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Campbell e Ashley Pós-estruturalismo

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Trabalho da Disciplina de Teoria das Relações Internacionais III 
Elisa Haruko Integral - 5º termo 
Gabrieli Gomes 
Giovanna Vaz 
Giovanna Santos 
Giulia Potenza 
Natalia Libreti 
 
CAMPBELL E ASHLEY: Pós-Estruturalismo 
 
Principais Críticas às Teorias de RI – o chamado mainstream do campo 
De maneira geral, as críticas pós-estruturalistas foram direcionadas ao Neorrealismo, 
uma vez que Ashley caracterizou esta corrente teórica como uma “estrutura de erros”, 
destacando a pobreza desta teoria para o campo de estudos de Relações Internacionais. 
Segundo o autor pós-estruturalista, um dos principais erros destacados quanto ao Neorrealismo 
é o fato de ser uma teoria de, por e para positivistas. Sendo assim, a Teoria Neorrealista, pautada 
na razão instrumental, promove pouca reflexão e problematização sobre as estruturas de poder 
e discursos dominantes em RI. 
Portanto, o ataque ao Neorrealismo é justificado por Ashley pelo fato desta teoria 
consolidar um regime de verdade em Relações Internacionais, o que pode ser percebido pelo 
privilegiamento da ordem Anárquica como algo dado, além da naturalização de interesses, 
identidades e atores. Estes últimos, na perspectiva Neorrealista, são movidos no Sistema 
Internacional por uma lógica economicista de maximização de vantagens. Desta forma, o 
discurso dominante das RI corrobora um entendimento de Política a partir da dicotomia 
soberania/anarquia, sendo a Anarquia o princípio ordenador do Sistema Internacional que leva 
à construção de estruturas de poder opressivas, hierárquicas e excludentes. Na perspectiva 
teórica neorrealista, o papel da agência dos atores é desconsiderado, por ser compreendido 
como um tema interno de cada Estado, e que, portanto não afeta o funcionamento da estrutura 
do Sistema Internacional. 
 Logo, o Pós-estruturalismo atua na desconstrução de conceitos até então pouco 
problematizados, como soberania e Estado, que ao invés de naturais, imutáveis e homogêneos, 
são social e historicamente produzidos, levando-se em conta também o fator da contingência. 
Além disso, prioriza-se o questionamento dos regimes de verdade e dos discursos dominantes 
do campo das RI, pois estes representam a “verdade” com base em uma posição de poder que 
consequentemente exclui e marginaliza os atores menos poderosos. 
 
 
Premissas Teóricas 
Em primeiro momento, uma das premissas mais primordiais para o entendimento do 
Pós-Estruturalismo é aquela que diz respeito a não-conformidade deste pensamento enquanto 
uma teoria. Assim, a preocupação central não é dada pela definição dos atores centrais ou até 
mesmo pela ânsia em criar-se um propósito prático para a teoria. A teoria é, necessariamente, 
a própria prática, uma vez que podem ser lançados diversos questionamentos quanto às próprias 
teorias que já moldam o pensamento acadêmico internacional. Trata-se, portanto, de uma 
abordagem crítica, que é pautada pelo âmbito da representação, pelas estruturas de poder e a 
sua influência no conhecimento e, por fim, por aspectos identitários na definição da política 
internacional. 
Neste sentido, configura-se uma crítica precisa à dita modernidade – sendo esta o 
período caracterizado pelas influências do Iluminismo e da Revolução Industrial, prevalecente 
até o fim da Segunda Guerra. O que é passível de exposição à crítica é o positivismo e 
cientificismo trazido com o movimento iluminista, à medida que torna vinculante um certo 
“dogmatismo científico” que, ironicamente, viria para libertar o homem das amarras 
tradicionais da Era Medieval. Entretanto, o que se pondera é que não há uma emancipação do 
homem, mas apenas uma troca com relação àquilo que se está sendo imposto sendo, neste caso, 
a razão instrumental, aquela que submeteria o homem a novos laços de dependência, como o 
da burocracia e o da disciplinarização, com vistas ao controle e homogeneização social. 
Esta abordagem, em contrapartida, não pode ser dita como contrária à ciência. É justo 
argumentar que esta seria, na verdade, contrária às verdades fundacionais. Em outras palavras, 
refuta-se a existência de uma verdade “lá fora”, uma verdade exterior, dado que este conceito 
não consistiria em nada além de uma afirmação feita com base em uma posição de poder, que 
refletiria, por fim, as estruturas de dominação. Assim, não é possível que se dissocie o 
conhecimento de sua constituição social, da construção linguística aplicada à realidade ou até 
de sua historicidade. Por conseguinte, não são aceitáveis as chamadas metanarrativas, uma vez 
que estas consistiriam em grandes explicações sistêmicas e factuais sobre algo, atrelando-as a 
uma dada realidade. É compreensível, então, que o Pós-Estruturalismo seja completamente 
divergente desta ideia: busca-se problematizar tudo aquilo que é dado como natural, que é tido 
como verdade autoevidente, visto que a constituição de um objeto tido como “verdadeiro” é 
sempre resultado da marginalização de outro tido como “não-verdadeiro”. 
 
Principais categorias analíticas (variáveis) para a analisar a realidade 
Na perspectiva de Campbell, é possível compreender o discurso enquanto a principal 
ferramenta de análise da realidade. Segundo o autor, os discursos referem-se a um conjunto de 
representações e práticas que são responsáveis por produzir e reproduzir significados, 
interpretações, identidades e relações sociais. Para o pensamento pós-estruturalista, as 
identidades são construídas por meio do discurso, a partir de uma lógica binária que resulta no 
apartamento daquilo que é entendido e praticado enquanto “eu” e o “outro”. Um exemplo deste 
dualismo é a percepção, pelas teorias mainstream de RI, de que a esfera da soberania/doméstico 
é algo positivo e ordenado, enquanto o Sistema Internacional, uma vez caracterizado pela 
anarquia, é representado como perigoso e sem ordem. 
Portanto, os discursos dominantes, por meio de determinadas representações e 
interpretações, refletem as estruturas de poder e relações de dominação, e resultam na 
marginalização e exclusão de determinadas identidades e de parte da história, além do 
reconhecimento enquanto “verdade” apenas de uma parcela de eventos, problemas e atores do 
Sistema Internacional. Como Campbell argumenta, as interpretações dominantes das RI tratam 
de uma análise excessivamente dedicada aos Estados, à busca pela segurança e maximização 
de vantagens econômicas contadas pelo ponto de vista ocidental, branco e rico. 
Contudo, é preciso salientar que, apesar de dar luz às ações de exclusão, o Pós-
estruturalismo não é uma abordagem engajada na superação da realidade atual. O que é de fato 
objetivo dos pós-estruturalistas é a desconstrução destes discursos dominantes no campo das 
Relações Internacionais, que são tidos como dados, além da desnaturalização das estruturas 
socias, por meio do estudo das formas pelas quais a linguagem, os discursos e as identidades 
se formaram. 
 
Atores fundamentais 
Para Campbell, os atores do Sistema Internacional variam de acordo com o objeto 
analisado pelo pesquisador, dado que o Pós-estruturalismo não é uma teoria com atores 
principais delimitados, mas sim um ethos, conduta ou ainda uma abordagem crítica para a 
análise dos fenômenos internacionais. Por conseguinte, o pensamento pós-estruturalista 
considera a linguagem e historicidade aspectos fundamentais para a constituição e 
entendimento da construção social. 
Ainda, o Pós-estruturalismo procura evidenciar como as identidades dos atores foram 
produzidas historicamente na medida que outras identidades sofreram com a exclusão e 
marginalização. Então, é possível dizer que essa abordagem não enfoca na delimitaçãoexata 
dos atores, mas sim nas práticas de exclusão destas diversas identidades. 
 
Relação Agente-Estrutura 
Como já explicado anteriormente, o Neorrealismo foi extremamente contestado pelos 
pós-estruturalistas, sendo um dos motivos o fato de privilegiar o estudo da estrutura do Sistema 
Internacional em detrimento da agência dos atores. Contudo, é importante que se descontrua e 
desnaturalize o papel da estrutura, ao mesmo tempo em que se evidencie a relevância da análise 
dos agentes. 
Assim, a ideia de estrutura advém das relações de dominação legitimadas pela forma 
de discurso. Portanto, as estruturas de poder são produzidas pelos discursos dominantes e 
geram, ao mesmo tempo, a exclusão e marginalização daqueles que não produzem os regimes 
e discursos de verdade. Em outros termos, os discursos formam as identidades e, 
concomitantemente, produzem as bases para a exclusão. Ademais, pode-se dizer que tais 
elementos discursivos são performativos e não puramente linguísticos, à medida que não só 
legitimam a Estrutura, mas também se demonstram enquanto componentes próprios da mesma. 
Por outro lado, os agentes, para os pós-estruturalistas, seriam todos aqueles com potencial de 
mudança em relação à Estrutura e, portanto, capazes de desconstruir os discursos de verdade 
que legitimam as teorias mainstream das Relações Internacionais. 
Desta forma, é possível que se denote que, para os pós-estruturalistas, não se trata de 
uma relação de oposição entre agentes e Estrutura. Antes disso, pensa-se em uma relação de 
construção mútua, em que se trabalha em um sentido de complementaridade, em detrimento 
daquele que considera um enquanto o oposto necessário do outro. 
 
Conceito e papel das instituições 
A principal categoria analítica do Pós-estruturalismo é a prática discursiva. Neste 
sentido, os pós-estruturalistas procuram problematizar o papel das instituições internacionais, 
a partir do entendimento de que estas não são o espaço em que serão transformados os discursos 
dominantes, mas sim onde os mesmos serão reproduzidos, de modo a reforçar e legitimar a 
estrutura de poder vigente e às relações de dominação. É válido ressaltar, também, que as 
práticas discursivas produzem as identidades dos atores, podendo estas se formar nas próprias 
instituições. 
Assim, as identidades podem ser mudadas uma vez que as instituições são o espaço de 
relação entre os diferentes atores e de criação de normas, regras, expectativas de 
comportamento. Logo, as instituições internacionais são um importante meio em que 
interpretações e representações sobre atores e identidades se constituem, para além da 
construção dos regimes de verdade e dos discursos dominantes. 
 
Projeto normativo 
A abordagem pós-estruturalista não pretende elaborar um projeto normativo. Porém, 
esta perspectiva elucida a relevância de permanecer constantemente com uma conduta crítica, 
capaz de questionar, problematizar e refletir sobre tudo o que já foi produzido enquanto parte 
de um discurso dominante e de um regime de verdade nas Relações Internacionais. Dito isto, 
Ashley destaca que a razão instrumental e racionalidade técnica pautaram a ação dos 
internacionalistas, treinados para a “solução de problemas”, sem questionarem de que maneira 
estes problemas surgiram. 
 Ademais, um comportamento alternativo ao do tecnicismo do pensamento mainstream 
das RI, baseado apenas na “solução de problemas”, seria o da figura do Condottiero. Para 
Ashley, o Condottiero é um nômade confortável em sua condição de ser um estranho, capaz de 
celebrar a crítica e o diferente, sem privilegiar referenciais. Segundo o autor, esta personalidade 
representaria a conduta de um internacionalista crítico, responsável pela desconstrução de 
discursos tidos como dominantes e pela desnaturalização dos regimes de verdade que vigoram 
no campo de Relações Internacionais. 
Principais contribuições para as Relações Internacionais 
Dentre as principais contribuições do Pós-estruturalismo para as Relações 
Internacionais, é preciso destacar a desnaturalização das estruturas, atores e conceitos, de modo 
que um leque de possibilidades seja aberto, para que se institua uma incessante conduta crítica, 
que busca problematizar e questionar as estruturas de poder e práticas de exclusão, não 
aceitando “verdades objetivas”. 
Outro avanço do Pós-estruturalismo é a utilização de uma razão crítica para a análise - 
portanto, desvinculando-se da razão instrumental, fruto da Modernidade, e da razão técnica, 
que conduziu os internacionalistas a adotarem um comportamento de ação para a “resolução 
de problemas”. A reflexão proposta pela abordagem pós-estruturalista dá luz à realidade de 
exclusão e marginalização de atores e identidades, propondo a recolocação da ética para o 
discurso. 
Por fim, Campbell defende uma abordagem intertextual das Relações Internacionais e 
o Pós-estruturalismo evoca uma variedade de métodos interpretativos dos discursos. Para o 
autor, a desconstrução dos regimes de verdade é crucial para trazer à tona questionamentos e 
problematização sobre ética, identidade, exclusão e atores.

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