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Introdução/Objetivos
Nesta nossa disciplina trataremos das estruturas e das organizações dos órgãos das principais carreiras
jurídicas, com o objetivo principal de dotá-lo de conhecimentos elementares ao exercício dos diversos
ramos das carreiras jurídicas inerentes à estrutura do Judiciário nacional e das funções essenciais à Justiça.
Nos exercícios propostos serão abordados os tópicos sobre o Poder Judiciário brasileiro, Magistratura,
Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Polícia Judiciária. A disciplina destina-se também
a estudar os comportamentos éticos de cada profissão das diversas carreiras jurídicas.
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que
se dedique ao menos três horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos, as
videoaulas e realizando os exercícios de autoavaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o
que estudar, semana a semana.
Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo os assuntos que deverão ser estudados
e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo,
você deverá buscar entender muito bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão
será maior se você acompanhar também a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso ao
longo dos estudos.
Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas
UNIDADES
UNIDADE I: Introdução. Ética e Justiça. Poder Judiciário. Magistratura.
UNIDADE II: STF. STJ. Justiça do Trabalho. Justiça Eleitoral. Justiça Militar. Justiça Comum.
UNIDADE III: Ministério Público. Polícia Administrativa e Judiciária. Advocacia.
Nota: ver abaixo as referências bibliográficas para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Básica:
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 34ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.
VALLS, Álvaro Luiz Montenegro. O que é ética. 9ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.
WAGNER JUNIOR, Luiz Guilherme da Costa; et al. Poder judiciário e carreiras jurídicas. 5ª ed. São
Paulo: Atlas, 2014.
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Bibliografia Complementar:
CALAMANDREI, Piero. Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados. E-book. 1ª ed. 2013.
MAZZILLI, Hugo Nigro. Introdução ao Ministério Público. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 13ª ed. São Paulo: RT, 2016.
RAMOS, Gisela Gondin. Estatuto da advocacia. Comentários e jurisprudência selecionada. 6ª ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2013.
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INSTITUIÇÕES JUDICIARIAS E ÉTICA
Unidade I
PODER JUDICIÁRIO
A estrutura judiciária brasileira está prevista no texto constitucional de 1988, assim, antes de tratar
das Instituições Judiciárias, cabe uma breve reflexão sobre os Três Poderes da União. De acordo com
o artigo 2º da Constituição Federal, “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
Remonta da Antiguidade a primeira base teórica sobre a separação de poderes, sendo na obra
“Política” [1], de Aristóteles, que se vislumbrou a existência de três funções distintas que eram exercidas
pelo poder soberano, quais sejam, edição de normas, aplicação das referidas normas e a função de
julgamento, a fim de dirimir conflitos oriundos da aplicação das normas aos casos concretos.
Não obstante, Aristóteles idealizou a teoria das três funções distintas exercidas por um mesmo
soberano, que mais tarde foi aprimorada por Montesquieu na sua obra “O Espírito das Leis” [2]. O
aprimoramento se deu em razão de que as três funções eram exercidas por três órgãos distintos,
autônomos e independentes entre si. Com base nessa teoria, cada órgão exercia uma função típica,
predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza.
A teoria de Montesquieu teve grande aceitação entre os Estados modernos, sendo ao final
abrandada, permitindo-se que um órgão tivesse além do exercício da sua função típica, o exercício de
funções atípicas (de natureza de outros órgãos) sem, contudo, macular a autonomia e independência
dos mesmos. É o que ocorre na atualidade, os três Poderes previstos constitucionalmente (art. 2º CF/88)
são exercidos de forma autônoma e independente, porém, com o exercício de funções típicas e atípicas.
Nos termos do texto constitucional cabe ao Poder Legislativo em sua função precípua, ou seja, típica,
legislar. No entanto, o legislativo ao dispor sobre sua organização, a fim de prover cargos, conceder
férias e licenças a seus servidores, atua de maneira atípica, a qual seria uma função executiva, portanto,
típica de outro poder.
O Poder Executivo tem como função típica a prática de atos de chefia de Estado e atos da
administração, porém, quando o Presidente da República adota medida provisória, com força de lei,
estamos diante do exercício de uma função atípica, a qual seria legislativa.
Por fim, com maior interesse para nossos estudos, o Poder Judiciário tem como função típica a
função de julgar, também conhecida como função jurisdicional, ou seja, dizer o direito ao caso concreto,
dirimindo conflitos que lhe são levados, quando da aplicação das leis. Não obstante, pode o Poder
Judiciário exercer funções atípicas, tais como elaborar o regimento interno de seus tribunais (legislativa),
assim como conceder licenças e férias a seus magistrados e serventuários (executiva).
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Unidade I
Tendo o Poder Judiciário a função precípua de julgar, o mesmo encontra-se regularmente estruturado
para exercer a sua função jurisdicional através de seus órgãos. O Poder Judiciário é o que detém o
poder jurisdicional de forma que não pode ele abster-se de analisar as demandas jurídicas que lhe são
submetidas (art. 5º, XXXV da CF/88), configurando o princípio da inafastabilidade da jurisdição que reza:
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
No entanto, pelo princípio da inércia da jurisdição, o Poder Judiciário não atua de ofício nas
demandas, ou seja, deve ser ele provocado pelo interessado para poder intervir nas relações conflituosas,
é o disposto no artigo 2º do NCPC: “o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”.
A estrutura do Poder Judiciário está prevista no artigo 92 da Constituição Federal, qual seja: “são
órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho Nacional de Justiça, o Superior
Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho,
os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios”.
Cabe ressaltar que o rol do artigo 92 acima transcrito é um rol taxativo, de forma que quaisquer
outros órgãos, mesmo que recebam a denominação de Tribunal, não integram o Poder Judiciário, como
é o caso do Tribunal Marítimo, Tribunal de Contas e outros. Ademais, qualquer outro juízo criado à
margem da Constituição Federal poderá ser considerado ilegítimo (art. 5º XXXVII).
Para melhor exemplificar, reproduzimos abaixo o organograma do Poder Judiciário brasileiro
(Lenza, Pedro):
A doutrina costuma fazer distinção entre os órgãos do Poder Judiciário, dividindo-os entre justiça
comum ou ordinária e justiça especial ou especializada. Excetua-se o órgão de cúpula do Poder Judiciário,
que é o Supremo Tribunal Federal, também conhecido como órgão de superposição, pois suas decisões 
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INSTITUIÇÕES JUDICIARIAS E ÉTICA
se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais, não pertencendo, portanto, a nenhuma Justiça específica
(comum ou especial).
De acordo com a divisão doutrinária, é a seguinte:Justiça Especial ou Especializada: a) Justiça do Trabalho (composta pelo Tribunal Superior do Trabalho
– TST, Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s e pelos Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho); b) Justiça
Eleitoral (composta pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Tribunais Regionais Eleitorais – TRE’s, Juízes
Eleitorais e Juntas Eleitorais); c) Justiça Militar da União (composta pelo Superior Tribunal Militar – STM
e Conselhos de Justiça, Especial e Permanente, nas sedes das Auditorias Militares); d) Justiça Militar dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios (composta pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ [3], Tribunal de
Justiça – TJ, ou Tribunal de Justiça Militar [4], sendo, em primeiro grau, pelos Juízes de direito togados e
pelos Conselhos de Justiça, com sede nas auditorias militares).
Com caráter residual, ou seja, o que não for da competência da justiça especializada será da justiça
comum ou ordinária, assim estruturada: a) Justiça Federal (composta pelos Tribunais Regionais Federais –
TRF’s e Juízes Federais); b) Justiça do Distrito Federal e Territórios (Tribunais e Juízes do Distrito Federal e
Territórios); c) Justiça Estadual comum (composta pelos Tribunais de Justiça e Juízes de Direito de 1º grau).
A discussão doutrinária gira em torno de pertencer o Superior Tribunal de Justiça – STJ a uma justiça
específica, no caso, a comum ou a especial. O entendimento majoritário da doutrina está no sentido de
que o STJ não pertence a nenhuma das duas justiças, sendo considerado também um órgão de instância
máxima da justiça brasileira. No entanto, faz-se necessária uma breve reflexão sobre a estruturação do
Poder Judiciário nos termos prescritos pela Constituição Federal. Certo é que o STJ não recebe, em regra,
recursos advindos das justiças especializadas, quais sejam, trabalhista, militar [5] e eleitoral, sendo que
cada uma delas possui o seu próprio tribunal superior.
Dessa forma, o STJ tem atuação em sede recursal no que toca aos recursos vindos da justiça comum, ou
seja, Federal e Estadual. Com base nesse entendimento, poder-se-ia dizer que cada justiça especializada
tem o seu tribunal superior, sendo Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior
Tribunal Militar, sendo que a justiça comum também teria o seu próprio tribunal superior, qual seja, o
Superior Tribunal de Justiça. Mais uma vez relembramos que o entendimento majoritário da doutrina
está no sentido de que o STJ não pertence a nenhuma das justiças específicas.
Cabe ressaltar mais uma divisão feita entre as justiças do Poder Judiciário. Temos órgãos judiciários
federais e órgãos judiciários estaduais. As Justiças que são organizadas pela União são as chamadas
Justiças Federais, são elas: Justiça Especializada do Trabalho, Justiça Especializada Eleitoral, Justiça
Especializada Militar da União, Justiça Comum Federal e Justiça Comum do Distrito Federal e dos
Territórios, além do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
As Justiças que são organizadas pelos Estados são as chamadas Justiças Estaduais, são elas: Justiça
Especializada Militar dos Estados e Justiça Comum Estadual. A estrutura das Justiças Federais está prevista
no texto constitucional, enquanto que das Justiças Estaduais no texto das respectivas Constituições
Estaduais, respeitadas as diretrizes constitucionais.
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Unidade I
No que toca ao Poder Judiciário há que se falar ainda do princípio do duplo grau de jurisdição, tendo
como significado que toda demanda apresentada ao Poder Judiciário para apreciação está sujeita a um
duplo exame, sendo o primeiro exame feito pelo juízo monocrático (um só juiz) e o segundo exame, em
caráter recursal, por um juízo colegiado (vários juízes), com prevalência da segunda decisão em relação à
primeira. Exceção a esse princípio ocorre nas causas que têm início diretamente nos Tribunais ou órgãos
colegiados e não no juízo monocrático, denominada competência original dos Tribunais.
[1] LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, p. 199.
[2] Idem.
[3] Cabe aqui um esclarecimento sobre o assunto em tela, o STJ não é um órgão da Justiça Militar Estadual, no
entanto, poderá o mesmo julgar, dependendo do assunto, recursos interpostos em face dos acórdãos do TJ ou TJM. Nesses
casos, o STM não julgará matéria da justiça militar estadual, já que a sua competência está restrita à justiça militar federal
(enquanto instância recursal).
[4] Nos Estados em que o efetivo militar for superior a 20.000 integrantes.
[5] Verificar nota de número 3.
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INSTITUIÇÕES JUDICIARIAS E ÉTICA
ÉTICA
Conceito – ética é a ciência do comportamento moral (costumes, regras, convenções estabelecidas
por cada sociedade), dos homens em sociedade. É uma reflexão sobre a moral [1].
Dessa forma, a ética tem como objeto o comportamento moral do indivíduo através da prática
reiterada de seus atos livres, visando à realização do bem comum. Sabemos que a reiteração de certos
atos pode nos tornar virtuosos ou viciados.
Objeto – comportamento moral humano.
A ação humana nada mais é do que uma movimentação de energias que se desenvolvem no tempo e
no espaço, tais como trabalhar ou roubar, elogiar ou ofender, construir ou destruir, agradar ou desagradar.
Normas sociais – podemos dizer que as normas morais decorrem na verdade das experiências
morais das práticas vivenciais sócio-humanas. Dessa forma, as normas éticas têm em vista o que a
experiência sócio-humana registrou como sendo bom e como sendo mau.
Direito – complexo de normas e obrigações para serem cumpridas pelos homens, compondo o conjunto
de deveres, aos quais não podem fugir, sem que sintam a ação coercitiva da força social organizada.
As normas jurídicas em muito se assemelham às normas morais, que muitas vezes antecedem
àquelas. No entanto, as normas jurídicas caracterizam-se pela cogência, imperatividade e sanção. As
normas jurídicas decorrem de um procedimento formal, complexo e rígido (processo legislativo), com o
qual se dá publicidade aos mandamentos jurídicos.
Lacuna legal – há regras morais que balizam as condutas humanas em sociedade, porém, não são
consideradas relevantes para o ordenamento jurídico. Exemplo: incesto.
Há, no entanto, regras jurídicas que demonstram a importância da moralidade e dos bons costumes.
Exemplo: Art. 4° da LINDB, senão vejamos: Art. 4° Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Justiça – nada seria mais certo do que o entendimento de que o Direito que advém da moral
fosse justo. O conceito de justiça tem se mostrado bastante relativo. Pode adotar o conceito jurídico
daquilo que se faz conforme o Direito, ou ainda, a realização do Direito, ou mais, num ponto de vista de
discussão ética, dar a cada um o que é seu [...] a impulsão firme e consciente para o bem.
Códigos de Ética – a ética profissional, quando regulamentada, perde seu conteúdo de
espontaneidade, passando a ser um conjunto de prescrições de conduta. Portanto, não se fala mais
em normas puramente éticas, e sim em normas jurídicas de direito administrativo com sanções
administrativas (perdas de cargo, advertências, suspensões etc.).
Normas puramente éticas – livre-arbítrio do cidadão.
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Unidade I
Normas éticas – conduta prescrita pelas normas administrativas.
Normas jurídicas – conteúdo legal. Coerção do Estado.
[1] NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006. 
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INSTITUIÇÕES JUDICIARIAS E ÉTICA
MAGISTRATURA
Conceito: derivado do latim, magistratus, exprime o cargo ou dignidade de magistrado. Assim,
literalmente, quer significar uma função de mando ou designar aquele que a exerce [...] que manda, queordena, que dirige. [1]
Requisitos para Ingresso:
a) ser brasileiro nato ou naturalizado;
b) ser diplomado em Curso de Direito por Instituição de Ensino oficial assim reconhecida pelo
Ministério da Educação;
c) possuir 03 anos de atividade jurídica (incluindo exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive
de magistério superior, que exija a utilização de conhecimento jurídico – Resolução 75 do CNJ);
d) regularidade com o serviço militar;
e) estar em pleno gozo dos direitos políticos;
f) integridade física e mental;
g) boa conduta social.
Ingresso na Carreira: o concurso público de provas e títulos para ingresso na carreira de magistrado,
em regra, é composto de fases, sendo todas eliminatórias.
Ética: ao se exigir do Magistrado, enquanto aplicador da lei e da justiça, um comportamento
ético, este virá revestido por uma ética da prudentia (o bem julgar implica em exercício constante
de faculdades garantidoras da higidez psíquica. A paciência, a prudência, o interesse pelos dramas
humanos, a sadia análise dos fatos e seu cotejo com o fluir da história convertem o juiz em eficaz
redutor de conflitos). [2]
O juiz é antes de tudo um agente público atuante na realização da justiça e na pacificação dos
conflitos. Para que ele possa exercer com liberdade e independência seu mister, proferindo seus
julgamentos com isenção e retidão de acordo com sua convicção racional, faz-se necessária a existência
de mecanismos reguladores e sustentadores da carreira.
Garantias Constitucionais: as garantias funcionais da magistratura são atributos que permitem
ao juiz agir com liberdade e imparcialidade. Não constituem simples privilégios ou tampouco afrontam
o princípio da igualdade (Art. 5°, caput da CF/88), pois existem em favor do jurisdicionado.
São duas espécies de garantias funcionais: de liberdade e de imparcialidade.
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Unidade I
• São garantias funcionais de liberdade de acordo com o artigo 95 caput da CF/88:
Vitaliciedade: impossibilidade da perda do cargo por mero procedimento administrativo do Tribunal
ao qual o juiz estiver vinculado. Esta garantia é adquirida após 2 anos de efetiva atividade do magistrado
quando o ingresso na Magistratura se dá por meio de concurso público, sendo considerado esse período
como estágio probatório, com a necessidade do envio de relatórios periódicos à Corregedoria Geral da
Justiça. Uma vez vitaliciado, o magistrado somente poderá perder o cargo através de processo judicial
específico, mediante sentença judicial transitada em julgado, sendo-lhe assegurados o contraditório e
a ampla defesa.
Inamovibilidade: garantia dada aos juízes titulares, que não poderão ser removidos de seus
respectivos cargos, ou até mesmo promovidos para entrância/instância superior, sem seu consentimento.
A inamovibilidade não é uma garantia absoluta, comportando exceção que é o interesse público. Nesses
casos, a decisão caberá ao respectivo Tribunal ao qual o juiz estiver vinculado ou ao Conselho Nacional
de Justiça, por voto da maioria absoluta de seus membros, sempre assegurado o exercício da ampla
defesa (art. 93, VIII CF/88).
Irredutibilidade de subsídio: refere-se à proteção do valor nominal dos subsídios, não alcançando
esta regra a reposição de eventuais perdas inflacionárias, bem como não impedindo descontos
previdenciários e tributos incidentes.
• São garantias funcionais de imparcialidade de acordo com o artigo 95 § único da CF/88:
As garantias funcionais de imparcialidade manifestam-se por meio de vedações constitucionais à
magistratura, e são elas:
I – Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – Dedicar-se à atividade político-partidária;
IV – Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V – Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena) (g.n).
O dever de imparcialidade é, antes de tudo, um dever ético, de dignidade, de paridade de tratamento
entre as partes e de justiça na aplicação correta da lei ao caso concreto. Para assegurar essa imparcialidade,
o legislador infraconstitucional também cuidou de algumas situações, que uma vez verificadas poderão
comprometer a imparcialidade do juiz na sua atuação processual.
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INSTITUIÇÕES JUDICIARIAS E ÉTICA
Estatuto da Magistratura: de acordo com a CF/88, lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93, caput). Na falta de uma nova lei que
dispusesse sobre o Estatuto da Magistratura, tem-se aplicado a Lei Orgânica da Magistratura Nacional
(LOMAN), Lei Complementar nº 35, de 14/03/1979, recepcionada pela Carta Magna.
A exemplo do que ocorre com outras carreiras jurídicas, o magistrado possui deveres fixados em lei
e deve cumpri-los à risca, uma vez que, da sua atuação decisória, implicará no destino material, moral,
psicológico, familiar e profissional das pessoas. A LOMAN, por exemplo, em seu artigo 35, faz a previsão
dos deveres do magistrado:
Art. 35. São deveres do magistrado:
I – cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e atos
de ofício;
II – não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;
III – determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos
legais;
IV – tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas,
os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento,
quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência;
V – residir na sede da comarca, salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;
VI – comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término;
VII – exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança
de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
VIII – manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.