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Análise de discurso crítica: para leitura de textos da contemporaneidade.

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RESENHA CRÍTICA
FERNANDES, A. C. Análise de discurso crítica: para leitura de textos da contemporaneidade. Curitiba: Intersaberes, 2014. (p. 89-148)
CREDENCIAIS DA AUTORA
	Alessandra Coutinho Fernandes é docente no Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Paraná e Doutora em Estudos Linguísticos - Análise de Discurso. Possui mestrado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente, especialização em Inglês e Literatura Correspondente e Licenciatura em Letras - Português e Inglês. Realizou pós-doutorado na University of Illinois at Urbana-Champaign (agosto/2016 a janeiro/2017) e na USP (fevereiro/2017 a julho/2017), com foco nos multiletramentos e na formação inicial de professores de línguas. Participa do grupo de pesquisa Identidade e Leitura, na UFPR. Participa também do grupo de pesquisa Projeto Nacional de Letramentos: Linguagem, Cultura, Educação e Tecnologia, sediado na USP. 
RESUMO DA OBRA
	Ao mergulhar na teoria social crítica, a análise do discurso crítica (ADC) acaba sofrendo uma grande mudança. Neste capítulo de sua obra Fernandes introduz o modelo tridimensional, usada pelos analistas que vão além do texto, investigando o contexto e a ligação com determinado momento sócio-histórico. A autora baseia-se maiormente nos estudos do britânico Norman Flaircough.
	Segundo a autora, Norman Fairclough, juntamente a Lilie Chouliaraki, causa uma importante alteração na teoria e metodologia da ADC com a publicação da obra Discourse in Late Modernity: Rethinking Critical Discourse Analysis em 1999. Neste momento, a ADC passa a focar nas práticas sociais, descentralizando o discurso.
	Fairclough, em seus livros Language and Power — publicado em 1989 — e Discurso e Mudança Social — publicado em 1992 — apresentou o modelo tridimensional para análises de discurso crítica. O autor não associa a palavra discurso ao pensamento de linguagem individual, defininindo-a como um modo de prática social. Para este modelo de análise, Fairclough afirma que é preciso entender que há duas formas de discurso: a de ação e a de representação. Ademais, necessita-se compreender a conexão entre dialética e estrutura social.
	Tencionando analisar o discurso como prática social, Fairclough utiliza uma concepção tridimensional de análise que consiste no texto, na prática discursiva e na prática social.
	Neste método de três dimensões, o texto possui as características e vestígios do cotidiano social que podem não ser notadas devido ao processo de naturalização, que autentica determinados contextos em contextos específicos.
	No seguinte tópico, a autora esclarece que há dois pontos de foco na análise textual: a metafunção ideacional, que consiste na construção social realística e a metafunção interpessoal, — desmembrada por Fairclough em duas partes: função relacional e função identificacional —, que corresponde a estruturação social das relações e das identidades.
	Nas análises da metafunção interpessoal de textos Fairclough destaca as seguintes concepções: o controle interacional examina as particularidades das interações comunicativas que fazem a comunicação acontecer livremente; a tomada de turno afirma que gêneros distintos ordenam quem fala quando de formas diferentes; o controle de temas/tópicos está ligado a forma que as pessoas coordenam tópicos diversos em uma interação comunicativa e o controle de agendas referindo-se ao objeto da interação; a modalidade é subjetiva e refere-se a declarações que podem ou não ser concludentes; na polidez Fairclough baseia-se na concepção pragmática de Brown e Levinson (1978) que investiga as variadas formas dos discursistas usarem a língua. Conquanto, Fairclough ressalta que a proposta dos americanos não leva em conta a grande variedade de praticar a polidez. Na ADC, o autor adota uma versão dialética; enfim, a ideia de ethos é a forma corporal usada pelas pessoas para criar uma identidade para si. Fairclough acredita que a importância deste conceito é advinda da aproximação das características discursivas e não discursivas na formação das identidades.
Dentre as categorias para a análise da metafunção ideacional Fairclough destaca três: o
uso de conectivos e argumentação diz que partindo das conexões semânticas entre as orações, através de conectivos, é viável pesquisar a possibilidade e a forma que a linha argumentativa e a elaboração de uma argumentação lógica em determinado texto valida ou desmerece algo ou alguém; transitividade e tema estão ligadas a gramática de Halliday e é uma forma de captar o modo que eventos e pessoas são representados ou omitidos no texto e em que isto pode resultar; para falar do significado das palavras Fairclough baseia-se na ideia de Raymond Williams, este declara que existem muitas maneiras de atribuir palavras e significados e cabe ao intérprete a interpretação destes; a lexicalidade evidencia que cada pessoa lexicaliza o mundo a partir de seu ponto de vista. Isto acontece pois, segundo Fairclough, os significados precedem o modo como são postos em palavras. Fernandes enfatiza que a análise da dimensão textual é fundamental para a ADC.
	Pra debater acerda da dimensão da prática discursiva, a autora cita que no fim dos anos 60, Julia Kriseva, ao divulgar as pesquisas de Bakhtin, usou a palavra intertextualidade para discorrer sobre a conexão interior e exterior do texto. Ainda que Bakthin não utilize este termo em sua obra, Fairclough afirma que o autor o descreve como as intervenções precendentes e posteriores na fala das pessoas, relacionando história e linguagem. Cabe a esta dimensão a avaliar coerência, intertextualidade e interdiscursividade no que se diz respeito a produção, partilhamento e consumo. A autora decreta a importância desses aspectos pois contém dicas de como o discurso será interpretado, que podem acobertar ou validar posições de poder. Fernandes menciona que o vínculo diálogico entre os textos passados e futuros é conhecido como intertextualidade horizontal, enquanto a conexão entre um texto com outros historicamente aproximados chama-se intertextualidade vertical. Quanto a intertextualidade manifesta, Fairclough mostra que esta tem o poder de ratificar as conexões de gêneros, discursos e estilos usando-os ironicamente e/ou inusitadamente. Seguindo esta linha de pesquisa, Fairclough foca em alguns pontos: segundo o autor, textos diversificados detém variadas formas de representar o discurso. Isto refere-se a representação do discurso; a pressuposição, da mesma forma que acrescenta outras falas ao texto, também leva questões ideológicas; a importância de avaliar a negação nos discursos e a ironia, que depende da interpretação de cada um. Enfim, a interdiscursividade diz respeito aos traços da intertextualidade manifesta anexadas em demais textos. Para concluir este assunto, a autora explica como diferentes gêneros podem estar relacionados a diferentes estilos, e de que modo isto se aplica ao discurso.
	Fernandes afirma que a grande esfera do modelo tridimensional é a prática social. Esta é entendida como a averiguação de vestígios ideológicos e hegemônios, bem como a naturalização no discurso analisado. A autora diz que diversas teorias são contribuintes a esta dimensão e em seguida cita as teorias utilizadas por Fairclough: John B. Thompson — ideologia — e Antonio Gramsci — hegemônia —. O pesquisador britânico categoriza ideologia como algo que afirma o papel das pessoas em suas determinadas particularidades sociais, que se manifesta nas estruturas e eventos do discurso.
	Em seguida, Fernandes apresenta um quadro contendo diversas formas ideológicas que podem se manifestar na linguagem. Inicia-se com o modo de legitimação, que adota relações de dominação. As táticas usadas para tal são: racionalização — linha de raciocínio que objetiva proteger e apoiar pessoas ou instituições específicas —; universalização — determinado interesse de alguns torna-se de todos —; narrativização — discursos que constroem tradicionalidades, apagando as diferenças. Logo após é apresentado o mododa dissimulação, contendo as estratégias de deslocamento — levar as palavras de um discurso para outro, mudando seu significado —; de eufemização — emitir relatos que destacam somente a positividade —; de uso de tropo — a utilização de figuras de linguagem de maneira emblemática —. Depois, o modo de unificação que atinge seus objetivos a partir das seguintes estratégias: a estandartização produz senso coletivo ao padronizar certa comunidade, juntando suas identidades, e a simbolização da unidade cria regras que são fabricadas e compartilhadas por todos a fim de instaurar senso de unicidade. Diferentemente do modo anteriormente mencionado, o modo de fragmentação tenta segregar determinados grupos que possam ser vistos como ameaça aos grupos imperantes. Suas estratégias são: diferenciação — fortifica as dissemelhanças e as divisões entre pessoas e grupos —; expurgo do outro — deve-se combater o outro que é visto como inimigo perigoso e ruim —. Finalmente, o modo de reitificação, segundo Thompson, é uma maneira de retratar um acontecimento histórico como se fosse acrônico e natural. As estratégias citadas são: naturalização — trata invenções socias de modo que pareçam um fragmento de ordem natural —; eternalização — apaga o caráter sócio-histórico de ações, eventos e instituições ao narrá-los como imutáveis e eternos —; nominalização — transformar processos em coisas a partir da nomeação —; passivização — tranformar em voz passivas as orações que antes eram em voz ativa—.
	Seguidamente, Fernandes inicia o debate sobre o conceito de hegemônia na ADC, que segundo a autora é o poder. Todavia, Fairclough atribui outros significados a palavra. Primeiramente, é necessário entender como o britânico relaciona poder e discurso. Ele o divide em poder “no” discurso (estabelecer superioridade e controle aos outros, usando especialmente frases imperativas e interrogativas) e poder “por trás” discurso (o poder que manifesta-se de forma abstrata no discurso). 
	No tópico “Poder e hegemonia”, a autora clarifica que os detentores do poder precisam reafirmar-lo enquanto os outros são suscetíveis a lutar por ele. Fairclough achou em Gramsci a teoria que estuda as relações entre poder, classe e estado no capitalismo moderno das sociadades e concluiu que o conceito de hegemonia consiste na necessidade de aliados para que os grupos dominantes possam manter tais relações de poder consensualmente. O discurso é essencial para chegar a hegemonia, conforme Fairclough, nele o poder é naturalizado e acaba tornando-se um fragmento do senso comum.
	Em face aos dados representados, a autora conclui ressaltando as dimensões do modelo tridimensional (que avalia a relação entre textos e sociedade): a análise do texto, a prática discursiva (relacionada a intertextualidade e interdiscurssividade) e a prática social (ideologia e hegemônia).
CONCLUSÃO 
	Essa conclusão é SUA, não do autor. O que você aprendeu com o texto lido? Quais os pontos mais importantes que valem ser reforçados? Aqui você pode fazer um breve apanhado de tudo o que leu e concluir com suas palavras e sua opinião sobre O TEMA. Deixe sua opinião sobre O TEXTO para o ponto seguinte!
CRÍTICAS
	Fernandes consegue reunir todas as dimensões do modelo tridimensional de Fairclough em um capítulo, que embora seja extenso, é de fácil leitura e entendimento. A autora demonstra uma grande capacidade de explicação, utilizando exemplos relevantes que podem ocorrer em nosso cotidiano ao explicar as características das concepções expostas na obra, o que causa maior compreensão dos tópicos relatados no capítulo. 
Ainda que Fairclough seja o maior contribuinte teórico desta obra, a autora reúne os pesquisadores que inspiraram o mesmo, relatando com precisão todos os conceitos e concepções que o levaram a atingir tais conclusões. Além disso, a Fernandes agrega seus próprios conhecimentos linguísticos em um capítulo incrivelmente esclarecedor.
INDICAÇÕES
	A leitura é recomendável a estudantes nas áreas de interesse da Linguística, tais como letras, jornalismo, direito e outros, e para quaisquer interessados. Além da parte acadêmica, pode ser usada como objeto de pesquisa e forma de desenvolver um conhecimento sobre a forma que discursamos, relacionando-a a ideologias e relações de poder.

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