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Profª. Elisabeth Wazlawik Departamento de Nutrição – CCS – UFSC 2016 NTR 5617 – Dietoterapia I Tipo de preparação (cozido, assado, frito, ensopado, temperatura, textura); Padrões e preferências pessoais da alimentação; Práticas religiosas; Como as refeições são realizadas (pratos, bandejas, com ou sem acompanhante, quem é o acompanhante). (CHARNEY; ESCOTT-STUMP; MAHAN, 2010; SOUSA; GLORIA; CARDOSO, 2011) Florence Nightingale, enfermeira britânica Dr. Pedro Escudero, Ciência da Alimentação – Nutrição – década de 1930 A alimentação deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa, além de harmoniosa em seus componentes e adequada à sua finalidade e a quem se destina. Leis: - Quantidade - Qualidade - Harmonia - Adequação Objetivos da dieta hospitalar Recuperação do paciente; Evitar a desnutrição; Manter a reserva de nutrientes; Adequar a ingestão de energia, macro e micronutrientes de acordo com as necessidades nutricionais; Melhorar a qualidade de vida. A dieta hospitalar tem um papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas. (GARCIA, 2006; CHARNEY; ESCOTT-STUMP; MAHAN, 2010) Condutas sistematizadas, treinamento de pessoal Facilitar a produção e distribuição das refeições Flexível Atender adequações às necessidades nutricionais Dietas Orais Hospitalares Trato gastrintestinal íntegro? Condições de ingestão? Digestão? Absorção? A alimentação deve atender às necessidades fisiológicas decorrentes do estado físico, nutricional e doença. NORMAIS: Elaboradas a partir do padrão de alimentação, para assegurar a manutenção da saúde. MODIFICADAS: Quantitativa e/ou qualitativamente, a partir da dieta normal: Consistência Valor calórico ou Proporção de macronutrientes, ou Exclusão, ou de nutrientes OBJETIVO OBJETVO INDICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Manter o estado nutricional dos indivíduos. Para indivíduos que não necessitam de alterações específicas e que apresentam funções de mastigação e gastrointestinais preservadas. NORMOglicídica, NORMOprotéica e NORMOlipídica. Consistência normal. Balanceada. (DIAS et al, 2009) Alimentos recomendados: alimentos saudáveis. Alimentação equilibrada. Alimentos evitados: frituras, alimentos gordurosos, com excesso de açúcares ou sal, frios e embutidos, alimentos enlatados ou em conserva. DRIs OBJETIVO OBJETVO INDICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Manter o estado nutricional, facilitar a mastigação, deglutição e digestão. Para pacientes com problemas mecânicos de ingestão e digestão; para melhorar a aceitação; em pós-operatórios; na transição para a dieta normal. NORMOglicídica, NORMOprotéica e NORMOlipídica. Alimentos com consistência mais macia, abrandada pela cocção ou ação mecânica. (DIAS et al, 2009) -Semelhante a dieta geral, com exclusão de: -frituras -alimentos crus (exceto mamão) Alimentos bem cozidos Permitidos pedaços de legumes e vegetais cozidos A carne não necessita, obrigatoriamente, ser triturada ou moída Evitar: - condimentos fortes - bebidas gaseificadas - doces concentrados (rapaduras, cocadas, marmelada, goiabada, etc) - embutidos - conservas OBJETIVO OBJETVO INDICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Manter o estado nutricional e facilitar a ingestão e deglutição. Transição para a dieta normal em alguns pós- operatórios; casos neurológicos. NORMOglicídica, NORMOprotéica e NORMOlipídica. Consistência abrandada pela cocção. (DIAS et al, 2009) Alimentos bem cozidos, “macios”, moídos, liquidificados, amassados e/ou desfiados. Podem ser em forma de purês, mingaus, cremes. Arroz papa, feijão liquidificado, macarrão bem cozido, polenta (“cremosa”) sopa de legumes, canja, creme de legumes, etc. OBJETIVO OBJETVO INDICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Hidratar e nutrir. Incapacidade de digerir alimentos sólidos, mastigação ou deglutição prejudicadas; preparo de exames; em pré ou pós-operatórios; transição para a dieta normal. Consistência líquida ou semilíquida. Geralmente utilizada por períodos curtos. (DIAS et al, 2009) Alimentos utilizados: Mingaus (“ralos”), caldos e sopas liquidificadas, leite, iogurte, vitaminas (fluidas), gelatina, cremes, pudim, sorvetes, chá, sucos de frutas e de vegetais,sopas liquidificadas. -Pobre em fibras OBJETIVO OBJETVO HIPOcalórica. Consistência líquida; composta basicamente por água e carboidratos. Quantidade insuficiente de vitaminas e minerais, macronutrientes e energia. INDICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Fornecer líquidos, eletrólitos e pequena quantidade de energia. Preparo de alguns exames, em alguns pré - operatórios, pode ser a primeira dieta em pós- operatórios. Indicada por curto período de tempo. (DIAS et al, 2009) Alimentos utilizados: Água, chás fracos, (líquidos “fluidos” sem leite) adoçados com açúcar ou dextrosol, caldo de legumes e de feijão coado, sucos de frutas diluídos e coados (“caldos”), gelatina. Oferecida em menores intervalos de tempo (fracionamento aumentado) ALIMENTO DIETA NORMAL/GERAL PASTOSA LÍQUIDA COMPLETA LÍQUIDA RESTRITA Leite Incluídos Incluídos Incluídos Não Ovos Incluídos Incluídos Nas bebidas (gemada) Não Queijos Todos os tipos Cremoso Não Não Gorduras Óleo, manteiga, margarina Óleo, manteiga, margarina Óleo, manteiga, margarina Não Carnes Todos os tipos Carne moída ou desfiada Não Não (Sim: Caldos de carne não concentrados) Vegetais Todos incluídos Vegetais cozidos Em forma de sucos ou na sopa Não Frutas Todas incluídas Cozidas, sucos Sucos Suco diluído e coado (caldo) Pães Todas variedades Sim Não Não Sopas Sim Sopas cremosas Caldos, sopas cremosas Não (Sim: caldo da sopa coado) Bebidas Todos os tipos Todos os tipos Chá, café Chá, café (?) Leguminosas Incluídas Bem cozidas, moídas, trituradas Não (Sim: liquidificadas, na sopa) Não (Sim: Caldo de feijão, não concentrado) Sobremesas Todos os tipos Cremes, gelatinas, sorvetes, pudim Gelatina e geléia de mocotó “dietéticas” Progressão das Dietas Hospitalares Dieta Zero, NPO ou NVO (nada por via oral) Dieta Líquida Restrita Dieta Líquida Completa Dieta Branda Dieta Normal ou Geral Dieta Pastosa Observar: A consistência de uma dieta, (por si só, mesmo a normal) pode atender ou não aos requerimentos nutricionais individuais! Valor calórico: dieta normocalórica : dieta HIPERcalórica : dieta Hipocalórica Proporção de macronutrientes: : hiperprotéica : hipoprotéica, hipolipídica Nutrientes: Exclusão - isenta de: lactose sacarose glúten : Potássio : dieta hipossódica dieta pobre em fenilalanina (controlada) Em preparos de exames que requerem lavagem intestinal, quando há necessidade de deixar o intestino “limpo”. (enema opaco, colonoscopia) Nos períodos de pré e pós-operatório de cirurgiasdo trato gastrintestinal. Necessidade de facilitar a digestão e a absorção. (POBRE EM RESÍDUOS ou “SEM” RESÍDUOS) Sem leite e lacticínios (excluir a lactose) Exclusão de vegetais que deixem resíduos (fibras) Restrição de tecido conectivo Exemplos de alimentos permitidos: - chás, água de coco, sucos ralos e coados tipo industrializados (sem polpa e sem resíduos) - bolachas tipo d´água, pão branco torrado - margarina/manteiga (pequena quantidade) - arroz, macarrão, batata inglesa - carne branca (galinha, peixe) - sopa tipo canja magra (arroz e peito de frango) - gelatina - açúcar em pequena quantidade, dependendo da situação Aporte de líquidos e eletrólitos para repor as perdas Evitar alimentos fonte de fibras insolúveis ou excluir lacticínios na intolerância à lactose Evitar alimentos crus Evitar sacarose Trânsito intestinal mais lento que as insolúveis da viscosidade Produção de ácidos graxos de cadeia curta (integridade da mucosa intestinal) Fibras solúveis HIPOFERMENTATIVA Indicação: diarréia em crianças Menos rígida que a dieta para diarréia Para melhorar a aceitação da dieta Promover recuperação do estado nutricional Indicada na constipação ou obstipação intestinal Dieta adequada em fibras (seguir as recomendações das DRIs ou certificar-se que o paciente pode receber uma quantidade elevada) Ingestão hídrica adequada ou Evitar ao máximo alimentos refinados, substituindo-os pelos integrais Utilizar sempre que possível verduras, legumes, leguminosas e frutas Quando possível utilizar frutas com bagaço, com casca e sucos sem coar - Acréscimo de proteínas - na quantidade de alimentos fonte de proteína - Suplementação - Indicados para casos infecciosos, em períodos de convalescença, desnutrição ou outros casos em que seja desejável o aumento do aporte protéico Destinam-se principalmente: portadores de doenças renais na encefalopatia hepática Quantidade de alimentos protéicos controlada rigorosamente, adequando-se os demais nutrientes às necessidades nutricionais Gramas de proteína/kg de peso de acordo com o caso e características individuais Na alimentação normal e na maioria das dietas de consistência normal: ● proporção adequada de lipídeos ● ácidos graxos: ômega ()6, 3 e 9 - São retirados da dieta a gordura de adição como manteiga, margarina, óleos - Não são permitidos alimentos como embutidos, queijos gordurosos, abacate, frutas oleaginosas, frituras, carnes gordas, leite gorduroso, nata - Indicadas principalmente nas enfermidades - hepáticas - pancreáticas com das lipases - problemas da vesícula biliar Restrição de todo o tipo de gordura! - Indicadas para pacientes com problemas renais, cardíacos ou que apresentem hipertensão - São preparados sem adição de sal e sem alimentos industrializados - Restrição conforme quadro de cada paciente gramas de sal de adição? quantas? MEDIR - NORMOglicídica - NORMOlipídica - NORMOprotéica Isenta de açúcar livre ou de alimentos que possuam açúcar de adição Contagem de carboidratos O valor calórico é adequado às necessidades individuais (manter, ou o peso) ALGUNS CUIDADOS EM RELAÇÃO À DIETA DE INDIVÍDUOS SUBMETIDOS A CIRURGIAS PRÉ-OPERATÓRIO Específico a cada situação e indivíduo Requer “preparo” de cólon e/ou do trato gastrointestinal (TGI)? Abertura de cavidade do TGI? Anestesia Pacientes em risco nutricional: Suporte nutricional preferência via oral Adequação às necessidades Suplementação se necessário Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. Avaliação criteriosa CIRURGIA Anestesia Indivíduo precisa estar com o estômago vazio evitando: vômitos aspiração Jejum relacionado com: tipo de cirurgia anestesia Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. JEJUM Cirurgias eletivas: geralmente 6 horas (sem envolver abertura da cavidade abdominal) Cirurgias de emergência: lavagem gástrica antes da anestesia Cirurgias abdominais (principalmente intestinais) dieta nos dias que precedem: pobre ou sem resíduos preparo do cólon – Manitol 20% (preparo específico) Geralmente... Mas podem haver casos específicos diferenciados! Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. PÓS-OPERATÓRIO Até a liberação médica: Dieta Zero ou NPO ou NVO (nada por via oral) Qualquer alimento ou dieta: “sinal de funcionamento do TGI” – médico ausculta TGI 24 a 48 horas após cirurgia restabelecimento das condições para alimentação Cirurgias maiores: > 48h Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. PÓS-OPERATÓRIO Após cirurgia no trato gastrintestinal: evolução gradativa da dieta, início com líquida restrita, seguindo com a “progressão hospitalar” Cirurgias que não envolvem o trato gastrintestinal: dieta conforme: tipo de anestesia peculiaridades evolução do paciente Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. AVALIAR PÓS-OPERATÓRIO Correia, 2009; Waizberg et al, 2009; Winkler, Malone, 2010. Realimentação no Pós-Operatório: quando possível, via oral: a resistência periférica à insulina Dependendo do caso: Líquida restrita (com malto-dextrina): 6 horas após a cirurgia Em que tipo de dietas se enquadram as preparações? REFLEXÃO E REVISÃO Em quais dietas se encaixam as seguintes preparações: Purê de batatas com carne móida, suco e rodelas de abacaxi Carne assada de panela, cenoura refogada, arroz, feijão, creme de mamão Peixe assado, batatas ao vapor, arroz, feijão, salada de chuchu e beterraba cozida, laranja Café com leite, pão de trigo com margarina, banana Vitamina de frutas, bolachas d´água Caldo de carne com legumes, gelatina dietética Sopa liquidificada, flan Sopa, salada de frutas Chá preto fraco com torradas Em quais dietas se encaixam as seguintes preparações: Café com leite e bolachas Mingau, chá fraco Café com leite, pão com manteiga e queijo, suco de frutas Café com leite, pão com manteiga e queijo, laranja Salada de alface e tomate, peito de frango assado, macarrão, arroz, feijão, pudim Carne assada desfiada, arroz papa, feijão liquidificado, creme de legumes, gelatina Carne moída, polenta “mole”, arroz papa, caldo de feijão, compota de frutas bem cozidas Elabore esquemas dietéticos para: Diarréia (adulto) Dieta hipofermentativa Constipação intestinal Questão: Foi realizada apendicectomia (remoção do apêndice), ontem, em um paciente de 30 anos internado na Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário. Hoje, o paciente reclamou de fome, por estar em jejum, ao nutricionista da referida clínica. Considerando ser você este nutricionista, comente qual a sua postura diante do fato e qual a dieta indicada no momento. BIBLIOGRAFIADIAS MCG.; STELUTI, J.; YOSHIMURA, T.M.; MACULEVICIUS J. Dietas orais hospitalares. IN: WAITZBERG DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4ª edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. Leitura complementar CHARNEY, P.; ESCOTT-STUMP, S.; MAHAN, L.K. Diagnóstico e intervenção nutricionais. IN: MAHAN L.K.; ESCOTT-STUMP S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DEMÁRIO, R.L.; SOUSA, A.A.; SALLES, R.K. Comida de hospital: percepções de pacientes em um hospital público com proposta de atendimento humanizado. Cien. Saúde Colet., 15 (1):1275-1282, 2010. GARCIA RWD. A dieta hospitalar na perspectiva dos sujeitos envolvidos em sua produção e em seu planejamento. Rev. Nutr., Campinas, v.19, n.2, p.129-144, 2006. @ GODOY AM.; LOPES DA.; GARCIA RWD. Transformações socioculturais da alimentação hospitalar. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.14, n.4, p.1197-1215, out.-dez. 2007. @ SOUSA, A.A. GLORIA, M.S., CARDOSO, T.S. Aceitação de dietas em ambiente hospitalar. Revista de Nutrição, v. 24, n.2, 2011. @ no xerox @ enviado por e-mail
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