil e outro pas. O inciso II do artigo 148 traz outras hipteses em que se autoriza a instituio de um emprstimo compulsrio: Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios: II - no caso de investimento pblico de carter urgente ede relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 4 COæLHO, Sacha Calmon Navarro. Comentrios Constituio de 1988: Sistema Tributrio Nacional. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 147 5 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributrio. 27. ed. So Paulo: Saraiva, 2016, p. 57-58 Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 15 de 95 Aqui, exige-se dois requisitos: a) que haja a necessidade de investimento pblico de carter urgente; b) que esse investimento seja de relevante interesse nacional. O conceito de urgente, embora relativamente vago, diz respeito necessidade de soluo imediata para enfrentamento de algum problema, que necessita de um investimento pblico. O conceito de relevante interesse nacional padece de um grau ainda maior de vaguidade, variando de acordo com as preferncias polticas e ideolgicas de cada um. De um modo geral, pode-se afirmar que se exige que o investimento no seja banal ou de interesse local, existindo a necessidade que ele tenha importncia significativa do ponto de vista dos interesses nacionais. Questo importante diz respeito incidncia ou no incidncia do princpio da anterioridade no caso dos emprstimos compulsrios. Observem que o ¤1¼ do artigo 150 da Constituio Federal excepcionou o princpio da anterioridade anual e nonagesimal nos casos de emprstimos compulsrios institudos com fulcro no artigo 148, inciso I, da Carta Constitucional: Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:[...] III - cobrar tributos: b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b; (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 42, de 19.12.2003) ¤ 1¼ A vedao do inciso III, b, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedao do inciso III, c, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem fixao da base de clculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 42, de 19.12.2003) Portanto, tratando-se de emprstimos compulsrios institudos para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia, no h que se falar na incidncia do princpio da anterioridade. Quanto ao inciso II, pela sua dico expressa se poderia concluir que s haveria observncia ao princpio da anterioridade de exerccio, mas no ao princpio da anterioridade nonagesimal. Contudo, no essa a melhor interpretao. O inciso II s faz remisso alnea b, do inciso III, do artigo 150, porque na redao originria da Constituio Federal o princpio da anterioridade nonagesimal se aplicava unicamente s contribuies para a seguridade social. Apenas em 2003, pela Emenda Constitucional 42, foi que se inseriu a alnea c ao inciso III do artigo 150 da Constituio Federal, quando ento o princpio da anterioridade nonagesimal passou a se aplicar a todas as espcies tributrias. O grfico abaixo sintetiza o que acabamos de afirmar: Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 16 de 95 3.3Ð Fato gerador Diferentemente do que ocorre, por exemplo, com os impostos, a Constituio Federal no disse quais as bases econmicas possveis de serem utilizadas na instituio de um emprstimo compulsrio, limitando-se a afirmar o que ou quais as situaes que autorizam a sua instituio. Portanto, entende-se que o legislador livre para escolher o fato impunvel, podendo criar um emprstimo compulsrio que seja vinculado a uma atividade estatal ou um emprstimo compulsrio que no seja vinculado a uma atividade estatal. Parcela da doutrina, no entanto, tem estabelecido uma limitao, que no decorre expressamente do texto constitucional, mas que segundo essa corrente, poderia ser extrada de uma interpretao sistemtica da CF, sobretudo do princpio federativo. Trata-se da vedao de que os emprstimos compulsrios utilizem como hiptese imponvel fatos ou situaes que se amoldam a competncia tributria dos Estados e dos Municpios, exceto se o emprstimo compulsrio for institudo por motivo de guerra externa ou sua iminncia, caso em que essa vedao cederia diante da aplicao analgica do artigo 154, inciso II, da Constituio Federal, que ao autorizar a Unio Federal a instituir o Imposto Extraordinrio de Guerra, o fez de maneira ampla, para abarcar inclusive situaes no abrangidas em sua competncia tributria6. 6 Art. 154. A Unio poder instituir: II - na iminncia ou no caso de guerra externa, impostos extraordinrios, compreendidos ou no em sua competncia tributria, os quais sero suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criao. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 17 de 95 Portanto, para essa parcela da doutrina, da qual fazem parte, dentre outros, Sacha Calmon Navarro Coelho e Lus Eduardo Schoeuri, existiria uma limitao implcita ao exerccio dessa competncia tributria. Eduardo Sabbag, por sua vez, discorda, afirmando que o aspecto material da hiptese de incidncia pode ser o de qualquer imposto, seja ele federal, estadual ou municipal, em razo da inexistncia de qualquer vedao expressa do texto constitucional. Diante da inexistncia de uma posio firme acerca do tema, pensamos que uma questo objetiva que fizesse uma indagao sobre a (in) existncia dessa limitao deveria ser anulada. No entanto, se ainda assim isso for objeto de indagao, recomendamos a adoo da primeira corrente interpretativa, por possuir o endosso da maior parte da doutrina de Direito Tributrio. 3.4Ð Anlise do pargrafo nico Antes de encerrarmos a anlise constitucional dos emprstimos compulsrios, atentamo-nos para o que afirma o pargrafo nico do artigo 148 da Constituio Federal: Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios: [...] Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de emprstimo compulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio. O dispositivo dispensa maiores comentrios. Como j mencionado, os emprstimos compulsrios so tributos destinados, cujo produto da arrecadao se encontra afetado a finalidades especificadas constitucionalmente. Nessa esteira, uma Lei Complementar que, por exemplo, criasse um emprstimo compulsrio com fundamento no inciso II - para custeio de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional Ð mas dissesse, em um dos seus dispositivos, que uma parcela da arrecadao seria utilizada para custear o servio de segurana pblica, padeceria de inconstitucionalidade, por ofensa ao pargrafo nico do artigo 148 da Constituio Federal. 3.5 Ð Disciplina no Cdigo Tributrio Nacional O Cdigo Tributrio Nacional dispe no seguinte sentido acerca dos emprstimos compulsrios: Art. 15. Somente a Unio, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir emprstimos compulsrios: I - guerra externa, ou sua iminncia; II - calamidade pblica que exija auxlio federal impossvel de atender com osrecursos oramentrios disponveis; III - conjuntura que exija a absoro temporria de poder aquisitivo. Pargrafo nico. A lei fixar obrigatoriamente o prazo do emprstimo e as condies de seu resgate, observando, no que for aplicvel, o disposto nesta Lei. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 18 de 95 Como se pode observar, o inciso I e o inciso II foram recepcionados pela Constituio Federal de 1988, por serem hipteses nas quais a Unio efetivamente tem a competncia para instituir emprstimos compulsrios. O mesmo no ocorre com relao ao inciso III, que afirma que a Unio poderia instituir emprstimos compulsrios em situao de Ò conjuntura que exija a absoro temporria de poder aquisitivoÓ. Exemplo de situao que se enquadraria nesse conceito seria a da existncia de uma inflao alta, caso em que a Unio poderia lanar mo do emprstimo compulsrio com o objetivo de diminuir a quantidade de moeda e induzir a manuteno dos preos. No entanto, como vimos quando da anlise do artigo 148 da Constituio Federal, essa hiptese no foi contemplada pelo texto constitucional, razo pela qual o inciso III foi por ela revogado. Por fim, quanto ao pargrafo nico do dispositivo, tem-se que a definio do prazo do emprstimo compulsrio requisito obrigatrio, sob pena de inconstitucionalidade da lei que instituiu a exao. 3.6Ð Devoluo dos valores pagos O emprstimo compulsrio, como vimos at aqui, tem como uma das suas caractersticas fundamentais a restituibilidade, que garante aos contribuintes o direito de reaver a quantia paga no prazo determinado e segundo as condies previstas pela lei complementar que instituiu a exao. Embora Constituio Federal e o Cdigo Tributrio Nacional no digam expressamente, h um consenso de que o emprstimo compulsrio deve ser restitudo em moeda Ð portanto, com o mesmo ativo utilizado para pag-lo Ð sob pena de inconstitucionalidade. H inclusive precedentes nesse sentido: EMPRSTIMO COMPULSîRIO Ð AQUISIÌO DE COMBUSTêVEIS. O emprstimo compulsrio alusivo aquisio de combustveis Ð Decreto--Lei n. 2.288/86 mostra--se inconstitucional tendo em conta a forma de devoluo Ð quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Ð ao invs de operar--se na mesma espcie em que recolhido Ð Precedente: Recurso Extraor-dinrio n. 121.336--CEÓ (STF, Plenrio, RE 175385, Min. Marco Aurlio, dez. 1994) Excepciona-se dessa exigncia o emprstimo da Eletrobrs, em razo de disposio especfica constante do artigo 34, ¤12, do ADCT7: EMENTA: EMPRESTIMO COMPULSORIO INSTITUIDO EM BENEFêCIO DA ELETROBRAS. LEI N. 4.156/62. LEGITIMIDADE DA COBRANA RECONHECIDA PELO PLENçRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALEGADA OMISSAO QUANTO A QUESTÌO ALUSIVA A FORMA DE DEVOLUÌO DAS PARCELAS. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 146.615- 4, reconheceu que o emprstimo compulsrio, institudo pela Lei n. 7.181/83, cobrado dos consumidores de energia eltrica, foi recepcionado pela nova Constituio Federal, na forma do art. 34, par. 12, do ADCT. Se a Corte concluiu que a referida disposio transitria preservou a exigibilidade do emprstimo compulsrio com toda a legislao que o regia, no momento da entrada em vigor da Carta Federal, evidentemente tambm acolheu a forma de devoluo relativa a esse emprstimo compulsrio imposta pela legislao acolhida, que a agravante insiste em afirmar ser inconstitucional. Agravo regimental improvido. (RE 7 Art. 34 (...) ¤ 12. A urgncia prevista no art. 148, II, no prejudica a cobrana do emprstimo compulsrio institudo, em benefcio das Centrais Eltricas Brasileiras S.A. (Eletrobrs), pela Lei n¼ 4.156, de 28 de novembro de 1962, com as alteraes posteriores. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 19 de 95 193798 AgR, Relator(a): Min. ILMAR GALVÌO, Primeira Turma, julgado em 18/12/1995, DJ 19-04-1996 PP-12233 EMENT VOL-01824-08 PP-01651) Outra questo relevante diz respeito circunstncia de que, por ser restituvel, o valor a ser devolvido deve ser integral, o que significa afirmar que ele deve ser atualizado monetariamente, sob pena de configurao de confisco. Alm disso, caso os ndices oficiais impliquem expurgo, cabe ao Judicirio intervir para garantir a correo monetria plena, mediante a utilizao de ndice que represente a perda do poder aquisitivo da moeda8. 4 Ð Contribuies Especiais 4.1 Ð Autonomia e caractersticas essenciais Iniciamos agora o estudo das contribuies especiais. Antes, contudo, de ingressarmos no tema, cumpre fazer uma observao inicial, que concerne justamente nomenclatura dessa espcie tributria. Alguns doutrinadores referem-se a essas contribuies como Òcontribuies parafiscaisÓ, expresso que no adotaremos ao longo do captulo. Isso porque, o termo parafiscalidade utilizado tradicionalmente para designar duas circunstncias: i) delegao da capacidade tributria ativa a pessoas de direito pblico ou privado; ii) atribuio, aos delegatrios, da receita arrecadada, que resta excluda do oramento geral, vinculando-se s finalidades prprias da entidade beneficiria9. Como veremos adiante, a maior parte das contribuies so arrecadas pela prpria entidade federativa, no havendo que se falar em parafiscalidade, no sentido corrente do termo. Portanto, entendemos que a expresso contribuies especiais mais adequada, porque possui um maior grau de preciso e evita a distoro conceitual do termo parafiscalidade. possvel encontrar questes de concurso que utilizam tanto o termo contribuies especiais quanto o termo contribuies parafiscais. Portanto, importante que o candidato conhea ambas as expresses. Encerrada essa questo terminolgica, cumpre-nos pontuar que, assim como ocorre com relao aos emprstimos compulsrios, h divergncias na doutrina acerca da autonomia tributria das contribuies especiais. A corrente dicotmica, dualista ou clssica, defendida por Alfredo Augusto Becker, defende a existncia de apenas duas espcies tributrias: impostos e taxas. As contribuies especiais no teriam autonomia, enquadrando-se na 8 PAULSEN, Leandro. Constituio e Cdigo Tributrio Comentados Luz da Doutrina e da Jurisprudncia. 18. ed. So Paulo: Saraiva, 2017. 9 Ibid, p. 22 Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 20 de 95 categoria dos impostos ou das taxas, a depender da base de clculo utilizada. A teoria tripartida, de Paulo de Barros Carvalho, Roque Carrazza e outros autores de renome, divide as espcies tributrias em impostos, taxas e contribuies de melhoria. As contribuies especiais seriam taxas ou impostos, a depender do carter vinculado ou no vinculado da sua hiptese de incidncia. Por outro lado, a teoria pentapartida, que adotamos como pressuposto, entende que as contribuies especiais possuem autonomia tributria. Dentre os argumentados elencados para defender essa tese, destacamos os seguintes: A Constituio Federal se reporta a impostos e contribuies como categorias distintas, como fez, por exemplo, ao exigir lei especfica para a concesso de desoneraes tributrias, ocasio em que aludiu a Òimpostos, taxas ou contribuiesÓ (artigo 150, ¤6¼), ou quando autorizou a substituio tributria progressiva no que tange a Òimpostos e contribuiesÓ (artigo 150, ¤7¼).10 Alm disso, o texto constitucionaldiferenciou as competncias para instituio de impostos e de contribuies, detalhando em cada caso o ente federativo competente. Assim, por exemplo, a Constituio discriminou todos os impostos de competncia da Unio (artigos 153 e 154), dos Estados e do Distrito Federal (artigo 155) e dos Municpios (artigo 156), bem como afirmou que cabe exclusivamente Unio Federal instituir contribuies de interveno no domnio econmico ou de interesse de categorias profissionais ou econmicas.11 Ademais, a Constituio estabeleceu regimes jurdicos distintos para os impostos e para as contribuies: Com relao aos impostos, reservou lei complementar a tarefa de definir os fatos geradores, bases de clculo e contribuintes (artigo 146, inciso III, alnea a), bem como criou um regime prprio no que tange s imunidades (artigo 150, inciso VI). Quanto s contribuies, no fez qualquer exigncia quanto necessidade de definio dos seus fatos geradores por meio de lei complementar, bem como criou imunidades que incidem especificamente sobre essa espcie tributria (artigo 195, ¤7¼)12. Por fim, esse o entendimento predominante no Supremo Tribunal Federal, conforme se extrai do julgamento do RE 146.733 e do julgamento do RE 138.284, a que fizemos referncia na aula anterior. Portanto, aderimos tese de que as contribuies especiais detm plena autonomia tributria com relao s taxas e aos impostos, configurando-se em uma espcie tributria distinta. Cabe agora desvendarmos as suas caractersticas essenciais, que a distinguem das demais exaes. Para tanto, relembremos grfico que sintetiza os critrios utilizados na classificao das espcies tributrias: 10 PAULSEN, Leandro; VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuies: teoria geral, contribuies em espcie. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015, p. 35 11 Ibid. 12 Ibid Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 21 de 95 Portanto, utilizando-se dos critrios que classificam os tributos em i) no vinculados e vinculados; ii) destinados e no destinados; iii) restituveis e no restituveis, podemos dizer que as contribuies especiais possuem as seguintes caractersticas: So tributos no vinculados, porque possuem como hiptese de incidncia um comportamento desvinculado de qualquer atuao estatal. o caso, por exemplo, da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social no cumulativa - COFINS no cumulativa, que tem como fato gerador, nos termos do artigo 1¼ da Lei 10.833/2003 Ò o total das receitas auferidas no ms pela pessoa jurdica, independentemente de sua denominao ou classificao contbilÓ. So tributos destinados, porque afetados realizao de finalidades estatais especficas. Assim, uma contribuio de interveno no domnio econmico tem como finalidade justamente o custeio da interveno da Unio naquele determinado setor econmico, assim como as contribuies para a seguridade social tem como objetivo propiciar a promoo de polticas pblicas nas reas de sade, previdncia social e assistncia social. Por fim, so tributos no restituveis, porque ingressam a ttulo definitivo no patrimnio do poder pblico, no existindo direito devoluo. 4.2Ð Requisitos de validade As caractersticas identificadas acima do a roupagem das contribuies especiais, diferenciando-as das demais espcies tributrias. So, com outras palavras, os elementos conceituais das contribuies. No h que se confundi- los, no entanto, com os requisitos especficos de validade, que veremos a partir de agora. Enquanto os elementos conceituais identificam qual a espcie tributria em anlise, os requisitos de validade permitem aferir se aquela exao vlida ou invlida. A doutrina identifica trs requisitos especficos de validade com relao s contribuies. O primeiro deles o de que a finalidade constante da lei que instituiu a contribuio deve ser compatvel com a finalidade especificada pela norma atributiva de competncia tributria. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 22 de 95 O legislador no pode utilizar as contribuies especiais para promover toda e qualquer finalidade, porque inexiste no sistema constitucional uma competncia genrica para instituio de tais tributos. Assim, por exemplo, a Unio no poderia instituir contribuio ao salrio-educao, com base na competncia do artigo 212 da Constituio Federal, para custear o ensino superior, porque o dispositivo autoriza a instituio de contribuio para o fomento do ensino bsico13. Outro exemplo de ofensa a esse requisito de validade foi a instituio, por parte de alguns estados, de contribuio para o custeio do servio de sade dos servidores pblicos. O artigo 149, ¤1¼, da Constituio Federal, apenas autoriza aos Estados, Distrito Federal e Municpios a instituio de contribuio para custeio do regime prprio da previdncia social, inexistindo autorizao para que essas entidades federativas financiem a sade pblica dos servidores por meio dessa espcie tributria. Foi nesse sentido que decidiu o Supremo Tribunal Federal: EMENTA: CONTRIBUIÌO PARA O CUSTEIO DOS SERVIOS DE ASSISTæNCIA MDICA, HOSPITALAR, ODONTOLîGICA E FARMACEòTICA. ART. 85 DA LEI COMPLEMENTAR N¼ 62/2002, DO ESTADO DE MINAS GERAIS. NATUREZA TRIBUTçRIA. COMPULSORIEDADE. DISTRIBUIÌO DE COMPETæNCIAS TRIBUTçRIAS. ROL TAXATIVO. INCOMPETæNCIA DO ESTADO-MEMBRO. INCONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINçRIO NÌO PROVIDO. I - ntida a natureza tributria da contribuio instituda pelo art. 85 da Lei Complementar n¼ 64/2002, do Estado de Minas Gerais, haja vista a compulsoriedade de sua cobrana. II - O art. 149, caput, da Constituio atribui Unio a competncia exclusiva para a instituio de contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais e econmicas. Essa regra contempla duas excees, contidas no arts. 149, ¤ 1¼, e 149-A da Constituio. Ë exceo desses dois casos, aos Estados-membros no foi atribuda competncia para a instituio de contribuio, seja qual for a sua finalidade. III - A competncia, privativa ou concorrente, para legislar sobre determinada matria no implica automaticamente a competncia para a instituio de tributos. Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuies que lhes foram expressamente outorgados pela Constituio. IV - Os Estados-membros podem instituir apenas contribuio que tenha por finalidade o custeio do regime de previdncia de seus servidores. A expresso "regime previdencirio" no abrange a prestao de servios mdicos, hospitalares, odontolgicos e farmacuticos. (RE 573540, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/2010, REPERCUSSÌO GERAL - MRITO DJe-105 DIVULG 10-06-2010 PUBLIC 11-06-2010 EMENT VOL-02405-04 PP-00866 RTJ VOL-00217-01 PP-00568 RT v. 99, n. 900, 2010, p. 175-184) Portanto, a finalidade legal deve guardar pertinncia com a autorizao constitucional. O segundo requisito especfico de validade o de que a interveno estatal, por meio das contribuies especiais, deve ser necessria. Com efeito, ao conceber as contribuies como tributos teleolgicos, que se distinguem dos impostos pela sua afetao a finalidades constitucionais, a Constituio determinou que a sua 13 PAULSEN, Leandro; VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuies: teoria geral, contribuies em espcie. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015, p. 48 Mateus PontaltiAula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 23 de 95 instituio no pode ser exercida seno na medida do estritamente necessrio promoo desses objetivos.14 Se a desnecessidade existia no momento da edio da contribuio, o caso de inconstitucionalidade. Por outro lado, no caso de desnecessidade superveniente, o que existe uma revogao tcita da contribuio. Como exemplo de desnecessidade superveniente se pode citar a extino das atividades do rgo ou entidade ao qual a contribuio est vinculada, como ocorreria se, por exemplo, fossem extintos os servios sociais autnomos como o SESC, SENAC, SESI e SENAI15. Exemplo de desnecessidade originria ocorreria se uma contribuio fosse instituda para promoo de finalidade que dispensasse a interveno estatal. O terceiro requisito concerne chamada referibilidade das contribuies especiais, que o liame que deve existir entre a finalidade da contribuio e os sujeitos passivos que devem suportar o encargo. Essa ideia, da existncia da referibilidade, tem como pressuposto a concluso de que uma contribuio promove interesses concernentes a um grupo social ou econmico em especifico Ð e no de toda a coletividade Ð razo pela qual no podem ser includos no polo passivo do tributo indivduos que no possuam nenhuma relao com o objetivo a ser alcanado com a interveno estatal. Pensemos, para esclarecer melhor esse conceito, nas contribuies do interesse de categorias profissionais, do que so exemplos as anuidades pagas ao Conselho Regional de Medicina. Seria lcito que o conselho de medicina exigisse as anuidades de advogados ou arquitetos? Por bvio, a resposta negativa, e a razo que inexistiria nesses casos referibilidade, isto , o vnculo entre a finalidade da contribuio Ð fiscalizao do exerccio da profisso de mdico Ð e os sujeitos passivos Ð no nosso exemplo, os advogados ou arquitetos. Por outro lado, importante mencionar que no se pode confundir referibilidade Ð que esse vnculo existente entre a finalidade da contribuio e os sujeitos passivos Ð com a existncia de benefcios que sejam prestados em favor destes ltimos. A constituio no exige que sejam chamados a pagar contribuies to somente aqueles em favor de quem ocorreu uma atuao estatal. Lembremo-nos que as contribuies especiais so tributos no vinculados, que no se caracterizam por ser comutativos. Portanto, referibilidade no pode ser confundida com vantagens econmicas auferidas ou custos gerados pelo contribuinte. Assim, apenas para exemplificarmos, no necessrio que o engenheiro seja fiscalizado pelo Conselho Regional de Engenharia para que surja o dever de pagar a anuidade, decorrendo a relao tributria to somente do exerccio do ofcio profissional. 14 PAULSEN, Leandro; VELLOSO, Andrei Pitten. Contribuies: teoria geral, contribuies em espcie. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015, p. 51-52 15 Ibid. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 24 de 95 No julgamento da ADI 3.105, essa concepo foi expressamente adotada pelo Ministro Cezar Peluso, conforme se observa do seguinte trecho do seu voto: Como se v, o singular regime constitucional das contribuies responde a variantes axiolgicas diversas daquelas que inspiram e orientam o dos impostos e das taxas. O sujeito passivo no se define como tal na relao jurdico-tributria da contribuio por manifestar capacidade contributiva, como se d nos impostos, nem por auferir benefcio ou contraprestao do Estado, como se passa com as taxas, mas apenas por pertencer a um determinado grupo social ou econmico, identificvel em funo da finalidade constitucional especfica do tributo de que se cuide. Embora em alguns casos Ð como nos exemplos mencionados Ð seja fcil verificar a observncia do requisito da referibilidade, em outros a situao mais tormentosa, existindo espao para controvrsias. Peguemos o caso, por exemplo, da Contribuio destinada ao INCRA, que o Superior Tribunal de Justia qualificou como de interveno no domnio econmico. Essa contribuio exigida inclusive das empresas urbanas, o que suscitou debate acerca do preenchimento do requisito da referibilidade. Enquanto os contribuintes negavam a pertinncia entre os sujeitos passivos e a finalidade da contribuio, o fisco entendia que se estava diante de uma referibilidade indireta, que seria suficiente para justificar a cobrana da exao. No julgamento do Resp 995.564, o Superior Tribunal de Justia deu razo ao fisco, por entender que, no caso das contribuies interventivas e sociais, bastaria uma relao indireta entre a atuao estatal e os sujeitos passivos. Editou-se posteriormente inclusive smula sobre o tema: Smula 516 do STJ: A contribuio de interveno no domnio econmico para o Incra (Decreto-Lei n. 1.110/1970), devida por empregadores rurais e urbanos, no foi extinta pelas Leis ns. 7.787/1989, 8.212/1991 e 8.213/1991, no podendo ser compensada com a contribuio ao INSS. A questo, no entanto, ainda no foi inteiramente resolvida, porque o Supremo Tribunal Federal, no 630.898, reconheceu a Repercusso Geral da matria. Transcrevemos trecho da manifestao do relator, Ministro Dias Toffoli: Entendo, portanto, que a matria transcende o interesse subjetivo das partes e possui grande densidade constitucional, na medida em que, no extraordinrio, se discute a recepo ou no da contribuio destinada ao INCRA pela Constituio Federal de 1988 e a roupagem da referida contribuio aps a edio da EC n¼ 33/01, abarcando, ainda, a questo da referibilidade, ou seja, da existncia de nexo direto entre as finalidades da contribuio ao INCRA e os sujeitos passivos da obrigao tributria, tal como definidos na norma instituidora da contribuio, incluindo-se, nesse contexto, as empresas urbanas. Por fim, cumpre-nos fazer uma importante ressalva: Parcela da doutrina entende que a referibilidade no se aplica s contribuies para a seguridade social, em razo de a Constituio Federal estabelecer, no artigo 195, que ela deve ser Òfinanciada por toda a sociedade, de forma direta e indiretaÓ. Assim, quanto a essas contribuies, no h vedao a que toda a coletividade Ð e no apenas um grupo em especifico Ð seja colocada no polo passivo da norma imponvel. UEPA/2012/Procurador do Estado/Adaptada Julgue o item a seguir: Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 25 de 95 No caso especfico das contribuies sociais, no haver juzo de referibilidade a condicionar a posio de contribuinte, j que o art. 195 da Constituio determinou o seu custeio por toda a sociedade. ( ) Certo ( ) Errado Comentrios: A afirmativa est correta O enunciado est se referindo s contribuies para seguridade social, em razo de fazer remisso ao artigo 195 da Constituio Federal. Nesse sentido, como dissemos, para parte da doutrina inexiste realmente o requisito da referibilidade, em razo de a seguridade social Òser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indiretaÓ. 4.3Ð Classificao das Contribuies Adotaremos a classificao das contribuies especiais formulada por Leandro Paulsen e Andrei Pitten Velloso, que pode ser observada pelo grfico abaixo: As contribuies sociais, como se observa do grfico acima, podem ser divididas em: i) contribuies sociais gerais; ii) contribuiespara a seguridade social; iii) contribuies previdencirias; iv) contribuies constitucionalizadas. As contribuies sociais gerais so aquelas cujo suporte constitucional o artigo 149 da Constituio Federal. As contribuies para seguridade social, por sua vez, Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 26 de 95 tm como normas atributivas de competncia o inciso I, alneas b e c, inciso III, inciso IV, ¤4¼ e ¤8 do artigo 195 da Constituio Federal. Pode-se dividi-las em contribuies nominadas, que so aquelas cujas bases econmicas se encontram arroladas pelo texto constitucional, e residuais, cuja base imponvel no definida previamente pelo texto. Embora nem toda a doutrina diferencie as contribuies para a seguridade social das contribuies previdencirias Ð na medida em que a previdncia social faz parte da seguridade social, ao lado da sade e assistncia social - optamos por faz-lo, em razo de as contribuies previstas pela alnea a, do inciso I, e inciso II, ambos do artigo 195 da Constituio Federal, s poderem ser utilizadas para pagamento de benefcios do regime geral de previdncia social, conforme disposio do artigo 167, inciso XI. Por fim, existem as contribuies constitucionalizadas, assim chamadas por terem origem em leis anteriores Constituio, cujos fundamentos de validade se encontram espalhados pelo texto constitucional. No caso do salrio educao, o fundamento o artigo 212, ¤5¼; no caso da contribuio ao PIS/PASEP, o artigo 239; no caso das contribuies ao SESC, SENAC, SESI e SENAI, o artigo 240 da Constituio Federal. As contribuies de interveno no domnio econmico, alcunhadas de CIDEs, foram dividas em gerais e inominadas. As gerais so aquelas que possuem como fundamento a norma geral prevista no artigo 149 da Constituio Federal; a nominada diz respeito CIDE-Combustvel, cuja norma de competncia o artigo 177, ¤4¼, da Constituio Federal16. As contribuies corporativas se encontram previstas no artigo 149 da Constituio Federal, e podem ser classificadas em contribuies de interesse de categorias profissionais e contribuies de interesse de categorias econmicas. 4.4Ð Instrumento legislativo para instituio das contribuies especiais As contribuies especiais, regra geral, no so submetidas reserva de Lei Complementar, conforme se extrai da leitura do conjunto dos dispositivos que mencionamos no tpico anterior. Assim, a instituio dessas contribuies pode ser realizada por mera lei ordinria. H, contudo, uma exceo: Trata-se das contribuies residuais para a seguridade social, cujo suporte constitucional o artigo 195, ¤4¼: Artigo 195 [...] ¤ 4¼ A lei poder instituir outras fontes destinadas a garantir a manuteno ou expanso da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 16 Art. 177. Constituem monoplio da Unio: ¤ 4¼ A lei que instituir contribuio de interveno no domnio econmico relativa s atividades de importao ou comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e seus derivados e lcool combustvel dever atender aos seguintes requisitos: (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 27 de 95 Art. 154. A Unio poder instituir: I - mediante lei complementar, impostos no previstos no artigo anterior, desde que sejam no-cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos discriminados nesta Constituio; Como se observa, o artigo 195, ¤4¼, fez remisso ao artigo 154, inciso I, que no seu bojo traz a exigncia, dentre outros requisitos, da edio de lei complementar. 4.5 Ð Disposies comuns s contribuies sociais e de interveno no domnio econmico A emenda constitucional n¼ 33/2001 inovou na ordem constitucional vigente, trazendo importante regramento que se aplica a todas as contribuies sociais e a todas contribuies de interveno no domnio econmico, incluindo-se suas subespcies. Referimo-nos ao pargrafo segundo do artigo 149 da Constituio Federal, que passou a dispor no seguinte sentido: Artigo 149 [...] ¤2¼ As contribuies sociais e de interveno no domnio econmico de que trata o caput deste artigo: (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) I - no incidiro sobre as receitas decorrentes de exportao; (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) II - incidiro tambm sobre a importao de produtos estrangeiros ou servios; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 42, de 19.12.2003) III - podero ter alquotas: (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operao e, no caso de importao, o valor aduaneiro; (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) b) especfica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 33, de 2001) O inciso I estabelece regra de imunidade incidente sobre as receitas decorrentes de exportao. Portanto, qualquer contribuio social ou de interveno no domnio econmico que tenha como fato gerador a receita no pode incidir sobre aquelas receitas que resultaram de operaes destinadas ao exterior. Assim, por exemplo, no pode a Unio exigir a COFINS e o PIS sobre as receitas obtidas pelas empresas com a exportao de servios e bens. Por outro lado, nada impede que haja a cobrana sobre o lucro decorrente de operaes destinadas ao exterior. Isso porque, a doutrina e a jurisprudncia distinguem essas duas bases econmicas: as receitas decorrentes de exportao so os valores que, em decorrncia dessas operaes, ingressam no patrimnio da pessoa jurdica; o lucro, por outro lado, o resultado de uma srie de operaes que levam em considerao o somatrio das receitas e certas despesas dedutveis. Mateus Pontalti Aula 04 Direito Tributário p/ PC-CE (Delegado) www.estrategiaconcursos.com.br 25263944810 - Victor Eduardo Nascimento ! ! Pgina 28 de 95 Em razo dessa circunstncia, no h que se falar na incidncia dessa imunidade no caso da CSLL: Recurso extraordinrio. 2. Contribuies sociais. Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL) e Contribuio Provisria sobre Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). 3. Imunidade. Receitas decorrentes de exportao. Abrangncia. 4. A imunidade prevista no art. 149, ¤ 2¼, I, da Constituio, introduzida pela Emenda Constitucional n¼ 33/2001, no alcana a Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL), haja vista a distino ontolgica entre os conceitos de lucro e receita. 6. Vencida a tese segundo a qual a interpretao teleolgica da mencionada regra de imunidade conduziria excluso do lucro decorrente das receitas de exportao da hiptese de incidncia da CSLL, pois o conceito de lucro pressuporia o de receita, e a finalidade do referido dispositivo constitucional seria a desonerao ampla das exportaes, com o escopo de conferir efetividade ao princpio da garantia do desenvolvimento nacional (art. 3¼ , I, da Constituio). 7. A norma de exonerao tributria prevista no art. 149, ¤ 2¼, I, da Constituio tambm no alcana a Contribuio Provisria sobre Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), pois o referido tributo no se vincula diretamente operao de exportao. A exao no incide sobre o resultado imediato da operao, mas sobre
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