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TCC Final - Ana Pedagogia

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
ANA PAULA TAVARES PEREIRA 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. 
Manaus
2019
ANA PAULA TAVARES PEREIRA 
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. 
Trabalho de Conclusão de curso apresentado como requisito para aprovação no curso de graduação de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá, sob orientação da Profª. Wilna Mello de Souza
 
MANAUS
2019
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. 
 Ana Paula Tavares Pereira 
Wilna Mello de Souza
RESUMO
O Presente artigo tem como objetivo, analisar a relevância da afetividade no processo ensino e aprendizado para o desenvolvimento escolar da educação Infantil, buscando identificar aspectos que podem contribuir de maneira positiva e eficaz no desempenho escolar. Dessa forma buscou-se identificar o conceito de afetividade e aprendizagem e que tipo de relação há entre ambas e de que forma a afetividade possa á vir influenciar de maneira positiva no aprendizado do individuo. Vale lembrar que a relação entre aluno e professor é vista em vários aspectos, que são tratados ao longo deste trabalho, de maneira que a afetividade venha ser um vinculo de estimulo para o aluno estabelecer a relação e interação com seu mediador. Ela vem ser fundamental, no qual poderá definir para a formação de personalidade e o tipo de cidadão que ira surgir a partir dessas relações na vida do educando. 
Palavras–Chave: Afetividade – Aprendizagem, Relação Professor – Aluno, Conhecimento.
ABSTRACT
The purpose of this article is to analyze the relevance of affectivity in the teaching and learning process for the school development of Early Childhood Education, seeking to identify aspects that can contribute positively and effectively to school performance. In this way, we tried to identify the concept of affectivity and learning and what kind of relationship there is between both and in what way the affectivity can come to influence in a positive way in the learning of the individual. It is worth remembering that the relationship between student and teacher is seen in several aspects, which are treated throughout this work, so that affectivity will be a stimulus link for the student to establish the relationship and interaction with his mediator. It comes to be fundamental, in which you can define for the personality formation and the type of citizen that will arise from these relationships in the life of the student. 
The research is based on bibliographic materials in which it aims to seek the historical-critical analysis of the teacher-student relationship with observations and readings.
Key words: Affectivity - Learning, Teacher-Student Relationship, Knowledge. 
INTRODUÇÃO
Quando se fala em educação, logo torna-se abrangente enfatizando vários enfoques. Porem nos dias atuais seria impossível relatar sobre educação referenciando apenas o aspecto do conhecimento e deixando de lado o campo das emoções. Pois vale lembrar que nós seres humanos somos regidos por dois fatores: a razão e a emoção. E fica obvio que a relevância da afetividade no âmbito escolar favorece uma plena aprendizagem onde o aluno é capaz de perceber-se como individuo no qual responsabiliza-se pela construção de sua própria identidade, obtendo assim o conhecimento. Entretanto, não podemos separar afetividade de cognição, pois ambas se correlacionam. Para Wallon (1979), a personalidade se forma por duas funções: inteligência e afetividade. No qual a inteligência vincula-se ao mundo físico em direção do objeto. Por outro lado a afetividade esta diretamente ligada referente ás sensibilidades internas somando á construção da pessoa. Tornando assim, a afetividade á assumir um papel que antecede á inteligência destacando um fator essencial no desenvolvimento humano. 
Afinal, qual a relevância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem das crianças de Educação Infantil ?
Pois bem, o afeto no ambiente escolar não esta somente no ato de carinho como abraçar ou beijar o aluno como cumprimento de sua chegada a sala de aula. Mas é no olhar confiante do professor em relação á aprendizagem do aluno que proporciona segurança e equilíbrio entre ambos. 
O aluno não esta preparado para entrar na escola, o afastamento dos pais se trona difícil para ele. Diante dessa situação, durante o processo de construção de conhecimento, o aluno tem necessidade de sentir-se aceito e acolhido dentro de suas limitações. Por isso o afeto do professor, é o ponto principal para o aluno interagir com a escola. 
Desta forma a partir de reflexões teóricas a cerca do tema em questão por buscar a analise histórico-critica da relação professor e aluno com observações e leituras, acerca da importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem de crianças da Educação Infantil, acredito que as contribuições teóricas que tratam deste tema proporcionou-me um esclarecimento maior e me oportunizou melhorias no desempenho profissional na área educacional, haja vista que as leituras abrem as mentes e concretizem ou mudem ideias que formamos no decorrer de nossas vidas. 
1.SOBRE AFETIVIDADE: 
Inicialmente, é importante retomar e relembrar o significado exato de alguns termos que serão abordados ao longo deste trabalho, no intuito de auxiliar no entendimento e concepção dos mesmos e desta forma á dar inicio ao trabalho.
Após solicitar o auxilio da internet, Wikipédia, para assim obtermos tal compreensão dos termos abaixo:
Afetividade é a relação de carinho que se tem com alguém intimo ou querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser ou objeto, em psicologia, o termo afetividade é utilizado para designar a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. Tem por constituinte fundamental um processo cambiante no âmbito das vivencias do sujeito, em sua qualidade de experiências agradáveis ou desagradáveis.
Sendo assim, afetividade se relaciona diretamente com as experiências dos indivíduos nos mais diversos espaços, com a família, a escola e a comunidade. Essas experiências podem ser negativas ou positivas e interferem nas relações sociais que os sujeitos estabelecem com seus semelhantes. A seguir o significado do termo emoção: 
Emoção trata-se de uma experiência subjetiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. Não existe uma teoria para as emoções que seja aceita de forma geral ou de forma universal. Existe uma distinção entre emoção e os resultados da emoção, principalmente os comportamentos gerados e as expressões emocionais. As pessoas frequentemente se comportam de certo modo com um resultado direto de seus estados emocionais, tais como: chorando, lutando ou fingindo, mas ainda assim é possível ter a emoção sem o correspondente comportamento, então podemos considerar que a emoção não é apenas o seu comportamento e menos ainda que o comportamento não é a parte essencial da emoção. 
Todo individuo, desde o seu nascimento necessita de atenção e afeto para poder assim conviver num processo continuo e harmonioso de socialização familiar. Podemos observar aqueles alunos que demonstram tal sentimento em sala e são bem sucedidos, logo nota-se que foram estimulados. Já aqueles que foram desfavorecidos de tal intelecto, apresentam atitudes desencorajadoras, sobressaindo sentimentos de inferioridade relacionado a si mesmo. Isso demostra a total importância da afetividade presente em sua vida.
Dentro deste contexto, vale a pena observar comportamentosentre professor e aluno, no qual muitas vezes não compreendido. Porem nos levam a refletir melhor a postura de ambos.
Tais relacionamentos possa resultar em sérios e danosos conflitos e consequências negativas. Resultando na dificuldade da construção do conhecimento do aluno.
Já em contra partida a afetividade demonstrada de forma positiva em sala de aula, resulta benefícios no aprendizado do aluno. Pois esse aluno quando deposita confiança no professor inicia-se a construção do processo de ensino e aprendizagem.
Assim como a aluno merece total respeito e compreensão da parte do professor, o mesmo também tem a necessidade de ser aceito e respeitado. Diante disso, observa-se a necessidade de afeto tanto de um para com o outro, onde entrelaça numa relação reciproca que tende a evoluir durante o ano letivo. 
Num sentido amplo, afetividade pode ser compreendida como conjunto de emoções, sentimentos e sensações presente na vida do ser humano.
1.1 AFETIVIDADE SEGUNDO PIAGET
Para compreender o tema afetividade de forma ampla, é necessário entender a perspectiva de afetividade e a teoria do desenvolvimento cognitivo de acordo com Jean Piaget. (1976, p.16) o afeto é essencial para o funcionamento da inteligência. 
 
(...) na vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo intercâmbio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização. Assim é que se raciocina, inclusive em matemática, sem vivenciar certos sentimentos, e que, por outro lado, não existem afeições sem um mínimo de compreensão. 
De acordo com a citação acima, sem afeto então, não há interesse necessidade e motivação pela aprendizagem, não há também questionamentos, e sem eles não há desenvolvimento mental. Afetividade e cognição se completam e uma dá suporte ao desenvolvimento da outra.
Para Piaget (1976), o afeto pode acelerar ou retardar o desenvolvimento das estruturas cognitivas. O afeto acelera o desenvolvimento das estruturas, no caso de interesse e necessidade, e retarda quando a situação afetiva é obstáculo para o desenvolvimento intelectual. A afetividade não explica a construção da inteligência, mas as construções mentais são permeadas pelo aspecto afetivo. No qual toda conduta tem um aspecto cognitivo e um afetivo, e um não funciona sem o outro. 
Piaget (1976) estudou o desenvolvimento epistemológico do homem ou seja, como se constrói o conhecimento humano. O desenvolvimento e aprendido em um processo continuado, no qual dividi- se em quatro estágios: sensório- motor (0 a 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos), operações-concretas (7 a 12) e operações-formais (12 em diante).
Segundo o autor, o primeiro momento do desenvolvimento logico é o estagio sensório-motor, que vai de zero a dois anos. Durante esse período a inteligência se revela na ação, ou seja, a criança adquiri a capacidade de conduzir seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. O estagio sensório-motor é anterior á linguagem, no qual a criança desenvolve a percepção de si e dos objetos a sua volta. O desenvolvimento afetivo neste estagio se manifesta no sorriso infantil, que é reforçado pelo sorriso do outro, torna-se um instrumento de troca ou contagio e logo de diferenciação das pessoas e coisas.
O segundo momento do desenvolvimento é o estagio pré-operacional que ocorre entre as idades de dois a sete anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a língua e a representação do mundo por meio de símbolos. Neste estagio as atividades ainda estão voltadas para a representação, simbólica e sócia, tais como: imitações de objetos e eventos que já ocorreram. A afetividade esta centrada no egocentrismo, em que a criança esta centrada em si mesmo, tornando-se mais sociável e comunicativa no decorrer do estagio. 
Conforme o pensador, o terceiro momento é o estágio das operações-concretas, dos sete aos doze anos, que tem como marca a aquisição reversibilidade das ações. Surge a logica nos processos mentais e habilidade de discriminar os objetos similaridade e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e numero. O desenvolvimento afetivo neste estagio ocorre através das interações com os adultos, baseando-se no respeito mútuo e na cooperação. 
Já o quarto estágio, afirma Piaget (1976), é o operatório-formal que começa por volta dos doze anos em diante. Essa fase marca a entrada na fase adulta, em termos cognitivos. Onde o adolescente passa a ter o domínio do pensamento logico, que possibilita solucionar as classes de problemas e do problema dedutivo, que o habilita á experimentação mental á capaz de deduzir conclusões.
Entretanto, nota-se que a afetividade é de suma importância para a vida, tanto quanto a formação cognitiva ou o processo de conhecimento. A afetividade e a inteligência são dois aspectos inseparáveis no desenvolvimento e se apresentam de forma antagônica e complementar, pois se a criança tem algum problema no desenvolvimento afetivo, isso acabara comprometendo seu desempenho cognitivo. O afeto é o estimulante, o que excita a ação e o pensamento é o fruto da ação. 
Piaget (1976, p.36) destaca, “que em toda conduta, as motivações e o dinamismo energético provem da afetividade, enquanto que as técnicas e o ajustamento dos meios empregados constituem o aspecto cognitivo”. Ele acreditava que as estruturas afetivas eram construídas semelhantes ás estruturas cognitivas. Percebe-se então que para ele afetividade e a inteligência também são inseparáveis, aspecto perfeitamente visível, pois se a criança tem problemas no desenvolvimento afetivo isto acabara comprometendo seu desempenho cognitivo.
1.2 AFETIVIDADE SEGUNDO WALLON
Wallon (1989) atribui imensa importância á emoção e á afetividade, criando conceitos a partir do ato motor, da afetividade e da inteligência. As interações são um processo natura para o desenvolvimento e para a manifestação das emoções. Contudo, Wallon (1979 apub GALVÃO, 2003, p.61) diferencia emoção de afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são manifestações da vida afetiva. Na linguagem comum costuma-se substituir emoção por afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, não são. A afetividade é um conceito meio abrangente no qual se inserem varias manifestações. 
Para Wallon (1979 apub, GALVÃO, 2003) o movimento é base do pensamento e as emoções que dão origem a afetividade, sendo ela fundamental na constituição do sujeito
2. SOBRE AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM:
A afetividade é um tema que vem sendo muito debatido, tanto nos eixos educacionais quanto fora dele. No universo escolar, há um consenso entre educadores com base nas principais teorias do desenvolvimento sobre a importância da qualidade das primeiras relações afetivas da criança. A afetividade implica diretamente no desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização, nas interações humanas e, sobretudo, na aprendizagem. 
Vygotsky (1998), por sua vez, afirma que o ser humano se constrói nas suas relações e trocas com o outro e que é a qualidade dessas experiências interpessoais e de relacionamento que determinam o seu desenvolvimento, inclusive afetivo, enquanto Wallon ( apud LA TAILLE, 1992, P.90) sustenta que, “no inicio da vida, afetividade e inteligência estão sinteticamente misturadas, com predomínio da primeira. 
Partindo do pressuposto de que afetividade é um composto fundamental das relações interpessoais que também norteia a vida na escola, acresce em relevância uma pesquisa teórica que facilite a compreensão, por exemplo, da relação entre a afetividade e a aprendizagem no âmbito da relação professor – aluno para a construção do conhecimento, para o desenvolvimento da inteligência emocional e para o processo de avaliação da aprendizagem. 
O ser humano é dotado de desejos, vontades e sentimentos próprios que começam se desenvolver desde o nascimento. Ao longo da infância, ocorre o processo dedesenvolvimento sócio - afetivo da criança, período em são importantes as interações que proporcionam vivencias afetivas. Tanto a família quanto os professores exercem um papel relevante no desenvolvimento afetivo da criança porque são eles, enquanto sujeitos mais experientes, que coordenam o processo de aprendizagem. Nesse sentido, tanto Wallon quanto Vigotsky e Piaget consolidam o entendimento sobre os aspectos sócio - afetivos para a cognição. 
A escola detém o status legitimado historicamente de desenvolver modalidades de pensamento, bem especificas e tem o papel diferente e insubstituível na apropriação da experiência culturalmente acumulada. Tem o compromisso de tornar acessível o conhecimento formalmente organizado e, ainda a função de possibilitar o acesso da criança aos objetos enquanto significado cultural, ampliando seu contato com o mundo, diversificando suas experiências. Isso ocorre através de relações sociais concretas, onde a afetividade esta presente. As ações do professor, que constituem sua pratica pedagógica, afetam a aprendizagem dos alunos e a relação que estes estabelecem com o conhecimento. Os alunos interpretam as reações dos professores e conferem um sentido afetivo á própria aprendizagem, ao conhecimento que circula e sua imagem enquanto pessoa e estudante. 
A escola constitui-se num espaço essencialmente educativo, cuja função principal é a de mediar o conhecimento, possibilitar ao educando o acesso e a reconstrução do saber. Essa função está imbricada inexoravelmente às relações, pois a transmissão do conhecimento se dá na interação entre pessoas. Assim, nas relações ali estabelecidas, professor/aluno, aluno/aluno, o afeto está presente. Um dos componentes essenciais para que esta relação seja significativa e represente uma parceria no processo ensino-aprendizagem, é o diálogo.
A relação afetiva entre os sujeitos envolvidos no processo ensinar-aprender, o exercício do diálogo, o fazer compartilhado, o respeito pelo outro, o estar aberto, o saber escutar e dizer, configuram-se como elementos de fundamental importância para a aprendizagem
É imprescindível, então, que no contexto escolar trabalhemos a articulação afetividade-aprendizagem nas mais variadas situações, considerando-a como essencial na prática pedagógica e não a julgando como simples alternativa da qual podemos lançar mão quando queremos fazer uma “atividade diferente” na escola. Essa articulação deve ser uma constante busca de todos que concebem o espaço escolar como lócus privilegiado na formação humana. 
Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação. O sujeito aprende quando se envolve ativamente no processo de produção do conhecimento, através da mobilização de suas atividades mentais e na interação com o outro. Portanto, a sala de aula precisa ser espaço de formação, de humanização, onde a afetividade em suas diferentes manifestações possa ser usada em favor da aprendizagem, pois o afetivo e o intelectual são faces de uma mesma realidade – o desenvolvimento do ser humano.
	
 3. AFETIVIDADE DE FORMA POSITIVA OU NEGATIVA: 
	
Conforme Vygotsky (2003), em psicologia, os afetos se classificam em positivos e negativos. Os afetos positivos estão relacionados a emoção positivas de alta energia, como a calma e a tranquilidade. Os afetos negativos, por sua vez, estão ligados ás emoções negativas, como a ansiedade, a raiva, a culpa e a tristeza. Embora a psicologia tradicional trate cognição e afetividade de modo separado, as emoções e os sentimentos dos alunos não se dissociam no processo ensino-aprendizagem, já que podem favorecer ou não o desenvolvimento cognitivo. 
O desenvolvimento afetivo depende dentre outros fatores, da qualidade dos estímulos do ambiente para que satisfaçam as necessidades básicas de afeto, apego, desapego, segurança, disciplina e comunicação, pois é nessas situações que a criança estabelece vínculos com outras pessoas. A relação mãe – bebe é extremamente importante porque é a mãe quem cria as primeiras situações emocionais que influenciarão o desenvolvimento da criança. 
	
 3.1 O OLHAR AFETIVO DO PROFESSOR EM SALA DE AULA: 
Entre as características da afetividade no período escolar, destacam-se a potencialização das funções neurosensório – motoras e cerebrais responsáveis pela sensação, percepção e emoção. Porem, essas funções ainda estão confusas para a criança por ser uma fase de desenvolvimento, o que torna particularmente importante a intervenção do professor para ajudar os alunos a discriminar entre o seu e sua experiência. Pode-se dizer, ainda que a qualidade da afetividade na relação professor e aluno é determinante para o processo ensino- aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno.
Para Costa e Souza (2006), o trabalho pedagógico voltado ao desenvolvimento da afetividade no processo educacional considera três aspectos: o emocional, o cognitivo e o comportamental. Como são processos interdependentes, implicam na capacidade da criança quanto a identificação e expressão de sentimentos, ao adiamento de satisfações, ao controle de impulsos e a redução de tensões.
A criança também precisa saber distinguir sentimento e ação, ler e interpretar indícios sociais, bem como compreender a expectativa dos outros, usar as etapas para resolver problemas, criar expectativas realistas sobre si e compreender normas de comportamento. O período escolar coincide com a fase em que a criança esta desenvolvendo outras formas de comunicação que não a oral, como os gestos e expressões facial, além de estar trabalhando, a partir da interação com os outros, as emoções e suas influencias negativas e positivas, e manifestando suas ideias e pensamentos. 
Refletindo sobre afetividade no processo de aprendizagem, se percebe muitas vezes o quanto este tema não é levado a serio por alguns professores. Pois a questão é que muitos educadores pensam que somente o conhecimento que importa, deixando de lado as questões afetivas. As consequências dessa pratica, especialmente na educação infantil, período que se vivenciam as maiores experiências de interação e trocas entre alunos, podem ser danosas para o desenvolvimento das crianças, pois o professor deve compreender acima de tudo que a afetividade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, ideia essa que Wallon já defendia. Sendo assim, é importante que o professor planeje e proporcione atividades e brincadeiras para seus alunos, fazendo com que se sintam bem, queiram brincar e, ao mesmo tempo, aprender. Segundo Paulo Freire (1996, p.159). Ao ser explicito sobre a postura do professor afetivo: 
(...) como professor (...) preciso estar aberto ao gosto de querer bem aos educandos e a própria pratica educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor, me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa pratica especifica do ser humano. Na verdade, preciso destacar como falsa a separação radical entre “seriedade docente” e “afetividade”. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” m e ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. 
Assim, o professor com uma postura afetiva deve preocupar-se com o bem estar dos alunos, pois a criança, especialmente a da Educação Infantil, deseja e necessita ser acolhida e amada e assim aos poucos ira suscitar a sua curiosidade para o aprendizado. Segundo Saltini (2008, p.100), o afeto; e o fio condutor para uma aprendizagem sadia. E assim: 
 
A inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se da o tempo todo, seja na sala ou no pátio, e é em função dessa proximidade afetiva que se da a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Essa inter-relaçãoé o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento. 
 
Segundo Cláudio Saltini (2008), “o educador serve de continente para a criança”. Isso implica dizer que o continente nada mais é senão onde são depositadas as pequenas construções e onde elas tomam um significado, isto é um sentido. Ë necessário afirmar também que o papel do professor é bem diferenciado do papel do aluno. Ë claro que ambos contribuem e interagem num processo onde se mesclam experiências afetivas e cognitivas, mas cada qual com sua função, isto é, cabe ao professor preparar e organizar o ambiente onde as crianças vão buscar seus interesses. Neste sentido tudo serve para aprendizagem, cada situação, problema, cada cantinho da sala de aula, a rotina e inclusive o pátio também é um local onde se faz a educação. No entanto, Saltini (2008, p.101), afirma que para isso é necessário que “o educador seja antes de tudo um curioso, um pesquisador, possibilitando assim, a criança descobrir verdades, ao invés de impor conteúdos”. Diz Piaget, em discurso em 1972, quando recebeu o premio Erasmo: 
O papel do mestre deve ser o de incitar á pesquisa e de fazer tomar consciência dos problemas, e não ditar a verdade: compreender é inventar ou reinventar e dar uma lição prematuramente é impedir a criança de se encontrar ou redescobrir as soluções por si mesma.
Cabe ao professor estabelecer uma relação com o grupo todo e com cada aluno individualmente, uma vez que cada ser é único e se diferencia dos demais. Essa relação deve ser tanto a nível cognitivo e afetivo, Saltini defende que o professor precisa oportunizar aos alunos situações em que elas evidenciem seus sentimentos na escola, “não apenas sua inteligência ou na capacidade de aprender”. 
Outras características necessárias a um educador afetivo são a serenidade e a paciência. Muitas vezes, em situações difíceis do cotidiano escolar, que são muitas, como em brigas, conflitos e disputas, essas qualidades fazem parte da “paz que a criança necessita”. Neste sentido Saltini (2008, p.102) orienta:
Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor vai assegurar a criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento do si mesmo, tanto do educador, quanto da criança. 
Faz parte do papel do professor a compreensão de que as ligações afetivas são as primeiras formas de relacionamento da criança com o mundo á sua volta e que começam entre criança e os adultos que cuidam dela. As emoções manifestadas pela criança dependem da acolhida afetiva do adulto, porque a maneira como ele a faz se sentir influenciará suas trocas com o outro e, mais tarde, o aspecto cognitivo. Uma criança que vivencia o jogo interativo e as trocas afetivas tem auto-estima, elabora seu autoconceito e se sente segura e confiante. 
A afetividade tem um sentido pleno: esta relacionada ás vivências de adultos e crianças, motivação de professores e alunos e é determinante para a pratica educativa. Conhecer o desenvolvimento cognitivo e afetivo possibilita ao professor melhor ainda mais suas intervenções no sentido de ampliá-las por meio do dialogo. Por fim, a sugestão é que se priorize a afetividade em todos os relacionamentos, no espaço pedagógico e fora dele, para que se relacionando com seus sentimentos e emoções, o professor possa dar um salto qualitativo no processo ensino-aprendizagem. 
A partir dos autores acimas citados, percebe-se que a afetividade não se resume em manifestações de carinho físico e sim em uma preparação para o desenvolvimento cognitivo, pois é um fator indispensável na relação com as pessoas que estão em contato com o desenvolvimento integra da criança. Esta afetividade é para o desenvolvimento de sujeito crítico, autônomo, reflexivo e responsável, para uma sociedade ideal. A criança em qualquer lugar que ela esteja se desenvolve como um ser humano, por meio de suas experiências com aquele lugar ou momento, e a afetividade deve permear todos estes momentos. 
Portanto, para se manter uma postura afetiva, o professor precisa antes de tudo, tratar todos os alunos com igualdade, sem demonstrar maior ou menos sentimento por um ou por outro. Da mesma forma, manter o diálogo com todos os alunos envolvidos, fazendo com que a vida na escola seja algo vibrante, alegre e de interesse aos alunos. 
Enfim, respeitar a opinião do aluno é fundamental, isso significa que o educador tem que entender que não deve entregar aos educandos conteúdos prontos e acabados dentro do que dominamos “educação bancaria”, mas leva-los a pesquisar, tirar suas próprias conclusões, transforma-los em seres críticos e pensantes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizar uma pratica docente trata-se de uma missão bastante complexa quando tais sentimentos e emoções fazem parte das aprendizagens construídas. O fato de ter abordado o tema afetividade neste trabalho, foi algo que me acrescentou de forma diferencial na qual levarei como vivencia para minhas praticas pedagógicas nas quais jamais serão esquecidas. Uma vez que afetividade, emoção e aprendizagem interligam pelas experiências e vivências nas quais trazidas pelas crianças. Onde cabe a nos educadores filtrar e aproveitar ao máximo toda essa riqueza de informações, onde aprendemos á ser mais tolerantes, alegres, onde nos permitimos deixar aflorar o sentimento e emoções do afeto nas atividades exercidas com eles, os alunos. Com a suma importância o referencial teórico, onde me possibilitou compreender processos pelos quais nos seres humanos passemos desde a infância ate o momento em que morremos , que no qual paramos de aprender, defendido e representado muito bem por Wallon, Piaget e Vigotsky.
Pois bem, concluo reafirmando que: um professor afetivo que é mais feliz no seu ato docente e deixa suas aulas mais significantes com certeza é capaz de tornar a aprendizagem mais tranquila e prazerosa. 
 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
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LEITE, Sérgio Antônio. Afetividade no Processo Ensino Aprendizagem: as 
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