Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Ms. Carina Ceribelli Prof. Dra. Daniela Doulavince Reanimação Cardiopulmonar em Pediatria A RCP é o conjunto de manobras que têm como objetivo evitar ou reverter a morte prematura de pacientes com as funções respiratória e circulatórias ausentes ou gravemente comprometidas. Está indicada na PCR (parada cardiorrespiratória) e na bradicardia com hipoperfusão (FC<60 e sinais de choque sem melhora com oxigenação). EPIDEMIOLOGIA Acomete crianças menores de 10 anos, com FV (10 a 15%), sendo evento raramente inesperado (# adulto) resultado final da deterioração progressiva das funções respiratória e/ou circulatória. Insuficiência cardiopulmonar c/ hipoxemia e acidose = PCR Reanimação Cardiopulmonar em Pediatria DIAGNÓTICO Presença de inconsciência, ausência de pulsos em grandes artérias e apnéia ou respiração agônica (gasping). A monitorização eletrocardiográfica deve revelar: assistolia (90%), FV (fibrilação ventricular) ou atividade elétrica sem pulso. TERAPÊUTICA Suporte básico e suporte avançado de vida: ABC = Vias Aéreas, Respiração e Circulação PREVENÇÃO: Reconhecimento do choque FR>60 rpm FC: Menores de 5 anos< 80bpm ou >180bpm; maiores de 5 anos <60bpm ou >160bpm Esforço respiratório evidente (retrações, batimento de asa de nariz e gemido) Cianose Alteração do nível de consciência (letargia, irritabilidade não usual e convulsões) Palidez, baixa perfusão periférica. Causas da PCR em crianças hospitalizadas Hipovolemia Hipóxia Acidose Hipopotassemia Hiperpotassemia Hipoglicemia Hipotermia Toxinas Tamponamento Tensão no tórax (pneumotórax) Trombose (coronária e pulmonar) Trauma (hipovolemia) PECULIARIDADES DA CRIANÇA CARACTERÍSTICAS PROPORÇÃO CORPORAL: Superfície corporal exposta (IMC) diferente do adulto; maior perda de calor e H2O; H2O extracelular: até 40% maior em crianças do que adultos, prematuros – 90%, RN a termo 70 – 90%, acima 2 anos 60%; Taxa de filtração glomerular relativamente baixa; Redução da capacidade de excretar drogas e líquidos pode levar à acidose e desequilíbrio eletr RECOMENDAÇÕES Prescrições medicamentosas calculadas pelo peso; Aquecimento e manutenção. Hidratação. Atenção ao volume excretado (1 a 3 ml//kl/h). Controle hídrico e eletrolítico. PECULIARIDADES DA CRIANÇA VIAS AÉREAS: laringe mais cefálica(glote em C3 no lactente e em C5 ou C6 no adulto) traquéia mais curta (4-5 cm no RN e 7-8 cm aos 18meses); Língua do lactente é proporcionalmente maior em relação ao tamanho da orofaringe ocorrendo obstrução; Região subglótica mais estreita e cartilagem de sustentação menos desenvolvida que no adulto; Arco costal complacente dificultando manutenção do volume pulmonar; Reserva limitada de oxigênio; Dificulta intubação e propicia intubação seletiva. Manobras de permeabilização de vias aéreas. Se a criança estiver respirando espontaneamente a via aérea deve ser assegurada pelas manobras de tração de mento e mandíbula. Posicionamento com coxins. Oferta de oxigênio. PECULIARIDADES DA CRIANÇA 0 à 6 meses: FC=100 à 160 bpm; PA sist. < 60; FR=30 à 60 mpm; Peso de 3 à 6kg. Lactente: FC=130; PA sist < 70; FR=30 à 40 mpm; Peso +/- 12kg. Pré-escolar: FC=110; PA sist. de 70 à 90mhg; FR=18 à 34 mpm; Peso +/- 16kg. Pré-adolescente: FC=80 à 100bpm; PA sist. < 90; FR=16 à 20 mpm; Peso +/- 35 kg. Considerar características étnicas e história da doença. SSVV EM PEDIATRIA ALGUMAS MODALIDADES DE PCR Ritmos de PCR: Assistolia Fibrilação Ventricular ALGUMAS MODALIDADES DE PCR Taquicardia Ventricular Atividade Elétrica sem pulso PRINCIPAIS SINTOMAS QUE PRECEDEM A PCR Dor torácica , sudorese, palpitação, tontura, escurecimento visual, perda da consciência alterações neurológicas. Reconhecer esses sintomas : inquietação, choro, agitação, dor, a criança fica estranha, comportamento foge do seu normal, alteração do nível de consciência (hipoatividade). DIAGNÓSTICO PRECOCE DA PCR Avaliação da Consciência Diferenciar criança dormindo e inconsciente: testar reflexos Respiração Ver ouvir e sentir Respiração presente ou ausente Não ultrapassar 10 segundos DIAGNÓSTICO PRECOCE DA PCR Avaliação do Pulso BRAQUIAL OU FEMORAL LACTENTES CARÓTIDA CRIANÇAS Até 01 ano Acima de 01 ano SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA “CONFIRMADA” CONDUTA AMERICAN HEART - PCR 2015 C - Circulação – compressão torácica A - Abertura de via aérea B - Bolsa máscara – ventilação RCP VENTILAÇÃO DE RESGATE DE ABERTURA DE VIAS AÉREAS Inclinação da cabeça e elevação do queixo RCP - VENTILAÇÃO DE RESGATE Adaptação Bolsa Máscara (Ambú) RCP – VENTILAÇÃO DE RESGATE SEM COMPRESSÕES TORÁCICAS Ventilação ausente e Pulso adequado = maior que 60bpm . VENTILAR 2 X ou mais : 01 segundo ver elevação do tórax adaptação da máscara observação aplicar de 08 a 10 ventilações por minuto a 10l/ min. O2 Atenção aplicar pressão diminuída para evitar barotrauma RCP COMPRESSÕES TORÁCICAS Pulso inadequado = FC menor que 60bpm Iniciar compressões torácicas. Crianças Lactentes 01 socorrista Lactentes 02 socorristas SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA “CONFIRMADA” A sequência da RCP para crianças maiores de 30 dias é de 30 compressões para 2 ventilações com 1 socorrista e 15 compressões para 2 ventilações para 2 socorristas, e para Rns (até 29 dias) a sequência é de 1 ventilação para 3 compressões torácicas, tanto para 1 quanto para 2 socorristas. RCP: VENTILAÇÃO DE RESGATE COM COMPRESSÕES TORÁCICAS EM RNs Um socorrista: 1:3 Dois socorristas: 1:3 RCP: COMPRESSÕES TORÁCICAS E VENTILAÇÃO DE RESGATE EM CRIANÇAS MAIORES DE 1 MÊS Um socorrista: 30:02 Dois socorristas: 15:02 RCP – VENTILAÇÃO DE RESGATE SEM COMPRESSÕES TORÁCICAS Ventilação ausente e Pulso adequado = maior que 60bpm . VENTILAR 2 X ou mais : 01 segundo ver elevação do tórax adaptação da máscara observação aplicar de 08 a 10 ventilações por minuto a 10l/ min. O2 Atenção aplicar pressão diminuída para evitar barotrauma RCP COMPRESSÕES TORÁCIAS Um ou dois socorristas: 100 compressões por minuto: rebaixar o tórax ½ profundidade. Revezamento a cada 02 minutos. Avaliação Pulso e respiração: à cada 05 ciclos de compressão e ventilação (02 minutos) RCP Avaliação do Pulso e Respiração Se pulso e respiração presente, colocar em posição de recuperação instalar oxigênio terapia e observações sinais vitais e comunicar equipe médica; Ausência de pulso ou respiração, retomar RCP. Posição de recuperação Posição de recuperação MONITORIZAÇÃO FV DESFIBRILAÇÃO 1º choque único: 2J/Kg 2º choque único: 4J/Kg CHOQUE ÚNICO 05 CICLOS RCP CHECAR RITMO INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL CÂNULA OROFARINGEA (Guedel): a utilização da cânula de guedel (com rotação de 180º no palato) não é recomendada para o paciente pediátrico pois podem ocorrer trauma de partes moles da orofaringe resultando em hemorragia, portanto, as cânulas devem ser introduzidas diretamente na orofaringe. CÂNULA ENDOTRAQUEAL: deve ser realizada a intubação do paciente com introdução da cânula endotraqueal prontamente nos casos de PCR e bradicardia com hipoperfusão. Cada tentativa de intubação deve ser precedida de oxigenação adequada e não ultrapassar 20 a 30seg, FC e oximetria de pulso devem ser monitoradas continuamente. A escolha da cânula será feita de acordo com a estimativa do tamanho do tubo traqueal e profundidade de inserção. INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL Criança > 01 ano: tubo sem cuff (idade em anos/4) + 4 Tubo com cuff: (idade em anos/4) + 3 As tentativas não devem exceder 30”. Os tubos com cuff podem ser utilizados em lactentes (exceto em RN), desde que a insuflação do cuff seja < 20 mmHg. ACESSOVENOSO O acesso venoso ou intra ósseo deve ser providenciado assim que constatada a PCR para administração de drogas de fluidos, de preferência vasos calibrosos e em locais de escolha que não atrapalhem as manobras de RCP. SEQUÊNCIA DE RCP POR FV CHOQUE ÚNICO 05 CICLOS DE RCP VERIFICAR RITMO DROGA DROGAS UTILIZADAS Epinefrina: indicada na PCR de qualquer causa. Vasoconstrição periférica, aumentando a pressão de perfusão coronária e cerebral. A dose recomendada é 0,01 mg/kg (EV). Atropina: indicada na assistolia e na AESP com dose recomendada de 0,02 mg /kg (EV). Lidocaína: indicada nos casos de FV/TV refratárias. A dose recomendada é 1,0 mg/kg. Amiodarona: indicada nos casos de FV/TV sem pulso. A dose recomendada é 5 mg/kg IV em bolus e dose máxima de 15 mg/kg/dia. Bicarbonato de sódio: a dose recomendada é de 1 mEq/Kg/dose. Naloxone: indicada os casos de narcose. A dose recomendada é de: < 5 anos ou < 20 kg = 0,1 mg/kg > 5 anos ou > 20 kg = 2.0 mg REFERÊNCIAS Guidelines, American Heart Association, 2015 Disponível em: https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf . WONG, Enfermagem pediátrica Elementos Essenciais à Intervenção Efetiva, 9º. Edição, ed. Elservier, 2014; ALMEIDA, F. de A.; SABATES, A. L. Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. Barueri, SP: Manole, 2008.
Compartilhar