Buscar

Direito do Trabalho - 2º VA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Evolução histórica do direito coletivo do trabalho
Evolução histórica no âmbito internacional:
            Na Idade Média existiam as chamadas corporações de ofício - associações de pessoas do mesmo ofício – estas corporações estavam divididas hierarquicamente em mestres, companheiros e aprendizes, sendo que eram os mestres quem detinham o monopólio da fabricação e da venda e determinavam a regulamentação dos produtos.
            Em certos momentos deste período viam-se alguns movimentos esporádicos, pequenos protestos ou certa revolta dos companheiros e aprendizes descontentes com o que era imposto pelos mestres, nada que pudesse evoluir para um movimento de massa de protesto entre capital e trabalho. 
            O início do sindicalismo deu-se na Inglaterra em 1720, quando se formaram as primeiras associações de trabalhadores para reivindicar melhores salários, melhores condições de trabalho e limitação da jornada de trabalho. 
            Na Revolução Industrial (Séc. XIX) vimos surgir o agrupamento de homens em massa em torno das máquinas, despertando a consciência dos operários a despeito de seus interesses, surgindo assim o movimento operário, hoje conhecido como sindicalismo.
            A partir de 1824 viveu-se a fase de tolerância com os sindicatos, sendo que a partir de 21/06/1824, por ato do parlamento inglês, as coligações deixaram de ser proibidas em relação aos trabalhadores, entretanto permanecia proibida a greve e o trade unions, somente em 1875 aprovou-se uma lei que permitiu a livre criação de sindicatos, entretanto, esta lei só foi consolidada em 1906. 
            Em 17/07/1791, vimos surgir na França a Lei Le Chapellier, que proibia os cidadãos de uma mesma profissão tomar decisões ou deliberarem a respeito de seus interesses, no mesmo sentido foi o Código de Napoleão, de 1.810, punindo a associação de trabalhadores. 
            Em 1830, Inglaterra, são criadas as associações de trabalhadores para mútua ajuda e defesa.
            Em 1884, França, a lei Waldeck-Rousseau, permitiu às pessoas da mesma profissão ou de profissões conexas constituir associações para defesa de seus interesses, sem a autorização do governo.
            Em 1919, Alemanha, a Constituição de Weimar, primeira a tratar de matéria trabalhista e direito coletivo do trabalho, permite o direito de associação.
            Em 1927, Itália, a Carta Del Lavoro estabelece a livre organização profissional ou sindical. 
            Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem em seu artigo XX, 1, estabelece que “Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. Este mesmo diploma em seu artigo XXIII, 4, determina que “todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses”. 
            Em 1958, a Organização Internacional do Trabalho – OIT, editou a Convenção 87, estabelecendo em seu artigo 2º as bases fundamentais do direito de livre sindicalização, sem qualquer ingerência do Estado:
Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas.
            Destaque-se que até a presente data esta convenção não foi ratificada pelo Brasil, isto porque nossa Constituição estabelece a existência do sindicato único e contribuição sindical determinada em lei, determinações incompatíveis com esta regra internacional.
            Por fim, em 1966, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais, estabelece:
Artigo 8º
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir:
(...)
c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais pessoas.
            Assim, os direitos de livre associação e sindicalização tornam-se sedimentados na cultura jurídica ocidental, firmando-se o sindicato como um órgão de luta de classes.
 Evolução histórica no âmbito nacional:
            Até o início do século XIX ainda não existia no Brasil nenhum sindicato ou organização de trabalhadores, ainda assim o Brasil não se manteve isolado dos acontecimentos mundiais em torno da evolução do Direito Coletivo do Trabalho, o Estado trouxe para si a responsabilidade de atuação nesta seara do direito e em 1824 a Constituição Federal (Império) determinava em seu artigo 179, § 25, que “ficam abolidas as corporações de ofícios, seus juízes, escrivães e mestres”.
            Em 1891 (República), a Constituição não dispôs expressamente sobre as entidades sindicais, em seu artigo 72, § 8º, trouxe apenas que “a todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia, senão para manter a ordem pública”.
            Somente no fim do século XIX e início do século XX, sob a influência de trabalhadores estrangeiros que prestavam serviços no Brasil, é que começam a surgir os primeiros sindicatos, estes ligados a agricultura e a pecuária, reconhecidos somente em 1903 pelo Decreto n.º 979 de 06/01/1903.
            Em 1906 o movimento sindical brasileiro alcança dimensão nacional com a realização do 1º Congresso Operário Brasileiro, dando origem a Confederação Sindical Brasileira.
            Em 1907 surge no Brasil o primeiro sindicato urbano – Decreto n.º 1.637/1907, facultava a qualquer trabalhador, inclusive profissionais liberais, associar-se aos sindicatos, com o objetivo de estudo e defesa dos interesses da profissão e de seus membros – influência da lei francesa de 1884. Foram expedidas as primeiras “Cartas Sindicais”.
            Em 1916, o artigo 20 do Código Civil determinava que “não se poderão constituir sem prévia autorização, os sindicatos profissionais e agrícolas legalmente autorizados”.
           Em 1931, surge o Decreto n.º 19.770, de 19/03/1931, baixado durante a Revolução de 1930, distinguindo o sindicato de empregados e empregadores, exigindo reconhecimento de ambos pelo Ministério do Trabalho (criado em 1930), institui-se então o sindicato único para cada profissão em uma mesma região, este proibido de exercer qualquer atividade política.
            Em 1934, quatro dias antes da vigência da Constituição de 1934, entra em vigor o Decreto n.º 24.694 de 12/07/34, prevendo a forma de regular a pluralidade sindical, contrariamente aos entendimentos da nova Carta Magna, entretanto prevalecia o entendimento da Lei Ordinária. Também reconheceu as convenções coletivas e equiparou trabalhadores com profissionais liberais.
            Com a pluralidade sindical haverá uma proliferação dos sindicatos com finalidades puramente políticas e isto gerou o enfraquecimento das instituições.
            Até este momento, fazendo um comparativo com o sindicalismo internacional e o nacional, iremos perceber que no âmbito internacional os sindicatos derivam da reivindicação dos trabalhadores, enquanto que no Brasil decorreram de imposição do Estado.
            A Constituição de 1937 teve a parte laboral inspirada na Carta Del Lavoro da Itália, conferia liberdade sindical, mas com autorização do Estado (paradoxo). As funções do sindicato eram reconhecidas como funções delegadas do poder público. Instituiu a contribuição sindical obrigatória. Assim, a CF/37 com feição eminentemente corporativista não reconhecia o direito de greve, tido como recurso anti-social e nocivo ao trabalho, e o lock out.
            Em 1939 o Decreto Lei 1.402/39 (regulamenta a CF/37) regulariza a instituição do sindicato único, estabelecendo um sindicato por categoria econômica ou profissional na mesma base territorial e permitindo a intervenção e interferência do Estado no sindicato, que não podia desrespeitar a política econômica determinada pelo governo,sob pena da perda da carta sindical.
            A Constituição de 1946 (queda do “Estado Novo”), aprovada em Assembléia Nacional Constituinte, portanto mais democrática, estabelecia em seu artigo 159 que “é livre a associação profissional ou sindical, sendo regulada por lei a forma de sua constituição, a sua representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funções delegadas pelo poder público” . A partir de então, o sindicato continuava a exercer função delegada de poder público e o direito de greve passou a ser reconhecido e não ser mais tratado como recurso anti-social e nocivo ao trabalho.           
            A Constituição de 1967 não trouxe mudanças significativas, entretanto, o Decreto n.º 229 de 28/02/67, trouxe uma série de alterações na CLT, dentre as quais, a possibilidade dos sindicatos celebrarem acordos e convenções coletivas e o voto sindical obrigatório.
            A Carta Magna atual, estabelece em seu artigo 8º a livre associação profissional ou sindical, mantendo-se pois o que já constava na Constituição de 1937 (art. 138), 1946 (art. 159), 1967 (art. 159) e EC n.º 01/69 (art. 166) – no item VIII do presente estudo trataremos especificamente da CF/88 e da legislação infraconstitucional atinente ao Direito Coletivo do Trabalho.
            Ao logo deste processo de evolução histórica do Direito Coletivo do Trabalho no Brasil foram ratificadas 6 convenções da Organização Internacional do Trabalho e uma ainda padece de ratificação – todas tratando de temas relacionados ao objeto do nosso estudo.
 
	Convenção Ratificada
	Título
	Adoção OIT
	Ratificada pelo Brasil
	11
	Direito de Sindicalização na Agricultura
	1921
	25/04/1957
	98
	Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva
	1949
	18/11/1952
	135
	Proteção de Representantes de Trabalhadores
	1971
	18/05/1990
	141
	Organizações de Trabalhadores Rurais
	1975
	27/09/1994
	151
	Direito de Sindicalização e Relações de Trabalho na Administração Pública
	1978
	15/06/2010
	154
	Fomento à Negociação Coletiva
	1981
	10/07/1992
	Convenção Não Ratificada
	Título
	Adoção OIT
	87
	Liberdade Sindical e Proteção ao Direito de Sindicalização
	1948

Outros materiais