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SUA_PETICAO_S6 TRABALHISTA

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Caro aluno, bem-vindo à seção 6! Na seção 3 você fez as vezes de advogado de Pedro 
Lemos e apresentou Recurso Ordinário. Já na seção 4 você atuou como advogado da 
Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina, apresentando Recurso Ordinário. 
Na seção 5 você, mais uma vez, atuou como patrono de Pedro, apresentando as 
contrarrazões ao Recurso Ordinário interposto pela Fundação. 
 
Não se pode esquecer que esta atuação, para as duas partes da relação processual, deu-
se para apenas fins didáticos, não podendo ocorrer na prática, sob pena de violação dos 
preceitos éticos que regem a advocacia. 
 
Nesta seção você atuará como advogado da Fundação de Tecnologia do Estado de Santa 
Catarina. Em 03/12/2018 houve a publicação de despacho pela 1ª Vara do Trabalho de 
Balneário Camboriú, negando seguimento ao Recurso Ordinário da reclamada. Veja-se 
o conteúdo do despacho: 
 
Recursos de Pedro Lemos e da Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina 
1. Recurso Ordinário de Pedro Lemos 
Recebo o Recurso Ordinário interposto por Pedro Lemos, vez que tempestivo e 
cumprido os demais pressupostos processuais. Remeta-se ao Egrégio Tribunal Regional 
do Trabalho da 12ª Região. 
2. Recurso Ordinário da Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina 
Nego seguimento ao Recurso Ordinário interposto pela Fundação de Tecnologia do 
Estado de Santa Catarina, vez que o depósito recursal foi efetuado em valor inferior ao 
mínimo legal, razão pela qual se declara sua deserção. 
Publique-se e intimem-se. 
Data, assinatura 
 
 
 
Inconformada com a decisão, a Fundação de Tecnologia do Estado de Santa Catarina 
lhe procura para saber se ainda existe alguma possibilidade de reversão da decisão, vez 
que não concorda com a sentença e não entende as razões pelas quais foi negado 
seguimento ao Recurso Ordinário. Ela lhe informa que pretende seguir em frente, caso 
haja qualquer possibilidade de recurso. 
 
Você, aluno, deve analisar o despacho prolatado pela 1ª Vara do Trabalho de Balneário 
Camboriú, a fim de constatar o equívoco nele constante, que será justamente o 
fundamento a ser utilizado na peça processual. Nela, você deverá demonstrar as razões 
pelas quais houve equívoco na referida decisão judicial. 
 
Agora você, na qualidade de advogado de Fundação de Tecnologia do Estado de Santa 
Catarina, deverá elaborar o recurso adequado à defesa de seus interesses, ou seja, buscar 
o instrumento processual correto para que o Recurso Ordinário interposto tenha chance 
de ser analisado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. 
 
 
 
 
 
Diante do interesse de sua cliente em interpor recurso do despacho que negou 
seguimento ao Recurso Ordinário, cumpre a você, aluno, verificar qual é o remédio 
processual cabível. 
 
A CLT prevê em seu capítulo VI (arts. 893 a 901) os recursos cabíveis no Direito 
Processual do Trabalho, a saber: Embargos, Embargos à Execução, Embargos de 
Declaração, Recurso Ordinário, Recurso de Revista, Agravo, Agravo de Instrumento, 
Agravo de Petição. Além deles, também é possível a interposição de Recurso 
Extraordinário, nos termos do art. 102, inciso III, “a”, da Constituição Federal de 1988, 
após esgotados os recursos cabíveis junto ao Tribunal Superior do Trabalho. 
 
Você deve ler atentamente todos eles para se certificar de que irá interpor o recurso 
correto, haja vista o inconformismo de Fundação de Tecnologia do Estado de Santa 
 
 
Catarina com a decisão do Egrégio TRT da 12ª Região, que negou seguimento ao seu 
Recurso Ordinário. 
 
1 - Irrecorribilidade das decisões interlocutórias 
 
No Direito Processual do Trabalho vigora a regra de que as decisões interlocutórias são 
irrecorríveis. Isto está expresso no art. 893, §1º, da CLT (BRASIL, 1943), que assim 
dispõe: 
 
Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: 
§ 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, 
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias 
somente em recursos da decisão definitiva. (BRASIL, 1943) 
 
O dispositivo legal em comento condiciona o reexame de decisão interlocutória somente 
por meio de recurso interposto em face de decisão definitiva. 
 
Neste contexto, indaga-se: a decisão que negou seguimento ao Recurso Ordinário é 
interlocutória? Existe recurso cabível? 
 
A CLT não define o que vem a ser decisão interlocutória, razão pela qual nos valemos 
da aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, por força do art. 769, da CLT. 
Veja-se o que dispõe o art. 203, do CPC (BRASIL, 2015): 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, 
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como 
extingue a execução. 
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza 
decisória que não se enquadre no § 1o. (destaque e grifos nossos) 
 
Decisão interlocutória, portanto, é toda aquela que não põe fim à fase cognitiva do 
processo ou que não extingue a fase de execução. No caso sob exame, não se tem 
dúvida da natureza interlocutória da decisão, vez que não pôs fim à fase de 
conhecimento da reclamação trabalhista. 
 
Todavia, o art. 897, da CLT, traz previsão legal expressa acerca de remédio legal que 
pode ser adotado em face de decisão que nega seguimento a recurso. 
 
 
 
 
2 - Agravo de Instrumento 
 
O art. 897, da CLT, prevê o cabimento do Agravo de Instrumento “dos despachos que 
denegarem a interposição de recursos” (BRASIL, 1943). Ele deve ser dirigido à 
autoridade prolatora do despacho que negou seguimento ao recurso, mediante petição 
fundamentada. 
 
Recebida petição de Agravo de Instrumento, a autoridade que denegou seguimento ao 
recurso (no caso da situação-problema, o Juiz da 1ª Vara do Trabalho de Balneário 
Camboriú) poderá realizar juízo de retratação, isto é, permitir o seguimento do recurso 
até então trancado ou manter sua decisão. 
 
No primeiro caso, os autos serão remetidos para análise do Tribunal Regional do 
Trabalho da 12ª Região, haja vista a retratação. 
 
Na segunda hipótese, será aberta vista à parte contrária para apresentar contraminuta ao 
Agravo de Instrumento e, sem seguida, os autos serão remetidos para o Tribunal 
Regional do Trabalho da 12ª Região julgar o Agravo. 
 
Não se pode esquecer a previsão contida no art. 899, §7º, da CLT (BRASIL, 1943): 
 
“No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal 
corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao 
qual se pretende destrancar." 
 
A necessidade de depósito recursal para fins de interposição de Agravo de Instrumento 
se deu em virtude do excesso destes recursos, ante ao fato de somente cerca de 5% 
serem acolhidos pelo TST. Esta exigência passou a vigorar a partir da publicação da Lei 
n. 12.275/2010. 
 
Tendo em vista que o depósito recursal tem natureza jurídica de garantia do juízo, deve-
se analisar a necessidade deste depósito, sobretudo à luz das inovações trazidas pela Lei 
n. 13.467/17. 
 
Não se esqueça que estamos diante de situação envolvendo uma Fundação, ou seja, 
entidade sem fins lucrativos. O tratamento do depósito recursal para estes empregadores 
 
 
foi modificado pela Lei no. 13.467/17, que introduziu o parágrafo 9º, no art. 899, da 
CLT, que prevê que ele deve ser feito pela metade quando se tratar de empregador 
doméstico, microempreendedores individuais, microempresas, empresas de pequenoporte e entidades sem fins lucrativos. 
 
Neste contexto, a petição de Agravo de Instrumento deve ser formulada combatendo as 
razões constantes no despacho que negou seguimento ao Recurso Ordinário. Deve-se, 
portanto, explicar as razões pelas quais o despacho está equivocado. Analisando a 
decisão judicial, verifica-se que a irregularidade apontada diz respeito ao depósito 
recursal. Assim, você deve lançar mão de todos os argumentos jurídicos possíveis para 
demonstrar a regularidade do referido depósito. 
 
O objetivo do Agravo de Instrumento é destrancar o Recurso Ordinário ao qual foi 
negado seguimento pelo primeiro juízo de admissibilidade (a quo). Assim, você, aluno, 
poderia, por exemplo, requerer que o Agravo de Instrumento seja conhecido, vez que 
presentes os pressupostos processuais para sua interposição, e provido, isto é, que seja 
analisado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região o Recurso Ordinário 
aviado em prol de sua cliente? Ou seria cabível algum outro tipo de remédio processual 
adequado? 
 
Por fim, deve-se esclarecer que o Agravo de Instrumento tem somente efeito 
devolutivo, não suspendendo a execução da decisão já prolatada. 
 
 
3 - Procedimento 
 
Como dito no tópico anterior, o recurso será interposto por simples petição dirigida ao 
órgão que publicou a decisão combatida, no caso quem prolatou o despacho que negou 
seguimento ao Recurso Ordinário. O ato processual em questão deve ser praticado no 
prazo de 08 (oito) dias úteis, contados da publicação da decisão que negou seguimento 
ao Recurso Ordinário. 
 
 
Respire fundo, pois sua cliente precisa de você! Ela tem a esperança que as razões de 
Recurso Ordinário sejam aceitas e que a condenação seja totalmente revertida. 
Obviamente que para tanto é imperioso o sucesso do recurso a ser interposto neste 
momento processual. 
 
O recurso deve ser endereçado à 1ª Vara do Trabalho de Balneário Camboriú/SC. 
 
Indique na peça recursal a tempestividade e as razões pelas quais é cabível o citado 
recursal no caso sob exame. 
 
Elenque na sua peça processual os argumentos fáticos e os fundamentos jurídicos que 
amparam a pretensão de sua cliente. Deve-se combater não a sentença que julgou 
parcialmente procedentes os pedidos de Pedro Lemos, mas as razões pelas quais o juízo 
a quo negou seguimento ao Recurso Ordinário. 
QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA 
APLICÁVEL 
(Referidos e não referidos nas explicações anteriores) 
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros 
Agravo de 
Instrumento 
- Art. 769, Art. 893; 
Art. 897. 
Art. 203. Súmula n. 214. - 
Prazos Recursais - Art. 795; Art. 897 - - - 
Depósito recursal - Art. 899 - - -

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