Prévia do material em texto
Educação Aplicada aos Cuidados da Criança Autoria: Maria Clotild e Pires Bastos Tema 03 Compreendendo as Características da Criança: o Apego, a Percepção e as Habilidades Motoras Tem a 0 3 Co mp re en de nd o a s C ar ac te rís tic as da Cr ian ça : o A pe go , a Pe rce pç ão e as Ha bil ida de s M ot or as Au to ria : M ar ia Clo til de Pi re s B as to s Co m o ci ta r e ss e do cu m en to : BA ST O S, M ar ia C lo til de P ire s. E du ca çã o Ap lic ad a ao s C ui da do s da C ria nç a: C om pr ee nd en do a s C ar ac te rís tic as d a C ria nç a: o A pe go , a P er ce pç ão e as H ab ilid ad es M ot or as . C ad er no d e At iv id ad es . A nh an gu er a Ed uc ac io na l: Va lin ho s, 2 01 6. Índ ice © 2 01 6 A nh an gu er a E du ca ci on al . P ro ib id a a re pr od uç ão fi na l ou p ar ci al p or q ua lq ue r m ei o de i m pr es sã o, e m f or m a id ên tic a, r es um id a ou m od ifi ca da e m l ín gu a po rtu gu es a ou q ua lq ue r o ut ro id io m a. P ág . 1 7 P ág . 2 0 P ág . 2 2 P ág . 1 8 P ág . 1 4 P ág . 1 2 AC OM PA NH EN AW EB P ág . 3 CO NV ITE ÀL EIT UR A P ág . 3 PO RD EN TR OD OT EM A 3 O a pe go é u m d os a sp ec to s ce nt ra is n a or ga ni za çã o do p la ne ja m en to c ur ric ul ar , s en do e st e um d os a ss un to s a se re m tr at ad os n es ta a ul a. V oc ê pô de c om pr ee nd er , n a au la a nt er io r, o co nc ei to d e ap eg o, s ua im po rtâ nc ia p ar a a co ns tru çã o de re la çõ es s ad ia s e ne ce ss ár ia s pa ra o d es en vo lv im en to d a cr ia nç a. N es ta a ul a, é fe ita u m a ab or da ge m na q ua l s e es ta be le ce a a ná lis e da re la çã o en tre e xp er iê nc ia s be m -s uc ed id as e o d es en vo lv im en to d o cé re br o. N es se se nt id o vo cê v er á co m o a re la çã o de a pe go p ro du z re sp os ta s po si tiv as d o po nt o de v is ta d a or ga ni za çã o ce re br al . Ta m bé m a pr en de rá s ob re a p er ce pç ão e s ua re la çã o co m a e xp er iê nc ia s en so ria l. Vo cê ta m bé m e st ud ar á so br e co m o a in st itu iç ão d e Ed uc aç ão In fa nt il po de o po rtu ni za r e xp er iê nc ia s qu e le ve m a c ria nç a a de se nv ol ve r s ua s ha bi lid ad es . Q ua nt o m ai s riq ue za n as v iv ên ci as , m ai s co nd iç õe s a cr ia nç a te rá d e am pl ia r s eu re pe rtó rio e s ua c ap ac id ad e pe rc ep tiv a. O ut ro a ss un to tr at ad o ne st a au la s ão a s ha bi lid ad es m ot or as e v oc ê ve rá q ue a m at ur aç ão n eu ro ló gi ca , o a m bi en te e es tím ul os s ão fu nd am en ta is p ar a o de se nv ol vi m en to d as c ria nç as , e m bo ra s e de va s em pr e co ns id er ar a s di fe re nç as in di vi du ai s. CO NV ITE ÀL EIT UR A C om pr ee nd en do a s C ar ac te rís tic as d a C ria nç a: o A pe go , a P er ce pç ão e a s H ab ili da de s M o- to ra s A or ga ni za çã o do tr ab al ho c om b eb ês e c ria nç as a p ar tir d a re la çã o in te gr ad a en tre e du ca r e c ui da r e xi ge q ue a or ga ni za çã o cu rr ic ul ar s e dê p au ta da n um a fil os ofi a do r es pe ito p el a cr ia nç a, o q ue r eq ue r o co nh ec im en to s ob re s ua s ca ra ct er ís tic as e s ob re o d es en vo lv im en to in fa nt il no s se us d ife re nt es a sp ec to s – co gn iti vo , f ís ic o, p si co ló gi co , s oc ia l. Is so d ec or re d o en te nd im en to d e qu e a cr ia nç a se d es en vo lv e nu m a to ta lid ad e, n a qu al o s as pe ct os s e re la ci on am e se in flu en ci am , d e fo rm a qu e as a çõ es p ro po st as e p re vi st as n o pl an ej am en to d as in st itu iç õe s de E du ca çã o In fa nt il nã o po de m s er a le at ór ia s, m as c on du zi da s pe lo e nt en di m en to in te gr al d a cr ia nç a. PO RD EN TR OD OT EM A 4 Como você viu nas aulas anteriores discutiu-se a importância de um currículo no qual os cuidados são compreendidos como meios excelentes para se proporcionar um processo educativo. Nesse sentido, foram feitas análises das práticas que se constituem em situações corriqueiras no trabalho com as crianças nas quais se deve aliar o educar e cuidar. Você também pôde compreender o papel da brincadeira como processo central no desenvolvimento da criança, constituindo- se em campo fértil para as situações-problema, que por meio da mediação adequada do professor e da constituição de um ambiente propício podem potencializar o desenvolvimento da criança. O entendimento sobre as características da criança são fatores essenciais para uma melhor coordenação das ações que serão desenvolvidas com elas e a propositura de um currículo mais adequado em conformidade com os pressupostos e a filosofia aqui presentes. Nesse sentido alguns elementos são centrais e trataremos deles nesta aula: o apego, a percepção e as habilidades motoras. As situações de cuidados vivenciadas pelo indivíduo na infância estimulam de forma profunda o cérebro. Estudos demonstram que experiências positivamente reativas atuam sobre o seu funcionamento sendo extremamente importantes para o desenvolvimento das crianças. Nos primeiros anos de vida, o cérebro humano produz o dobro de sinapses necessárias e, ao chegar à adolescência,o cérebro passa a eliminar aquelas consideradas desnecessárias de tal forma que os estudos apontam que em torno da metade delas são descartadas. No que se refere ao desenvolvimento neural do cérebro humano, uma de suas características é a de manter aquelas conexões decorrentes de experiências realizadas repetidas vezes. Assim, as experiências repetidas formam padrões neurais estáveis e esse conhecimento é de extrema importância para o professor e todos aqueles que lidam com as crianças, pois quanto melhor for a qualidade das experiências iniciais, melhores as condições de o cérebro manter as conexões delas originárias. A perda das sinapses decorre de um processo por meio do qual somente se mantêm aquelas que são estimuladas. O cérebro – estudos da neurociência já o demonstram – é altamente plástico e sua modificação é profundamente influenciada pelo ambiente. Por plasticidade neural se compreende: “[...] a capacidade do organismo em adaptar-se às mudanças ambientais externas e internas, mediadas pela ação sinérgica de diferentes órgãos, coordenados pelo SNC”. (DUARTE; BARBOSA, 2010, p. 49) Assim um ambiente rico, que oferece condições para o pleno desenvolvimento do indivíduo e oportunidades de convívio social, é capaz de modificar a progressão do desenvolvimento neurológico. Com isso você observa o valor das experiências vivenciadas nos primeiros anos de vida da criança, o que reforça o papel das instituições de educação infantil. As experiências dos primeiros anos de vida têm efeito organizador, pois nessa fase o sistema nervoso está mais receptivo aos processos de aprendizagem que irão produzir transformações em algumas estruturas neurais. Gonzales- Mena e Eyer (2014, p. 95) explicam que: “Se os padrões neurais forem sólidos, os sinais viajarão rápido e a criança conseguirá resolver os problemas com facilidade”. PORDENTRODOTEMA 5 Disso decorre que o apego se constitui numa experiência que favorece a formação cerebral saudável, principalmente por se constituir em meios para reações positivamente reativas. Estudiosos da Teoria do Apego afirmam que o apego começa a adquirir força com os meses após o nascimento da criança, o que leva a concluir que o apego está ausente no nascimento. “O comportamento de apego manifesta-se pelos três meses, tornando-se nitidamente presente por volta dos seis meses de idade da criança e, em regra, prossegue até a puberdade” (BRUM; SCHERMANN, 2004, p. 459). A construção da confiança é um aspecto essencial nas relações de apego. A partir dos cuidados que são dispensados à criança, vão se formando padrões cerebrais que reforçam a confiança, uma vez que a criança, sendo extremamente dependente do retorno do adulto, precisa construir a certeza de que terá suas necessidades satisfeitas. Quando o bebê chora por se separar da mãe, tem uma reação de medo de perdê-la, pois não consegue compreender que é uma separação temporária. Com o tempo, com o desenvolvimento de suas capacidades mentais e as vivências experimentadas, ele passa a confiar que a mãe retornará, sendo essa uma experiência que caracteriza o desenvolvimento da confiança a partir do apego. A ansiedade da separação atinge seu pico ao final do primeiro ano de vida, sendo recomendável que a criança seja matriculada na creche antes desse período. Mesmo que a criança esteja vivendo a ansiedade da separação, é importante que os pais se despeçam ao deixá-la na escola; o professor, por sua vez, deverá ajudar a criança a expressar seus sentimentos, aceitando-os e não fugindo ou distraindo a criança. Você já deve ter vivenciado situações nas quais as crianças são separadas temporariamente de seus pais e nem sempre o adulto tem uma resposta adequada para a situação. Com as atitudes certas, pode-se desenvolver uma base segura do ponto de vista emocional. Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que os pais precisam assumir atitudes mais assertivas nesse momento como, por exemplo, partir tão logo se despeçam da criança, pois é muito comum observar os pais mais inseguros com a separação do que a criança. Nessas situações cabe à escola criar ambientes estimulantes visando demonstrar à criança que ela pode se envolver em algumas atividades, caso esteja pronta. No que se refere ao desenvolvimento do cérebro, estudos demonstram que nas crianças que têm a oportunidade de experimentar o apego e situações de conforto e segurança, são produzidos neurotransmissores que levam a sensações de bem-estar. Entretanto essas interações precisam ter continuidade e consistência uma vez que a criança precisa confiar na relação, que depende principalmente da condução do adulto. O desenvolvimento da criança também está muito relacionado com a integração sensorial, que pode ser compreendida como um processo neurológico que objetiva interpretar e organizar as informações obtidas por meio dos sentidos. Na medida em que os bebês e crianças vivenciam experiências reiteradas vezes, passam a estabelecer relações significativas diferenciando as pessoas ao seu redor e assim estabelecendo o apego. As informações obtidas por meio dos sentidos PORDENTRODOTEMA 6 fazem uma ligação importante com outras áreas do desenvolvimento. A experiência sensorial tem profunda relação com a experiência motora e, por sua vez, propicia o desenvolvimento cognitivo. As crianças pequenas precisam vivenciar repetidas vezes experiências sensoriais para criar redes de aprendizagem no cérebro conforme exposto anteriormente. Elas não nascem com conhecimentos prontos para perceberem os estímulos do ambiente, assim a percepção depende do aprendizado uma vez que possuir os sentidos não significa que a criança compreenda os estímulos deles decorrentes, somente com o tempo e as vivências é que os bebês aprendem a conferir significado às sensações obtidas. Existem diferentes tipos de modalidades sensoriais, que se referem aos sentidos os quais operam por meio dos órgãos que captam os estímulos sensoriais externos e os transmitem ao cérebro para que sejam processados e organizados. O quadro a seguir apresenta um resumo das modalidades sensoriais. Quadro 1 – Resumo das modalidades sensoriais, seus estímulos específicos e submodalidades. MODALIDADE SENSORIAL ESTÍMULO (ENERGIA DO AMBIENTE) SUBMODALIDADE SENSORIAL VISÃO Luz (espectro visível) Visão de cores, percepção de formas, percepção de movimentos etc. AUDIÇÃO Som (espectro audível) Tons, timbres, localização espacial dos sons etc. GUSTAÇÃO Químicos Doce, amargo, salgado, azedo, "umami" (glutamato) OLFAÇÃO Químicos Não há submodalidades básicas, podemos perceber milhares de cheiros diferentes SOMESTESIA Mecânicos, térmicos, químicos Tato, sensação térmica, dor, propriocepção (orientação espacial) Fonte: Valle (2000, p. 3) PORDENTRODOTEMA 7 Vejamos mais especificamente cada uma das modalidades. A audição permite reconhecer os sons do ambiente sendo este um aspecto importante, porém ela também é fundamental para o processo de comunicação entre as pessoas, de tal forma que a perda auditiva interfere profundamente no aprendizado da língua falada. Caso a criança não tenha problemas auditivos, ao nascer já consegue identificar o local de onde o som vem, reconhece a voz da mãe com um pouco mais de tempo, já reconhece a diferença entre o som de alguém cantando e alguém falando, e até o que distingue uma língua da outra. As crianças pequenas possuem capacidade para tolerar o barulho, porém cabe observar o comportamento delas uma vez que o excesso de som pode tirar o seu foco. Quanto ao olfato e o paladar estão presentes desde o nascimento; estudos demonstram que os bebês conseguem distinguir o cheiro de sua mãe dentre o de outras pessoas. O olfato e o paladar são sentidos químicos. Os sistemas neurais que intermedeiam estas sensações, os sistemas gustatório e olfatório, estão entre aqueles filogeneticamente mais antigos do encéfaloe ao perceberem substâncias químicas na cavidade oral e nasal trabalham conjuntamente. (PALHETA NETO et al., 2009, p. 351). Ao se trabalhar com bebês e crianças, é importante que atividades que envolvam o cheiro sejam introduzidas sistematicamente, como o uso de itens que tenham cheiro e que as crianças possam experienciar. Por exemplo, se na instituição existe uma horta de temperos, as crianças podem sentir o cheiro e o gosto de alguns deles. Deve ser evitado, principalmente com os menores, o uso de massinhas com cheiro, pois a criança pode querer comer. Mesmo em se tratando de comidas, é necessário ter o cuidado com aquelas que podem levar ao engasgamento. A percepção tátil está profundamente relacionada às habilidades motoras, uma vez que com o aumento da capacidade de movimento e de exploração, as crianças vão obtendo maiores informações sobre o que está ao seu redor. Por isso os ambientes destinados a elas devem possibilitar que possam tocar, colocar na boca, mexer de forma a identificarem diferenças e similaridades. O ideal é proporcionar experiências nas quais a criança possa perceber os toques com o corpo todo. Por exemplo, tecidos com diferentes texturas, sedosos, peludos, ásperos; experiências com areia, com bolas de plástico, com água – morna, fria – com objetos mais duros ou moles. Existem atividades que envolvem predominantemente as mãos, como utilizar o sabão, tintas para desenhar, massinhas de modelar, o preparo de comidas. Vale destacar que a realização das atividades não é fazer algo para mostrar aos pais, mas para que a criança possa experimentar e vivenciar com liberdade, tendo o professor como mediador, cuidando para que ela não se machuque, mas favorecendo que possa explorar as possibilidades dos objetos e do ambiente. Você pode pensar em outras atividades que serão muito prazerosas para as crianças. PORDENTRODOTEMA 8 A visão é um dos sentidos mais importantes, porém enxergar não é uma habilidade inata de forma que os bebês a aprendem. Desde que a criança não tenha alguma deficiência visual, ao nascer consegue distinguir o claro do escuro e com o tempo passa a distinguir mais coisas e com mais clareza de forma, até que, aos quatro meses, já possui a habilidade da visão bastante diferenciada. Quando se trabalha com bebês, é interessante dosar a quantidade de estímulos visuais, pois algo que lhes interessa ao olhar é também algo para ser alcançado, o que em geral leva o bebê a buscar esse objeto. Gonzales-Mena e Eyer (2014) afirmam que quando o bebê é colocado dentro de um ambiente com excesso de estímulos – com TV ligada, muito barulho no ambiente, movimento de pessoas, profusão de brinquedos – tende a observar e pouco participar. Você com certeza já viu algum brinquedo que torna a criança um mero expectador, pois além de ser multicolorido, tem sons variados, luzes que se agitam de tal forma que parece ter vida própria. Assim é que as crianças se tornam observadoras e, ao manter esse comportamento, tendem a necessitar de mais estímulos, pois tornam-se dependentes de um fluxo constante e contínuo de novas estimulações visuais. As autoras acrescentam que: “Esse hábito de observar e não se envolver é fatal para o desenvolvimento de um grande número de habilidades” (GONZALES- MENA; EYER, 2014, p. 121). As próprias crianças podem oferecer indicadores sobre a quantidade e os estímulos mais apropriados. O choro é um dado importante, uma vez que quando a criança se sente incomodada geralmente utiliza esse recurso. O bom senso do professor também precisa ser considerado, visto que os ambientes carregados de informação acarretam desconforto inclusive nos adultos. Recomenda-se a utilização de barreiras para bloquear áreas do ambiente para evitar que a criança seja submetida a estímulos desnecessários, utilizar de figuras que serão modificadas periodicamente e optar também por ambientes externos, que sejam oportunidades de vivências aprazíveis. Com relação aos ambientes externos, vale tecer algumas considerações. Cada vez mais as crianças têm menos oportunidades de viver em espaços ao ar livre, fora do ambiente de sala de aula. As experiências ao ar livre em ambientes externos podem potencializar as experiências vivenciadas em ambientes fechados. O ideal é que a criança possa crescer em ambientes arejados, iluminados, confortáveis, mas que também tenham contato com outros tipos de situação, tais como o encantamento com um dia bonito, brincar na chuva, o sabor da fruta recém-colhida, observar o movimento das nuvens no céu, o vento quando movimenta as folhas, as cores diferentes que as plantas possuem, dentre outras coisas. Isso também é aprendizado e também envolve os sentidos e o desenvolvimento da percepção. Todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento do afeto e da percepção estão relacionados ao movimento e à capacidade motora das crianças. Dentro de um processo considerado normal do desenvolvimento motor, também PORDENTRODOTEMA 9 acompanham a maturação e a aquisição da competência e reorganização psicológica. É importante destacar que o desenvolvimento motor é um processo que ocorre durante toda a vida do indivíduo, sendo resultado de um conjunto de fatores que se inter-relacionam – cultura, ambiente, aspectos biológicos e psicológicos. Num ambiente adequado e com os cuidados necessários, um bebê crescerá de maneira saudável e em geral existem parâmetros mais ou menos comuns ao crescimento conforme idade e sexo. No que se refere ao desenvolvimento motor, dois são os princípios reguladores: o céfalo-caudal e o próximo-distal. Isso quer dizer que o crescimento irá seguir um padrão que tem início na cabeça e segue para o restante do corpo e também que o desenvolvimento ocorrerá do centro do corpo para a periferia. Com o desenvolvimento de suas capacidades motoras, é que a criança começa a ter condições de compreender e deixar clara suas necessidades. A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desordenada e sem finalidade objetiva, movimentando de modo assimétrico tanto os membros superiores como os inferiores (pedalagem). Alguns reflexos são próprios desta idade e ocorrem em praticamente todos os bebês, sendo inibidos nos meses subsequentes devido principalmente ao amadurecimento do cerebelo e do córtex frontal, iniciando-se assim o surgimento de movimentos voluntários e melhor organizados (RÉ, 2010, p. 56). O desenvolvimento das habilidades motoras ocorre de forma diferenciada entre as crianças e estas são decorrentes da maturação neurológica, do ambiente e dos estímulos que a criança recebe. Os primeiros movimentos que a criança realiza são os reflexos e se manifestam desde o nascimento, sendo que alguns desaparecem enquanto outros novos aparecem. Comumente os reflexos são organizados em reflexos primitivos, reflexos posturais e os reflexos locomotores. Os reflexos primitivos são involuntários, os reflexos posturais são considerados como os precursores dos movimentos voluntários e estão ligados à postura ereta e os reflexos locomotores estão ligados aos movimentos de locomoção, seja o rastejar ou a marcha. O movimento é um aspecto fundamental para a aquisição de estruturas cognitivas, uma vez que é em função disso que a criança desenvolve a consciência de si própria, do mundo que a cerca. Os movimentos envolvem um elemento de estabilidade, pois o desenvolvimento de padrões locomotores é essencial para que a criança possa explorar os espaços com liberdade. Com o passar do tempo os músculos dos bebês tornam-se mais fortes e equilibrados e com o amadurecimento do cérebro são dadas as condições para o movimento equilibrado. É importante compreender que a cada habilidade construída, os bebês reorganizam as existentes em novas e cada vez mais complexas. Uma orientação presente em alguns livros é a de que o bebê seja colocado na posição de barriga para baixo quando estiver acordada para fortaleceros músculos do pescoço e do peito, contudo outros estudos demonstram PORDENTRODOTEMA 10 que aqueles que mostram esta musculatura muito fraca em geral passaram horas apertados em cadeirinhas ou carrinhos. Por tudo isso é preciso discernimento e atenção no cuidado com os bebes, além de um atendimento individualizado. O desenvolvimento das habilidades motoras finas é um processo altamente complexo e, principalmente quando se refere à manipulação, as crianças seguem um padrão de desenvolvimento que passa por diversos estágios até que elas consigam adquirir o movimento de rabiscar. Para melhor auxiliar a criança a desenvolver suas habilidades motoras, o professor precisa ter um olhar atento para identificar o processo de cada criança que esteja sob seus cuidados. O ideal é que faça os registros constantemente para ter condições de delinear um perfil de cada criança. Isso favorece também identificar alguma situação de anormalidade que porventura aconteça, possibilitando aos pais ações imediatas. Orienta-se, em se tratando das crianças menores, que sejam deixadas mais livres quando estiverem acordadas, pois os estudos demonstram que elas mudam de posição de forma constante e ao estarem presas em cadeirinhas ou congêneres, terão sua movimentação limitada. Aquilo que o professor observa já ser de domínio da criança deve ser estimulado, porém não adiante tentar ensinar a criança a andar se ela ainda não estiver pronta. Quando o bebê busca posicionar-se para fazer alguma coisa, deve ser incentivado, uma vez que o processo é mais importante que o resultado. As crianças precisam de liberdade para experimentar as habilidades que já possuem. Assim o professor deve procurar organizar o ambiente com travesseiros, colchões, almofadas, espumas para que a criança possa cair, rolar, pular subir, descer, deslizar, dançar, sem se machucar. Podem ser utilizados objetos que favoreçam a criança a entrar e sair, dar a volta, carregar, empurrar tanto em ambientes fechados quanto em ambientes externos. Nesse caso vale programar atividades ao ar livre que podem ser na escola, em um parque ou outro local com árvores, troncos, grama, areia. Uma questão que merece atenção é em relação às crianças com necessidades especiais, uma vez que a instituição deve ter uma concepção expressa no seu Projeto Político Pedagógico em relação à inclusão e que preveja as ações a serem desenvolvidas com o objetivo de efetivar essas práticas no contexto da sala de aula. Evidentemente que a organização da proposta de trabalho estará adequada ao tipo de necessidade que a criança apresente; contudo, mais do que o planejamento do trabalho em si, importa a clareza em relação ao que se compreende como inclusão e como isso será expresso nas atitudes assumidas por todos os que estão atuando com a criança e isso não se limita ao professor. A organização dos espaços e dos ambientes, como recursos apropriados para que a criança possa agir da maneira mais autônoma possível, é um indicador que revela a preocupação da instituição em efetivar práticas inclusivas. O trabalho geralmente é articulado com outros especialistas tais como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, PORDENTRODOTEMA 11 psicólogos que, de maneira articulada, estarão prevendo as melhores formas de favorecer o desenvolvimento da criança. O intercâmbio de informações e a comunicação constante com os pais potencializam as condições de avanços por parte da criança em face da intervenção precoce. Para o professor é importante conhecer como o desenvolvimento motor se processa em crianças sem deficiências a fim de que possa, com maior propriedade, estabelecer parâmetros em relação ao que observa sobre o desenvolvimento da criança com deficiência. Como já explicado, a habilidade motora está relacionada a movimento e postura que estão profundamente relacionados. Piaget explica isso em termos de desenvolvimento sensório-motor, pois compreende que o aprendizado ocorre pela sequência de variadas posturas e movimentos, que são um processo contínuo de aperfeiçoamento do que foi adquirido. Quando o desenvolvimento psicomotor é prejudicado por algum motivo, atividades de movimentação corporal espontânea como alimentação, sono, marcha e também as intencionais, que se referem às atividades físicas levadas a efeito pela criança conforme seu desejo, são comprometidas. Piaget (apud CAVICCHIA, 2000) explica que é por meio da ação do indivíduo sobre os objetos que se originam as estruturas mentais e a construção de novas estruturas leva à construção de esquemas. Essas estruturas são condições para que o pensamento chegue ao nível das operações formais. Por isso é fundamental oferecer à criança um ambiente rico em desafios, o qual elas possam explorar livremente com vistas a aplicar seus esquemas, criando estruturas que levem a um conhecimento cada vez maior. Outro aspecto que você deve considerar é que as crianças com necessidades educativas especiais podem ter o benefício das atividades lúdicas para desenvolverem suas habilidades. O fato de apresentarem algum tipo de necessidade não significa que devam ser subtraídas do seu direito de brincar e de se beneficiar desses tipos de atividades. As brincadeiras se constituem em atividades que produzem grandes benefícios do ponto de vista físico, intelectual e social, além de propiciar aprendizagens específicas. Todas essas considerações reforçam a importância das atividades e experiências para o desenvolvimento motor e sua relação com a evolução dos indivíduos de uma maneira global, reforçando a relação entre os aspectos biopsicossociais. PORDENTRODOTEMA 12 Desenvolvimento Neuropsicomotor de Crianças de 2 A 5 Anos que Frequen- tam Escolas de Educação Infantil, Texto de Zilke, Bonamigo e Wilkelmann • O artigo apresenta o resultado de pesquisa realizada com o objetivo de conhecer o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças, diante da importância dos primeiros anos de vida da criança. O interessante na pesquisa é verificar os resultados obtidos dos testes denominados Protocolo de Desenvolvimento, aplicados nas crianças entre 2 e 5 anos. Embora o Protocolo seja objeto das práticas de fisioterapeutas, podem oferecer meios para que os professores possam identificar alguns pontos relacionados ao desenvolvimento motor das crianças. Um aspecto importante nos resultados é que apesar de os instrumentos serem meios objetivos para identificar as características, não há como medir com precisão o desenvolvimento uma vez que ele não está relacionado com a idade cronológica, mas ao processo específico e característico de cada indivíduo. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/RFM?dd1=2820&dd99=pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. O Desenvolvimento de Crianças Cegas e de Crianças Videntes, Texto de França-Freitas e Gil • O artigo apresenta o resultado de pesquisa cujo objetivo foi o de apresentar o desenvolvimento de uma criança cega que recebeu estimulação especializada e de outra criança cega que recebeu apenas estimulação assistemática e também de outro grupo de crianças videntes. Foi utilizado o Inventário Portage, e os resultados demonstraram que, mediante as ações adequadas, a criança cega apresenta desempenho semelhante ao da criança vidente, no ambiente no qual foram observadas. Quanto à criança que recebeu estimulação assistemática, o desenvolvimento apresentado foi de atraso em todas as áreas. Isso demonstra que recebendo atendimento e cuidados necessários, as crianças com deficiência podem apresentar níveis esperados de desenvolvimento, conforme sua faixa etária. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v18n3/a10.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. ACOMPANHENAWEB 13 O Papel da Experiência Motora no Desenvolvimento Global: as Implicações na Criança com Paralisia Cerebral, Artigo de Catarina Martins • O artigo trata da influênciada atividade motora e da manipulação para o desenvolvimento da aprendizagem. No texto a autora apresenta suas conclusões a partir da revisão de estudos que tratam da aprendizagem motora no desenvolvimento cognitivo e aprendizagem. Embora o foco central do texto seja a análise das práticas efetivadas com crianças com necessidades educativas especiais, especialmente aquelas com comprometimento motor, o texto apresenta considerações importantes sobre a visão dos teóricos em relação ao desenvolvimento motor e aprendizagem ativa. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium45/4.pdf>. Acesso em 14 out. 2015. Jean Piaget • Vídeo da Coleção Grandes Educadores, que aborda aspectos da vida do pesquisador e os principais aspectos de sua teoria conduzido por Yves de La Taille. O teórico apresenta a importância da obra psicológica de Piaget sobre a inteligência. No vídeo é tratada a Epistemologia Genética que cuida de responder como os indivíduos constroem o conhecimento. Para o teórico a inteligência é explicada como função e como estrutura, e no vídeo são explicados todos os elementos que compõem essa organização estudada por Piaget. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PBVNYRQP7Sk>. Acesso em: 13 out. 2015. Tempo: 57:21. Psicomotricidade • O Amazon Sat apresenta o programa Conhecer e Aprender no qual é feita uma explicação sobre o que é a psicomotricidade e sua importância para o desenvolvimento das crianças. O programa apresenta a visão de diferentes pessoas envolvidas com as crianças que discorrem sobre os diferentes saberes oportunizados pelo desenvolvimento motor. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mKL3XfPQ5xM>. Acesso em: 13 out. 2015. Tempo: 7:28. ACOMPANHENAWEB 14 A posição de bruços e o desenvolvimento motor da criança • Vídeo do programa Escola de Vida Saudável, com apresentação do Dr. Belmiro D’Arce, que tece considerações sobre o desenvolvimento motor e a importância dos cuidadores para oportunizar as melhores condições de desenvolvimento da criança. O médico enfatiza a importância da posição de bruços explicando as razões que levam a isso. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UIKjShwYiMI>. Acesso em: 13 out. 2015. Tempo: 4:26. Questão 1 Joana está deixando seu filho Pedro de oito meses pela primeira vez na creche. Está se sentindo muito insegura pois o bebê cho- ra muito ao perceber que ela desaparece de sua vista. Ela quer conversar com a professora que irá ficar com Pedro para saber o que fazer para diminuir o sofrimento. Imagine que você é a professora de Pedro e deverá explicar para a mãe o que em geral acontece e o que você sugere que deva fazer para minimizar a ansiedade da separação. Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. AGORAÉASUAVEZ ACOMPANHENAWEB 15 Questão 2 Estudos da neurociência demonstram que comportamentos positivamente reativos – toques, carícias, contato visual – favorecem a formação de uma relação próxima. Os estudos sobre o cérebros indicam em relação a esses comportamentos: I. Que tais padrões ajudam a construir a base física da confiança. II. Que quando os bebês e crianças vivenciam experiências positivas, tendem a estabilizar as conexões cerebrais. III. Que relações de apego são processos emocionais e não têm qualquer vinculação com processos neurológicos. IV. Que padrões neurais estáveis favorecem o desenvolvimento da criança, especialmente o cognitivo. Estão corretas: a) I, II e III b) I e IV c) II e III d) I, III e IV e) I, II e IV Questão 3 Uma das preocupações que acompanham os professores que atuam com crianças é em relação à construção do apego. Em face da importância que o tema apresenta, de que forma os professores podem construir relações de apego e como identificar esses comportamentos nas crianças? AGORAÉASUAVEZ 16 Questão 4 Se a sensação é a estimulação dos órgãos sensoriais, a percepção é a capacidade de organizar essas informações. O aprendi- zado nesse campo é dinâmico, uma vez que as informações sensoriais se relacionam com as diferentes áreas do crescimento. A integração sensorial é a capacidade de integrar informações aos sentidos, o que é um aspecto fundamental para o desenvol- vimento da percepção (GONZALES-MENA; EYER, 2014). Em relação à integração sensorial, analise as afirmativas a seguir e identifique aquelas que são verdadeiras (V) e aquelas que são falsas (F): • As inter-relações entre experiência sensorial e experiências motoras são a base para o desenvolvimento cognitivo. ( ) • Embora as experiências sensoriais sejam fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, as crianças pequenas não precisam de experiências com muita repetição. ( ) • A boca é muito sensível e nos primeiros anos de vida representa um importante instrumento de aprendizado para as crianças. ( ) • O desenvolvimento sensorial tem relação direta com o desenvolvimento do cérebro, porém o desenvolvimento cognitivo ocorre somente em áreas específicas do cérebro sem relação direta com as experiências sensoriais. ( ) A correta sequência é: a) V, F, V, F b) F, F, V, V c) V, V, F, V d) F, F, V, F e) V, V, V, F Questão 5 Uma das coisas mais observáveis no desenvolvimento de uma criança é o seu crescimento e as habilidades motoras. As ativi- dades motoras oportunizam o desenvolvimento de conexões cerebrais que levam ao desenvolvimento cognitivo. Portanto são condições relacionadas. Crianças precisam de liberdade para se mover. Apresente algumas sugestões de objetos e organização de espaços para atender o desenvolvimento motor das crianças. AGORAÉASUAVEZ 17 Nesta aula, você teve a oportunidade de conhecer algumas das características das crianças. Você aprendeu sobre o desenvolvimento do cérebro e sua estreita relação com as experiências realizadas por elas. As experiências atuam na formação do cérebro, o que atinge o desenvolvimento, inclusive o cognitivo; mesmo os bebês, em suas primeiras experiências, têm afetado o modo como o seu cérebro se desenvolve não sendo esta uma situação que privilegia somente as crianças maiores. O apego é um dos aspectos que favorecem o estabelecimento de conexões cerebrais mais estáveis, e quanto melhores as conexões, melhor a forma como a criança estabelece suas relações. Nesta aula, também foi abordado sobre a percepção e sua relação com as experiências sensoriais. Foram abordadas cada uma das modalidades sensoriais em sua conexão com o cérebro destacando os benefícios das experiências ao ar livre. Você também teve a oportunidade de compreender a relação em ter o desenvolvimento do cérebro e o desenvolvimento motor. Relacionado a esse aspecto, você aprendeu sobre os reflexos, as habilidades de locomoção e também as habilidades de manipulação. Foram feitas sugestões sobre as atividades para incentivar o desenvolvimento motor. Um aspecto que não pode ser descuidado é em relação às crianças com necessidades educativas especiais, e as formas mais adequadas para incentivar o seu desenvolvimento, considerando suas especificidades e a importância da exploração livre, utilizando as brincadeiras como um dos meios para alcançar esse objetivo. FINALIZANDO 18 A POSIÇÃO de bruços e o desenvolvimento motor da criança. Belmiro D’arce – Médico. 2015. Duração: 4:26. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UIKjShwYiMI>. Acesso em: 13 out. 2015. BRUM, Evanisa Helena Maio de; SCHERMANN, Lígia Schermann. Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco. Ciência & Saúde Coletiva, n. 9, v. 2, p. 457-467, 2004. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/csc/v9n2/20399.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos Primeiros anos de vida. Psicologia do desenvolvimento, [2000], UNESP, São Paulo, SP. Disponível em: <http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf>. Acesso em: 12 out. 2015. DUARTE, Diego Andreazzi; BARBOSA, Danillo. Achados sobre plasticidade neural. REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2010. v. 1, p. 45-53. Disponível em: <http://acervosaud.dominiotemporario.com/doc/artigo_005.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. FRANÇA-FREITAS, Maria Luiza Pontes de; GIL, Maria Stella Coutinho de Alcântara. O desenvolvimento de crianças cegas e de crianças videntes. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 18, n. 3, p. 507-526, jul.-set., 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v18n3/a10.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. GONZALES-MENA, Janet; EYER, Dianne Widmeyer. O cuidado com bebês e crianças pequenas na creche: um currículo de educação e cuidados baseado em relações qualificadas. Trad. Gabriela W. Link. Ver. técnica Tânia Ramos Fortuna. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. JEAN PIAGET Coleção Grandes Educadores. Atta Mídia E Educação. 2015. Duração: 57:21. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=PBVNYRQP7Sk>. Acesso em: 13 out. 2015. MARTINS, Catarina. O papel da experiência motora no desenvolvimento Global: as implicações na criança com paralisia cerebral. Millenium, 45 (jun./dez.), p. 45-62. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium45/4.pdf>. Acesso em: 14 out. 2015. MOUREAU, Michele Cabral Bencardini. Integração sensorial: transformação da percepção para a aprendizagem. Monografia (Especialização), Curso de Especialização em Educação Infantil e Desenvolvimento, Universidade Cândido Mendes, RJ, fev. 2010. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/t205547.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. O QUE É psicomotrocidade. Amazon Sat. Duração: 7:29. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mKL3XfPQ5xM>. Acesso em: 13 out. 2015. REFERÊNCIAS 19 PALHETA NETO, Francisco Xavier et al. Anormalidades sensoriais: olfato e paladar. Arq. Int. Otorrinolaringologia, São Paulo, SP, v. 15, n. 3, p. 350-358, jul./ago./set. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aio/v15n3/v15n3a14.pdf>. Acesso em: 11 out. 2015. PINHEIRO, Marta. Fundamentos de neuropsicologia – o desenvolvimento cerebral da criança. Vita et Sanitas, Trindade-Go, v. 1, n. 1, 2007. Disponível em: <http://docplayer.com.br/1918778-Fundamentos-de-neuropsicologia-o-desenvolvimento-cerebral- da-crianca.html>. Acesso em: 12 out. 2015. RÉ, Alessandro H. Nicolai. Crescimento, maturação e desenvolvimento na infância e adolescência: implicações para o esporte. Motricidade, USP, 2011, vol. 7, n. 3, p. 55-67. Disponível em: <http://www.revistamotricidade.com/arquivo/2011_vol7_n3/ v7n3a08.pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. RIZZI, Claudia Brandelero; COSTA, Antônio Carlos da Rocha. O Período das operações formais na perspectiva piagetiana: aspectos mentais, sociais e estrutura. EDUCERE – Revista da Educação, v. 4, n. 1, p. 29-42, jan./jun. 2004. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/educere/article/viewFile/178/152>. Acesso em: 13 out. 2015. VALLE, Juliana do. A divisão sensorial do sistema nervoso. Disponível em: <http://files.andreonetm.webnode.com. br/200000027-dbdb0dcd4e/Divis%C3%A3o%20Sensorial%20do%20Sistema%20Nervoso.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. ZILKE, Rosine; BONAMIGO, Elenita Costa Beber; WINKELMANN, Eliane Roseli. Desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de 2 a 5 anos que frequentam escolas de educação infantil. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 22, n. 3, p. 439-447, jul./set. 2009. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/RFM?dd1=2820&dd99=pdf>. Acesso em: 13 out. 2015. REFERÊNCIAS 20 Esquemas: conceito fundamental na teoria de Piaget que é explicado como uma estrutura mental, cujos processos ocorrem no sistema nervoso, não sendo observáveis. Quando a criança nasce, apresenta poucos esquemas, em geral de natureza reflexa, e com o tempo decorrente do desenvolvimento esses esquemas vão se tornando mais diferencia- dos e numerosos. Para Piaget as estruturas cognitivas não são herdadas, mas são construídas no decorrer do desen- volvimento. Por meio da relação que o indivíduo estabelece com o meio é que isso se torna possível. [...] o esquema é uma estrutura cognitiva, com padrões organizados de comportamento. Além disso, ele é a condição inicial das trocas que se efetuam entre o indivíduo e o meio. No ser humano, os esquemas iniciais, ponto de partida da interação sujeito e objeto, são os reflexos. A partir destes esquemas todos os demais são engendrados por meio dos processos de assimilação e acomodação. A adaptação (resultante destes dois processos) se refere, assim, à construção de esquemas (COUTINHO; MOREIRA, 2000 apud MATOS, 2008, p. 9). Integração sensorial: é assim denominado o processo neurofisiológico referente à capacidade cerebral de organizar e interpretar as informações advindas dos sentidos, por meio do confronto das informações recebidas com as informa- ções armazenadas no cérebro. O objetivo é organizar as sensações produzidas pelo corpo visando a seu uso eficiente. A teoria da Integração Sensorial foi desenvolvida pela terapeuta ocupacional Jean Ayres com base em conceitos da neuropsicologia e, conforme Moureau, essa abordagem: [...] procura explicar a relação entre a habilidade do SNC de organizar e processar os estímulos recebidos do meio ambiente pelos receptores sensoriais e os comportamentos motores, cognitivos e emocionais emitidos em resposta a situação geradora (MOUREAU, 2010, p. 9). Essa autora afirma, ainda, que a atividade sensório-motora é fator modificador da atividade neural com grande influên- cia na neuroplasticidade, que por sua vez se refere à capacidade do sistema nervoso de alterar algumas propriedades morfológicas e funcionais em função de modificações ambientais. Neurotransmissores: grupo variado de compostos químicos liberados pelos neurônios sendo utilizado para a transfe- rência de informações entre eles. São encontrados em três categorias: aminoácidos, aminas e peptídeos. Podemos afir- mar que os neurotransmissores são combustíveis que possibilitam ao cérebro exercer determinadas funções. O corpo produz uma grande quantidade desses mensageiros para favorecer a comunicação e transmissão de sinais dentro do cérebro. O indivíduo, desde que seu organismo esteja funcionando adequadamente, nem se dá conta do que acontece no cérebro. GLOSSÁRIO 21 Operações formais: para Piaget o indivíduo se desenvolve dentro de estágios: sensório-motor, pré-operatório, de ope- rações concretas e de operações formais. O período das operações formais corresponde ao período que tem início na adolescência, cuja característica é a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, que é construída a partir da estrutura operatória. No período operatório a criança pensa sobre as coisas de maneira concreta, já no período operatório formal os problemas abstratos são os que despertam atenção do adolescente. No pensamento formal as ope- rações são realizadas independentemente dos objetos uma vez que podem ser representados por meio de hipóteses. Sinapses: são os espaços de junção no qual ocorre a comunicação entre dois neurônios. Por meio da sinapse o im- pulso elétrico é transmitido. Por meio da célula pré-sináptica o sinal é transmitido e por meio do neurônio pós-sináptico o sinal é recebido, portanto os neurônios não entram em contato direto, a comunicação é feita via sinapses elétricas e químicas. O neurônio produz o neurotransmissor que é uma substância química produzida no cérebro e que transmite a informação de um neurônio para outro e a comunicação entre os neurônios é denominada sinapse. SNC: sigla de Sistema Nervoso Central. O Sistema Nervosoé um complexo responsável pela coordenação e integração dos demais sistemas do organismo colocando o corpo em contato com o meio externo. O Sistema Nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico sendo que o Sistema Nervoso Central é composto pelo cérebro, cerebelo, medula espinhal, órgãos dos sentidos. Ele é organizado em algumas funções: motora, sensorial, homeostase e de pensar. A função motora atinge todos os músculos do corpo (exceto o coração) que dependem do SNC para con- trair e relaxar incluindo os movimentos inconscientes, a função sensorial controla as sensações, a função homeostase se refere ao equilíbrio orgânico e a função de pensar capacita os seres humanos de refletir, memorizar dentre outros. GLOSSÁRIO 22 GABARITO Questão 1 Resposta: Conversar com os pais, tranquilizá-los é muito importante para criar laços de confiança que melhorarão a relação de apego com a criança, resolvendo questões que eventualmente possam ocorrer com a criança. Em geral os pais, para evitar seu próprio sofrimento ao se separar da criança, “desaparecem” da vista da criança, cabendo aos professores a distraírem, dirigindo sua atenção para outra coisa para que não chore. O correto é que a instituição tenha um planejamento para esse processo de separação, que será gradual, para que a criança adquiria confiança de que a mãe irá embora, mas retornará, sem enganar a criança, mostrando que pode confiar no que os adultos falam, ajudando-a por meio de palavras a colocar o que está sentindo e a aceitação desse sentimento como parte do desenvolvimento emocional. A professora também poderá disponibilizar um ambiente e objetos que mostrem para a criança que no momento em que estiver pronta poderá explorá-lo ou se envolver em alguma atividade. Questão 2 Resposta: Alternativa E. A afirmativa I está correta, pois comportamentos reativamente positivos atuam na formação de padrões neurais que favorecem a formação física da confiança. A afirmativa II está correta pois as vivências positivas afetam a estimulação dos neurônios que incentivam o aprendizado de atitudes tais como o abraço, o sorriso, a troca de ideias. A afirmativa III não está correta, uma vez que os estudos científicos provam justamente a relação entre as relações e as conexões cerebrais. A afirmativa IV está correta, pois por meio de relações reativamente positivas as conexões são estabilizadas favorecendo o desenvolvimento da criança como uma totalidade. Questão 3 Resposta: As relações de apego fazem parte da constituição de um currículo baseado no respeito pela criança. A partir de comportamentos positivamente reativos a relação entre o professor e a criança vai se estruturando uma vez que no cérebro da criança vão se formando os padrões para a constituição da confiança. Os comportamentos que demonstram apego são diferentes conforme o desenvolvimento dos bebês e crianças e também conforme as vivências experimentadas por eles. Por exemplo, bebês bem pequenos demonstram conhecer seus cuidadores pelo cheiro, som e pela visão. Já um pouco maiores, demonstram ansiedade ao se separarem desses cuidadores. As crianças pequenas começam a demonstrar maior consciência dos próprios sentimentos e dos sentimentos das outras pessoas. 23 Questão 4 Resposta: Alternativa A. A primeira afirmativa é verdadeira, pois a experiência sensorial e experiências motoras estão profundamente relacionadas sendo a base para o desenvolvimento cognitivo. A segunda afirmativa é falsa, pois as crianças pequenas precisam de muita repetição para criar uma rede de aprendizado. A terceira afirmativa é verdadeira, pois para as crianças, especialmente os bebês, a boca proporciona experiências importantes em função de ser altamente sensível. A quarta afirmativa é falsa, pois a relação entre as experiências sensoriais e motoras são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, uma vez que se constituem em sistemas dinâmicos e relacionados. Questão 5 Resposta: A criança precisa vivenciar diferentes situações, por isso a importância das brincadeiras para favorecer o seu desenvolvimento motor. Ambientes com travesseiros, tapetes, colchonetes, colchões onde ela possam pular, rolar, subir, descer. Equipamentos também beneficiam as atividades como, por exemplo, aqueles que favorecem escalar, deslizar, correr ao redor, em ambientes fechados e também em ambientes abertos. Em relação aos ambientes abertos, vale destacar que é preciso valorizar os espaços que permitam à criança ter contato com árvores, plantas, areia, vento que são oportunidades para desenvolver sua percepção de diferentes formas.