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1 TEMINAIS INTERMODAIS E MULTIMODAIS ARARAQUARA/SP 2017 2 BRUNO HENRIQUE FRANCISCO RA B6495A7 LUIZ MIGUEL DE OLIVEIRA RA B751IB0 CARLOS ROBSON RA B85DDJ3 Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina de Atividades Prática Supervisionada (APS) em Engenharia Civil no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia, da Universidade Paulista (ICET/UNIP). ARARAQUARA/SP 2017 3 SUMARIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................4 2. OBJETIVOGERAL................................................................................................6 3. OBJETIVOESPECÍFICO.......................................................................................6 4. TERMINAI INTERMODAIS......................................................................................6 5. DESEMPENHO TERMINAIS INTERMODAIS ......................................................11 6. O Transporte ................................................................................................................................ 13 6.1 O Transporte multimodal .................................................................................................... 19 6.2 Os Modais Utilizados ............................................................................................................ 22 6.3. O Transporte Marítimo ........................................................................................................ 22 6.4 O Transporte Ferroviário ............... .................................................................................... 24 6.5. O Transporte Rodoviário...................................................................................28 CONCLUSÕES...........................................................................................................33 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................................35 4 Introdução INTERMODAIS À medida em que os meios de produção se desenvolvem e se expandem, há a necessidade de que os meios de transporte também acompanhem este movimento expansivo,havendo, portanto, uma relação de interdependência entre produção e circulação (MARX,1991). Não obstante, o desenvolvimento dos meios de transporte influenciou e ainda influencia (pois o movimento de expansão dos meios de produção e de circulação é contínuo),a formação e a ampliação da rede de transporte, composta por infraestrutura, superestrutura eveículos, que combinados são capazes de integraras múltiplas modalidades de transporte eproporcionar a circulação da produção. No Brasil, um dos maiores países em extensão territorial do mundo, os números divulgados pela Confederação Nacional do Transporte (2014) demonstraram que, em 2014,61,1% das cargas circularam pelo modo rodoviário; 20,7% pelo ferroviário; 13,6% peloaquaviário; 4,2% pelo dutoviário e 0,4% pelo aeroviário. Ainda no Brasil, nos últimos anos, diversas obras e programas de investimentos foram planejados e/ou executados, objetivando, entre outras finalidades, reduzir os “gargalos logísticos” e tornar a matriz de transporte mais igualitária. Desta forma, uma das alternativas para que se alcance essa melhor distribuição entre as modalidades de transporte, são os investimentos que visam integrá-las, oportunizando as operações intermodais. Ao empresariado também interessa a criação de uma rede de transporte que forneça mais opções e proporcione um melhor planejamento da logística, uma vez que, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (2014), os custos logísticos das empresas brasileiras, em 2013, equivaleram à média de 8,7% da sua receita líquida (considerando apenas transporte, estoque e armazenagem). No mesmo sentido, um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (2014), apontou para custos logísticos que se aproximaram de 11,2% da receita total das empresas, em 2014. Desse modo, cada vez mais, as organizações buscam escoar sua produção ou receber 5 mercadorias adquiridas (produtos acabados, matéria-prima, dentre outros), por meio de 2 operações logísticas que proporcionem menores custos, maior agilidade e que garantam a integridade das cargas. Assim, em um cenário no qual as empresas competem em nível global, possuir uma gestão logística adequada pode ser fator decisivo para o sucesso da organização que almeje ingressar, ampliar sua participação ou se manter em um mercado, seja ele nacional ou internacional. Neste contexto de expansão dos meios de produção e de circulação, incentivo à integração logística, aumento da competividade no mercado global e busca por melhores operações logísticas, surgem diversas empresas, entre elas os terminais intermodais, que visam explorar os serviços relacionados à logística (transporte, armazenagem, movimentação, entre outros), oferecendo operações diferenciadas. No Sul de Santa Catarina, embora a região apresente potencial para a prática da intermodalidade e possua uma economia diversificada (contando com setores inseridos internacionalmente como o cerâmico, o agroindustrial e o do plástico, entre outros), os terminais intermodais são recentes. O pioneiro foi o Criciúma Terminal Intermodal (CTI), constituído em 2006 e que se manteve em operação até 2011. O Terminal Intermodal Sul (TIS), seu sucessor, iniciou suas atividades em 2013 e se encontra em funcionamento até então. Neste contexto, este estudo tem por objetivo apresentar e comparar as trajetórias dos terminais intermodais implantados no Sul de Santa Catarina. Secundariamente, ainda objetivou reunir informações sobre os referidos terminais intermodais, constituindo fonte para pesquisas futuras, uma vez que, as publicações acadêmicas que tratam do referido objeto são escassas e tendem a crescer com a aparente consolidação da intermodalidade na região. Para tal, fez-se uso do método descritivo e de fontes bibliográficas e documentais. Entre as fontes documentais estão os relatórios sobre a movimentação de contêineres da Ferrovia Tereza Cristina, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (para a ferrovia) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (para o Porto de Imbituba). O artigo foi estruturado em quatro seções, incluindo a introdução. A segunda seção apresenta breves considerações sobre transporte e intermodalidade. A terceira seção aborda os terminais intermodais, evidenciando aspectos sobre localização, estrutura física (infraestrutura e superestrutura), serviços oferecidos e movimentação. A quarta seção se destina às considerações finais e, por fim, são apresentadas as referências utilizadas. MULTIMODAIS Com a crescente demanda logística para o escoamento de produtos e movimentação de cargas, viu-se o salto dos custos logísticos nas empresas que utilizam a modalidade de transporte e deslocamento de bens. Visando esses custos, o presente trabalho irá abordar a utilização do transporte multimodal com o objetivo principal de reduzir os custos logísticos apresentados atualmente por uma empresa. Através de um aprofundamento bibliográfico em assuntos ligados ao transporte logístico, transporte multimodal, os tipos de modais existentes e suas características, serão abordadas ideias de autores para solidificar a ideia da redução de custosatravés do transporte multimodal. 6 Através de um estudo de caso, serão levantados todos os pontos ligados ao atual processo logístico da empresa, desde sua operação, até a apresentação dos custos decorrentes dessa operação praticada. A análise e aprofundamento do estudo de caso se darão em cima da necessidade da empresa escoar seus produtos acabados até um terminal marítimo, servindo como porta para o carregamento dos contêineres nosnavios. Com a realização do estudo, uma nova proposta de utilização da multimodalidade será apresentada, e também o direcionamento das exportações para outro porto brasileiro, visand o à continuidade íntegra da operação logística, e visando ainda à diminuição dos custos apresentados pela operação atual. 2. OBJETIVO GERAL Avaliar aspectos da atual malha ferroviária que acessa o Portos catarinense e avaliar/propor medidas que incrementem a utilização do modal ferroviário, justificando seus impactos positivos, e estudar a importância e os benefícios que trazem a implementação do transporte Multimodal dentro de um a empresa, visando redução dos custos logísticos apresentados pela empresa analisada no cenário atual. 3. Objetivos Específicos Os objetivos específicos deste trabalho são: Verificar junto à empresa as dificuldades encontradas nos dias atuais referentes à logística; Viabilizar um estudo sobre os benefícios e também sobre as dificuldades de se implantar um transporte multimodal. 4.TERMINAIS INTERMODAIS Intermodalidade e terminais intermodais no Sul Catarinense Entende-se por transporte intermodal (ou intermodalidade) a operação que utiliza duas ou mais modalidades de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo, etc.), para deslocar determinada carga, de um ponto de origem até um ponto de destino. O mesmo conceito também se aplicada ao transporte multimodal, entretanto, o que diferencia intermodalidade e multimodalidade é a forma de contratação dos prestadores de serviços: enquanto na primeira existe um documento de transporte para cada modalidade utilizada na operação, ou seja, um contratante e vários contratados; a segunda é realizada com base em um único documento de transporte, havendo um contratante e apenas um contratado, neste caso um Operador de Transporte Multimodal (OTM) (KEEDI, 2011). Os terminais intermodais passaram a ser implantados, no Sul Catarinense, apenas a partir do ano de 2006, com a constituição do Criciúma Terminal Intermodal (CTI) que 7 operou até 2011. Posteriormente, no fim de 2013, foi aberto o Terminal Intermodal Sul (TIS), que vem operando até os dias atuais. Uma das explicações para essa implantação tardia dos terminais reside no fato de que 3 até a década de 1990, o Porto de Imbituba e a Ferrovia Tereza Cristina operavam apenas com o transporte de carvão, proveniente da indústria carbonífera que era a principal atividade da economia regional (especialização econômica). Desse modo, não havia interesse, por parte do porto e da ferrovia, em operar outros tipos de carga. A partir da década de 1990, com a crise do setor carbonífero, o porto passou a ampliar suas operações, iniciando a movimentação de contêineres, enquanto a ferrovia permaneceu transportando o carvão destinado ao Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda. Neste momento, a diversificação da economia regional, iniciada em meados da década de 1940, já estava consolidada e a região contava com indústrias expressivas como a cerâmica, a calçadista, a moldureira, a metalmecânica, a do vestuário, a do plástico (embalagens e descartáveis), a química (colorifícios e insumos para a cerâmica) e a agroindústria (GOULARTI FILHO, 2005). Para escoar a produção até o Porto de Imbituba, seja com destino ao exterior ou ao território nacional (por meio da cabotagem), essas indústrias tinham como opção apenas o transporte rodoviário, uma vez que, a ferrovia transportava, exclusivamente, carvão. Vislumbrando a oportunidade de reativar o transporte ferroviário até o porto, a Ferrovia Tereza Cristina S.A., operadora da malha regional, realizou uma parceria para a constituição de um terminal intermodal que pudesse atender as demandas de transporte da indústria regional e que, consequentemente, fosse lucrativo ao seu negócio. A nova gestão do Porto de Imbituba, que havia assumido em 2004, bem como a empresa responsável pela operação do Terminal de Contêineres (Tecon) de Imbituba, também viam com bons olhos a reintegração com a ferrovia e a conexão com o terminal intermodal, visto que, buscavam potencializar a movimentação de contêineres. Com a instalação do primeiro terminal intermodal, a região viu o seu potencial para a prática do transporte intermodal aumentar, uma vez que, a estrutura proporcionava a realização de operações que envolvessem os modos rodoviário, ferroviário e aquaviário (neste caso, o marítimo), mais especificamente rodoviário-marítimo, ferroviário-marítimo e rodoviário-ferroviário-marítimo. Desta forma, o terminal passou a atuar como ponto de integração entre as rodovias, a ferrovia e o porto. Criciúma Terminal Intermodal 8 O primeiro terminal intermodal a operar na região foi o Criciúma Terminal Intermodal (CTI), que iniciou as suas atividades em fevereiro de 2006, no município de Criciúma, por meio da parceria entre as empresas Transferro Operadora Multimodal S.A. (empresa subsidiária da Ferrovia Tereza Cristina S.A.) e Transervice Comércio Exterior, em um investimento de aproximadamente dois milhões de reais (FERROVIA TEREZA CRISTINA, 2006a). O CTI foi idealizado para o transporte de contêineres, oriundos ou destinados ao exterior, via ferrovia, entre o terminal e o Porto de Imbituba. Estruturalmente, contava com um armazém de 1.500 m2 , um pátio para contêineres com 20.000 m2 e duas linhas férreas, além de três empilhadeiras de 2,5 toneladas, uma empilhadeira de sete toneladas e uma reachstacker de 40 toneladas, para a movimentação de paletes e contêineres. Entre os serviços prestados estavam: “recepção de carga, armazenagem, separação de lotes, estufagem de contêineres, peação da carga, controle de estoque e monitoramento 24 horas” (FERROVIA TEREZA CRISTINA, 2009; 2012). Posteriormente, o terminal também recebeu investimentos da Zimba Operadora Portuária e Logística S.A., empresa ligada ao grupo controlador da Companhia Docas de 4 Imbituba S.A. (CDI), que na ocasião era a concessionária do Porto de Imbituba (COMPANHIA DOCAS DE IMBITUBA, 2011). Essa aproximação era parte da estratégia de crescimento adotada pela gestão portuária, que buscava ampliar o seu mercado e sua área de abrangência, bem como impulsionar a movimentação de contêineres, paralisada entre os anos 2000 e 2004. Desde 2005, o grupo Libra era o responsável pela operação do Tecon de Imbituba. Um dos objetivos do terminal intermodal era especializar-se para atender as demandas da indústria cerâmica, principal atividade econômica da região, e que poderia proporcionar um fluxo de cargas constante para a nova operação, visto que, exportava quantidade considerável da sua produção. Ademais, o terminal também abarcava outras indústrias regionais e sua área de abrangência se estendia até as regiões Norte e Serrana do Rio Grande do Sul, onde os alvos eram as indústrias calçadista e madeireira. Com alguns investimentos e ações específicas, o CTI conseguiu fechar uma parceria com o Sindicato das Indústrias Cerâmicas do Sul Catarinense, atraindo assim as principais empresas do setor. A disponibilidade de linhas de navegação no Porto de Imbituba e os serviços disponibilizados pelo terminal proporcionavam à referida indústria, realizar operações de exportação com redução de custos, uma vez que, anteriormente, as cargas seguiam, via rodovias, para o Porto de Itajaí,percorrendo um trajeto de aproximadamente 270 quilômetros. Para Imbituba a distância era de aproximadamente 110 quilômetros, sendo os contêineres transportados por caminhões até o terminal e dali pelo trem até o porto, para então seguirem ao seu destino, resultando na redução dos custos logísticos, principalmente no que diz respeito ao transporte. O CTI também conseguiu, junto à Receita Federal do Brasil, uma autorização para operar como Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex). Este regime proporcionou maior agilidade nos procedimentos de despacho aduaneiro das mercadorias transacionadas com o exterior. No mesmo sentido, a gestão ainda buscou credenciar-se para realizar o Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul), que também tinha o mesmo objetivo do Redex (FERROVIA TEREZA CRISTINA, 2006b; 2012). Logo, os embarques de cargas da indústria cerâmica, destinados aos países das Américas Central e do Norte, configuraram-se no principal fluxo do CTI. Entretanto, em 9 junho de 2007, a linha marítima que cobria a Costa do Golfo, e que atendia as cerâmicas, foi cancelada pelo armador responsável. O porto não conseguiu restabelecer a referida linha de navegação, obrigando as empresas que utilizavam os seus serviços, bem como os do terminal, a migrarem para outros portos que ofereciam linhas regulares. Desse modo, o CTI foi forçado a interromper a sua operação, entre junho de 2007 e abril de 2009. Em maio de 2009, a empresa Santos Brasil, então arrendatária do Tecon de Imbituba, por meio da realização de investimentos em infraestrutura e equipamentos, fechou novos contratos com armadores, entre eles a Mercosul Line (do grupo dinamarquês A.P.MollerMaersk) e a Aliança Navegação e Logística (do grupo alemão Hamburg Süd), restabelecendo as linhas de navegação (principalmente as de cabotagem) e proporcionando a retomada da movimentação de contêineres no terminal intermodal. Além do retorno dos contêineres da indústria cerâmica, o CTI também captou novas cargas, com destaque para o arroz produzido localmente, que se converteu na principal carga conteinerizada movimentada pelo terminal. O arroz, ao contrário da cerâmica, era destinado, em maior escala, ao mercado interno, seguindo via cabotagem, principalmente para os portos regiões do norte e nordeste do Brasil. Contudo, em 2011, houve um novo revés quando a Mercosul Line, que também eraum dos principais clientes do CTI, anunciou o cancelamento das escalas no Porto de Imbituba, substituindo-o pelo de Itajaí. Tal medida, aliada à redução da procura pelos serviços do terminal, resultou no seu fechamento, em abril do mesmo ano (COMPANHIA DOCAS DE IMBITUBA, 2011; FERROVIA TEREZA CRISTINA, 2009). Entre a sua abertura, em fevereiro de 2006, e o seu fechamento definitivo, em abril de 2011, o CTI paralisou as suas operações entre junho de 2007 e abril de 2009. Neste período de pouco mais de cinco anos, contabilizando os 40 meses em que houve funcionamento e os 23 em que as operações foram suspensas, o terminal movimentou, via ferrovia, 6.208 TEU, entre cheios e vazios. A movimentação de contêineres realizada pelo terminal é apresentada na Tabela 1. Tabela 1 – Movimentação de contêineres do Criciúma Terminal Intermodal, 2006–2011 Ano Cheio (TEU) Vazio (TEU) Total (TEU) 2006 1.151 1.153 2.304 2007 675 701 1.376 2008 0 0 0 2009 571 230 801 2010 717 707 1.424 2011 165 138 303 Total 3.279 2.929 6.208 Fonte: Brasil (2003–2014); Ferrovia Tereza Cristina (2012). 10 Os números do CTI estiveram muito aquém das expectativas. No primeiro ano do terminal, a média mensal de movimentação equivaleu a 200 TEU. Para o ano seguinte, projetava-se que a média mensal alcançasse os 1.000 TEU, principalmente, devido à autorização de funcionamento como Redex. Porém, as expectativas não se concretizaram, tornando a operação do terminal dificultosa e, até mesmo, inviável em certos períodos, levando ao seu fechamento. Terminal Intermodal Sul Após um período de pouco mais de dois anos sem realizar o transporte de contêineres, a Ferrovia Tereza Cristina voltou a investir em um terminal intermodal. Em parceria com o grupo Jayme Zanatta (por meio da empresa Tintas Farben) e a Open Market Comércio Exterior, foi constituído o Terminal Intermodal Sul (TIS), que iniciou as suas operações em outubro de 2013 (OPEN MARKET, 2015). A retomada do transporte de contêineres, por via férrea, também foi influenciada pela conclusão dos investimentos realizados pela Santos Brasil, no Tecon de Imbituba, que possibilitaram a conquista de novas linhas de navegação e a melhoria da performance operacional. Ainda sobre o Porto de Imbituba, acrescenta-se que, em dezembro de 2012, após o término da concessão à CDI, o estado de Santa Catarina, por intermédio da SC Participações e Parcerias S.A. (SCPar), assumiu a sua administração. Provisoriamente, o TIS foi instalado em Criciúma, no mesmo local onde funcionava o CTI, com capacidade para 300 contêineres mensais e possibilidade de ampliação, no caso do aumento da demanda. Referente à estrutura e equipamentos, o terminal dispõem de duas reach stackers de 40 toneladas, uma empilhadeira de sete toneladas, três empilhadeiras de 2,5 toneladas, cinco caminhões, um armazém com 1.500 m2, pátio para contêineres com 20.000 m2 e duas linhas férreas (TERMINAL INTERMODAL SUL, 2015a). O TIS oferece serviços relacionados à logística como: transporte rodoviário, ferroviário e marítimo (longo curso e cabotagem); movimentação de contêineres (handling); unitização e desunitização de contêineres; armazenagem de cargas e contêineres, inclusive refrigerados (reefer); cross-docking (transbordo de carga sem necessidade de armazenagem); armazenagem de contêineres vazios (depot); despacho aduaneiro de importação e exportação; e elaboração de projetos logísticos (TERMINAL INTERMODAL SUL, 2015b). A área de abrangência do TIS engloba as regiões Sul de Santa Catarina, Norte e Serrana do Rio Grande do Sul e Metropolitana de Porto Alegre. Entre as cargas movimentadas pelo TIS estão: arroz, mel, pneus e produtos das indústrias cerâmica 11 (incluindo matéria-prima), plástica, madeireira e metalmecânica (incluindo peças automotivas). No que concerne aos números movimentados, considerando o ano de 2014, primeiro ano completo da operação, o terminal movimentou média de 639 TEU ao mês, número que supera os 600 TEU mensais, equivalentes ao ponto de equilíbrio da operação. Em um período de 15 meses, entre a sua abertura, em outubro de 2013, e o fim de 2014, o TIS movimentou 7.828 TEU. A movimentação de contêineres realizada pelo TIS é apresentada na Tabela 2. Tabela 2 – Movimentação de contêineres do Terminal Intermodal Sul, 2013–2014 Ano Cheio (TEU) Vazio (TEU) Total (TEU) 2013 85 74 159 2014 3.753 3.916 7.669 Total 3.838 3.990 7.828 Fonte: Brasil (2003–2014); Ferrovia Tereza Cristina (2012). Registra-se ainda que no primeiro quadrimestre de 2015, o terminal movimentou 4.311 contêineres, equivalendo à média de 1.708 TEU/mês, ou seja, um aumento de 167% na média mensal. Objetivando manter essa crescente, o consórcio de empresas que integra o TIS pretende construir um novo terminal, no município de Içara, em uma área de 150.000 m² e investimento inicial de aproximadamente 40 milhões de reais. O terreno para a construção do novo terminal está estrategicamente localizado às margens da rodovia BR-101 (possuindo assim, fácil acesso rodoviário) e encontra-se anexo à área destinada a instalação do Distrito Industrial Esperança. A construção do novo terminal está prevista para iniciar no primeiro quadrimestre de 2016 e terminar um ano após, em 2017. O projeto prevê a construção do prédio administrativo, das estruturas para armazenagem de cargas,do pátio para contêineres e das linhas férreas internas, que se conectarão à malha Tereza Cristina. Concluídas as obras, o “novo TIS” terá capacidade para movimentar 4.000 TEU mensais. O projeto ainda contempla a expansão do terminal, em fases seguintes, e que devem ser realizadas de acordo com o crescimento da demanda. O novo terminal será alfandegado, ou seja, estará apto a realizar os procedimentos de desembaraço aduaneiro, a exemplo do que ocorria no CTI. Desse modo, as cargas provenientes do terminal terão preferência de embarque no Porto de Imbituba. Estima-se que a utilização dos serviços ofertados pelo terminal pode ocasionar a redução de até 40% dos custos logísticos das empresas clientes, porém, por questões estratégicas, a maioria delas não divulga os valores monetários. 5.Desempenho dos terminais intermodais: comparações e perspectivas Com relação aos dois terminais intermodais implantados no Sul Catarinense, observou-se que, apesar de apresentarem uma movimentação distinta, ambos operaram em condições semelhantes no que concerne à estrutura física e operacional e a composição societária. Com relação à estrutura física e operacional, ambos foram implantados, no mesmo local e ofertaram serviços semelhantes. Desse modo, a capacidade de armazenagem e movimentação de cargas também foram similares, uma vez que, não foi realizada nenhuma mudança estrutural de grande vulto no local. Igualmente, assemelhavam-se as suas áreas de abrangência, sendo o Sul de Santa Catarina e algumas regiões do Rio Grande do Sul. Quanto aos grupos gestores, o CTI foi formado pela Transferro Operadora Multimodal (subsidiária da Ferrovia Tereza Cristina), pela Transervice Comércio Exterior e, posteriormente, contou com participação da Zimba Operadora Portuária e 12 Logística (empresa do segmento logístico, ligada ao grupo controlador do Porto de Imbituba). Por sua vez, o TIS foi formado pela Ferrovia Tereza Cristina, pela Open Market Comércio Exterior e pela Farben Tintas, do grupo Jayme Zanatta (empresa do segmento industrial). Sendo assim, percebeu-se a participação da ferrovia (transportadora e concessionária da via férrea), de uma trading company (intermediária de negócios internacionais) e de uma terceira empresa, em ambos os empreendimentos. Por estarem diretamente vinculados ao Porto de Imbituba, uma das extremidades da malha da Ferrovia Tereza Cristina, julgou-se interessante verificar a movimentação de contêineres realizadas pelos terminais e sua representatividade junto à movimentação portuária. Tais números são apresentados na Tabela 3. Tabela 3 – Comparativo da movimentação de contêineres: terminal/porto – 2006–2014 Terminal Ano Terminal / Ferrovia (A) Porto (B) A/B Chei o Vazio Total TEU/mê s Chei o Vazio Total (%) 2006 1.151 1.153 2.304 192 13.822 4.101 17.923 13% 2007 675 701 1.376 115 13.044 2.572 15.616 9% CTI 2008 0 0 0 0 13.434 3.270 16.704 0% 2009 571 230 801 67 12.824 7.239 20.063 4% 2010 717 707 1.424 119 17.437 8.025 25.462 6% 2011 165 138 303 25 9.124 4.463 13.587 2% - 2012 0 0 0 0 12.305 8.679 20.984 0% TIS 2013 85 74 159 13 8.284 5.603 13.887 1% 2014 3.753 3.916 7.669 639 32.766 9.143 41.909 18% Fonte: Brasil (2002–2015; 2003–2014); Companhia Docas de Imbituba (2012); Ferrovia Tereza Cristina (2012). É possível observar que, desde a constituição do CTI, e mais recentemente do TIS, em média, 6% dos contêineres movimentados no Porto de Imbituba tiveram como origem ou destino os terminais intermodais. Desconsiderando os anos de 2008 e 2012, em que não houve movimentação nos terminais, o valor médio subiu para aproximadamente 7,5%. De forma isolada, a operação do CTI representou 6% da movimentação do Porto de Imbituba, enquanto a do TIS equivaleu a 9,5%. A Figura 1 apresenta um gráfico que demonstra a movimentação de contêineres, via ferrovia, por ambos os terminais, no período entre 2006 e 2014. Figura 1 – Movimentação de contêineres dos terminais intermodais 13 Fonte: Brasil (2003–2014); Ferrovia Tereza Cristina (2012). É possível verificar que a movimentação do TIS, em pouco mais de um ano (2013-2014), superou os pouco mais de cinco anos de operação do CTI (2006-2011): enquanto o CTI movimentou 6.208 TEU, o TIS foi responsável pela movimentação de 7.828 TEU. Com relação ao TIS, destaca-se o ano de 2014, no qual foram transportados, por via férrea, 7.669 TEU (número também superior a toda a operação do CTI) e que representou 18% da movimentação portuária. Este aumento superlativo fica evidenciado na Figura 1. Remetendo novamente à Tabela 3, outro ponto que chama a atenção é a movimentação portuária do ano 2014, que foi de 41.909 TEU e esteve muito além dos números movimentados nos demais anos do período analisado. Neste crescimento relativo, pode residir a explicação para o melhor desempenho do TIS, em comparação com o CTI, uma vez que, na operação intermodal em questão, o crescimento do porto tende a influenciar no desempenho do terminal intermodal, tal como o crescimento deste, tende a influenciar no do porto. Observa-se, portanto, internamente à rede de transporte intermodal, um movimento semelhante à relação de interdependência entre produção e circulação. Acrescenta-se ainda, que no primeiro quadrimestre de 2015, o TIS movimentou 4.311 TEU, equivalendo a 40% da movimentação portuária, que correspondeu a 10.910 TEU. Tais resultados demonstram a recuperação e o fortalecimento da intermodalidade na região, principalmente, envolvendo o transporte ferroviário. Com relação a utilização dos serviços dos terminais intermodais pelas empresas, percebeu-se certos benefícios, como, por exemplo: realizar os procedimentos de despacho aduaneiro, diretamente no terminal, de forma mais ágil e menos onerosa; embarcar as cargas em Imbituba, reduzindo a distância de viagem até outros portos, impactando diretamente no valor frete; dispensar investimentos em estruturas próprias, principalmente em armazenagem e transporte, bem como em mão de obra, uma vez que, os serviços são terceirizados. No total, estima-se que a redução de custos, proveniente da utilização do terminal intermodal pode chegar a 40%. Para além dos aspectos logísticos dos terminais intermodais, está a influência que os mesmos podem exercer sob a economia regional. A instalação de estruturas logísticas deste porte pode servir para atrair novas empresas, desenvolver setores correlatos como comércio e serviços, induzir novos investimentos em infraestrutura, gerar empregos (diretos e indiretos) e aumentar a arrecadação de tributos. Acrescentam-se ainda, os benefícios sociais e ambientais que o transporte intermodal proporciona, considerando que, ao “dosificar” o uso do transporte rodoviário, ocorre a diminuição do número de veículos pesados nas rodovias, contribuindo para uma melhor conservação das estradas e para a redução de acidentes, de congestionamentos e da emissão de poluentes. 6.1 O Transporte Para Bruno Paoleschi (2011), a palavra transporte logístico foi desenvolvida para suprir a necessidade bélica, principalmente para transporte de tropas durante a Segunda Guerra Mundial. O setor de transportes passou, antes que todos os setores industriais, a utilizar a logística em suas atividades. O transporte é o deslocamento 14 de bens de um ponto inicial a outro, considerando sempre a integridade da carga, e também, respeitando sempre os prazos acordados. O transporte tem importância fund amental para que os bens cheguem ao seu ponto onde será utilizado, sempre garantindo omelhor desempenho nos investimentos feitos, nos mais diversos agentes econômicos que sã o incorporados ao longo do processo de transporte.O transporte, dentro das atividades da logística, segue o mesmo advento de adivinhar e organizar sempre com o menor custo possível. A logística dentro do transporte deve sempre ser o mais preciso possível, tornando sempre as operações mais confiáveis, rápidas, com a melhor distribuição da carga para seu melhor aprove itamento, e sempre viabilizar o uso da carga de retorno. Mesmo que na empresa se utilize o serviço terceiriz ado, é sempre essencial fazer um planejamento e uma programação de entregas dos prod utos finais, para cumprir os prazos estabelecidos, e ter um controle mais apurado em relação a custos. Para um melhor planejamento de transporte, é necessário consideraralguns fatores, entre eles: Estabelecer o peso e o volume do transporte diário,semanal e mensalmente; O que deve se transportar de matéria-prima de fornecedores em relação a peso e volume, considerando os dias, as semanas e os meses; Definir o modal de transporte que será utilizado pela empresa; Após a definição do modal, é necessário definir o tipo de veículo; As distâncias que serão percorridas; Definir se é necessária a implantação de um entreposto, armazém regional, ou na cidade da empresa; É importante também definir a porcentagem o investimento/custos em transportes sobre o faturamento da empresa; Definir um programa de computador para ajudar no gerenciamento do transporte e Utilizar de documentação para o transporte de carga s. Os documentos que são mais importantes em um transporte são: Nota Fiscal (DANFE), Conhecimentos (Conhecimento de transporte multimodal de cargas, Conhecimento de embarque aéreo – Aéreo (AWB), Conhecimento de embarque ferroviário, Conhecimento de embarque marítimo – B/L, Conhecimento de embarque rodoviário) e Romaneio/Manifesto. O transporte é o mais importante elemento do custo logístico na maior parte das empresas no mundo. O frete pode absorver até dois terços do gasto logístico e entre 9% e 10% do PIB. A maior parte está associada com a propriedade de 15 automóveis particulares. O transporte de carga é responsável por cerca de 8% od PIB para a economia dos Estados Unidos. Por isso, o responsável pela logística deveter um bom conhecimento e uma boa experiência na área (BALLOU, 2011). A simples comparação de economias de nações desenvo lvidas para nações em desenvolvimento mostra o papel do transporte no desenvolvimento de um alto nível de atividade na economia. Um sistema de transporte desenvolvido contribui para aumentar a competição no mercado, garante a economia de escala de produção e consequentemente reduz o preço dos produtos. Quando não há um sistema de transporte desenvolvido, os produtos que abastecem fábricas limitam-se aos que estão disponíveis na região da mesma. Isso só não acontece caso o custo de produção de determinado pr oduto seja muito baixo em um segundo local de produção, possibilitando um gasto maior co m transporte. Do contrário, com a concorrência crescendo cada dia mais, isso acaba não acontecendo. Contudo, se houver uma melhor utilização do serviço de transporte, os cust os dos produtos colocados em mercados mais distantes das fábricas podem ser competitivoscom os produtos fabricados na região. O transporte, além de incentivar a concorrência direta, também incentiva a concorrência indireta, pois coloca a disposição do mercado bens que normalmente não estariam disponíveis se o custo do transporte fosse muito alto. Outro efeito importante para os negócios em relação a custos baixos de transportes é a liberdade gerada para a escolha de uma melhor localização industrial, possibilitando assim usufruir de melhores condições geográficas para a indústria. A redução do preço do transporte está também diretamente ligada com a diminuição dospreços finais dos produtos. Isso ocorre, pois o transporte é um dos componentes de custo que, juntamente com os custos de produção, custos de vendas e outros, irão compor o custo agre gado do produto. Quanto mais barato for o transporte, mais em conta será o custo do produto,que o tornará mais competitivo em relação aos demais concorrentes. Com isso, a indústria se beneficia, e também a sociedade, pois poderão usufruir de produtos de melhor qualidade, c om um custo acessível, estabelecendo um melhor padrão de vida. Quem irá utilizar do transporte, terá uma variedadede serviços a disposição, todos eles sempre relacionados com os 5 modais básicos disponíveis. A variedade é quase infinita: todos os 5 modais podem ser utilizados de forma combinada, podem ser prestados serviços terceirizados por comissariados, associações, sindi catos e agentes. Dentre as infinitas alternativas de transportes, o contratante deve sempre optar pelos modais que se encaixam diretamente com seu produto. Essa tarefa de 16 selecionar o transporte que combina com sua mercadoria não é uma tarefa complicada, mas deve-se levar em consideração os custos do modal utilizado, o tempo médio que será entregue mercadoria ao destino final, o tempo de trânsito e suas variações que podem ocorrer, além d e considerar também sempre as perdas e os danos aos objetos. O serviço procurado tem que estar disponível e forn ecido com frequência ao seu contratante. O custo que o transportador tem são os custos com o próprio transporte, além das taxas de acessórios e também de terminais para serviços que podem ser necessários. Caso o serviço seja contratado por terceiros, o frete para transportar a mercadoria mais taxas adicionais, que podemos considerar como sendo a retirada das cargas em sua origem, entrega no destino final, seguros da mercadoria, preparação e acondicionamento para transporte, compõem o custo total do serviço que será realizado. Para o transporte próprio, os custos que irão compor o serviço são os combustíveis utilizado s em toda a operação, mão de obra, manutenção de equipamentos e máquinas, depreciação dos veículos e custos administrativos. Os custos irão variar bastante de acordo com o moda l escolhido. Usar caminhões pode sair mais de quatro vezes do que se transportar utilizando ferrovias. Usar ferrovias pode ser três vezes mais caro do que se utilizarmos dutos ou hidrovias. As comparações de custos para a seleção de serviços devem ser feitas a parti r de gastos reais, que irão contemplar o transporte da mercadoria específica, a distância qu e será percorrida, qualquer manuseio especial que seja necessário com a carga e a direção dos carregamentos. Para se selecionar o transporte, devemos considerar alguns fatores, como o tempo médio e sua variabilidade. O tempo médio para entrega de um produto é o tempo em que se leva para a mercadoria ir de sua origem até destinofinal. Os vários modais existentes variam de capacidade emrelação às conexões diretas entre origens e destinos, como por exemplo, as cargas aquaviárias movimentam-se entre os portos, enquanto as cargas aéreas movimentam-se entre os aeroportos. Mas, para se levantar o tempo total de entrega de uma mercadoria, devemos considerar apenas não só seus modais, mais também todo o tempo em que se leva um produto para ser entregue de porta a porta, ou seja, da porta da indústria em que é fabricado, até porta do cliente. Ainda que a maior parte de uma mercadoria seja feita por trens, a coleta e a distribuição dessa mercadoria serão feitas por caminhões, pois geralmente não existem conexões que levem a mercadoria diretamente do 17 vendedor até seu comprador. A variabilidade irá corresponder às diferenças encontradas entre os carregamentos e isso ocorre em todos os modais. Todos os transportes efetuados de uma mesma origem até seumesmo destino sempre acabam variando em relação a s ua duração, devido a problemas climáticos, trânsitos congestionados em grandes centros, ou ocasionados por incidentes no trajeto e número de paradas. Ainda em relação às va riações, os modais podem ser classificados nos tempos médios de entrega, ou seja, o transporte ferroviário tem maior variabilidade no tempo, enquanto o aéreo o menor e o transporte rodoviário fica entre esses dois modais na questão do tempo médio. As transportadoras irão variar na sua competência em proteger cargas contra perdas e danos. Por isso, devemos considerar esses parâmetro s para efetuar a escolha de um transportador. Algumas perdas podem ser consideradas ainda mais graves, como no caso de bens transportados que estão indo para recompensar os estoques de clientes ou até mesmo para consumo direto. Entregas retardadas ou mercadorias em más condições resultam em transtornos para o cliente, ou mesmo eleva os custos de estoques, pois haverá uma maior quantidade de faltas ou até pedidos extras, para suprir quando as reposições que estão programadas de forma antecipada não são recebidas c omo planejado inicialmente. Mas, em alguns casos, o responsável pela quebra ou dano nãoé o transportador. Em algumas vezes, o próprio varejista atua de má fé e utiliza mercadorias avariadas como esquemas de vendas. Conforme Sunil Chopra e Peter Meindl (2003), o transporte significa o deslocamento que o produto faz de um ponto a outro, partindo do início da cadeia de suprimentos até seu cliente final. É de fundamental importância para to da a cadeia o transporte, pois geralmente os produtos que são fabricados não são consumidos em u m mesmo local. Para que ocorra o transporte, devem existir 2 tipos de participantes entre as interações: o embarcador, que é aquele que necessit a do serviço prestado, entre os dois pontos participantes da interação, e o transportador, que é aquele que movimenta ou transporta o produto para seu cliente, até o destino final. O transportador tem como alvo determinar políticas em suas operações que visarão intensificar o retorno sobre seus investimentos realizados. Transportadoras que realizam seus serviços por trens, navios, caminhões, devem levar em consideração alguns custos para determinar a formação de seus preços e de suas 18 oper ações: custo relacionado ao veículo é o gasto adquirido por se efetuar uma compra ou um aluguel do veículo que será utilizado para o transporte de mercadorias. Esse custo é assumido com o veículo em funcionamento ou não, e ele é considerado um custo fixo para decisões em curto prazo que será tomado pelo transportador. Os custos ligados aos veículos, sendo alugados ou não, estão diretamente ligados com a quantidade de veículos. Custos operacionais fixo são os que incluem gastos com mão de obra e terminais, independente dos veícu los serem alugados ou não. Geralmente, o custo operacional fixo é proporcional ao tamanho das instalações que a transportadora utiliza para realização de suas operações. Custo relacionado à viagem obtido sempre que o veíc ulo inicia sua viagem e nisso se inclui o preço da mão de obra e também do combustív el que será utilizado. Esse custo depende da distância e duração de toda a viagem, ma s ele é independente da quantidade que será transportada. Esse custo é considerado variável, pois variam de acordo com as decisões tomadas que irão influenciar na distância percorrid a e no tempo que a viagem levará. Custo indireto está associado com o planejamento e elaboração de um cronograma a ser seguido por uma rede de transporte, assim como investimentos em tecnologias em sistemas computadorizados. O custo indireto está associado omc transportadoras que investem em softwares de roteirização, permitindo que seja efet uado um planejamento visando melhores rotas de entregas. A maioria dos custos das transportadoras não depend e da quantidade que está sendo carregada no avião, trem ou navio, e sim de sua uti lização, que acaba sendo afetada pela programação dos veículos e por suas rotas. As decisões tomadas pelo embarcador incluem o proje to de transporte em que deseja utilizar para sua carga, os meios de transporte que vão ser utilizados e a definição de um meio específico que será responsável por entregar cadaespachod ao cliente. O objetivo do embarcador é escolher uma opção que entregue sua mercadoria no menor custo possível ao cliente, atendendo sempre as solicitações dos clientes dentro dos prazos, e com a responsabilidade proposta. Para tomar as decisões corretas, o embarcador deve levar em conta alguns custos: Custo de Transporte, que é a valor pago as transportadoras para que suas mercadorias sejam recolhidas e entregues até seu destino final. Esse custo é totalmente ligado aos preços oferecidos pelos prest adores, são ligados também aos tipos de transporte escolhidos pelo embarcador, ou seja, transportes mais rápidos são 19 mais caros, enquanto mais lentos serão mais baratos. Esses custos são considerados variáveis. Custo de Estoque está relacionado com o custo de manutenção do estoque adquirido pelo embarcador. Esse custo é considerado fixo para decisões de curto prazo, e variáveis quando o embarcador está lanejandop a cadeia de transporte ou planejando suas políticas sobre as operações que serão realizadas. Custo de Instalação, que são os custos gerados pela s várias instalações que incorporam toda a cadeia de suprimentos do embarcador. São custos considerados fixos quando as decisões são relaciona das ao transporte e variáveis quando as decisões são tomadas em relaçõe s a projetos logísticos. Custo de Processamento, que são os custos das opera ções de carregamento e descarregamento das ordens, e também outros gastos com operações relacionadas ao transporte. Esses custos são consid erados variáveis para todas as decisões de transporte. Custo do Nível de Serviço, que são os custos adquir idos pela insuficiência em atender com os acordos fechados. Essa insuficiênciapode ser relacionada aos acordos fechados com os transportadores que não são cumpridos por eles, e até na insatisfação do cliente que está esperando para receber a mercadoria. O embarcador deve fazer um embate entre todos os esses custos descritos ao se decidir sobre qual transporte será utilizado, e qual transportador será contratado. As escolhas do embarcador também são influentes por ele possuir uma responsabilidade que pretende oferecer junto ao seu produto para o cliente. 6.1O Transporte Multimodal Para Adriana Pereira (2007), o século 21, sendo considerado o século da globalização mundial, será reformulado com suas atividades voltadas para o transporte de cargas por meio da multimodalidade, principalmente pelo foco necessário nas cadeias de abastecimento e suprimentos das empresas. Todos os modais de transporte (rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo, etc.) vêm conhecendouma evolução significativa de tempos para cá, mas ainda existe uma estrutura que não permite seu total desenvolvimento. Com a competitividade e crescimento mundial, muitos entraves para a multimodalidade estão sendo derrubados, não só no Brasil, como no mundo todo. Ainda conforme Adriana Pereira (2007, p. 9): A multimodalidade tem sido dirigida quase que essencialmente por 4 grandes premissas: Hiper-competição das cadeias d e suprimento de um mercado global; Necessidade de confiabilidade e flexibilidade respondendo as constantes mudanças de requerimento dos usuários (embarcadores) com coordenação 20 entre equipamentos e frequências dos vários modais; Conhecimento das opções e alternativas atuaise fut uras de operações multimodais, tanto quanto a potencialidade associada as tecnologias de informação e comunicação e as mudanças a elas assoc iadas; Restrições na coordenação da capacidade da infraestrutura, inclui ndo as regras sejam elas a legislação ou prática de mercado, tanto quanto a melhor gestão da infraestrutura existente e largo conhecimento dos futuros investimentos em novas infraestruturas. De acordo com Sunil Chopra e Peter Meindl (2003), o transporte multimodal é o uso de mais de um meio de transporte com o objetivo de levar a mercadoria até seu destino final. Existem nesse meio diversas combinações possíveis, sendo que em sua maioria é utilizada a rodo-ferroviária. O transporte multimodal cresceu consideravelmente após a expansão do uso de contêineres para transporte de mercadorias de um meio para o outro, onde seu uso facilita o transporte, principalmente o transporte multimodal. Transportes de contêineres quase sempre utilizam combinações de multimodalidade, como rodo- hidro-ferroviárias, definitivamente para fretes internacionais. Para o comércio internacional, o transporte multimodal é muitas vezes a única ferramenta, pois na maioria dos casos as indústrias e seus compradores não estão localizados próximos aos portos de origem e d estino. Conforme houve um aumento na quantidade de contêineres carregados, cresceu-se também a combinação multimodal entre rodo- hidro-ferroviário. Em 1996, o transporte multimodal correspondeu a 16% das receitas relacionadas ao transporte ferroviário (dados Distribution 1997). O transporte em terra, por meio do multimodal rodo-ferroviário oferece um custo/benefício melhor do que uma carga em um único método de transporte, como somente rodoviário, ou somente ferroviário. O transporte multimodal consegue combinar meios diferentes de transportes com o objetivo de criar uma melhor relação de preço/serviço que não é possível ser oferecida por apenas um único meio de transporte. Além disso, é interessante para os donos de cargas que negociam com apenas uma empresa representando todos os outros donos de cargas, que juntos, irão oferecer um transporte multimodal. As questões-chave nesse método de transporte envolvem a troca de informações para facilitar as movimentações das cargas entre os dife rentes meios, pois essas operações muitas vezes podem ocasionar atrasos, prejudicando principalmente o tempo de entrega da mercadoria. Bruno Paoleschi (2011) cita que o transporte multimodal é realizado por um transportador que irá organizar e assumir inteiramente a responsabilidade pelo 21 transporte “porta a porta”. A mercadoria será acompanhada por um único documento, o Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas (CTMC). Dessa forma, toda responsabilidade das operações realizadas pelo transportador são de resp onsabilidade do próprio, onde o mesmo irá administrar e coordenar todo o processo, desde o embarcador, até o importador. O transporte multimodal de cargas é aquele que acordado por um único contrato, que utilizará duas ou mais modalidades de transportes,iniciando-o em sua origem até seu destino final e é realizado sob a total responsabilidade de um operador de transporte multimodal (OTM). O acordo de transporte multimodal é evidenciado no Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas (CTMC), onde será descrito toda a operação, desde o recebimento da carga até sua entrega no destino final, podendo sernegociadas ou não negociadas, variando pela forma solicitada pelo expedidor da mercadoria. A responsabilidade pela execução de todo o contrato fica a cargo do operador de transporte multimodal (OTM). Todos os prejuízos ocasionados durante o transporte ou armazenagem, desde perdas, roubos, danos, avarias, são de responsabilidade do mesmo, assim como a responsabilidade por atrasos nas entregas, caso haja prazos estipulados no contrato. Além do transporte em si, o OTM tem o compromisso de coletar a mercadoria, carregar as mercadorias, descarregar as mercadorias, movimentar, armazenar e entregar no destino, desde que as operações estejam de acordo com o contrato f echado entre cliente e operador multimodal. O operador de transporte multimodal é uma pessoa jurídica, contratada para a prática do transporte de cargas por multimodalidade, da origem até seu destino, por condições próprias ou pela contratação terceira para a realiz ação do serviço. Dessa forma, verificamos que o OTM pode ou não ser um transportador. Para que o OTM possa realizar suas operações de for ma legal perante a lei, é necessário que o mesmo tenha uma habilitação e registro junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Caso o mesmo deseje também atuar de forma internacional, deve-se obter também uma licença da Receita Federal. Um prazo estimado para a concessão dessas habilitações é de dez anos. Segundo Ballou (2011), uma das características mais importantes do serviço integrado (multimodal) é a troca livre de equipamentos, entre os diversos tipos de modais disponíveis para utilização. Ainda segundo ele, qua lquer carga carregada por um caminhão pode ser embarcada em um avião, num trem, e 22 também por um navio. Geralmente, a integração de todo serviço modal é de responsabilid ade pelas transportadoras que são associadas individualmente. Dessa forma, a transportadora contratada para transportar por determinado modal será responsável pela carga na sua operação. Assim, os custos e os desempenhos são algumas das características do oper ador que irá prestar aquele determinado serviço. Ainda de acordo com Ballou (2011): Existem dez combinações de serviço integrado: (1) f erro-rodoviário, (2) ferro-hidroviário, (3) ferro-aeroviário, (4)ferro-dutoviário, rodo-aéreo, (6) rodo-hidroviário, (7) rodo-dutoviário, (8) hidro-dutoviário, (9) hidro-aéreo e (10) aero-dutoviárioNem. todas estas combinações mostram-se práticas. Mesmo algumas daquelas que são viáveis ganharam pouca aceitação. A alternativa de equipame nto mais popular é o contêiner, empregado em muitas das combinações multimodais. 6.2 Os Modais Utilizados 6.3 O Transporte Marítimo De acordo com a Política de Infraestrutura Brasileira (PPA, 2012-2015), o transporte marítimo é aquele realizado via mares abertos, transportando desde mercadorias até passageiros, sendo o modal responsável por 94,4% dovolume das exportações brasileiras em 2010. Existem atualmente 34 portos sob-responsabilidade da Secretaria Estadual dos Portos (SEP), dos quais 16 se encontram concedidos ou com operação autorizada para os estados ou municípios, e os outros 18 são administrados pelas Companhias Docas, que tem como principal acionista a União e são ligadas diretamen te a SEP. Na Figura 1 encontra-se a distribuição dos principais portos ao longo da cost a brasileira, e na Tabela 1 os portos marítimos brasileiros divididos por regiões. Foi definido por Mendonça e Keedi (1997) que o tran sporte marítimo é aquele feito por navios de grande porte, a motor, nos mares e oceanos. Esse meio de transporte é o mais utilizado para movimentação de cargas no comércio exterior. Existem nos dias atuais vários tipos de navios, que se encaixam para os vários tipos de cargas existentes no mercado. Temos por exemplo navios de cargas para contêineres, de argac geral, navios roll-on roll-of para transportes de carros, caminhões, máquinas, navios graneleiros, navios tanque, navios de carga geral, navios convencionais. 23 O transporte marítimo é internacionalmente controlado pela International Maritime Organization (IMO), ou em português, Organização Marítima Internacional.Esse órgão é ligado diretamente a Organização das Nações Unidas (ONU), e sua função é promover a segurança nos mares e oceanos, e também se tomar medidas preventivas contra poluições e desastres ambientais que podem ser ocasionados pelos navios. Os navios são operados pelos armadores, que no caso é uma pessoa jurídica que é registrada sob a finalidade de realizar o transporte marítimo por rotas estabelecidas, ou então se oferece para transportar todos os tipos de cargas de um porto até outro. O armador nem sempre é o dono dos navios que está operando ou detodos eles. O armador pode alugar navios de outras empresas para compor sua frota. Assim que a carga for embarcada em seu navio, toda carga é de responsabilidade do mesmo, respondendo judicialmente por todos os problemas que poderão ocorrer a partir do momento e m que o mesmo recebe a carga do embarcador. Para toda carga, o armador deve fornecer ao embarcador o Conhecimento de Embarque (Bill Of Lading (BL)), que será o document que comprovará que aquela carga embarcada é de propriedade do embarcador, informando o destino e para quem essa mercadoria será destinada. O BL, geralmente é emitido e assinado pelo armador, ou então pelo agente marítimo. O Agente Marítimo é a empresa que representa o armador no país, nas regiões ou nos portos onde o mesmo tem ou não instalações. Ele é r esponsável por todas as burocracias administrativas que envolvem a chegada do navio e o tempo que o mesmo permaneceráatracado no porto, desde reparos, janelas de atracações, pilotagem, contratação de reboques. O Agente Marítimo fará toda a ligação entre embarcador/armador/cliente. Geralmente, não é realizado o contato entre o comerciante com o armador de forma direta, pois essa função é exercida pelo agente. Como vantagens para o transporte marítimo, podemos citar que o mesmo é competitivo para os produtos que possuem baixo custo de tonelada por quilômetro transportado, ou seja, o transporte para longas distâncias acaba se tornando barato, esse tipo de transporte permite a movimentação de qualquer ti po de carga, ele possui uma maior capacidade de carga que os demais transportes, e consequentemente, menor custo de transporte. Em relação às desvantagens apresentadas por esse mo dal, podemos citar a baixa velocidade que o navio percorre, a disponibilidade de espaço para os navios 24 são limitadas. É necessário um melhor acondicionamento em embalagens, para evitar qualquer tipo de dano à mercadoria, é necessário que haja um transbordo emportos, geralmente os centros de produção não são nos portos, e isso gera uma distân cia entre a linha de produção do produto e o terminal em que o navio atracará, e devido aos problemas portuários, como congestionamentos de navios, infraestrutura precária, há pouca flexibilidade nos seus serviços, existe a necessidade de portos/alfândegas para seu funcionamento. No Brasil, a falta de dragagem e a infraestrutura acabam sendo um entrave para alavancar ainda mais o transporte marítimo. 6.4 O Transporte Ferroviário Segundo a Política de Infraestrutura Brasileira (PPA, 2012-2015), esse transporte é realizado sobre linhas férreas para transporte de pessoas e mercadorias. Geralmente, as mercadorias que são transportadas por ferrovias pos suem baixo valor agregado, como por exemplo, derivados de petróleo, produtos agrícolas, carvão, fertilizantes, minérios de ferro, etc. A característica que se deve levar em consideração no transporte ferroviário é a distância 25 entre os trilhos da ferrovia, conhecido também comobitola. Atualmente no Brasil, existem 3 tipos de bitola: larga, com 1,60 metros, métrica, com 1,00 metros, e a mista. Observamos na Tabela 2 a produção da ferrovia no Brasil, ou seja, quais os itens são transportados e suas quantidades, levantamento realizado entre os anos de 2010 e 2012, e na Tabela 3, são informadas as principais ferrovias brasileiras, e cada produto que nela é transportado. Esse tipo de transporte é essencial para o desenvolvimento logístico e para uma maior ligação de todo o território nacional. A prin cipal característica desse modal é a capacidade elevada de cargas. Além de transportar um grande volume de cargas, o transporte ferroviário tem como destaque a eficiência energética, se comparado com o transporte rodoviário. Um país, com a dimensão territorial como a nossa, além dos grandes volumes de cargas agrícolas e minerais, é imprescindível a utilização desse modal, e também é necessário sempre investimentos para melhorias no setor. Na Figura 2 temos a representação do mapa ferroviário regional brasileiro. Podemos visualizaratravés da Figura 3 o tempo de reposição dos componentes ferroviários no Brasil. A partir daanálise dessa figura, podemos notar que a troca e manutenção de equipamentos ferroviários ainda é lenta no Brasil, não possuindo nenhum levantamento para reposição e melhoria da in fraestrutura de terraplanagem e fundação, ou seja, muitos dos trens, percorrem tril hos com a infraestrutura realizada a mais de décadas, o que gera riscos para o equipamento e para as cargas transportadas. Para Adriana Pereira (2007), entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, o Governo Federal resolveu privatizar a exploração das ferrovias, através do Programa Nacional de Desestatização (PND). Dessa forma, no c omeço dos anos 90, o modal passou a ser utilizado por poucos clientes, produtos de bens com baixo valor agregado (basicamente minérios, grãos, cimentos, derivados de petróleo, e tc). Com o modal sendo pouco utilizado, deixou-se de ser um transporte viável. A partir da concessão da malha ferroviária para empresas privadas, o país viu uma recuperação deste 26 modal, que gerou, nos oito anos seguintes, um aumento de 54% no volume de carga transportada. Para Ballou (2011), existem duas formas de serviço ferroviário, o transportador privado e o transportador regular. O transportador privado pertence a um usuário particular, que irá utilizar o serviço com exclusividade. Em compensação, o transporte regular irá prestar serviço para qualquer usuário que se interesse pelo mesmo. Em relação aos custos, o modal ferroviário apresenta altos custos fixos em manutenção de terminais, vias férreas, vagões, e equipamentos. Em compensação, seu custo variável ébaixo. Embora seu custo seja inferior ao do transporte rodoviário, ele ainda não é expressivamente utilizado no Brasil. Isso se deve pelos problemas apresentados nas ferrovias brasileiras, e também pela falta de investimentos Como vantagens apresentadas pelo transporte ferroviário, temos um custo menor para transporte em grandes distâncias, não existem probl emas com trânsito e congestionamentos, existem terminais de cargas próximos as fontes de p rodução e também próximos aos portos. É adequado para produtos de baixo valor agregado e grandes volumes, possibilita que sejam transportados vários tipos de mercadorias de uma só vez, não depende das condições atmosféricas e é eficaz em termos energéticos se comparados ao transporte rodoviário, por exemplo. Suas desvantagens estão relacionadas aos problemas de não possuírem uma flexibilidade no percurso, não podendo dessa forma realizar alterações de rotas e traçados, existe uma necessidade muito grande de transbordo das cargas, é grande a dependência de outros transportes, não é viável para transporte demercadorias para pequenas distâncias, os horários são estabelecidos, não sendo flexíveis como no caso dos caminhões, e possuem altos custos fixos, decorrentes de sua operação. 27Fonte: Arquivo Interno 2014 28 2.3.3 O Transporte Rodoviário obervar o Mapa Rodoviário Regional Brasileiro, ondemuitas dessas estradas estão em más condições de utilização, e também sem pavimentação de qualidade. O Brasil utiliza esse modal como principal entre os demais, embora que, com os investimentos direcionados a setores portuários, ferroviários, hidroviários, essmodal houve uma diminuição na sua utilização. Seus altos custos também acabam o tornando desvantajoso, dependendo do tipo de mercadoria e distância que será percorrido até suaentrega final. De acordo com João Guilherme Araújo (2010), o espaç o nos veículos utilizados pode ser fretado, onde a carga será completa, ou então fracionado, onde serão carregadas frações de sua carga, junto com mercadorias de outros clientes. A partir do transporte fracionado é possível uma diminuição dos custos, pois os mesmos serão divididos entre os clientes que utilização certas quantidades de frações. Com a variação das cargas e sua crescente necessida de pelo transporte, foi necessário a adaptação do modal rodoviário para atender seus clientes. Hoje em dia, encontramos variados tipos de veículos para variados transportes de mercadorias. Caminhões que antes tinham apenas dois eixos, hoje em dia já vemos modelos sendo lançados ou adaptados para 4 eixos, existem carretas com 3 eixos, ou um número bem maior, dependendo da mercadoria que se deseja transportar. Ainda de acordo com João Guilherme Araujo (2010): O Transporte rodoviário de cargas (TRC) é responsável por mais de 60% do volume de mercadorias movimentadas no Brasil, com o seu custo representando cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para as empresas, o deslocamento de carga pelas estradas nacionais equivale a mais da metade da sua receita líquida, chegando a mais de 60% da receita na Agroindústria, e entre as indústrias de alimentos 65,5%)(. Nada mais natural, portanto, que o crescente interesse das companhias por novas soluções logísticas e por um estudo mais aprofundado sobre o setor no Brasil. Segundo Alban (2002), com a chegada da indústria automobilística no cenário nacional, o modal rodoviário passou a expandir rapidamente, 29 assumindo o posto de modal mais utilizado no Brasil até os dias atuais. Diferentemente dos demais modais que eram administrados e controlados pelo Estado, o rodoviário não sofreu nenhuma crise. Enquanto os outros modais reduziam pouco a pouco as operações, o rodoviário crescia. Com a grande utilização desse modal e a falta de ma nutenção e investimentos no setor, em meados dos anos 90 as situações das estra das eram bastante precárias. Na Tabela 4 retrata o estado de conversação do modal rodoviário em 1993. Tabela 4 – Estado de Conservação do Modal Rodoviári o – 1993 Fonte: Revista CNT – Extraído de Schroeder e Castro (1998). Para melhorar as condições das estradas e também su a modernização, o Brasil utilizou-se do processo de privatização das rodovia s. A privatização das rodovias não deslanchou imediatamente, assim como ocorreu na lei de Modernização dos Portos. O modelo de concessão das rodovias significou uma grande evo lução para a situação precária em que se encontravam o modal rodoviário. Ainda assim, a concessão não é a solução de todos os problemas de infraestrutura encontrados por esse modal. Concessões acabam sendo viáveis em rodovias que possuem grande fluxo de veículos. A Tabela 5 faz uma comparação entre a gestão estatal e terceirizada no aspecto do estado geral das rodovias. Tabela 5 – Estado Geral das Rodovias 30 Fonte: Pesquisa CNT O modal rodoviário possui vantagens como a não necessidade de terminais, como no caso do modal ferroviário e marítimo, é flexível deacordo com o serviço a ser realizado, é flexível quanto ao deslocamento necessário em que oveículo necessitará percorrer, é rápido no transporte de ponto a ponto, apresenta um custo menor com embalagens, é manuseado em pequenos lotes, tornando-o mais rápido, é possívelcobrir quase a totalidade geográfica da região, estado, ou país, é muito competitivo para transportes de pequenas e médias distâncias, é flexível para atender embarques urgentes e sua entrega ocorre diretamente ao cliente final. Ainda assim, esse modal apresenta algumas desvantagens, pois depende muito da infraestrutura onde será realizado o transporte, acarga transportada é limitada se comparado aos trens e aos navios, depende de regulamentações e leis que variam de estado para estado, é inviável para longas distâncias e acaba atrapalhando o trânsito de veículos em grandes centros. As Tabelas abaixo (6 e 7) fazem um ranking das 10 melhores e 10 piores rodovias do Brasil. Tabela 6 – 10 Melhores Rodovias do Brasil 31 Rodovia Trecho 1º SP-348 (Bandeirantes) São Paulo – Cordeirópolis 2º SP-160 (Imigrantes) São Paulo – São Vicente 3º SP-070 (Ayrton Senna/Carvalho Pinto) São Paulo-Taub até 4º SP-310 (Washington Luís) Limeira-São José do Rio Pr eto SP-340 (Adhemar de Barros/Dep. Mário 5º Beni/Boanerges N. Lima/Pref. José Campinas-Mococa André de Lima) 6º SP-280 (Castello Branco) São Paulo-Espírito Santo d o Turvo 7º BR-290 (Freeway) Osório-Porto Alegre-Eldorado do Sul 8º SP-330 (Anhanguera) São Paulo – divisa SP/MG 9º SP-225 (Com. João R. de Barros/Eng.º Bauru-Itirapina Paulo N. Romano 10º BR-040 (Washington Luís) Rio de Janeiro/Juiz de Fora Fonte: Revista Quatro Rodas (2013) Tabela 7 – 10 Piores Rodovias do Brasil Rodovia Trecho 1º BR-452 Itumbiara-Rio Verde 2º PI-140 Floriano-divisa PI/BA 3º BR-116 Pacajus-divisa CE/PE 4º Trevo de Pau-a-Pique-Remanso-divisa BR-235 BA/PI 5º BA-052 Xique-Xique-Trevo de Tapiramutá 6º BR-174 Presidente Figueiredo-Caracaraí 7º BR-349 Sta. Maria da Vitória-Bom Jesus da Lapa 8º BR-030/BA-262 Caetité-Brumado-Vitória da Conquista 9º BR-230 Carolina-Balsas 10º Trevo da BR-383-Lavras-S. Sebastião da BR-265 Vitória Fonte: Revista Quatro Rodas (2013) 32 Analisando as tabelas acima, fica fácil notar que sa melhores rodovias brasileiras se encontram no Estado de São Paulo, sendo a maioria d elas de responsabilidade do próprio estado e, também em sua maioria, privatizadas. Já sapiores rodovias, em sua maioria, são de responsabilidade do Governo Federal, apenas algumas são exceções e são de responsabilidade de seus estados. Com essa observação, vemos o desca so do Governo Federal na preocupação em administrar as rodovias brasileiras. Isso é um etrocesso para questões logísticas, principalmente em relação aos custos com fretes ter restres. A modo de comparação, podemos levantar uma hipótese: quais as chances de um mesmo caminhão quebrar em uma rodovia do Estado de São Paulo e quais as chances em uma dessa s rodovias classificadas entre as 10 piores? Isso prejudica o cliente, pois o mesmo teráde pagar um valor acima da média para realizar seu transporte nesse trecho, prejudicando o transportador, pois fica menos competitivo nessa região e correndo mais riscos de seu equipamento sofrer avarias e danos. Segundo Ludmar Rodrigues Coelho (2010): O Brasil possui entre Municipais, Estaduais e Federais 1.751.872 km de rodovias pavimentadas e não pavimentadas. Des se total 14,4% são de rodovias estaduais, 78,8% são de rodovias municipai s e 6,7%são de estradas federais. Nesse total estão inclusos 141.000 km d e vias inacabadas e em construção. As estradas não pavimentadas são a maio ria, sendo 88,8% de estradas de chão, contra apenas 11,1% de rodovias p avimentadas, ou seja, somente 196.093 km de rodovias asfaltadas. A termo de comparação com os países que compõem o BRIC, que são Brasil, Rússia, Índia e China, todos com área territorial equivalentes, enquanto nosso país possui algo em torno de 200.000 km de estradas asfaltadas, a Rússia tem mais de 600.000 km e a Índia e a China possuem cada uma, algo em torno de 1,5 milhão de km asfaltados. Por causa destas distorções que o frete pago pelo b rasileiro é caro, o que encarece todos os artigos transportados pelas rodovias, a começar pelo mais básico que é a alimentação. Com a transferêncidas rodovias para o setor privado, cresce o número de pedágios, e o consequente aumento no valor das tarifas. Mas por outro lado, as condições de segurança, sinalização e estado do piso de rodagem são superiores à média nacional e de outras rodovias que não dispõem do sistema de pedágios. Pelo baixo número de estradas federais, as mesmas deveriam servir de exemplo para estados e municípios, mas o que se vê, é o contrário, onde as estradas 33 estaduais e municipais, mesmo as de chã o batido, em muitos lugares são melhores e bem mais cuidadas que as fed erais que cortam os estados e os municípios. CONCLUSÕES Após a apuração de todas as informações dentro da e mpresa e a realização do estudo de caso, foi possível chegar aos resultados esperados, ou seja, foi possível reduzir os custos logísticos atuais da empresa utilizando-se do transporte multimodal. A inclusão do transporte ferroviário, junto aos transportes rodoviários e marítimos, e a alteração das exportações do Porto de Santos para a Porto de Paranaguá impactaram em uma redução de 30,35% dos custos, de janeiro a setembro de 2014. A multimodalidade permitiu também que fosse alterada a rota de escoamento de 34 todos os contêineres exportados pela empresa. Desdeo primeiro contêiner exportado, todas as exportações saíram pelo Porto de Santos. Como o pro cesso logístico já estava adequado, o aparecimento de problemas e riscos com a operação e ra praticamente nulo. Acabou-se notando que essa segurança deixou a empresa acomoda da na operação, e não se buscou uma solução durante todos os anos para uma redução dos custos, que só vinham aumentando ano a ano. O total redirecionamento das exportações para Paranaguá passará por certa desconfiança por parte da Diretoria, por se tratar de uma operaç ão totalmente nova e ousada, mas, as reduções conseguidas justificam essa mudança. Além disso, empresas do mesmo ramo alimentício já estão utilizando o porto de Paranaguá e o transporte ferroviário para movimentação de seus produtos. Apesar de o Brasil ser um país que prioriza o transporte rodoviário, onde altos investimentos são feitos em rodovias e muitas obras ligadas as ferrovias estão paradas ou evoluindo lentamente, o modal ferroviário apresenta viabilidade no trecho proposto no trabalho. A operação é feita por uma empresa responsável, comprometida, e que vem realizando altos investimentos nesse tipo de transporte. Seguindo essa linha de investimentos no transporte ferroviário, vale investir em uma nova operação logística, totalmente segurada contra qualquer tipo de dano, perda ou acidente, e que trará retornos financeiros já em curto prazo para a empresa, permitindo que essa economia seja convertida em investimentos em outras áreas da empresa. Referências bibliográfica BRASIL. Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Anuários Estatísticos: 2001- 2014. Brasília: ANTAQ, 2002-2015. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/portal/Estatisticas_Anuarios.asp>. Acesso em: 28 fev. 2015. BRASIL. 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