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MONOGRAFIA - MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Lídia Caneschi dos Reis
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICADAS AO MENOR INFRATOR
Barra Mansa
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Lídia Caneschi dos Reis
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICADAS AO MENOR INFRATOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário de Barra Mansa, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação da Profa. Sheila Lyrio Cruz Zelma.
Barra Mansa
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Lídia Caneschi dos Reis
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICADAS AO MENOR INFRATOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário de Barra Mansa, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação da Profa. Sheila Lyrio Cruz Zelma.
Data da Aprovação:
______________________________________
Orientadora: Profa. Sheila Lyrio Cruz Zelma
______________________________________
Membro da Banca
______________________________________
Membro da Banca
Barra Mansa
2019
Dedico esse trabalho ao meu avô Ary Estevan Caneschi (in memorian), com muito amor e saudade. 
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus e a nossa Senhora Aparecida pelas inúmeras graças e pedidos alcançados ao longo da minha vida, pelas noites em que rezando o Santo Terço, pude criar forças para continuar a minha caminhada em busca do meu sonho.
 Aos meus pais, Eliane Aparecida Caneschi e Geraldo Cleiz dos Reis, pelo apoio e compreensão, por serem meu porto seguro e apostarem em mim, mesmo com tantas dificuldades ao longo desses 5 anos. Vocês são a razão e a minha força, tudo que conquistei e conquistarei daqui pra frente, é graças ao apoio e incentivo de vocês. Obrigada mãe e pai, pelo intenso e verdadeiro amor, por terem me proporcionado a alegria de concluir esse curso.
Meus sinceros agradecimentos ao meu irmão Victor, por acreditar em mim e me ajudar durante todo esse período.
A minha orientadora Profa. Sheila Lyrio Cruz Zelma, meu eterno agradecimento pela paciência e compreensão, por ter me ajudado a concluir esse trabalho, sempre receptiva e gentil, obrigada! 
Agradeço imensamente a todos os professores do UBM, pelo incentivo ao crescimento e determinação, por compartilharem seus conhecimentos conosco, jamais esquecerei seus ensinamentos. A vocês, minha eterna gratidão! 
“Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens”.
Pitágoras
RESUMO
REIS, Lídia Caneschi dos. Medidas socioeducativas aplicadas ao menor infrator. 2019. 36f. Monografia (Graduação em Direito) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, UBM, RJ, 2019.
As medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes que cometem atos infracionais tem sua previsão no Estatuto da Criança e do Adolescente, as quais destinam-se a recuperação diante de sua condição e necessidade, com objetivo de reeducá-los. O objetivo geral deste estudo foi apreciação das medidas socioeducativas, a eficácia de tais medidas previstas no ECA, adotadas pelo Estado como uma forma de tutela e punição a menores infratores. Para atender esse objetivo, este estudo teve como base a pesquisa bibliográfica. Conclui-se que as medidas socioeducativas não são eficazes, visto seu caráter punitivo e não preventivo. A família é à base da sociedade e responsáveis pelos menores, inclusive na garantia de seus direitos fundamentais, conforme preza a Constituição Federal de 1988, mas quando a família por algum motivo não cumpre seu papel, e, esses adolescentes ficam em situação de risco e vulnerabilidade o papel passa a ser do Estado, visto sua responsabilidade com a família e com o menor. Quando o Estado, família e sociedade não atuam de forma preventiva, só resta a ressocialização desses adolescentes, quando o ato foi praticado, o que significa oportunizar, ter um olhar atento, propor ações voltadas para a educação, oportunidade de trabalho de resgata a dignidade.
Palavras-Chaves: Menor infrator. Medidas socioeducativas. Ressocialização.
ABSTRACT
REIS, Lídia Caneschi dos. Medidas socioeducativas aplicadas ao menor infrator. 2019. 36f. Monografia (Graduação em Direito) – Centro Universitário de Barra Mansa, Barra Mansa, UBM, RJ, 2019.
The socio-educational measures applied to the adolescents who commit infractions are predicted in the Statute of the Child and Adolescent, which are intended to recover before their condition and necessity, with the objective of re-educating them. The general objective of this study was to evaluate socio-educational measures, the effectiveness of such measures foreseen in the ECA, adopted by the State as a form of guardianship and punishment of juvenile offenders. To meet this objective, this study was based on bibliographic research. It is concluded that socio-educational measures are not effective, given their punitive and non-preventive nature. The family is the basis of society and responsible for minors, including the guarantee of their fundamental rights, according to the Federal Constitution of 1988, but when the family for some reason does not fulfill its role, and these adolescents are at risk and vulnerability, the role becomes the state, given its responsibility to the family and the minor. When the State, family and society do not act in a preventive way, there is only the resocialization of these adolescents, when the act was practiced, which means to opportunize, to have a close look, to propose actions focused on education, work opportunity to rescue dignity.
Key words: Minor offender. Educational measures. Ressalization.
LISTA DE ABREVIATURAS
ECA 	Estatuto da Criança e do Adolescente
ONU	Organização das Nações Unidas
CF	Constituição Federal
PSC 	Prestação de Serviço á Comunidade 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11
2 Breve histórico da legislação brasileira na proteção 
e garantia da criança e do adolescente...............................................13
3 DO ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS PRESENTES 
NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE............................................17
3.1 Definição de ato infracional previsto na legislação brasileira.......................17
3.2 O adolescente infrator.......................................................................................17
3.3 Espécies de medidas cabíveis segundo o Estatuto da Criança 
e do Adolescente.....................................................................................................19
3.3.1 Advertência.......................................................................................................20
3.3.2 Obrigação de reparar o dano............................................................................21
3.3.3 Prestação de Serviço à Comunidade (PSC).....................................................21
3.3.4 Da liberdade assistida.......................................................................................22
3.3.5 Regime de semiliberdade.................................................................................23
3.3.6 Internação.........................................................................................................24
3.3.7 Qualquer uma das medidas previstas no art. 101 do ECA...............................26
3.3.8 Remissão..........................................................................................................26
4 A APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS...............................27
4.1 O papel do Estado eda família no processo de recuperação 
e ressocialização do menor infrator.......................................................................28
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................33
REFERÊNCIAS.........................................................................................................35
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo discorre sobre a efetiva ressocialização de jovem infrator, com intuído de apreciar aspectos positivos relacionados a este tema. Diante de tal importância para a sociedade, as medidas socioeducativas para a reestruturação do menor tornam-se necessário, como um mecanismo utilizado pelas autoridades como meio de viabilizar e responsabilizar o adolescente que esteja em conflito com a lei. 
As medidas socioeducativas são passíveis como uma forma eficaz para combater e coibir que esses jovens venham a praticar novos atos ilícitos e sua aplicação será realizada por um juiz da infância e da juventude, onde, no primeiro momento, devem-se analisar as circunstâncias e a gravidade da infração praticada pelo menor, além da personalidade do adolescente e referências familiares. A aplicação das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) devem ser de acordo com a proporcionalidade entre a infração praticada e a penalidade que será imposta, de modo a fazer com que o menor seja punido de maneira proporcional e, assim, realizada a sua ressocialização.
O ECA previsto na Lei nº. 8.069 de 1990 vêm como base importante para o devido entendimento do direito das crianças e dos adolescentes, como uma atenção a mais aos menores que cometem algum ato infracional. O real objetivo dessa lei é proteção integral da criança e do adolescente com a aplicação de medidas socioeducativas que visam permitir a sua remissão dos maus atos praticados e de procedimentos pedagógicos que possam desenvolver o conhecimento e a integração na sociedade, de modo que o adolescente possa ser inserido no convívio da uma sociedade, sem que cometa novas condutas ilícitas. As medidas socioeducativas não devem ser aplicadas somente quando o menor venha a praticar um determinado crime, se for assim, a medida perderá o aspecto de proteção social e educativa, e será uma pena a ser cumprida pelo jovem infrator.
O presente tema aborda aspectos relevantes para a ressocialização do menor infrator, baseando-se na eficácia das medidas socioeducativas para a criação de uma sociedade mais segura e na formação de crianças e adolescentes que em algum momento, cometeram algum tipo de crime. Neste sentido, o tema sobre a eficácia das medidas socioeducativas aplicadas ao menor infrator é de extrema importância para a sociedade em si e um reconhecimento a mais de tais medidas adotadas pelo Estado.
Assim, pergunta-se: medidas socioeducativas elencadas pelo ECA são aplicadas de forma eficaz, ou seja, o Estado cumpre seu papel diante dos atos praticados pelo menor infrator?
Em hipóteses pode-se colocar que o ECA apresenta inúmeras medidas, tais como, advertência, a obrigação de reparar o dano, prestação e serviços à comunidade, liberdade assistida, regime de semiliberdade e a internação, as quais serão expostas no decorrer desse estudo, mas, a efetividade de tais medidas não pode não estar sendo suficientes para coibir as infrações cometidas por essa parcela da sociedade.
O objetivo geral a ser alcançado com o trabalho é a apreciação das medidas socioeducativas, a eficácia de tais medidas previstas no ECA, adotadas pelo Estado como uma forma de tutela e punição a menores infratores. Para chegar ao objetivo geral, o estudo apresenta seus objetivos específicos: realizar um levantamento histórico sob a luz da legislação brasileira quando a proteção e garantia da criança e do adolescente; apresentar questões relevantes acerca do ato infracional praticado por menores, e; evidenciar se medidas socioeducativas são aplicadas de forma eficiente e concreta para a melhoria social de menores infratores, apontando o papel do Estado e da família na ressocialização e recuperação do menor.
Com tantos casos concretos de violência cometidos por menores, que tanto assusta a população, este é um tema de extrema relevância para a sociedade. Todos os dias a sociedade é surpreendida por casos envolvendo menores, o que é alarmante e precisa de todos os olhares voltados para este assunto. 
Com o crescimento da violência praticada por menores, surgem dúvidas e discussões quanto à eficácia da aplicabilidade das medidas socioeducativas, de modo a se perguntar se os caminhos a serem percorridos na busca da recuperação do menor infrator e de sua reinserção na sociedade estão sendo percorridos de forma eficaz. Por falta de oportunidades e descaso das autoridades do Estado, o menor muitas vezes não consegue enxergar uma opção de melhoria de vida, se envolvendo no mundo do crime, por ser algo fácil e que de certo modo, não há uma devida punição a estes casos. Isso é muito comum. 
Por ser tratar de um tema extremamente atual, o embasamento teórico utilizado para fundamentar este trabalho é através do ECA, previsto na Lei n° 8.069/90 e embasamentos de doutrinadores que possuem grande conhecimento sobre o tema. Revelando-se uma pesquisa bibliográfica.
2 BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA PROTEÇÃO E GARANTIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
Nem sempre a criança e o adolescente tiveram um tratamento de proteção por parte do Estado e legislação, tendo nesse passo, o Estado somente o dever de agir somente quando crianças e adolescentes estivessem em situação irregular, sendo excluída do Estado o dever da proteção e da garantias de direitos.
Pilau e Vieira (2013, p.1540), asseveram que “as constituições de 1824 e de 1891, não expressaram preocupação à proteção da criança e adolescente, prevendo apenas em alguns diplomas legais o abandono e a criminalidade na população infanto-juvenil”. Contudo, nesse período, crianças e adolescente só eram punidos e não tinha proteção do Estado, ficando a cargo da família da proteção dos menores, como eram chamados no período citado.
Com a Revolução Industrial do século XX surgiram muitos órfãos e com isso, o crescimento da criminalidade na população infanto-juvenil. No mesmo período houve no Brasil, o surgimento da mão de obra infantil nas fábricas sem qualquer proteção, ou seja, esses eram submetidos a todos os riscos que afetam seu desenvolvimento físico e mental (PILAU; VIEIRA, 2013, p. 1540).
A preocupação com a regulamentação dos direitos da criança e do adolescente passou a ser além fronteiras, quando no âmbito internacional houve várias tentativas de reconhecer e esses direitos, como a Declaração de Genebra em 1924 que evidenciou a primordialidade quanto à implantação do princípio da proteção integral (SARAIVA, 2011).
Mais tarde, em 1927, foi sancionado o Código de Menores do Brasil, chamado de Código Mello Mattos, o qual assegurava que a criança merecedora de tutela do Estado era o "menor em situação irregular", de 0 a 18 anos (PAES, 2013). Essa situação irregular era com base em menores de idade que estivessem abandonados e fossem delinquentes, ainda que de forma parcial, esse Código significou um avanço, pois, obrigava ao Estado garantir a tutela dos menores em situação irregular. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos surge em 1948, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), apontando “a importância de garantir os direitos e de assistir de maneira especial às crianças” (SARAIVA, 2011, p. 16).
No Brasil, a Constituição de 1967, não trazia previsão de quaisquer direitos para crianças e adolescentes e, restringia-se a assistência à maternidade, à infância e à adolescência, de forma assistencialista sem caráter jurídico de direitos fundamentais (MORAES; RAMOS, 2016). Destaca-se que o Código de Mello Matos, continuou a vigorar nesse período.
“O Pacto de San José da Costa Rica trouxe em seu artigo 19, em 1969, o direito às crianças e adolescentes da contar com as medidas deproteção consideradas necessárias à sua condição de pessoa em desenvolvimento, seja por parte da família, da sociedade ou do Estado” (SARAIVA, 2011, p. 16). Dessa forma, o Código de Mello Matos foi substituído pelo Código de Menores em 1979, sob a influência da legislação internacional, entrando em vigor nos últimos dias da ditadura.
Assim, já com influência da legislação internacional, o Código de Mello Matos é substituído, em 10 de outubro de 1979 foi sancionado o Código de Menores, que entrou em vigor nos últimos anos da ditadura.
Nas palavras de Zapater (2019, p.22): 
Pretendia ser mais um exemplo do rigor autoritário dos ditadores militares. O texto adotou a denominada doutrina da “situação irregular”, que dispunha sobre a assistência, proteção e vigilância a menores de até dezoito anos de idade, que se encontrassem em situação irregular.
Nesse período, crianças e adolescentes em situação irregular não eram classificados como pessoas sujeitos de Direito, mas como objetos de tutela e intervenção dos adultos (ZAPATER, 2019). Fazendo do menor um objeto da norma. Para tanto, nesse caso, situação irregular é quando o menor se encontra em estado de patologia social, fora dos padrões estabelecidos. Seria então objeto de proteção, sem reconhecimento enquanto sujeito de direito, mas como incapazes.
Porém a conquista dos direitos da criança e adolescente veio e ganhou força com a Constituição Federal de 1988, sendo atualmente reconhecidos direitos fundamentais às crianças e adolescentes (TEIXEIRA, 2015).
A Carta Magna atribui o dever de garantir com absoluta prioridade os direitos aos cidadãos em formação, pela família, sociedade e pelo Estado, conforme disciplinado no art. 227, caput, da citada Constituição.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, s.p.).
Conforme posição de França e Gonçalves (2010, p.84):
(...) para que a pessoa humana possa ter dignidade (CF, art. 1º, III) necessita que lhe sejam assegurados os direitos sociais previstos no art. 6º da Carta Magna (educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados) como "piso mínimo normativo", ou seja, como direitos básicos.
O princípio da dignidade da pessoa humana é um dos mais importantes do Estado Democrático de Direito, até porque é dele que derivam todos os outros. 
Cabendo destacar que a Constituição brasileira de 1998, consagrou tal princípio pela primeira vez na história das Constituições do país. Colocou tal o princípio da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil constituída em Estado Democrático de Direito, conforme seu art. 1º, inciso III. Além de abarcar o princípio da dignidade da pessoa humana, “a Constituição Federal de 1988 trouxe, também o mínimo existencial ou o piso mínimo normativo, e suas garantias, de acordo com o entendimento da Assembleia Constituinte” (BRASIL, 1988, s/n.).
Com a Constituição Federal de 1988 foi possível que sob o aspecto da proteção integral que os infantes fossem reconhecidos como sujeitos de direitos, em pleno desenvolvimento, sem distinção de qualquer forma, sendo absoluta e prioridade a proteção e garantia de direitos desses.
O que se confirma que consagrado o texto constituição a criança e o adolescente passaram a serem detentores de direitos, sendo essa etapa da vida resguardada pelo ordenamento pátrio brasileiro. O que não ocorria de fato em Constituições anteriores (AZAMBUJA, 2006).
Sendo promulgado em seguida, no ano de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com base nas conquistas da Constituição Federal de 1988. O texto constitucional rompe definitivamente a ideia de intervenção e tutela do mundo adulto e a substitui pela proposta de proteção integral e retificada pelo ECA.
Para Rossato; Lépore; Cunha (2013, p.25), 
os menores deixaram a condição de objetos e passaram a serem detentores de direitos, ou seja, sujeitos de direitos. Passaram então a serem detentores de garantias fundamentais, são também portadores de direitos especiais. 
De acordo com o ECA as políticas de proteção integral, além dos deveres e direitos já falados aqui e de acordo com o artigo 227 da Constituição de 88, o artigo 4º do ECA, colabora e determina que os infantes devem ser prioridade, devem estar no topo das políticas públicas, devendo os governantes terem uma maior preocupação para com as crianças e adolescentes (BRASIL, 1990).
Assim, assevera o ECA em seu artigo 4º:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990, s/p.). 
Com todos os atores envolvidos na proteção e garantia de direitos da criança e do adolescente, segundo o citado artigo, a família vem como célula primordial, na atenção e cumprimento do mesmo, o que faz dessa instituição a maior responsável na proteção, formação e desenvolvimento da criança e adolescente no seu convívio social. 
Em seus diversos artigos, o ECA estabelece a proteção da criança e do adolescente, como é o caso do artigo 22: “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir determinações judiciais”. 
Garantindo ainda, no seu artigo 59, meios para que o menor tenha acesso à cultura, esporte e lazer, com a finalidade de melhor desenvolvimento, uma vez que quando não incentivados, acompanhados, muitos podem acabar tomando o caminho dos atos infracionais.
3 DO ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS PRESENTES NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Este capítulo versa a respeito da definição de ato infracional, em seguida sobre as medidas socioeducativas, expondo sobre cada uma delas.
3.1 Definição de ato infracional previsto na legislação brasileira
O ECA define ato infracional em seu art. 103: considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal (BRASIL, 1990). Houve aqui a preocupação em oferecer um tratamento diferenciado ao menor infrator, com base em suas condições e peculiaridades. Diferenciou também ao referir à sua conduta quando utilizou o termo ato infracional, se direcionando as condutas delitivas praticadas pelo menor infrator, diferenciando da denominação crime, a qual é utilizada pelo Código Penal, para os não menores.
Nas palavras de Saraiva (2011, p. 31-32) “é a própria definição da espécie inclui a garantia da observância do princípio da tipicidade, que exige subsunção da conduta àquela descrita pela norma penal. Assim só há ato infracional se houver figura típica penal que o preveja”.
A distinção entre crime e ato infracional se dá para que a utilização dos termos não sejam má utilizada ao denominar o indivíduo. Quando o ECA surgiu para tratar especial e penalmente o menor de dezoito anos que necessidade de tratamento diferenciado pela sua condição jurídica.
Para Nogueira (1998), não há diferença entre os dois termos, uma vez que ambos constituem condutas contrárias ao direito positivo e se situam na categoria do ilícito jurídico. Contudo, quando o adolescente pratica o ato infracional ele está sujeito as medidas socioeducativas, respeitos os princípios inerentes ao adolescente, respeitando sua condição jurídica.
3.2 O adolescente infrator
A indústria de consumo e os meios de comunicação em massa interferem no comportamento do adolescente, a ponto de influenciar em suas decisões, de forma negativae positiva, dependendo oportunidades e condições de vida do sujeito no seu contexto social. 
O processo de marginalização do indivíduo é fruto dos aspectos da exclusão social. Ser marginalizado significa estar à margem, excluído do seio social. Quando o indivíduo esta à margem, infelizmente ele não recebe o devido aparato do Estado, ficando vulneráveis a adquirir os meios de consumo sugeridos pela mídia e pela sociedade, para que ele se sinta incluído e aceito em determinado meio social. Tendo nesse caso, a prática dos atos ilícitos quando esses adolescentes não conseguem adquirir coisas e objetos que fazem parte de seus anseios, enquanto consumo. 
A prática de atos infracionais por adolescentes remete a questionamentos ganhando um conjunto de informações e reflexões fundamentais para um conhecimento maior do tema. Pois a repetição de preconceitos e estigmas, apresentados pela sociedade traz novas abordagens permitindo evoluir no sentido de consolidar um tratamento cidadão a estes adolescentes. 
Segundo Volpi (2006), contradizendo a Carta Magna brasileira, há no Brasil um grande número de crianças e adolescentes expostas a diversos tipos de violência pela família, Estado e sociedade. O mesmo autor assevera que a sociedade, por exemplo, se mobiliza quando ocorre violência pratica pelo adulto contra o adolescente, mas quando o adolescente pratica atos que agride, ou seja, quando pratica ato infracional, a sociedade se posiciona de forma preconceituosa, os caracterizando como desqualificados, sem analisar a situação (VOLPI, 2006).
Mas o que leva um adolescente a cometer ato infracional? Os motivos são diversos, as drogas, a influência de amigos e as condições sociais, podem ser apontadas como alguns desses.
Sendo apontado também como a violência promovida contra crianças e adolescentes, auxilia a fabricação da prática do ato infracional. Acrescenta-se ainda, que no campo pedagógico, essa prática tem origem histórica (D’AGOSTINI, 2011).
A prática delituosa ou criminosa é uma prática que não faz parte de um estado natural do homem, principalmente quando esse é uma criança ou adolescente e neste caso, vê-se que isso é decorrente de algumas faltas, e que são muitas.
Segundo D’Agostini (2011, p.25):
As faltas estão na educação, no amor, respeito até entendimento, tolerância etc., que lhes possibilitem um bem e bom viver, com dignidade e a desenvolver relações amorosas e sadias. São faltas que os levam a transgredir as leis e as normas entendidas como de boa convivência social.
Contudo, o Estatuto preconiza os direitos, mas também os deveres, quando neste caso, estabelecem uma forma de prevenção para corrigir o adolescente quando esse infringir a lei e cometer um ato infracional, buscando a sua ressocialização, evitando a sua reincidência.
Os distintos aspectos da problemática social podem ser percebidos de formas diferentes. Dimensões como a da saúde física e emocional, conflitos inerentes a condição de pessoa em desenvolvimento e aspectos estruturais de personalidade precisam ser considerados. Por essas razões sugere-se que o tema do adolescente infrator seja considerado na sua relação específica com sistema de justiça. As demais problemáticas que afetam os adolescentes são objetos da atuação do Estado mediante o conjunto das políticas públicas. 
Sendo possível que haja a reeducação do adolescente que por alguma ocasionalidade infringiu a lei, podendo este voltar ao convívio social restabelecendo o contato com o meio social. O Estado deve ter o devido cuidado para com estes, trabalhando de forma ampla dando a eles oportunidade de usufruir de seus direitos como cidadão. 
3.3 Espécies de medidas cabíveis segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente 
As medidas socioeducativas possuem conteúdo pedagógico (educacional), orientação protetiva (direitos humanos) e especial (absoluta prioridade na efetivação dos direitos e garantias fundamentais). E se constitui num ambiente legislativo destinado a resolução adequada dos casos concretos que envolvem interesses indisponíveis (conflito de interesses), direitos individuais (ameaças ou violados) e garantias fundamentais (inobservância e desrespeito) afetas ao adolescente a que se atribuía a prática de ato infracional (RAMIDOFF, 2007). 
Dessa forma, sua prioridade são os aspectos educacionais e de proteção, sendo dever do Estado dar garantias fundamentais de direitos, proporcionar condições dignas para a reeducação do adolescente infrator. No artigo 112 do ECA estão elecandos os possíveis meios de responsabilização, aplicáveis ao adolescente infrator, os quais objetivam a ressocialização do mesmo.
A seguir as medidas verificada a prática ato infracional, aplicadas pela autoridade competente: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI (BRASIL, 1990, s/n.).
 
Cada uma dessas medidas apresenta características diferentes, serão cumpridas em meio fechado ou aberto. Essas medidas são aplicadas de forma específica de acordo com a capacidade do adolescente de cumpri-la; circunstâncias e gravidade da infração. Em seguida, será exposta cada uma delas.
3.3.1 Advertência
A advertência é a primeira medida e a mais leve. Essa medida consiste em uma admoestação oral ao adolescente que praticou o ato infracional, conforme artigo 115 do ECA.
Consiste este em uma admoestação oral ao adolescente que incorreu na prática de ato infracional, durante entrevista com um juiz da Vara da Infância e Juventude, são aplicadas as infrações de menos importância, como forma de alertar os pais a respeito das atitudes do adolescente. Essa é a medida mais usual na legislação do menor, inclusive, já era prevista no primeiro Código de Menores, de 1927, no artigo 175.
Contudo, de forma singela essa medida busca repreender jovens que por algum motivo, impulsionado pela própria etapa da vida cometem algum ato infracional. A respeito dessa medida, Lima (2008, p.371):
O ato de advertir, não obstante guarde em sua estrutura semântica um componente sancionatório, tem como propósito evidente um caráter pedagógico ou sócio-educativo. Sua aplicação deve balizar-se no respeito à saúde física e mental do menor, sendo defeso, por quem quer que empregue a medida, qualquer tipo de violência ou opressão.
Há quem se posicione ao contrário, não considerando essa medida leve, 
advertência aplicada pelo juiz ou pelo promotor de justiça carece de instrumentos interdisciplinares que demonstrem ao adolescente o desvalor de sua conduta e o seu próprio valor como protagonista da transformação da sua realidade. Na prática, porém, funda-se a advertência em uma relação de poder, de exercício de autoridade; e impõe sanção quando deveria fazer compreender regras sociais (JESUS, 2006, p.85).
Contra ou a favor, o fato é que para aplicação dessa medida, deverá a autoridade competente ter de forma suficiente claro a autoria do ato infracional e prova da materialidade do ocorrido. Basta o procedimento apuratório.
3.3.2 Obrigação de reparar o dano
Essa medida é pouco utilizada, visto a necessidade de boas condições econômicas. Conforme artigo 116, § único do ECA: 
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada (BRASIL, 1990, s/n.).
A obrigação de reparar o dano objetiva despertar no jovem que praticou o ato infracional, o sendo de responsabilidade em face do outro do que lhe pertence. Prevendo a lei que os pais do adolescente devem assim que possível ressarcir o dano causado. Diz respeito às questões patrimoniais.
Também previstas nos Códigos de Menores de 1927 e 1979. Essamedida deve buscar reparação do dano causado à vítima, sempre sob o prisma da orientação educativa, qual seja sua ressocialização, podendo ocorrer à substituição por outra medida, quando assim, se fizer necessário. 
3.3.3 Prestação de Serviço á Comunidade (PSC)
Como uma inovação, a PSC serve como uma alternativa à privação da liberdade do infrator, sendo esse o seu grande mérito. Esta medida possui teor socializante. É uma medida considerada a que possibilita transformação da vida do menor infrator, quando esse por meio dessa medida é capaz de refletir a respeito de suas atitudes e formas de ressocialização, dentro do ambiente social, permitindo que esse adolescente se sinta útil para a sociedade. 
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho (BRASIL, 1990, s/n.). 
A PSC, não poderá exceder seis meses e deverá ser útil a sociedade e o adolescente por meio desta medida, deverá entender que essa prestação de serviços faz parte de um processo reeducativo e não como uma pena, apesar do apelo punitivo. E, por isso, sua submissão deve ser carregada de conteúdo pedagógico. Essa medida é considerada por Cavalcante (2013, p.387):
De grande e positivo impacto social, também do trabalho político profundo frente ao problema da violência; o que possibilita ao Estado a formação de políticas públicas profundas, e não paliativas, no que tange a justiça e segurança; engajamento cada vez mais constante dos movimentos sociais comprometidos com uma discussão e formulação de uma política de nível em torno da problemática; o que, com grande probabilidade, gerará ressonância na sociedade. 
Essa medida contribui para a assistência a instituições de serviços comunitários, incentivando o voluntariado. 
A letra da lei informa quais os lugares em que os adolescentes poderão cumprir a medida sócio-educativa de prestação de serviços à comunidade, que são nas entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, ou seja, estabelecimentos que prestem serviços públicos ou de relevância pública, municipais, estaduais ou federais (CURY; PAULA; MARÇURA, 2002, p. 106). 
Com seu valor pedagógico, essa medida deve interferir na esfera de direitos do menor, obedecer ao devido processo legal, garantindo a utilização das garantias processuais, sendo necessário a existências de provas da autoria e da materialidade do ato infracional.
3.3.4 Da liberdade assistida
Originária do Código Mello Mattos e também no Código de Menores revogado, a aplicação da medida liberdade assistida vem crescendo, sendo entendida pela doutrina como a melhor medida para a recuperação do adolescente, inclusive que este puder permanecer no convívio de sua família.
Conforme preconiza o artigo 118 do ECA e seus parágrafos: 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 1º. A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. § 2º. A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor (BRASIL, 1990, s/n.).
Essa medida além de manter o convívio do adolescente infrator com sua família, no seu cumprimento, a liberdade de ação deste ficará sob a assistência e apoio do Juizado e da comunidade. Sendo nesse caso, a intenção do legislador consagrar a importância da família, mas sem perder de vista as restrições legais a liberdade e direitos do infrator.
3.3.5 Inserção em regime de semiliberdade
Essa medida poderá ser aplicada como forma de colocar o adolescente internado em semiliberdade, ou ainda, em casos em que os atos infracionais não sejam tão graves que precise ser internado e nem tão tênues para aplicação das demais medidas. De forma que o jovem trabalhe e/ou estude durante o dia, retornando para a instituição à noite.
A semiliberdade objetiva ação socioeducativa, por isso, não priva a liberdade total. Essa medida não pode ser revogada, ela tem caráter ressocializador. Conforme o Estatuto que protege a criança e o adolescente:
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. §1º. É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade (BRASIL, 1990, s/n.).
Com a obrigatoriedade à escolarização e a profissionalização, essa o regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. 
Essa medida é importante porque contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Diferenciando do sistema de internamento por admitir a existência de atividades externas, sem vigilância. Assim, a semiliberdade se fundamenta no fato de que o adolescente terá senso de responsabilidade e aptidão para ser reinserido na comunidade.
3.3.6 Internação
A medida socioeducativa de internação (artigo 121, ECA) é considerada a mais severa das medidas, aplicadas quando as infrações cometidas pelo adolescente têm natureza grave ou quando as demais citadas não se enquadram. 
O Estatuto enfatiza que esta medida guarda em si, aspectos pedagógicos por meio de práticas educativas e coercitivas e não punitivas e repressivas. Não devendo a privação de liberdade ser encarada como punição, mas como um recolhimento que apenas limita o direito de ir e vir, para posterior inclusão no meio social. Ainda que ocorra a privação da liberdade do adolescente infrator, a internação constituições princípios fundamentais como, brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
A medida de internação é antiga, existe antes do ECA, herdada do Código Penal, com constantes mudanças, atualmente com um caráter mais educativo (artigo 121 e 125 do ECA). Assim, o Estatuto em seu artigo 121, preconiza:
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. § 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
Essa então é a mais restritiva das medidas socioeducativas previstas pelo ordenamento, visto a privação de liberdade de ação do indivíduo, neste caso, do adolescente infrator. Para Meneses (2008, p.97) “esta medida é um mal necessário, para o autor, mal por que não existe bondades na punição, necessário porque a contenção também se identifica com a paz social, contrariamente, Baratta (2006, p.397)assevera que “O bom internato é aquele que não existe”. 
A internação somente será permitida nos casos elencados no artigo 122:
Artigo 122: A medida de internação só será aplicada quando: I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II- por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. §1º O prazo de internação na hipótese do inc. III deste artigo não poderá ser superior a três meses. §2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada (BRASIL, 1990, s/p.).
Finalizando este adolescente deve cumprir a medida em estabelecimento exclusivo para ele. Havendo separação entre infratores, faixa etária, gravidade de infração, para que assim, a segurança do adolescente seja preservada.
A seguir um entendimento do Tribunal de Justiça quanto à sua aplicação:
APELAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. INSERÇÃO EM REGIME DE SEMILIBERDADE. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE APLICAÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. CABIMENTO. REITERAÇÃO NO COMETIMENTO DE INFRAÇÕES GRAVES. CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DESFAVORÁVEIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. A medida de internação por prazo indeterminado é de aplicação excepcional, de modo que somente pode ser aplicada quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou por reiteração no cometimento de outras infrações graves, ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta, nos termos do artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
2. Na espécie, mostra-se adequada a aplicação da medida de internação ao adolescente em face da reiteração no cometimento de infrações graves, bem como em razão de que o quadro em que se insere o adolescente sinaliza a real necessidade de o Estado intervir, com o intuito de ressocializá-lo, reintegrando-o à vida em sociedade.
3. Relevante é que o menor registra outras onze passagens pela Vara da Infância e da Juventude, por atos infracionais descritos como roubo, tentativa de homicídio, porte e uso de drogas, lesões corporais recíprocas, danos e lesões corporais, já lhe tendo sido aplicadas medida socioeducativa de liberdade assistida e prestação de serviços a comunidade, posteriormente reformada, em grau de recurso, para a medida socioeducativa de semiliberdade.
4. Recurso conhecido e provido, para reformar a sentença e aplicar ao adolescente a medida socioeducativa de internação, por prazo indeterminado, não superior a 03 (três) anos, com base no artigo 112, inciso VI, da Lei nº 8.069/1990.
(20080130006442APE, Relator ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2ª Turma Criminal, julgado em 26/02/2009, DJ 15/04/2009 p. 141) (DISTRITO FEDERAL, 2009).
Embora tardia, os direitos do adolescente privado de liberdade é considerada uma conquista. Destacando que o sistema de garantias trazidos pelo ECA faz com que categoria do adolescente infrator deixe de ser sociológica e passa a ser jurídica restrita. Percebe-se que essa medida estudada adotada em casos de extrema gravidade, pois, devido a gravidade do caso, não haveria outra medida que atenderia a necessidade de ressocialização, inclusive se já houverem sido aplicadas sem obtenção de êxito.
3.3.7 Qualquer uma das medidas previstas no art. 101 do ECA
O prevê o artigo 112, inciso VII, a possibilidade de aplicação pela autoridade competente de qualquer uma das medidas previstas no artigo 101, I a VI. Tal dispositivo refere-se a medidas específicas de proteção, tais como encaminhamento a pais e responsáveis, acompanhamento temporário, matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento de ensino fundamental, inclusão em programa comunitário, tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos (BRASIL, 1990).
3.3.8 Remissão
A remissão é uma medica utilizada entes de iniciado o procedimento judicial, prevista nos artigos 126 e 127 do ECA, se iniciado o procedimento, o processo poderá ser suspenso ou extinto. 
A palavra remissão tem sentido de dar clemência, perdoar, esquecer a falta praticada, enfim uma desistência, renúncia ou absolvição. Sendo assim verifica-se três modalidades de remissão previstas no Estatuto, quais sejam, a remissão do processo prevista no caput do art. 126 e as outras são as disciplinadas no parágrafo único que extinguem ou suspendem o processo (SHECAIRA, 2008, p.213). 
Essa medida trata-se de um direito especial da Promotoria da Infância e da Juventude que poderá se abstiver de provocar o juízo com o fim de poupar o adolescente de uma medida judicial, havendo motivos antes de formalizar a representação. 
4 A APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Este capítulo apresenta a aplicabilidade das medidas socieducativas, apontando que somente essas medidas não são suficientes, uma vez que falta a prevenção a qual deve ser antes de tais medidas, uma vez que essas operam quando a infração da ocorreu. Sendo desta forma, papel em conjunto, família, sociedade e Estado devem atuar para a prevenção de tais infrações.
As razões pelas quais poderiam levar os jovens a cometerem delitos são de relevância importância, uma vez que tanto a Constituição quanto a Legislação aplicada ao jovem prevêem responsabilidades e deveres no amparo aos menores. Tendo como base a fase de crescimento e transformação que vive o adolescente, o que justifica a legislação em proteger, mas também em disciplinar assuntos relacionados a pessoas com idade de transição a fase adulta. 
Conforme relata Shecaira (2003, p.103):
Os adolescentes vivem em um influxo muito grande de colegas e amigos nesta fase, existindo uma forte tendência em rejeitar valores sociais institucionalizados pelo mundo adulto, assim esta união criada entre si os leva a cultivarem seus próprios valores e padrões de existência. 
Contudo, nota-se que na atualidade, muitos adolescentes que ingressam na criminalidade perdem sua vida precocemente, ou seja, antes de ser recuperados e quando atingem a maioridade tendem a permanecer na criminalidade, isso representa uma falha nas primeiras medidas aplicada ao menor infrator.
Vetores socioeconômicos também são apontados para as manifestações criminosas que se relacionam com ás drogas, crime contra vida, contra o patrimônio com grave ameaça, etc., porém como explicar a inserção de jovens de classes mais afortunadas envolvidos com crimes de tal natureza. Contudo para Shecaira (2003), é praticamente impossível encontrar uma relação absoluta entre causa e efeito para identificar a criminalidade juvenil.
Para Shecaira (2008, p.117):
Em outros casos são levados ao envolvimento criminal por inexistirem projetos de vida fora da criminalidade, uma vez que a sua convivência em grupo facilita ganhos concretos que não obteria por meios lícitos, principalmente jovens da periferia, aproveitam-se dessa força individual quando em grupo, para alcançarem seus ganhos por meio da violência.
Há apontamentos também para a comunicação de massa que em bastante influencia a formação de valores da sociedade com seus programas persuasivos sobre violência, filmes e outros programas que influenciam no campo da criminalidade juvenil (SHECAIRA, 2008, p.128). Essa influencia ocorre porque o adolescente tem sua personalidade ainda em desenvolvimento e por sim são facilmente levados pelo meio em razão da larga exposição de violência. 
4.1 O papel do Estado e da família no processo de recuperação e ressocialização do menor infrator
Os direitos da criança e do adolescente são preconizados pelo ECA no artigo 3º. Direitos esses os inerentes à pessoa humana, direitos fundamentais, sem prejuízo de sua proteção integral, oportunizando a eles todas as oportunidades e facilidades, um desenvolvimento em condições de liberdade e dignidade.
Na realidade, percebe-se que inúmeras vezes esses direitos e seu exercício nãotêm sido efetivos, visto que muitos menores ainda passam por situações que marcam sua formação de forma negativa. Onde há no país crianças e adolescentes em situação de riscos e vulnerabilidade, expostos à violência, trabalho infantil, drogas, etc., o que possibilidade sua inserção na criminalidade, se expostos então às práticas de atos infracionais (SÁ, 2009).
Isso revela que não basta somente as medidas socioeducativas previstas no ECA, visto que sua aplicação ocorre após o cometimento das infrações, como uma ação repressiva do Estado. É preciso mais, as ações devem ser preventivas.
Contudo, o Estatuto veio dar cumprimento à constituição ao estabelecer instrumentos para alcançar os direitos nele previstos. Nas palavras de Coelho (2002, p.21):
“A lei não esgota a operacionalização as quais podem concretizar-se por meio de políticas públicas e atitudes efetivas da sociedade. As oportunidades e facilidades servem para embasar as políticas de Estado e a conduta de instituições, famílias e cidadãos”.
Dessa forma, a prioridade deveria ser a prevenção, atuando nas instituições responsáveis pela garantia dos direitos do menor e na sua proteção, sendo essa previsão contemplada pelo ECA.
Nesse passo, o artigo 227 da Constituição Federal (CF), contemplou a concepção de proteção integral ao afirmar a responsabilidade da família, da sociedade e do estado pela garantia dos direitos da criança e o adolescente, bem como a enumeração desses direitos:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito á vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, á profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, á liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1988, s.p.). 
Colocando ainda, essa parcela da sociedade, a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Contudo, capa expor a seguir dos papéis da família, da sociedade e do Estado na proteção dos menores.
A família é a primeira na co-responsabilidade pelo atendimento dos direitos da criança e do adolescente, já exposto essa hierarquia está presente no artigo 227 da CF/88. 
A mesma por se tratar de um poder paternal que na definição de Albergaria consiste no conjunto de poderes e deveres destinados a assegurar o bem-estar moral e material dos filhos, tomando de conta destes, mantendo as relações pessoais e assegurando sua educação, sustento, representação legal e administração de seus bens (ALBERGARIA, 1991, p.110). 
Entre as questões que envolvem a criminalidade, a família está entre as mais importantes instituições, é a família que tem a responsabilidade de repassar valores morais e pessoais, o que influenciará diretamente nos padrões de conduta do indivíduo em formação.
Assim, a família tem sua responsabilidade universalmente reconhecida. Sua responsabilidade é moral e para com o adolescente, é no seio dessa instituição que esse ser tem maior intimidade e possibilidade de revelar de forma mais rápida suas deficiências e as agressões e ameaças sofridas (DALLARI, 2002). A família é a instituição natural onde se faz a aprendizagem social e moral para a integração social.
E, continua o autor:
Se a família for omissa no cumprimento de seus deveres ou agir de modo inadequado, poderá causar graves prejuízos à criança ou ao adolescente, bem como a todos os que beneficiariam com seu bom comportamento e que poderão sofrer os males de um eventual desajuste psicológico ou social (DALLARI, 2002, p.23).
A personalidade do indivíduo constrói-se nos primeiros tempos de vida, isto é na infância, desenvolvendo-se na adolescência. Infância e adolescência são estágios básicos no desenvolvimento do ser humano, sendo os pais ou os seus substitutos os responsáveis pelas bases da formação da autoestima.
A criança, para crescer de forma equilibrada e completa, necessita de um círculo familiar sólido e harmonioso, que a crie e lhe dê afeto.
Conforme o artigo 19º do ECA (Lei nº 8.069/1990):
Art. 19: Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (BRASIL, 1990, s/n.).
No que concerne ao processo de socialização, a família assume, também, um papel decisivo, dado que modela e programa o comportamento e o sentido de identidade da criança e adolescente. À medida que dá os primeiros passos, a criança sente necessidade de desenvolver o sentimento de pertença e de integração sócio familiar. A vida da criança e do adolescente é influenciada pela forma como a família é construída. A relação familiar condiciona as suas experiências futuras, o seu desenvolvimento social, os estados emocionais e as suas expectativas.
A sociedade também tem seu papel na formação do adolescente, visto que a forma pela qual esta o trata influenciará na sua conduta social. 
Conforme assevera Shecaira:
A sociedade não é uma mera soma de indivíduos. O sistema formado pelas pessoas que interagem entre si representa uma realidade específica que tem suas próprias características, decorrência das idéias que servem de elemento de conexão para que as consciências estejam associadas e combinadas de certa forma (SHECAIRA, 2008, p.125). 
A forma como as pessoas pensam e interage uma com as outras e principalmente essa relação com o adolescente, será de sua importância na vida social para a promoção da paz pública. Quando as pessoas passam pelas ruas e se deparam com adolescentes pedindo, e, não proporcionam meios para que esse jovem exerça alguma atividade compatível com suas necessidades, a sociedade está negligenciando sua ajuda, debilitando as relações e desacreditando os valores presentes nela própria, propiciando a entrada desse indivíduo à delinquência. O vínculo social se estende, não mais somente com a família, mas com a escola, os amigos, o vizinho etc. (SÁ, 2009).
Dallari (2002) destaca que a comunidade pode mais facilmente perceber se os direitos da criança e do adolescente estão sendo assegurados ou negados e os riscos a que eles estão sujeitos. E, ainda:
É a comunidade quem recebe os benefícios imediatos do bom tratamento dispensado às crianças e aos adolescentes, sendo também imediatamente prejudicada quando, por alguma razão que ela pode mais facilmente identificar, alguma criança ou algum adolescente adota comportamento prejudicial à boa convivência (DALLARI, 2002, p.23). 
A solidariedade humana decorre do conjunto de pessoas que formam uma sociedade. E, nesse passo, as necessidades só se satisfazem através das relações de convivência entre as pessoas, sendo assim, importância que a solidariedade e responsabilidade da sociedade na participação da vida de adolescentes.
 [...] as crianças e os adolescentes são mais dependentes e mais vulneráveis  a todas as formas de violência, é justo que toda a sociedade seja legalmente responsável por eles. Além de ser um dever moral, é da conveniência da sociedade assumir essa responsabilidade, para que a falta de apoio não seja fator de discriminações e desajustes, que, por sua vez levarão à prática de atos anti-sociais (DALLARI, 2002, p.23). 
Em suma, também é papel da sociedade o respeito aos direitos relativos à dignidade do adolescente, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, o que será motivo para dispor a esse, confiança e credibilidade junto à sociedade, fazendo-o respeitar as leis e os valores, evitando que o mesmo desvie sua conduta para a deliquência.
Por último, o papel do Estado. Novamente dispõe-se aqui que não é suficiente atribuir toda a responsabilidade dos atos infracionais cometidos pelos menores apenas as instituições e aparelhos estatais. Sendo também necessária a efetiva participação de outras entidades ao aplicar as medidas que busque prevenir que os jovens entrem na vida do crime, o que podem ser realizado por projetos culturais, lazer, esporte e,principalmente, investimento em educação, sendo a escola instituição importantíssima na contribuição para formação e socialização do menor (SÁ, 2009).
Nesse passo, a responsabilidade do Estado é partilhada com a família e a sociedade, com a precípua função de prevenir as infrações entre menores, garantindo-lhes adequadas políticas assistenciais e educativas. Neste sentido, evocam-se a garantia de acesso às políticas sociais básicas, como saúde, educação, lazer e segurança. É por esta via que se previnem as privações, os preconceitos e o crescimento da delinqüência juvenil (CEARÁ, 2008, p.16). 
O ECA no seu artigo 125 dispõe ser dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança. Vê-se que se trata de uma condição de repressão, uma vez que está atuando após a prática da infração, ainda sim subsiste sua responsabilidade (BRASIL, 1990). Constata-se aqui que a atuação do Estado se dá tanto preventiva quanto repressivamente, sendo a prevenção vital para evitar a submissão do adolescente às medidas socioeducativas, as quais demonstram maior dificuldade para recuperação dos menores infratores e reintegração à vida social.
Completando o artigo 4º do mesmo Estatuto, menciona o que o dever do poder público já está contemplando a responsabilidade do Estado seja legislando, seja implementando medidas concretas para efetivação do que determina a lei, a fim de garantir os direitos e a proteção da criança e do adolescente. 
Os cuidados trazidos pela legislação são facilmente identificados na CF/88, no art. 23 que enumera algumas competências tais como o previsto no seu inc.II, que manda cuidar da saúde e assistência pública, e o inc. V, mandando proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência, bem como o inc. X que atribui competência comum para combater as causas de pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos (DALLARI, 2002, p.28).
A participação do Estado é necessária, inclusive é seu papel a obrigação legal de intervir, quando a família e a sociedade falharem. A proteção da vida faz parte de sua intervenção esteja esse adolescente em situação de rua ou mesmo sofrendo maus tratos ou violência dentro de suas casas, na companhia e tutela da família.
5 CONCLUSÃO
Ao longo da história muitas foram as leis e pactos para confirmar os direitos efetivos às crianças e adolescentes. Tendo os direitos fundamentais garantidos e firmados somente com a Constituição Federal de 1988 e a proteção integral com o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990.
O Brasil apresenta um número assustador de adolescentes em conflito com a lei. Com intuito de recuperar tais adolescentes, o legislador propôs as medidas socioeducativas com conteúdos pedagógicos, protetivos e especial visto em sua ordem, educação, direitos humanos e garantia dos direitos fundamentais.
A Constituição Federal do Brasil elenca a responsabilidade do Estado e da família para a efetiva ressocialização do menor infrator, mas, com caráter repressivo e não preventivo, na realidade, tais medidas acabam não gerando efeito, ao contrário, muitas vezes perpetua no jovem um estigma de egresso do sistema, fazendo que ele continue a ser visto como um deliquente, ainda que essas medidas busquem a recuperação.
Então se fala em prevenção. O Estado é tutor da família e da sociedade. As duas têm importante papel no tratamento ao indivíduo em desenvolvimento e formação. O Estado é ineficiente quando se preocupa com a punição em detrimento da prevenção, mas a responsabilidade não é só do Estado. A família é a base da sociedade, é no seio desta entidade que o adolescente se forma, apoiando em seus valores, atitudes crenças etc.
Mesmo que o ECA seja completo e revestido de medidas socioeducativas que objetivam uma ressocialização digna aos infratores, os erros cometidos pelas famílias, sociedade e/ou principalmente por parte do Estado, não permitem a execução efetiva de tais medidas, fazendo a falta de confiança na eficiência do Estatuto possibilitar a prática reiterada de atos infracionais. 
A deliquencia nesta faixa etária é fruto de problemas sociais, crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade, vivendo a margem da sociedade acaba seduzido pelo caminho da criminalidade.
Contudo, quando a família não faz, o Estado deve fazê-lo, sendo deste ente o papel de proteger a família e criar mecanismos para a prevenção da criminalidade e ressocialização quando o ato infracional já ocorreu.
Ressocializar é permitir que a dignidade humana seja resgatada e criar projetos que ofereçam educação, lazer, esportes, cursos profissionalizantes etc., e acompanhar as famílias e conscientizar a sociedade. Fazer com que esses jovens não pratiquem atos infracionais, mas se assim o fizer, oferecer a ele o retorno a sociedade de forma digna para que a reincidência não aconteça.
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