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Unidade 4

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Fundamentos e Metodologia da Educação Física 
 
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Psicomotricidade 
 
 
 
 
 
 
 
 O objetivo dessa unidade é fazê-lo compreender a 
importância em conhecer os aspectos psicomotores tanto para 
avaliar as condições de seu aluno, como elaborar planos de aulas 
adequados de acordo com a necessidade do aluno ou da turma 
 
 
 
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SEÇÃO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
SEÇÃO 2 – CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE 
SEÇÃO 3 – ELEMENTOS PSICOMOTORES 
SEÇÃO 4 – SISTEMA NERVOSO 
SEÇÃO 5 – ASPECTOS DO ESQUEMA CORPORAL 
SEÇÃO 6 – ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL 
SEÇÃO 7 – IMAGEM CORPORAL 
SEÇÃO 8 – EQUILÍBRIO 
SEÇÃO 9 – PERTURBAÇÕES NA DEFINIÇÃO DO ESQUEMA 
CORPORAL 
SEÇÃO 10 – COORDENAÇÃO MOTORA 
SEÇÃO 11 – ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL 
SEÇÃO 12 – ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL 
SEÇÃO 13 – RITMO 
SEÇÃO 14 – LATERALIDADE 
SEÇÃO 15 – TRANSTORNOS PSICOMOTORES 
SEÇÃO 16 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA 
 
 
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Psicomotricidade é a ciência que estuda o desenvolvimento integral 
do indivíduo que é abordada com outros campos científicos como a 
Psicologia e Pedagogia, a Terapia Ocupacional entre outras. Para a 
Psicomotricidade a relação entre o homem e o corpo é algo primordial, para 
uma melhor atuação não levam em consideração apenas os aspectos 
psicomotores, mas sim outros aspectos que constituem o sujeito como um 
todo tais como os cognitivos e sócios afetivos. 
Compreende no fundo uma mediatização corporal e expressiva, na 
qual o reeducador, o professor especializado ou terapeuta estudam e 
compensam condutas inadequadas, e inadaptadas em diversas situações, 
geralmente ligadas a problemas de desenvolvimento e maturação 
psicomotora, de aprendizagem, comportamento ou de âmbito psicoafetivo 
(SILVA, 2007, p. 14). 
 
 
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SEÇÃO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
A primeira vez que apareceu o termo “psicomotricidade” foi no 
século XIX, “mais especificamente no campo da Neurologia, quando os 
médicos tinham a preocupação em identificar e nomear as áreas específicas 
do córtex cerebral, segundo as funções desempenhadas por cada uma 
delas”. Desde então ela passou a desenvolver-se como uma prática 
independente até se tornar uma ciência. René Descartes, no século XVII, 
propunha ainda esta dicotomia entre corpo e alma, mas já fazia arranjos de 
que o corpo é tão ligado à pessoa que ambos chegam a misturar-se. “No 
século XIX constatou-se que existem disfunções graves evidenciadas no 
corpo sem que o cérebro tenha nenhuma lesão” (CAÇÃO, 2009, s/p.). 
De acordo com Levin (1995), é esta “necessidade médica de 
encontrar uma área que explique os fenômenos clínicos que nomeia pela 
primeira vez a palavra” (p.23). 
Dupré, em 1909, “define a síndrome da debilidade motora, através 
das relações entre corpo e inteligência, dando partida para o estudo dos 
transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a nenhum indício 
neurológico estudadas pela Psicomotricidade” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Em 
1925 Henry Wallon, em seus estudos começou a relacionar a motricidade 
com a emoção, denominando de “diálogo tônico-emocional”. Essa teoria, 
põe fim ao dualismo cartesiano que separa o corpo do desenvolvimento 
intelectual e emocional do indivíduo (CAÇÃO, 2009). 
Em 1935, Eduard Guilmain, elaborou protocolos de exames para 
medir e diagnosticar transtornos psicomotores, inicia-se então prática mais 
especificamente psicomotora. No ano de 1948 Ajuriaguerra no seu Manual 
de Psiquiatria Infantil, redefiniu o conceito de debilidade motora e 
delimitou com clareza os transtornos psicomotores. Ressalta-se que Jean Lê 
Boulch, André Lapierre, Bernard Auconturier, Aleksander Luria, P. Vayer, 
Jean Bèrges, Jean-Claude Coste, Vitor Fonseca, também são pesquisadores 
importantes da área (CAÇÃO, 2009). 
 
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SEÇÃO 2 – CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE 
 
A Psicomotricidade possui três campos de atuação, quais são: 
 
Reeducação: “é o atendimento individual ou em pequenos grupos 
de crianças, adolescentes ou adultos que apresentam sintomas de ordem 
psicomotora. Estes sintomas podem vir acompanhados de distúrbios 
mentais, orgânicos, psiquiátricos, neurológicos, relacionais e afetivos” 
(CAÇÃO, 2009, s/p.). 
Terapia Psicomotora: “é também realizada com crianças, 
adolescentes ou adultos, individualmente ou em pequenos grupos que 
apresentem grandes perturbações de ordem patológica” (CAÇÃO, 2009, 
s/p.). 
Educação Psicomotora: “é dirigida à atuação dentro do âmbito 
escolar, principalmente nos segmentos da Educação Infantil e no Ensino 
Fundamental” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Esta iniciou na França, na segunda 
metade da década de 60, com o professor de Educação Física Lê Boulch, 
visava “o desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos 
e, mais especificamente, evitar distúrbios de aprendizagem”. De tal modo, a 
Psicomotricidade opera regulando “ambientes que estimulem as vivências 
corporais, ou seja, buscando desafiar os alunos, atingindo suas zonas de 
desenvolvimentos, como defende Vygotsky” (CAÇÃO, 2009, s/p.). 
 
 
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SEÇÃO 3 – ELEMENTOS PSICOMOTORES 
 
Esquema corporal: é a formação do “eu”, da personalidade da 
criança, isto é, o desenvolvimento do esquema corporal, a criança toma 
consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por meio de 
seu corpo. É o saber pré-consciente a respeito do seu próprio corpo e de 
suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaços, objetos e 
pessoas que o circundam. As informações proprioceptivas ou cinestésicas é 
que constroem este saber acerca do corpo e à medida que o corpo cresce, 
acontecem modificações e ajustes no esquema corporal. 
Exemplo: a criança sabe que a cabeça está em cima do pescoço e 
sabe que ambos fazem parte de um conjunto maior que é o corpo. 
“O esquema corporal não é um conceito inicial ou uma entidade 
biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa relação entre o 
indivíduo e o próprio ambiente” (WALLON, 1999, p. 19). 
De acordo com Le Bouch (1983, p. 37) “o esquema corporal pode 
ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento 
imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em 
movimento, em relação às diversas partes entre si e”, especialmente “em 
relação com o espaço e os objetos que o circundam”. 
“Esquema corporal é a integração das sensações relativas ao próprio 
corpo, em relação aos dados do mundo exterior” (VAYER, 1984, p. 74). 
“Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, sucesso ou 
fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores 
sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, este corpo termina por ser 
investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e 
absolutamente pessoais” (VAYER, 1984, p. 73). 
Para Freud pai da psicanálise O corpo ocupa um lugar fundamental 
na concepção freudiana. “Está na origem de todas as pulsões que 
constituem a expressão de necessidades vitais e orgânicas”. Também é o 
local “onde se inscrevem as experiências do prazer, ligadas às da satisfação 
de uma necessidade: quando uma criança está faminta, é em sua boca que 
ele experimenta esse sofrimento”; e ainda é “na boca que ela sente o prazer 
da fome saciada, a ponto de fazê-lo reviver independentemente do 
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imperativo desatisfazer uma necessidade- chupando o polegar ou uma 
ponta do lençol, por exemplo” (SANTOS, 2004, p. 20). 
Freud divide o desenvolvimento em cinco fases (SANTOS, 2004): 
 Fase Oral (0 a 18 meses) os desejos de satisfação da criança 
são orais, lábios, boca, língua; 
 Fase Anal (18 meses a 3 anos) as crianças estão sendo 
ensinada a controlar fezes e urina, é o controle dos 
esfíncteres tendo sua atenção focalizada a região anal que se 
tornam centro de experiências frustradoras e 
compensadoras; 
 Fase Fálica (3 a 7 anos) é a fase do desenvolvimento sexual e 
recebe este nome pois a fonte de prazer da criança passa a 
focalizar principalmente à região genital; 
 Fase de Latência (de 7 a 12 anos) fase em que aparecem as 
barreiras mentais impedindo a manifestação da libido, que 
Freud, identificou com repugnância, vergonha e moralidade, 
redirecionando o impulso sexual para finalidades culturais. 
Existe a separação nítida entre meninos e meninas; 
 Fase Genital (dos 12 aos 16 anos) caracteriza-se pela fixação 
libidinal no objeto heterossexual. A puberdade trará o 
aparecimento da ejaculação no rapaz e o fluxo menstrual na 
menina assim como o desenvolvimento mamário. 
Elementos determinantes para compreensão do papel 
recíproco do homem e da mulher na concepção. 
 
 
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SEÇÃO 4 – SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso distribui e domina todas as atividades do 
organismo, desde as contrações musculares, o desempenho dos órgãos e até 
mesmo a velocidade de secreção das glândulas endócrinas. “Integra 
sensações e ideias, opera os fenômenos de consciência, interpreta os 
estímulos advindos da superfície do corpo, das vísceras e de todas as 
funções a cada um destes estímulos”. As células do sistema nervoso são 
chamadas neurônios e possui a função de receber e conduzir estímulos. Ao 
nascer temos algumas estruturas prontas e definidas. Outra a se desenvolver 
entre elas encontra-se parte do sistema nervoso que precisa de condições 
favoráveis para seu pleno funcionamento e desenvolvimento (LUSSAC, 
2008, s/p.). 
O córtex cerebral substancia cinzenta que reveste o cérebro, está 
presente no nascimento de forma rudimentar. É o centro onde são avaliadas 
as informações e são processadas as instruções do organismo. Para que haja 
uma transmissão de informação, o córtex cerebral necessita de impulsos que 
lhe chegam dos (pele retina, ouvido interno, olfato, paladar) proprioceptivo 
(músculos, tendões e articulações) e interoceptivos (vísceras) (LUSSAC, 
2008). 
A condução dos impulsos advindo destes receptores aos centros 
nervosos se faz através de fibras nervosas sensitivas ou aferentes e a 
transmissão aos músculos do comando dos centros nervosos é efetuada 
pelas fibras eferentes ou motoras (LUSSAC, 2008). 
A velocidade dos impulsos nervosos fundamenta-se por meio do 
revestimento da bainha de mielina localizada nas fibras nervosas e que é 
composta por colesterol, fosfatídeo e açúcares. Sua função não é só de 
condução, mas também de isolante (LUSSAC, 2008). 
O período mais crítico para a mielinização e o desenvolvimento 
neural, que acontece entre o 6º mês de gestação até mais ou menos 6 anos 
de idade. As células nervosas vão se desenvolver bastante nesta fase e para 
que isto acorra necessitam de energia (açúcares, gorduras e proteínas). Das 
proteínas que vem pelo sangue da mãe 80% vão para o cérebro da criança 
(LUSSAC, 2008). 
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Além na nutrição a estimulação do ambiente é de fundamental 
importância para o desenvolvimento da criança, provocando nela reações e 
respostas que se traduzem em um número maior de sinapses (LUSSAC, 
2008). 
A sinapse é uma conexão entre os neurônios na qual um neurônio 
estimula o seguinte através da liberação de uma substância chamada 
neurotransmissor, propagando-se assim os impulsos nervosos e 
transmitindo informações (fatos lembranças, valores temperatura etc.) 
significantes. As sinapses são numerosas várias centenas para um mesmo 
neurônio (LUSSAC, 2008). 
 
 
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SEÇÃO 5 – ASPECTOS DO ESQUEMA CORPORAL 
 
Diálogo Tônico: o tônus muscular e a mobilidade articular são 
aspectos complementares e indissociáveis do Esquema corporal e devem ser 
trabalhadas sob forma de situações de contração e descontração do corpo 
como um todo e de seus segmentos com os objetivos de adequar a 
tonicidade do movimento e da mobilidade (UNIESC, s/d.). 
“Jogo Corporal: é a maneira natural que a criança utiliza para 
aprimorara a descoberta de seu eixo corporal, e para trabalhar a indiferença 
segmentaria e conseguir chegar ao controle de si mesmo” (UNIESC, s/d., 
p. 12). 
“Equilíbrio Corporal: é a capacidade de manter a estabilidade de 
corpo, mesmo quando o centro de gravidade é desviado, com objetivo de 
adaptar-se às necessidades em situações de deslocamento ou não, e em 
posições ereta e sentada”. Existem Três categorias básicas de equilíbrio: 
Estático, Dinâmica e Com Objetos (UNIESC, s/d., p. 12). 
“Controle da Respiração: um dos aspectos do controle de si é 
importante por permitir uma ventilação pulmonar, inspiração e expiração, 
dando-se maior importância à inspiração e controle da retenção do ar” 
(UNIESC, s/d., p. 13). 
 
 
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SEÇÃO 6 – ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL 
 
1ª Etapa – Corpo Vivido – Até os 3 Anos de Idade: 
Para Piaget corresponde a fase da inteligência sensório motora e 
Wallon denomina o estágio sensório motor e projetivo, mas ambos 
descrevem esta etapa como a da experiência vivida, pela criança exploração 
do mundo físico. “A aquisição da marcha e da preensão possibilitam-lhe 
maior autonomia na manipulação de objetos e exploração de espaços. 
Outro marco importante é o desenvolvimento da função simbólica e da 
linguagem” (GALVÃO, 1995, p. 30). 
2ª Etapa– Corpo Percebido ou Descoberto - 3 aos 7 Anos: 
Para Piaget corresponde a pré-operatório, corresponde a 
organização do espaço temporal, refinando seus movimentos de 
coordenação no tempo e no espaço, assimilando conceitos de embaixo, 
encima, direita esquerda etc. Wallon denomina de estágio do personalismo, 
onde o ponto principal é o “processo de formação da personalidade. A 
construção da consciência de si, por meio das interações sociais” e afetivas 
(GALVÃO, 1995, p. 30). 
3ª Etapa – Corpo Representado dos 7 aos 12 Anos: 
Nesta etapa, observa-se a estruturação do esquema corporal, pois já 
apresenta a noção do todo e das partes de seu corpo conhece as posições e 
mantém controle e domínio corporal, ampliando e organizando seu 
esquema corporal (GALVÃO, 1995). 
Segundo Piaget é a fase das operações concretas, o início da 
construção de sistemas de operações relativos à conservação de quantidade, 
às séries, classes, números, espaços etc. que permite a compreensão da 
realidade e da realidade e sua nomeação através das palavras, na forma 
utilizada pelos adultos (GALVÃO, 1995). 
Para Wallon é o estágio categorial que se inicia aos 6 anos os 
“progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o 
conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo às suas relações 
com o meio preponderância do aspecto cognitivo” (GALVÃO, 1995, p. 
31). 
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Para a autora ainda, é a “consolidação da função simbólica e a 
diferenciação da personalidade realizadas no estágio anterior trazem 
importantes avanços no plano da inteligência” preponderância no aspecto 
cognitivo(GALVÃO, 1995, p. 31). 
 
 
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SEÇÃO 7 – IMAGEM CORPORAL 
 
No que se trata da imagem corporal se detém sobre a imagem que 
se tem próprio corpo, se ela é reflexa de uma imagem condizente com a 
realidade é porque estamos de acordo com a representação mental que se 
faz do próprio corpo. No entanto vários distúrbios relacionados a imagem 
corporal é diagnosticada em crianças e adolescentes, tais como a anorexia e 
a bulimia pois a valorização excessiva da imagem corporal na sociedade 
contemporânea, idealizada por corpos excessivamente magros ou 
musculosos, tem causado diversos distúrbios relacionados à autoimagem. 
Essa construção da imagem corporal que acontece dos 6 aos 8 meses de 
idade fase importante em que a criança precisa ser estimulada ao 
conhecimento do próprio corpo, observamos que algumas creches usam 
como elemento de conhecimento do corpo o espelho em sala de aula, pois a 
imagem, vem antes do esquema corporal, no entanto, sem imagem, não há 
esquema corporal. 
 
 
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Para Saber Mais 
 
O Tono é um fenômeno nervoso – é tensão gerada pelo musculo 
que garante equilíbrio dinâmico ou estático, coordenação e postura, em 
qualquer das situações parado ou em movimento. Usamos como exemplo 
nesse caso as pessoas com síndrome de down que possuem hipotonia, pois 
nesse caso há uma tonicidade diferenciada menor do que a normal, o que 
nesse caso há um aumento da mobilidade, flexibilidade em 
consequentemente há problemas com equilíbrio, problemas posturais e de 
coordenação. 
A função Tônica é a função fundamental da abordagem 
psicomotora do ser humano, em virtude dos diversos aspectos que abrange 
o tono. 
Verifica-se o estado do tônus muscular através da resistência de 
músculo à mobilização passiva de um segmento do corpo. 
Hipertonia - grande resistência. 
Hipotonia – pequena resistência. 
Tônus normal – resistência normal. 
 
 
 
 
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SEÇÃO 8 – EQUILÍBRIO 
 
É a capacidade de sustentação de uma posição ou postura adequada, 
usando a combinação de grupos musculares para realizar uma ação ou 
permanecer estático. Postura adequada entende-se o alinhamento dos 
vários segmentos corporais que resulte em economia de esforço (ausência 
de tensões desnecessárias) e facilidade para execução e movimentos 
(UNIESC, s/d.). 
Segundo Ajuriaguerra (1983, p. 125) “o tônus que prepara e guia o 
gesto é simultaneamente a expressão da realização ou frustração do 
indivíduo”. 
O tônus apresenta-se como uma tensão que regula e controla a 
atividade postural como suporte do movimento (UNIESC, s/d.). 
Classifica-se em: 
Equilíbrio Estático: não movimentos não locomotores como por 
exemplificar em pé, apenas com as pontas dos pés tocando o solo, com 
elevação dos calcanhares e os pés unidos. 
Equilíbrio Dinâmico: são movimentos locomotores como, por 
exemplo, andar em marcha normal sobre uma linha pré-delimitada 
(UNIESC, s/d.). 
 
 
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SEÇÃO 9 – PERTURBAÇÕES NA DEFINIÇÃO DO ESQUEMA 
CORPORAL 
 
Excetuando problemas motores e intelectuais todos os demais são 
de ordem afetiva. Abaixo relacionamos algumas das dificuldades em definir 
o esquema corporal (MATTOS, 2007): 
1. Não tem consciência do corpo, de suas partes, confunde-se, 
o desenho da figura humana é pobre. Para ela a 
representação e nominação das diferentes partes do corpo 
são muitas vezes difíceis. Não localizam ou confundem as 
partes; 
2. Insuficiência de percepção de controle do corpo; 
3. Incapacidade de controle respiratório; 
4. Dificuldade de equilíbrio de coordenação; 
5. Dificuldade em se locomover em um espaço determinado; 
6. Dificuldade de coordenação de movimentos, lentidão, 
dificuldade em gestos harmoniosos; 
7. Confunde–se em relação às diversas coordenadas de espaço, 
como em cima, embaixo, ao lado, linhas verticais e 
horizontais assim como o sentido de direita e esquerda; 
8. Coordenação Geral; 
9. A capacidade de coordenação incorpora as atividades que 
incluem duas ou mais capacidades e padrões motores. O 
desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas é 
essencial para a evolução das potencialidades do indivíduo 
na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva; 
10. “Os movimentos têm uma evolução fisiológica que se traduz 
pela diminuição progressiva dos movimentos associados e 
como consequência dela pela independência no aumento 
dos grupos musculares” (MATTOS, 2007, p. 28). 
 
 
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SEÇÃO 10 – COORDENAÇÃO MOTORA 
 
De acordo com Mattos (2007, p. 28) “a coordenação geral necessita 
de uma perfeita harmonia de jogos musculares em repouso e em 
movimento”. 
Coordenação Estática: Quando se realiza em repouso. É dada 
pelo equilíbrio entre a ação dos grupos musculares antagonistas, estabelece-
se em função do tônus e permite a conservação voluntária das atitudes 
(MATTOS, 2007). 
Coordenação Dinâmica: Quando a coordenação se realiza em 
movimento, põe em ação simultâneos grupos musculares diferentes, tendo 
em vista a execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos 
(MATTOS, 2007). 
“Falhas na coordenação motora podem ser causadas pela deficiência 
de movimentos na primeira infância” (MATTOS, 2007, p. 29). 
Podemos considerar cinco tipos de Coordenação motora, quais são: 
Coordenação Motora Ampla, Motora Fina, Visomotora, 
Audiomotora e Facial (MATTOS, 2007). 
Coordenação global ou ampla – Diz respeito à atividade dos grandes 
músculos. Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo 
(MATTOS, 2007). 
Este equilíbrio está subordinado às sensações proprioceptivas 
cinestésicas e labirínticas. 
Quanto maior o equilíbrio, mais econômica será a atividade do 
sujeito e mais coordenadas serão as ações (MATTOS, 2007). 
Através da experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal, 
vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vez melhor. Diversas 
atividades levam à conscientização global do corpo, como andar, que é um 
ato neuromuscular que requer equilíbrio e coordenação; correr, além destes 
resistência e força muscular e outras como saltar rolar pular arrastar-se, 
nadar, sentar lançar-pegar. Exemplo: ao caminhar a coordenação motora 
ampla é exigida, pois os membros superiores e inferiores se alternam 
coordenadamente para que haja deslocamento (MATTOS, 2007). 
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A Motricidade fina – É a realização de movimentos usando 
pequenos grupos musculares específicos. Exemplo: escrever, bordar, digitar 
(MATTOS, 2007). 
Para Ajuriguerra (1983), o desenvolvimento da escrita depende de 
diversos fatores: maturação global do sistema nervoso, desenvolvimento 
psicomotor em relação a tonicidade e coordenação dos movimentos e 
desenvolvimento da motricidade fina dos dedos da mão. 
As “experiências dinâmicas de lançar-pegar também são muito 
importantes para a escrita, pois facilitam a fixação da atividade entre o 
campo visual e a motricidade fina da mão e dos dedos, provocando uma 
maior coordenação óculo–manual” (PROVETI, 2005, p. 21). 
Conforme Proveti (2007, p. 20) “a independência do braço em 
relação ao ombro, e a independência da mão e dos dedos, são fatores 
decisivos nesta coordenação [...] para processar de maneira econômica e 
sem cansaço controlando a pressão sobre os dedos (tônus muscular)”. 
Coordenação óculo manual ou viso-motora, se efetua com precisão 
sobrea base de um domínio visual previamente estabelecido ligado aos 
gestos executados, facilitando, assim uma maior harmonia do movimento. 
Esta coordenação é essencial para a escrita (PROVETI, 2005). 
“Experiências dinâmicas de lançar-pegar também são muito 
importantes para escrita, pois facilitam a fixação da atividade entre o campo 
visual e a motricidade fina da mão e dos dedos, provocando uma maior 
coordenação óculo-manual” (PROVETI, 2005, p. 21). 
Na ausência de uma adequada coordenação visomotora, a criança se 
mostra desajeitada em todas suas ações, apresentando dificuldades na escola 
e em outras situações vivenciadas no dia a dia (PROVETI, 2005). 
“Coordenação Audiomotora, é a capacidade de transformar em 
movimentos um comando sensibilizado pelo aparelho auditivo” (MATTOS, 
2007, p. 30). 
Coordenação Facial – “é o primeiro e mais importante modo de 
comunicação interpessoal. Efetivamente são os olhos a fonte mais usada, 
mais fascinante, mais rica, mais ativa e rápida de comunicação” (MATTOS, 
2007, p. 30). 
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As expressões faciais são fontes inesgotáveis de comunicação não 
verbal: olhos, sobrancelhas, pestanas, testa, cabeça, queixo, nariz, lábios e 
boca (MATTOS, 2007). 
As motricidades faciais, “expressivas e singulares de primatas 
humanos são potentes sistemas de transmissão de mensagens não verbais” 
(MATTOS, 2007, p. 30). 
De acordo com Mattos (2007, p. 30) “a contração voluntária da 
musculatura facial tem muita importância, pois é o começo da expressão de 
estados mais abstratos (medo, negação, ansiedade). Com o enriquecimento 
da mímica, aparecemos primeiros rudimentos de uma comunicação ao nível 
simbólico”. 
“A linguagem falada é uma aquisição da espécie humana, 
desenvolvida desde o homem primitivo, através de gestos, da mímica e dos 
sons inarticulados até a linguagem articulada” (MATTOS, 2007, p. 31). 
Alguns autores, “conhecendo os pré-requisitos fisiológicos, têm 
assinalado a necessidade de exercitar os movimentos primários pré-
linguísticos de sucção, mastigação e deglutição como precursores da fala” 
(MATTOS, 2007, p. 31). 
 
 
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SEÇÃO 11 – A ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL 
 
A estrutura espacial é fundamental para vivermos em sociedade. “É 
através do espaço e das relações espaciais que nos situamos nomeio em que 
vivemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que fazemos 
observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e 
diferenças entre elas” (KERSCNER; CAUDURO, 2013, s/p.). 
A orientação espacial é a própria orientação do “eu” saber conduzir-
se dentro de um determinado espaço ter a noção de perto, longe, em cima, 
embaixo, dentro, fora, ao lado de, antes, depois. 
Através de um verdadeiro trabalho mental, selecionamos, 
comparamos os diferentes objetos extraímos, agrupamos, classificamos seus 
fatores comuns e chegamos aos conceitos destes objetos e as 
categorizações. “É esta formação de categorias que leva a generalização e 
abstração” (KEPHART, 1986, p. 23). 
“A aritmética lida com o fenômeno do agrupamento e para isto é 
necessário que tenha sido desenvolvida a noção espacial, visto que os 
objetos só existem dentro de um espaço determinado” (RIBEIRO, 2005, p. 
45). 
De Meur e Staes (1984) define estruturação espacial como: 
 A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo 
em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que 
pode ter em relação às pessoas e coisas; 
 A tomada de consciência da situação das coisas entre si; 
 A possibilidade, para o sujeito, organizar-se perante o 
mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de 
colocá-las em um lugar, de movimentá-las. 
Segundo Craik (apud KEPHART, 1986, p. 124) “Não podemos 
desenvolver um mundo espacial estável até que aprendemos a interpretar a 
informação de nossos sentidos em termos espaciais. No entanto, podemos 
construir este mundo espacial baseado somente nas interpretações espaciais 
de dados sensoriais”. 
“A estruturação espacial não nasce com indivíduo. Ela é uma 
elaboração e uma construção mental que se opera através de seus 
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73˧ 
 
movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio” (DOS 
SANTOS; COSTA, 2005, p. 5). 
A orientação e estruturação espaciais são importantes porque 
possibilitam à criança organizar-se perante o mundo que a cerca, prevendo e 
antecipando situações em seu meio espacial (DOS SANTOS; COSTA, 
2005). 
 
Dificuldade na Estruturação Espacial: 
Muitas dificuldades podem advir de uma má integração da 
orientação espacial. São diversos os motivos que impedem ou retardam o 
pleno desenvolvimento da criança, como por exemplo: 
- Restrição de seu desenvolvimento mental e psicomotor; 
- Crianças bloqueadas em suas experiências corporais e especiais e 
sem oportunidades de manusear os objetos ao seu redor. As crianças que 
não conseguem desenvolver a noção de esquema corporal acarretam 
prejuízos na função de interiorização; 
- Aquelas que não conseguiram ainda estabelecer a dominância 
lateral e nem assimilaram as noções de direita e esquerda através da 
internalização de seu eixo corporal. 
Carência ou déficit da função simbólica. A criança não consegue 
associar termos abstratos com o direita e esquerda, meramente 
convencionais, ao que sentem ao nível proprioceptivo (LE BOULCH, 
1984). 
 
Dificuldade de Representação Mental das Diversas Noções: 
“Muitas crianças não conseguem assimilar os termos espaciais 
confundem-se quando se exige uma noção de lugar, de orientação, tanto no 
recreio, quanto nas salas de aula” (MADEIRA, s/d., p. 9). 
Conhecem os termos espaciais, mas tem dificuldade em perceber as 
diversas posições comprometendo a aprendizagem, pois não “discriminam 
as direções das letras. Ex m e u, ou e on, p e b, 6 e 9, b e d, p e q, 15 e 51, 
etc” ” (MADEIRA, s/d., p. 9). 
De acordo com Madeira (s/d., p. 9) “crianças que, embora 
percebam o espaço que as circundam, não tem memória espacial, algumas 
Fundamentos e Metodologia da Educação Física 
 
74˧ 
 
esquecem ou confundem os significados dos símbolos representados pelas 
letras gráficas”. 
Existe falta de organização espacial também em adultos. O sujeito 
está constantemente se chocando e esbarrando em objetos. Exemplo: Bolsa 
tiracolo, não percebe o espaço ocupado por seu corpo somado à bolsa e 
esbarra em tudo que passa (MADEIRA, s/d.). 
Indecisão em desviar de obstáculos, não consegue organizar objetos 
em armários e gavetas, não consegue prever trajetória de um objeto 
qualquer quando lançado (MADEIRA, s/d.). 
Pode possuir, também, como consequência falta de orientação 
espacial no papel. Não consegue presumir o tamanho de seus desenhos o 
que o obriga desenhar algumas partes e espremer as outras em um canto da 
folha. Não obedece aos limites da folha (MADEIRA, s/d.). 
“Na escrita não respeita a linha horizontal”, escrevendo em 
movimentos descendentes e ascendentes (MADEIRA, s/d., p. 9). 
Na leitura e na escrita tem dificuldade em respeitar a ordem e a 
sucessão das letras e nas palavras e das palavras nas frases (MADEIRA, 
s/d.). 
Em matemática pode ter dificuldade em organizar seus números em 
fileiras e acaba misturando o que é dezena com centena e milhar 
(MADEIRA, s/d.). 
 
 
Fundamentos e Metodologia da Educação Física 
 
75˧ 
 
SEÇÃO 12 – ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL 
 
Estruturação temporal é saber situar-se no presente, passado e 
futuro podendo deslocar-se dentro destes sem incorrer em dúvidas ou 
enganos. 
Não podemos conceber a noção deespaço sem abordarmos a noção 
de tempo, pois eles são indissociáveis. Para Piaget (2002, p. 12), “o tempo é 
a coordenação dos movimentos: quer se trate dos deslocamentos físicos ou 
movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos que são as 
ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, 
mas cujo desfecho e objetivo final é também espacial”. 
A estruturação temporal garantirá a experiência de localização dos 
acontecimentos passados e uma capacidade de projetar-se para o futuro, 
fazendo planos decidindo sobre sua vida. Ela insere o homem no tempo 
onde nasce, cresce e morre, e sua atividade é uma sequência de mudanças 
condicionadas pelas atividades diárias. 
A estrutura temporal tanto quanto a estrutura espacial também não 
são conceitos inerentes, tendo que ser construídas. Exige um esforço e um 
trabalho mental da criança que só conseguirá realizá-lo quando tiver um 
desenvolvimento cognitivo mais avançado. 
Tanto quanto a estruturação espacial a estruturação temporal não é 
um conceito inato. Tem que ser construído e exige um esforço um trabalho 
mental da criança que ela só conseguirá realizar quando tiver um 
desenvolvimento cognitivo avançado. 
No início a criança vivencia seu corpo, tentando conseguir harmonia 
em seus movimentos, pois seu corpo não existe isolado no espaço e tempo 
e aos poucos ela vai captando estas noções. Esta etapa se caracteriza pela 
aquisição dos elementos básicos, que possibilita o ajuste de seus gestos e 
movimentos ao tempo e espaço exterior. 
Numa etapa posterior passa a tomar consciência das relações de 
tempo. Irá trabalhar noções e relações de ordem, sucessão, duração e 
alternância entre objetos e ações. Perceberá as noções dos momentos do 
tempo, por exemplo, o instante, o momento exato, a simultaneidade e a 
sucessão. 
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76˧ 
 
SEÇÃO 13 – RITMO 
 
É um dos conceitos mais importantes da orientação temporal, ele 
não envolve apenas as noções de tempo estão ligadas também as noções de 
espaço A combinação dos dois dá origem ao movimento. O movimento é 
meio de expressão do ritmo, mas ritmo o não é movimento. É por isso que 
se diz que o ritmo deve ser vivido corporalmente é a ordenação constante e 
periódica de um ato motor. O ritmo pode ocorrer em várias áreas de nosso 
comportamento. Ele traduz uma igualdade de intervalos de tempo 
(KEPHART, 1986). 
Kephart (1986) distingue em três os tipos de ritmos: 
Ritmo Motor: está ligado ao movimento do organismo que se 
realiza em um intervalo de tempo constante. Andar, nadar, correr, mas para 
que estes movimentos sejam ritmados é necessário que a criança possua 
coordenação ampla. 
 Ritmo Auditivo: normalmente é trabalhado em associação com 
algum movimento Ex: cantar, dançar, tocar instrumentos. 
 Ritmo Visual: envolve a exploração sistemática de um ambiente 
visual muito amplo para ser incluído no campo visual em uma só fixação. É 
necessário que possua uma certa organização de ritmo. 
Os conceitos temporais apresentam maior dificuldade para serem 
compreendidos. A criança sente a passagem do tempo, inicialmente, pelos 
seus próprios ritmos e necessidades biológicas (a fome e a sede que 
obedecem a uma organização rítmica, sincronizada pela alternância vigília-
sono) (KEPHART, 1986). 
Assim, desde o nascimento, devem-se ajustar os ritmos corporais de 
uma criança às condições temporais impostas pelo ambiente, para que haja 
uma organização da ritmicidade da mesma que será o 1º ponto referencial 
da informação temporal que com o decorrer do seu desenvolvimento terá a 
percepção do tempo (ALVES, 2008). 
A criança deve dispor de uma motricidade global bem organizada 
temporalmente, o elemento fundamental de seu ajustamento. As 
experiências vivenciadas ritmicamente desenvolvem-se, não no plano 
motor, mas também no plano da linguagem (ALVES, 2008). 
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77˧ 
 
Para Saber Mais 
 
O tempo subjetivo é aquele que se dá por nossa própria impressão, 
se modifica conforme as pessoas e a atividade do momento (o momento de 
prazer passa mais depressa do que o momento de aborrecimento). 
O tempo objetivo é o tempo matemático, sempre idêntico; uma 
hora dura sempre sessenta minutos. 
 
 
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78˧ 
 
SEÇÃO 14 – LATERALIDADE 
 
Lateralidade é a capacidade do indivíduo em trabalhar e executar 
movimentos com ambos os lados do corpo, tanto o lado direito quanto o 
lado esquerdo (GRIMALDI, 2004). 
É a disposição que o ser humano possui de utilizar 
preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis: 
mão, olho pé isto significa que existe uma dominância lateral de um dos 
lados (GRIMALDI, 2004). 
“O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e 
maior rapidez” (GRIMALDI, 2004, p. 19). É ele que inicia e executa a ação 
principal. O outro lado auxilia a ação e é igualmente importante. Os lados 
funcionam isoladamente, mas de forma complementar. Por exemplo: uma 
pessoa é capaz de abrir uma porta ou uma gaveta com a mão direita ou com 
a mão esquerda. No entanto sempre temos o lado dominante em que a 
exigência e a facilidade em se tratando de habilidade é melhor, isso acontece 
devido a dominância cerebral. Exemplo pessoas com dominância cerebral 
esquerda, são destros, pois tem mais habilidades do lado direito do corpo. 
Com os canhotos, acontece o contrário, já que sua dominância cerebral 
acontece do lado direito (GRIMALDI, 2004). 
Quando apresenta uma lateralidade cruzada ou mal lateralizada pode 
apresentar os seguintes efeitos negativos (GRIMALDI, 2004): 
* Dificuldade em aprender a direção gráfica; 
* Dificuldade em aprender os conceitos de direita e esquerda. Deve-
se aqui fazer uma distinção entre domínio lateral de um lado do corpo com 
o conhecimento das noções de direita e esquerda. Estes dois últimos devem 
suceder à definição de direita e esquerda; 
* Uma criança toma seu corpo como ponto de referência no espaço 
e, se ela se confunde ou não conhece sua dominância pode não perceber o 
eixo de seu corpo e consequentemente será difícil saber qual lado é o direito 
ou o esquerdo. 
Segundo De Meur e Staes (1984), o conceito estável de direita e 
esquerda só é possível aos 5 ou 6 anos e reversibilidade (possibilidade de 
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79˧ 
 
reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frente) 
não pode ser abordada antes dos 6 anos, 6 anos e meio. 
 Comprometimento na leitura e escrita o ritmo da leitura 
pode ser mais lento. A criança talvez não tenha força e 
precisão suficientes para imprimir maior velocidade. A 
escrita torna-se muitas vezes ilegível e mesmo especular; 
 Má postura o que pode resultar em um desestímulo 
decorrente do esforço que precisa fazer para escrever; 
 Dificuldade na coordenação fina há uma probabilidade de 
maior imprecisão dos movimentos finos; 
 Dificuldade de discriminação visual, a criança pode 
apresentar confusão nas letras de direções diferentes como 
d, p, q; 
 Perturbações afetivas, que podem ocasionar reações de 
insucesso, falta de estímulo para a escola e baixa autoestima; 
 Distúrbios da linguagem e do sono, gagueira; 
 Aparecimento de maior número de sincinesias. 
 
 
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80˧ 
 
Para Saber Mais 
 
“Sincinesias é o comprometimento de alguns músculos que 
participam e se movem, sem necessidade, durante a execução de outros 
movimentos envolvidos em determinada ação. É involuntária e geralmente 
inconsciente”(GRIMALDI, 2004, p. 28). 
“Ela está relacionada com o estado de fundo tônico. Verifica-se 
tensão muscular nos braços, pés, por exemplo, que não estão executando o 
movimento”. Assim sendo, ao “realizar um movimento com os pés, pode-
se observar sincinesia nos olhos (podem ficar arregalados ou tensos), na 
boca (abertura, mordedura de língua, língua para fora), nos outros membros 
etc.” (GRIMALDI, 2004, p. 28). 
Dificuldade da estruturação espacial, pois esta faz parte integrante 
da lateralização. 
“ Lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que 
a criança se orienta no mundo que a rodeia” (GRIMALDI, 2004, p. 28). 
 
 
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81˧ 
 
SEÇÃO 16 – TRANSTORNOS PSICOMOTORES 
 
Os transtornos psicomotores são acometidos por distúrbios da 
imagem corporal distorcida, pelo comprometimento na questão da 
tonicidade do corpo, comprometendo o domínio da mobilidade corporal, 
presentando assim elementos que contribui para as dificuldades 
psicomotoras (GORETTI, 2009). 
Os principais transtornos são (GORETTI, 2009): 
Instabilidade Psicomotora: O principal fator nesse ponto é que a 
criança sente dificuldade na concentração das brincadeiras não conseguindo 
manter o foco para iniciar ou terminar a mesma, há também uma certa 
tendência a agressividade e as explosões de comportamento. Normalmente 
são crianças agitadas, ansiosas e inquietas, pois possuem dificuldades em 
aquietar-se ou concentrar-se em uma determinada atividade com muita 
tendência a não controlar a movimentação excessiva (GORETTI, 2009). 
Encaixando-se perfeitamente nos diagnósticos de hiperatividade, 
necessitando, em alguns casos de perturbações severas no sono e na 
atenção, ser tratados com medicamentos. Para muitos dos casos, a causa do 
transtorno é a falta de limite, a ausência de corte simbólico. 
Dificuldades na estruturação espacial; 
Limitação de seu desenvolvimento mental e psicomotor; 
Crianças tolhidas em suas experiências corporais como manipular 
objetos ao seu redor; 
Não desenvolveram noção de esquema corporal; 
 Não conseguiram estabelecer dominância corporal; 
Insuficiência ou déficit de função simbólica, a criança e incapaz de 
associar termos abstrato como direita e esquerda. 
Inibição Psicomotora: Nesse caso a criança tem dificuldade em se 
expressar seja corporalmente ou por meio da fala. Pois interfere no agir da 
criança, pois demonstra certa fragilidade, cansaço, demonstra pouco ou 
quase inexiste expressão de todos os tipos. São as crianças “quietas demais”. 
Segundo o relato de alguns pais ou professores é como se não existisse, não 
brinca, não conversa, não procura fazer amigos, passa inadvertidamente 
(GORETTI, 2009). 
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82˧ 
 
Debilidade: é caracterizada pela presença de paratonias e 
sincinesias (GORETTI, 2009). 
Paratonia: Apresenta uma rigidez muscular, oportunizada por uma 
inadequada reação tônica. Pode apresentar nos quatro membros ou também 
pode ser vista em apenas dois membros. A criança com que apresenta 
paratonia tem dificuldades na instabilização estática, principalmente quando 
caminha ou corre (GORETTI, 2009). 
Sincinesia: é caracterizada pela ação de músculos que não atuam 
em determinado movimento. Um exemplo desta situação é a criança fechar 
também a mão esquerda quando pega um objeto com a mão direita. Isto a 
impede de realizar atos coordenados e com ritmo devido a sua 
descontinuidade nos gestos e imprecisão dos movimentos. Podem aparecer 
ainda outros sintomas como tremores na língua, lábios, pálpebras e dedos 
quando estes são solicitados para a execução de um determinado 
movimento (GORETTI, 2009). 
“A afetividade e a intelectualidade também podem estar 
comprometidas. A criança geralmente demonstra uma certa apatia e tem 
sonolência maior que as outras crianças”. Conserva por vários anos a 
“enurese noturna, e, às vezes, a diurna, podendo apresentar também a 
encoprese. A linguagem é atrasada e a atenção, prejudicada” (GORETTI, 
2009, p. 5). 
 
 
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83˧ 
 
SEÇÃO 17 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA 
 
É através da avaliação que poderá ser possível obter as informações 
necessárias para trabalhar com o indivíduo que apresenta o problema 
detectado. 
É muito importante sinalizar que, na maioria dos casos, uma única 
avaliação não é o suficiente para detectar o distúrbio encontrado, sendo 
necessário entender a avaliação como processo contínuo. 
A avaliação deve constar de um histórico familiar, características do 
ambiente familiar, dados pessoais, dados do desenvolvimento motor, seu 
comportamento e todos os aspectos motores das áreas psicomotoras, suas 
dificuldades. 
O tempo de avaliação para ser mais preciso, é de no mínimo 60 
minutos. É bom sinalizar que, para obter boas e nítidas respostas, é 
necessário que se façamos mínimo duas avaliações, informando ao 
responsável que mesmo após o começo do tratamento, o indivíduo estará 
sempre em observação e nisso estará sendo avaliado. 
Durante a mesma é importante observar que: 
 Não necessário a presença do responsável do avaliado no 
momento da avaliação principalmente quando o avaliado for 
menor de idade, mas este não deverá interferir nas respostas 
do avaliado; 
 O avaliado deverá estar se sentindo à vontade e bem, não 
devendo haver interrupções desnecessárias. As interrupções 
atrapalham a concentração e criam um clima desfavorável a 
avaliação; 
 Deverá haver um entrosamento positivo entre avaliado e 
avaliador; 
 O avaliado e seus familiares deverão sentir segurança no 
avaliador; 
 O ambiente da avaliação deverá ser favorável e agradável, 
limpo arejado, claro, mostrando muita harmonia; 
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 Após o término da avaliação total, o avaliador deverá marcar 
um encontro com os responsáveis do avaliado para que se 
dê um retorno da mesma, e o avaliado deverá estar ciente. 
 
Observação: 
 
Não deve acontecer de o avaliador escrever as respostas na 
presença do avaliado, pois o mesmo não se sentirá à vontade e muitas 
vezes fica curioso para se saber o que se está escrevendo. 
O profissional deverá estar preparado para uma possível 
resistência do avaliado e, nesse momento, o avaliador deve se sentir 
tranquilo e aceitar a possível negação para se fazer a avaliação não 
esquecendo que, de alguma forma, deverá negociar essa resistência, pois 
na maioria das vezes, o avaliado estará testando o profissional. 
 
 
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	SEÇÃO 1 – Evolução Histórica
	SEÇÃO 2 – Campos de atuação da psicomotricidade
	SEÇÃO 3 – Elementos Psicomotores
	SEÇÃO 4 – Sistema Nervoso
	SEÇÃO 5 – Aspectos do Esquema corporal
	SEÇÃO 6 – Etapas do Desenvolvimento Corporal
	SEÇÃO 7 – Imagem corporal
	SEÇÃO 8 – Equilíbrio
	SEÇÃO 9 – Perturbações na definição do Esquema Corporal
	SEÇÃO 10 – Coordenação motora
	SEÇÃO 11 – A Estruturação Espacial
	SEÇÃO 12 – Estruturação temporal
	SEÇÃO 13 – Ritmo
	SEÇÃO 14 – Lateralidade
	SEÇÃO 16 – Transtornos psicomotores
	SEÇÃO 17 – Avaliação Psicomotora

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