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Aula 2 Química Medicinal Gabriela Chianca C ro n o gr am a Data Conteúdo 07/02 Aula 1 14/02 Aula 2 21/02 Aula 3 / ED 28/02 Aula 4 07/03 Aula 5 14/03 Aula 6 / ED 21/03 Aula 7 / duvidas do seminario 28/03 Apresentação dos seminários – grupos 1, 2 e 3 04/04 Apresentação dos seminários – grupos 4 e 5 11/04 Apresentação dos seminários – grupos 6 e 7 18/04 Revisão/dúvidas 25/04 AV1 02/05 Correção da prova / Aula 8 09/05 Aula 9 / ED 16/05 Feriado – aniversário de Friburgo 23/05 Aula 10 30/05 Aula 11 06/06 Revisão/dúvidas 13/06 AV2 20/06 Feriado – Corpus christi 26/06 AV3 03/07 FIM Seminários • 20-30 minutos de apresentação • Introdução – embasamento teórico e conceitos relevantes à disciplina • Não precisa se limitar só a esse artigo – podem buscar outras fontes confiáveis • Estas fontes devem ser devidamente citadas – plágio é crime! • TODOS devem apresentar uma parte • Todos os grupos serão avaliados por mim, pela turma (incluindo os companheiros de grupo) e por si mesmo – críticas construtivas Discussão • Separem-se em trios ou duplas • O que que vocês absorveram/lembram da aula passada? Perguntas importantes • O que é a química medicinal? Quais os seus principais objetivos? • Quais as principais etapas envolvidas desde a descoberta até a comercialização de um novo medicamento? • Qual a importância dos produtos naturais de origem vegetal na história da descoberta dos fármacos? • Na tentativa de melhorar as características farmacocinéticas de um medicamento, muitas vezes acaba-se descobrindo novas propriedades da molécula. Por que isso ocorre? Perguntas importantes • Qual a principal importância clínica dos produtos naturais de origem marinha? • Cite um exemplo em que o acaso foi importante na descoberta de fármacos ou ainda novas indicações para utilização de fármacos? • Defina grupo farmacofórico, auxofórico e toxicofórico explicando a sua importância para ação dos medicamentos. Relação entre propriedades físico-químicas e atividade biológica Objetivos • Definir a importância da Lipofilicidade, log P e equação de Hansch. • Pka: influência de grupos ácidos e básicos na farmacocinética. • Aspectos gerais da ação dos fármacos Medicamento via oral Boca (pouca abs) Estômago Suco gástrico (quebra) Intestino (enzimas digestivas) Membrana Compartimento intracelular MembranaIntercelular / porosCorrente sanguíneaFígado Metabolismo Lugares errados Corrente sanguínea excreção Mais membranas Fa rm ac êu ti ca Desintegração Dissolução Fa rm ac o ci n ét ic a Absorção Distribuição Metabolização Excreção Fa rm ac o d in âm ic a Interação fármaco- receptor Efeito Fases da administração via oral Então, idealmente... • Estável a ataques químicos e enzimáticos • Características FQ próprias para atingir local de ação • Boa absorção • Boa distribuição para os tecidos • Taxa de excreção aceitável QSAR - quantitative structure–activity relationship • Relação estrutura-atividade quantitativa • Identificar e quantificar as propriedades físico-químicas de um fármaco no intuito de identificar se alguma dessas propriedades tem efeito sobre a atividade biológica • Caso seja estabelecida essa relação, pode-se encontrar uma equação que quantifique a mesma e possibilita que o químico medicinal diga com convicção que aquela propriedade é importante para a farmacocinética ou mecanismo de ação do fármaco QSAR • Permite que o químico medicinal tenha alguma previsibilidade em relação à molécula e análogos quanto a sua atividade biológica • Duas vantagens nesta previsão: • Reduz o número de análogos que precisam ser sintetizados (vai só nos que podem apresentar vantagens em relação ao anterior) • Caso seja descoberto um análogo que não se adeque à equação isso pode indicar que tem alguma outra característica que seja importante – direciona pesquisa QSAR • Para poder utilizar esse método: • Os compostos devem ser estruturalmente similares • Atuem no mesmo alvo • Tenham o mesmo mecanismo de ação • Sejam testes in vitro, já que testes in vivo consideram farmacodinâmica e farmacocinética Quais são as características FQ importantes? • 1. Lipofilicidade (coeficiente de partição) – log P • 2. Coeficiente de ionização – pKa 1. Lipofilicidade (logP) • É o coeficiente de partição de uma substância entre uma fase aquosa e uma fase orgânica • É a razão entre a concentração da substância na fase orgânica e sua concentração na fase aquosa em um sistema de dois compartimentos no equilíbrio • Quanto ↑ coeficiente de partição ↑ afinidade pela fase orgânica ↑ capacidade de atravessar membranas hidrofóbicas ↑ biodisponibilidade • É importante mesmo em testes in vitro → interação com enzima ou receptor que possui características mais hidrofóbicas do que a superfície Então... •Se eu aumentar logP infinitamente, vai ser cada vez mais hidrofóbica e, com isso, cada vez mais biodisponível? Não!!!! • Pode ficar tão hidrofóbica que fica insolúvel na fase aquosa • Pode ficar “presa” em depósitos de gordura e nunca chegar ao sítio de ação • Fármacos muito lipofílicos geralmente são mais suscetíveis ao metabolismo e eliminação Graficamente • Se logP é pequeno (1-4) → relação linear entre logP e atividade biológica (log (1/C)) Graficamente • Para valores mais altos de logP • logP = Lipofilicidade • 1/C = atividade biológica • C = concentração do fármaco para atingir determinada atividade biológica Graficamente – equação de Hansch • Quando o log P é alto e graficamente representado por uma parábola, sua equação pode ser expressa por: Quando P é pequeno, (logP)2 é insignificante, então logP domina Quando P é grande, (logP)2 passa a ser dominante → diminui atividade biológica QSAR • Estes estudos são ótimos para fármacos estruturalmente parecidos • Anestésicos são referência como exemplo deste modelo de equação parabólica • Deles que se estabeleceu que fármacos que atuam no SNC devem ter logP próximo de 2 • Fármacos que vão atuar em outros lugares devem ter logP diferente de 2 – para não ter efeitos no SNC indesejados Exemplo prático • Esse agente cardiotônico causava alterações visuais (visões brilhantes) nos pacientes por penetrar no SNC • Log P = 2,59 • Resolveram trocar o grupamento 4-OMe pelo 4-S(O)Me • Este último apresenta mesmo tamanho que o primeiro, mas é mais hidrofílico • logP da nova molécula = 1,17 • Menos lipofílica → não penetra no SNC → acabaram os efeitos centrais indesejáveis Porém, contudo, todavia... • O cálculo do logP é ótimo, mas exige que você sintetize todas os compostos, para calcular P experimentalmente • Seria muito melhor se você pudesse encontrar P teoricamente e com isso decidisse se valeria a pena sintetizar dado composto • Por exemplo, se quisesse pesquisar barbitúricos poderia calcular o logP de todos eles (computador) e depois sintetizar apenas aqueles que tem logP próximo do logP0 (atividade biológica máxima) Yes we can! • Coeficientes de partição podem ser calculados sabendo-se das contribuições de cada substituinte para a Lipofilicidade do composto • Constante de Lipofilicidade de substituintes – π • Calcula o quão hidrofóbico é um substituinte em relação ao H Constante de Lipofilicidade de substituintes - π • πx – coeficiente de Lipofilicidade com substituinte x • LogPx – coeficiente de partição de um composto padrão com substituinte x • LogPH – coeficiente de partição do composto padrão π • Se π for positivo→ substituinte é mais hidrofóbico que H • Se π for negativo→ substituinte é maishidrofílico que H • Saber o valor de π poupa trabalho e recursos – quando calcular o valor de P experimentalmente do composto padrão, dá para calcular os valores de P de análogos através do π π - exemplo • Qual o valor de logP teórico da meta-clorobenzamida? • Sabendo-se que πCl = 0,71 e πCONH2 = -1,49. Recordando... Resolução do exemplo Considerando πCl = 0,71 πCONH2 = -1,49 Log P = 2,13 + 0,71 + (-1,49) Log P = 1,35 OBS • O valor observado para a meta-clorobenzamida é 1,51 • Então o valor de π ajuda a prever um valor aproximado, mas estes serão sempre ajustados experimentalmente Outro exemplo • Qual o logP do paracetamol? P x π • Ambos os valores têm sua relevância na predição da hidrofobicidade de uma molécula, contudo... • O valor do logP calcula a hidrofobicidade da molécula como um todo então é importante para prever a eficiência com que um fármaco é transportado até o seu local de ação e com que se liga à biomacromolécula • O valor de π avalia a Lipofilicidade de uma região específica da molécula e - se essa região estiver representada na equação do QSAR - π pode evidenciar importantes interações hidrofóbicas desta região com a biomacromolécula alvo Obtendo P experimentalmente • 1. Método Shake-flask • Se fundamenta na dissolução de um composto químico em sistema bifásico formado por um solvente polar e um solvente apolar ou pouco polar Obtendo P experimentalmente • 1. Método Shake-flask • Geralmente 1-octanol que é utilizado pq: • Possui ampla capacidade de dissolução (grupo OH é capaz de doar ou receber elétrons na ligação de H) • Embora imiscível em água pode dissolver até 2,3M de água no equilíbrio • Ligações de H não precisam ser quebradas durante transferência entre a fase orgânica e aquosa (só avalia ligações hidrofóbicas) • Não é volátil a temperatura ambiente • Pode ser medido no UV (abs 1-octanol é muito abaixo da faixa da maioria dos F) • Estável quimicamente • Disponível comercialmente Obtendo P experimentalmente • 2. Cromatografia • 2.1. Cromatografia em Camada Delgada (CCD) • 2.2. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) • Rm = log (1/Rf – 1) • logP = aRm +b • Rf – razão entre as distâncias percorridas pelo composto e pelo eluente • Rm – distância percorrida em relação a um composto padrão • a – coeficiente angular • b – coeficiente linear 2. Coeficiente de Ionização (pKa) • Ácidos e bases fracas • Na biofase HA pode perder o próton e formar espécie aniônica (A-) • Enquanto bases fracas podem ser protonadas e formar espécie catiônica (BH+) Coeficiente de Ionização - pKa • É capaz de expressar, dependendo da sua natureza química e do pH do meio, a contribuição percentual relativa das espécies ionizadas e não- ionizadas correspondentes • É essencial para farmacocinética – grau de ionização é inversamente proporcional à Lipofilicidade • Espécies não-ionizadas → ↑ Lipofilicidade → atravessam biomembranas por transporte passivo • Espécies ionizadas → mais polares → solvatadas por moléculas de água → dificulta absorção passiva Coeficiente de Ionização - pKa • Na farmacodinâmica: espécies ionizadas podem interagir complementarmente com resíduos de AA do sítio ativo da biomacromolécula receptora por ligação iônica ou íon-dipolo • A equação de Henderson-Hasselbach deriva de: • Onde a constante de ionização (Ka) pode ser expressa pela relação entre as concentrações das espécies ionizadas e espécies não- ionizadas Coeficiente de Ionização - pKa • Considerando fração ionizada α e fração não-ionizada 100 – α, então o percentual de ionização de ácidos fracos (equação de Henderson- Hasselbach): Coeficiente de Ionização - pKa • Sabendo que os pHs dos compartimentos biológicos são definidos: • Mucosa gástrica ~1 • Mucosa intestinal ~5 • Plasma ~7,4 • Podemos usar a equação de Henderson-Hasselbach para prever características farmacocinéticas (A,D,E) que permitem a otimização de físico-químicas de um fármaco Coeficiente de Ionização - pKa Por exemplo - Piroxicam • Possui caráter ácido – função enólica e ligação de hidrogênio intramolecular • Absorção no TGI na forma não-ionizada → absorção vai depender do coeficiente de partição → altamente ionizado no sangue → complexo com ptns plasmáticas • No tecido inflamado (proteases pela atividade metalólica intensa reduzem pH) → piroxicam não ionizado → penetra tecido inflamado→ ação Por exemplo - Piroxicam Contraexemplo Contraexemplo • Metoprolol e atenolol são antagonistas seletivos dos receptores β1 • Farmacodinâmica parecida, mas farmacocinética diferente apesar dos pKa serem similares • Metoprolol é mais lipossolúvel → contraindicado em pacientes com problemas no SNC • Atenolol é mais hidrossolúvel → contraindicado em pacientes com problemas renais (eliminação renal do F na forma inalterada estressa) Aula prática no laboratório Pesquisa de artigos • 1º passo: no portal http://pesquisa.bvsalud.org/portal/decs- locator/?lang=pt busque um DeCS (descritor em ciências da saúde) – palavra de busca • 2º passo: no site https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ insira o seu DeCS • 3º passo: após encontrar um artigo do seu interesse relacionado aos temas abordados na aula de hoje (tipos de estudos epidemiológicos), pesquise seu título no http://www.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_phome &Itemid=68 • 4º passo: traga o artigo na semana que vem para minha aprovação Referências • BARREIRO, E.J., FRAGA, C.A.M. Química medicinal: as bases moleculares da ação dos fármacos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. • LEMKE, T.L., WILLIAMS, D.A. Foye´s principles of medicinal chemistry. 7.ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2013.
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