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Bloco 7 - Desenvolvimento de equipes autônomas Nenhuma equipe caminha sozinha quando não sabe para onde ir. Neste último trecho de diálogo, os professores Eduardo Carmello e Sidnei Oliveira nalizam seu bate- papo apresentando algumas etapas da atuação de um líder para o desenvolvimento de equipes maduras e efetivamente autônomas. A abordagem analisa diversos aspectos da gestão, desde a denição de objetivos, planos e estratégias, até a orientação dos recursos e a gestão de competências para o melhor direcionamento dos desaos entre os membros da equipe. Sidnei Ok, Du. Nós falamos bastante de engajamento, tivemos um monte de insights , um mon- te de ideias, mas eu queria tentar fazer como um GPS – a gente coloca lá um norte para quem está lendo. Seja um prossional, seja um líder... Por onde a gente pode começar pensando em engajamento, seja eu engajado, o líder engajando a sua equipe? Por onde a gente pode começar? Então, vamos tentar listar isso. Eduardo Tá. Vamos listar em quatro tópicos. Quando você usa o GPS, você procura um norte, uma chegada – é para lá aonde eu vou. Então, a gente pode chamar isso de esclare- cimento do norte e das expectativas. Sidnei Talvez o alinhamento, então. Nós vamos falar de alinhamento do gestor alinhando a direção. Eduardo É. No meio da crise, mesmo na crise, nós vamos para lá, para aquele norte; a gente precisa alcançar aquele objetivo, aquela meta, e aí nós vamos traçar a rota. E, dentro dessa rota, eu preciso que você faça isso, isso, isso e isso, então esse primeiro nível é o alinhamento e a identicação do norte, do caminho que a gente vai usar, que é a estratégia, e do que você precisa fazer para que a gente tenha sucesso na realiza- ção desse objetivo. Sidnei Perfeito. A segunda coisa... Nós falamos, então, de alinhamento de um modo geral. A segunda coisa – eu me lembro daquele negócio que você falou de identicar perl, que a gente está falando do engajado, me lembra disso aí um pouquinho... Eduardo Do modus operandi . Porque agora, a partir de hoje, você sabe que ninguém se engaja de forma igual e todo mundo é engajado, ou seja, nós temos o engajado, o não enga- jado e o desengajado, então a segunda questão é identicar esse modus operandi, ou seja, quem na equipe está engajado, quem na equipe não está tão engajado ou não engajado e quem está desengajado nesse processo. Sidnei Então eu lembro, agora, o terceiro, porque, se a gente está falando de engajado, eu quei muito sensibilizado com a ideia de o engajado receber mais desaos. A rigor, então, a gente tem que ter um grande – aí talvez seja o terceiro elemento –, ter uma grande capacidade de gerenciar os desaos de modo a amadurecer mais a minha equipe e de modo a usar isso como instrumento de engajamento. Ou seja, eu alinho a direção, eu identico o modus operandi – quem é que está engajado, quem é que está desengajado, quem é que não está engajado – e, posteriormente, eu utilizo os desaos, gerenciando esse desao, entregando de maneira mais correta, onde que cada pros- sional irá trabalhar melhor os seus potenciais para que eu consiga elevar essas pessoas ao nível de engajamento usando o próprio desao. É correto isso? Eduardo É. Você oferece o conhecimento certo, as práticas certas para cada um desses níveis. Porque essa é a gestão do conhecimento, porque você sabe que, para o enga- jado, você vai dar o norte e você vai ter que dizer o que ele precisa fazer, e ele vai sair andando... Você simplesmente esclareceu o norte, e ele foi. Para o não engajado, você vai escla- recer o norte e vai acompanhar um pouco mais esse processo, então enquanto aqui você delegou e ele foi embora, aqui você está fomentando de maneira mais frequente. Para o desengajado, você vai eliminar as ambiguidades, porque ele normalmente não faz aquilo com que se comprometeu, então você vai cobrar mais e vai acompanhar mais com o mesmo intuito de fazer com que o desengajado e o não engajado ganhem autonomia. Ou seja, você está trabalhando de forma singular para cada um deles, mas o objetivo central é o engajamento, ou seja, é fazer com que todos te -nham autonomia, estejam comprometidos funcional mente e estejam dispostos a fazer mais, principalmente nos mo- mentos de crise – esse é o terceiro nível. Sidnei Tá bom, e o quarto nível, então, seria a questão que nós apresentamos sobre a não perda de poder, mas sim o trabalho de autonomia, que nós estamos falando agora, do pros- sional mais engajado. Esse prossional, justamente, é o sucessor ou o candidato a suces- sor – você comentou sobre banco de talentos. Nós não podemos pensar num banco de talentos único, mas nós precisamos pensar em prossionais que estejam dispostos a cres- cer prossionalmente, ou crescer na sua contribuição, recebendo desaos para que eles se transformem num sucessor para dar continuidade no resultado que a área, que a em- presa consegue alcançar. Então, talvez a gente pudesse colocar esse quarto elemento aí: a transformação do sucessor ou a pessoa trabalhar com engajamento pensando em ser um sucessor e ser sucedido. Eduardo Essa transformação, na minha perspectiva, teria um nome. Esse nome é “acompanha- mento”, ou seja, você vê na maioria das empresas hoje, as empresas que têm muita iniciativa e pouca “acabativa”. Você vê muitas inserções de conhecimento, de trabalho sem o real acompanhamento até que esses talentos sejam efetivamente autônomos e consigam entregar os seus obje- tivos estratégicos, então, se você tem, oferece a informação e não acompanha, isso vai virar, simplesmente, um aconselhamento. Sidnei Eu gosto muito de algumas guras e uma das que me ocorrem é a ideia de atravessar a rua. A pessoa para atravessar a rua recebe um conjunto de instruções para que ela não falhe no ato de atravessar a rua. Depois de um tempo, essa pessoa é acompa- nhada atravessando a rua, normalmente com a mão dada – pensa na criança mesmo. Em algum momento, o líder, ou a pessoa, tem que falar: “Agora está na hora de eu atravessar a rua sozinho.”Nessa hora, ela tem que se lembrar das instruções, tem que se lembrar do acompanhamento, mas ela tem que buscar autonomia. Eu gosto até de pensar que o líder, em algum momento, é aquele que atravessa a rua na frente e fala: “Agora vem, pode vir. Quero ver você atravessar”, ou seja, a provocação e o desao entregue para o prossional. Eduardo Se o líder fez o seu bom trabalho na gestão do engajamento, ele vai ter como efeito a autonomia e a entrega superior da sua equipe e, quando ele consegue fazer isso, ele se torna, então, um líder dispensável. Ele acompanhou tão bem esse processo, que tem como frase nal aquilo que o meu avô dizia, que era: “Bacana! Agora é por sua conta e risco!” Sabe? Se você fez bem o trabalho de engajamento a ponto de a equipe ter autonomia e saber entregar, bacana – agora é por sua conta e risco. Sidnei Dá para dizer o seguinte: “Você vai ser um líder, ou uma pessoa, bem-sucedido.”
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