Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
POLO DE APOIO PRESENCIAL - IVAIPORÃ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE (UNICENTRO) LICENCIATURA EM ARTE EDUCANDA: MEIRE ALVES MOREIRA RA: ED5551895053IV DISCIPLINA: REOFERTA HISTORIA DAS ARTES II EDUCADOR: MARCO ANTÔNIO MACHADO ATIVIDADE: ATIVIDADECOMPLEMENTAR 1. Propriedades da musica De acordo com os materiais lidos da disciplina de Historia das artes II, na primeira unidade refletimos sobre a prática de se escutar e ouvir música. Onde foi abordados características e aspectos do som, o que torna um som em musical, os níveis e dimensões da escuta, como desenvolver um hábito intencional e potente de se fruir a arte musical. No primeiro capitulo estudamos alguns conceitos musicais e suas definições. Som: qualquer movimento no espaço que produza vibração ressonante e possa percorrer em um campo de propagação; além disso, o som precisa ser recebido pelo aparelho auditivo e entendido como tal. É necessário, para isso, que a vibração tenha comprimento de onda dentro da capacidade auditiva humana. Ou seja, não basta que seja uma vibração e nem mesmo que se propague, mas sim que seja ouvida e entendida como som pelo aparelho auditivo: trata-se de um fenômeno psico-acústico. Música: qualquer expressão artística ou cultural que parte da experiência sonora por meio do pensamento e da sensibilidade. De modo que todas as músicas são compostas de sons, mas nem todos os sons compõem músicas. O som de cães latindo são apenas sons, porém, se 6/33 um compositor, grupo de rock ou DJ faz uso desse som na produção de uma obra/canção/batida ele passa a integrar uma expressão artística e, portanto, passa a ser um som musical. Apreciação: ato deliberado de aplicação da atenção a um objeto artístico – em nosso caso específico em um objeto musical. É comum, em nosso cotidiano, ouvirmos música enquanto dirigimos, caminhamos, arrumamos a casa etc. Esse ato de laser e descontração não pode ser confundido com apreciar de fato uma obra musical. O ato da apreciação envolve intensidade, concentração e vontade. Ao longo do texto diversos exemplos de obras vão aparecendo, é importante, para melhor proveito, observarmos as condições de nossa escuta: 1) qualidade do aparelho de difusão sonora – dê preferência a aparelhos com boas caixas estéreas, ou bons fones de ouvidos (headphones), procure evitar fones intra-auriculares e caixas embutidas em notebooks, celulares e tabletes; 2) Volume – procure um volume mediano, que você não precise aumentar nos momentos em que a música fica suave, nem diminuir quando se intensifica; 3) Ambiente – procure um local confortável, que tenha o mínimo de ruídos externo possível e aonde não venham a interromper sua prática de escuta. 2. Escuta analítica e escuta sintética Podemos perceber que a escuta analítica: a audição é dotada de quatro dimensões que transcorrem na seguinte ordem: 1) escutar; 2) ouvir; 3) entender; e 4) compreender. As primeiras duas dimensões (escutar e ouvir) ele chama de escuta reduzida. Esta seria uma escuta voltada para o interior do próprio som (suas características, qualidades, contorno, dinâmica, complexidade etc.). A dimensão produz uma escuta natural, já que o foco agora estaria no índice que poderia nos apontar qual é a origem/localidade do som que nos toca perceber. A dimensão da compreensão produz uma escuta cultural, pois agora a atenção está voltada aos signos que poderiam designar significados morais, éticos, étnicos, comportamentais, tradicionais, místicos etc. Tanto na terceira como na quarta dimensões temos uma escuta voltada para fora do som. 3). A partir desta proposição podemos estabelecer aqui dois tipos de escuta: a escuta analítica e a escuta sintética. Na escuta analítica apenas interessa as características e propriedades que estejam dentro do próprio objeto sonoro: o ato analítico é um ato de dissecação, separar em partes/órgãos, relacionar as partes. Na escuta sintética o que interessa são as conexões que os sons fazem com os mundos exteriores a ele, tanto no que diz respeito à naturalidade do som, ou origem e localidade do mesmo, como nos significados culturais aos sons atribuídos. 3. Musica Ocidental Antiguidade: muito pouco é possível dizer sobre a música na antiguidade, pois há raro material que nos alcançou até os dias de hoje. De fato, há evidências de práticas musicais em todas as culturas antigas e nos quatro cantos da Terra. Isso se averigua com achados arqueológicos de antigos instrumentos, gravuras em cavernas, e, mesmo depois, relatos sobre as mais diversas práticas musicais. Entretanto, esses registros servem mais à história e a etnologia do que propriamente à música. Já que a partir das inscrições e apontamentos é possível determinar o valor místico das práticas musicais, as crenças sobre o poder da música etc. Mas não é possível saber como de fato as composições soavam – Não há registros musicais da antiguidade que permita uma reprodução fiel nos dias de hoje. Por isso consideramos toda música produzida até meados da idade média como música pré-histórica. 4. Música Medieval Dentro da tradição do clero romano surge a necessidade de uma escritura padronizada e precisa dos materiais musicais. O chamado canto gregoriano passa a ser inscrito em uma pauta de quatro linhas paralelas (tetragrama) e tem toda sua grafia desenvolvida até o final do século IX, pratica essa que se mantém de forma muito semelhante até os dias de hoje. Organum: do começo do século XI até o fim do século XII surgem os organum dentro da tradição do canto gregoriano. Esta prática é considerada a primitiva aparição da polifonia. Em vez de fazer uso apenas de uníssono e oitavas os coros entoavam determinados intervalos para acompanhar a melodia principal. Os organum foram categorizados em três subtipos: Organum Paralelo, Livre e Melismático. 5. Período da pratica comum – Renascimento, Barroco, Classicismo e Romantismo. Considera-se o „período da prática comum‟ as manifestações musicais produzidas entre os anos de 1450 e 1890. É nesse período que surgiu a tonalidade (sistema tonal) e é nele que seus principais desdobramentos se deram. Dentro dessa era posicionamos quatro importantes períodos da história da música: Renascimento; Barroco; Classicismo; e Romantismo. Os estilos, técnicas e motivações expressivas variam muito ao longo destes séculos, mas a prática comum com o sistema tonal os une em uma grande era. Renascimento – período da história da música gerado em consequência do movimento artístico do clero francês chamado Arte Nova. Embora o renascimento seja notoriamente marcado nos outros campos das artes como o momento onde as inspirações e motivações criativas saem do jugo e da exclusividade eclesiástica, é importante lembrar que no campo musical a grande maioria dos compositores e das obras fica ainda sob o domínio da liturgia cristã. Mesmo assim, a Arte Nova e todos seus desdobramentos ao longo do Renascimento propõem uma série de transformações e novas práticas diante dos materiais musicais gerando um gênero expressivo original e influente. O Renascimento estabelecerá as bases do sistema tonal primitivo e, por consequência, iniciará o período da prática comum. Barroco – durante o período Barroco o interesse dos compositores se volta para a possibilidade do desenvolvimento de uma música instrumental. Diversas famílias de instrumentos aparecem e se transformam (família da gamba, dos violinos, saltérios, cravos, alaúdes, flautas doce etc.), assim como, modelos de afinação padronizados são propostos por toda Europa. As figuras do acorde, da harmonia e da tonalidade aparecem agora com clareza (baixo cifrado) e modelos de desenvolvimentos da escritae da expressão são explorados (formas barrocas; retórica). A Seconda Prattica é um movimento encabeçado pelo compositor italiano Claudio Monteverdi e dá as bases técnicas e estilísticas do primeiro barroco. Seu interesse era produzir uma orientação em relação a como lidar com o contraponto e a escritura musical de modo a propiciar uma composição mais expressiva e sentimental. Deste modo, se buscaria afastamento da sonoridade do Ars Nova (por ele chamado Prima Prattica) que para o compositor era demasiado racional e frio. Monteverdi também é considerado o pai da ópera moderna. Conforme o século XVII foi avançando o foco na música instrumental foi ampliando, os naipes instrumentais e as orquestras foram se configurando e os modelos de afinação foram se padronizando. Já no início do século XVIII temos o ano de 1722 como um marco importante para a música tonal, pois no mesmo ano o compositor alemão Johan Sebastian Bach (1685 – 1750) publica uma série de prelúdios e fugas intitulado O Cravo Bem Temperado e o teórico francês Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764) publica seu Tratado de Harmonia (BUKOFZER, 2009: 229). A partir dessas duas obras o sistema tonal se estabelece e se apresenta já de maneira madura. Classicismo – o período propriamente chamado de Música Clássica se estende entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX. Aqui temos a convergência entre dois clímaces: o da música instrumental pura com o do sistema tonal. Durante o classicismo os grupos instrumentais se consagram e se consolidam (trio de cordas; quarteto de cordas; orquestra de cordas; orquestra clássica; quinteto de sopros etc.). Os músicos integrantes dos grupos de câmara e orquestras adquirem caráter profissional e muitos se tornam virtuoses por meio de métodos de desenvolvimento instrumental aplicados em conservatórios e escolas de música. Pouco a pouco o baixo cifrado é abandonado, pois os intérpretes já tinham mais domínio sobre as afinações e tonalidades e, com isso, a homofonia vai ganhando predomínio expressivo. A música passa a ser uma arte burguesa e fica ligada a elite rica e nobre européia. Esse é o período dos grandes concertos, sinfonias, sonatas e quartetos. A atenção dos compositores se volta para o desenvolvimento e ampliação da forma. O objetivo era ser capaz de apresentar o máximo de complexidade e em ampla duração sem perder o equilíbrio e harmonia entre as seções da obra. As obras são mais simples do que as barrocas no que se refere à textura, já que fazem uso predominante da homofonia em detrimento da polifonia; entretanto, são mais complexas quanto à duração e desenvolvimento dos materiais ao longo de suas elaborações. A capital da música durante o classicismo foi a Áustria e três compositores protagonizaram o que chamamos Escola de Viena – Joseph Haydn, Wofgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven. Romantismo – o romantismo marca o ocaso do período da prática comum: aqui já se passou o apogeu do sistema tonal, do formalismo desenvolvimentista e da pureza da música instrumental. Notadamente, os elementos outrora apresentados, agora aparecem novamente já de forma colapsadas e em exagero. O romantismo é marcado pelas tentativas de levar até o último extremo os desenvolvimentos do sistema tonal e das formas sem, entretanto, a preocupação com a harmonia e o equilíbrio que havia no classicismo. Aparecem dissonân- 20/33 cias adicionadas aos acordes que desestabilizam a organização triádica; o cromatismo e a modulação constante produzem uma espécie de tonalidade flutuante; e a ampliação e desenvolvimento dos materiais levados às últimas consequências geram formas abertas ou circulares. A técnica instrumental também se aprimora e as partes instrumentais passam a ser cada vez de maior complexidade de execução. Os grupos instrumentais e orquestrais são ampliados com o advento da família dos metais e o requinte na família da percussão. A sonoridade do romantismo é suntuosa e grandiloquente. É durante o romantismo que a ópera alcança seu maior vigor e evidência. Há nesse período a grande rivalidade entre ópera italiana e alemã. Os dois compositores que encabeçaram essa disputa foram Giuseppe Verdi e Richard Wagner. 6. O modernismo e as correntes contemporâneas As experiências e especulações promovidas ao longo do romantismo acabaram por colapsar completamente duas das principais estruturas que configuram a música tradicional ocidental: o sistema tonal e o desenvolvimento formal. A partir do final do século XIX, ao longo de todo século XX e até os dias de hoje mais de uma centena de importantes movimentos e abordagens de exploração das artes sonoras se manifestaram sempre buscando novos horizontes ou fronteiras para a experiência musical. Nenhum desses movimentos, entretanto, alcançou hegemonia duradora: de modo que a história da música ocidental a partir daí passa a ser transversal e polifacética. Em sequência apresentaremos as principais dessas correntes com uma breve descrição e exemplos buscando, na medida do possível, respeitar uma linha cronológica. Modernismo francês – buscou se afastar do romantismo/nacionalismo wagneriano por meio da emancipação da dissonância, da volta aos modos gregos, proposição de novos modos ou modos de tradições orientais. Tem como seus principais expoentes Claude Debussy e Maurice Ravel. Cubismo analítico/sintético – no cubismo analítico se sobrepõe planos de escuta fazendo uso de recortes de materiais intrínsecos da própria obra; já no cubismo sintético se produz a sobreposição colando materiais extraídos de outras obras. Igor Stravinsky é um importante representante do cubismo analítico, Charles Ives do cubismo sintético. Música dodecafônica – movimento também conhecido por Segunda Escola de Viena teve seus principais compositores nas figuras de Arnold Schoenberg, Anton von Webern e Alban Berg produziram um novo sistema de organização de alturas a partir de séries de doze alturas, também são importantes no resgate do contraponto e de um pensamento composicional voltado para o timbre. Serialismo integral – criado na Escola Internacional de Verão para a música nova de Darmstad (Alemanha) deveio da proposição de exercícios de permutação com as séries dodecafônicas pelos professores Olivier Messiaen e Luigi Dallapicola. Os compositores que se destacaram dentro dessa técnica foram Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen e Luigi Nono. Música eletroacústica – com o advento das técnicas de gravação e edição em estúdio e, em sequência, da informática e do processamento digital do som, surge a música eletroacústica. Karlheinz Stockhausen foi o pioneiro e maior nome nesse campo, mas ao longo da segunda metade do século XX até os dias atuais grandes compositores como Toru Takemitsu, György Ligeti e Mauricio Kagel fizeram uso das técnicas eletrônicas sempre que a demanda criativa exigia. Música Espectral – inspirados na obra de Giacinto Scelsi um grupo de jovens compositores desenvolve uma escola sonora baseada no timbre e suas inflexões, características dos parciais harmônicos, textura, densidade sonora, mas tudo com enfoque nos aspectos sonoros. Alguns compositores do século XX e do atual XXI não necessariamente se enquadraram em determinado gênero ou escola. Isso porque tiveram sua obra marcada por específica particularidade ou porque migraram entre estilos e gêneros. Elencamos aqui alguns desses nomes para posterior aprofundamento do estudante: Luciano Berio, Béla Bartók, Heitor Villa-Lobos, Edgard Varèse, George Crumb, John Cage, Steve Reich, La Monte Young, Conlon Nancarrow, Bruno Maderna, Alexander Scriabin e Leo Brouwer. 7. Musica de massa Ao longo do desenvolvimento da músicaformal da tradição ocidental sempre caminharam em paralelo diversos tipos de músicas ligadas às tradições folclóricas e de origem popular. Mas como tais tradições sempre foram carentes em registros e grafia, poucos sabem a respeito delas na atualidade. Já no século XX desenvolvemos tecnologias que permitiram o registro direto dos objetos musicais. Essa conquista permitiu que fosse possível o estudo minucioso de toda e qualquer prática de artes sonoras. A gravação do som se tornou ferramenta importante para etnólogos e etnomusicólogos. A reprodutibilidade técnica da obra de arte gerou outras importantes consequências. Entra em jogo questões de autenticidade, aquilo que Benjamin chamou de “destruição da aura” e o que mais nos interessa aqui: a capacidade de reprodução em grande escala do objeto musical. A música que sempre foi uma arte efêmera que transcorre no tempo passa a ser passível de ser coisificada e, deste modo, se tornar um bem de consumo. Sendo um bem de consumo (um disco, um DVD, uma fita) passa a ter valor de mercado e entra na lógica da indústria cultural. Tal lógica envolve análise de mercado, tendências e tomadas de preço e, acima de tudo, o lucro. 8. Indústria cultural Ao longo do século XX a lógica de mercado penetra todos os campos da música, mas é ligado às chamadas tradições populares que obtém maior êxito. Como os Estados Unidos da América acabam capitalizando a maior parte das ações ligadas à cultura de massa (isso também no cinema e literatura, por exemplo) os gêneros populares que ganham grande vulto mercadológico ao longo do século de certo modo estavam ligados às populações estadunidenses. Aqui podemos citar o Blues, Jazz, Country, Funk, Rock, Soul, RAP, Disco, Techno, entre outros. A partir da segunda metade do século XX alguns gêneros de outras nacionalidades ganharam certa notoriedade e internacionalização, como no caso da Bossa Nova e da MPB no Brasil, mas o crivo estadunidense sempre permaneceu hegemônico e com maior influência. Com a entrada do século XXI as coisas começaram a se transformar com muita rapidez, e, de fato, estamos ainda tentando entender ou avaliar o estado da arte do que de fato sobrou da poderosa indústria fonográfica do século passado. Com o surgimento da internet e com a facilidade de se digitalizar arquivos musicais e transmiti-los sem custo, o valor de mercado dos discos quase se desintegrou. Por outro lado, gravar, produzir e lançar uma canção nos dias de hoje é muito mais simples e barato do que há cinquenta anos, dando certa liberdade aos músicos em relação às grandes gravadoras que possuíam os estúdios de qualidade. Se consome música cada vez mais por meio de sistemas 30/33 de streaming, alguns deles gratuitos como o YouTube ou o Soundcloud, e outros se pagando mensalidades acessíveis como o Spotfy ou o iTunes. O mercado é irrigado de centenas de milhares de materiais novos diariamente: não só há bandas começando a cada dia, como há novos gêneros e correntes. Temos um mercado pulverizado e fragmentado, muito mais complexo do que no auge da indústria fonográfica (período entre os Beatles e o Michael Jackson) onde se podia capitalizar muito com poucos grupos ou estilos. O que se traça para o futuro das práticas musicais ao redor do mundo não se pode vislumbrar com claridade agora; mas, certamente, as próximas décadas serão cruciais nessa definição. Referencia: MACHADO. Marco, Antônio. Breve Historias dos materiais musicais. Disponível em: <https://moodle.unicentro.br/pluginfile.php/345865/mod_label/intro/MACHADO_Breve_His toria_dos_Materiais_Musicais.pdf>. Acesso em 19 julho de 2019.
Compartilhar