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Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1 Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia Prof. Solivan Valente solivan@up.edu.br Tema 3 Características e configurações básicas dos sistemas de controle 2 Configurações dos sistemas de controle Representação genérica do sistema total (controlador, planta etc.): Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente O sistema completo tem basicamente 2 formas distintas de arquitetura interna: • Sistema em Malha Aberta • Sistema em Malha Fechada 3 Configurações dos sistemas de controle Sistema em Malha Aberta Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente • A característica distintiva de um sistema em malha aberta é que ele não pode realizar compensações para quaisquer perturbações sobre: o sinal de acionamento do controlador (Perturbação 1) o sinal de saída (Perturbação 2) • Por isso, sistemas em malha aberta são comandados simplesmente pela entrada, e não sabem com precisão se o sinal de saída é o desejado. • Por outro lado, sistemas de controle em malha aberta são mais simples e de custo inferior. 4 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 1: Sistema em malha aberta – Torradeira Variável de entrada: cor desejada da torrada, selecionada em um botão giratório (mais clara mais escura) Variável controlada (saída): cor real da torrada. Princípio de funcionamento: O aparelho é projetado com a hipótese de que quanto maior o tempo de exposição da torrada ao calor, mais escura ela ficará. Porém, a torradeira não mede a cor da torrada. Ela não efetua correções pelo fato de a torrada ser de pão de centeio, pão branco ou pão integral. Ela não efetua correções pelo fato de as fatias de pão terem espessuras diferentes. Na verdade, o sistema de controle da torradeira não sabe a cor da torrada quando termina de torrar o pão. Botão de ajuste da cor da torrada 5 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Diagrama de blocos funcional para o sistema de controle da torradeira Temporizador (timer) Cor desejada da torrada Resistências de aquecimento Controlador Pão Processo Calor Cor real da torrada Potenciômetro Transdutor de entrada 6 Configurações dos sistemas de controle Sistema em Malha Fechada Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente • Há uma malha de realimentação por onde vem o sinal de saída medido e convertido para a forma usada pelo controlador. • O sinal de atuação é a diferença entre o sinal de referência (entrada) e o sinal que vem da saída. Quando os transdutores de entrada e de saída tem ganho unitário (𝟏), o sinal de atuação é chamado de sinal de erro, já que ele é igual à diferença real entre a entrada e a saída. Malha de realimentação 7 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente • O sistema em malha fechada compensa o efeito das perturbações: medindo a resposta da saída; realimentando essa medida através da malha de realimentação; e comparando essa resposta com a entrada na junção de soma. • Se existir qualquer diferença entre as duas respostas, o sistema aciona a planta, através do sinal de atuação, para fazer uma correção (ação de controle). Se não há diferença, o sistema não aciona a planta, uma vez que a resposta da planta já é a resposta desejada. • Sistemas em malha fechada também são chamados de sistemas de controle com realimentação (ou com retroação). 8 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 2: Sistema em Malha Fechada – Controle do azimute de uma antena de grande porte Variável de entrada: azimute desejado da antena (ângulo do potenciômetro). Variável controlada (saída): azimute real de orientação da antena. Azimute: ângulo de orientação da antena em relação ao Norte magnético ou geográfico. O ângulo de inclinação da antena (para cima ou para baixo) é chamado de elevação. 9 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Diagrama de blocos funcional 10 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 3: Sistema em Malha Fechada – Controle de direção de tiro antiaéreo Variáveis de entrada: ângulos de tiro desejados (azimute e elevação) Variáveis controladas (saídas): ângulos reais de azimute e de elevação do canhão 11 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Diagrama de blocos funcional: duas malhas de controle independentes Circuito conversor Entrada angular: ângulo horizontal de tiro desejado (azimute) Tensão proporcional ao azimute desejado + – Amplificador de potência Controlador Motor e engrenagens de giro horizontal (azimute) Saída angular: azimute real do canhão Circuito conversor (encoder) Tensão proporcional ao azimute real PlantaSinal de atuação Circuito conversor Entrada angular: ângulo vertical de tiro desejado (elevação) Tensão proporcional à elevação desejada + – Amplificador de potência Controlador Motor e engrenagens de giro vertical (elevação) Saída angular: elevação real do canhão Circuito conversor (encoder) Tensão proporcional à elevação real PlantaSinal de atuação 12 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 4: Sistema em Malha Fechada – Controle de rolagem de uma aeronave (Problema 3, Cap. 1) A atitude de uma aeronave varia em rolagem, arfagem e guinagem, conforme a figura. Desenhe um diagrama de blocos funcional para um sistema em malha fechada que estabilize a rolagem, da seguinte forma: O sistema mede o ângulo de rolagem real com um giroscópio e compara o ângulo de rolagem real com o ângulo desejado. Os ailerons respondem ao erro do ângulo de rolagem efetuando um deslocamento angular. A aeronave responde a esse deslocamento angular produzindo uma velocidade angular de rolagem. Identifique os transdutores de entrada e de saída, o controlador e a planta. Além disso, identifique a natureza de cada sinal. 13 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Controles do piloto Ângulo de rolagem desejado Tensão de entrada + – Controle de posição dos ailerons Controlador Dinâmica da aeronave Ângulo de rolagem real Giroscópio Tensão de saída do giroscópio (proporcional ao ângulo de rolagem real) Planta (aeronave) Sinal de Atuação (Erro de tensão) Posições dos ailerons Integrador Taxa de rolagem Diagrama de blocos funcional 14 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Sistema de controle Vantagens Desvantagens Malha Aberta • Mais simples e mais barato. • Menor exatidão. • Nãorealiza compensação de ruídos e perturbações. Malha Fechada • Maior exatidão (menor erro em regime permanente) • Menor sensibilidade a ruídos, perturbações e alterações do ambiente. • A resposta transitória e os erros em regime permanente podem ser controlados de modo mais conveniente e com maior flexibilidade. • Mais complexo e mais caro. Como escolhemos entre um sistema de controle em Malha Aberta e um em Malha Fechada? Devemos considerar a relação custo-benefício entre a simplicidade e o baixo custo de um sistema em malha aberta, e a exatidão e o custo mais elevado de um sistema em malha fechada. 15 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Atividade em equipes: (3 ou 4 integrantes) Análise de sistemas em malha aberta e em malha fechada. Análise I (20 min): Escolha um sistema de Malha Aberta a) Identifique a entrada e a saída do sistema; b) Faça um esboço do sistema com entrada, transdutor, controlador, planta e saída. Análise II (40 min): Escolha um sistema de Malha Fechada a) Identifique a entrada e a saída do sistema; b) Faça um esboço do sistema com entrada, transdutor, controlador, planta, saída e malha de realimentação. Em ambas as análises, identifique os sinais em todos os pontos do diagrama. Se possível, indique as perturbações (1 e 2) que podem existir no sistema. Apresentação em sala (40 min = 10 min por equipe): Serão sorteadas 4 equipes para apresentar no quadro: 2 Análise I e 2 Análise II. Entrega: Identificação da equipe (nomes completos e matrícula). Análise I com os itens (a) e (b). Análise II com os itens (a) e (b). 16 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Atividade em equipes: (3 ou 4 integrantes) Faça as análises usando os diagramas como base: Sistema em Malha Aberta Sistema em Malha Fechada 17 Configurações dos sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Sistemas em Malha Aberta: Controle de uma lâmpada (on/off) Secadora de roupa com timer Controle remoto de TV Sistemas em Malha Fechada: Ferro elétrico de passar roupa Estabilizador de tensão Controle de velocidade de um motor CC com tacômetro Piloto automático em um automóvel Piloto automático em uma aeronave Ajuste de um motor flex ao tipo de combustível Controle de temperatura de um ar condicionado Exemplos de sistemas: 18 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Análise É o processo através do qual o desempenho de um sistema é determinado. A resposta transitória e o erro em regime permanente são avaliados para determinar se eles atendem as especificações desejadas. Projeto É o processo pelo qual o desempenho de um sistema é criado ou alterado. Se a resposta transitória e o erro em regime permanente de um sistema forem analisados e descobrirmos que eles não atendem as especificações, então mudamos os parâmetros ou adicionamos componentes para atender as especificações. 19 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Todo sistema de controle é dinâmico Ele responde a uma entrada apresentando uma resposta transitória antes de atingir uma resposta em regime permanente. Elevador parado no 1º andar Exemplo do elevador: 20 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Há 3 objetivos na análise e projeto de sistemas de controle: Objetivo 1 Produzir a resposta transitória desejada Objetivo 2 Reduzir o erro em regime permanente Objetivo 3 Alcançar a estabilidade Você pode explicar por que esses três objetivos são importantes? (use o exemplo do elevador) 21 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1. Produzir a resposta transitória desejada É importante atingir a resposta transitória planejada por três motivos: Para atender requisitos de conforto do usuário No caso do elevador, uma resposta transitória lenta deixa os passageiros impacientes, enquanto uma resposta excessivamente rápida causa desconforto. Se o elevador oscilar em torno do andar desejado por mais de um segundo, a sensação será estranha... Para evitar danos estruturais Uma resposta transitória muito rápida pode causar danos físicos permanentes. Para não comprometer o funcionamento do sistema Por exemplo, em um computador, a resposta transitória contribui para o tempo necessário para a leitura ou gravação no disco rígido. Como a leitura e a gravação não podem ocorrer até que a cabeça pare, a velocidade do movimento da cabeça de leitura/gravação de uma trilha do disco para outra influencia a velocidade total do computador. 22 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Para produzir a resposta transitória desejada: Analisamos o sistema e sua resposta transitória existente Análise Em seguida, ajustamos os parâmetros para produzir uma resposta transitória desejada Projeto 23 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 2. Reduzir o erro em regime permanente A resposta em regime permanente, em geral, é semelhante à entrada. Ela é o que permanece depois que os transitórios decaem a zero. Exemplos de resposta em regime permanente: • o elevador parado próximo ao quarto andar: o erro é o desnível entre o piso interno e o piso externo. • a cabeça do disco rígido parada na trilha correta: o erro é a diferença entre a posição desejada da cabeça e a posição real. Estamos interessados na exatidão da resposta em regime permanente. Exemplos: • o elevador deve ficar suficientemente nivelado com o andar para que os passageiros possam sair confortavelmente. • a cabeça de leitura/gravação não posicionada sobre a trilha comandada resulta em erros no acesso aos dados do HD. 24 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Para reduzir o erro em regime permanente: Analisamos o erro em regime permanente do sistema Análise Em seguida, projetamos uma ação corretiva para reduzi-lo Projeto 25 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 3. Alcançar a estabilidade A discussão da resposta transitória e do erro em regime permanente é irrelevante se o sistema não tiver estabilidade. Para entender o conceito de estabilidade, lembramos que para um sistema linear: Resposta total = Resposta natural + Resposta forçada Descreve o modo como o sistema dissipa ou obtém energia. (ex. capacitor descarregando em um resistor, sem fonte) Dependente apenas do sistema, não depende da entrada. É a solução homogênea da equação diferencial que modela o sistema. Depende da entrada. (ex. tensão final do capacitor depois de se carregar com uma fonte de 5 𝑉) É a solução particular da equação diferencial que modela o sistema. 26 Objetivos de análise e de projeto de sistemas decontrole Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Para o caso do elevador: a curva em azul é a resposta total. Resposta total = Resposta natural + Resposta forçada Durante a resposta transitória predomina a resposta natural. Na resposta em regime predomina a resposta forçada. A resposta natural e a resposta forçada estão ambas presentes ao longo de toda a curva de resposta total. 27 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Sistema ESTÁVEL Sistema INSTÁVEL • A resposta natural tende a zero ou oscila. • A resposta natural aumenta sem limites. • A curva de resposta total apresenta uma resposta transitória limitada no tempo, e uma resposta em regime bem definida (ou seja, a saída do sistema se estabiliza). • A curva de resposta total apresenta uma resposta transitória que cresce sem limite, sem qualquer evidência de uma resposta em regime permanente (ou seja, a saída do sistema não se estabiliza). 28 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝑡 0 Todo sistema de controle deve ser projetado para ser estável. Se o sistema for estável, as características de resposta transitória e de erro em regime permanente podem ser projetadas. Exemplos de respostas ao degrau estáveis e instáveis: Entrada (degrau) 1 2 3 4 Saída oscilatória e estável Saída não oscilatória e estável Saída não oscilatória e instável Saída oscilatória e instável 29 Objetivos de análise e de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Em geral, os parâmetros do sistema (ex. resistência, capacitância, massa, momento de inércia, coeficiente de atrito etc.) são considerados constantes durante o projeto, mas na verdade eles variam ao longo do tempo quando o sistema real é construído. Assim, o desempenho do sistema também muda ao longo do tempo, e não será consistente com o seu projeto. Como o comportamento da suspensão do seu carro muda com o desgaste dos amortecedores e das molas? Como o canhão antiaéreo muda seu desempenho com o desgaste das engrenagens? Problema! A relação entre as variações de parâmetros e seus efeitos no desempenho não é linear. Pequenas variações nos valores dos parâmetros podem levar a pequenas ou grandes mudanças no desempenho. Por isso, o projeto deve ser robusto, de modo que o sistema não seja sensível a variações dos parâmetros (isto é, deve ter baixa Sensibilidade). Robustez e sensibilidade 30 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A sequência ordenada para o projeto de sistemas de controle com realimentação é a seguinte: Obs.: Há MUITAS técnicas de projeto de sistemas de controle, contínuos ou discretos, com uma literatura muito ampla e muitos pesquisadores dedicados a aperfeiçoar e criar novas técnicas. Na nossa disciplina, vamos nos concentrar no controle clássico, com análise e projeto baseadas na técnica do Lugar Geométrico das Raízes. Vamos usar o exemplo do sistema de controle do azimute da antena de grande porte para compreender cada passo. 31 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 1: Transformar Requisitos em um Sistema Físico Os requisitos podem, por exemplo, estabelecer o desejo de posicionar a antena a partir de um local remoto, e descrever características como peso e dimensões físicas. A partir dos requisitos, determinamos as especificações do projeto desejadas (ex. resposta transitória e exatidão em regime permanente). Concepção inicial do sistema (simplificada) 32 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente O projetista agora traduz uma descrição qualitativa do sistema em um diagrama de blocos funcional que descreve as partes constituintes do sistema (isto é, função e/ou dispositivo) e mostra suas interconexões. Diagrama de Blocos Funcional do sistema Passo 2: Desenhar um Diagrama de Blocos Funcional 33 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 2: Desenhar um Diagrama de Blocos Funcional Neste ponto, o projetista pode produzir uma representação detalhada do sistema. A partir dela, a próxima etapa (Passo 3) pode ser iniciada. Representação detalhada do sistema 34 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Transformar o sistema físico descrito em um diagrama esquemático, indicando os componentes elétricos, mecânicos, eletromecânicos etc. Em muitos casos, fazemos aproximações e desprezamos determinados fenômenos do sistema; é necessário confirmar se são de fato desprezíveis por análises e simulações computacionais. Diagrama esquemático do sistema Passo 3: Criar em Esquema 35 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 3: Criar em Esquema As decisões tomadas no desenvolvimento do esquema se baseiam no conhecimento do sistema físico, nas leis físicas que governam o comportamento do sistema e na experiência prática. Essas decisões não são fáceis! Conforme ganhamos experiência, aprendemos a decidir o que é ou não relevante na construção do diagrama esquemático. 36 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 4: Desenvolver um Modelo Matemático (Diagrama de Blocos) Usamos leis físicas, como as leis de Kirchhoff (LTK e LCK) para circuitos elétricos, e a lei de Newton para sistemas mecânicos, em conjunto com hipóteses simplificadoras, para modelar o sistema matematicamente. LTK A soma das tensões ao longo de um caminho fechado é igual a zero. LCK A soma das correntes elétricas que fluem a partir de um nó é igual a zero. Lei de Newton A soma das forças atuantes em um corpo é igual a zero. A soma dos momentos (torques) atuantes em um corpo é igual a zero. 37 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 4: Desenvolver um Modelo Matemático (Diagrama de Blocos) Usando essas leis, podemos chegar a uma Equação Diferencial Linear Invariante no Tempo que modela o sistema: Muitos sistemas podem ser descritos aproximadamente por uma equação deste tipo, que relaciona a saída 𝑐(𝑡) com a entrada 𝑟(𝑡) por meio dos parâmetros 𝑎𝑖 e 𝑏𝑗 do sistema. 38 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 4: Desenvolver um Modelo Matemático (Diagrama de Blocos) Usamos a transformada de Laplace para substituir a equação diferencial por uma função de transferência, que nos permitirá uma interpretação mais intuitiva sobre o comportamento do sistema. A abordagem por meio de funções de transferência nos permite alterar parâmetros de um sistema e perceber rapidamente o efeito dessas mudanças na resposta do sistema. As funções de transferência também são úteis na modelagemda interligação de subsistemas pela formação de um Diagrama de Blocos. 39 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente O Diagrama de Blocos é semelhante ao Diagrama de Blocos Funcional (Passo 2), mas com funções de transferência no domínio 𝒔 de Laplace em cada bloco. Passo 4: Desenvolver um Modelo Matemático (Diagrama de Blocos) Diagrama de Blocos 40 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Também é possível modelar o sistema pela representação no Espaço de Estados. Essa abordagem tem a vantagem de também poder ser utilizada para sistemas que não podem ser descritos por equações diferenciais lineares, além de ser adequada para a simulação em computadores. Entretanto, não veremos isso nesta disciplina. Passo 4: Desenvolver um Modelo Matemático (Diagrama de Blocos) 41 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 5: Reduzir o Diagrama de Blocos Como o Diagrama de Blocos possui diversos blocos constituintes (cada um com uma função de transferência), precisamos reduzir este grande diagrama a um único bloco com uma função de transferência equivalente que represente o sistema da entrada para a saída. Diagrama de Blocos reduzido, com apenas uma função de transferência, equivalente ao sistema todo. Depois de reduzir o diagrama de blocos, estamos prontos para analisar e projetar o sistema. 42 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Passo 6: Analisar e Projetar Analisamos o sistema para verificar se as especificações de resposta e os requisitos de desempenho podem ser atendidos por simples ajustes nos seus parâmetros (Análise). Se não for possível, projetamos componentes adicionais, de modo a conseguir o desempenho desejado (Projeto). Utilizamos sinais de entrada de teste padronizados para verificar o projeto: impulsos, degraus, rampas, parábolas e senoides. 43Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Formas de onda usadas como sinais de entrada de teste 44 O processo de projeto de sistemas de controle Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Impulso 𝛿(𝑡): usado para obter um modelo matemático do sistema (resposta ao impulso). Degrau 𝑢(𝑡): representa um comando constante, como posição, velocidade ou aceleração. O sinal de teste tipo degrau é útil porque ambas as respostas, transitória e em regime permanente, são claramente visíveis e podem ser avaliadas. Ex.: se a saída do sistema é uma posição, como é o caso do sistema de controle de posição de azimute de antena, a entrada em degrau representa uma posição desejada, e a saída representa a posição real. Rampa t. 𝑢(𝑡): representa um comando linearmente crescente. A resposta a uma entrada em rampa fornece informações adicionais sobre o erro em regime permanente. Ex.: se a saída do sistema é uma posição, a entrada em rampa representa uma posição linearmente crescente, como a encontrada quando se rastreia um satélite que se move através do céu a uma velocidade constante. Parábola 𝑡2 2: representa um comando que cresce com o quadrado de 𝒕. A resposta a uma entrada quadrática também é utilizada para avaliar o erro do regime permanente de um sistema. Senoide 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 : usado para obter um modelo matemático do sistema. 45 Questões de revisão Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1. Cite três razões para a utilização de sistemas de controle com realimentação e pelo menos uma razão para não utilizá-los. SIM: ganho de potência, controle remoto e conversão de parâmetros. NÃO: custos, complexidade. 2. Funcionalmente, como os sistemas em malha fechada diferem dos sistemas em malha aberta? Sistemas em malha fechada compensam as perturbações através da leitura do sinal de saída, da comparação com a entrada (que é a saída desejada) e da correção da resposta do sistema. 3. Cite os três principais critérios de projeto para os sistemas de controle. Estabilidade, resposta transitória e erro em regime permanente. 46 Questões de revisão Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 4. Cite as duas partes da resposta de um sistema. Resposta transitória e resposta em regime permanente. 5. Fisicamente, o que acontece com um sistema instável? Ele possui uma resposta transitória que cresce sem limite, de modo que não conseguimos distinguir a resposta em regime permanente. O sistema poderá se autodestruir, atingir um equilíbrio por causa da saturação dos amplificadores, ou ser parado por limitadores. 6. A instabilidade é atribuída a qual parte da resposta total? Resposta natural. 47 Questões de revisão Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 7. Descreva uma tarefa típica da análise de sistemas de controle. Determinar o desempenho da resposta transitória do sistema. 8. Descreva uma tarefa típica do projeto de sistemas de controle. Determinar os parâmetros que atendem os requisitos da resposta transitória desejada para o sistema. 9. Cite três abordagens para a modelagem matemática de sistemas de controle. Equações diferenciais, funções de transferência, Espaço de Estados.