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Fundamentos e Metodologia da Educação Física 53˧ Psicomotricidade O objetivo dessa unidade é fazê-lo compreender a importância em conhecer os aspectos psicomotores tanto para avaliar as condições de seu aluno, como elaborar planos de aulas adequados de acordo com a necessidade do aluno ou da turma 4 Fundamentos e Metodologia da Educação Física 54˧ SEÇÃO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA SEÇÃO 2 – CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE SEÇÃO 3 – ELEMENTOS PSICOMOTORES SEÇÃO 4 – SISTEMA NERVOSO SEÇÃO 5 – ASPECTOS DO ESQUEMA CORPORAL SEÇÃO 6 – ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL SEÇÃO 7 – IMAGEM CORPORAL SEÇÃO 8 – EQUILÍBRIO SEÇÃO 9 – PERTURBAÇÕES NA DEFINIÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL SEÇÃO 10 – COORDENAÇÃO MOTORA SEÇÃO 11 – ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL SEÇÃO 12 – ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL SEÇÃO 13 – RITMO SEÇÃO 14 – LATERALIDADE SEÇÃO 15 – TRANSTORNOS PSICOMOTORES SEÇÃO 16 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA Fundamentos e Metodologia da Educação Física 55˧ Psicomotricidade é a ciência que estuda o desenvolvimento integral do indivíduo que é abordada com outros campos científicos como a Psicologia e Pedagogia, a Terapia Ocupacional entre outras. Para a Psicomotricidade a relação entre o homem e o corpo é algo primordial, para uma melhor atuação não levam em consideração apenas os aspectos psicomotores, mas sim outros aspectos que constituem o sujeito como um todo tais como os cognitivos e sócios afetivos. Compreende no fundo uma mediatização corporal e expressiva, na qual o reeducador, o professor especializado ou terapeuta estudam e compensam condutas inadequadas, e inadaptadas em diversas situações, geralmente ligadas a problemas de desenvolvimento e maturação psicomotora, de aprendizagem, comportamento ou de âmbito psicoafetivo (SILVA, 2007, p. 14). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 56˧ SEÇÃO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A primeira vez que apareceu o termo “psicomotricidade” foi no século XIX, “mais especificamente no campo da Neurologia, quando os médicos tinham a preocupação em identificar e nomear as áreas específicas do córtex cerebral, segundo as funções desempenhadas por cada uma delas”. Desde então ela passou a desenvolver-se como uma prática independente até se tornar uma ciência. René Descartes, no século XVII, propunha ainda esta dicotomia entre corpo e alma, mas já fazia arranjos de que o corpo é tão ligado à pessoa que ambos chegam a misturar-se. “No século XIX constatou-se que existem disfunções graves evidenciadas no corpo sem que o cérebro tenha nenhuma lesão” (CAÇÃO, 2009, s/p.). De acordo com Levin (1995), é esta “necessidade médica de encontrar uma área que explique os fenômenos clínicos que nomeia pela primeira vez a palavra” (p.23). Dupré, em 1909, “define a síndrome da debilidade motora, através das relações entre corpo e inteligência, dando partida para o estudo dos transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a nenhum indício neurológico estudadas pela Psicomotricidade” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Em 1925 Henry Wallon, em seus estudos começou a relacionar a motricidade com a emoção, denominando de “diálogo tônico-emocional”. Essa teoria, põe fim ao dualismo cartesiano que separa o corpo do desenvolvimento intelectual e emocional do indivíduo (CAÇÃO, 2009). Em 1935, Eduard Guilmain, elaborou protocolos de exames para medir e diagnosticar transtornos psicomotores, inicia-se então prática mais especificamente psicomotora. No ano de 1948 Ajuriaguerra no seu Manual de Psiquiatria Infantil, redefiniu o conceito de debilidade motora e delimitou com clareza os transtornos psicomotores. Ressalta-se que Jean Lê Boulch, André Lapierre, Bernard Auconturier, Aleksander Luria, P. Vayer, Jean Bèrges, Jean-Claude Coste, Vitor Fonseca, também são pesquisadores importantes da área (CAÇÃO, 2009). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 57˧ SEÇÃO 2 – CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE A Psicomotricidade possui três campos de atuação, quais são: Reeducação: “é o atendimento individual ou em pequenos grupos de crianças, adolescentes ou adultos que apresentam sintomas de ordem psicomotora. Estes sintomas podem vir acompanhados de distúrbios mentais, orgânicos, psiquiátricos, neurológicos, relacionais e afetivos” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Terapia Psicomotora: “é também realizada com crianças, adolescentes ou adultos, individualmente ou em pequenos grupos que apresentem grandes perturbações de ordem patológica” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Educação Psicomotora: “é dirigida à atuação dentro do âmbito escolar, principalmente nos segmentos da Educação Infantil e no Ensino Fundamental” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Esta iniciou na França, na segunda metade da década de 60, com o professor de Educação Física Lê Boulch, visava “o desenvolvimento global do indivíduo por meio dos movimentos e, mais especificamente, evitar distúrbios de aprendizagem”. De tal modo, a Psicomotricidade opera regulando “ambientes que estimulem as vivências corporais, ou seja, buscando desafiar os alunos, atingindo suas zonas de desenvolvimentos, como defende Vygotsky” (CAÇÃO, 2009, s/p.). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 58˧ SEÇÃO 3 – ELEMENTOS PSICOMOTORES Esquema corporal: é a formação do “eu”, da personalidade da criança, isto é, o desenvolvimento do esquema corporal, a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por meio de seu corpo. É o saber pré-consciente a respeito do seu próprio corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaços, objetos e pessoas que o circundam. As informações proprioceptivas ou cinestésicas é que constroem este saber acerca do corpo e à medida que o corpo cresce, acontecem modificações e ajustes no esquema corporal. Exemplo: a criança sabe que a cabeça está em cima do pescoço e sabe que ambos fazem parte de um conjunto maior que é o corpo. “O esquema corporal não é um conceito inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa relação entre o indivíduo e o próprio ambiente” (WALLON, 1999, p. 19). De acordo com Le Bouch (1983, p. 37) “o esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e”, especialmente “em relação com o espaço e os objetos que o circundam”. “Esquema corporal é a integração das sensações relativas ao próprio corpo, em relação aos dados do mundo exterior” (VAYER, 1984, p. 74). “Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, sucesso ou fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais” (VAYER, 1984, p. 73). Para Freud pai da psicanálise O corpo ocupa um lugar fundamental na concepção freudiana. “Está na origem de todas as pulsões que constituem a expressão de necessidades vitais e orgânicas”. Também é o local “onde se inscrevem as experiências do prazer, ligadas às da satisfação de uma necessidade: quando uma criança está faminta, é em sua boca que ele experimenta esse sofrimento”; e ainda é “na boca que ela sente o prazer da fome saciada, a ponto de fazê-lo reviver independentemente do Fundamentos e Metodologia da Educação Física 59˧ imperativo desatisfazer uma necessidade- chupando o polegar ou uma ponta do lençol, por exemplo” (SANTOS, 2004, p. 20). Freud divide o desenvolvimento em cinco fases (SANTOS, 2004): Fase Oral (0 a 18 meses) os desejos de satisfação da criança são orais, lábios, boca, língua; Fase Anal (18 meses a 3 anos) as crianças estão sendo ensinada a controlar fezes e urina, é o controle dos esfíncteres tendo sua atenção focalizada a região anal que se tornam centro de experiências frustradoras e compensadoras; Fase Fálica (3 a 7 anos) é a fase do desenvolvimento sexual e recebe este nome pois a fonte de prazer da criança passa a focalizar principalmente à região genital; Fase de Latência (de 7 a 12 anos) fase em que aparecem as barreiras mentais impedindo a manifestação da libido, que Freud, identificou com repugnância, vergonha e moralidade, redirecionando o impulso sexual para finalidades culturais. Existe a separação nítida entre meninos e meninas; Fase Genital (dos 12 aos 16 anos) caracteriza-se pela fixação libidinal no objeto heterossexual. A puberdade trará o aparecimento da ejaculação no rapaz e o fluxo menstrual na menina assim como o desenvolvimento mamário. Elementos determinantes para compreensão do papel recíproco do homem e da mulher na concepção. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 60˧ SEÇÃO 4 – SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso distribui e domina todas as atividades do organismo, desde as contrações musculares, o desempenho dos órgãos e até mesmo a velocidade de secreção das glândulas endócrinas. “Integra sensações e ideias, opera os fenômenos de consciência, interpreta os estímulos advindos da superfície do corpo, das vísceras e de todas as funções a cada um destes estímulos”. As células do sistema nervoso são chamadas neurônios e possui a função de receber e conduzir estímulos. Ao nascer temos algumas estruturas prontas e definidas. Outra a se desenvolver entre elas encontra-se parte do sistema nervoso que precisa de condições favoráveis para seu pleno funcionamento e desenvolvimento (LUSSAC, 2008, s/p.). O córtex cerebral substancia cinzenta que reveste o cérebro, está presente no nascimento de forma rudimentar. É o centro onde são avaliadas as informações e são processadas as instruções do organismo. Para que haja uma transmissão de informação, o córtex cerebral necessita de impulsos que lhe chegam dos (pele retina, ouvido interno, olfato, paladar) proprioceptivo (músculos, tendões e articulações) e interoceptivos (vísceras) (LUSSAC, 2008). A condução dos impulsos advindo destes receptores aos centros nervosos se faz através de fibras nervosas sensitivas ou aferentes e a transmissão aos músculos do comando dos centros nervosos é efetuada pelas fibras eferentes ou motoras (LUSSAC, 2008). A velocidade dos impulsos nervosos fundamenta-se por meio do revestimento da bainha de mielina localizada nas fibras nervosas e que é composta por colesterol, fosfatídeo e açúcares. Sua função não é só de condução, mas também de isolante (LUSSAC, 2008). O período mais crítico para a mielinização e o desenvolvimento neural, que acontece entre o 6º mês de gestação até mais ou menos 6 anos de idade. As células nervosas vão se desenvolver bastante nesta fase e para que isto acorra necessitam de energia (açúcares, gorduras e proteínas). Das proteínas que vem pelo sangue da mãe 80% vão para o cérebro da criança (LUSSAC, 2008). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 61˧ Além na nutrição a estimulação do ambiente é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, provocando nela reações e respostas que se traduzem em um número maior de sinapses (LUSSAC, 2008). A sinapse é uma conexão entre os neurônios na qual um neurônio estimula o seguinte através da liberação de uma substância chamada neurotransmissor, propagando-se assim os impulsos nervosos e transmitindo informações (fatos lembranças, valores temperatura etc.) significantes. As sinapses são numerosas várias centenas para um mesmo neurônio (LUSSAC, 2008). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 62˧ SEÇÃO 5 – ASPECTOS DO ESQUEMA CORPORAL Diálogo Tônico: o tônus muscular e a mobilidade articular são aspectos complementares e indissociáveis do Esquema corporal e devem ser trabalhadas sob forma de situações de contração e descontração do corpo como um todo e de seus segmentos com os objetivos de adequar a tonicidade do movimento e da mobilidade (UNIESC, s/d.). “Jogo Corporal: é a maneira natural que a criança utiliza para aprimorara a descoberta de seu eixo corporal, e para trabalhar a indiferença segmentaria e conseguir chegar ao controle de si mesmo” (UNIESC, s/d., p. 12). “Equilíbrio Corporal: é a capacidade de manter a estabilidade de corpo, mesmo quando o centro de gravidade é desviado, com objetivo de adaptar-se às necessidades em situações de deslocamento ou não, e em posições ereta e sentada”. Existem Três categorias básicas de equilíbrio: Estático, Dinâmica e Com Objetos (UNIESC, s/d., p. 12). “Controle da Respiração: um dos aspectos do controle de si é importante por permitir uma ventilação pulmonar, inspiração e expiração, dando-se maior importância à inspiração e controle da retenção do ar” (UNIESC, s/d., p. 13). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 63˧ SEÇÃO 6 – ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL 1ª Etapa – Corpo Vivido – Até os 3 Anos de Idade: Para Piaget corresponde a fase da inteligência sensório motora e Wallon denomina o estágio sensório motor e projetivo, mas ambos descrevem esta etapa como a da experiência vivida, pela criança exploração do mundo físico. “A aquisição da marcha e da preensão possibilitam-lhe maior autonomia na manipulação de objetos e exploração de espaços. Outro marco importante é o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem” (GALVÃO, 1995, p. 30). 2ª Etapa– Corpo Percebido ou Descoberto - 3 aos 7 Anos: Para Piaget corresponde a pré-operatório, corresponde a organização do espaço temporal, refinando seus movimentos de coordenação no tempo e no espaço, assimilando conceitos de embaixo, encima, direita esquerda etc. Wallon denomina de estágio do personalismo, onde o ponto principal é o “processo de formação da personalidade. A construção da consciência de si, por meio das interações sociais” e afetivas (GALVÃO, 1995, p. 30). 3ª Etapa – Corpo Representado dos 7 aos 12 Anos: Nesta etapa, observa-se a estruturação do esquema corporal, pois já apresenta a noção do todo e das partes de seu corpo conhece as posições e mantém controle e domínio corporal, ampliando e organizando seu esquema corporal (GALVÃO, 1995). Segundo Piaget é a fase das operações concretas, o início da construção de sistemas de operações relativos à conservação de quantidade, às séries, classes, números, espaços etc. que permite a compreensão da realidade e da realidade e sua nomeação através das palavras, na forma utilizada pelos adultos (GALVÃO, 1995). Para Wallon é o estágio categorial que se inicia aos 6 anos os “progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo às suas relações com o meio preponderância do aspecto cognitivo” (GALVÃO, 1995, p. 31). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 64˧ Para a autora ainda, é a “consolidação da função simbólica e a diferenciação da personalidade realizadas no estágio anterior trazem importantes avanços no plano da inteligência” preponderância no aspecto cognitivo(GALVÃO, 1995, p. 31). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 65˧ SEÇÃO 7 – IMAGEM CORPORAL No que se trata da imagem corporal se detém sobre a imagem que se tem próprio corpo, se ela é reflexa de uma imagem condizente com a realidade é porque estamos de acordo com a representação mental que se faz do próprio corpo. No entanto vários distúrbios relacionados a imagem corporal é diagnosticada em crianças e adolescentes, tais como a anorexia e a bulimia pois a valorização excessiva da imagem corporal na sociedade contemporânea, idealizada por corpos excessivamente magros ou musculosos, tem causado diversos distúrbios relacionados à autoimagem. Essa construção da imagem corporal que acontece dos 6 aos 8 meses de idade fase importante em que a criança precisa ser estimulada ao conhecimento do próprio corpo, observamos que algumas creches usam como elemento de conhecimento do corpo o espelho em sala de aula, pois a imagem, vem antes do esquema corporal, no entanto, sem imagem, não há esquema corporal. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 66˧ Para Saber Mais O Tono é um fenômeno nervoso – é tensão gerada pelo musculo que garante equilíbrio dinâmico ou estático, coordenação e postura, em qualquer das situações parado ou em movimento. Usamos como exemplo nesse caso as pessoas com síndrome de down que possuem hipotonia, pois nesse caso há uma tonicidade diferenciada menor do que a normal, o que nesse caso há um aumento da mobilidade, flexibilidade em consequentemente há problemas com equilíbrio, problemas posturais e de coordenação. A função Tônica é a função fundamental da abordagem psicomotora do ser humano, em virtude dos diversos aspectos que abrange o tono. Verifica-se o estado do tônus muscular através da resistência de músculo à mobilização passiva de um segmento do corpo. Hipertonia - grande resistência. Hipotonia – pequena resistência. Tônus normal – resistência normal. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 67˧ SEÇÃO 8 – EQUILÍBRIO É a capacidade de sustentação de uma posição ou postura adequada, usando a combinação de grupos musculares para realizar uma ação ou permanecer estático. Postura adequada entende-se o alinhamento dos vários segmentos corporais que resulte em economia de esforço (ausência de tensões desnecessárias) e facilidade para execução e movimentos (UNIESC, s/d.). Segundo Ajuriaguerra (1983, p. 125) “o tônus que prepara e guia o gesto é simultaneamente a expressão da realização ou frustração do indivíduo”. O tônus apresenta-se como uma tensão que regula e controla a atividade postural como suporte do movimento (UNIESC, s/d.). Classifica-se em: Equilíbrio Estático: não movimentos não locomotores como por exemplificar em pé, apenas com as pontas dos pés tocando o solo, com elevação dos calcanhares e os pés unidos. Equilíbrio Dinâmico: são movimentos locomotores como, por exemplo, andar em marcha normal sobre uma linha pré-delimitada (UNIESC, s/d.). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 68˧ SEÇÃO 9 – PERTURBAÇÕES NA DEFINIÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL Excetuando problemas motores e intelectuais todos os demais são de ordem afetiva. Abaixo relacionamos algumas das dificuldades em definir o esquema corporal (MATTOS, 2007): 1. Não tem consciência do corpo, de suas partes, confunde-se, o desenho da figura humana é pobre. Para ela a representação e nominação das diferentes partes do corpo são muitas vezes difíceis. Não localizam ou confundem as partes; 2. Insuficiência de percepção de controle do corpo; 3. Incapacidade de controle respiratório; 4. Dificuldade de equilíbrio de coordenação; 5. Dificuldade em se locomover em um espaço determinado; 6. Dificuldade de coordenação de movimentos, lentidão, dificuldade em gestos harmoniosos; 7. Confunde–se em relação às diversas coordenadas de espaço, como em cima, embaixo, ao lado, linhas verticais e horizontais assim como o sentido de direita e esquerda; 8. Coordenação Geral; 9. A capacidade de coordenação incorpora as atividades que incluem duas ou mais capacidades e padrões motores. O desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas é essencial para a evolução das potencialidades do indivíduo na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva; 10. “Os movimentos têm uma evolução fisiológica que se traduz pela diminuição progressiva dos movimentos associados e como consequência dela pela independência no aumento dos grupos musculares” (MATTOS, 2007, p. 28). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 69˧ SEÇÃO 10 – COORDENAÇÃO MOTORA De acordo com Mattos (2007, p. 28) “a coordenação geral necessita de uma perfeita harmonia de jogos musculares em repouso e em movimento”. Coordenação Estática: Quando se realiza em repouso. É dada pelo equilíbrio entre a ação dos grupos musculares antagonistas, estabelece- se em função do tônus e permite a conservação voluntária das atitudes (MATTOS, 2007). Coordenação Dinâmica: Quando a coordenação se realiza em movimento, põe em ação simultâneos grupos musculares diferentes, tendo em vista a execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos (MATTOS, 2007). “Falhas na coordenação motora podem ser causadas pela deficiência de movimentos na primeira infância” (MATTOS, 2007, p. 29). Podemos considerar cinco tipos de Coordenação motora, quais são: Coordenação Motora Ampla, Motora Fina, Visomotora, Audiomotora e Facial (MATTOS, 2007). Coordenação global ou ampla – Diz respeito à atividade dos grandes músculos. Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo (MATTOS, 2007). Este equilíbrio está subordinado às sensações proprioceptivas cinestésicas e labirínticas. Quanto maior o equilíbrio, mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão as ações (MATTOS, 2007). Através da experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal, vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vez melhor. Diversas atividades levam à conscientização global do corpo, como andar, que é um ato neuromuscular que requer equilíbrio e coordenação; correr, além destes resistência e força muscular e outras como saltar rolar pular arrastar-se, nadar, sentar lançar-pegar. Exemplo: ao caminhar a coordenação motora ampla é exigida, pois os membros superiores e inferiores se alternam coordenadamente para que haja deslocamento (MATTOS, 2007). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 70˧ A Motricidade fina – É a realização de movimentos usando pequenos grupos musculares específicos. Exemplo: escrever, bordar, digitar (MATTOS, 2007). Para Ajuriguerra (1983), o desenvolvimento da escrita depende de diversos fatores: maturação global do sistema nervoso, desenvolvimento psicomotor em relação a tonicidade e coordenação dos movimentos e desenvolvimento da motricidade fina dos dedos da mão. As “experiências dinâmicas de lançar-pegar também são muito importantes para a escrita, pois facilitam a fixação da atividade entre o campo visual e a motricidade fina da mão e dos dedos, provocando uma maior coordenação óculo–manual” (PROVETI, 2005, p. 21). Conforme Proveti (2007, p. 20) “a independência do braço em relação ao ombro, e a independência da mão e dos dedos, são fatores decisivos nesta coordenação [...] para processar de maneira econômica e sem cansaço controlando a pressão sobre os dedos (tônus muscular)”. Coordenação óculo manual ou viso-motora, se efetua com precisão sobrea base de um domínio visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados, facilitando, assim uma maior harmonia do movimento. Esta coordenação é essencial para a escrita (PROVETI, 2005). “Experiências dinâmicas de lançar-pegar também são muito importantes para escrita, pois facilitam a fixação da atividade entre o campo visual e a motricidade fina da mão e dos dedos, provocando uma maior coordenação óculo-manual” (PROVETI, 2005, p. 21). Na ausência de uma adequada coordenação visomotora, a criança se mostra desajeitada em todas suas ações, apresentando dificuldades na escola e em outras situações vivenciadas no dia a dia (PROVETI, 2005). “Coordenação Audiomotora, é a capacidade de transformar em movimentos um comando sensibilizado pelo aparelho auditivo” (MATTOS, 2007, p. 30). Coordenação Facial – “é o primeiro e mais importante modo de comunicação interpessoal. Efetivamente são os olhos a fonte mais usada, mais fascinante, mais rica, mais ativa e rápida de comunicação” (MATTOS, 2007, p. 30). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 71˧ As expressões faciais são fontes inesgotáveis de comunicação não verbal: olhos, sobrancelhas, pestanas, testa, cabeça, queixo, nariz, lábios e boca (MATTOS, 2007). As motricidades faciais, “expressivas e singulares de primatas humanos são potentes sistemas de transmissão de mensagens não verbais” (MATTOS, 2007, p. 30). De acordo com Mattos (2007, p. 30) “a contração voluntária da musculatura facial tem muita importância, pois é o começo da expressão de estados mais abstratos (medo, negação, ansiedade). Com o enriquecimento da mímica, aparecemos primeiros rudimentos de uma comunicação ao nível simbólico”. “A linguagem falada é uma aquisição da espécie humana, desenvolvida desde o homem primitivo, através de gestos, da mímica e dos sons inarticulados até a linguagem articulada” (MATTOS, 2007, p. 31). Alguns autores, “conhecendo os pré-requisitos fisiológicos, têm assinalado a necessidade de exercitar os movimentos primários pré- linguísticos de sucção, mastigação e deglutição como precursores da fala” (MATTOS, 2007, p. 31). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 72˧ SEÇÃO 11 – A ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL A estrutura espacial é fundamental para vivermos em sociedade. “É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos nomeio em que vivemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que fazemos observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e diferenças entre elas” (KERSCNER; CAUDURO, 2013, s/p.). A orientação espacial é a própria orientação do “eu” saber conduzir- se dentro de um determinado espaço ter a noção de perto, longe, em cima, embaixo, dentro, fora, ao lado de, antes, depois. Através de um verdadeiro trabalho mental, selecionamos, comparamos os diferentes objetos extraímos, agrupamos, classificamos seus fatores comuns e chegamos aos conceitos destes objetos e as categorizações. “É esta formação de categorias que leva a generalização e abstração” (KEPHART, 1986, p. 23). “A aritmética lida com o fenômeno do agrupamento e para isto é necessário que tenha sido desenvolvida a noção espacial, visto que os objetos só existem dentro de um espaço determinado” (RIBEIRO, 2005, p. 45). De Meur e Staes (1984) define estruturação espacial como: A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas; A tomada de consciência da situação das coisas entre si; A possibilidade, para o sujeito, organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las. Segundo Craik (apud KEPHART, 1986, p. 124) “Não podemos desenvolver um mundo espacial estável até que aprendemos a interpretar a informação de nossos sentidos em termos espaciais. No entanto, podemos construir este mundo espacial baseado somente nas interpretações espaciais de dados sensoriais”. “A estruturação espacial não nasce com indivíduo. Ela é uma elaboração e uma construção mental que se opera através de seus Fundamentos e Metodologia da Educação Física 73˧ movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio” (DOS SANTOS; COSTA, 2005, p. 5). A orientação e estruturação espaciais são importantes porque possibilitam à criança organizar-se perante o mundo que a cerca, prevendo e antecipando situações em seu meio espacial (DOS SANTOS; COSTA, 2005). Dificuldade na Estruturação Espacial: Muitas dificuldades podem advir de uma má integração da orientação espacial. São diversos os motivos que impedem ou retardam o pleno desenvolvimento da criança, como por exemplo: - Restrição de seu desenvolvimento mental e psicomotor; - Crianças bloqueadas em suas experiências corporais e especiais e sem oportunidades de manusear os objetos ao seu redor. As crianças que não conseguem desenvolver a noção de esquema corporal acarretam prejuízos na função de interiorização; - Aquelas que não conseguiram ainda estabelecer a dominância lateral e nem assimilaram as noções de direita e esquerda através da internalização de seu eixo corporal. Carência ou déficit da função simbólica. A criança não consegue associar termos abstratos com o direita e esquerda, meramente convencionais, ao que sentem ao nível proprioceptivo (LE BOULCH, 1984). Dificuldade de Representação Mental das Diversas Noções: “Muitas crianças não conseguem assimilar os termos espaciais confundem-se quando se exige uma noção de lugar, de orientação, tanto no recreio, quanto nas salas de aula” (MADEIRA, s/d., p. 9). Conhecem os termos espaciais, mas tem dificuldade em perceber as diversas posições comprometendo a aprendizagem, pois não “discriminam as direções das letras. Ex m e u, ou e on, p e b, 6 e 9, b e d, p e q, 15 e 51, etc” ” (MADEIRA, s/d., p. 9). De acordo com Madeira (s/d., p. 9) “crianças que, embora percebam o espaço que as circundam, não tem memória espacial, algumas Fundamentos e Metodologia da Educação Física 74˧ esquecem ou confundem os significados dos símbolos representados pelas letras gráficas”. Existe falta de organização espacial também em adultos. O sujeito está constantemente se chocando e esbarrando em objetos. Exemplo: Bolsa tiracolo, não percebe o espaço ocupado por seu corpo somado à bolsa e esbarra em tudo que passa (MADEIRA, s/d.). Indecisão em desviar de obstáculos, não consegue organizar objetos em armários e gavetas, não consegue prever trajetória de um objeto qualquer quando lançado (MADEIRA, s/d.). Pode possuir, também, como consequência falta de orientação espacial no papel. Não consegue presumir o tamanho de seus desenhos o que o obriga desenhar algumas partes e espremer as outras em um canto da folha. Não obedece aos limites da folha (MADEIRA, s/d.). “Na escrita não respeita a linha horizontal”, escrevendo em movimentos descendentes e ascendentes (MADEIRA, s/d., p. 9). Na leitura e na escrita tem dificuldade em respeitar a ordem e a sucessão das letras e nas palavras e das palavras nas frases (MADEIRA, s/d.). Em matemática pode ter dificuldade em organizar seus números em fileiras e acaba misturando o que é dezena com centena e milhar (MADEIRA, s/d.). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 75˧ SEÇÃO 12 – ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL Estruturação temporal é saber situar-se no presente, passado e futuro podendo deslocar-se dentro destes sem incorrer em dúvidas ou enganos. Não podemos conceber a noção deespaço sem abordarmos a noção de tempo, pois eles são indissociáveis. Para Piaget (2002, p. 12), “o tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate dos deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho e objetivo final é também espacial”. A estruturação temporal garantirá a experiência de localização dos acontecimentos passados e uma capacidade de projetar-se para o futuro, fazendo planos decidindo sobre sua vida. Ela insere o homem no tempo onde nasce, cresce e morre, e sua atividade é uma sequência de mudanças condicionadas pelas atividades diárias. A estrutura temporal tanto quanto a estrutura espacial também não são conceitos inerentes, tendo que ser construídas. Exige um esforço e um trabalho mental da criança que só conseguirá realizá-lo quando tiver um desenvolvimento cognitivo mais avançado. Tanto quanto a estruturação espacial a estruturação temporal não é um conceito inato. Tem que ser construído e exige um esforço um trabalho mental da criança que ela só conseguirá realizar quando tiver um desenvolvimento cognitivo avançado. No início a criança vivencia seu corpo, tentando conseguir harmonia em seus movimentos, pois seu corpo não existe isolado no espaço e tempo e aos poucos ela vai captando estas noções. Esta etapa se caracteriza pela aquisição dos elementos básicos, que possibilita o ajuste de seus gestos e movimentos ao tempo e espaço exterior. Numa etapa posterior passa a tomar consciência das relações de tempo. Irá trabalhar noções e relações de ordem, sucessão, duração e alternância entre objetos e ações. Perceberá as noções dos momentos do tempo, por exemplo, o instante, o momento exato, a simultaneidade e a sucessão. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 76˧ SEÇÃO 13 – RITMO É um dos conceitos mais importantes da orientação temporal, ele não envolve apenas as noções de tempo estão ligadas também as noções de espaço A combinação dos dois dá origem ao movimento. O movimento é meio de expressão do ritmo, mas ritmo o não é movimento. É por isso que se diz que o ritmo deve ser vivido corporalmente é a ordenação constante e periódica de um ato motor. O ritmo pode ocorrer em várias áreas de nosso comportamento. Ele traduz uma igualdade de intervalos de tempo (KEPHART, 1986). Kephart (1986) distingue em três os tipos de ritmos: Ritmo Motor: está ligado ao movimento do organismo que se realiza em um intervalo de tempo constante. Andar, nadar, correr, mas para que estes movimentos sejam ritmados é necessário que a criança possua coordenação ampla. Ritmo Auditivo: normalmente é trabalhado em associação com algum movimento Ex: cantar, dançar, tocar instrumentos. Ritmo Visual: envolve a exploração sistemática de um ambiente visual muito amplo para ser incluído no campo visual em uma só fixação. É necessário que possua uma certa organização de ritmo. Os conceitos temporais apresentam maior dificuldade para serem compreendidos. A criança sente a passagem do tempo, inicialmente, pelos seus próprios ritmos e necessidades biológicas (a fome e a sede que obedecem a uma organização rítmica, sincronizada pela alternância vigília- sono) (KEPHART, 1986). Assim, desde o nascimento, devem-se ajustar os ritmos corporais de uma criança às condições temporais impostas pelo ambiente, para que haja uma organização da ritmicidade da mesma que será o 1º ponto referencial da informação temporal que com o decorrer do seu desenvolvimento terá a percepção do tempo (ALVES, 2008). A criança deve dispor de uma motricidade global bem organizada temporalmente, o elemento fundamental de seu ajustamento. As experiências vivenciadas ritmicamente desenvolvem-se, não no plano motor, mas também no plano da linguagem (ALVES, 2008). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 77˧ Para Saber Mais O tempo subjetivo é aquele que se dá por nossa própria impressão, se modifica conforme as pessoas e a atividade do momento (o momento de prazer passa mais depressa do que o momento de aborrecimento). O tempo objetivo é o tempo matemático, sempre idêntico; uma hora dura sempre sessenta minutos. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 78˧ SEÇÃO 14 – LATERALIDADE Lateralidade é a capacidade do indivíduo em trabalhar e executar movimentos com ambos os lados do corpo, tanto o lado direito quanto o lado esquerdo (GRIMALDI, 2004). É a disposição que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis: mão, olho pé isto significa que existe uma dominância lateral de um dos lados (GRIMALDI, 2004). “O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e maior rapidez” (GRIMALDI, 2004, p. 19). É ele que inicia e executa a ação principal. O outro lado auxilia a ação e é igualmente importante. Os lados funcionam isoladamente, mas de forma complementar. Por exemplo: uma pessoa é capaz de abrir uma porta ou uma gaveta com a mão direita ou com a mão esquerda. No entanto sempre temos o lado dominante em que a exigência e a facilidade em se tratando de habilidade é melhor, isso acontece devido a dominância cerebral. Exemplo pessoas com dominância cerebral esquerda, são destros, pois tem mais habilidades do lado direito do corpo. Com os canhotos, acontece o contrário, já que sua dominância cerebral acontece do lado direito (GRIMALDI, 2004). Quando apresenta uma lateralidade cruzada ou mal lateralizada pode apresentar os seguintes efeitos negativos (GRIMALDI, 2004): * Dificuldade em aprender a direção gráfica; * Dificuldade em aprender os conceitos de direita e esquerda. Deve- se aqui fazer uma distinção entre domínio lateral de um lado do corpo com o conhecimento das noções de direita e esquerda. Estes dois últimos devem suceder à definição de direita e esquerda; * Uma criança toma seu corpo como ponto de referência no espaço e, se ela se confunde ou não conhece sua dominância pode não perceber o eixo de seu corpo e consequentemente será difícil saber qual lado é o direito ou o esquerdo. Segundo De Meur e Staes (1984), o conceito estável de direita e esquerda só é possível aos 5 ou 6 anos e reversibilidade (possibilidade de Fundamentos e Metodologia da Educação Física 79˧ reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frente) não pode ser abordada antes dos 6 anos, 6 anos e meio. Comprometimento na leitura e escrita o ritmo da leitura pode ser mais lento. A criança talvez não tenha força e precisão suficientes para imprimir maior velocidade. A escrita torna-se muitas vezes ilegível e mesmo especular; Má postura o que pode resultar em um desestímulo decorrente do esforço que precisa fazer para escrever; Dificuldade na coordenação fina há uma probabilidade de maior imprecisão dos movimentos finos; Dificuldade de discriminação visual, a criança pode apresentar confusão nas letras de direções diferentes como d, p, q; Perturbações afetivas, que podem ocasionar reações de insucesso, falta de estímulo para a escola e baixa autoestima; Distúrbios da linguagem e do sono, gagueira; Aparecimento de maior número de sincinesias. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 80˧ Para Saber Mais “Sincinesias é o comprometimento de alguns músculos que participam e se movem, sem necessidade, durante a execução de outros movimentos envolvidos em determinada ação. É involuntária e geralmente inconsciente”(GRIMALDI, 2004, p. 28). “Ela está relacionada com o estado de fundo tônico. Verifica-se tensão muscular nos braços, pés, por exemplo, que não estão executando o movimento”. Assim sendo, ao “realizar um movimento com os pés, pode- se observar sincinesia nos olhos (podem ficar arregalados ou tensos), na boca (abertura, mordedura de língua, língua para fora), nos outros membros etc.” (GRIMALDI, 2004, p. 28). Dificuldade da estruturação espacial, pois esta faz parte integrante da lateralização. “ Lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que a criança se orienta no mundo que a rodeia” (GRIMALDI, 2004, p. 28). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 81˧ SEÇÃO 16 – TRANSTORNOS PSICOMOTORES Os transtornos psicomotores são acometidos por distúrbios da imagem corporal distorcida, pelo comprometimento na questão da tonicidade do corpo, comprometendo o domínio da mobilidade corporal, presentando assim elementos que contribui para as dificuldades psicomotoras (GORETTI, 2009). Os principais transtornos são (GORETTI, 2009): Instabilidade Psicomotora: O principal fator nesse ponto é que a criança sente dificuldade na concentração das brincadeiras não conseguindo manter o foco para iniciar ou terminar a mesma, há também uma certa tendência a agressividade e as explosões de comportamento. Normalmente são crianças agitadas, ansiosas e inquietas, pois possuem dificuldades em aquietar-se ou concentrar-se em uma determinada atividade com muita tendência a não controlar a movimentação excessiva (GORETTI, 2009). Encaixando-se perfeitamente nos diagnósticos de hiperatividade, necessitando, em alguns casos de perturbações severas no sono e na atenção, ser tratados com medicamentos. Para muitos dos casos, a causa do transtorno é a falta de limite, a ausência de corte simbólico. Dificuldades na estruturação espacial; Limitação de seu desenvolvimento mental e psicomotor; Crianças tolhidas em suas experiências corporais como manipular objetos ao seu redor; Não desenvolveram noção de esquema corporal; Não conseguiram estabelecer dominância corporal; Insuficiência ou déficit de função simbólica, a criança e incapaz de associar termos abstrato como direita e esquerda. Inibição Psicomotora: Nesse caso a criança tem dificuldade em se expressar seja corporalmente ou por meio da fala. Pois interfere no agir da criança, pois demonstra certa fragilidade, cansaço, demonstra pouco ou quase inexiste expressão de todos os tipos. São as crianças “quietas demais”. Segundo o relato de alguns pais ou professores é como se não existisse, não brinca, não conversa, não procura fazer amigos, passa inadvertidamente (GORETTI, 2009). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 82˧ Debilidade: é caracterizada pela presença de paratonias e sincinesias (GORETTI, 2009). Paratonia: Apresenta uma rigidez muscular, oportunizada por uma inadequada reação tônica. Pode apresentar nos quatro membros ou também pode ser vista em apenas dois membros. A criança com que apresenta paratonia tem dificuldades na instabilização estática, principalmente quando caminha ou corre (GORETTI, 2009). Sincinesia: é caracterizada pela ação de músculos que não atuam em determinado movimento. Um exemplo desta situação é a criança fechar também a mão esquerda quando pega um objeto com a mão direita. Isto a impede de realizar atos coordenados e com ritmo devido a sua descontinuidade nos gestos e imprecisão dos movimentos. Podem aparecer ainda outros sintomas como tremores na língua, lábios, pálpebras e dedos quando estes são solicitados para a execução de um determinado movimento (GORETTI, 2009). “A afetividade e a intelectualidade também podem estar comprometidas. A criança geralmente demonstra uma certa apatia e tem sonolência maior que as outras crianças”. Conserva por vários anos a “enurese noturna, e, às vezes, a diurna, podendo apresentar também a encoprese. A linguagem é atrasada e a atenção, prejudicada” (GORETTI, 2009, p. 5). Fundamentos e Metodologia da Educação Física 83˧ SEÇÃO 17 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA É através da avaliação que poderá ser possível obter as informações necessárias para trabalhar com o indivíduo que apresenta o problema detectado. É muito importante sinalizar que, na maioria dos casos, uma única avaliação não é o suficiente para detectar o distúrbio encontrado, sendo necessário entender a avaliação como processo contínuo. A avaliação deve constar de um histórico familiar, características do ambiente familiar, dados pessoais, dados do desenvolvimento motor, seu comportamento e todos os aspectos motores das áreas psicomotoras, suas dificuldades. O tempo de avaliação para ser mais preciso, é de no mínimo 60 minutos. É bom sinalizar que, para obter boas e nítidas respostas, é necessário que se façamos mínimo duas avaliações, informando ao responsável que mesmo após o começo do tratamento, o indivíduo estará sempre em observação e nisso estará sendo avaliado. Durante a mesma é importante observar que: Não necessário a presença do responsável do avaliado no momento da avaliação principalmente quando o avaliado for menor de idade, mas este não deverá interferir nas respostas do avaliado; O avaliado deverá estar se sentindo à vontade e bem, não devendo haver interrupções desnecessárias. As interrupções atrapalham a concentração e criam um clima desfavorável a avaliação; Deverá haver um entrosamento positivo entre avaliado e avaliador; O avaliado e seus familiares deverão sentir segurança no avaliador; O ambiente da avaliação deverá ser favorável e agradável, limpo arejado, claro, mostrando muita harmonia; Fundamentos e Metodologia da Educação Física 84˧ Após o término da avaliação total, o avaliador deverá marcar um encontro com os responsáveis do avaliado para que se dê um retorno da mesma, e o avaliado deverá estar ciente. Observação: Não deve acontecer de o avaliador escrever as respostas na presença do avaliado, pois o mesmo não se sentirá à vontade e muitas vezes fica curioso para se saber o que se está escrevendo. O profissional deverá estar preparado para uma possível resistência do avaliado e, nesse momento, o avaliador deve se sentir tranquilo e aceitar a possível negação para se fazer a avaliação não esquecendo que, de alguma forma, deverá negociar essa resistência, pois na maioria das vezes, o avaliado estará testando o profissional. Fundamentos e Metodologia da Educação Física 85˧ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________... SEÇÃO 1 – Evolução Histórica SEÇÃO 2 – Campos de atuação da psicomotricidade SEÇÃO 3 – Elementos Psicomotores SEÇÃO 4 – Sistema Nervoso SEÇÃO 5 – Aspectos do Esquema corporal SEÇÃO 6 – Etapas do Desenvolvimento Corporal SEÇÃO 7 – Imagem corporal SEÇÃO 8 – Equilíbrio SEÇÃO 9 – Perturbações na definição do Esquema Corporal SEÇÃO 10 – Coordenação motora SEÇÃO 11 – A Estruturação Espacial SEÇÃO 12 – Estruturação temporal SEÇÃO 13 – Ritmo SEÇÃO 14 – Lateralidade SEÇÃO 16 – Transtornos psicomotores SEÇÃO 17 – Avaliação Psicomotora
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