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DIDÁTICA 
Marcia Regina Silva do Vale 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2019 
 
 
1 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
DIDÁTICA – Leve Introdução 
 
Vamos iniciar um diálogo entre nós durante esta disciplina. Desde que resolvi dar 
esta matéria dentro do curso de Pedagogia comecei a lembrar de tudo que escutei durante 
minha formação na graduação, lembrei-me da minha professora, lembrei ainda do que eu 
pensava e muito do que fiz no início da carreira e o que mudei depois que percorri todos os 
cargos da carreira pública e aqui na faculdade desde que entrei até quando me tornei 
coordenadora do curso. 
 
Me pergunto: será que conseguirei fazer tudo o que sonhei um dia para educação? 
Falo isso por que acredito ser a formação do professor a sua maior influência, pensamos 
ser na universidade a base de nossa carreira; é aqui que tudo começa e a disciplina de 
Didática é de extrema importância para a formação pedagógica de todo professor. Penso 
eu! 
 
Assim nascem os professores que saem da mesma formação 
Sejam bem-vindos ao mundo da DIDÁTICA! 
 
 
 
 
 
2 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. O QUE É DIDÁTICA 
 
Poderia dar início falando do que é didática e neste caso usaria alguns autores que 
assim a definem e desta maneira e juntos tecemos a relevância de uma boa DIDÁTICA 
para o processo de ensino-aprendizagem. 
 
No Brasil são, também, sustentadas posições semelhantes no que diz respeito ao 
foco da didática no processo de ensino e aprendizagem. Para Castro (2010), a didática é 
um corpo de conhecimentos sobre o ensino, visando a ensinar algo a alguém. Um elemento 
peculiar na definição do objeto da didática é a intencionalidade, ou seja, é próprio do ensino 
pretender ajudar alguém a aprender, momento em que entram em cena as ações didáticas 
visando a um encontro entre o ensinar e o aprender. A autora acrescenta: (...) o ideal de 
toda didática sempre foi que o ensino produzisse uma transformação no aprendiz e que 
este, graças ao aprendido, se tornasse diferente, melhor, mais capaz, mais sábio (Castro, 
2001). Por sua vez, Candau concebe a didática como “conhecimento de mediação e 
garante sua especificidade garantida pela preocupação com a compreensão do processo 
ensino-aprendizagem e a busca de formas de intervenção na prática pedagógica, 
concebida como prática social”. (CANDAU, 1997). Texto publicado ENDIPE 2010. 
 
Uma pausa para esclarecer: costumo falar que quando você lê um livro, um artigo, 
uma dissertação ou tese na verdade lemos a idéia do autor e as suas pesquisas que 
dependem do seu olhar e de sua experiência enquanto profissional e ser humano. Digo isto 
porque não significa que você tenha que concordar ou absorver como absolutamente 
correto, porém precisará se fundamentar e ter um alto grau de conhecimento e leitura para 
debater, o que é bem salutar. 
 
Desta forma você aluno fica sabendo o que penso e ainda como foi a minha trajetória 
política pedagógica dentro do universo da Educação Básica, me refiro ao político 
pedagógico no sentido de dar preferência e rumo naquilo que acredito enquanto qualidade 
na educação. 
 
E usando um autor no mínimo reflexivo concordo quando relata. E ei-nos aqui no 
início de uma última e para mim crucial jornada, a partir do momento em que se toma 
 
 
3 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
consciência de que todo conhecimento é uma tradução 
a partir dos estímulos que recebemos do mundo 
exterior e, ao mesmo tempo, reconstrução mental 
principalmente sob a forma perceptiva e depois por 
palavras, ideias, teorias. É claro que não se pode mais 
partir da ideia de um conhecimento, mesmo que seja 
científico, que seja o reflexo da realidade, daí a 
necessidade de consideramos instrumentos que 
utilizamos para apreendê-la. (EDGAR MORIN, 2007). 
https://pixabay.com/pt/photos/professor/ 
 
Fica aqui os fundamentos da Didática e sim a disciplina é de extrema importância 
para o saber fazer quando em sala de aula até porque o professor é ainda um formador de 
opinião. A Didática para acontecer de acordo com nossos ideais e planejamento, bem 
diferente do nosso curso que deve ser tratado com pessoas adultas e cientes que será 
necessário ter um conhecimento para ser um profissional e desta forma introduzimos o 
contéudo que deve ser debatido e argumentado. 
 
A DIDÁTICA significa simplesmente ensinar, explicar e instruir o aluno com formas 
de explicação para melhor compreensão do mesmo sobre um assunto, tema ou sibre seus 
estudos. Didática é uma disciplina pedagógica concentrada no estudo dos processos de 
ensino e aprendizagem, que busca a formação e o desenvolvimento da instrução e da 
formação do educando. 
 
As novas possibilidades da didática estão emergindo das investigações sobre o ao 
ensino enquanto prática social viva. Conforme Sacristán, (1999) a teoria e a prática são 
inseparáveis no plano da subjetividade do sujeito (professor), pois sempre há um diálogo 
do conhecimento pessoal com a ação. Este conhecimento não é formado apenas na 
experiência concreta do sujeito em particular, podendo ser nutrido pela ‘cultura objetiva’ (as 
teorias da educação, no caso), possibilitando ao professor criar seus ‘esquemas’ que 
mobiliza em suas situações concretas, configurando seu acervo de experiência ‘teórico-
prático’ em constante processo de reelaboração. (SELMA GARRIDO, 2012- ENDIPE) 
 
 
 
4 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Quadro suíço da educação - https://pixabay.com/pt/photos/professor/ 
 
Até aqui tentei mostrar a estreita relação que tem você profissional com o seu ser 
pessoal, cada um de nós reage de uma determinada forma com a mesma situação, nossa 
cultura religiosa, familiar, afetiva, acontece diferente para cada um de nós professores. 
 
Uma vez em uma palestra em um sindicato dos professores em São Paulo, lá pelos 
anos de 2006 escutei o Profº Dr. Paulo Freire a declarar que o professor é um ser político. 
Não se tratav de político partidário mas no sentido de tendências de conduta, de moral, de 
ética e de costumes do professor, pois é ele que tem o maior poder de formar e conduzir 
opiniões. 
 
A educação é sim tendenciosa e visa sempre uma educação de qualidade e ainda 
como diz a LDB 9394/96, uma educação para cidadania, formar um cidadão crítico e 
consciente...e por ai vai. 
 
Uma educação voltada para o exercício da cidadania em seu sentido mais pleno, em 
que os cidadãos efetivamente participam das decisões políticas que os afetam. Uma 
concepção de cidadão enquanto sujeito político que exige uma revisão profunda na relação 
tradicional entre educação, cidadania e participação política. 
(ARROYO, 1995). 
 
 
 
5 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Vocês devem estar se perguntando o porquê eu estou enveredando por este 
caminho? Digo a vocês que a educação é uma eterna des-construção daquilo que está 
sedimentado pelos políticos e membros da instância maior administrativa na educação e 
que nem sempre é educacional e na maioria política partidária simplesmente. 
 
 
 
Alguns autores vão permear nossa trajetória nesta disciplina e são eles com 
vida e profissão polêmicos para época em que viveram, muitos não concordam 
com aquilo que vira rotina, como Paulo Freire, Mario Sergio Cortela, Ilma 
Passos, Jussara Hoffmann, etc... alguns de difícil compreensão Ilia Prigogine, 
Zigmunt Baumann, Edgar Morin, porém todos de vida intensa. 
 
 
 
 
CANDAU, Vera Maria (Org.)A Didática em questão - Carlos Alberto Gomes dos 
Santos, Cipriano Carlos Luckesi. Margot Bertoluci Ott, Menga'Lüdke, Newton 
Cesar Balzan. Oswaldo Alonso Rays, Vera Maria Candau. Zaia Brandão - 
Petrópolis. Vozes, 1997. 
MORIN, Edgar (org.) A Religação dos Saberes: o desafio do século XXI. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 
 
 
 
 
6 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. HISTÓRICO DA DIDÁTICA – INTENCIONAL 
 
A palavra Didática tem origem na Grécia - didaktike - e tem como significado a arte 
de instruir e ensinar. A história da Didática tem sua gênese com o aparecimento do ensino 
no decorrer do desenvolvimento da sociedade e das ciências, como atividade planejada e 
intencional dedicada à instrução. (LIBÂNEO, 1994) 
 
A Didática, como teoria para investigar as ligações entre ensino e aprendizagem 
ocorreu no século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670) escreve a primeira obra 
clássica sobre Didática, conhecida como DIDÁATICA MAGNA em 1657. 
 
Comênios foi considerado o pai da Didática moderna e um dos grandes educadores 
do século XVII, tinha como base a construção do conhecimento por meio da experiência, 
da observação, da ação e do diálogo. 
 
Este autor foi o ponto de partida para a relevância da disciplina nos antigos cursos 
de magistério e Pedagogia, rever esta trajetória pode nos ajudar a compreender um pouco 
do espelho da educação nos dias atuais. 
 
 
 
7 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Um resgate na história dessa disciplina é delinear o lugar que ela ocupa no contexto 
dos cursos de formação de professores e retomaremos desde a época militar, mais 
precisamente pós 1964. Em 1972 acontece o Primeiro Encontro Nacional dos Professores 
de Didática na Universidade de Brasília porque a época requeria um avanço na forma de 
transmissão do conhecimento. 
 
Tem-se o professor técnico e a racionalização do processo de ensino-aprendizagem 
onde o planejamento deve ser seguido como papel central aos alunos. Somente após dez 
anos, em 1982 que se realiza no Rio de Janeiro o I Seminário intitulado A Didática em 
Questão. 
 
A dimensão política interioriza o ato pedagógico e surge a necessidade de docentes 
críticos e conscientes com o papel que a educação e a formação dos professores 
representam o país. Dá-se início a busca da reconstrução da Didática e do conhecimento 
e os professores passam a se reunir em grupos nas universidades para então surgir a 
defesa da escola pública. 
 
Nesta época o avanço na dicotomia entre o público e o privado só aumenta e onde 
a escola pública era direcionada aos pobres e menos favorecidos economicamente. 
 
ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO 
 
Uma das minhas maiores interrogações é a defesa da escola pública e essa 
dicotomia instaurada entre público e privado e tenho experiência em ambos os casos; por 
que optar pelo público ou pelo privado para nossos filhos, sobrinhos e netos e o que a 
escola privada oferece de tão diferente em termos de ensino. 
 
 
8 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Posso afirmar que 99% dos docentes tem contato e trabalham em ambas as redes 
e certamente tem uma opinião ao trabalhar e outra para colocar seus filhos, certamente 
uma confusão de valores sociais. Voltamos! 
 
Os estudos que criaram adeptos como a Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval 
Saviani (1983), torna-se a base teórica da Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos, 
sistematizada por José Carlos Libâneo (1985). Do ponto de vista didático, o ensino orienta-
se pelo eixo da transmissão-assimilação ativa de conhecimentos. 
 
As propostas desta tendência foram desenvolvidas, no Brasil, por Dermeval Saviani, 
o qual se baseia em vários autores, como: Marx, Grasmci, Kosik, Snyders, entre outros. 
Saviani tem consigo os autores brasileiros a favor desta corrente, dos quais destacamos 
José C. Libâneo, Carlos R. J. Cury e Guiomar N. de Mello. 
 
A proposta pedagógica de instrumentalização trata de se apropriar dos instrumentos 
teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática 
social. Como tais instrumentos são produzidos socialmente e preservados historicamente, 
a sua apropriação pelos alunos está na dependência de sua transmissão direta ou indireta 
por parte do professor. [...] o professor tanto pode transmiti-los diretamente como pode 
indicar os meios pelos quais a transmissão venha a se efetivar. (SAVIANI, 2008). 
 
No período compreendido entre 1994 e 2000 o aluno passa a ser concebido como 
um ser historicamente situado e que pertence a uma determinada classe social e portador 
de uma prática social com interesses próprios e ainda com um conhecimento que adquire 
nessa prática, os quais não podem mais ser ignorados pela escola. Esse período se 
relaciona com os anteriores através da problemática da interdisciplinaridade, que passa 
então na mudança do século a ser uma questão importante. 
 
Nosso estudo é nesta época baseado no entendimento de que a prática não é 
dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a ação prática dos sujeitos. São as formas 
de agir que vão determinar as formas de pensar dos homens. A teoria pensa e compreende 
a prática sobre as coisas, não a coisa. Daí a sua única função é indicar caminhos possíveis, 
nunca governar a prática. (BRUNO 1989). A base do conhecimento é a ação prática que 
os homens realizam através de relações sociais, mediante instituições. 
 
 
 
9 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
A Didática integra diversas dimensões que buscam uma ligação entre os pares 
que correspondem ao chamado triangulo didático. Para Libâneo (2012, p. 1), 
os elementos integrantes do triângulo didático – o conteúdo, o professor, o 
aluno, as condições de ensino-aprendizagem articulam-se com aqueles 
socioculturais, linguísticos, éticos, estéticos, comunicacionais e midiáticos. 
 
 
 
 
LIBÂNEO. José Carlos. O Campo Teórico-Investigativo e Profissional da Didática 
e a Formação de professores. Didática e formação de professores: 
perspectivas e inovações. Goiânia, CEPED, PUC Goiás, 2012. 
PIMENTA, SELMA GARRIDO et al. A construção da didática no GT Didática–
análise de seus referenciais. Revista Brasileira de Educação, v. 18, n. 52, p. 143-
162, 2013. 
Araujo, D. A. C. (2009). Pedagogia histórico-crítica: proposição teórico 
metodológica para a formação continuada. Anais do Sciencult, 1(1). Acesso 
em: 04 de maio de 2015. Disponível em: 
http://periodicos.uems.br/novo/index.php/anaispba/article/viewFile/180/11
4 
Saviani, D. (2008). Escola e democracia. Edição comemorativa. Campinas – SP: 
Autores Associados. 
Steimbach, A. A. (2008). O processo de ensino numa perspectiva histórico-
crítica. Acesso em: 04 de maio de 2015. Disponível em: 
http://www.famper.com.br/download/allan.pdf 
 
 
 
 
10 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
3. DIDÁTICA E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 
 
O processo ensino-aprendizagem vem 
se transformando na medida em que a 
sociedade também sofre alteração; a família, a 
escola, o trabalho, tudo demandam conceitos, 
ações, éticas, valores, etc foram 
completamente modificados. O consumo e a 
relação humana passaram a ser dentro de uma 
modernidade líquida. 
 
Segundo Baumann (2001) vivemos em uma sociedade em que as relações não 
duram, em que o poder está desterritorializado e que o espaço e o tempo não compõem 
mais as duas faces de uma moeda. O tempo pode ser superado pela velocidade, enquanto 
o espaço pode ser ultrapassado pelas tecnologias que permitem conhecer mundoem um 
só clique. Desta forma, a velocidade passa a ser uma característica marcante da 
contemporaneidade. 
 
Assim o traçado histórico e teórico da Didática chega a uma interpretação salutar da 
constituição da disciplina e de como ela, atualmente, pode pensar a composição da sala de 
aula. Juntamente a isso, a multidimensionalidade da didática define-se como uma forma 
de se trabalhar os vários tipos de representações existentes na sala de aula, para realizar 
a interação entre professor-aluno, a avaliação e o aproveitamento dos conteúdos 
curriculares. O último ponto dos conteúdos a serem trabalhados é constantemente definido 
pela relação professor-aluno, pois, permeia a afetividade natural do ser humano. 
 
Nesta última década podemos afirmar que um dos maiores desafios docentes é 
justamente a relação humana professor-aluno, que se confunde com a relação de família, 
de amigos, de respeito, de proximidade entre outras. O docente é rotulado por “ser 
bonzinho”, “explicar bem”, “ser chato”, entre outras questões mais pejorativas. 
 
 
 
 
 
 
 
11 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
A globalização está na ordem do dia; uma palavra da moda que se transforma 
rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as 
portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para alguns, globalização é o 
que devemos fazer se quisermos ser felizes; para outros, é a causa da nossa 
infelicidade. Para todos, porém, globalização é o destino irremediável do mundo, 
um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a todos na mesma 
medida e da mesma maneira. Estamos todos sendo globalizados – e isso significa 
basicamente o mesmo para todos. (BAUMAN, 1999, 07) 
 
 
 
Após esclarecer multidimensionalidade da didática, a globalização e a des-
territorialização podemos compreender um pouco o papel do professor no processo de 
ensino-aprendizagem com o aluno. Vamos destrinchar esse processo! 
 
Vamos iniciar pela desconstrução do modelo atual que traz em si um padrão de 
igualdade para todos; a constante mudança da educação, do espaço escola e do seu papel 
na sociedade revelam um profissional responsável pela transformação social e refletindo a 
sua prática em sala de aula. 
 
O acesso à informação em um clique de botão permite que o aluno tenha as notícias 
em tempo real e cabe ao professor à mediação entre a realidade virtual vivenciada pelo 
educando e a realidade escolar tornando-as o mais próximo possível. 
 
O real processo de ensino aprendizagem deveria proporcionar um ambiente 
educacional que privilegie o diálogo, com o sabemos e já vimos anteriormente o professor 
foi colocado como o centro do conhecimento (teoria para só depois vir a prática) e o aluno 
 
 
12 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
como uma tábua rasa que seria alimentada pelas informações teóricas transmitidas pelos 
docentes detentores do saber. 
 
Neste processo de globalização e desterritorialização a educação foi percebida 
como a fonte transformadora do ser humano e de repente se coloca o professor em 
um papel de mediador do processo de ensino-aprendizagem e para tanto se faz 
necessário dar a este docente uma contínua formação. Aqui chego ao que chamei de 
desconstrução. 
 
O professor independente da rede pública ou privada e ainda do local de sua 
formação precisa renovar seu olhar e se libertar de ideais de uma educação perfeita, 
de alunos prefeitos e de uma sala homogênea. 
 
Todos nós enquanto seres humanos e docentes estamos em constante 
aprendizagem e construção de nossa moral e ética; ser um professor na atualidade 
(2018) requer assumir uma profissão que está em constante ressignificação. 
 
Se a sociedade passou por profundas mudanças em seus valores mais 
profundos que repercutem no comportamento de todos nós e no estilo de vida, de 
moradia e de relacionamento gerando um impacto enorme na vida deste profissional 
da educação, o professor. 
 
Basta pensar e saberemos que é preciso atualizar a instituição escolar, a 
realidade do ofício de professor é um sistema complexo para ser explicado aos leigos 
por suas incertezas e impasses de diversidades. Ter somente experiência docente e 
deter a informação/conhecimento não é mais suficiente, sendo assim podemos afirmar 
que o professor está em constante processo de ensino aprendizagem também. 
 
Este docente aprende sobre e com seus alunos as diferentes técnicas, 
didáticas, posturas, reavaliando seu método de ensino e o estímulo que transmite aos 
seus alunos que precisam ser ativos e não simplesmente repetidores de informação. 
 
Com a supremacia das tecnologias de informação e comunicação o educando, todos 
os dias têm acesso a novidades, notícias em tempo real, seja da TV ou da Internet, e a 
escola faz o que? Desta forma a escola precisa estar atenta e acompanhar estes novos 
 
 
13 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
acontecimentos, com a finalidade de contextualizar a realidade da escola com a realidade 
vivenciada pelos educandos, tornando a educação mais próxima e condizente com o seu 
dia-a-dia. 
 
Tal como refere o pensador Augusto Cury (2010, p. 40): 
“Aprendemos a conhecer-nos a nós mesmos, a ser caminhantes nas trajetórias do 
nosso próprio ser”. 
 
O site http://educacao.faber-castell.com.br acessado em 20/02/2018 destaca: A 
curiosidade, ou impulso exploratório, é um imperativo fundamental do comportamento 
humano. 
 
O ato de ensinar e aprender é de pura criatividade. E é com esse diálogo e trocas 
que o educador contagia seus alunos e é contagiado, aprendendo novos padrões e 
percepções. É uma aproximação por meio da afetividade. 
 
O modo fundamental de crescimento é se permitir vivenciar a habilidade de aprender, 
registrar e responder flexivelmente e afetivamente às exigências da vida. 
 
Deste modo, convido você professor a fazer uma reflexão sobre seu modelo de 
relação e posicionamento entre mestres e aprendizes. 
 
• Quem é mestre? 
• Quem é aprendiz? 
• O que você quer ser: mestre, aprendiz ou os dois ao mesmo tempo? 
• Tem consciência de quantas vezes temos e teremos que mudar de ideia? 
 
Nós, como educadores temos muito o que aprender com os nossos alunos. 
Feliz daquele que compartilha o que sabe e aprende o que ensina! 
 
COMO SE DÁ O PROCCESSO ENSINO APRENDIZAGEM? 
 
 
 
14 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
CURY, Augusto. O semeador de ideias. SP, Academia da Inteligência: 2010. 
BAUMANN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Tradução: 
Marcus Penchel Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro: 1999. 
 
 
 
 
 
15 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4. DIDÁTICA DIFERENCIADA: PLANEJAMENTO, OBJETIVOS E 
CONTEÚDOS 
 
O que se entende em termos de 
pedagogia diferenciada é que o currículo 
não pode permanecer insensível ao 
diferente capital cultural de procedência 
familiar e social que os alunos carregam no 
seu dia-a-dia para a escola. Existe uma 
relação entre sucesso escolar e situações 
sociais privilegiadas, assim como, entre 
fracasso escolar e situações sociais desfavorecidas, e a escola por sua vez, reproduzindo 
a sociedade, acaba confirmando e reforçando a cultura das classes privilegiadas. É certo 
que a incidência de culturas distintas traz consigo muitas vezes conflitos, discriminação, 
dominação e exclusão. 
 
O professor é o elo articulador entre a sociedade e a escola, fazendo da instituição 
escolar um local de pluralismo cultural, de referênciase identidades legitimadas, de 
caminhos e procedimentos de aprendizagem dos alunos. O docente terá como missão 
consolidar a ascensão educacional de cada discente, sem, no entanto, desvalorizar a visão 
da sociedade, onde esses alunos estão inseridos. Ao respeitar e legitimar as identidades e 
especificidades regionais, locais e individuais (incluindo as necessidades educativas 
especiais) concretizará a consonância social que todos buscam. Acredito seja essa a 
proposta de Philippe Perrenoud, quando fala em pedagogia na escola das diferenças. 
Perrenoud, Ph. A Pedagogia na Escola das Diferenças. Fragmentos de uma sociologia do 
fracasso. 
 
A aprendizagem significativa acontece onde as ideias 
são expressas simbolicamente e interagem de maneira 
substantiva e não-arbitrária com aquilo que o aprendiz já 
sabe. A este novo conhecimento e que pode ser, por exemplo, 
um símbolo já significativo, um conceito, uma proposição, um 
modelo mental, uma imagem, David Ausubel2 (1918-2008) 
chamava de subsunçor ou ideia-âncora. 
 
 
16 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O conhecimento prévio na visão de Ausubel é a variável isolada mais importante 
para a aprendizagem significativa de novos conhecimentos. Isto é, se fosse possível isolar 
uma única variável como sendo a que maior influência para as novas aprendizagens, esta 
seria o conhecimento prévio, os subsunçores já existentes na estrutura cognitiva do sujeito 
que aprende. 
 
Para que toda essa aprendizagem aconteça é preciso planejamento do professor e 
por isso eles existem e são vários os modelos que podermos aqui entender. Para Libâneo, 
1994 o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação 
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. 
 
O planejamento é um ato político social e técnico, mas nunca estanque, ele deve 
acompanhar a evolução da criança e da escola e se propor a estar em constante mudança. 
Segundo Vasconcelos, 2000 o fator decisivo para a ressignificação do planejamento é a 
percepção por parte do sujeito da necessidade de mudança. 
 
Planejamento é processo de reflexão, de tomada de decisão [...] enquanto processo, 
ele é permanente (VASCONCELOS, 1995, p.43). 
 
Temos três tipos: 
a) O planejamento curricular é um instrumento que organiza ações escolares do 
espaço físico às avaliações da aprendizagem. 
b) O planejamento de ensino envolve a organização das ações dos educadores 
durante o processo de ensino, integrando professores, coordenadores e alunos 
na elaboração de uma proposta de ensino, que será projetada para o ano letivo 
e constantemente avaliada. 
c) O planejamento de aula organiza ações referentes ao trabalho na sala de aula. 
 
O que neste momento nos deteremos é o plano de aula pois este instrumento mostra 
toda a sua concepção de educação e isso vai culminar na avaliação onde é a etapa pior de 
ser realizada se as anteriores não forem muito bem definidas. 
 
 
 
 
 
 
17 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
PLANO DE AULA 
SIMPLIFICADO 
 
Professor e/ou colaboradores Você pode fazer seu plano em parceria com outros 
professores do mesmo ano ou não. 
Objetivos Os objetivos são utilizados com verbos observáveis e 
no infinitivo, isto é: verbos que dão sentido direto. Ex 
contar, montar, etc... 
Tema da aula Tema, assunto, conteúdo, etc.... 
Estratégias 
Como você dará aula? 
De que forma você vai usar os recursos, pense 
sempre no perfil da sua turma. 
Recursos – material a ser 
utilizado. 
Delinear o material necessário e de onde ele pode ser 
adquirido. 
Observação e avaliação 
Como avaliar? 
A avaliação deve ser coerente com suas observações 
sobre as estratégias utilizadas. 
 
Vamos explicar um pouco sobre objetivos no seu plano de aula: os objetivos 
educacionais são os resultados buscados pela ação educativa. 
 
 
 
18 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Objetivo é a descrição clara daquilo que se quer alcançar como resultado da 
atividade, ou seja são os resultados esperados e previstos para ação educativa (Haidt, 
2002), eles traduzem onde desejo como professor chegar ou alcanças com meu aluno ou 
turma. 
 
Os conteúdos que serão trabalhados precisam ser pensados pois depende do 
diagnóstico da sua sala e do tipo de sociedade que a escola onde atua está inserida. A 
prática educativa fica no âmbito da informação e se faz necessário chegar ao conhecimento 
propriamente dito. Chegamos a isso quando podemos afirmar que nosso aluno apreendeu. 
 
O mais relevante não é em determinar os conteúdos ou componente curricular é 
mais ou menos importante e sim pensar na duração da atividade mediante o conteúdo a 
ser desenvolvido. O mais importante se detém no fato de que o aluno deve apreender, ter 
curiosidade, ter iniciativa e não ser tolhido suas dúvidas e impulsos. 
 
Os conteúdos precisam estar o mais próximo possível da realidade e incluir 
elementos de sua vivência nos exemplos trabalhados em sala. É preciso pensar na ação 
mediadora que o professor exerce ao se dispor a orientar seu aluno no caminho. 
 
 
Veja o que escreve o professor Libâneo sobre os conteúdos de ensino: Conteúdos 
de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e 
atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a 
assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática. Englobam, portanto: 
 
 
19 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras; habilidades 
cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de 
estudos, de trabalho e de convivência social; valores convicções, atitudes. São expressos 
nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas atitudes e 
convicções do professor, nos exercícios nos métodos e forma de organização do ensino. 
Podemos dizer que os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se 
refere a conhecimentos e modos de ação, transformando-se em instrumentos pelos quais 
os alunos assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida 
social. Constituem o objeto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que 
a assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos de ação se convertem em idéias 
sobre as propriedades e relações fundamentais da natureza e da sociedade, formando 
convicções e critérios de orientação das opções dos alunos frente às atividades teóricas e 
práticas postas pela vida social (1991, p.128-129). 
 
Podemos considerar três fontes que o professor deve utilizar para selecionar os 
conteúdos de ensino e organizar suas aulas: a primeira é a programação oficial, na qual 
são fixados os conteúdos de cada matéria; a segunda são os próprios conhecimentos 
básicos das ciências transformados em matéria de ensino; a terceira são as exigências 
teóricas e práticas que emergem da experiência de vida dos alunos, tendo em vista o mundo 
do trabalho e a participação democrática na sociedade. 
 
 
 
 
Vasconcelos, Celso. Planejamento: processo de ensino-aprendizagem e 
projeto político pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e 
realização. São Paulo: Cadernos Pedagógicos Libertad. (último 2002). 
 
 
 
 
 
20 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. METODOLOGIA, MÉTODOS, ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS 
 
Vamos buscar uma análise crítica e consciente pois nossas prováveissalas de aula 
são totalmente heterogêneas e sendo assim a metodologia deve estar adequada a turma e 
ao ambiente em serão trabalhadas dentro da escola. 
 
No cotidiano do processo ensino aprendizagem a Metodologia é uma palavra 
derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a 
realização de algo”. Método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se 
chegar ao conhecimento. Metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos 
praticados em determinada área para a produção do conhecimento. 
 
A metodologia consiste em uma meditação em relação aos métodos lógicos e 
científicos. Inicialmente, a metodologia era descrita como parte integrante da lógica que se 
focava nas diversas modalidades de pensamento e a sua aplicação. Posteriormente, a 
noção que a metodologia era algo exclusivo do campo da lógica foi abandonada, uma vez 
que os métodos podem ser aplicados a várias áreas do saber. 
 
Cada área possui uma metodologia própria. A metodologia de ensino é a aplicação 
de diferentes métodos no processo ensino-aprendizagem. Os principais métodos de ensino 
usados no Brasil são: método Tradicional (ou Conteudista), o Construtivismo (de Piaget), o 
Sociointeracionismo (de Vygotsky) e o método Montessoriano (de Maria Montessori). 
 
 
 
 
21 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5.1. METÓDOS DE ENSINO 
 
 
 
Método de ensino quer dizer: caminho para se chegar ao objetivo do ensino. 
 
O método é visto em duas dimensões: a primeira como processo intelectual que 
analisa, reflete e critica um fenômeno estudado. A segunda dimensão é a seguinte: o 
método é visto como um método operacional, que diz respeito a forma como se organizam 
de maneira lógica e sequencial as diversas atividades, para se chegar a um fim. 
 
O método de ensino, como se constata facilita, proporciona e oferece oportunidade 
para a apropriação do conhecimento. Os métodos podem ser aplicados a todas as áreas 
tendo conceitos específicos para as diversas ciências em particular. 
 
O método expressa a relação conteúdo-método, no sentido de que tem como base 
um conteúdo determinado. Os métodos de ensino e aprendizagem podem ser vistos como 
orientações para que o professor comece a refletir sobre os processos envolvidos, 
possibilitando construir sua própria visão demonstrada pela prática diária. 
 
Todos os atos na educação são pautados pelo planejamento. Entende-se que a 
técnica de ensino está relacionada sempre com a prática, ação em que o objetivo é a 
compreensão empregada em um processo de aprendizagem, pois as técnicas motivam o 
aprendizado, despertam os interesses dos alunos, incentivando-os aos estudos. 
 
 
 
22 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As técnicas subsidiam o professor para que ele torne o ensino mais agradável, 
eficiente e eficaz. Pois sabemos que o professor para ministrar os conteúdos de sua 
disciplina, deverá utilizar o que se chama de habilidades técnicas de ensino, que 
proporcione maior integração no relacionamento entre professor e aluno. 
 
As técnicas de ensino são demonstradas através de gestos comportamentais, elas 
por sua vez expressam comportamento dos alunos frente ao processo ensino 
aprendizagem que assegurem o desenvolvimento e a produtividade. 
 
Os termos método e metodologia, conceitualmente, possuem determinadas 
diferenças. A palavra método está ligada a caminho, modos de proceder a fim de atingir 
determinado objetivo. Já o termo metodologia representa uma ciência cujo objetivo está 
ligado ao estudo do método. (www.portaleducacao.com.br) 
 
Já nas estratégias podemos pensar nas modificações, adequações que devem ser 
feitas no decorrer do processo e alteradas de acordo com a assimilação dos alunos. 
 
ESTRATÉGIAS DE ENSINAGEM 
 
OBSERVAÇÃO: nenhum de nós professores segue o mesmo método, a mesma 
metodologia, a mesma estratégia e os mesmos objetivos durante nosso ano letivo, uma vez 
que estamos em constante mudança como nossos alunos. 
 
 
 
23 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nossos desafios são inúmeros diante de uma educação frágil que é a nossa. Criar 
um ser humano capaz de assimilar a mudança com naturalidade e não impor tanto a 
resistência. 
 
 
PENSAR NA PRÁTICA E NO ALUNO SEMPRE! – Prometo pensar em vocês 
hehehe. 
 
Mesmo com todas as experiências de que as crianças e jovens aprendem sobre o 
mundo e dele interagem até antes de entrar na escola e tanto a instituição escolar como os 
professores continuam mantendo a utopia da escola perfeita e muitas vezes os próprios 
pais acreditam que a escola é a forma de manter as crianças e adolescentes fora dos 
chamados perigos sociais. 
 
A passagem pela escola foi durante muito tempo o meio de socialização da criança 
e em nossa atualidade globalizada a criança entra na escola cada vez mais nova o que 
denota uma responsabilidade cada vez maior do professor na transmissão dos valores e 
da cultura. 
 
Uma crítica, no uso da palavra e sua interpretação, fica aqui a pergunta o 
planejamento pedagógico é pensado para o grupo ou para a criança? Qual a diferença 
disso na formulação dos conteúdos, estratégias, objetivos e métodos? 
 
 
 
24 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
6. RECURSOS DIDÁTICOS E DE TECNOLOGIAS 
 
Os recursos didáticos nada mais são do que as ferramentas que o professor utilizará 
durante todo o ano letivo e pode, muitas vezes, precisar de algumas alterações ou novos 
utensílios que servirão para o aprimoramento das atividades e aulas realizadas na escola. 
 
De acordo com Souza (2007), recurso didático é todo material utilizado como auxílio 
no ensino-aprendizagem do conteúdo proposto para ser aplicado pelo professor a seus 
alunos. Os recursos didáticos compreendem uma diversidade de instrumentos e métodos 
pedagógicos que são utilizados como suporte experimental no desenvolvimento das aulas 
e na organização do processo de ensino e de aprendizagem. 
 
• Exemplos de alguns dos recursos didáticos: Quadro Negro, ou branco / Giz, 
ou canetão / Apagador; 
• Jornais, cartazes, revistas e livros; 
• Textos manuais; 
• Televisão 
• Aparelho de Som 
• Aparelho DVD 
• Filmes em DVD 
• Filmadora (caso necessite realizar algumas gravações) 
• Máquina Fotográfica Digital 
• Computador com projetor 
• Instrumentos didáticos conforme a disciplina (Ex: química – tubos de ensaio, 
biologia microscópio entre outros...) 
• Data show, etc... 
 
Estes são alguns dos variados recursos materiais que ajudam muito na didática de 
acordo com o plano de ensino proposto pelo professor. O restante fica por conta da 
criatividade do profissional docente, que mesmo tendo uma infinidade de recursos pode 
não os utilizar corretamente, atrapalhando assim o entendimento da matéria pelos alunos, 
ao invés de aperfeiçoa-los. 
 
 
25 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Para quem não conhece, o mimeógrafo era o que tínhamos de mais moderno na 
reprodução das atividades. 
 
Na era da tecnologia, o docente tem que está receptivo às mudanças tecnológicas, 
no sentido de dispor aos educandos novos recursos tecnológicos, visando um aprendizado 
mais condizente com o mundo atual. Mas isso nem sempre é uma tarefa fácil devido à 
sobrecarga de atividades que o professor está submetido, impedindo um contato mais 
frequente com novos recursos didáticos. 
 
A utilização de instrumentos, resultantes das novas tecnologias, em sala de aula 
surge com o intuito de preencher os espaços deixadospelo ensino tradicional, a fim de 
favorecer aos educandos a ampliação de seus horizontes, isto é, de seus conhecimentos, 
fazendo dos estudantes agentes participativos do processo de aprendizagem. 
 
Não há como negar que a tecnologia vem se fazendo presente em nossa vida, 
facilitando nossos afazeres diários e contribuindo em muito com o nosso trabalho. Segundo 
pesquisas, os recursos audiovisuais são muito utilizados no âmbito educacional, porque 
envolvem os sentidos de captação mais fortes na aquisição de conhecimentos e de 
informações (a audição e a visão). No caso dos recursos audiovisuais, se considerado sua 
praticidade e as diversas opções de uso, eles tornam-se um instrumento imprescindível 
para a realização de aulas dinamizadas (MEC, 2008). 
 
 
26 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Alguns dos recursos didáticos despertam mais a atenção nas crianças do que nos 
adultos, a exemplo os jogos, sendo estes mais utilizados no ensino fundamental (anos 
iniciais) por despertar nas crianças o espírito de brincadeira, de competição. Contudo, não 
significa dizer que os mesmos não possam ser usados por educandos de uma faixa etária 
mais avançada, uma vez que o professor pode adequar para qualquer público que se 
deseje trabalhar. 
 
Para utilização da internet o professor deve dobrar a atenção para os endereços 
eletrônicos que os educandos podem visitar, devendo estabelecer previamente qual 
caminho deve ser percorrido. Por isso Moran (1999) comenta que: Ensinar utilizando a 
internet exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de 
busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de 
interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis e de 
endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem 
ininterruptamente (MORAN, 1999, p. 19). 
 
É inquestionável o fascínio que o educando sente ao está de frente a um computador 
sabendo que o mesmo tem o poder de “alçar voos” jamais possíveis antes. Os recursos 
pedagógicos são imprescindíveis para a culminância da prática pedagógica do professor 
porque abarca a linguagem verbal, não-verbal, formas, cores, sensações com o grande 
poder de transformar a aula em uma atividade 
prazerosa e menos rotineira onde se deixa de 
lado um pouco da recepção de conteúdos 
decorados e se parte para a síntese, abstração 
mediante elementos concretos e o raciocínio 
lógico. Ainda convém ressaltar, que mediante 
aos recursos didáticos, é possível que o aluno 
se torne mais próximo da realidade que estava 
distante de sua compreensão. 
 
Publicado em 10 de Novembro de 2009 por CLELIA CANDELÁRIA ALMEIDA 
escreve sobre: 
 
As tecnologias de informação e comunicação foram inicialmente introduzidas na 
educação para informatizar as atividades administrativas, visando agilizar o controle e a 
 
 
27 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
gestão técnica, principalmente no que se refere à oferta e à demanda de vagas e à vida 
escolar do aluno. Posteriormente, as TIC começaram a adentrar no ensino e na 
aprendizagem sem uma real integração às atividades de sala de aula, mas como atividades 
adicionais. 
 
Com certa frequência, como aula de informática, ou, numa perspectiva mais 
inovadora, como projetos extraclasse desenvolvidos com a orientação de professores de 
sala de aula e apoiados por professores encarregados da coordenação e facilitação no 
laboratório de informática. 
 
Tais atividades levaram à compreensão de que o uso das tecnologias de informação 
e comunicação - TIC na escola, principalmente com o acesso à Internet 2, contribui para 
expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para promover a criação de 
comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação, permitem estabelecer novas 
relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais e 
rompem com os muros da escola, articulando-os com outros espaços produtores do 
conhecimento, o que poderá resultar em mudanças substanciais em seu interior. 
 
Criam-se possibilidades de redimensionar o espaço escolar, tornando-o aberto e 
flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e a aprendizagem em um processo 
colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências entre eles e 
entre as outras pessoas que atuam no interior da escola, bem como com outros agentes 
externos. 
 
Várias atividades de formação de educadores para o uso pedagógico das TIC têm 
se desenvolvido na modalidade de uso das TIC na gestão escolar permite: registrar e 
atualizar instantaneamente a sua documentação; criar um sistema de acompanhamento e 
participação da comunidade interna e externa à escola por meio de ambientes virtuais; 
definir metodologias de avaliação adequadas e compatíveis com critérios democráticos e 
participativos; trocar informações e experiências com a comunidade, identificando talentos 
e potencialidades que possam contribuir com a evolução conjunta de problemáticas tanto 
da escola como da comunidade; discutir e tomar decisões compartilhadas. 
 
Formação em serviço contextualizada na realidade da escola e na prática 
pedagógica do professor, o que constitui um avanço. Mesmo assim, outras dificuldades se 
 
 
28 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
fazem presentes, as quais se relacionam tanto com a ausência de condições físicas, 
materiais e técnicas adequadas, quanto com a postura dos dirigentes escolares, pouco 
familiarizados com a questão tecnológica, o que dificulta a sua compreensão a respeito da 
potencialidade das TIC para a melhoria de qualidade do processo de ensino e de 
aprendizagem, bem como para a gestão escolar participativa, articulando as dimensões 
técnico-administrativa e pedagógica, com vistas à finalidade maior da educação: o 
desenvolvimento humano. 
 
Anuncia-se um novo tempo, cabendo a cada educador, seja gestor ou professor, 
participar de processos de formação continuada e em serviço que criam a oportunidade de 
formação de redes colaborativas de aprendizagem apoiadas em ambientes virtuais para 
encontrar, no coletivo da escola, o caminho evolutivo mais condizente e promissor de 
acordo com a identidade da escola e com o contexto em que se encontra inserida. 
 
O uso do celular como ferramenta de informação e conexão com as redes sociais é 
outro produto da era da globalização e sua pós-modernidade fato que coloca um ritmo 
acelerado à informação e aos relacionamentos humanos de qualquer nível de maturidade. 
 
As maiores redes sociais em contato com crianças e adolescentes é o whatsapp, 
facebook, instagram e outras desse tipo porque não temos o controle das postagens e 
conversas. Um site chamado clip escola coloca algumas possibilidades, vamos ver! 
 
É preciso reconhecer as facilidades das redes sociais, uma clara evolução ao envio 
de e-mails e SMS. Elas permitem estabelecer um diálogo mais efetivo e dinâmico com pais 
e alunos, além de oferecer a possibilidade de transmitir conhecimento através de meios 
multimídias. Destacamos aqui 5 dicas de Redes Sociais para as Escolas. Confira as cinco 
dicas! 
 
6.1. DICAS DE REDES SOCIAIS PARA AS ESCOLAS 
6.1.1. Utilize o Youtube para postar vídeos da Escola 
Se sua Escola ainda não tem um canal oficial no Youtube, pode ser uma boa hora 
para começar, o serviço é gratuito e fácil de utilizar. Nestes canais, a Escola pode postar 
webinars, palestras, tutoriais sobre assuntos escolares, trabalhos dos alunos e até vídeos 
 
 
29 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distânciasobre as rotinas diárias da Escola. Os canais podem ser públicos ou privados, e a Escola 
decide o que disponibilizar para Pais e Alunos e o que disponibilizar para o público externo. 
6.1.2. Disponibilize materiais didáticos na web 
O tempo em que os alunos precisavam transcrever as anotações do quadro para os 
seus cadernos ficou para traz. Hoje existem muitas ferramentas para disponibilizar o 
conteúdo passado em sala de aula, como apostilas e apresentações, em ambientes virtuais. 
 
Uma solução é o Slide Share, o serviço permite o compartilhamento de 
apresentações e de e-books, em formato PDF ou em apresentações de Power Point. Criar 
um canal nesta rede social também é bastante simples, basta utilizar uma conta de e-mail 
ou do Facebook. Além da utilização pela Escola, os alunos também podem disponibilizar 
suas apresentações e trabalhos pelo site, onde ficarão armazenadas e disponíveis para o 
professor acessar quando precisar. 
6.1.3. Informe a comunidade escolar sobre as regras de utilização 
A utilização das redes sociais precisa ser acompanhada de monitoramento 
constante. Uma boa maneira de iniciar, é promovendo reuniões com professores e 
responsáveis pelos alunos para divulgar as políticas e regras de uso das 
plataformas. Importante também não deixar de incluir os alunos no processo de 
esclarecimento, gerando materiais específicos por faixa etária e grau de maturidade. 
6.1.4. Tenha conhecimento sobre o direito do uso de imagem 
Muitas pessoas podem não ficar confortáveis com sua imagem compartilhada na 
WEB, e está cada vez mais comuns pais solicitando explicitamente à Escola, que seus 
filhos não sejam fotografados. Por isso, antes de qualquer publicação, é de suma 
importância que a Escola tenha autorização de uso das imagens, e de forma oficial, 
documentada. O mesmo vale para seus professores e colaboradores. 
6.1.5. Concentre a comunicação da Escola em um só lugar 
Por mais variadas que sejam as opções de conteúdo nas Redes Sociais, alimentá-
las e realizar o devido acompanhamento em cada uma delas, é uma tarefa extremamente 
árdua. Com isso, uma boa saída é concentrar a comunicação em um único canal, que 
atenda a todas as necessidades da Escola. 
 
Será que estamos diante de uma utopia? O ClipEscola é uma poderosa ferramenta 
que possibilita o envio de mensagens, documentos, vídeos e imagens de maneira ágil e 
 
 
30 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
segura. Desenvolvido para aproximar pais, professores e alunos, a plataforma atende a 
todas as necessidades de comunicação da Escola e ainda vai muito além dos recursos 
oferecidos pelas Redes Sociais. 
 
 
 
31 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
7. METODOLIGIAS ATIVAS E SALA DE AULA INVERTIDA 
 
 
A Metodologia Ativa é uma concepção educacional que coloca os estudantes da 
graduação como principais agentes de seu aprendizado. Nela, o estímulo à crítica e 
reflexão é incentivado pelo professor que conduz a aula, mas o centro desse processo é, 
de fato, o próprio aluno. 
 
Esse cenário de transformações pode ser melhor compreendido a partir das 
contribuições de Bauman (2009), quando contrasta o estágio atual da humanidade 
denominado de líquido, com o anterior, denominado de sólido. Para ele, o estágio sólido 
corresponde a um período em que a durabilidade era a lógica, e os conhecimentos 
adquiridos pelo sujeito davam suporte à resolução de problemas pelo resto da vida, haja 
vista os contextos previsíveis e duráveis em que vivia. Já o estágio líquido é, segundo 
Bauman (2009), a condição sócia histórica da contemporaneidade, e é caracterizado pela 
fluidez e incerteza, em que a imprevisibilidade é a palavra de ordem. 
 
Nesse contexto de impermanência, situa-se a educação contemporânea e, mais 
precisamente, a escola, com seus processos, com os sujeitos que a constituem, com as 
relações docente-estudante-conhecimento e com as práticas docentes. 
 
É nessa perspectiva que se situa o método ativo - tido aqui como sinônimo de 
metodologias ativas - como uma possibilidade de deslocamento da perspectiva do docente 
(ensino) para o estudante (aprendizagem), ideia corroborada por Freire (2015) ao referir-se 
à educação como um processo que Revista Thema 2017 | Volume 14 | Nº 1 271 não é 
 
 
32 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
realizado por outrem, ou pelo próprio sujeito, mas que se realiza na interação entre sujeitos 
históricos por meio de suas palavras, ações e reflexões. 
 
Com base nessa ideia, é possível inferir que, enquanto o método tradicional prioriza 
a transmissão de informações e tem sua centralidade na figura do docente, no método ativo, 
os estudantes ocupam o centro das ações educativas e o conhecimento é construído de 
forma colaborativa e com autonomia. 
 
Segundo Reeve (2009 apud Berbel, 2011, p 28), o professor contribui para promover 
a autonomia do aluno em sala de aula, quando: 
 
a) Nutre os recursos motivacionais internos (interesses pessoais); 
b) Oferece explicações racionais para o estudo de determinado conteúdo ou 
para a realização de determinada atividade; 
c) Usa de linguagem informacional, não controladora; 
d) É paciente com o ritmo de aprendizagem dos alunos; 
e) Reconhece e aceita as expressões de sentimentos negativos dos alunos. 
 
 
Tal perspectiva corrobora a ideia da inter-relação existente entre os saberes da 
docência e a formação humana magistralmente descrita por Freire (2015, p.29): Percebe-
se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de 
que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar 
a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor crítico se, 
mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor de frases e de ideias inertes do 
que um desafiador. 
 
 
 
33 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Contudo, cabe mencionar, ainda, que a mudança na prática docente não deve 
acontecer de forma impositiva para o professor, nem para o estudante. Borges e Alencar 
(2014) fazem esse importante ressalva, por considerar que a alegria de ensinar não pode 
ser tirada do professor. 
 
Conceber o ato de ensinar como ato de facilitar o aprendizado dos estudantes faz 
com que o professor os veja como seres ativos e responsáveis pela construção de seus 
conhecimentos, enquanto ele passa a ser visto pelos alunos como facilitador dessa 
construção, como mediador do processo de aprendizagem, e não como aquele que detém 
os conhecimentos a serem distribuídos (Oliveira, 2010, p. 29). 
 
Pode-se destacar a “sala de aula invertida” – em inglês, flipped classroom – como 
um método ativo bastante atual e que, inclusive, pode ser o que dominará em um futuro 
próximo. Sendo assim, esse método tem por objetivo substituir a maioria das aulas 
expositivas por conteúdos virtuais. 
 
Por fim, é possível destacar a existência de vários benefícios tanto para a 
comunidade acadêmica quanto para a instituição de ensino com a utilização das 
metodologias ativas. Sendo que os alunos: 
• Adquirem maior autonomia; 
• Desenvolvem confiança; 
• Passam a enxergar o aprendizado como algo tranquilo; 
• Tornam-se aptos a resolver problemas; 
• Tornam-se profissionais mais qualificados e valorizados; 
• Tornam-se protagonistas do seu aprendizado. 
 
Para a instituição de ensino, os benefícios se mostram principalmente com: 
• Maior satisfação dos alunos com o ambiente da sala de aula; 
• Melhora da percepção dos alunos com a instituição; 
• Aumento do reconhecimento no mercado; 
• Aumento da atração,captação e retenção de alunos. 
 
 
34 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Podemos concluir que a aplicação de metodologias ativas de aprendizagem nas 
salas de aula invertidas tem um papel importante para a educação, especialmente no Brasil, 
onde o setor necessita de transformações substanciais. Por isso, é preciso investir não 
somente em bons conteúdos, mas se faz necessário ter consciência de que aprimorar os 
procedimentos usados para educar é algo extremamente relevante. 
 
Vocês são os maiores exemplos de metodologias ativas e o ensino a distância é um 
marco na mudança educacional e se fala em graduação, porém esse processo chegará na 
educação básica em breve, acreditem! E teremos que estar preparados. 
 
Temos um novo marco na educação com o advento da EAD e isso muda 
radicalmente o espaço e tempo da universidade e certamente pegou o docente de surpresa 
e sua avaliação sobre a formação universitária deu um giro de 360º graus. Como transmitir 
o conhecimento e como avaliar esse novo aluno? 
 
O EAD revela um aluno como centro da aprendizagem e na colaboração entre 
professor aluno, este caminhar da educação acontece aceleradamente e os pilares da 
educação se alteram para cada vez mais focar na necessidade do educando. 
 
 
 
35 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
http://fappes.edu.br/blog/carreira/metodologia-ativa-na-graduacao/ 
https://blog.lyceum.com.br/metodologias-ativas-de-aprendizagem/ 
 
 
Assim estamos – CONECTADOS! 
 
 
 
36 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
 
Não poderíamos começar a falar em avaliação da 
aprendizagem sem citar Jussara Hoffmann, uma das maiores 
autoras sobre o assunto na educação brasileira. Um livro que 
deveria ser lido por todo professor neste Brasil. 
 
A avaliação é o ponto culminante de todos os itens 
estudados anteriormente nesta disciplina e motivo de grandes 
discussões dentro da unidade escolar em todos os níveis da 
educação. 
 
A concepção defendida pela autora é de uma avaliação mediadora e não punitiva 
como se aplica na escola básica ainda hoje. Este é sem dúvida a aula que mais gosto. 
Veremos o texto da própria autora. 
 
AVALIAÇÃO MEDIADORA: OBSERVAÇÃO, REFLEXÃO E AÇÃO 
Avaliação mediadora: observação, reflexão e ação em O JOGO DO 
CONTRÁRIO. Jussara Hoffmann. (5ª edição, 2005) 
 
Costumo ouvir de professores que eles avaliam todos os dias, todos os momentos, 
continuamente. Por certo, a avaliação é inerente à ação educativa e se faz presente no 
cotidiano da sala de aula, ao professor perguntar, olhar os cadernos, dar orientações, 
corrigir uma tarefa..., contudo, ao avaliar para promover o desenvolvimento moral e 
intelectual dos alunos, devemos ter sistematização, propósitos específicos (objetivos - 
grifo meu) para alcançar uma ação mais efetiva. A prática avaliativa não deve ser uma ação 
improvisada ou mesmo rotineira, pois o olhar do professor pode se perder em meio à 
dinâmica complexa e múltipla do cotidiano escolar, observando e/ou registrando fatos ou 
aspectos que não são os mais significativos em termos das necessidades e interesses dos 
alunos. Portanto, a avaliação da aprendizagem caracteriza-se como uma ação contínua e 
intencional que se dá em três tempos, cada um deles de forma intencional por parte do 
professor: 
 
 
 
37 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Primeiro tempo: observação do aluno em tarefas ou atividades (ex: propor 
exercícios aos alunos com o material dourado em matemática e sentar junto aos grupos 
observando o que fazem, ouvindo o que dizem...). 
 
Segundo tempo: reflexão pedagógica (ex: registrar comentários e perguntas que 
alunos fizeram ao jogar, refletindo então: qual o significado do que se observou? Algum 
aluno ainda não compreendeu o que o material representa?). 
 
Terceiro tempo: ação/mediação (ex: replanejar, propondo novas atividades ao 
grupo ou em pequenos grupos, novos desafios direcionados especialmente aos alunos que 
mais precisam). 
 
 
8.1. Primeiro tempo: Tempo de observar e admirar o aluno 
O tempo de admiração dos alunos é o que dá conta, ao longo do processo avaliativo, 
da construção desse olhar. O desafio está em prestar atenção em cada um, buscando-se 
uma visão mais ampla possível sobre sua história e sobre seus jeitos de aprender para 
poder interpretá-los e compreendê-los. Algumas questões que se deve responder sobre os 
alunos: 
• Quem é o aluno? 
• O que se conhece de sua história de vida? 
• Como é percebido no contexto familiar e escolar? 
• Como ele próprio se refere a esses contextos e como se percebe neles? 
 
 
38 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Como se deu a sua escolarização até esse momento? 
• Quais são os seus interesses pessoais e/ou profissionais, projetos de vida, 
conquistas, necessidades, dificuldades? 
• Como ele estuda na escola e fora dela? 
• De que tempo e recursos dispõe para isso? 
• Que apoios e orientações recebe em termos de suas atitudes e 
aprendizagens? 
• O que revelam suas tarefas anteriores, testes, cadernos, material escolar, 
registros escolares? 
 
Essas questões são apenas as iniciais. Quando respondidas, desencadeiam outras. 
Perguntas que nunca terminam, que se complementam ao se observar percursos 
individuais de aprendizagem. O importante é perceber que o exercício de olhar o aluno 
individualmente, seriamente, leva o educador a estender esse olhar mais profundo para 
outros alunos, para todos os alunos. Mais do que reunir dados ou fatos que expliquem o 
seu desempenho atual, trata-se de uma reconstrução permanente de hipóteses à medida 
que o professor interage com o aluno e efetiva sua mediação numa cadeia de ações 
flexíveis e de complexidade crescente. 
 
A avaliação mediadora é permanentemente investigativa, por meio da observação, 
da escuta, do diálogo: acompanhamento contínuo das atividades e tarefas propostas e os 
reflexos dessas em termos de aprendizagens e manifestações dos alunos constitui a 
primeira etapa do ciclo avaliativo. Dentre os tópicos dessa observação, aponto alguns 
aspectos essenciais: 
• O aluno em relação ao contexto sociocultural e à sua própria história de vida: 
núcleo familiar e entorno social, ciclo de vida (infância, pré-adolescência, 
adolescência, idade adulta), questões de gênero, de sexualidade, de etnia, de 
religião, vivências pessoais e profissionais, etc.; 
• Ao cenário educativo: ambiente físico da escola e da sala de aula, relação com 
colegas, professores e profissionais da escola, tempos, recursos e materiais 
disponíveis de aprendizagem, laboratórios, bibliotecas, etc.; 
• Ao currículo em desenvolvimento: objetivos perseguidos, temas/conteúdos 
desenvolvidos, metodologias de ensino, posturas pedagógicas, procedimentos 
avaliativos, etc.; 
• Às questões de aprendizagem: histórico de aprendizagem na escola e em escolas 
anteriores, questões afetivas e de aprendizagem desde o início de seu processo 
 
 
39 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de alfabetização, contextos de aprendizagem extraescolares, projetos pessoais 
de estudo, etc. 
 
É necessário multiplicar e entrelaçar as várias dimensões do olhar avaliativo. Não se 
pode fixar a observação em nenhum desses tópicos nem tampouco tomá-los como mais 
relevantes quando se pretende compreender o aluno e ajudá-lo a prosseguir. Eles são 
interdependentes e se transformam permanentemente com a própria dinâmica da 
aprendizagem, de modo que a menorvariação didática ou de qualquer aspecto (como um 
detalhe da vida do estudante) pode influenciar todos os outros. 
 
8.2. Segundo tempo: Tempo de refletir sobre as aprendizagens 
O tempo de reflexão é referente ao conjunto de ideias, sentimentos e possibilidades 
de ações futuras que afloram quando o professor para e pensa sobre como os alunos estão 
se manifestando em relação às tarefas e situações de aprendizagem propostas. 
 
Essa reflexão acontece todo o tempo em sala de aula: por trás de toda a ação do 
professor há uma “intenção” pedagógica. Mas é importante, contudo, que se faça 
conscientemente o “silêncio” que permite refletir. Predispor-se a momentos de pensar sobre 
o que se observa possibilita interpretar em termos didáticos, epistemológicos e relacionais 
as respostas dos alunos e suas manifestações em múltiplas linguagens, transformando as 
práticas avaliativas em mediadoras, direcionadas aos diferentes interesses e necessidades 
de cada aluno. 
 
Para tal, é necessário: 
• Ultrapassar o “pensar como fazer atarefado” da sala de aula em direção à 
ação reflexiva, intencional, planejada e longitudinal, em relação a cada aluno 
e em relação ao fazer pedagógico; 
• Levar mais a sério as pequenas tarefas do dia a dia da sala de aula, anotando, 
interpretando-as; 
• Perceber as faltas, as dissonâncias, os obstáculos epistemológicos possíveis 
decorrentes das propostas pedagógicas para vir a ajustar e detalhar os rumos 
do planejamento; 
• Interpretar o sentido das aprendizagens construídas nas tarefas avaliativas e 
situações de aprendizagem (para além de apenas corrigi-las), arquivando 
 
 
40 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
informações que considerar relevantes para o acompanhamento do 
estudante; 
• Conversar com os alunos sobre as situações observadas e as tarefas 
analisadas mediando aprendizagens em construção; 
• Reunir, de tempos em tempos, essas anotações feitas acerca dos alunos para 
a compreensão do conjunto e a tomada de decisões pedagógicas em relação 
às aprendizagens individuais e do grupo. 
 
Pode ser tarefa fácil e corriqueira corrigir exercícios, testes e cadernos de alunos, 
atribuindo-lhes pontos e médias finais. Contudo, muito ao contrário, não é simples nem fácil 
responsabilizar-se por promover aprendizagens (no sentido amplo do termo) a partir da 
compreensão de percursos individuais. 
 
8.3. Terceiro tempo: tempo de mediação, de reconstrução das práticas 
pedagógicas 
Em avaliação mediadora, interpreta-se para compreender e para cuidar que o aluno 
aprenda. O tempo de reflexão, assim, não é o de olhar para trás explicando o que o aluno 
não fez, não alcançou ou não sabe, mas o de projetar o futuro em termos de seu 
atendimento, tempo de prospecção: leitura de possibilidades cognitivas dos alunos, de 
outros temas e estratégias de ensino, de novas perguntas a fazer como desafio cognitivo. 
 
A reflexão sobre o processo percorrido por ele é a referência dos próximos passos a 
serem dados no sentido da continuidade da ação pedagógica. Sem essa reflexão, o fazer 
pedagógico é fragmentado, com base em sequência de conteúdo, em tempos de livros 
didáticos e outros tempos que não se ajustam aos tempos percorridos pelo aluno. Chamo 
atenção para a questão das múltiplas dimensões da avaliação porque a complexidade do 
ato avaliativo se dá por essa razão, acrescida pelo fato de o professor ser aquele que pode 
promover a ação mediadora. Ou seja, ele precisa estar envolvido com o aluno uma vez que 
ele é quem o observa, quem interpreta seus avanços ou necessidades no processo de 
aprendizagem e é ele também quem vai decidir sobre o que fazer (pedagogicamente) a 
partir do que observou. 
 
Na perspectiva da avaliação mediadora, o objetivo da interpretação das tarefas e 
situações de aprendizagem dos alunos é o de traduzir essa reflexão em estratégias 
 
 
41 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
pedagógicas, isto é, ter como objetivo a ultrapassagem da situação observada: selecionar, 
dentre a diversidade de aspectos observados, o mais relevante sobre o qual a atenção do 
professor deverá se voltar naquele momento, embasando a ação educativa favorecedora à 
superação individual e do grupo. Em relação aos múltiplos aspectos que se apresentam, 
surge a questão da relevância dos objetivos a atingir pelo aluno. 
 
A que aspecto deve se dedicar o professor e por quanto tempo sem menosprezar os 
demais aspectos a desenvolver? 
 
A proposta aos educadores é a de planejar situações, em todos os níveis de ensino, 
que envolvam os alunos em conflitos cognitivos, encorajando-os a elaborarem 
cooperativamente, em duplas, trios, pequenos grupos, soluções aos problemas colocados. 
Quando crianças, jovens e adultos são levados a trocar pontos de vista com seus colegas 
e a verbalizar suas explicações, constroem compreensões muito mais ricas e abstratas, 
evoluindo em seu pensamento. 
 
Muitas vezes os alunos passam por nós sem nos darmos conta deles, assim como 
suas ideias passam frente aos nossos olhos sem pensarmos sobre elas. É preciso 
debruçar-se sobre as tarefas e manifestações, levando a sério todas as formas de 
expressão dos alunos como pontos de partida para a continuidade da ação pedagógica: 
• Aceitando os erros como legítimos e como elementos importantes para a 
aprendizagem, buscando a sua lógica; 
• Valorizando as tentativas, as incompletudes, as rasuras como ensaios da 
expressão; 
• Valorizando os argumentos e os meios para chegar às soluções até mais do 
que as próprias soluções; 
• Observando em separado as ideias e as formas de expressá-las; 
Refletindo sobre a coerência, sobre a precisão e sobre a riqueza das ideias 
formuladas; 
• Relacionando respostas a perguntas diferentes sobre temas diferentes, 
buscando compreender o conjunto de aprendizagens; 
• Refletindo sobre os diferentes níveis de complexidade das questões 
propostas em todas as situações. 
 
 
 
42 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Mudando de autor: Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em 
avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro 
décadas. Nessa trajetória, que começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de 
medição de aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões 
teóricas, chegando à seguinte definição de avaliação escolar: Um juízo de qualidade sobre 
dados relevantes para uma tomada de decisão. Portanto, segundo essa concepção, não 
há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a 
aprendizagem. 
 
O autor ainda completa: Nós, educadores do início do século 21, somos herdeiros 
do século 17. O modelo atual foi sistematizado na época da emergência da burguesia e da 
sociedade moderna. Que vergonha! Uma hora avançamos tanto com a sala de aula 
invertida e na outra não sabemos avaliar. Será isso mesmo? 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR, Cipriano Carlos Luckesi, 180 págs., 
Ed. Cortez, tel. (11) 3864-0111, 24 reais AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA 
ESCOLA: REELABORANDO CONCEITOS E RECRIANDO A PRÁTICA, Cipriano 
Carlos Luckesi, 115 págs., Ed. Malabares (aquisição somente pelo e-
mail malabareseventos@terra.com.brou pelo tel. 71-3356-3261), 20 
reais INTERNET. No site www.luckesi.com.br, você encontra artigos e 
entrevistas de Cipriano Carlos Luckesi HOFFMANN, Jussara. Avaliação 
Mediadora. SP Mediação, 2004. Mito & Desafio Avaliar para Promover. 
 
 
 
43 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
9. ESCOLA DA VILA – UMA CONCEPÇÃO SOMENTE 
 
O caso doBrasil é interessante. Fala-se que a educação é o gargalo do nosso 
crescimento. A escassez de educação seria uma chaga, impedindo o funcionamento mais 
eficiente de uma sociedade moderna e complexa. A história recente parece contradizer 
essa tese. Até a década de 1980, nossa educação era muito pior do que é hoje e não 
bloqueou o crescimento do país. Por décadas, o Brasil liderou o crescimento mundial, 
apesar de ter uma educação pífia. Por que agora a educação seria uma trava? 
 
Educar para o mercado ou educar para a vida? Afinal, qual o papel da escola no 
século 21? Em sintonia com os novos tempos, o governo Fernando Henrique Cardoso 
editou a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em dezembro de 1996. O documento, 
talvez a mais importante realização da gestão do então ministro Paulo Renato Souza (leia 
artigo na página 14), confere maior autonomia às escolas. Sob o conceito que a educação 
escolar deve se vincular o mundo do trabalho e à prática social a LDB traz modificações 
profundas. 
 
A principal delas é a própria definição de conteúdo. “Antes, o conteúdo era o 
programa. Com a nova LDB, os conteúdos têm face tripla: competências, habilidades e 
atitudes”, afirma Sônia Bittencourt, 53 anos, diretora pedagógica do Colégio Porto Seguro, 
uma das escolas mais tradicionais de São Paulo, que completa 125 anos no próximo dia 
20 de setembro. É competente quem sabe aprender. A escola deve ensinar o aluno a 
buscar a informação. 
 
A habilidade está relacionada ao fazer, que significa utilizar os conceitos e as 
competências adquiridas. E a atitude é apren- der a ser, a conviver”, diz Sônia. Saber, fazer 
e ser: eis a tríade que deve nortear a formação do aluno na escola contemporânea. 
 
Se o discurso está afiado, sua prática é complexa. A escola está saindo de um 
conceito de educação a caminho de outro modelo. Mas nem adianta querer voltar atrás, 
pois esse movimento não tem retorno, afirma Mirza Laranja, 39 anos, diretora pedagógica 
do Colégio Augusto Laranja. O novo gera perda de controle e, como todo processo de 
mudança, causa insegurança. 
 
 
 
44 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Na verdade, a luta é muito mais pela transformação de valores dos pais que dos 
alunos, diz Alejandro Gabriel Miguelez, 28 anos, professor de português do Colégio Santa 
Cruz. De fato, a aula expositiva com giz e quadro-negro, na qual o professor é o todo-
poderoso que detém o conhecimento, está com seus dias contados. E é natural que os pais 
tenham dificuldade em compreender a nova realidade do ensino, afinal a escola deles era 
muito diferente, não só na dinâmica de aula – marcada pela passividade em relação aos 
conteúdos –, como na própria relação de poder e afeto com o mestre. 
 
A democratização do acesso à informação promoveu o redimensionamento do poder 
na relação aluno-professor. Se antes o conteúdo era despejado de cima para baixo, num 
exemplo de hierarquia tipicamente vertical, o novo paradigma exige a troca de experiências, 
baseada numa relação mais horizontal. O professor-sabe-tudo faz parte do passado. 
Tomemos um exemplo prático. 
 
Digamos que o assunto da aula de história seja a Guerra de Canudos. Ao digitar 
essas palavras no Google, ferramenta de busca mais popular da internet, descobre-se que 
há quase 7 mil páginas sobre o tema!!! Como lidar com essa nova realidade? Como 
preparar os alunos para ter capacidade de discernimento, para avaliar criticamente esse 
inesgotável universo de informações, muitas vezes conflitantes? O momento de passar a 
informação é de menor valia na sala de aula; o fundamental é ir além disso, afirma Mirza, 
para quem a autoridade do professor decorre da qualidade da aula, e do seu 
relacionamento com os alunos. 
 
O desafio da educação é complexo e depende, sobretudo, da capacidade do 
professor se (re)adaptar à nova realidade. Uma piadinha que circula entre pedagogos 
resume o anti-modelo de educador: quando um professor se vangloria de ter 30 anos de 
experiência, normalmente ele quer dizer que tem um ano de experiência e 29 anos de 
repetição! Mas não sejamos tão severos com os mestres. 
 
Assim como não é simples convencer os pais de que o mundo mudou e a escola 
deve acompanhar essa transformação, o mesmo se aplica aos professores. Há resistência 
à mudança. É muito difícil ser professor hoje, pois os alunos estão sedentos, muito mais 
estimulados e criativos. Não é todo professor antigo que encara os novos desafios, diz 
Mirza. “Temos de trabalhar a consciência do professor, afirma Sônia. Atentas às demandas 
 
 
45 Didática 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
de seus alunos, as escolas particulares investem grande parte de seus lucros na 
(re)educação de professores. 
 
Reciclagem permanente não é uma moda passageira, mas uma realidade que se 
aplica a todas profissões. Não poderia ser diferente com o professor. Uma frase do ministro 
Cristóvão Buarque, cuja gestão à frente da pasta da Educação tem como objetivo primordial 
a valorização do professor, é emblemática: Diploma deveria vir com prazo de validade, 
como qualquer outro produto perecível. No âmbito da escola, é preciso reeducar os 
educadores para que o aluno possa, como diz Paulo Freire, aprender a ler o mundo. 
 
E, com isso, estabelecer um diálogo proativo com a sociedade, pois o colégio não é 
um fim em si mesmo, diz Paulo Henrique Camargo Rinaldi, 49 anos, diretor-geral do Colégio 
Rio Branco. Tudo muito bonito e edificante. Mas, afinal, qual é a cara dessa nova escola? 
O que ela tem de tão diferente do modelo antigo? 
 
A nova LDB permite que as escolas definam parte de seu conteúdo programático. 
Com isso, há a possibilidade de criação de aulas diferenciadas. Esportes, música, teatro, 
culinária, marcenaria, filosofia… A lista de cursos oferecidos pelas escolas particulares de 
São Paulo é ampla e diversificada. Mas a verdadeira revolução são as aulas temáticas, que 
envolvem professores de várias disciplinas para estudar um determinado assunto. Tome-
se como exemplo a recente invasão anglo-americana do Iraque. Na aula de história, o 
professor analisa a formação dos estados árabes; na de geografia, a importância do 
petróleo na geopolítica mundial; na de ciências, as alternativas energéticas que existem 
para substituir o combustível fóssil; na de economia, o impacto dos custos militares da 
invasão na economia mundial. 
 
E assim por diante. Essa abordagem multidisciplinar permite ao aluno obter uma 
noção do todo e, com isso, refletir criticamente sobre a questão. A prática de aulas 
temáticas ou multidisciplinares já é uma realidade em colégios como Augusto Laranja. Em 
outros, como Santa Cruz, Carlitos e Escola da Vila, amplos temas são investigados em 
projetos, que muitas vezes duram um ano inteiro. 
 
No Santa Cruz, por exemplo, há quatro projetos nos dois primeiros anos do ensino 
médio. Um deles é Amazônia: da terra firme ao igapó; os alunos visitam a Amazônia, 
estabelecendo um intercâmbio cultural com as populações ribeirinhas; para se preparar, 
 
 
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Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
tem dez aulas antes da viagem, para estudar vários aspectos relacionados ao tema; na 
volta, em virtude do conjunto de vivências e conhecimentos adquiridos, mais dez aulas 
encerram o projeto, que tem o objetivo de desenvolver a ética e a cidadania nos alunos do 
Santa Cruz, colégio cinquentenário que valoriza a formação humanista. 
 
O projeto Vida urbana no século 21, da Escola da Vila, é um ótimo exemplo de 
atividade temática multidisciplinar. O projeto, que se desenvolve ao longo do segundo ano 
do ensino médio, reúne sete professoresde diferentes disciplinas, que, em duas aulas 
semanais, propõem a discussão de um tema. 
 
Nos primeiros dois meses, há uma etapa de imersão, na qual os alunos lêem textos, 
assistem a vídeos, entrevistam profissionais e saem a campo para identificar problemas. O 
objetivo é sensibilizar o aluno, afirma Divino Marroquini, 43 anos, professor de química e 
coordenador do projeto. Devido ao interesse despertado pela pesquisa, subtemas são 
levantados e os alunos, em grupos menores, começam a elaborar as questões que devem 
ser discutidas, sob orientação de um professor. 
 
No fim de agosto, entregam uma monografia, que é apresentada não apenas aos 
colegas, mas também aos pais e profissionais convidados, num grande evento noturno. No 
último trimestre, cada grupo desenvolve um site, coroando um ano de intenso trabalho. O 
principal objetivo do projeto é colocar os alunos em contato com a realidade, fazendo com 
que escolham algo para estudar e gerenciem o próprio tempo de estudos. Um segundo 
objetivo é aproximar com o mercado de trabalho, diz Marroquini. 
 
Ao abordar uma temática real, o aluno percebe que há vários conhecimentos 
necessários para dar conta de um determinado assunto. E isso gera um ganho motivacional 
muito grande. Como em todo processo de descoberta, nem tudo são flores. “O processo é 
intenso. No início há crises tremendas, com dificuldade na escolha, uma exigência às vezes 
muito grande com o próprio texto. Mas a realização é enorme e os pais concordam que é o 
trabalho mais importante desenvolvido pelo filho ao longo de sua vida escolar”, afirma o 
coordenador do projeto. Rodrigo Sampaio Primo, 17 anos, é aluno do terceiro ano do ensino 
médio. Em 2002, desenvolveu projeto ligado à área de educação. 
 
A ideia era entrar em contato com um novo universo. Estudei o ensino dado a alunos 
especiais na escola pública. No começo, eu não sabia onde estava pisando. Mas foi 
 
 
47 Didática 
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superimportante, pois vivenciei uma situação prática, que me permitiu refletir sobre 
educação, diz Primo. 
 
O aluno da Escola da Vila põe o dedo na ferida: de que adianta a escola formar 
alunos para passar no vestibular se a vida é muito mais complexa? A questão remete à 
velha, estreita e preconceituosa visão de que escolas tradicionais são disciplinadoras, fortes 
e preparam para o vestibular, enquanto escolas liberais são antros de rebeldia, fracas e 
não fornecem base acadêmica para um bom desempenho no vestibular. Daí, voltamos à 
questão inicial: a escola do século 21 deve educar para o mercado ou para a vida? 
 
Educar para a vida significa preparar para enfrentar os desafios do novo milênio, o 
que inclui os desafios do mercado de trabalho; não existe mercado sem vida e vice-versa”, 
afirma Roberto Nasser, 53 anos, coordenador de orientação profissional do Colégio 
Bandeirantes. Rinaldi, do Rio Branco, parece concordar: “Mercado e vida são 
complementares”. Já Sônia, do Porto Seguro, é categórica: “A educação básica, até o 
ensino médio, tem de formar para a vida. 
 
Miguelez, do Santa Cruz, tem opinião similar: Educamos para a vida; será mercado 
na medida em que o mercado se preocupar com a vida. Mirza, do Colégio Augusto Laranja, 
fornece uma pista valiosa: Educar para a vida e para o trabalho às vezes é a mesma coisa. 
Muitas vezes o indivíduo que tem sucesso profissional foi líder do grêmio, participou de uma 
série de atividades não acadêmicas. Faz sentido. Num mundo de incertezas, no qual mais 
de 50% das profissões nem sequer existiam 30 anos atrás, a escola deve se preocupar em 
formar cidadãos pensantes e atuantes, que tenham capacidade de fazer escolhas e arcar 
com as consequências de seus atos. 
 
A discussão escola tradicional/ forte x escola liberal/fraca é inócua, pois parte de 
preconceitos arraigados, sobretudo nos pais. É óbvio que nem todas as escolas são iguais, 
afinal as pessoas também são diferentes. Como a escolha da escola dos filhos é uma 
decisão de extrema importância, é prudente deixar os preconceitos de lado e identificar, 
com honestidade, um colégio que vá de encontro à sua visão de mundo, que compartilhe 
os mesmos valores profundos que conferem sentido à vida. 
 
No mundo atual, a informação está disponível. É preciso aprender a lidar com ela. 
Vale lembrar que o próprio exame vestibular tende a se aprimorar, afastando-se da 
 
 
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tradicional “decoreba” para se tornar uma prova mais compreensiva, a exemplo do que já 
ocorre com o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio. 
 
A educação escolar é um processo longo. Nas escolas particulares, o aluno passa, 
em média, 15 anos até completar o ensino médio. Há coisas que não são agradáveis no 
meio do processo. A escola não pode ser chata, mas sim um desafio, defende Mirza. 
Aprender brincando é uma experiência muito rica. Alguns conteúdos são árduos, mas a 
fixação é mais natural, afirma Isabel Moniz, coordenadora pedagógica do ensino 
fundamental I da Escola Carlitos. O desafio de modernizar a escola gera várias incertezas. 
Mas é inegável que estudar está cada vez mais divertido. 
 
 
 
Até breve meus queridos alunos!

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