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� � � � SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÂNIA FACULDADE PADRÃO FACULDADE DE ENFERMAGEM � � CLEITON LOPES DA SILVA DIVINA CRISTIANE DE SOUZA JOANA D’ARC DE JESUS PARREIRAS KARLA ARAÚJO LEMOS O OUTRO LADO DA FACE: VIVENCIAS E CONSEQUENCIAS DE CUIDADORES DE PORTADORES DE ALZHEIMER GOIÂNIA-GO Dezembro-2014 � � � � CLEITON LOPES DA SILVA DIVINA CRISTIANE DE SOUZA JOANA D’ARC DE JESUS PARREIRAS KARLA ARAÚJO LEMOS O OUTRO LADO DA FACE: VIVENCIAS E CONSEQUENCIAS DE CUIDADORES DE PORTADORES DE ALZHEIMER Monografia apresentada como requisito parcial de Conclusão de Curso para obtenção do Grau de Bacharel em Enfermagem. ORIENTADORA: PROFª Ms: MARIA SOCORRO DE SOUZA MELO GOIÂNIA-GO Dezembro-2014 � � � � FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE PADRÃO � � � � SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÂNIA FACULDADE PADRÃO FACULDADE DE ENFERMAGEM CLEITON LOPES DA SILVA DIVINA CRISTIANE DE SOUZA JOANA D’ARC DE JESUS PARREIRAS KARLA ARAÚJO LEMOS O OUTRO LADO DA FACE: VIVENCIAS E CONSEQUENCIAS DE CUIDADORES DE PORTADORES DE ALZHEIMER Monografia apresentada à Sociedade de Educação e Cultura de Goiânia, Faculdade Padrão como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem Aprovada em: Conceito: Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Ms. Maria Socorro de Souza Melo Orientadora/Faculdade Padrão _____________________________________ Prof. Esp. Rosilmar Gomes Pereira Barbosa Membro/Faculdade Padrão _____________________________________ Prof. Esp. Rubia Pedroso Marques Mansur Membro/Faculdade Padrão � � �� � AGRADECIMENTOS Agradecer primeiramente a Deus, por me iluminar e abençoar minha trajetó- ria. Ao meu pai Sebastião Lopes e minha mãe Maria das Graças, pelo apoio e por tudo que sempre fizeram por mim, pela simplicidade, exemplo, amizade e carinho, fundamentais na construção do meu caráter. A todos que de alguma forma ajuda- ram, agradeço por acreditarem no meu potencial, nas minhas idéias, nos meus de- vaneios, principalmente quando nem eu mais acreditava. A orientadora Maria Socor- ro, pelo apoio e conhecimento transmitido. E por último, e não menos importante, obrigado à minhas amigas de projeto: Karla Araújo, Joana D’arc e Divina Cristiane sem vocês nada disso seria possível. Cleiton Lopes da Silva Agradeço а Deus, pelo dom precioso da vida, por iluminar o meu caminho, pois sеm ele еυ nãо teria forças pаrа superar essa longa jornada, Agradeço a minha mamãe e o meu filho pelo incentivo e apoio incondicional e por estarem sempre pre- sente em minha vida. Aos meus irmãos e meu esposo qυе me deu força е coragem, nоs momentos dе dificuldades. Meus agradecimentos аоs meus amigos, Joana, Kar- la e Cleiton, companheiros dе trabalhos, pelo apoio e tolerância qυе fizeram parte dа construção desse projeto profissional е qυе vão continuar presentes еm minha vida. A minha orientadora e Ms: Maria Socorro de Souza Melo, pelo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionarem о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profis- sional, аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentosо mеυ muito obrigado. Divina Cristiane de Souza � � ��� � AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus que com sua luz divina iluminou meu ca- minho para que pudesse assim alcançar meu objetivo. A minha família que de uma forma ou de outra estiveram comigo presentes na minha formação acadêmica. A- quela por quem tenho um amor incondicional, minha filha Nicole, que me perdoe pe- las minhas ausências pra que eu pudesse realizar o meu sonho de se formar. Ao Lindomar pelo companheirismo, paciência e dedicação demonstrada em todos os momentos. Aos meus amigos Karla, Cleiton e Divina a cumplicidade e suporte. A nossa orientadora Maria Socorro por haver acreditado no nosso potencial e cujo in- centivo foi primordial para o alcance desta meta e cuja competência profissional e firme orientação tornaram possível a conclusão dessa monografia. Joana D’arc de Jesus Parreiras Agradeço a Deus primeiramente por me dar paciência, força e motivação du- rante os momentos em que achei que não conseguiria prosseguir. Aos meus pais Antonio e Olivia símbolos de força e heroísmo, pelo amor, carinho e por sempre a- creditarem no meu potencial em ser alguém melhor e minha irmã Luciana pelo apoio nos momentos de exaustão. Ao meu esposo Fabrício que nоs momentos dе minha ausência dedicados ао estudo soube compreender que todo sacrifício terá sua re- compensa. Aos meus amigos Joana, Cleiton e Divina, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar pre- sentes еm minha vida cоm certeza. A nossa orientadora Maria Socorro pela paciên- cia na orientação e incentivo que tornou possível a conclusão desta monografia. Karla Araújo Lemos � � ���� � EPÍGRAFE O PAI, O FILHO E O PÁSSARO Rodrigo, 34 anos, depois de muito tempo sem visitar o velho pai, resolveu passear com ele. Foram para um parque da cidade e resolveram sentar em um banco da praça. Enquanto Rodrigo lia seu jornal, seu pai observava a natureza com os olhos cansa- dos de um homem de 81 anos. De repente, diante de um movimento nas árvores, o pai de Rodrigo, seu Orlando, pergunta: – Filho, o que é aquilo? Rodrigo afasta por um segundo o jornal e responde: – É um pássaro, pai… O velho pai continua acompanhando o movimento do passarinho e, novamente, per- gunta: – O que é aquilo? Estressado, Rodrigo responde de forma ríspida: – Poxa! Já falei… Aquilo é um pássaro!!! Passados alguns segundos, seu Orlando torna a perguntar, apontando para o pas- sarinho: – O que é aquilo? Desta vez, o filho explode com sua paciência esgotada, gritando com o próprio pai: – O senhor está caduco, surdo? Já falei aquilo é um pássaro. P á s s a r o!!! Enten- deu??? Nisso, o velho pai faz um sinal pedindo para o filho aguardar. Levanta-se, tira da bolsa uma espécie de diário e pede ao filho para ler em voz alta um trecho escrito há muitos anos: “Ontem, meu filho, agora com três aninhos, perguntou-me 26 vezes o que era aquilo voando de uma árvore para outra e lhe respondi todas às vezes, com � � ����� � muita paciência, tratar-se de um pássaro. E, em todas as vezes, abracei meu filhi- nho, orgulhoso e cheio de amor.” O filho não foi capaz de conter as lágrimas e chorou copiosamente durante alguns instantes. (Autor desconhecido) � � ��� � RESUMO Simultaneamente ao envelhecimento populacional surgem as doenças crônico- degenerativas, destacando-se a Doença de Alzheimer (DA), síndrome crônica e pro- gressiva, queafeta o sistema cognitivo e funcional causando incapacidade, depen- dência e perda da autonomia. Sendo assim, surge a figura do cuidador, elemento fundamental na assistência domiciliar. Cuidar de um doente de Alzheimer é um pro- cesso complexo que exige e envolve situações e experiências potencialmente res- ponsáveis por alterações na saúde e bem-estar do cuidador informal. A prestação destes cuidados implica com freqüência, alterações físicas, econômicas, psicológi- cas, emocionais, sociais e financeiras capazes de provocar sobrecarga ao cuidador. O presente estudo é uma revisão bibliográfica que objetivou identificar as principais dificuldades do cuidador informal do portador de DA na área domiciliar, utilizando-se de vinte e um artigos com recorte temporal de dez anos. Os resultados mostraram que as principais dificuldades enfrentadas pelos cuidadores informais, estão relacio- nadas à assistência nas atividades básicas e instrumentais da vida diária. Por esta revisão pode-se concluir que em meio a todas as dificuldades encontradas no ato de cuidar do outro, o cuidador tende a abdicar da sua própria vida. A atenção aos cui- dadores informais de pacientes com DA é essencial, pois reflete em uma melhor qualidade de vida não só para o cuidador, mas também para o paciente. Os conhe- cimentos sobre a doença e o apoio dos profissionais de saúde são necessários para que o cuidador possa prestar os cuidados adequados ao idoso dependente. Palavras-chave: Cuidadores, Dificuldades, Doença de Alzheimer � � �� � ABSTRACT Simultaneously with the population ageing chronic degenerative diseases appear, especially Alzheimer's disease (AD), a chronic and progressive syndrome that affects the cognitive and functional system causing disabilities, dependence and loss of au- tonomy. Therefore, the caregiver is the key element in home care. Caring for an Alz- heimer's patient is a complex and demanding process with entailing situations and experiences which are potentially responsible for altering the health and well being of the informal caregiver. Provision of such care, often implies physical, financial, psy- chological, emotional and social changes that may provoke overstress on the care- giver. The aim of this study is to identify the main difficulties of informal caregivers of patients with AD in home care, using twenty one articles with the timeframe of ten years. The results of this study reported that the main difficulties faced by informal caregivers are related to assistance in basic and instrumental daily life activities. For this review we can conclude that in the midst of all the difficulties encountered in the act of the caring for others, caregivers tend to abdicate his own life. The attention to informal caregivers of AD patients is essential; consequently it provides a better qual- ity of life not only for the informal caregiver, but also for the patient. Knowledge about the disease and the support of health professionals are needed for the caregiver to provide appropriate care to dependent elders. Key words: caregivers, difficulties, Alzheimer’s disease � � � ��� � LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Primeira paciente diagnosticada com mal de Alzheimer e Alois Al- zheimer, médico que descreveu a doença. Figura 2. Fluxograma do número de artigos encontrados e selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, segundo descritores e base de dados. � � ���� � LISTA DE QUADROS Quadro 1. Critérios para o diagnóstico clínico da DA provável Quadro 2. Critérios para o diagnóstico clínico da DA possível Quadro 3. Critérios para o diagnostico da DA definitiva Quadro 4. Relação das publicações que compuseram a amostra do estudo Quadro 5. Demonstrativo das principais dificuldades encontradas pelo cuida- dor do idoso portador da DA � � ����� � LISTA DE ABREVIATURAS ABRAZ: Associação Brasileira de Alzheimer ADI: Alzheimer’s Disease International AIB: Alzheimer Iberoamérica ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária AVD: Atividade da vida diária AVDB: Atividade da vida diária Básica DA: Doença de Alzheimer DeCS: Descritores em Ciência de Saúde EEG: Eletroencefalograma FEBRAZ: Federação Brasileira das Associações de Alzheimer HIV: Vírus da imunodeficiência humana INPS: Instituto Nacional de Previdência Social IRM: Imagem por Ressonância Magnética Lilacs: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde MMS: Mini Mental Score MS: Ministério da Saúde OMS:Organização Mundial de Saúde ONGs: Organização não-governamental PNSI: Política Nacional de Saúde do Idoso PNSPI: Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa RM: Ressonância Magnética SciELO: Scientific Electronic Library Online SME: Solicitação de Medicamento Excepcional SPECT: Eletroencefalograma e Tomografia por emissão de fóton único SUS: Sistema Único de Saúde TAC: Tomografia axial computadorizada � � ���� � TC: Tomografia Computadorizada � � ��� � SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral 2.2 Objetivos Específicos 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Envelhecimento Populacional 4. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO IDOSO 5. DEMENCIA 6. DOENÇA DE ALZHEIMER 6.1 Fisiopatologia da Doença de Alzheimer 6.2 Etiologia e fatores de risco da Doença de Alzheimer 6.3 Os estágios da Doença Alzheimer 6.4 Diagnóstico 6.5 Tratamento 7. ATITUDES BENÉFICAS PARA RELAÇÃO DO CUIDADOR COM O PORTADOR DA DA 8. CUIDADOS AO PORTADOR DA DA 8.1 Nutrição 8.2 Comunicação 8.3 Vestuário 8.4 Banho e Higiene Pessoal 8.5 Incontinência Urinária e Fecal 8.6 Violência e Agressividade 8.7 Problemas com sono 8.8 Cognição e memória do idoso 9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER 10. ATO DE CUIDAR E CUIDADOR 10.1 Tipos de cuidadores 10.2 O cuidador informal 10.3 Funções do cuidador informal � � ���� � 11. DIFICULDADES VIVENCIADAS PELO CUIDADOR INFORMAL DE PORTA- DOR DE ALZHEIMER 12. SENTIMENTOS VIVENCIADOS PELOS CUIDADORES DE PORTADORES DE ALZHEIMER 13. CUIDANDO DO CUIDADOR: ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO COM OS CUIDADORES DOS PORTADORES DA DA 14. A ENFERMAGEM AUXILIANDO CUIDADORES DE IDOSOS PORTADORES DA DOENÇA DA 15. QUALIDADE DE VIDA EM CUIDADORES DE IDOSOS PORTADORES DA DA 16. METODOLOGIA 17. RESULTADOS 18. DISCUSSÃO 18.1 Perfil dos cuidadores informais do paciente portador da DA 18.2 Dificuldades evidenciadas nos cuidadores de portadores de DA 19. CONCLUSÃO 20. CONSIDERAÇÕES FINAIS 21. REFERENCIAS � � � � � 1.INTRODUÇÃO O envelhecimento da população é fato recente no cenário mundial desde o século passado, devido ao crescimento acelerado de idosos. Antes, esse fenômeno era observado somente em países desenvolvidos, mas com o passar dos anos houve mudanças no perfil demográfico da população, observando-se o crescimento de idosos também nos países em desenvolvimento, em especial do Brasil, país que em 2025 ocupará o 6º lugar em número de idosos, com 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (PAPALEO & CARVALHO, 2005). As populações envelhecem em consequência de um processo conhecido co- mo transição demográfica, no qual há uma mudança de uma situação de mortalida- de e natalidade elevadas, com populações predominantemente jovem, para uma situação com mortalidadee natalidade baixas, com aumento da proporção de ido- sos (COSTA & VERAS, 2003, p. 184-200). Paralelo ao processo de transição demografica constatam-se mudanças epi- demiológicas, com a substituição das causas principais de morte por doenças para- sitárias, de caráter agudo, pelas doenças crônico-degenerativas relacionadas à ida- de, dentre as quais, destacam-se as demências, sendo a mais comum a Doença de Alzheimer (DA) (SILVA, 2003). Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ, 2011), no Brasil exis- tem cerca de 15 milhões de pessoas idosas com mais de sessenta anos de idade, 6% delas, ou seja, 900 mil sofrem da DA, com maior prevalência em indivíduos entre 60-80 anos, 5% e 20% respectivamente. Contudo, a doença tende a aumentar sua incidência com o prolongamento da idade nos próximos anos acometendo cada vez mais os idosos. A DA se caracteriza como um processo neurodegenerativo, progressivo, rela- cionado à idade e de etiologia incerta. O quadro clínico da DA é caracterizado por alterações comportamentais e cognitivas, incluindo o comprometimento da memória, do pensamento e do raciocínio. O sintoma mais evidente no início da doença é o comprometimento da memória recente (CARAMELLI & BARBOSA, 2002). A evolução da DA é de caráter descendente e o nível de gravidade é comu- mente dividido em três estágios: leve, moderado e grave (ABREU, BARROS & FORLENZA, 2005; CÂMARA, MENEZES & CAMPOS, 1998). Em cada uma das e- tapas observa-se uma gradativa perda da autonomia e o consequente aumento das � � � � necessidades de cuidados e supervisão de terceiros para os portadores da doença (ABREU, BARROS & FORLENZA, 2005). Diante disso, o cuidador desempenha um papel essencial na vida dos pacientes com a DA. Embora existam várias definições do que seja um cuidador, optou-se pela de- finição de Garrido e Almeida (1999) de que ele é o principal responsável por prover ou coordenar os recursos de que o paciente necessita. Ele se envolve em todas as tarefas que permeiam a vida do paciente. Ele ou ela é escolhido (a) ou conduzido (a) a esta função dentro do núcleo familiar, de forma que em torno de 80% dos cuidados são propiciados por esta pessoa (CRUZ & HAMDAN, 2008). Por sua vez, a sobre- carga faz com que os cuidadores desempenhem funções além de suas capacida- des, resultando em uma forma de cuidado desequilibrada, sendo frequentemente acompanhada de resultados insatisfatórios para o atendimento das necessidades do seu familiar (FERNANDES & GARCIA, 2009). Outro aspecto importante no processo de cuidar é que a qualidade de vida do paciente está relacionada ao bem-estar do cuidador (DANG, BADIYE & KELKAR, 2008). Para Cruz e Hamdan (2008), embora esteja crescendo a literatura sobre a DA, ainda são poucos os estudos sobre o cuidador do paciente com esta doença. A qualidade de vida, para a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1995), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e de sis- tema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, pa- drões e preocupações”. Essa realidade nos remete ao fato de que tão importante quanto a assistência à pessoa com DA, é também o suporte que os indivíduos envolvidos com esse paci- ente devem ter por parte dos profissionais da saúde. Além disso, destaca-se que devido à dificuldade em se estabelecer uma definição do papel do cuidador, é ne- cessário que mais estudos sejam conduzidos para investigar os diversos motivos que fazem de um indivíduo um cuidador, bem como os fatores que são afetados a partir do momento que essa atividade é assumida. Assim, foi elaborada a seguinte questão de pesquisa: Quais são os fatores dificultadores que o cuidador informal enfrenta no ato de cuidar do portador de DA em sua residência? � � � � 2.JUSTIFICATIVA Mediante o exposto, torna-se relevante buscar informações científicas acerca do cuidador do idoso portador da DA, pois percebe-se que a relação entre cuidador e idoso pode ter um significado muito importante para a promoção e manutenção da qualidade de vida de ambos, pois uma história positiva de relacionamento poderá resultar em avaliações subjetivas positivas da situação de cuidar o que, por sua vez, aumentará a chance de que o cuidado seja realizado de forma planejada, otimizando o viver e sua relação com os outros. Justificando assim a relevância do estudo está em poder contribuir com a En- fermagem no desenvolvimento de discussões acerca do cuidado que vem sendo prestado pelos cuidadores aos idosos portadores da demência de Alzheimer, uma vez que a obtenção de dados sobre o cuidador do idoso é fundamental para dinami- zar medidas adequadas a essa população que permitam entender melhor a proble- mática vivenciada pelos cuidadores a fim de encontrar subsídios para efetivas orien- tações aos mesmos. Identifica-se, diante disso, a necessidade de operacionalizar serviços eficazes para prover melhor qualidade de vida aos idosos e aos seus cuidadores. Para tanto, faz-se imprescindível definir as melhores formas de oferecer serviços, prestados porprofissionais da área da saúde, para a capacitação de cuidadores informais den- tro do contexto de cuidados com o idoso dependente. � � � � 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Identificar, por meio da revisão da literatura, as dificuldades do cuidador do paciente com Alzheimer na área domiciliar e suas implicações, dentro de uma visão holística e humanizada. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever o perfil sócio-demográfico dos cuidadores de portadores de DA; Identificar as mudanças ocorridas na vida do cuidador decorrentes da vivên- cia/experiência no cuidar do portador de DA. � � � � 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL A população mundial está se tornando cada vez mais velha e “estamos numa fase demograficamente peculiar de envelhecimento populacional, em que a humani- dade passa a viver perto de cem anos, quando, por séculos, a vida humana se res- tringiu há poucas décadas” (GONDIN & COSTA, 2006, p. 169). Segundo Paixão Jr & Reichenheim (2005) o envelhecimento da população mundial é um fato recente, universal e inexorável. Suas causas são multifatoriais e diferentes em países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas suas consequên- cias são igualmente importantes do ponto de vista social, médico e de políticas pú- blicas De acordo com Costa e Veras (2003), o fenômeno do envelhecimento ocorreu inicialmente em países desenvolvidos. Todavia, recentemente, constata-se que nos países em desenvolvimento o envelhecimento da população vem ocorrendo de for- ma mais acentuada. Pereira et al., (2006) afirma que em países desenvolvidos, o envelhecimento vem ocorrendo de forma gradual, acompanhado de melhoras na cobertura do siste- ma de saúde, nas condições de habitação, saneamento básico, trabalho e alimenta- ção; no Brasil, ocorre rapidamente e num contexto de desigualdades sociais, eco- nomia frágil, com precário acesso aos serviços de apoio especializado e reduzidos recursos financeiros, sem as modificações estruturais que respondam às demandas do novo grupo etário emergente�� Já Camarano (2002) salienta que nos países desenvolvidos, o aumento da longevidade vem da melhora na qualidade de vida. No Brasil, como em outros paí- ses em desenvolvimento, o aumento da população idosa deriva da baixa taxa de natalidade e de uma queda da mortalidade infantil, além do aumento da expectativa de vida proporcionada por uma melhor tecnologia da saúde. Segundo Caixeta (2007) a transição demográfica no Brasil é resultante de uma equação que tem, de um lado, a queda da mortalidade e, logo, a expectativa de vida;do outro, a expressiva redução das taxas de natalidade. O primeiro fenômeno é associado aos avanços da medicina, bem como a democratização do acesso à saú- de. O segundo é resultado da disseminação dos métodos contraceptivos e de esteri- � � � � lização das mulheres, aumento do custo de vida e queda do poder aquisitivo dos brasileiros. De acordo com Mendes et al., (2005), envelhecer é um processo natural que caracteriza uma etapa da vida do homem e dá-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular cada indivíduo com sobrevida prolonga- da. Dias (2007) afirma que envelhecer é um processo multifatorial e subjetivo, ou seja, cada indivíduo tem sua maneira própria de envelhecer. Sendo assim o proces- so de envelhecimento é um conjunto de fatores que vai além do fato de ter mais de 60 anos, deve-se levar em consideração também as condições biológicas, que está intimamente relacionada com a idade cronológica, traduzindo-se por um declínio harmônico de todo conjunto orgânico, tornado-se mais acelerado quanto maior a idade; as condições sociais variam de acordo com o momento histórico e cultural; as condições econômicas são marcadas pela aposentadoria; a intelectual é quando suas faculdades cognitivas começam a falhar, apresentando problemas de memória, atenção, orientação e concentração; e a funcional é quando há perda da indepen- dência e autonomia, precisando de ajuda para desempenhar suas atividades bási- cas do dia-a-dia (PASCHOAL, 1996; DIAS, 2007). A Organização Pan-Americana de Saúde define envelhecimento como: Um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibi- lidade de morte ���� ��� ����������� Segundo Branco (1999, p.107) “o envelhecimento é um processo biológico u- niversal. Na maior parte dos seres vivos, e em particular nos seres humanos, este processo não permite definições fáceis, não se resumindo a um simples transcurso de tempo”. Coles (1996) observa que a definição de envelhecimento já passou por vários conceitos, entre elas destaca cinco. A primeira é uma definição apologista de que o envelhecimento é a nossa inabilidade para fugir da morte; assim o ser humano bus- ca explicações simplistas para responder ao questionamento do envelhecimento sem, entretanto, aprofundar-se no assunto. A segunda é a definição intuitiva que considera o envelhecimento como tudo o que passa por muitos anos de vida e morre. � � � � Para este autor a terceira definição de envelhecimento provém da Grécia antiga onde era compreendido como uma doença resultante da instabilidade de quatro humores representados pelo sangue, catarro, bílis amarela e bílis negra. A quarta definição aponta o envelhecimento como um processo biológico natural responsável por alterações no funcionamento do organismo, que conduzem à mensurável perda da capacidade adaptativa de resposta ao ambiente diante do stresse e de doenças crônicas. A quinta definição, citada por Coles (1996), contém parte da teoria evolucionista de Michael Rose, para quem o envelhecimento é o resultado da entropia que interfere no mecanismo homeostático do ser humano, portanto uma geração continua a viver na seguinte através da herança genética. A condição de longevidade pode trazer a fragilização pelo envelhecimento, tornando o idoso vulnerável às situações de qualidade de vida e de saúde. A situação de cronicidade e longevidade atual contribuem para o aumento de idosos com limitações funcionais, implicando em cuidados constantes (GONÇALVES et al., 2006). Essa transformação do perfil demográfico e epidemiológico da população idosa vem gerando o aumento de doenças crônicas degenerativas, que podem trazer consequências relevantes para o paciente e para a família, comprometendo sua autonomia, exigindo cuidados intermitentes pela família que presta os cuidados a esse idoso (NASCIMENTO et al., 2008). Pavarini et al., (2005) ainda salientam que o crescente aumento na expectati- va de vida traz consigo patologias próprias do avanço da idade, porém, convém res- saltar, que o processo de envelhecimento não pressupõe, necessariamente, doen- ças e incapacidades. E mesmo quando os idosos são acometidos por doenças, há a possibilidade de se preservar tanto a sua autonomia quanto a independência, desde que medidas de tratamento e prevenção sejam introduzidas. Dentro desse enfoque, Neri (2007) relata que envelhecer satisfatoriamente depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do individuo, o que permite que, com diferentes graus de eficácia, ele venha a lidar com as perdas inevi- táveis do envelhecimento. Já Maia et al., (2006), com o avanço da idade, aumenta a probabilidade de se adquirir alguma doença crônica, ao mesmo em que diminuem, progressivamente, a � � � � capacidade e as reservas funcionais, elevando a suscetibilidade a estas doenças e a outros problemas de saúde. Dessa forma, há uma correlação direta entre os proces- sos de transição da estrutura etária e epidemiológica. Novembre (2006) explica que o aumento da expectativa de vida nas últimas décadas trouxe como consequência um aumento de doenças crônico-degenerativas. Segundo Veras (2005), é sabido que a maioria das doenças crônicas que a- cometem o idoso tem na própria idade seu principal fator de risco. Envelhecer sem nenhuma doença crônica constitui uma exceção e não uma regra. Sendo assim, o país deve estar preparado para atender às demandas sociais, sanitárias, econômicas e afetivas de magnitudes muitas vezes desconhecidas de uma população que se incrementa anualmente em meio milhão de idosos ao longo da primeira década deste século e de mais de um milhão ao chegar a 2020 (PAL- LONI & PELAEZ, 2003). O aumento da população de idosos tem como conseqüência um crescimento no número de pessoas portadoras de demência, que é comum na velhice, e, dentre elas, podemos citar o aumento assustador de diagnóstico da DA, hoje, com uma es- timativa, no Brasil, de 1.200.000 portadores e com uma incidência de 100 mil novos casos por ano (ABRAZ, 2006). Os processos de transição demográfica e epidemiológica determinam importantes desafios para o Brasil, principalmente para seus frágeis sistemas de saúde e previdenciário, entre eles: população envelhecendo rapidamente com aumento desproporcional das faixas etárias mais elevadas, predominância de mulheres (viúvas), diminuição do tamanho das famílias (número de filhos igual ao número de avós), de pessoas disponíveis para o cuidado de idosos, aumento dos domicílios sob responsabilidade de idosos, seguridade social inadequada (diminui número de pagantes e aumenta o de beneficiários), aumento da prevalência das doenças crônicas, aumento do número de indivíduos de alta dependência e maiores gastos com saúde (BRASIL, 2003). Diante do envelhecimento populacional, o objetivo deixa de ser apenas prolongar a vida, mas, principalmente, a manutenção da capacidade funcional de cada indivíduo, de forma que ele permaneça autônomo e independente pelo maior tempo possível, a esse processo deu-se o nome de compressão da morbidade. Para que ele ocorra, o sistema de saúde das nações em rápido envelhecimento, � � � � como o Brasil, precisa garantir: acesso universal aos cuidados primários, políticas públicas para o controle de fatores de risco e estímulo a estilos de vida saudáveis, condições para estabelecer indicadores capazes de identificar indivíduos de alto risco, ênfase em promoção da saúde e prevenção de doenças e que o idoso seja avaliado de forma holística, com o objetivo principal de manutençãoda capacidade funcional (SOARES et al., 2001). � � � � 5. Política Nacional de Atenção ao Idoso O envelhecimento populacional é considerado um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea porque aumenta a prevalência de doenças próprias do envelhecimento. Além disso, as internações hospitalares são mais freqüentes, fazendo com que o idoso utilize mais recursos de saúde e mais tempo de ocupação de leitos, quando se compara com outras faixas etárias (LIMA-COSTA & VERAS, 2003; VERAS & PARAYBA, 2007). Segundo Bulla & Kaefer (2003), o Brasil não está preparado para atender às demandas das pessoas idosas. Isto se traduz pela precariedade do sistema público de saúde e pela falta de profissionais qualificados para atender a essa população. De acordo com Bulla & Oliveira (2004, p. 142) os esforços do governo não es- tão sendo suficientes para acabar com a desigualdade social e “pensar na velhice nos tempos atuais, não é muito fácil, principalmente quando se está em um país em que muitas pessoas vivem à margem da sociedade, sem condições mínimas de so- brevivência”. Couto, Koller & Novo (2006, p. 315) corroboraram com tais afirmações quan- do mencionaram que no Brasil “a aceleração do envelhecimento populacional não foi acompanhada de planejamentos adequados para o atendimento de idosos”. Em relação às políticas públicas no Brasil, até a década de 90 não existia ne- nhuma política de âmbito nacional que fosse destinada às pessoas idosas, existindo apenas alguns Decretos e Leis. Em 1975, foi instituída a Renda Mensal Vitalícia que pagava 50% do salário mínimo às pessoas com 70 anos ou mais, que não recebiam aposentadoria e que não tinham nenhuma fonte de renda. Foi no ano de 1976 que surgiu no Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, o Programa de Assistência ao Idoso, que atende aos idosos na sala de espera dos ambulatórios no INPS. Foi a partir da década de 70 que também surgiram muitas Organizações não- governamentais (ONGS) e associações destinadas a trabalhos com idosos. Em 1988, a Constituição Federal, contemplou o idoso com seis artigos, sendo o primeiro passo para o reconhecimento dos idosos brasileiros (RODRIGUES & TERRA, 2006). Rodrigues (2001) relata que até a década de 70, do século XX, no Brasil, os idosos recebiam, principalmente, atenção de cunho caritativo de instituições não- governamentais, tais como entidades religiosas e filantrópicas. No aspecto legislati- vo, os idosos foram mencionados em alguns artigos, decretos-leis, leis, portarias, � � � � entre outras. Sobressaem artigo do Código Civíl (1916), do Código Penal (1940), do Código Eleitoral (1965), além da Lei Nº 6179 de 1974, que criou a renda mensal vitalícia. De acordo com Pereira, Cotta & Priore (2006) a prestação de serviços públi- cos aos idosos foi instituída na década de 90, onde se destaca a elaboração e a a- provação da Política Nacional do Idoso, Lei 8.842, que tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, promovendo sua autonomia, integração e participação. A Política Nacional do Idoso, através da Constituição Federal de 1998, cria condições para que, os idosos tenham qualidade de vida, criando a lei 10.741/03 que contempla a necessidade do direito a pessoa idosa sem discriminações. “E a- través ressalta a importância de um atendimento ao idoso humanizado, com respei- to, efetivando programas permanentes de atividades orientações aos usuários e fa- miliares” (BRASIL 2007, p.51). A partir da Política Nacional do Idoso com o objetivo de garantir aos idosos di- reito de proteção à vida e à saúde, foi criado o Estatuto Nacional do Idoso sanciona- do em 2003, pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (BRASIL, 2000). Este documento discute os direitos fundamentais do idoso relacionados aos seguintes aspectos: à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, a alimentos, saú- de, educação, cultura, esporte e lazer, profissionalização do trabalho, previdência social, assistência social, habitação e ao transporte. Além disso, discorre sobre me- didas de proteção, política de atendimento ao idoso, acesso à justiça e crimes (KU- SUMOTA et al., 2007). Apesar de publicado, o cumprimento e o respeito ao Estatuto dependem da cobrança organizada da sociedade civil, com especial destaque ao idoso. É preciso reivindicá-lo em todos os espaços sociais, com participação ativa do idoso pela me- lhoria de sua própria condição de vida (KUSUMOTA et al., 2007). No campo da saúde, em outubro de 2006, o Ministro da Saúde revoga a Polí- tica Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) e, com base no Estatuto do Idoso, que forta- lece ações para garantir à pessoa idosa proteção à vida e à saúde, aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), a qual assume que o principal pro- blema que pode afetá-lo, em consequência da evolução de suas enfermidades e de seu estilo de vida, é a perda de sua capacidade funcional - perda das habilidades � � � � físicas e mentais necessárias à realização de suas atividades básicas e instrumen- tais diárias (BRASIL, 2006). A partir desta leitura, Pereira, Cotta & Priore (2006, p. 302) relataram: (...) pode-se pensar que os problemas do idoso brasileiro finalmente serão sanados ou amenizados. Porém se não houver garantia de cumprimentos dessas determinações legais e cidadãos realmente interessados em obede- cê-las, bem como recursos humanos capacitados para prestar, de forma sa- tisfatória, os serviços garantidos por esses documentos, os percalços na saúde do idoso estão longe de ser solucionados, tendendo a agravar-se com o rápido aumento desse grupo etário. Reportamo-nos a Motta & Aguiar (2007) os quais referiram que, do ponto de vista da normatização, existem numerosas políticas públicas em nosso país que fo- cam o idoso e sua família, mas que existem muitas dificuldades para sua implemen- tação. De acordo com estes autores, elas estariam relacionadas a uma precária cap- tação de recursos e ao frágil sistema de informação que analisa as condições de vida e de saúde, existindo ainda uma capacitação inadequada de recursos huma- nos. Vono (2007 p. 22) menciona, que no Brasil ainda estamos construindo nossa visão e atenção ao idoso pois “o idoso é novo em nosso país, assim como as leis e os estudos sobre o processo de envelhecimento”. Ela ainda acrescentou que “os profissionais da saúde tem grande responsabilidade sobre o êxito da qualidade do envelhecimento dos brasileiros”. Conforme Veras (2009) a falta de assistência médica e de hospitais ainda é a realidade dos idosos brasileiros. O Ministério da Saúde incluiu, recentemente, a Sa- úde do Idoso como uma prioridade na agenda de saúde do país, mas os esforços ainda são pontuais e desarticulados. O mesmo autor pontuou que as políticas públi- cas deveriam focalizar a manutenção da capacidade funcional do idoso, em progra- mas de prevenção, na detecção precoce de doenças, no monitoramento das doen- ças crônicas, entre outras medidas. Wong & Carvalho (2006), corroboram com essa assertiva ao afirmar que o sistema de saúde público brasileiro apresenta limitações que precisam ser revistas, de forma a privilegiar políticas de prevenção, centralizando-se, por exemplo, nas do- enças crônicas que geram incapacidade como a DA. Além disso, são importantes a formação de recursos humanos para os serviços geriátricos e gerontológicos. Em relação ao portador da DA umas das medidas que o Governo brasileiro implantou para atender essas pessoas, foi a de ampliar os Centros de Referência � � � � em Assistência à Saúde do Idoso bem como as unidades ambulatórias de saúde. Em 2002, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n. 703 que inaugurou, no Siste- ma Único deSaúde (SUS), o Programa de Assistências aos portadores da DA que funciona nesses Centros. Nesses locais, são realizados os diagnósticos, tratamen- tos, acompanhamento dos pacientes e orientação aos familiares e atendentes dos portadores de Alzheimer. Quanto à viabilização de tratamento farmacológico, o SUS disponibiliza por meio do Programa de Medicamentos Excepcionais, a Rivastigmina, a Galantamina e o Donepezil (BOTELHO, 2008; LIMA, 2008). Apesar da portaria existente, e embora reconhecendo a sua importância, os cuidadores familiares e portadores de DA vêm enfrentando dificuldades: os serviços de saúde ainda não oferecem uma garantia da promoção, prevenção de agravos e proteção à saúde do portador de DA e sua família. Diante deste contexto do envelhecimento populacional, acreditamos que a longevidade é uma grande conquista, mas que traz uma série de desafios, pois o aumento da expectativa de vida traz repercussões nas diferentes esferas da estrutu- ra social, econômica e familiar, transformando as políticas públicas de saúde devido ao aumento da incidência e prevalência das doenças crônicas degenerativas. � � � � 6. Demência A demência, segundo Machado (2002), pode ser definida como uma síndro- me caracterizada pelo comprometimento de múltiplas funções corticais superiores. Entre os déficits cognitivos, incluem-se os da memória, do pensamento, da orienta- ção, da compreensão, da linguagem, do cálculo, da capacidade de aprendizagem, do pensamento abstrato e do julgamento. A deterioração não é necessariamente difusa nem global e o comprometimento das funções cognitivas usualmente é acom- panhado e, às vezes, antecedido por alterações psicológicas, do comportamento e da personalidade. No que se refere à sua definição não podemos apontar um conceito único. Ao longo dos tempos são diversos os autores e organizações que têm vindo a sugerir definições de demência, apontando para diferentes aspectos, todos eles importan- tes. Alguns autores valorizam mais o aspecto fisiológico/biológico da doença, como é o caso da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de doentes de Alzhei- mer e da Associação Americana de Psiquiatria. Ao abordar o termo demência, a As- sociação Portuguesa de Familiares e Amigos de doentes de Alzheimer (2003, p. 15) afirma que ela se refere: A uma série de sintomas que são habitualmente observados em pessoas com doença cerebral resultante de dano ou perda de células cerebrais. A perda de células cerebrais é um processo natural, mas nas doenças que conduzem à demência isto acontece de uma forma muito mais rápida, e faz com que o cérebro da pessoa deixe de funcionar de maneira habitual. Grilo (2009, p.17) define demência como “(...) uma deficiência adquirida do funcionamento cognitivo, que cria limitações de forma progressiva nas atividades sócio-familiares e profissionais do individuo.” De acordo com Grandi (1998), demência é uma palavra de origem latina, que significa mente distante ou estar fora da própria mente. Segundo esse mesmo autor demência é definida como uma síndrome clínica de deterioração intelectual, sendo adquirida e persistente, ocorrendo por uma disfunção cerebral, com comprometi- mento de principalmente três das esferas de atividade mental que seriam elas: lin- guagem, memória e habilidades visoespaciais. A síndrome demencial segundo Camargo & Neves (2004), se caracteriza por alterações das funções corticais superiores, representadas pela memória, orienta- ção, capacidade de julgamento e outras, que resultam em um gradativo declínio das atividades da vida diária. � � � � Na visão de Hartmann (2005) e Robledo (2004) a demência é a perda das funções intelectuais com severidade suficiente para interferir no desempenho das atividades da vida diária. A demência não é uma doença por si só, mas um grupo de sintomas que podem acompanhar certas doenças e condições. Alterações de per- sonalidade, temperamento e comportamento podem ocorrer, como: dificuldade com a memória em relação a eventos recentes; inabilidade de saber o lugar das coisas e a hora (orientação); dificuldade em achar palavras, compreensão da linguagem; ina- bilidade de raciocínio (julgamento); distorção em interpretar um ambiente, embora a visão esteja preservada a capacidade do cérebro em interpretar o que está sendo visto é que está prejudicada; dificuldade em se concentrar e dificuldade para execu- tar tarefas. De acordo com Barasnevicius (2002, p.119): Demências são doenças mentais que se caracterizam por alterações pro- gressivas da memória, orientação temporo - espacial, aprendizado, crítica, expressão verbal e concentração. Nas demências ocorrem mudanças da personalidade e diminuição da capacidade de executar tarefas rotineiras com a mesma facilidade de antes. Argimon & Trentini (2006) descrevem que, de acordo com o critério diagnósti- co saúde mental (DSM-IV), os aspectos essenciais da demência incluem prejuízo de memória e, pelo menos, em outro domínio cognitivo, além de perturbação significati- va do funcionamento ocupacional ou social ou ambos, resultado de déficits cogniti- vos. Abreu, Barros & Forlenza (2005) relatam que a demência é uma das maiores causas de morbidade entre idosos, cuja prevalência está entre 2% e 25% dos paci- entes com 65 anos ou mais, afetando pelo menos 5% dos indivíduos com mais de 65 anos e 20% daqueles com mais de 80 anos. O conceito de demência remete para uma alteração global e persistente do funcionamento cognitivo, com a gravidade suficiente para ter repercussões nas esfe- ras profissionais, sociais e familiares do indivíduo. A evolução da doença conduz inevitavelmente a um agravamento das perturbações cognitivas, ao desenvolvimento de sintomas psico-comportamentais e neurológicos e à perda da autonomia (TOU- CHON & PORTET, 2002). Dentre os critérios clínicos mais utilizados para o seu diagnóstico incluem-se o comprometimento da memória e, ao menos, um outro distúrbio como apraxia, ag- nosia e afasia. Tal declínio interfere nas atividades da vida diária e, portanto, na au- � � � � tonomia do indivíduo. A abordagem do paciente com demência deve incluir, sempre, a avaliação e monitoramento das habilidades cognitivas, da capacidade para de- sempenhar atividades da vida diária, do comportamento e da gravidade global do quadro (ALMEIDA & NITRINI, 1998; FORLENZA & CARAMELLI, 2000). No que se refere à evolução da demência, podemos dizer que no passado ela se caracterizava como progressiva ou irreversível. Com a evolução e crescente in- vestigação, sabe-se hoje que a demência pode ser progressiva, estática ou remiten- te, estando a sua forma de início, reversibilidade ou evolução, diretamente ligada à patologia subjacente e à aplicação de tratamento eficaz. Isto significa que o nível de incapacidade depende de dois fatores fundamentais: o primeiro está relacionado com a gravidade dos déficits cognitivos do sujeito e o segundo, não menos importan- te, tem a ver com os suportes sociais disponíveis para auxiliar a situação de demên- cia (DSM-IV TR, 2002). As demências são atualmente as doenças neurodegenerativas mais impac- tantes na população acima de 65 anos (PAULA, ROQUE & ARAUJO, 2008); sendo a DA responsável por aproximadamente 55% dos casos (FALCÃO & MALUSCHKE, 2009; PAVARINI et al., 2008). Segundo Grandi (1998), existem vários tipos de demência, que é um termo usado englobando todos os tipos específicos de desordem, como Alzheimer, Vascu- lar, Levy, Biswanger, Huntington, entre outras. Algumas podem ser reversíveis, po- rém outras são irreversíveis como é o caso da DA. Conforme Pavarini et al., (2008) a DA é a causa mais comum de demência no idoso. Estudos sobre a DA revelam que esta doença é responsável por 50 a 60% dos casos de demênciana população de idosos. Sendo assim uma doença neuro- degenerativa que se inicia geralmente com a perda de memória, acompanhada de outros sintomas cognitivos como afasia, apraxia e agnosia. Por este motivo de acordo com Sena & Gonçalves (2008), a DA vem sendo um grande problema para a saúde pública, principalmente pelo impacto que gera no âmbito familiar e no portador. � � � � 7. Doença de Alzheimer Em 1901, o neurologista alemão Alois Alzheimer (1864 – 1915) atendeu uma senhora chamada Auguste Deter. Perguntou a ela o primeiro e o último nome e o nome de seu marido. Para as três perguntas, ela respondeu: “Auguste”. Depois de mais algumas respostas desencontradas, ela disse: “Eu me perdi” (TAVARES, 2007). Assim se iniciou os primeiros relatos dessa doença que até hoje é desconhe- cida pela maioria da população inclusive profissionais da área da saúde. Em 1906, na cidade de Tübingen, Alemanha, Alois Alzheimer (1864-1915) (Figura 1) apresentou, no 37º Congresso de Psiquiatria, sua conferência denomina- da “Sobre uma enfermidade específica do córtex cerebral”, uma patologia neurológi- ca não conhecida, semelhante a uma demência, que ele mesmo diagnosticou na paciente Auguste Deter (1850-1906) (Figura 1). Dando assistência a ela, enquanto estava com vida, percebeu que a paciente tinha oscilações no comportamento, con- siderável perda de memória e dificuldade para realizar atividades rotineiras (BRANDT & HANSER, 2004; BOTELHO, 2008). Figura 1 - À esquerda, Auguste Deter (1850-1906), primeira paciente diagnosticada com mal de Alzheimer e, à direita, Alois Alzheimer (1864-1915), médico que descreveu a doença (PORTAL DO ENVELHECIMENTO, 2014). Após sua morte, que ocorreu quando tinha 56 anos de idade, ao realizar a au- tópsia do cérebro dessa paciente, o médico alemão descobriu a anatomia patológica � � � � da doença: as placas amilóides e os emaranhados neurofibrilares. A formação das placas amilóides vem do processamento anormal da proteína precursora do amilói- de, especificamente, do acúmulo do beta-amilóide. E os emaranhados neurofibrila- res são variantes modificadas pela grande produção da proteína tau que se estende no interior dos neurônios. Os neurônios dessa paciente estavam atrofiados em vá- rias áreas do cérebro (BRANDT & HANSER, 2004). Alois Alzheimer contribuiu na pesquisa de três grandes áreas dessa enfermi- dade: o quadro clínico e progressão dos sintomas, a anatomopatologia e a correla- ção entre o quadro clínico e a patologia cerebral (BOTELHO, 2008). De acordo com ABRAZ (2014) a descoberta da DA completou 108 anos em 2014. Passando um século, muito pouco se conhece sobre essa doença que atinge mais de 24 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo Luzardo, Gorini & Silva (2006, p.589), a Doença de Alzheimer é: (...) conhecida internacionalmente pela sigla DA, recebeu esse nome em home- nagem ao Dr Alóis Alzheimer que observou e descreveu as alterações no tecido cerebral de uma mulher que mostrou os primeiros sinais demencias por volta dos 51 anos [...]. Nas últimas décadas do século XX, a doença de Alzheimer era frequentemente relacionada ao processo de envelhecimento. É o tipo de de- mência com maior chance de se desenvolver nas idades mais avançadas, sen- do que o envelhecimento constitui o principal fator de risco para o desenvolvi- mento da doença, uma vez que ambos, envelhecimento e demência comparti- lham qualitativamente das mesmas alterações neuropatológicas, na DA essas alterações ocorrem com intensidade muito maior. Segundo a Classificação Internacional de Doenças – 10ª revisão (CID 10, 1993), a DA é uma doença cerebral degenerativa primária, ou seja, há a evidência de um declínio tanto na memória quanto no pensamento, suficiente para comprome- ter atividades pessoais da vida diária. A doença tem etiologia desconhecida, apre- sentando aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos, já que o trans- torno é usualmente insidioso no início e se desenvolve lentamente, porém de forma contínua, durante um período de vários anos. Na visão de Townsend (2002) a DA constitui-se em uma patologia neurológi- ca degenerativa progressiva e irreversível, que tem início insidioso e é marcada por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios do comportamento e afeto. A doen- ça começa com manifestações lentas e insidiosas e a evolução é, geralmente, pro- gressiva e deteriorante. Para Sayeg & Marin (1995), a DA é uma�enfermidade proveniente da degene- ração dos neurônios de caráter progressivo,�manifestada por perda da memória, de- � � � � ficiência no raciocínio e pensamento e� alterações comportamentais. Esta totaliza cerca de 50% a 60% de todas as�demências.� A ciência médica caracteriza a DA como uma doença neurológica, irreversí- vel, que se manifesta de forma insidiosa em decorrência de lesões neurais e conse- quente degeneração do tecido nervoso. Em função disso, a pessoa apresenta alte- rações progressivas, principalmente em três domínios fundamentais: memória, com- portamento e atividades funcionais da vida diária (SENA & GONÇALVES, 2008). Grandi (1998) relata que a DA tem sido chamada de doença da morte, epi- demia silenciosa, e é descrita como perda da função intelectual, conhecida como uma doença cruel, porque vai destruindo a mente do indivíduo e com isso também sua memória e raciocínio, chegando ao nível de uma mãe não reconhecer o filho, um marido não reconhecer a esposa, todos tornam-se assustadoramente desconhe- cidos. Luzardo, Gorini & Silva (2006 p.588) afirmam que: A doença de Alzheimer afeta o idoso e compromete sobremaneira sua inte- gridade física, mental e social, acarretando uma situação de dependência total com os cuidados cada vez mais complexos, quase sempre realizados no próprio domicílio. Smith (1999) define a DA como uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos. Em geral, a DA de acometimento tardio tem incidência ao redor de 60 anos de idade e ocorre de forma esporádica, enquanto que a de acometimen- to precoce tem incidência ao redor de 40 anos e mostra recorrências familiares. Am- bas são uma mesma e indistinguível unidade clínica e nosológicaS. Segundo Canineu (2002), a DA ocorre, mais comumente, nas pessoas com 60 anos ou mais, sendo esta forma de ocorrência também denominada senil. Entre- tanto, ela pode acontecer antes, geralmente após os 40 anos, sendo designada pré- senil. Nesse contexto Callahan, Hendrie & Tierney (1995) e Larson (1998), relatam que�existem dois tipos de DA a de início precoce e a de início tardio. A de início precoce é menos comum e representa cerca de 5 a 10% dos ca- sos de DA. Os principais sintomas surgem antes dos 60/65 anos e por vezes tão precocemente como os 30 anos. Este tipo geralmente é familiar e os genes que se pensa estarem envolvidos e serem responsáveis pela doença são do tipo autossô- � � � � mico dominantes. Este tipo de demência de Alzheimer é geralmente rapidamente progressiva, desencadeando precocemente uma deterioração cognitiva (CALLA- HAN, HENDRIE & TIERNEY,1995; LARSON 1998). Por outro lado, a de início tardio é a forma mais comum da doença. A sinto- matologia surge geralmente após os 60/65 anos de idade, e mais frequentemente, após os 80 anos. Pensa-se que além dos genes e suas mutações, existem outros mecanismos responsáveis pela doença uma vez que esta não surge tão frequente- mente em famílias. Estudos revelam que os genes agravam a sintomatologia e au- mentam as placas senis e tranças neurofibrilares. Esta demência apresenta uma evolução mais lenta e a sua principal sintomatologia é a perda de memória (CALLA- HAN, HENDRIE & TIERNEY,1995; LARSON 1998). Segundo a ABRAZ (2007) a DA aconteceainda por razões desconhecidas e é uma degeneração primária. Acontece primeiramente com pessoas acima de 60 a- nos, e é chamado então de Alzheimer Tardio, já o Alzheimer Precoce acontece com pessoas abaixo de 60 anos de idade. Conforme Luzardo (2006), a DA afeta, inicialmente, a formação hipocampal, o centro de memória de curto prazo, com posterior comprometimento de áreas corti- cais associativas, o que leva o portador a esquecer as atividades realizadas no pre- sente, pois a parte do cérebro que contém a memória recente foi afetada. Desta forma, o portador de DA lembra-se de forma mais fácil do passado, já que as lem- branças deste período permanecem intactas. O processo degenerativo da DA afeta a atividade dos neurônios e reduz os níveis das substâncias que afetam a ligação química entre os neurônios, os neuro- transmissores. Este quadro é geralmente crônico e progressivo que interfere direta- mente na vida do indivíduo. A perda de células cerebrais é um processo natural, mas em doenças que conduzem à demência isso ocorre a um ritmo acelerado e faz com que o cérebro da pessoa não funcione de uma forma normal (RIBEIRO, 2008). A DA tem curso lentamente progressivo, com duração média de oito anos, en- tre o início dos sintomas e o óbito (VILELA & CARAMELLI, 2006). Para Canineu (2002), a doença atinge tanto homens quanto mulheres de to- das as raças e classes sociais. Tavares (2007) relata quanto à incidência da DA podendo ser de caráter es- porádico – Quando afeta apenas um membro da família. Não há razão hereditária e � � � � pode ocorrer em qualquer idade, sendo a mais frequente. E a DA familiar – Quando afeta múltiplos membros da família. Através dos estudos do Dr. Alzheimer, o interesse e as curiosidades científi- cas sobre a DA se intensificaram. Porém, do período das descobertas do Dr. Al- zheimer até meados dos anos 70, esta doença passou por uma fase de invisibilidade pública, pois esta nova visão de doença separada do envelhecimento normal, não se encaixava nos paradigmas dominantes daquela época. Contudo, com os avanços nos estudos e de novos achados científicos no século XIX que diferenciavam a ve- lhice normal da demência, duas mudanças principais ocorreram. No domínio público chegou-se a um consenso de que eram necessárias políticas para minimizar os pro- blemas do envelhecimento. E no campo científico houve uma nova compreensão ao separar as doenças da idade avançada do processo normal do envelhecimento (LEIBING, 1999). 7.1 Fisiopatologia da Doença de Alzheimer Para Cayton (2000) a DA afeta o cérebro destruindo seu componente básico, o neurônio. Ocorre redução da utilização da glicose e diminuição do fluxo sanguíneo regional nos lobos temporais. Esta perda neuronal ocorre inicialmente no hipocam- po, região de controle central do sistema da memória, o que causa alterações cere- brais responsáveis pela severa e progressiva perda de memória. Do hipocampo, a DA dissemina-se para os lobos frontais, parietais e tempo- rais do córtex cerebral, afetando outras partes do sistema límbico, incluindo a amíg- dala. À medida que os neurônios são danificados e destruídos nessas áreas, ocor- rem danos a outras funções cognitivas, tais como as habilidades linguísticas e a ca- pacidade de planejar, discernir e executar tarefas simples. Como o sistema límbico é à parte do cérebro que influência os instintos e as emoções, a perda de neurônios nessa área pode explicar o comportamento agressivo e a paranóia com frequência observada nos portadores de DA (PETERSON, 2006). Além disso, a doença causa uma perda de células nervosas no cérebro, no núcleo basal de Meynert. Essa área é rica de neurotransmissor acetilcolina. A acetil- colina é importante para a formação e a recuperação de lembranças, e se o núcleo basal sofrer algum dano haverá uma acentuada queda nos níveis de acetilcolina. Além de causar a diminuição da acetilcolina, a DA também afeta os níveis de outros � � � � neurotransmissores importantes como serotonina, somatostatina, fator de liberação de cortitrofina e glutamato, dentre outros. À medida que mais neurônios se degene- ram, mais sinapses são destruídas e o quadro de demência evolui (PETERSON, 2006). A partir da década de 1960, descreveu-se que as principais lesões cerebrais encontradas nos pacientes com DA, são a formação das placas neuríticas, ou senis, que contêm depósitos extracelulares de proteína β-amilóide, as apolipoproteínas e um emaranhado neurofibrilar localizado normalmente no citoplasma perinuclear é composto de proteínas Tau hiperfosforiladas. Essas lesões clássicas podem ocorrer de maneira independente e, até hoje, não há um consenso se as mesmas seriam causas ou consequências do desenvolvimento da DA (FRIDMAN, 2004). 7.2 Etiologia e fatores de risco da Doença de Alzheimer A causa específica da DA ainda é desconhecida, porém há estudos exausti- vos que originaram inúmeras hipóteses acerca da destruição das células nervosas do cérebro humano. Entre elas, destacam-se as mutações bioquímicas, a predispo- sição genética e os fatores ambientais (GELLER & REICHEL, 2001; RODRIGUES, 2004; RODRIGUES, 2006). Embora a etiologia da DA continue incerta, a presença de placas senis ami- lóides extraneuronais e de feixes neurofibrilhares intraneuronais são achados carac- terísticos na autópsia de um doente de DA (LARSON, 1998). Smith (1999) ainda salienta que a DA ainda possui etiologia desconhecida e tem a idade como principal fator de risco. Alem disso, o fator genético e considerado preponderante na etiopatogênia da DA. Outros possíveis agentes�etiológicos da DA são: toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos, entre outros. Estes agentes podem atuar por danos dire- tos ao material genético, ocasionando mutações somáticas nos tecidos. Com base na comparação de grandes grupos de pessoas com DA com outros livres da doença, estabeleceu-se alguns fatores de risco: 1- Idade: O risco aumenta com a idade, estimando-se que afeta cerca de 5% da população mundial com idade compreendida entre os 60 e 65 anos, � � � � 15% dos 65 aos 70 anos, 30 a 35% dos 80 aos 85 anos e 50% acima dos 85 anos (OLIVEIRA, 2005); 2- Idade materna: Filhos que nasceram de mães com idade superior a 40 anos, podem ter maior risco de sofrer de demência na terceira idade (OLI- VEIRA, 2005); 3- Sexo: Vários estudos registram que a doença afeta mais as mulheres do que os homens, provavelmente pela maior longevidade do sexo feminino (OLIVEIRA, 2005); 4- Hereditariedade e Determinismo genético: Parece incontestável que nos casos familiares da doença (5%) existam mutações genéticas nos genes PS-1 no cromossoma 14, PS-2 no cromossoma 1 e APP no cromossoma 21 ou esteja presente o gene específico APO-E4. Foi também identificado um gene designado como AD7c-NTP que codifica uma proteína da trama neural (NTP) (MONTE, GHANBARI & FREY, 1997); 5- Atraso Mental ligeiro e Síndrome de Down: Existem também estudos que indicam que indivíduos com atraso mental ligeiro possuem um maior risco de desenvolver a doença. Estudos demonstram que os indivíduos com a Síndrome de Down apresentam, já pelos 50 anos, placas senis e agrega- dos neurofibrilares, no entanto nem todos os indivíduos que apresentam placas e agregados desenvolvem demência (LARSON, 1998); 6- Traumatismos cranianos: Continua registrado por muitos autores que um traumatismo craniano severo com perda de conhecimento, numa pessoa com mais de 50 anos e que tenha o gene específico apo-e4, aumentará o risco de desenvolver a doença (MAYEUX, SAUDERS & SHEA, 1998; LARSON, 1998); 7- Escolaridade: Baixo nível de escolaridade parece aumentar o risco, o que explicaria a maior incidência nos países em vias de desenvolvimento (O- LIVEIRA, 2005);8- Toxicidade: Continua referido na literatura que a intoxicação pelo alumínio incrementará o risco da doença, embora sem confirmação (OLIVEIRA, 2005); 9- Níveis superiores ao normal de homocisteína: A homocisteína é um ami- noácido e níveis superiores ao normal deste aminoácido parecem aumen- � � � � tar fortemente o risco de desenvolver Alzheimer ou demência (OLIVEIRA, 2005); 10- Diabetes, níveis elevados de colesterol e arterioesclerose: A diabetes é também considerado fator de risco assim como níveis elevados de coles- terol e a arterioesclerose (frequentemente associados) (OLIVEIRA, 2005); 11- Consumo em demasia de álcool e tabaco: O consumo em demasia de ál- cool e tabaco aumentam o risco para desenvolver DA. Alguns estudos re- ferem que os indivíduos que ingerem pequenas quantidades de álcool a- presentam um risco inferior aos que não ingerem álcool ou bebem em de- masia (OLIVEIRA, 2005); É importante relatar que a idade é o único fator de risco bem conhecido e a- ceito mundialmente. Quanto mais idoso, maior a probabilidade de desenvolver a pa- tologia, porque o cérebro é o órgão mais atingido pelo processo de longevidade (A- BRAZ, 2001). De acordo com Lokvig & Becker (2005), Petersen (2006), Lima (2008), alguns fatores de risco à DA estão em investigação, a saber: a relação da doença com hi- pertensão arterial, colesterol, depressão, estresse, tabagismo, abuso de álcool, nu- trição, ferimentos na cabeça, filhos de mulheres acima de 40 anos de idade, escola- ridade, exposição a poluentes, campos eletromagnéticos, poluição do ar, uso de herbicidas, inseticidas, fertilizantes, produtos de limpeza residenciais e cosméticos. Segundo Ballone (2010) e Lima (2008), existem também estudos que tentam identificar fatores que podem reduzir o risco de progressão ou retardar a DA. Tais pesquisas estão ligadas aos altos graus de instrução, estrogênio e antioxidantes. Por exemplo: pessoas instruídas se desempenham melhor nos testes cognitivos mais complexos. Se apresentarem problemas na resolução, favorecem o diagnóstico positivo da existência da doença. Mulheres que fazem uso de estrogênio têm menor probabilidade de desenvolver a doença. Altas doses de vitamina E e a medicação antioxidante selegelina podem retardar a doença em estágio moderado. E o uso de ginkgo biloba, por seus efeitos anti-oxidantes, auxilia levemente na redução do de- clínio cognitivo provocado pela doença. � � � � 7.3 Os estágios da Doença Alzheimer Bottino & Lopes (2002), afirmam que a DA pode ser dividida em três fases – leve, moderada e grave – de acordo com o nível de comprometimento cognitivo e o grau de dependência do indivíduo. Na fase leve da doença, o paciente mostra queda significativa no desempenho de tarefas instrumentais da vida diária, mas ainda é capaz de executar as atividades básicas do dia a dia, mantendo-se independente. Na fase moderada, o comprometimento intelectual é maior e o paciente passa a ne- cessitar de assistência para realizar tanto as atividades instrumentais como as ativi- dades básicas do dia a dia. Na fase grave, o paciente geralmente fica acamado, ne- cessitando de assistência integral. Nessa fase, o paciente pode apresentar dificulda- des de deglutição, sinais neurológicos, como, por exemplo, as crises convulsivas. Pode apresentar também incontinência urinária e fecal. Esses sintomas são frequentemente acompanhados por distúrbios compor- tamentais como agressividade, alucinações, hiperatividade, irritabilidade e depres- são. Transtornos do humor afetam uma porcentagem considerável de indivíduos que desenvolvem DA, em algum ponto da evolução da síndrome demencial. Sintomas depressivos são observados em até 40-50% dos pacientes, enquanto transtornos depressivos acometem em torno de 10-20% dos casos. Outros sintomas, como a apatia, a lentificação (da marcha ou do discurso), a dificuldade de concentração, a perda de peso, a insônia e a agitação podem ocorrer como parte da síndrome de- mencial. (WRAGG & JESTE, 1989; RASKIND, 1995; EASTWOOD, 1996). Nesse contexto Barasnevicius (2002, p.120), afirma que “a DA evolui em três estágios, que duram em média três anos cada, progredindo constantemente, embo- ra muitos pacientes possam apresentar evolução mais lenta, de até 20 anos”. Segundo o Ministério de Saúde (2006) existem três fases da DA sendo elas: Fase Inicial: Caracterizada por sintomas vagos e difusos, que se desenvolvem insidiosamente sendo o comprometimento da memória, o sintoma mais proeminente e precoce, em especial a memória recente. Nessa fase as pessoas começam a es- quecer onde deixaram objetos como: chaves, relógio, óculos entre outros, esquecem que estão cozinhando algo e deixam queimar no fogo. Em alguns casos a pessoa se torna agressiva, há fases de depressão, mudanças de humor e algumas pessoas sofrem com delírios. � � � � Fase Intermediária: Caracterizada por deterioração mais acentuada dos défi- cits de memória e pelo acometimento de outros domínios da cognição como: • Afasia: Perda de expressão pela fala escrita ou sinalização, capacidade de compreensão pela palavra escrita ou falada. • Agnosia: Perda da capacidade do que ouve, vê ou sente. • Apraxia: Os atos motores mais complexos estão prejudicados, sem que haja paralisia. O portador nesta fase acaba perdendo a noção de risco, grandes dificuldades em realizar atividades da vida diária, distúrbios do sono, alterações mentais e confu- são mental. Fase Avançada: É nesta fase que o portador torna-se totalmente dependente de um cuidador, todas as suas funções são gradativamente comprometidas. Ele não reconhece pessoas de sua família e amigos. Não realiza suas necessidades básicas normalmente e acaba tendo que usar fralda. Na fase final ficam acamados e acabam falecendo por alguma complicação da síndrome da imobilidade. Smeltzer & Bare (2005) ainda relatam sobre o estágio final (fase terminal), o portador perde toda a sua capacidade mental e física, dificilmente reconhece rostos e fica mudo. É nesse período que o doente de Alzheimer necessitará de constante dedicação, compreensão e supervisão integral do cuidador. É nesta fase também que ocorre a máxima importância do papel do cuidador. Neste momento, o cuidador deve ter total disponibilidade e atenção ao doente, pois este já se encontra em situa- ção de total debilitação. Ocorre também um maior envolvimento emocional do cui- dador em relação ao idoso, pois já é sabido que a partir dessa fase não há mais ex- pectativa de vida. A morte é uma certeza iminente, e nem sempre o cuidador está preparado emocionalmente para este momento. Vale salientar que a senilidade, com ou sem demência, produz alterações cognitivas, e que envelhecimento e demência compartilham qualitativamente das mesmas alterações neuropatológicas, no entanto na DA essas alterações ocorrem em intensidade muito maior. Daí a importância de um diagnóstico precoce e preciso, capaz de excluir ou determinar um caso de demência, ou mais precisamente de DA, a fim de se estabelecer o tratamento específico para cada caso (LUZARDO, GORINI & SILVA, 2006). � � � � 7.4 Diagnóstico Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psiquiatras e neurologistas são profissionais que podem fazer parte de uma equipe diagnosticadora de vítimas da DA. A avaliação consiste em realizar estudos da história clínica, exames físicos e neurológicos, estado mental, psiquiátrico e neuropsicológico (PETERSEN, 2006). O diagnóstico definitivo da DA só pode ser obtido por exame anatomopatoló- gico a partir de biópsia ou necropsia de tecido cerebral, o que é uma limitação para o diagnóstico. Entretanto a segurança do diagnóstico clínico é elevada e não se justifi- ca a realização de biópsia cerebral para este fim. Além disso, há diversos aspectos éticos envolvidosem questões como a informação do diagnóstico provável ao paci- ente ou a autorização para a realização de necropsia para fins diagnósticos ou de pesquisa (CARAMELLI & VILELA, 2006). Pivetta (2008) corrobora com essa assertiva ao relatar que o diagnóstico final da DA ainda é possível apenas através de uma autópsia do cérebro para procurar as alterações anatômicas típicas da doença. Clinicamente, antes da realização da au- tópsia, é impossível ter 100% de certeza de que um idoso sofre de Alzheimer. De acordo com Mansur (2005): Atualmente, o diagnóstico de DA e feito com bases clínicas, observando-se critérios para classificação de definida (cujos achados clínicos foram confir- mados por exame anatomopatológico: placas senis, emaranhados neurofi- brilares, diminuição de densidade sináptica, especialmente na formação hi- pocampal e cortices de associação), provável (com distúrbio de memória associado ao prejuízo de uma ou mais funções cognitivas) e possível (de curso atípico ou associada a outros fatores causais para demência). Sequencialmente, o diagnóstico de demência deve ser estabelecido por uma avaliação clínica, documentado por exames de triagem e confirmado por testes neu- ropsicológicos. Deste modo, o diagnóstico baseia-se no quadro clínico do paciente, a partir do conhecimento das diferentes manifestações clínicas e do histórico famili- ar, bem como de uma sequência específica e obrigatória de exames complementa- res (TRUZZI & LAKS, 2005; CARAMELLI & BARBOSA, 2002). Os exames laboratoriais obrigatórios na investigação do diagnóstico de DA são hemograma completo, provas de função tireoidiana, hepática e renal, reações sorológicas para sífilis e vírus da imunodeficiência humana (HIV) e nível sérico de vitamina B12. Esses exames permitem excluir ou identificar quadros reversíveis de demência e detectar eventuais doenças associadas. Os exames de neuroimagem � � � � estrutural incluem a tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) do crânio, eletroencefalograma e tomografia por emissão de fóton único (SPECT). No caso de demências neurodegenerativas, como na DA, os exames laboratoriais são normais e os de neuroimagem estrutural, embora forneçam resultados inespecí- ficos, revelam distribuição topográfica sugestiva, sendo que a TC e, particularmente, a RM revelam atrofia da formação hipocampal e do córtex cerebral, de distribuição difusa ou de predomínio em regiões posteriores (NITRINI, 2005; CARAMELLI & BARBOSA, 2002; TRUZZI & LAKS, 2005). O Instituto Nacional Neurological and Communicative Disorders and Stroke y el Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA Wrotk Group) estabeleceu alguns critérios clínicos de diagnóstico da DA diferenciando en- tre: casos prováveis, possíveis e definitivos (SELMES, 1990). A DA provável: compreende aqueles casos caracterizados pela instauração insidiosa e progressiva de uma síndrome que deteriora o intelectual, descartando aquelas enfermidades neurológicas ou sistêmicas potencialmente causadoras de alterações das funções cognitivas (SELMES, 1990). A DA possível: reserva-se para aqueles casos compatíveis com DA embora a instauração e/ou a evolução atípica ou bem aqueles em que coincidem com outras enfermidades potencialmente causadoras de demência, na qual se considera a mesma causa (SELMES, 1990). A DA definitiva: é aquele DA provável confirmado histopatologicamente mediante biópsia ou necropsia (SELMES, 1990). Quadro 1. Critérios para o diagnóstico clínico da DA provável 1. Demência estabelecida por um exame clínico, documentado por teste Mini- Men- tal Score (MMS), escala de Blessed e confirmada por testes neuropsicológicos; 2. Déficits em duas ou mais áreas cognitivas; 3. Deterioração progressiva da memória e outras funções cognitivas; 4. Sem distúrbios de conduta; 5. Início entre os 40-90 anos, mas frequentemente depois dos 65 anos; 6. Ausência de outras doenças sistêmicas ou neurológicas que possa explicar os déficits cognitivos. � � � � O diagnóstico da DA é apoiado por: 1. Deterioração de funções cognitivas específicas: afasia, apraxia e agnosia; 2. Incapacidade de desenvolver tarefas cotidianas e alterações comportamentais; 3. Histórico familiar, particularmente se está confirmado neuropatológicamente; 4. Resultados de laboratório: punção lombar normal, EEG normal ou com alterações inespecíficas, tomografia axial computadorizada (TAC) com evidência de atrofia e sua progressão documentada por estudos em série; Quadro 2. Critérios para o diagnóstico clínico da DA possível 1. Síndrome de demência em ausência de outras enfermidades neurológicas, psiquiátricas ou sistemáticas que possam causar demência, com variações no início ou no curso evolutivo; 2. Em presença de outra enfermidade sistêmica ou neurológica potencialmente causadora de demência, na qual não seja considerada como a causa de mesma. Quadro 3. Critérios para o diagnostico da DA definitiva 1. Cumprir os critérios clínicos de uma DA provável; 2. Evidências histopatológicas por biopsia ou necropsia. Critérios diagnósticos do NINCDES-ADRDA Work Group apud Selmes (1990). Canineu (2002) ainda destaca algumas etapas no processo de diagnóstico como: 1. Avaliação Clínica (história clínica realizada com o paciente e com um familiar ou cuidador; exame físico geral, psiquiátrico e neurológico); 2. Testes neuropsicológicos iniciais para rastreamento cognitivo (miniexame do estado mental, teste do desenho do relógio, função verbal, entre outros); 3. Exames laboratoriais complementares (bateria de exames de sangue, com o objetivo de reduzir a possibilidade de outras doenças que poderiam levar a quadro semelhante); 4. Exames de Neuroimagem: TC e Imagem por Ressonância Magnética (IRM), que podem evidenciar atrofia cerebral ou lesões cerebrais. A SPECT pode ser utilizada para avaliação diferencial da demência, quando não há evidência de altera- ções estruturais na TC ou na IRM. Deve-se destacar que é importante essa sequên- � � � � cia de exames para se obter um diagnóstico preciso, devendo ser realizadas repeti- das vezes para ter uma certeza maior no diagnóstico da DA. De acordo com Grandi (1998), o diagnóstico clínico da DA é resultado tanto de um diagnóstico de exclusão como de inclusão. De inclusão porque a DA pode ser diagnosticada mediante a utilização de critérios clínicos e psiquiátricos padronizados e de exclusão porque para se diagnosticar DA, excluem-se outros tipos de demên- cias. Segundo Charchat-Fichman (2005), o diagnóstico precoce das demências possibilita intervenção terapêutica, diminui os níveis de estresse para os familiares, reduz riscos de acidentes, prolonga a autonomia e talvez, em alguns casos, evite ou retarde o início do processo demencial. 7.5 Tratamento Passaram-se mais de cem anos após sua descoberta e os cientistas ainda não encontraram a cura da DA. Não é uma patologia contagiosa ou infecciosa. Con- tudo, requer muitos cuidados por parte dos que são responsáveis pelos pacientes acometidos dessa doença principalmente à medida que ela avança. Devido à queda do sistema imunológico, as principais causas de morte dos portadores de mal de Alzheimer são a pneumonia e a desidratação (SMITH, 1999). Bottino & Lopes (2002), relatam que ainda não existe tratamento estabelecido que possa curar ou reverter à deterioração causada pela DA. As opções disponíveis visam aliviar os déficits cognitivos e as alterações de comportamento, através do uso de medicamentos, e melhorar a qualidade de vida do paciente e de sua família, com uma abordagem multidisciplinar. Segundo a ABRAZ (2014) os primeiros medicamentos para Alzheimer surgi- ram entre a década de 70 e 80, quando a doença ganhou notoriedade mundial. Fo- ram lançadas diversas drogas
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