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Caderno de Questões Guarda municipal de BH

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Sumário 
Língua Portuguesa ...................................................................................................................................................... 3 
Legislação GM BH ..................................................................................................................................................... 98 
Noções de Informática ............................................................................................................................................ 116 
Noções de Geografia urbana e História de BH ......................................................................................................... 138 
gabarito .................................................................................................................................................................. 150 
 
 
 
Língua Portuguesa 
01 
Leia o Texto 1 a seguir e responda à questão. 
 
Texto 1: 
 
O discurso relatado em depoimentos da justiça 
 
 Evocar ou reproduzir os enunciados emitidos por outros é comum na nossa fala cotidiana. Nos 
depoimentos prestados na justiça brasileira, isso também acontece, pois, de acordo com a bibliografia 
jurídica, a testemunha depõe sobre suas percepções sensoriais a respeito dos fatos, o que inclui as falas 
pronunciadas diante dela ou as que chegaram ao seu conhecimento por meio de outras pessoas. A citação 
da fala do outro ocupa, portanto, um lugar de destaque nos depoimentos, uma vez que somente por meio 
dela pode-se reconstruir alguns fatos. 
 Logo, o discurso citado aparece nos depoimentos como recurso empregado pela testemunha para incluir 
ou para compor informações. Entretanto, ele aparece também como mecanismo utilizado pelo agente da 
justiça (juiz, delegado ou escrivão) para realizar o assentamento escrito da fala da testemunha. 
 Embora a oralidade seja um dos princípios do processo penal, os depoimentos orais são reduzidos a termo 
pelo escrivão ou consignados pelo juiz, passando a fazer parte do processo, sob uma formalização escrita. 
Essa passagem do oral para o escrito contribui para o caráter polifônico e controvertido da prova 
testemunhal, pois é responsável por uma série de interferências dos agentes da justiça na elaboração dos 
textos escritos, causando um remanejamento de estruturas e de pontos de vista em relação à voz original. 
[...] 
 
Fonte: ROMUALDO, Edson C. O discurso relatado em depoimentos da justiça: formas e funções. Acta 
Scientiarum. Human and Social Sciences. Maringá, v. 25, n. 2, p. 233-240, 2003. 
Um texto, seja oral ou escrito, é o discurso de um locutor, que pode abrir espaço para a inclusão de outras vozes, de 
forma implícita ou explícita. 
 
Sobre o Texto 1, é INCORRETO afirmar: 
a) Apresenta argumentação por meio de citação livre e de discurso indireto. 
b) Contém um exemplo de discurso direto utilizado pelo agente de justiça. 
c) Demonstra a relação entre o discurso falado e o registro escrito do depoimento. 
d) Discute sobre a importância do registro de fala para reconstituição dos fatos. 
02 
Figuras de linguagem são recursos utilizados normalmente para tornar mais expressivo o que queremos dizer. As mais 
comuns são a metáfora e a metonímia. 
Analise as frases abaixo, indicando (1) para exemplo de metáfora e (2), para exemplo de metonímia. 
( ) A Amazônia é o pulmão do mundo. 
( ) O marido relata ter bebido apenas dois copos de leite. 
 
( ) O suspeito resolveu quebrar o silêncio. 
( ) A mulher alega que tem cinco bocas para alimentar. 
 
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: 
a) 1, 1, 2, 2. 
b) 1, 2, 1, 2. 
c) 2, 1, 2, 1. 
d) 2, 2, 1, 1. 
03 
Leia o Texto 2 e responda à questão. 
Texto 2: 
 “A linguagem, sendo uma elaboração cultural que se fundamenta na faculdade humana de imaginar, de simbolizar 
e de comunicar experiências vividas, torna o indivíduo capaz de atuar no mundo pela palavra e de elaborar e atuar 
também sobre a linguagem. 
 Nesse sentido, a língua realiza atividades estruturantes, indeterminadas do ponto de vista semântico e sintático. As 
significações e os sentidos textuais e discursivos não podem estar aprisionados no interior dos textos, pelas estruturas 
linguísticas. 
 A compreensão de textos é uma atividade criativa, e não simplesmente reativa; não é uma questão de reagir, mas 
de agir sobre os objetos da cultura. Trata-se de uma atividade dialógica de seleção, reordenação e reconstrução de 
sentidos. Pois a língua não é totalmente transparente, podendo também ser ambígua ou polissêmica.”(p.50). 
Fonte: COLARES, Virgínia. Retextualização do depoimento judicial oral em texto escrito. Veredas - Rev. Est. Ling., Juiz 
de Fora, v. 9, n. 1 e n. 2, p. 29-54, jan./dez. 2005. 
A concordância é um fenômeno sintático. É o produto dos ajustes entre as palavras, de modo a indicar as flexões de 
gênero e de número. 
Analise a concordância nominal dos trechos em destaque na frase abaixo. 
As significações e os sentidos textuais e discursivos não podem estar aprisionados no interior dos textos, 
pelas estruturas linguísticas. 
IDENTIFIQUE as asserções com (V) ou (F), conforme sejam verdadeiras ou falsas. 
( ) Quando temos dois ou mais substantivos, o(s) adjetivo(s) a eles relacionados pode(m) concordar com o substantivo 
mais próximo ou com a totalidade. 
( ) O adjetivo “linguísticas” concorda em gênero e número com o substantivo “estruturas”. 
( ) O adjetivo “discursivos” refere-se aos dois substantivos: “significações” e “sentidos”. 
( ) O particípio “aprisionados” está concordando no masculino plural, uma vez que “significações” e “sentidos” são 
substantivos de gêneros diferentes. 
 
 
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: 
a) F, F, V, V. 
b) F, V, F, V. 
c) V, F, V, F. 
d) V, V, V, V. 
04 
Leia o Texto 3 e responda à questão. 
 
Texto 3: 
 
Jovem em tratamento psiquiátrico mata a mãe 
 
 Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. Um 
filho matou a mãe com mais de 20 facadas no pescoço, no Bairro Lagoinha Leblon. O rapaz, de 22 anos, se 
apresentou espontaneamente à 9ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. 
Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relacionamento difícil com a mãe e teria discutido com 
ela momentos antes de desferir os golpes. Ele também apresentou um laudo médico, segundo o qual estaria 
passando por tratamento psiquiátrico. O assassino confesso foi encaminhado à Central de Flagrantes do 
Bairro Alípio de Melo (Ceflan 4), na Região da Pampulha, onde ficará à disposição da Justiça. O corpo da 
mulher foi encontrado em uma cama, ao lado de um outro filho dela, que não teve participação no crime, 
conforme a PM. 
 
Fonte: Estado de Minas, 07/10/2018. Caderno Gerais, p. 14, 
A coerência de um texto é constituída pelo plano da articulação de relações lógicas de ideias, que também podem 
determinar o gênero textual. 
 
Sobre os elementos determinantes do gênero textual do Texto 3, é INCORRETO afirmar: 
a) Apresenta um encadeamento argumentativo em defesa do fato. 
b) Contém advérbios de tempo e de lugar que caracterizam as circunstâncias do acontecimento. 
c) Estrutura-se com frases verbais que indicam ações. 
d) Relata um fato com progressão temporal. 
05 
Leia o Texto 1 a seguir e responda à questão. 
 
Texto 1: 
 
O discurso relatado em depoimentos da justiça 
 
 Evocar ou reproduzir os enunciados emitidos por outros é comum na nossa fala cotidiana. Nos 
depoimentos prestados na justiça brasileira, isso também acontece, pois, de acordo com a bibliografia 
jurídica, a testemunha depõe sobre suas percepções sensoriais a respeito dos fatos, o que inclui as falas 
 
pronunciadas diante dela ou as que chegaram ao seu conhecimento por meiode outras pessoas. A citação 
da fala do outro ocupa, portanto, um lugar de destaque nos depoimentos, uma vez que somente por meio 
dela pode-se reconstruir alguns fatos. 
 Logo, o discurso citado aparece nos depoimentos como recurso empregado pela testemunha para incluir 
ou para compor informações. Entretanto, ele aparece também como mecanismo utilizado pelo agente da 
justiça (juiz, delegado ou escrivão) para realizar o assentamento escrito da fala da testemunha. 
 Embora a oralidade seja um dos princípios do processo penal, os depoimentos orais são reduzidos a termo 
pelo escrivão ou consignados pelo juiz, passando a fazer parte do processo, sob uma formalização escrita. 
Essa passagem do oral para o escrito contribui para o caráter polifônico e controvertido da prova 
testemunhal, pois é responsável por uma série de interferências dos agentes da justiça na elaboração dos 
textos escritos, causando um remanejamento de estruturas e de pontos de vista em relação à voz original. 
[...] 
 
Fonte: ROMUALDO, Edson C. O discurso relatado em depoimentos da justiça: formas e funções. Acta 
Scientiarum. Human and Social Sciences. Maringá, v. 25, n. 2, p. 233-240, 2003. 
No Texto 1, o autor defende uma ideia e expõe seu ponto de vista, apresentando argumentos para fundamentá-lo. 
 
Sobre a argumentação do autor do Texto 1, é INCORRETO afirmar: 
a) Argumenta sobre a importância da documentação escrita como o princípio do processo penal. 
b) Alerta para os cuidados com o registro da citação de fala nos depoimentos. 
c) Defende a importância do discurso relatado para os procedimentos da justiça. 
d) Demonstra o comprometimento da passagem do discurso oral para o discurso escrito. 
06 
Regência Verbal é o estudo das relações estabelecidas entre o verbo (termo regente) e seus complementos (termos 
regidos). 
 
INDIQUE a alternativa em que houve ERRO de Regência Verbal, comprometendo o sentido da frase. 
a) A maioria dos delegados compareceu à reunião do Sindicato. 
b) O convênio implica a aceitação dos novos profissionais no setor de protocolo. 
c) O plano diretor aspira a estabilidade econômica da empresa. 
d) O secretário informou à autoridade interessada o teor da nova proposta. 
07 
Leia o Texto 3 e responda à questão. 
 
Texto 3: 
 
Jovem em tratamento psiquiátrico mata a mãe 
 
 Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. Um 
filho matou a mãe com mais de 20 facadas no pescoço, no Bairro Lagoinha Leblon. O rapaz, de 22 anos, se 
 
apresentou espontaneamente à 9ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. 
Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relacionamento difícil com a mãe e teria discutido com 
ela momentos antes de desferir os golpes. Ele também apresentou um laudo médico, segundo o qual estaria 
passando por tratamento psiquiátrico. O assassino confesso foi encaminhado à Central de Flagrantes do 
Bairro Alípio de Melo (Ceflan 4), na Região da Pampulha, onde ficará à disposição da Justiça. O corpo da 
mulher foi encontrado em uma cama, ao lado de um outro filho dela, que não teve participação no crime, 
conforme a PM. 
 
Fonte: Estado de Minas, 07/10/2018. Caderno Gerais, p. 14, 
Os tipos textuais se constituem pelo modo de construção textual, caracterizado por sequências com características 
linguísticas próprias, predomínio de tempos verbais específicos, estrutura sintática entre outros elementos que 
demarcam esses tipos. 
 
O tipo textual predominante no Texto 3 é: 
a) Argumentativo. 
b) Descritivo. 
c) Injuntivo. 
d) Narrativo. 
08 
Leia o Texto 2 e responda à questão. 
Texto 2: 
 “A linguagem, sendo uma elaboração cultural que se fundamenta na faculdade humana de imaginar, de simbolizar 
e de comunicar experiências vividas, torna o indivíduo capaz de atuar no mundo pela palavra e de elaborar e atuar 
também sobre a linguagem. 
 Nesse sentido, a língua realiza atividades estruturantes, indeterminadas do ponto de vista semântico e sintático. As 
significações e os sentidos textuais e discursivos não podem estar aprisionados no interior dos textos, pelas estruturas 
linguísticas. 
 A compreensão de textos é uma atividade criativa, e não simplesmente reativa; não é uma questão de reagir, mas 
de agir sobre os objetos da cultura. Trata-se de uma atividade dialógica de seleção, reordenação e reconstrução de 
sentidos. Pois a língua não é totalmente transparente, podendo também ser ambígua ou polissêmica.”(p.50). 
Fonte: COLARES, Virgínia. Retextualização do depoimento judicial oral em texto escrito. Veredas - Rev. Est. Ling., Juiz 
de Fora, v. 9, n. 1 e n. 2, p. 29-54, jan./dez. 2005. 
As palavras dispostas nas orações exercem diferentes funções sintáticas, de modo a possibilitar a transmissão da 
informação. 
 
INDIQUE o termo da oração que NÃO consta na frase a seguir: 
 
“Trata-se de uma atividade dialógica de seleção, reordenação e reconstrução de sentidos.” 
 
a) Adjunto Adverbial. 
b) Complemento Nominal. 
c) Objeto indireto. 
d) Sujeito indeterminado. 
09 
Leia o Texto 1 a seguir e responda à questão. 
 
Texto 1: 
 
O discurso relatado em depoimentos da justiça 
 
 Evocar ou reproduzir os enunciados emitidos por outros é comum na nossa fala cotidiana. Nos 
depoimentos prestados na justiça brasileira, isso também acontece, pois, de acordo com a bibliografia 
jurídica, a testemunha depõe sobre suas percepções sensoriais a respeito dos fatos, o que inclui as falas 
pronunciadas diante dela ou as que chegaram ao seu conhecimento por meio de outras pessoas. A citação 
da fala do outro ocupa, portanto, um lugar de destaque nos depoimentos, uma vez que somente por meio 
dela pode-se reconstruir alguns fatos. 
 Logo, o discurso citado aparece nos depoimentos como recurso empregado pela testemunha para incluir 
ou para compor informações. Entretanto, ele aparece também como mecanismo utilizado pelo agente da 
justiça (juiz, delegado ou escrivão) para realizar o assentamento escrito da fala da testemunha. 
 Embora a oralidade seja um dos princípios do processo penal, os depoimentos orais são reduzidos a termo 
pelo escrivão ou consignados pelo juiz, passando a fazer parte do processo, sob uma formalização escrita. 
Essa passagem do oral para o escrito contribui para o caráter polifônico e controvertido da prova 
testemunhal, pois é responsável por uma série de interferências dos agentes da justiça na elaboração dos 
textos escritos, causando um remanejamento de estruturas e de pontos de vista em relação à voz original. 
[...] 
 
Fonte: ROMUALDO, Edson C. O discurso relatado em depoimentos da justiça: formas e funções. Acta 
Scientiarum. Human and Social Sciences. Maringá, v. 25, n. 2, p. 233-240, 2003. 
A coesão textual é o resultado da conexão entre as várias partes do texto, de modo que este seja um veículo de 
interação entre o autor do texto e seu leitor. 
 
INDIQUE o mecanismo de coesão gramatical mais utilizado pelo autor na estruturação do Texto 1. 
a) Advérbios de tempo e lugar. 
b) Conectivos: conjunções e preposições. 
c) Ordenadores. 
d) Pronomes relativos. 
10 
As formas nominais dos verbos podem desempenhar diferentes funções: formar locuções adverbiais, tempos 
compostos, orações reduzidas, além de funções típicas do substantivo, adjetivo e advérbio. 
O período em que ocorreu uso INCORRETO das formas nominais é: 
 
a) Terminada a aula, vamos conversar com a diretoria. 
b) Os participantes do congresso estavam aguardando a apresentação do palestrante principal. 
c) O interrogado havia trago toda a documentação solicitada pelo investigador. 
d) O evento foi idealizado pelos alunos do curso de Turismo. 
11 
Ocorre crase quando há a fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a” ou entrea preposição “a” e o 
pronome demonstrativo “aquele” (e variações). 
 
INDIQUE a alternativa que apresenta uso FACULTATIVO da crase. 
a) Solicitamos a devolução dos documentos enviados à empresa. 
b) O promotor se dirigiu às pessoas presentes no tribunal. 
c) O pai entregou àquele advogado a prova exigida pelo juiz. 
d) Irei à minha sala para buscar o projeto de consultoria. 
12 
São múltiplas as possibilidades de combinar e relacionar as orações num período composto, em função do efeito de 
sentido pretendido para aquele enunciado. 
 
No período: “A tempestade foi tão intensa que em poucos minutos a cidade foi completamente inundada.”, a relação 
estabelecida é de: 
a) Temporalidade. 
b) Proporção. 
c) Causa e consequência. 
d) Acordo e concessão. 
13 
Regência Nominal é a relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por 
esse nome. 
 
INDIQUE a alternativa que apresenta Regência Nominal INCORRETA. 
a) Os arquivos do convênio não estão acessíveis à consulta. 
b) O interrogado mostrou-se insensível pelas perguntas feitas. 
c) O aluno é residente na Avenida Afonso Pena. 
d) Devo obediência aos meus pais. 
14 
 
 O valor da fofoca 
 Walcyr Carrasco 
 
 Dos aspectos negativos da fofoca, todos sabemos. Em Os miseráveis, Victor Hugo conta a história de 
Fantine, que se torna prostituta. Quem só viu o filme ou só assistiu ao musical não sabe muito bem como 
ela vai para as ruas. O livro conta: fofoca! Fantine é operária. Mas tem uma filha, sendo solteira, em época 
de moral rígida. Paga uma família para cuidar da menina, Cosette. Mas não sabe ler. Para enviar os 
pagamentos e pedir notícias, usa os trabalhos de um homem, que escreve e envia o dinheiro. As amigas 
desconfiam. Especulam. O homem não conta, mas uma consegue ver o endereço numa carta. E se dá ao 
trabalho de ir até o local onde vive Cosette. Volta com a história completa e conta às amigas. A história chega 
à direção da fábrica e Fantine é demitida por ser mãe solteira. Vende os dentes, os cabelos, torna-se 
prostituta, morre no hospital. Jean Valjean, que se esconde da polícia, era o dono da fábrica. Culpa-se pela 
insensibilidade, busca Cosette e a cria. Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se 
prostituir devido à avidez da fofoca. Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, 
confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no próximo jantar de amigos. Ou seja: longe de mim defender 
a fofoca em si. Mas ela tem seu valor, psicológico e criativo. 
 Simples. A fofoca é uma forma de criar. 
 Sempre digo que as pessoas têm tanta necessidade de ficção na vida como do ar que respiram. Por isso 
precisam ler romances, assistir a filmes, novelas. Até mesmo conferir revistas sobre celebridades, uma forma 
de exercitar a imaginação, já que a vida real é muito mais árdua do que aparece nas reportagens. Criar 
também faz parte da natureza humana. Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma 
vida que não têm, com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram. Outras 
preferem criar sobre a vida alheia. Aquela mulher que conta à outra sobre uma terceira, colega de escritório. 
 – Sabe que ela está saindo com um rapaz 20 anos mais jovem? E sustenta! 
 Pode ser verdade. Ou ela apenas viu a moça com o sobrinho, saindo do trabalho. O resto, inventou. Nem 
todo mundo é escritor, mas todo mundo pode criar ficção. Eu mesmo aprendi muito com a fofoca. Morava 
em um prédio onde vivia uma mulher já madura. De dia, recebia um, que a sustentava, dava carro, conforto 
material. De noite, recebia outro, que amava. Era a fofoca do prédio. 
 Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade. Os dois senhores, pavorosos. Aliás, o que ela amava, um 
velho bem mais feio que o outro, o rico. Eu, que tinha certo preconceito estético, aprendi que beleza não é 
o mais importante. Havia amor, dinheiro e paixão naquela história de pessoas maduras. A fofoca me fez 
entender mais da vida. Em outra época, soube que o filho da vizinha não era filho, mas neto. Filho da moça 
que considerava irmã, mãe solteira. Toda a vila onde morava sabia, menos o menino. Isso me fez entender 
mais sobre os pais, que são capazes de acolher, dar solidariedade num momento difícil. Suponho que o 
garoto deve ter levado um susto quando soube. Mas é outra história. 
 Minha mãe, quando eu era criança, tinha um bazar. Pequeno, típico de interior, em Marília. Era o centro 
de informações sobre a vida alheia do bairro. Todas as mulheres passavam, comentavam. Eu tentava ouvir. 
Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada. Isso me ajudou a desenvolver um certo 
talento. Quando fiz faculdade de jornalismo, e mais tarde trabalhei no ramo, era ótimo com as perguntas ao 
entrevistar. Destemido. Fiz sucesso com colunas, jornalismo comportamental. Isso me ajuda até hoje. 
Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos. Conto por meio dos 
personagens. Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar. 
 O que é uma grande biografia, a não ser a vida de alguém? Uma fofoca autenticada, impressa e aplaudida 
pela crítica? 
 Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso 
olhar. É a velha história – alguém me oferece meio copo de suco de laranja e posso dizer. 
 – Adorei, ganhei meio copo de suco refrescante. 
 – Odiei, imagine, me dar só meio copo? Era resto! 
 Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas. O que alguém diz sobre o outro revela mais sobre quem fala 
do que sobre o alvo em questão. Uma fofoca, como todo ato de criação, tira a máscara do criador. 
 
Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2017/10/o-valor-da-
fofoca.html. Acesso em: 08 maio 2018. 
Ao iniciar o texto relatando a história de Fantine, o propósito do locutor do texto é 
a) comover os interlocutores com a narrativa. 
b) contextualizar o assunto que será desenvolvido nas linhas seguintes. 
c) demonstrar como a fofoca se modificou ao longo dos tempos. 
d) mostrar como a fofoca pode ser prejudicial às pessoas. 
15 
Segundo o locutor do texto, a fofoca tem seu valor, pois 
a) é uma forma de criar. 
b) é uma necessidade das pessoas. 
c) faz com que aprendamos mais sobre o outro. 
d) revela muito sobre quem fala. 
16 
Sobre a constituição do texto, é correto afirmar, EXCETO: 
a) A narração é um dos recursos utilizados no texto. 
b) O 1º parágrafo apresenta a tese que será desenvolvida ao longo do texto. 
c) O texto é marcado por interlocuções. 
d) O uso da primeira pessoa do singular tira a credibilidade do texto. 
17 
Todas as constatações abaixo podem ser feitas com base no texto, EXCETO: 
a) Ao afirmar que a biografia é uma fofoca, o locutor retira a legitimidade das obras biográficas. 
b) Ao afirmar que aprendeu muito com a fofoca, o locutor narra fatos que exemplificam como participava das fofocas. 
c) Ao citar o exemplo do meio copo de suco de laranja, o locutor demonstra como os pontos de vista são diferentes. 
d) Ao narrar a história de Fantine, o locutor mostra o lado negativo da fofoca na vida das pessoas. 
18 
Há linguagem conotativa em: 
a) “Conto por meio dos personagens.” 
b) “Filho da moça que considerava irmã, mãe solteira.” 
c) “Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas.” 
d) “Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar.” 
19 
 
Há interlocução, EXCETO em: 
a) “Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade.” 
b) “Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas.” 
c) “Quem só viu o filme ou só assistiu ao musicalnão sabe muito bem como ela vai para as ruas.” 
d) “Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar.” 
20 
Em: “Isso me ajuda até hoje”, ao afirmar que isso o ajuda até hoje, o locutor se refere, EXCETO a 
a) ser destemido e fazer sucesso com colunas. 
b) ser ótimo com perguntas ao entrevistar. 
c) tentar escutar a conversa dos outros. 
d) ter feito jornalismo comportamental. 
21 
 O valor da fofoca 
 Walcyr Carrasco 
 
 Dos aspectos negativos da fofoca, todos sabemos. Em Os miseráveis, Victor Hugo conta a história de 
Fantine, que se torna prostituta. Quem só viu o filme ou só assistiu ao musical não sabe muito bem como 
ela vai para as ruas. O livro conta: fofoca! Fantine é operária. Mas tem uma filha, sendo solteira, em época 
de moral rígida. Paga uma família para cuidar da menina, Cosette. Mas não sabe ler. Para enviar os 
pagamentos e pedir notícias, usa os trabalhos de um homem, que escreve e envia o dinheiro. As amigas 
desconfiam. Especulam. O homem não conta, mas uma consegue ver o endereço numa carta. E se dá ao 
trabalho de ir até o local onde vive Cosette. Volta com a história completa e conta às amigas. A história chega 
à direção da fábrica e Fantine é demitida por ser mãe solteira. Vende os dentes, os cabelos, torna-se 
prostituta, morre no hospital. Jean Valjean, que se esconde da polícia, era o dono da fábrica. Culpa-se pela 
insensibilidade, busca Cosette e a cria. Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se 
prostituir devido à avidez da fofoca. Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, 
confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no próximo jantar de amigos. Ou seja: longe de mim defender 
a fofoca em si. Mas ela tem seu valor, psicológico e criativo. 
 Simples. A fofoca é uma forma de criar. 
 Sempre digo que as pessoas têm tanta necessidade de ficção na vida como do ar que respiram. Por isso 
precisam ler romances, assistir a filmes, novelas. Até mesmo conferir revistas sobre celebridades, uma forma 
de exercitar a imaginação, já que a vida real é muito mais árdua do que aparece nas reportagens. Criar 
também faz parte da natureza humana. Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma 
vida que não têm, com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram. Outras 
preferem criar sobre a vida alheia. Aquela mulher que conta à outra sobre uma terceira, colega de escritório. 
 – Sabe que ela está saindo com um rapaz 20 anos mais jovem? E sustenta! 
 Pode ser verdade. Ou ela apenas viu a moça com o sobrinho, saindo do trabalho. O resto, inventou. Nem 
todo mundo é escritor, mas todo mundo pode criar ficção. Eu mesmo aprendi muito com a fofoca. Morava 
em um prédio onde vivia uma mulher já madura. De dia, recebia um, que a sustentava, dava carro, conforto 
material. De noite, recebia outro, que amava. Era a fofoca do prédio. 
 Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade. Os dois senhores, pavorosos. Aliás, o que ela amava, um 
velho bem mais feio que o outro, o rico. Eu, que tinha certo preconceito estético, aprendi que beleza não é 
 
o mais importante. Havia amor, dinheiro e paixão naquela história de pessoas maduras. A fofoca me fez 
entender mais da vida. Em outra época, soube que o filho da vizinha não era filho, mas neto. Filho da moça 
que considerava irmã, mãe solteira. Toda a vila onde morava sabia, menos o menino. Isso me fez entender 
mais sobre os pais, que são capazes de acolher, dar solidariedade num momento difícil. Suponho que o 
garoto deve ter levado um susto quando soube. Mas é outra história. 
 Minha mãe, quando eu era criança, tinha um bazar. Pequeno, típico de interior, em Marília. Era o centro 
de informações sobre a vida alheia do bairro. Todas as mulheres passavam, comentavam. Eu tentava ouvir. 
Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada. Isso me ajudou a desenvolver um certo 
talento. Quando fiz faculdade de jornalismo, e mais tarde trabalhei no ramo, era ótimo com as perguntas ao 
entrevistar. Destemido. Fiz sucesso com colunas, jornalismo comportamental. Isso me ajuda até hoje. 
Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos. Conto por meio dos 
personagens. Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar. 
 O que é uma grande biografia, a não ser a vida de alguém? Uma fofoca autenticada, impressa e aplaudida 
pela crítica? 
 Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso 
olhar. É a velha história – alguém me oferece meio copo de suco de laranja e posso dizer. 
 – Adorei, ganhei meio copo de suco refrescante. 
 – Odiei, imagine, me dar só meio copo? Era resto! 
 Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas. O que alguém diz sobre o outro revela mais sobre quem fala 
do que sobre o alvo em questão. Uma fofoca, como todo ato de criação, tira a máscara do criador. 
Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2017/10/o-valor-da-
fofoca.html. Acesso em: 08 maio 2018. 
Os termos destacados estão corretamente interpretados entre parênteses, EXCETO em: 
a) “Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos.” (Retiro) 
b) “Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca.” 
(estupidez) 
c) “Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no 
próximo jantar de amigos.” (segredada) 
d) “Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso olhar.” (passa 
por averiguação) 
22 
Em: “Toda a vila onde morava sabia, menos o menino.”, menos pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por 
a) inclusive 
b) exceto 
c) em vez de 
d) além de 
23 
Os referentes dos termos destacados estão corretamente identificados entre parênteses, EXCETO em: 
a) “Filho da moça que considerava irmã, mãe solteira.” (moça) 
b) “Isso me fez entender mais sobre os pais, que são capazes de acolher [...]”. (sobre os pais) 
c) “Morava em um prédio onde vivia uma mulher já madura.” (prédio) 
 
d) “Toda a vila onde morava sabia, menos o menino”. (Toda a vila) 
24 
A posição do pronome oblíquo é facultativa em: 
a) “[...] com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram”. 
b) “Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma vida que não têm [...]”. 
c) “Isso me ajudou a desenvolver um certo talento”. 
d) “Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca”. 
25 
A divisão silábica está correta, EXCETO em: 
a) a.lhei.o 
b) con.fi.den.ci.a.da 
c) cri.a.dor 
d) so.li.da.rie.da.de 
26 
 Seja feliz, tome remédios 
 Frei Betto 21/10/2017 - 06h00 
 
 A felicidade é um produto engarrafado que se adquire no supermercado da esquina? É o que sugere o 
neoliberalismo, criticado pelo clássico romance de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo” (1932). A 
narrativa propõe construir uma sociedade saudável através da ingestão de medicamentos. 
 Aos deprimidos se distribui um narcótico intitulado “soma”, de modo a superarem seus sofrimentos e 
alcançar a felicidade pelo controle de suas emoções. Assim, a sociedade não estaria ameaçada por gente 
como o atirador de Las Vegas. 
 Huxley declarou mais tarde que a realidade havia confirmado muito de sua ficção. De fato, hoje a nossa 
subjetividade é controlada por medicamentos. São ingeridos comprimidos para dormir, acordar, ir ao 
banheiro,abrir o apetite, estimular o cérebro, fazer funcionar melhor as glândulas, reduzir o colesterol, 
emagrecer, adquirir vitalidade, obter energia etc. O que explica encontrar uma farmácia em cada esquina e, 
quase sempre, repleta de consumidores. 
 O neoliberalismo rechaça a nossa condição de seres pensantes e cidadãos. Seu paradigma se resume na 
sociedade consumista. A felicidade, adverte o sistema, consiste em comprar, comprar, comprar. Fora do 
mercado não há salvação. E dentro dele feliz é quem sabe empreender com sucesso, manter-se 
perenemente jovem, brilhar aos olhos alheios. A receita está prescrita nos livros de autoajuda que 
encabeçam a lista da biblioterapia. 
 Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque sofre de algum transtorno. As doenças estão 
em moda. Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos por que há tantas enfermidades e 
enfermos. Esta indagação não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo objetivo primordial é a 
apropriação privada da riqueza. 
 Estão em moda a síndrome de pânico e o transtorno bipolar. Já em 1985, Freud havia diagnosticado a 
síndrome de pânico sob o nome de neurose de angústia. O transtorno bipolar era conhecido como psicose 
maníaco-depressiva. Muitas pessoas sofrem, de fato, dessas enfermidades, e precisam ser tratadas e 
medicadas. Há profissionais que se sentem afetados por elas devido à cultura excessivamente competitiva 
 
e à exigência de demonstrar altíssimos rendimentos no trabalho segundo os atléticos parâmetros do 
mercado. 
 Em relação às crianças se constata o aumento do Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade 
(TDAH). Ora, é preciso cuidado no diagnóstico. Hiperatividade e impulsividade são características da infância, 
às vezes rebaixadas à categoria de transtorno neurobiológico, de desordem do cérebro. Submeta seu filho a 
um diagnóstico precoce. 
 Quando um suposto diagnóstico científico arvora-se em quantificar nosso grau de tristeza e frustração, 
de hiperatividade e alegria, é sinal de que não somos nós os doentes, e sim a sociedade que, submissa ao 
paradigma do mercado, pretende reduzir todos nós a meros objetos mecânicos, cujos funcionamentos 
podem ser decompostos em suas diferenças peças facilmente azeitadas por quilos de medicamentos. 
(Carlos Alberto Libânio Christo, ou Frei Betto, é um frade dominicano e escritor brasileiro. Disponível 
emhttp://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/seja-feliztome-rem%C3%A9dios-
1.568235. Acesso em 10/04/18). 
Argumentar é a capacidade humana de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções, a 
fim de embasar determinado pensamento ou ideia. O objetivo de uma argumentação (oral ou escrita) é convencer, 
persuadir o destinatário pretendido, levando-o a seguir uma linha de raciocínio e a concordar com ela. 
 
No texto de Frei Betto, este lança mão de uma série de estratégias para conseguir a adesão do seu público-alvo. Atente 
para as afirmativas e assinale a INCORRETA: 
a) “A felicidade é um produto engarrafado que se adquire no supermercado da esquina?” → O uso de 
questionamentos, interpelando ao leitor, é uma estratégia que busca trazer o leitor para a reflexão pretendida, ainda 
que não precise emitir uma resposta. 
b) “Assim, a sociedade não estaria ameaçada por gente como o atirador de Las Vegas.” → O autor lança mão de um 
fato hipotético, indicado pelo tempo verbal (futuro do pretérito), mas que reforça sua argumentação em relação à 
medicalização. 
c) “É o que sugere o neoliberalismo, criticado pelo clássico romance de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo” 
(1932).” → A intertextualidade vista nesse fragmento promove uma sensação de reconhecimento por parte do leitor 
(“o clássico romance”) e sua adesão ao argumento novo. 
d) “Em relação às crianças se constata o aumento do Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade 
(TDAH).” → Neste fragmento, há alusão a doença amplamente difundida, atualmente; trazer dados científicos (nome 
da síndrome e sigla) busca a concordância do leitor, o que se reforça pela escolha do verbo “constatar”. 
27 
Atente para o título da crônica - “Seja feliz, tome remédios”. Considerando a argumentação de Frei Betto, a leitura do 
título evidencia a existência de um(a): 
a) antítese. 
b) hipérbole. 
c) ironia. 
d) pleonasmo. 
28 
Avalie os sentidos das palavras destacadas, considerando o contexto em que cada item foi utilizado na argumentação 
do autor. Se julgar necessário, volte ao texto. 
 
 
A seguir, assinale a opção que traz afirmativa INCORRETA: 
a) “A receita está prescrita nos livros de autoajuda que encabeçam a lista da biblioterapia.” → Com esse item, Frei 
Betto alude a um tratamento centrado em livros. 
b) “Aos deprimidos se distribui um narcótico intitulado “soma”, de modo a superarem seus sofrimentos...” → Com o 
substantivo escolhido, o autor se refere a qualquer coisa que provoque um efeito apaziguador ou entorpecedor. 
c) “Hiperatividade e impulsividade são características da infância, às vezes rebaixadas à categoria de transtorno 
neurobiológico, de desordem do cérebro. Submeta seu filho a um diagnósticoprecoce.” → Com esse item, o autor 
refere-se ao processo alusivo ao conhecimento de algo, aos aspectos de uma situação, enfermidade ou problema. 
d) “O neoliberalismo rechaça a nossa condição de seres pensantes e cidadãos. “ → Segundo Frei Betto, trata-se de 
doutrina econômica que apregoa a redução das leis do mercado e a ampliação da intervenção estatal. 
29 
Assinale a afirmativa CORRETA sobre os itens destacados do excerto abaixo: 
 
Quando um suposto diagnóstico científico arvora-se em quantificar nosso grau de tristeza e frustração, de 
hiperatividade e alegria, é sinal de que não somos nós os doentes, e sim a sociedade que, submissa ao paradigma do 
mercado, pretende reduzir todos nós a meros objetos mecânicos, cujos funcionamentos podem ser decompostos 
em suas diferenças peças facilmente azeitadas por quilos de medicamentos. 
a) A locução “de que”, formada por preposição + pronome relativo, pode ser substituída pela forma “do qual”, dado 
o antecedente masculino. 
b) Neste fragmento, os conectivos “quando” indica proporcionalidade, enquanto que a conjunção “e” indica adição 
de ideias. 
c) O pronome possessivo “suas” remete ao leitor do texto como possuidor de algumas diferenças. 
d) O pronome relativo “que” retoma o substantivo “sociedade”, e pode ser substituído por “a qual”, explicitando a 
concordância em gênero e número. 
30 
Atente para o excerto e as afirmações sobre ele: 
 
“Esta indagação não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo objetivo primordial é a apropriação privada 
da riqueza.” 
 
Avalie as afirmativas sobre a oração sublinhada: 
 
I. A oração sublinhada é subordinada e tem função adjetiva. 
II. Ela exprime uma generalização em relação ao antecedente - “sistema”. 
III. O pronome que introduz a oração indica ideia de posse. 
 
Estão CORRETAS as afirmativas: 
a) I e II, apenas. 
b) I e III, apenas. 
c) II e III, apenas. 
 
d) I, II e III. 
31 
Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque sofre de algum transtorno. As doenças estão em moda. 
Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos por que há tantas enfermidades e 
enfermos. Esta indagação não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo objetivo primordial é a 
apropriação privada da riqueza. 
Com relação aos pronomes presentes no excerto, é INCORRETO afirmar: 
a) “Você” é um pronome pessoal de tratamento, que remete ao interlocutor (leitor da crônica), ou a um “você” 
genérico, indeterminado. 
b) O emprego do pronome “esta”, demonstrativo, está adequado, pois retoma, anaforicamente, item do segmento 
anterior.c) O oblíquo “nos”, de primeira pessoa do plural, engloba autor e leitores, numa estratégia argumentativa que visa à 
adesão, à identificação. 
d) O pronome “tantas”, indefinido, antepõe-se ao objeto – enfermidades e enfermos –, porém concorda em gênero e 
número com o núcleo mais próximo. 
32 
 Seja feliz, tome remédios 
 Frei Betto 21/10/2017 - 06h00 
 
 A felicidade é um produto engarrafado que se adquire no supermercado da esquina? É o que sugere o 
neoliberalismo, criticado pelo clássico romance de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo” (1932). A 
narrativa propõe construir uma sociedade saudável através da ingestão de medicamentos. 
 Aos deprimidos se distribui um narcótico intitulado “soma”, de modo a superarem seus sofrimentos e 
alcançar a felicidade pelo controle de suas emoções. Assim, a sociedade não estaria ameaçada por gente 
como o atirador de Las Vegas. 
 Huxley declarou mais tarde que a realidade havia confirmado muito de sua ficção. De fato, hoje a nossa 
subjetividade é controlada por medicamentos. São ingeridos comprimidos para dormir, acordar, ir ao 
banheiro, abrir o apetite, estimular o cérebro, fazer funcionar melhor as glândulas, reduzir o colesterol, 
emagrecer, adquirir vitalidade, obter energia etc. O que explica encontrar uma farmácia em cada esquina e, 
quase sempre, repleta de consumidores. 
 O neoliberalismo rechaça a nossa condição de seres pensantes e cidadãos. Seu paradigma se resume na 
sociedade consumista. A felicidade, adverte o sistema, consiste em comprar, comprar, comprar. Fora do 
mercado não há salvação. E dentro dele feliz é quem sabe empreender com sucesso, manter-se 
perenemente jovem, brilhar aos olhos alheios. A receita está prescrita nos livros de autoajuda que 
encabeçam a lista da biblioterapia. 
 Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque sofre de algum transtorno. As doenças estão 
em moda. Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos por que há tantas enfermidades e 
enfermos. Esta indagação não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo objetivo primordial é a 
apropriação privada da riqueza. 
 Estão em moda a síndrome de pânico e o transtorno bipolar. Já em 1985, Freud havia diagnosticado a 
síndrome de pânico sob o nome de neurose de angústia. O transtorno bipolar era conhecido como psicose 
maníaco-depressiva. Muitas pessoas sofrem, de fato, dessas enfermidades, e precisam ser tratadas e 
medicadas. Há profissionais que se sentem afetados por elas devido à cultura excessivamente competitiva 
 
e à exigência de demonstrar altíssimos rendimentos no trabalho segundo os atléticos parâmetros do 
mercado. 
 Em relação às crianças se constata o aumento do Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade 
(TDAH). Ora, é preciso cuidado no diagnóstico. Hiperatividade e impulsividade são características da infância, 
às vezes rebaixadas à categoria de transtorno neurobiológico, de desordem do cérebro. Submeta seu filho a 
um diagnóstico precoce. 
 Quando um suposto diagnóstico científico arvora-se em quantificar nosso grau de tristeza e frustração, 
de hiperatividade e alegria, é sinal de que não somos nós os doentes, e sim a sociedade que, submissa ao 
paradigma do mercado, pretende reduzir todos nós a meros objetos mecânicos, cujos funcionamentos 
podem ser decompostos em suas diferenças peças facilmente azeitadas por quilos de medicamentos. 
(Carlos Alberto Libânio Christo, ou Frei Betto, é um frade dominicano e escritor brasileiro. Disponível 
emhttp://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/seja-feliztome-rem%C3%A9dios-
1.568235. Acesso em 10/04/18). 
Atente para o excerto abaixo: 
 
Huxley declarou mais tarde que a realidade havia confirmado muito de sua ficção. De fato, hoje a nossa subjetividade 
é controlada por medicamentos. São ingeridos comprimidos para dormir, acordar, ir ao banheiro, abrir o apetite, 
estimular o cérebro, fazer funcionar melhor as glândulas, reduzir o colesterol, emagrecer, adquirir vitalidade, 
obter energia etc. O que explica encontrar uma farmácia em cada esquina e, quase sempre, repleta de consumidores. 
 
Apresentam a mesma função sintática, no contexto em que ocorrem, EXCETO: 
a) a realidade 
b) as glândulas 
c) comprimidos 
d) energia 
33 
Atente para os excertos: 
 
I. “O neoliberalismo rechaça a nossa condição de seres pensantes e cidadãos.” [Substituir “rechaçar” por “remeter”]. 
II. “Já em 1985, Freud havia diagnosticado a síndrome de pânico sob o nome de neurose de angústia.” [Substituir 
“diagnosticar” por “referir-se”]. 
III. “Submeta seu filho a um diagnóstico precoce.” [Substituir “um diagnóstico” por “uma avaliação”]. 
IV. “[...] não somos nós os doentes, e sim a sociedade que, submissa ao paradigma do mercado...” [Substitua 
“paradigma” por “injunção”]. 
 
Efetuando as alterações indicadas, haverá crase obrigatória apenas em: 
a) I e IV. 
b) I, II e III. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
34 
 
Texto II 
 
 A medicalização da vida 
 Jackson César Buonocore 
 
 Podemos compreender o conceito de medicalização, como processo que transforma de forma artificial 
as questões não médicas em problemas médicos. São problemas de diferentes ordens que são apresentados 
como doenças, transtornos e distúrbios psiquiátricos que escondem as grandes questões econômicas, 
políticas, sociais, culturais e emocionais – que atingem a vida das pessoas. 
 A sociedade brasileira vive esse processo de medicalização em todas as dimensões da vida, por uma busca 
desenfreada por explicações biológicas, fisiológicas e comportamentais – que possam dar conta de diversos 
tipos de sofrimento psíquico, entre os mais frequentes estão a ansiedade, estresse, depressão, síndrome do 
pânico, transtorno bipolar e fobias. 
 A medicalização da vida é uma prática comum, pois tornou-se corriqueiro ir a uma consulta e sair com 
uma receita em mãos. Nessa busca por um alívio imediato dos sintomas, cada vez mais pessoas colocam sua 
confiança em receitas rápidas, que possam diminuir o mal-estar sem compreender as origens desse 
sofrimento. 
 Assim difunde-se a ideia de que existe um “gene” que poderia explicar o alcoolismo, o sofrimento 
psíquico, a infelicidade, a falta de atenção, a tristeza, etc., que transformariam os pacientes em portadores 
de distúrbios de comportamento e de aprendizagem. Essas hipóteses duvidosas ainda são publicadas pela 
mídia como fatos comprovados, cumprindo a função social de abafar e ocultar violências físicas e 
psicológicas. 
 Além da acentuada carga medicamentosa prescrita aos adultos, uma constatação ainda mais 
preocupante – que é o aumento da medicalização da infância. Atualmente observa-se que crianças e 
adolescentes que apresentam características de personalidade que diferem dos catalogados como normais 
são frequentemente enquadrados em categorias nosológicas. 
 Diante desse contexto inquietante a respeitável psicanalista Elisabeth Roudinesco, alerta: “Que sempre 
haverá um medicamento a ser receitado, pois cada paciente é tratado como um ser anônimo, pertencente 
a uma totalidade orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados à imagem de um clone, ele vê ser-
lhe receitado à mesma gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”. 
 Na mesma linha de raciocínio, o renomado jornalista americano Robert Whitaker, questiona os métodos 
de tratamento adotados pela psiquiatria para os casos de pacientes com doenças mentais. Whitaker 
escreveu dois livros analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em países como Índia, Nigéria e 
Estados Unidos, e afirma quea psiquiatria está entrando em um período de crise e conclui: “A história que 
nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são causadas por 
desequilíbrios químicos no cérebro”. 
 Não há dúvidas da importância da utilidade dessas substâncias químicas e do conforto e da qualidade 
vida que elas trazem aos pacientes, desde que os psicofármacos – sejam prescritos de forma criteriosa e 
responsável são aliados indispensáveis na luta contra o sofrimento psíquico. Portanto, é preciso 
contextualizar o uso abusivo que se faz de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos. 
(Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista. Disponível 
em https://www.psicologiasdobrasil.com.br/medicalizacao-da-vida/. Acesso em 20/04/2018). 
Diante desse contexto inquietante a respeitável psicanalista Elisabeth Roudinesco, alerta: “Que sempre haverá um 
medicamento a ser receitado, pois cada paciente é tratado como um ser anônimo, pertencente a uma totalidade 
orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados à imagem de um clone, ele vê ser-lhe receitado à mesma 
gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”. 
 
Sobre o excerto, afirma-se: 
 
 
1. O pronome pessoal “ele” retoma o sintagma “um clone”. 
2. Há um termo deslocado no início do período, que, segundo prescrições da gramática normativa, deveria ser 
marcado por vírgula. 
3. A citação, marcada pelas aspas, parece mal introduzida, visto que começa por um conectivo. 
4. A vírgula após o nome da psicanalista Elisabeth Roudinesco é inadequada, posto que se trata do sujeito gramatical. 
5. A crase empregada no sintagma “à mesma gama de medicamentos” é correta, regida pelo verbo “receitar”. 
 
Estão CORRETAS as afirmativas: 
a) 1, 2 e 4. 
b) 1, 3, 4 e 5. 
c) 2, 3 e 4. 
d) 3, 4 e 5. 
35 
Nos excertos abaixo, atente para a colocação pronominal, as alterações propostas e as afirmações feitas: 
 
 
 
Analisando com atenção o quadro, verifica-se que há erro na análise apresentada em: 
a) 1, apenas. 
b) 2, apenas. 
c) 3, apenas. 
d) 1, 2 e 3 
 
36 
Atente para as informações a seguir: 
 
A ortoépia se refere à correta articulação dos grupos vocálicos e dos fonemas consonantais, determinando as normas 
que guiam a pronúncia correta das palavras. Os erros de ortoépia são chamados de cacoépia. 
 
A prosódia se refere à correta acentuação dos vocábulos, nomeadamente quanto à posição da silaba tônica. É o estudo 
das propriedades acústicas associadas à fala que não são reconhecíveis no registro ortográfico. 
 
Em todas as opções, encontra(m)-se exemplo(s) de cacoépia e / ou desvios de prosódia, EXCETO em: 
a) opinião, opção, projetil. 
b) reinvidicar, sombrancelha, freiada. 
c) rúbrica, récorde, catéter. 
d) subistancial, beneficiente, reincindir. 
37 
Texto II 
 Razões da pós-modernidade 
Carlos Alberto Sanches, professor, perito e consultor em Redação – [31/03/2014 - 21h06] 
 
 Foi nos anos 60 que surgiu o que se chama de “pós-modernidade”, na abalizada opinião de Frederic 
Jameson, como “uma lógica cultural” do capitalismo tardio, filho bastardo do liberalismo dos séculos 18 e 
19. O tema é controverso, pois está associado a uma discussão sobre sua emergência funesta no pós-guerra. 
É que ocorre nesse período um profundo desencanto no homem contemporâneo, especialmente no que 
toca à diluição e abalo de seus valores axiológicos, como verdade, razão, legitimidade, universalidade, sujeito 
e progresso etc. Os sonhos se esvaneceram, juntamente com os valores e alicerces da vida: a “estética”, a 
“ética” e a “ciência”, e as repercussões que isso provocou na produção cultural: literatura, arte, filosofia, 
arquitetura, economia, moral etc. 
 Há, sem dúvida, uma crise cultural que desemboca, talvez, em uma crise de modernidade. Ou a 
constatação de que, rompida a modernidade, destroçada por guerras devastadoras, produto da “gaia 
ciência” libertadora, leva a outra ruptura: morreu a pós-modernidade e deixou órfã a cultura 
contemporânea? 
 Seria o caso de se falar em posteridade na pós-modernidade? Max Weber, já no início do século 19, 
menciona a chegada da modernidade trocada pela “racionalização intelectualista”, que produz o 
“desencanto do mundo”. Habermas o reinterpreta, dizendo que a civilização se desagrega, especialmente 
no que toca aos conceitos da verdade, da coerência das leis, da autenticidade do belo, ou seja, como 
questões de conhecimento... 
 Jean Francois Lyotard, em seu livro A condição pós-moderna, de 1979, enfoca a legitimação do 
conhecimento na cultura contemporânea. Para ele, “o pós-moderno enquanto condição de cultura, nesta 
era pós-industrial, é marcado pela incredulidade face ao metadiscurso filosófico – metafísico, com suas 
pretensões atemporais e universalizantes”. É como se disséssemos, fazendo coro, mais tarde, com John 
Lennon, que “o sonho acabou” (ego trip). A razão, como ponto nevrálgico da cultura moderna, não leva a 
nada, a não ser à certeza de que o racionalismo iluminista, que vai entronizar a ciência como uma mola 
propulsora para a criação de uma sociedade justa, valorizadora do indivíduo, vai apenas produzir o 
desencanto, via progresso e com as suas descobertas, cantadas em prosa e verso, que nos deixaram um 
 
legado brutal: as grandes tragédias do século 20: guerras atrozes, a bomba atômica, crise ecológica, a corrida 
armamentista... 
 A frustração é enorme, porque o iluminismo afirmara que somente as luzes da razão poderiam colocar o 
homem como gerador de sua história. Mas tudo não passou de um sonho, um sonho de verão (parodiando 
Shakespeare). Habermas coloca nessa época, o século 18, o gatilho que vai acionar essa desilusão da pós-
modernidade. A ciência prometia dar segurança ao homem e lhe deu mais desgraças. Entendamos aqui 
também a racionalidade (o primado da razão cartesiana) como cúmplice dessa falcatrua da modernidade e, 
portanto, da atual pós-modernidade. 
 O mesmo filósofo fala em “desastre da modernidade”, um tipo de doença que produziu uma patologia 
social chamada de “império da ciência”, despótico e tirânico, que “digere” as esferas estético-expressivas e 
as religiosas-morais. Harvey põe o dedo na ferida ao dizer que o projeto do Iluminismo já era, na origem, 
uma “patranha”, na medida em que disparava um discurso redentor para o homem com as luzes da razão, 
em troca da lenta e gradual perda de sua liberdade. 
 A partir dos anos 50 e, ocorrido agora o definitivo desencanto com a ciência e suas tragédias (algumas 
delas), pode-se falar em um processo de sua desaceleração. O nosso futuro virou uma incerteza. A razão, 
além de não nos responder às grandes questões que prometeu responder, engendra novas e terríveis 
perguntas, que chegam até hoje, vagando sobre a incerteza de nossos precários destinos. Eu falaria, 
metaforicamente, do homem moderno acorrentado (o Prometeu) ao consumo desenfreado de coisas (res) 
para compensar suas frustrações e angústias. A vida se tornou absurda e difícil de ser vivida, face a esse 
“mal-estar” do homem ocidental. Daí surgem as grandes doenças psicossociais de hoje: a frustração, o 
relativismo e o niilismo, cujas sementes já estavam no bojo do Iluminismo, a face sinistra de sua moeda. Não 
há mais nenhuma certeza, porque a razão não foi capaz de dar ao homem alguns dos mais gratos dos bens: 
sua segurança e bem-estar. Não há mais certezas, apenas a percepção de que é preciso repensar 
criticamente a ciência, que nunca nos ofereceu um caminho para a felicidade, o que provoca um forte 
movimento de busca de liberdade. O mundo está sem ordem e valores, como disse Dostoievski: “Se Deus 
não existe, tudo é permitido”. 
 A incerteza do mundo moderno e a impossibilidade de organizar nossas vidas levam Giddens a dizer que“não há nada de misterioso no surgimento dos fundamentalismos, a radicalização para as angústias do 
homem”. Restou-nos o refúgio nos grandes espetáculos, como os do Coliseu antigo: o pão e o circo, para 
preencher o vazio da vida. 
 Na sua esteira de satanização social, o capitalismo engendra, então, a sociedade de consumo, para levar 
o cidadão ao ópio do consumo (esquecer-se das desilusões) nas “estações orbitais” dos shoppings, ou 
templos das compras, onde os bens nos consomem e a produção, sempre crescente, implica a criação em 
massa (ou em série) de novos consumidores. Temos uma parafernália de bens, mas são em sua maioria 
coisas inúteis, que a razão / ciência nos deu; mas, em troca, sofremos dos males do século, entre eles a elisão 
de nossa individualidade. Foi uma troca desvantajosa. É o que Campbell chama do sonho que gera o 
“signomercadoria”, que nos remete ao antigo sonho do Romantismo, da realização dos ideais. 
 Trocamos o orgasmo reprodutor instintivo pelo prazer lúdico-frenético de consumir, sem saber que 
somos consumidos. Gememos de prazer ao comprar, mas choramos de dor face à nossa solidão, cercados 
pela panaceia da ciência e da razão, que nos entope de placebos, mas não de remédios para a cura dos males 
dessa longínqua luz racional, que se acende lá no Iluminismo e que vem, sob outras formas, até hoje. A 
televisão nos anestesia com a estética da imagem. Para Baudrillard, ela é o nosso mundo, como o mundo 
saído da tela do grande filme O Vidiota (o alienado no mundo virtual da tevê), cujo magistral intérprete foi 
Peter Sellers. 
 Enquanto nos deleitamos com essa vida esquizofrênica e lúdica, deixamos no caixa do capitalismo tardio 
(iluminista / racional) o nosso mais precioso bem: a individualidade. Só nos sobrou a estética, segundo 
Jameson, ou a “colonização pela estética” que afeta diferentes aspectos da cultura, como a estética, a ética, 
a teórica, além da moral política. 
 A pós-modernidade talvez seja uma reação a esse quadro desolador. Bauman fala em pós-modernidade 
como a forma atual da modernidade longínqua. Já Giddens fala em modernidade tardia ou “modernidade 
 
radicalizada”: a cultura atual. Por certo que a atual discussão sobre o pós-moderno implica um processo de 
revisão e questionamento desse estado de coisas, em que o homem não passa de um res nulius, como as 
matronas romanas. 
 A cultura moderna, ou pós-modernista, não tem uma razão para produzir sua autocrítica, mas muitas 
razões, devido à sua prolongada irracionalidade do “modo de vida global”, segundo Jameson. O que se pode 
dizer é que não há uma razão, mas muitas razões para reordenar criticamente os descaminhos da pós-
modernidade, sem esquecermos que a irracionalidade continua nos rondando. 
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/razoes-da-pos-modernidade-
8bs4bc7sv5e06z8trfk0pv80e. Acesso em 21/01/18. 
Atente para a indicação de recursos estilísticos utilizados pelo autor do texto II: 
 
I – “A cultura moderna, ou pós-modernista, não tem uma razão para produzir sua autocrítica, mas muitas razões...”. 
→ Metonímia 
II – “Restou-nos o refúgio nos grandes espetáculos, como os do Coliseu antigo: o pão e o circo, para preencher o vazio 
da vida.” → Comparação 
III – “A televisão nos anestesia com a estética da imagem. Para Baudrillard, ela é o nosso mundo.” → Metáfora 
IV – “O tema é controverso, pois está associado a uma discussão sobre sua emergência funesta no pós-guerra.” → 
Hipérbato 
 
Verifica-se que foram corretamente indicadas as figuras de linguagem presentes em: 
a) I, II e III, apenas. 
b) I, III e IV, apenas. 
c) II, III e IV, apenas. 
d) I, II, III e IV. 
38 
 Do moderno ao pós-moderno 
 
 Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00 
 A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança 
a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a 
acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa. 
 Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, 
Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de 
Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã 
dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores. 
 Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a 
ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação. 
 O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De 
fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento 
que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. 
Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, 
nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é 
considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham 
iguais direitos e oportunidades. 
 
 Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a 
volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma 
construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade 
e pluralismo. 
 A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo 
consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio 
ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas. 
 Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da 
maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos. 
 Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode 
namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são 
eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as 
fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte. 
 A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, 
de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização. 
 
(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/domoderno-ao-
p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018) 
Atente para o fragmento abaixo, a fim de responder a questão: 
 
“O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não 
estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e 
causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos 
esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se 
em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto 
propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.” 
 
Com relação ao emprego dos pronomes destacados, assinale a afirmativa INCORRETA: 
a) O emprego do demonstrativo “neste” está inadequado;o autor deveria ter utilizado o pronome “nesse”. 
b) O emprego do pronome relativo “onde” desvia-se da norma prescrita, visto que não retoma constituinte que indica 
espaço físico. 
c) O pronome pessoal oblíquo “nos” poderia ser substituído pela forma tônica “a nós”. 
d) O pronome pessoal oblíquo átono “-lo” retoma, adequadamente, o substantivo “país”, dito na frase anterior. 
39 
São vários os interdiscursos que “dialogam” no artigo de opinião de Frei Betto, como fonte de evidências para sua 
argumentação. Abaixo se apontaram alguns deles, com uma exemplificação. Assinale a opção em que NÃO haja 
correspondência entre a nomeação e a exemplificação: 
a) Econômico: “Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, 
derivativo de ricos”. 
b) Político: “... e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei”. 
 
c) Religioso: “Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo 
de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.” 
d) Tecnológico: “Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem 
que nenhum dos dois saia de casa”. 
40 
Anteponha V (verdadeiro) ou F (falso) às asserções, levando em consideração a argumentação do articulista: 
( ) Para o autor, a crença no racionalismo, base da reflexão que sustentava a contraposição a dogmas e possibilitava a 
liberdade, hoje foi suplantada pela incerteza de uns, e pela alienação de outros. 
( ) Segundo o autor, na contemporaneidade, o caráter de imediatismo e individualismo da nossa sociedade é fruto do 
sincretismo religioso do povo brasileiro e da falta de conhecimento da história do Brasil. 
( ) A globalização, que se constitui como fenômeno inescapável, apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos: 
no âmbito dos avanços tecnológicos, ao mesmo tempo aproxima e isola pessoas; no econômico, promove grande 
circulação monetária para uns e desigualdades gritantes, para outros povos. ( ) Em decorrência do apagamento de 
fronteiras culturais e econômicas, notam-se interferências nos preceitos morais dos diversos grupos sociais, sobretudo 
dos países “colonizados”. 
( ) Para Frei Betto, o ceticismo e o hedonismo consumista, marcantes no mundo pós-moderno, construíram uma nova 
postura ética, uma nova utopia que rejeita o “politicamente incorreto”. 
 
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: 
a) F – F – V – F – F 
b) F – V – F – V – V 
c) V – F – V – F – V 
d) V – F – V – V – F 
41 
 Do moderno ao pós-moderno 
 
 Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00 
 A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança 
a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a 
acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa. 
 Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, 
Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de 
Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã 
dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores. 
 Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a 
ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação. 
 O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De 
fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento 
que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. 
 
Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, 
nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é 
considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham 
iguais direitos e oportunidades. 
 Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a 
volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma 
construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade 
e pluralismo. 
 A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo 
consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio 
ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas. 
 Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da 
maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos. 
 Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode 
namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são 
eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as 
fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte. 
 A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, 
de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização. 
 
(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/domoderno-ao-
p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018) 
Atente para o fragmento abaixo, a fim de responder a questão: 
 
“O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não 
estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e 
causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos 
esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se 
em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto 
propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.” 
 
I – O vocábulo “bandeiras”, plurissignificativo, aqui é utilizado referencialmente e substitui, metonimicamente, o sentido de 
“ideais”, “frentes ou propostas de luta”. 
II – A expressão “transformam-se em gravatas estampadas” assume valor pejorativo, em contraposição ao elemento que o 
antecedeu na argumentação. 
III – O autor endossa e defende a tese dos politicamente incorretos, que apregoam a busca de uma sociedade equilibrada. 
 
Estão INCORRETAS as assertivas: 
 
a) I e II, apenas. 
b) I e III, apenas. 
 
c) II e III, apenas. 
d) I, II, III. 
42 
Chama-se neologismo formal ao emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na 
mesma língua ou não, e de neologismo semântico à atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua. 
No trecho a seguir, o autor lançou mão de um neologismo, expediente facultado pela língua portuguesa, com 
determinada intenção comunicativa. 
 
“Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não 
haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.” 
 
Com o compostocriado, a argumentação do autor se baseia no recurso a uma formação lexical resultante de: 
a) recurso à intertextualidade (por meio de uma alusão). 
b) recurso à metalinguagem (por meio da redefinição de um conceito). 
c) um processo de analogia (por meio da extensão metafórica do sentido). 
d) uso de estrangeirismo (por um processo linguístico denominado idiotismo). 
43 
“A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança 
nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, 
sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.” 
São figuras de linguagem identificáveis no fragmento acima, EXCETO: 
a) Antítese. 
b) Ironia. 
c) Metáfora. 
d) Perífrase. 
44 
Foram indicadas corretamente as ideias representadas pelos conectivos destacados, EXCETO em: 
a) “... causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos 
esperança de mudá-lo.” ➔ concessão 
b) “... um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de 
casa.” ➔ condição 
c) “Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.” ➔ conformidade 
d) “O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação. ➔ comparação 
45 
 
“A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela 
assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.” 
 
O item lexical destacado: 
a) é forma derivada dos itens “global” + “colonizar”. 
b) é formado por composição, pois contém duas bases. 
c) exemplifica caso de formação por derivação regressiva. 
d) trata-se de um caso especial de formação, a derivação imprópria. 
46 
Com relação à acentuação gráfica dos itens destacados, avalie as afirmações e assinale a opção que traz uma 
asserção INCORRETA: 
a) Assim como os itens “crítica” e “sétimo”, todas as demais que apresentarem tal tonicidade deverão receber acento 
gráfico. 
b) Os itens lexicais “ruínas”, “saía” e “país” são acentuados pela mesma razão: a presença de vogal -I ou -U tônica num 
hiato, seguida ou não de -S. 
c) Os vocábulos “cristã”, “não”, “são” e “evasão” recebem acento gráfico pela mesma razão: trata-se de oxítonas com 
vogal nasal no segmento final. 
d) Os vocábulos “Rússia” e “delírio” recebem acento gráfico devido ao encontro vocálico presente em sua última 
sílaba. 
47 
Texto II 
 Razões da pós-modernidade 
 Carlos Alberto Sanches, professor, perito e consultor em Redação – [31/03/2014- 21h06] 
 
 Foi nos anos 60 que surgiu o que se chama de “pós-modernidade”, na abalizada opinião de Frederic 
Jameson, como “uma lógica cultural” do capitalismo tardio, filho bastardo do liberalismo dos séculos 18 e 
19. O tema é controverso, pois está associado a uma discussão sobre sua emergência funesta no pós-guerra. 
É que ocorre nesse período um profundo desencanto no homem contemporâneo, especialmente no que 
toca à diluição e abalo de seus valores axiológicos, como verdade, razão, legitimidade, universalidade, sujeito 
e progresso etc. Os sonhos se esvaneceram, juntamente com os valores e alicerces da vida: a “estética”, a 
“ética” e a “ciência”, e as repercussões que isso provocou na produção cultural: literatura, arte, filosofia, 
arquitetura, economia, moral etc. 
 Há, sem dúvida, uma crise cultural que desemboca, talvez, em uma crise de modernidade. Ou a constatação de que, 
rompida a modernidade, destroçada por guerras devastadoras, produto da “gaia ciência” libertadora, leva a outra ruptura: 
morreu a pós-modernidade e deixou órfã a cultura contemporânea? 
 Seria o caso de se falar em posteridade na pós-modernidade? Max Weber, já no início do século 19, menciona a chegada 
da modernidade trocada pela “racionalização intelectualista”, que produz o “desencanto do mundo”. Habermas o 
reinterpreta, dizendo que a civilização se desagrega, especialmente no que toca aos conceitos da verdade, da coerência das 
leis, da autenticidade do belo, ou seja, como questões de conhecimento... 
 Jean Francois Lyotard, em seu livro A condição pós-moderna, de 1979, enfoca a legitimação do conhecimento na cultura 
contemporânea. Para ele, “o pós-moderno enquanto condição de cultura, nesta era pós-industrial, é marcado pela 
incredulidade face ao metadiscurso filosófico – metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes”. É como se 
disséssemos, fazendo coro, mais tarde, com John Lennon, que “o sonho acabou” (ego trip). A razão, como ponto nevrálgico 
 
da cultura moderna, não leva a nada, a não ser à certeza de que o racionalismo iluminista, que vai entronizar a ciência como 
uma mola propulsora para a criação de uma sociedade justa, valorizadora do indivíduo, vai apenas produzir o desencanto, 
via progresso e com as suas descobertas, cantadas em prosa e verso, que nos deixaram um legado brutal: as grandes 
tragédias do século 20: guerras atrozes, a bomba atômica, crise ecológica, a corrida armamentista... 
 A frustração é enorme, porque o iluminismo afirmara que somente as luzes da razão poderiam colocar o homem como 
gerador de sua história. Mas tudo não passou de um sonho, um sonho de verão (parodiando Shakespeare). Habermas coloca 
nessa época, o século 18, o gatilho que vai acionar essa desilusão da pós-modernidade. A ciência prometia dar segurança 
ao homem e lhe deu mais desgraças. Entendamos aqui também a racionalidade (o primado da razão cartesiana) como 
cúmplice dessa falcatrua da modernidade e, portanto, da atual pós-modernidade. 
 O mesmo filósofo fala em “desastre da modernidade”, um tipo de doença que produziu uma patologia social chamada de 
“império da ciência”, despótico e tirânico, que “digere” as esferas estético-expressivas e as religiosas-morais. Harvey põe o 
dedo na ferida ao dizer que o projeto do Iluminismo já era, na origem, uma “patranha”, na medida em que disparava um 
discurso redentor para o homem com as luzes da razão, em troca da lenta e gradual perda de sua liberdade. 
 A partir dos anos 50 e, ocorrido agora o definitivo desencanto com a ciência e suas tragédias (algumas delas), pode-se 
falar em um processo de sua desaceleração. O nosso futuro virou uma incerteza. A razão, além de não nos responder às 
grandes questões que prometeu responder, engendra novas e terríveis perguntas, que chegam até hoje, vagando sobre a 
incerteza de nossos precários destinos. Eu falaria, metaforicamente, do homem moderno acorrentado (o Prometeu) ao 
consumo desenfreado de coisas (res) para compensar suas frustrações e angústias. A vida se tornou absurda e difícil de ser 
vivida, face a esse “mal-estar” do homem ocidental. Daí surgem as grandes doenças psicossociais de hoje: a frustração, o 
relativismo e o niilismo, cujas sementes já estavam no bojo do Iluminismo, a face sinistra de sua moeda. Não há mais 
nenhuma certeza, porque a razão não foi capaz de dar ao homem alguns dos mais gratos dos bens: sua segurança e bem-
estar. Não há mais certezas, apenas a percepção de que é preciso repensar criticamente a ciência, que nunca nos ofereceu 
um caminho para a felicidade, o que provoca um forte movimento de busca de liberdade. O mundo está sem ordem e 
valores, como disse Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. 
 A incerteza do mundo moderno e a impossibilidade de organizar nossas vidas levam Giddens a dizer que “não há nada de 
misterioso no surgimento dos fundamentalismos, a radicalização para as angústias do homem”. Restou-nos o refúgio nos 
grandes espetáculos, como os do Coliseu antigo: o pão e o circo, para preencher o vazio da vida. 
 Na sua esteira de satanização social, o capitalismo engendra, então, a sociedade

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