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Globalização: Conceitos e Perspectivas

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Globalização
Não há uma definição universalmente aceita sobre a globalização. Seu conceito é muito discutido ainda hoje. No entanto, de forma ampla e mais ou menos consensual, pode-se dizer que a globalização é a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distâncias e vice-versa. Acerca desse fenômeno também cabem definições como: compressão espaço-temporal, mundo em processo de encolhimento, integração global, intensificação da interligação inter-regional...
Cabe a contribuição mais ou menos neutra de Giddens sobre esse fenômeno. Para ele, a globalização é parte da construção da modernidade. A modernidade, por sua vez, diz respeito aos modos de vida ou organização sociais que surgiram na Europa por volta do século XVII. Ela aponta para um ritmo mais acelerado da mudança; a abrangência das transformações, que passam a ter alcance global; e a natureza intrínseca das instituições sociais modernas, como o Estado-nação.
Os entendimentos sobre o início da globalização e seus efeitos também são bastante heterogêneos. Podem-se identificar três grupos com visões distintas sobre ela: os arautos (liberais), que promovem o fenômeno de modo confiante como a via pela qual as linhas prevalentes de organização social (capitalismo, racionalismo...) trarão prosperidade, paz e liberdade universais; os céticos (conservadores/realistas nas RI), que tendem a esvaziar a importância da globalização, minimizando o alcance da mudança; e os críticos, que enfatizam a relevância e os perigos do acelerado crescimento da dimensão supraterritorial das relações sociais.
De maneira geral, os arautos argumentam que a globalização traz transformações econômicas com efeitos políticos positivos, como ampliação da competição econômica, estabilidade política atual da competição), reposicionamento do Estado, que deixa de ter uma função de promoção da guerra e passa a ter a função de manter a ordem para que a economia funcione bem (“war is bad for business”, menos guerra=mais credibilidade). Além disso, a globalização trouxe a consciência cosmopolita, que pressupõe a coexistência pacífica entre povos que convivem bem e que suas diferenças são desvalorizadas (consciência do todo mobilização para mudanças homogeneização de regras, direitos)
Dentre as posições dos arautos, identificam-se os argumentos de Reich e Ohmae. Segundo Reich, hoje em dia as decisões empresariais sobre produção e localização são comandadas e ditadas pela competição global e não mais pela fidelidade nacional. Apenas o povo é nacional, as empresas são globais. A produtividade do país equivale a quanto o mundo se dispõe a pagar pelos serviços realizados por seus cidadãos.
Para Ohmae, os intensos fluxos financeiros e industriais fazem com que os limites entre os países praticamente desapareçam e, dessa forma, ele acredita que o Estado é uma crescentemente uma ficção nostálgica. Entre as forças que estariam contribuindo para tanto, a principal seria o fluxo da informação, que torna possível aos consumidores conhecer como outras sociedades vivem, os produtos e serviços que consomem; permite que os administradores informem-se em tempo real sobre seus mercados, produtos e processos organizacionais; e viabilizam a movimentação instantânea do capital para qualquer lugar do mundo.
Para os céticos, a globalização é apenas uma palavra da moda para um processo que remonta à expansão da civilização europeia a partir do século XV. Não existe ineditismo no fenômeno. Entre 1870 e a Primeira GM, por exemplo, vigorou um sistema muito mais aberto do que o de hoje, com livre mobilidade de capital e, inclusive, pessoas (o que não experimentamos hoje). 
Ademais, a conceituação mais aceita pelos céticos é “internacionalização” e não globalização. Esse conceito mantém a primazia do território, das fronteiras e dos governos locais na distribuição e localização do poder, riqueza e da ordem mundial.
Outra questão levantada pelos céticos é que há uma desarticulação entre o discurso da globalização e as realidades do mundo, já que a maioria das rotinas de vida são dominadas por circunstâncias locais e não globais. Logo, os céticos enxergam no discurso da globalização uma construção primordialmente ideológica, um mito conveniente que, em parte, ajuda a justificar o projeto global neoliberal de criação de um livre mercado internacional e a consolidação do capitalismo anglo-americano nas principais regiões econômicas do mundo. Os Estados são, assim, os arquitetos da internacionalização da economia e não suas vitimas (FMI é formado por Estados, que ainda ditam as regras).
Para os críticos, a globalização existe e traz efeitos perversos para a política e economia mundial. Seus efeitos são deletérios principalmente para a população mais pobre. A análise marxista tradicional considera que a nova ordem global é uma nova modalidade de imperialismo ocidental dominado pelas necessidades dos capitais das grandes nações.
Segundo a Teoria da Dependência, a globalização evidencia a assimetria entre mais pobres e mais ricos. Os países periféricos sempre irão produzir baixo valor agregado, enquanto os centrais, alto valor agregado. Essa lógica é imutável.
Os críticos também apontam para o caráter desigual da globalização. Regras são impostas do Norte para o Sul global. Para as empresas do Norte há flexibilidade e socialização dos riscos (“too big to fail”). Há, ainda, o rigor do mercado para com o governo: a globalização faz uma “castração” da mediação do Estado entre o global e o local.
Um outro efeito negativo da globalização está relacionada à proteção e garantia dos direitos humanos pelos Estados. Além da tendência de a globalização deslocar a soberania para entidades supranacionais, os agentes econômicos transestatais e as tecnologias da comunicação instantânea praticamente inviabilizam seu exercício.
Desde que o absolutismo foi superado pelo Estado moderno, os conceitos de soberania e cidadania estão relacionados aos direitos humanos. A noção de cidadania reporta-se à de nação como espaço de realização individual e coletiva, politicamente organizada no Estado soberano, como entidade garantidora de direitos e do cumprimento da lei.
Verifica-se em 1993, na Conferência de Viena um esforço pela disseminação dos DH no discurso contemporâneo. A universalização do discurso politico dos DH não andava de mãos dadas com o fenômeno da globalização em curso. Sendo assim, a conferência objetivava fazem com que os Estados assumissem a responsabilidade de garantir tanto os direitos de “primeira geração” (civis e políticos) como os de “segunda geração” (econômicos e sociais).
Após a Guerra Fria há a aceleração do processo de globalização econômica e a disseminação da ideologia do laissez faire absoluto. É a partir dessa ideia de Estado mais enfraquecido e seguindo uma logica de mercado, que Lindgren Alves acredita que dessa forma o Estado fica inapto a garantir os DH.
Para ele, a globalização descontrolada tem provocado tendências centrípetas e centrífugas, aparentemente antagônicas. Alves afirma que a força agregadora, que cria padrões de comportamento globais não passa de ilusão. O que é mais evidente é o caráter desagregador, que cria divisões acentuadas na esfera social.
O fenômeno mais visível é a emergência de duas classes, que extrapolam os limites territoriais: a dos globalizados, abarcados positivamente pela globalização; têm acesso aos altos padrões de consumo; e a dos excluídos, que são 3/4 da humanidade e aspiram somente condições mínimas de sobrevivência.
Apesar de tantas interpretações diversificadas sobre os efeitos da globalização, segundo Michael Mann, a única coisa sobre a qual se pode ter certeza é que o Estado Nacional teve uma mudança de função.
O capitalismo abala a capacidade de decisão do Estado; há agora riscos do mundo globalizado, como questões ambientais e a questão do terrorismo, que demandam soluções transnacionais; há também os novostemas, que criam novas identidades (éticas, regionais, raciais, sexuais...); os esforços de guerra passam a ficar no segundo plano.
O mundo passa a ser organizado a partir de redes sócio-espaciais de interação. Dessa forma, o poder do Estado é diluído entre vários atores em 3 níveis diferentes: internacional, transnacional e supranacional. O plano nacional e internacional ainda têm peso bastante superior aos demais níveis. Vivemos em uma era de transição em que os Estados continuam sendo os principais atores mundiais, mas alguns elementos de um novo paradigma de organização da humanidade cada dia ganham mais importância. Economia, instituições e sociedade são afetados pela globalização, dando origem gradualmente a uma sociedade global.
Como o poder agora não é mais exercido exclusivamente pelo Estado, as transformações sofridas pela soberania estatal levam à ascensão desse modelo da sociedade global, que atua no âmbito transnacional e supranacional.
A sociedade civil transnacional nasce como consequência do surgimento dessa sociedade global. Ela é constituída por grupos, indivíduos e instituições que independem dos Estados e de suas fronteiras e se preocupam com assuntos públicos. As ONGs se destacam a sociedade civil.
O processo de globalização traz problemas que demandam esforços transnacionais, o que aumenta o espaço de atuação das ONGs. No âmbito local, as ONGs exercem função cada vez maior. Elas colaboram muitas vezes com o governo no exercício das funções. Além disso, são muito importantes no cenário mundial por alertar sobre problemas e coordenar esforços para resolvê-los. Têm também poder para ditar a agenda mundial e seus relatórios seriam o primeiro passo para a criação de um discurso global sobre diversos temas. 
Há um paradoxo na ligação das ONGs com a globalização: ao mesmo tempo em que muitas delas tentam combater a globalização protestando contra aspectos desse fenômeno, é graças a ela que as ONGs podem expandir as atividades.
As ONGs também possuem um papel significativo no que diz respeito à promoção de certos valores consideramos universais, como vida, verdade e propriedade. Desta forma, elas impõem regras de conduta para os Estados.
Muitos admitem que para regular a sociedade global, é necessária a governança global para lidar com o aumento da interdependência dos povos e sua consequente emergência de problemas que se limitam às fronteiras estatais. A resposta a isso tem sido a formação de regimes internacionais, que são uma forma de governar além dos Estados, encontrando cooperação e regulação. Dessa forma, se crê que os Estados podem compensar ao menos em parte sua perda de capacidade em lidar com algumas áreas.

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