Prévia do material em texto
26/04/2019 1 GLICÍDIOS Disciplina: Composição Química dos Alimentos Profª. Patrícia Souza GLICÍDIOS Funções Energética; Estrutural; Genética; Reserva Importância Tecnológica Edulcorante; Propriedade reológica; Reações de escurecimento; Matéria-prima para fermentação Fontes Açúcar refinado; Farinha de trigo; Hortaliças; Frutas e outros 26/04/2019 2 CARBOIDRATOS As aldoses e cetoses naturais ocorrem normalmente na forma D Isomeria óptica: os açúcares naturais são de série D CARBOIDRATOS 26/04/2019 3 Grupo Aldeído Carbono quiral CARBOIDRATOS Carbono quiral Grupo Aldeído CARBOIDRATOS 26/04/2019 4 ESTRUTURA CÍCLICA DA GLICOSE Pentoses e hexoses podem ciclizar quando o grupo cetona ou aldeído reage com o grupo OH distal. ESTRUTURA CÍCLICA DA GLICOSE Em solução todos os carboidratos com 5C ou mais encontram-se praticamente (99% ) na forma cíclica. 26/04/2019 5 ESTRUTURAS CÍCLICAS DAS OSES Em solução aquosa, ou seja, no metabolismo as moléculas das oses estão, na sua maior parte ciclizadas CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS 26/04/2019 6 1) Quanto ao grupo funcional e número de carbonos: CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS C A R B O I D R A T O S 3C = triose 4C = tetrose 5C = pentose 6C = hexose Aldoses Cetoses 3C = triulose 4C = tetrulose 5C = pentulose 6C = hexulose C A R B O I D R A T O S Monossacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos 2 a 10 (ou 2 a 20) unds de açúcares unidas por ligações glicosídicas 2) Quanto ao número de unidades monossacarídeas: CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS Até 9 CARBONOS > 20 unds de açúcares unidas por l igações glicosídicas 26/04/2019 7 MONOSSACARÍDEOS Menor unidade estrutural de um carboidrato Podem apresentar diferentes grupos funcionais MONOSSACARÍDEOS 26/04/2019 8 Propriedades dos monossacarídeos Sólidos Incolores Cristalinos Solúveis em água e insolúveis em solventes polares Sabor doce Redutores MONOSSACARÍDEOS REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 1. Redução dos grupos carbonila OBS: Na indústria utiliza-se o gás hidrogênio sob pressão, na presença de catalisador (níquel de Raney), formando poli-hidroxil álcoois ou poliois. D-glicose → D-glicitol (sorbitol) D-manose → D-manitol D-xilose → xilitol D-frutose → D-manitol e D-glicitol 26/04/2019 9 REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 2. Desidratação Sob aquecimento ocorre a desidratação dos monossacarídeos. Pentoses - Formam o 2-furaldeído (furfural) e eliminam 3 moléculas de água. Hexoses - Formam o 5-hidrometil-2-furfuraldeído (hidroximetilfurfural – HMF). ∆ ∆ 3. Reação com aminas – Escurecimento não enzimático ou Reação de Maillard REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 26/04/2019 10 REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 3. Reação com aminas – Escurecimento não enzimático ou Reação de Maillard O grupo carbonila (C=O) do açúcar redutor pode reagir com o grupo amina primário (NH2), produzindo inúmeros compostos poliméricos (melanoidinas) de coloração escura. Lentamente durante a estocagem Com muita rapidez nas altas temperaturas Reação de Maillard Formam numerosos compostos intermediários que são responsáveis pelos sabores, aromas e coloração. REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 3. Reação com aminas – Escurecimento não enzimático ou Reação de Maillard Compreende 3 fases: Fase Inicial • Reação ocorre entre açúcares redutores e aminoácidos, na proporção de 1:1 e resulta em produtos incolores e sem aroma. Fase Intermediária • Inicia-se a percepção de aromas. A cor torna-se amarelada. Desenvolve-se o poder redutor em solução e o pH diminui. Fase Final • O produto final, uma cetose amina, pode sofrer vários tipos de reações e seguir diferentes caminhos. São desenvolvidos diferentes sabores, aromas e cores em função de diferentes aminoácidos. 26/04/2019 11 REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 4. Caramelização Substâncias responsáveis pelos sabores, aromas e coloração. ∆ ∆ ∆ REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 4. Caramelização O aquecimento de carboidratos em ausência de compostos nitrogenados, promove um complexo grupo de reações envolvidas na caramelização. Envolve T°C elevadas acima de 120°C e tem como produtos finais o caramelo, compostos escuros de composição química complexa. O aquecimento causa desidratação da molécula de açúcar com a introdução de ligações duplas (polímeros insaturados) ou a formação de anéis anidro. A reação é facilitada por pequenas quantidades de ácidos e alguns sais. Caramelo I Caramelo II Caramelo III Caramelo IV 26/04/2019 12 REAÇÕES DE MONOSSACARÍDEOS 5. Formação de glicosídeos A forma hemiacetal dos açúcares pode reagir com um álcool para produzir um acetal completo (ligações glicosídicas), liberando uma molécula de água. DISSACARÍDEOS 26/04/2019 13 Açúcares redutores: apenas um grupo hidroxílico hemiacetálico está envolvido na ligação, ou seja, apresenta a hidroxila (OH) do carbono anomérico livre (OH participa da ligação glicosídica). DISSACARÍDEOS Açúcares não redutores: os grupos hemiacetálicos dos 2 açúcares que compõem o dissacarídeo estão envolvidos na ligação glicosídica, ou seja, não apresentam a hidroxila (OH) do carbono anomérico livre (OH participa da ligação glicosídica). DISSACARÍDEOS 26/04/2019 14 Lactose β-galactose + α-glicose Açúcar redutor Presente no leite Sacarose α-glicose + β-frutose Açúcar não redutor Formado somente por plantas Maltose α-glicose + α -glicose Açúcar redutor Obtido da hidrólise parcial de amidos DISSACARÍDEOS Trealose α-glicose + α -glicose Açúcar não redutor Presente em insetos Celobiose α-glicose + β -glicose Açúcar redutor Presente na celulose e lignina DISSACARÍDEOS 26/04/2019 15 3-10 unidades de monossacarídeos Encontrados em legumes, leguminosas.. Não sofre ação das enzimas pancreáticas OLIGOSSACARÍDEOS Rafinose glicose + frutose + galactose Açúcar não redutor Presente leguminosas, raízes, sementes, melaço. Estaquiose galactose + galactose + glicose + frutose Açúcar não redutor Presente leguminosas. Compostos Doçura em solução 10% -D – Frutose 130,0 Sacarose 100,0 Glicose 74,5 Manose 50,0 Galactose 32,0 Maltose 38,0 Lactose 16,0 Xilitol 1,0 Manitol 0,56 Sorbitol 0,58 1. Poder Adoçante ou Edulcorante: Mensura-se a intensidade do sabor doce mediante a determinação do patamar de percepção do sabor ou por comparação com uma substância de referência, geralmente a sacarose. Os monossacarídeos e os dissacarídeos possuem gosto doce. PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS Fatores que influenciam na percepção: Temperatura; pH; Cor; Presença de outras substâncias Em uma escala arbitrária, se a sacarose fosse atribuído valor 100 ao gosto doce, então os outros açúcares teriam valor: 26/04/2019 16 1. Poder Adoçante ou Edulcorante: PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS Em uma escala arbitrária, se a sacarose fosse atribuído valor100 ao gosto doce, então os outros açúcares teriam valor: 2. Higroscopicidade: PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS Está relacionada diretamente com a presença de grupos hidroxilas, que são capazes de ligar água mediante o estabelecimento de pontes de hidrogênio. Favorável: Umectância Desfavorável: Aglomerados 26/04/2019 17 3. Cristalização: É a principal característica dos açúcares! Em geral, obtém-se a cristalização resfriando soluções saturadas dos açúcares, com o que se provoca a imobilização e a reorganização das moléculas, formando-se um cristal. Fatores que influenciam: grau de saturação da solução original, temperatura, natureza da superfície do cristal, presença de impurezas na solução. Quanto + lento = maior tamanho dos cristais PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS Indesejável: Arenosidade (grandes cristais de lactose) Desejável: Caramelos moles (pequenos cristais opacos) 4. Estado Vítreo (consistência de sólido e transparência): Consiste no estado amorfo, no qual a viscosidade é tão elevada que impede a cristalização do açúcar. Exemplo: caramelos duros e transparentes são feitos com soluções supersaturadas de açúcares (glicose, frutose e açúcar invertido), cuja cristalização é impedida pela elevada viscosidade e rigidez da massa. PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS Os açúcares em estado vítreo são higroscópicos , o que contribui para sua instabilidade, já que, ao reter a água, aumentam a sua mobilidade e, consequentemente, a velocidade de cristalização. 26/04/2019 18 5. Solubilidade: Está relacionada com: 1) Unds glicosil que, em média, possuem 3 grupos hidroxila; 2) Átomo de oxigênio do anel; 3) Átomo de oxigênio que liga um anel de açúcar ao outro Cada grupo tem a possibilidade de formar ligações de hidrogênio 1 ou mais moléculas de água. PROPRIEDADES DOS CARBOIDRATOS REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Hidrólise: Rompimento das ligações glicosídicas. Pode ser catalisada por ácidos e/ou enzimas. A extensão da despolimerização pode acontecer na estocagem ou no processamento. 26/04/2019 19 Molécula Dextrógira (D+): Desvia o plano de luz polarizada para a direita. Açúcar invertido é Levógiro (L-): Desvia o plano de luz polarizada para a esquerda. REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Hidrólise: AÇÚCAR INVERTIDO Açúcar Invertido estável; não cristaliza; liquido; mais doce Maior maciez aos doces, pois não cristaliza, alto poder adoçante. REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Ligação com flavorizantes: Os carboidratos têm a capacidade de reter compostos voláteis aromáticos e pigmentos naturais. Alguns carboidratos como as dextrinas ou ciclodextrinas são capazes de formar sistemas que prendem o composto flavorizante e o protegem. 26/04/2019 20 Enolização: Formação de enodiol (substância instável) em soluções alcalinas aquecidas (açúcares redutores) REAÇÕES QUÍMICAS DE CARBOIDRATOS Reduzem facilmente soluções alcalinas de Cu 2+ a Cu1+ - Reação de Fehling (Lane Eynon) POLISSACARÍDEOS São polímeros de monossacarídeos com mais de 10 resíduos. Carboidratos de elevado peso molecular São classificados como: São menos solúveis, porém mais estáveis que os monossacarídeos. Homopolissacarídeo Heteropolissacarídeo Linear Ramificado Dois tipos de monômeros l ineares Múltiplos monômeros ramificados Grau de Polimerização (DP): Nº de unds de monossacarídeos unidos através de ligação peptídica. 26/04/2019 21 POLISSACARÍDEOS Fonte de reserva mais importante dos vegetais. Pode ser encontrado em raízes, sementes e tubérculos. O amido ocorre na natureza na fórmula de grânulos. Eles são insolúveis em água e se hidratam muito pouco em água fria. A capacidade de aumento de viscosidade (espessante) do amido é obtida apenas quando a suspensão de grânulos é cozida. AMIDO 26/04/2019 22 Hilo ou Centro Iluminados com luz polarizada, observa-se que possuem birrefringência particular, que pode identificar, dentro de certos limites relativos, a origem ou o vegetal de onde procede esse amido. AMIDO AMIDO A amilose apresenta estrutura helicoidal, α- helice, formada por pontes de hidrogênio entre os radicais hidroxilas das moléculas de glicose. Amilose Cadeia linear de unidade de α–D-glicopiranoses unidas por ligações glicosídicas α 1,4. Alimentos com alto teor de amilose tem baixo índice glicêmico 26/04/2019 23 Teor de amilose de alguns amidos Amido Amilose (%) Milho 25 Arroz 16 Batata 18 Trigo 24 Fonte: Bobbio & Bobbio (1992) Os amidos normalmente contêm cerca de 25% de amilose. Variedades mutantes de milho - apresentam um teor de amilose de 85%. Variedades comerciais – Aproximadamente 65% de amilose. Certos amidos contêm apenas amilopectina – chamados de cerosos. AMIDO Amilose Amilopectina Molécula muito grande e altamente ramificada. Constituída por cadeias lineares de 20 a 25 unidades de α–D-glicopiranoses unidas em α-1,4; essas cadeias, por sua vez, estão unidas entre si por ligações α-1,6. AMIDO 26/04/2019 24 Grânulos de amido + Água + T°C Moléculas de amido começam a vibrar Quebram-se as PH intermoleculares Penetração de água nas micelas Perda das zonas cristalinas, birrefringência desaparece Amido se torna transparente Intumescimento do grânulo e viscosidade aumenta muito Gelatinização GELATINIZAÇÃO ∆ + H20 AMIDO Degradação da estrutura do amido GELATINIZAÇÃO: É a ruptura da ordem molecular no interior dos grânulos, causando inchaço irreversível do grânulo, perda de birrefringência e perda de cristalinidade. Ocorre a quebra das pontes de hidrogênio intermoleculares, permitindo que a água penetre nas micelas, e quanto mais a temperatura aumenta, mais água pode penetrar nas micelas. O aquecimento contínuo na presença de uma quantidade abundante de água resulta na perda total das zonas cristalinas, a birrefringência desaparece, saída de amilose do grânulo e o amido se torna transparente. O grão incha muito e a viscosidade da suspensão aumenta, formando uma pasta, até um valor máximo de viscosidade. A 120°C todos os grãos estarão dissolvidos. AMIDO 26/04/2019 25 GELATINIZAÇÃO: Fx de TºC de Gelatinização Amido T °C Milho 61-71 Batata 62-68 Batata doce 82-83 Mandioca 59-70 Trigo 53-64 Arroz 65-73 AMIDO Posterior aquecimento, além da T°C de gelatinização, quando a viscosidade é máxima, resulta em degradação da estrutura do amido. GELATINIZAÇÃO: Fatores que afetam o gel do amido: Temperatura; Quantidade de água – Baixa atividade de água não favorece a gelatinização; Açúcares – altas concentrações de açúcar reduzem a taxa de gelatinização, a viscosidade da pasta e a dureza do gel. Isso acontece, pois eles competirão pela água que se ligaria ao amido. Gorduras - complexam-se com a amilose e retardam a absorção de água pelos grão. AMIDO 26/04/2019 26 Redução de T°C Resfriamento do gel Reaproximação das moléculas Formação de PH intermolecular Formação de zonas cristalinasExpulsão de água existente entre as moléculas (sinérese) Redução do volume e aumento da firmeza do gel Retrogradação RETROGRADAÇÃO AMIDO RETROGRADAÇÃO Retrogradação é decorrente da reaproximação das moléculas e, devido à redução de T°C durante o resfriamento do gel, com formação de pontes de hidrogênio intermoleculares e com consequente formação de zonas cristalinas e expulsão da água existente entre as moléculas (sinérese). Resulta em redução de volume, aumento da firmeza do gel e sinérese. Fenômeno irreversível e ocorre mais rápido em T°C próximas a 0°C. Amilose retrograda mais rápido que amilopectina. Amido retrogradado é insolúvel em água fria e resiste ao ataque enzimático. AMIDO 26/04/2019 27 AMIDO Formação de precipitados microcristalinos: Soluções diluídas deixadas em repouso → Esses precipitados ocorrem devido à tendência da amilose em formar ligações intermoleculares. Formação de gel: Soluções concentradas e resfriadas rapidamente → As ramificações da amilopectina dificultam a aproximação das cadeias, permanecendo em solução. AMIDO MODIFICADO Hidrólise do grânulo de amido é mais extensiva - tratamento com ácidos ou enzimas pode produzir dextrinas (com graus variados de polimerização). Produzem géis com menor firmeza. Para que atinjam essas especificações industriais (ligantes, espessantes substitutos de lipídeos em alimentos dietéticos), os amidos são geralmente modificados por meio de métodos físicos, químicos ou enzimáticos (entre eles despolimerização e derivatização). Hidrólise do amido por ácidos a quente é utilizada comercialmente para a produção de amidos mais solúveis e com viscosidade mais baixa. Amido modificado por ácidos é utilizado, por exemplo, na indústria de balas de goma. 26/04/2019 28 GLICOGÊNIO Homopolímero de ocorrência em animais, com estrutura similar a amilopectina, contendo ligações glicosídicas α–D- (1,4) e α–D-(1,6). MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DE AÇÚCARES Determinação de açúcares totais e de açúcares redutores Métodos Titulométricos Métodos Gravimétricos Métodos Espectrofotométricos Métodos Cromatográficos Métodos Óticos Açúcares totais: os açúcares não redutores são transformados em açúcares redutores através de uma hidrólise ácida. 26/04/2019 29 Método Quantitativo (Titulométrico) - baseado na redução de cobre pelos grupos redutores dos açúcares em alta temperatura. Doseamento de açúcares redutores. O cobre reativo da solução de Fehling [solução alcalina de sulfato de cobre (CuSO4)] é reduzida, sob aquecimento, a óxido cuproso (Cu2O - precipitado vermelho tijolo). Complexo cobre-tartarato MÉTODO DE LANE EYNON = REAÇÃO DE FEHLING É um valor calculado pela diferença entre 100 e as demais frações da composição centesimal (Umidade, Cinzas, Lipídios, Proteínas e Fibra). Sendo um valor calculado em função das demais determinações, recaem nesta fração todas as diferenças subestimadas ou superestimadas nas demais frações. Cálculos: MÉTODO NIFEXT (NITROGEN FREE EXTRACT) Σ = Umidade + Cinza + Lipídios + Proteína + Fibra Nifext = 100 - Σ